MONITORIA DE GENÉTICA NAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS: INCENTIVO À FORMAÇÃO DOCENTE FREIRE, A.S.M; CARVALHO, B.L.B; FAJARDO, C.G.; VIEIRA, F.A. Resumo O projeto “Monitoria de Genética nas Ciências Agrárias: incentivo à formação docente”, que visa melhorar o desempenho acadêmico na disciplina de Genética dos cursos de graduação em Agronomia e Engenharia Florestal, fomenta a constante atuação dos monitores, com o escopo de melhorar a didática de ensino por meio de atividades práticas em laboratório de genética e informática. A aplicação dos conceitos teóricos da Genética Geral é realizada por meio de atividades práticas em ambos os componentes curriculares (EFL0313 – GENÉTICA GERAL e AGR0305 - GENÉTICA GERAL). São realizadas atividades como práticas de divisão celular, extração de DNA, eletroforese, reação em cadeia da polimerase (PCR) e interpretação de polimorfismos genéticos no Laboratório de Genética e Melhoramento (LABGeM), localizado na Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da UFRN, em Macaíba/RN. Por sua vez, no Laboratório de Informática são utilizados softwares interativos que facilitam o aperfeiçoamento da aprendizagem. Materiais didáticos como apostilas teóricas e práticas, assim como protocolos experimentais para a análise de polimorfismos do DNA e roteiros para a análise de dados em softwares de genética contribuem significativamente para a completude do ensino. Portanto, as atividades realizadas no projeto substanciam a motivação dos discentes e o desenvolvimento das habilidades acadêmicas. Ademais, as metodologias de ensino utilizadas para auxiliar os discentes das disciplinas irão contribuir para o estímulo à iniciação à docência dos monitores. Os resultados corroboram com o objetivo proposto pelo projeto, visto que os alunos com maior frequência nas aulas demonstraram alto desempenho, e pode-se concluir que o apoio do monitor tem se mostrado um diferencial na disciplina. Palavras-chave: Materiais didáticos, genética, iniciação à docência. Introdução Na completude da formação acadêmica, é necessário incentivar o interesse pela docência e pela pesquisa, incentivando a participação dos graduandos e pós-graduandos nas atividades da universidade. Por isso, a monitoria tem a função de pôr em prática tais metas, sendo uma modalidade de ensino de grande importância para a formação superior. De acordo com Moita e Andrade (2009), o ensino, pesquisa e extensão estão sempre associados, interligando a sociedade e a universidade. Ademais, a atuação do monitor em genética é fundamental, visto que a disciplina experimentou grande crescimento, em especial nas últimas décadas do século XX, devido ao desenvolvimento da biotecnologia (Borém & Santos, 2004). Temas como clonagem, engenharia genética, células-tronco, entre outros, são frequentes na mídia, levantando a curiosidade dos estudantes (Santos-Filho, 2011). Dentre estes temas podem ser destacadas as técnicas usadas na genética forense, para identificação de casos de paternidade, por exemplo. Assim, é de grande relevância que o professor disponha de criatividade para exauri-los de modo a atender os estudantes (Weissmann, 1998). À vista disso, além das aulas expositivas, tornam-se necessárias atividades práticas com os alunos, incluindo práticas de laboratório. Existem vários motivos que levam um professor a optar por uma aula em laboratório. Esse tipo de aula, se comparado a uma aula expositiva, tem maior potencial para despertar e manter o interesse dos alunos, envolvê-los em investigações científicas, desenvolver a capacidade de resolver problemas e ampliar as habilidades de observação e registro. No laboratório, os alunos podem ter contato direto com os fenômenos, manipulando os materiais e equipamentos e observando organismos. Enfim, aulas em laboratório proporcionam oportunidades para que os alunos aproximem-se de como é construído o conhecimento científico (Pires et al., 2012). Sendo assim, o projeto de “Monitoria de Genética nas Ciências Agrárias: incentivo à formação docente” visa à melhoria da didática de ensino por meio de atividades práticas em laboratório de genética e informática com atuação permanente dos monitores. Logo, este programa de monitoria tem como objetivos melhorar o desempenho acadêmico na disciplina de Genética dos cursos de graduação em Agronomia e Engenharia Florestal, com o auxílio constante dos monitores. Especificamente, contribuir para o processo de formação do discente; despertar e aprimorar as potencialidades dos monitores em atividades didáticas, estimulando-os à iniciação docente; permitir a formação de profissionais da Agronomia e Engenharia Florestal capazes de resolver problemas genéticos, capacitando-os à obtenção e organização de dados, na análise e interpretação dos resultados obtidos em laboratório. Metodologia A aplicação dos conceitos teóricos da Genética Geral é realizada por meio de atividades práticas em ambos os componentes curriculares (EFL0313 – GENÉTICA GERAL e AGR0305 - GENÉTICA GERAL). Para isso é utilizada infraestrutura do Laboratório de Informática e também do Laboratório de Genética e Melhoramento Florestal (LABGEM) da Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, campus da UFRN, no município de Macaíba/RN. Com isso, será possível que os discentes acompanhem desde o processo de planejamento até obtenção dos dados e interpretação dos resultados, conforme pressupostos teóricos da genética. As atividades no LABGEM abrangem aspectos como a divisão celular, extração de DNA, eletroforese, reação em cadeia da polimerase (PCR) e interpretação de polimorfismos genéticos. Já no laboratório de Informática, os computadores são utilizados como uma ferramenta pedagógica em prol do desenvolvimento da aprendizagem. Isso irá contribuir para a evolução cognitiva, no qual o próprio aprendiz construirá algo ou resolverá os seus problemas por intermédio da informática. Para tanto, é utilizado o software interativo GBOL (Genética Básica on Line) (Viana et al., 2001). São utilizados, ainda nas aulas, artigos científicos da revista “Genética na Escola”, disponível no site www.geneticanaescola.com.br/, onde há a difusão de experiências educativas na área de genética, de cunho prático e inovador. As atividades são importantes para proporcionar reflexões sobre conceitos de genética e a discutir os desdobramentos da tecnologia na qualidade de vida das populações. A participação dos monitores é constante, auxiliando o docente no planejamento e condução das atividades propostas. Portanto, pudemos analisar se existe alguma relação das notas dos estudantes e o número de faltas, por meio do coeficiente de correlação linear de Pearson, com uso do programa BioEstat (AYRES et al., 2007). Resultados e Discussão Os índices acadêmicos dos estudantes são essenciais na avaliação da monitoria, decorrente da interação entre alunos e monitores. Assim, os dados referentes a aprovação dos alunos nas disciplinas de genética nos cursos da Engenharia Florestal e da Agronomia demonstraram que não houve nenhuma reprovação em ambos os cursos, sendo a maioria dos estudantes aprovados com notas superiores a 7,0 (Figura 1). As notas e o número de faltas dos alunos são dados que caracterizam a qualidade do ensino e o desenvolvimento da monitoria, onde por meio desses parâmetros observam-se as influências do bom ou mau rendimento acadêmico dos estudantes. Os resultados mostraram que na disciplina de Genética Geral no curso da Engenharia Florestal houve uma associação negativa entre as notas e faltas dos alunos (r = -0.2721), sendo esta variação de notas, explicada em 7% na relação com as faltas (Figura 2). Na disciplina de Genética Geral para o curso de Agronomia também houve uma associação negativa entre as notas e o número de faltas (r = -0.4768), em que a variação das notas é explicada em 22% das faltas dos alunos (Figura 3). Assim, os resultados mostraram que em ambas as disciplinas as faltas dos alunos é fator prejudicial ao rendimento, e que esta problemática foi mais evidente na disciplina de Genética Geral no curso de Agronomia. Além dos fatos acima expostos, é de grande valia frisar a importância das aulas práticas para o melhor entendimento da teoria repassada pelo docente. As aulas práticas são base primordial para aprimorar o desempenho profissional, demonstrando-se como a teoria pode ser aplicada e os amplos campos de pesquisa em que os discentes podem trabalhar (Figuras 4 e 5). É nessa perspectiva que se percebe a relevância das aulas realizadas no laboratório: aulas práticas para macroextração de DNA da banana e visualização da mitose em raízes da cebola, por exemplo, são de suma importância tanto para a fixação do conteúdo dado em sala de aula, quanto para auxiliar os alunos no manuseio de materiais dos quais eles irão precisar, em um futuro próximo, se optarem por trabalhar nessa área. Destarte, as aulas práticas facilitam a aprendizagem, é uma forma didática de prender a atenção do discente, despertando o interesse e gerando profissionais cada vez mais capacitados para o mercado de trabalho. Conclusão O projeto nominado “Monitoria de Genética nas Ciências Agrárias”, por fim, é um trabalho de grande relevância, realizado com a perspectiva de contribuir para plenitude do desenvolvimento acadêmico. É a evolução do ensino, uma forma de repassar o conteúdo sem que este seja enfadonho, despertando o interesse dos alunos e dando a eles a oportunidade de praticar a teoria, profissionalizando-os de forma efetiva. Os resultados, então, corroboram com o objetivo proposto pelo projeto, visto que os alunos que frequentam as aulas mostram alto desempenho. Assim, pode-se concluir que o apoio do monitor tem se mostrado um diferencial na disciplina. Agradecimentos A Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFRN, que efetiva o desenvolvimento do projeto e torna viável o desempenho das atividades, melhorando a qualidade de ensino e valorizando a educação brasileira. Ao professor Fábio de Almeida Vieira, por nos proporcionar significativo desempenho acadêmico, orientando-nos de forma altamente competente e nos dando o apoio necessário para o desenvolvimento das atividades da monitoria. Referências AYRES, M.; AYRES JUNIOR, M.; AYRES, D.L.; SANTOS, A.A.S. BioEstat 5.0: aplicações estatísticas nas áreas das Ciências Biomédicas. Sociedade Civil Mamirauá: Belém, Pará-Brasil. 2007. 324p. http://www.mamiraua.org.br/download/. BORÉM, A.; SANTOS, F. R. Biotecnologia simplificada. 2ª Ed. Rev.Amp. Viçosa-MG: UFV. 2004. 302p. MOITA, F. M. G. da S. C.; ANDRADE, F. C. B. de. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 41, p. 269-393, maio/ago. 2009. PIRES, W.C.; MATOS, M.; PEREIRA, F.C.; ANUNCIAÇÃO, C.E.; SILVEIRA-LACERDA, E.P. Observação das fases da mitose em células de cebola. Genética na Escola. v. 7, n. 2, p. 58-65, 2012. SANTOS-FILHO, F.S. Eletroforese: uma importante ferramenta da genética. Genética na Escola. p. 43-45, 2011. VIANA et al. GBOL – Software para ensino e aprendizagem de genética. 2a ed. Viçosa: Editora UFV, 2001. 475.http://www.ufv.br/dbg/gbol/gbol.htm. WEISSMANN, H. O que ensinam os professores quando ensinam ciências naturais e o que dizem querer ensinar. In: WEISSMANN, H. (org.) Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre-RS: Ed. ARTMED, 1998. p. 31 – 55. Anexos Figura 1 – Índices de aprovação das disciplinas de Genética Geral nos cursos da Engenharia Florestal e da Agronomia Figura 2 – Correlação entre notas e faltas da disciplina de Genética Geral para Engenharia Florestal Figura 3 – Correlação entre notas e faltas da disciplina de Genética Geral para Agronomia Figura 4 – Aula prática de Genética. Figura 5 – Alunos em projeto de pesquisa no LABGeM.