UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – URI – CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA CLÍNICA INDUSTRIAL ANA CAROLINA ROCKENBACH BIDEL Monografia de Conclusão de Curso EXTRAÇÃO DE CÁLCIO DE CASCA DE OVO: AVALIAÇÃO DE DIFERENTES SOLUÇÕES EXTRATORAS Orientador: Rogério Marcos Dallago ERECHIM - RS 2008 ANA CAROLINA ROCKENBACH BIDEL EXTRAÇÃO DE CÁLCIO DE CASCA DE OVO: AVALIAÇÃO DE DIFERENTES SOLUÇÕES EXTRATORAS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Farmácia, Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim, sob a orientação do Professor Dr. Rogério Marcos Dallago. Erechim 2008 AGRADECIMENTOS À DEUS, que me deu vida, inteligência, e que me dá forças para continuar a caminhada em busca dos meus objetivos. Ao Professor Rogério Marcos Dallago pela dedicação na realização deste trabalho, que sem sua importante ajuda não teria sido concretizado. À funcionária e aluna do curso de Farmácia Jolcimara Tacca, por ter dedicado seu tempo e colaborado para a realização deste trabalho. Aos meus pais, Apio e Regina que me ensinaram a não temer desafios e a superar os obstáculos com humildade. À Lizandra e à Luciana, por fazerem parte da banca examinadora. E aos demais, que de alguma forma contribuíram na elaboração desta monografia. RESUMO O cálcio é o mineral mais abundante no organismo humano, constituindo cerca de 1,5 a 2% do peso corpóreo (1 a 1,2kg) (COLLI, 2005). A dieta média americana fornece entre 600 e 1.000 mg de cálcio por dia, dos quais cerca de 100 a 250mg são absorvidos (BIKLE, 2003). Esse valor representa a absorção final, visto que ocorrem absorção (principalmente no duodeno e porção superior do jejuno) e secreção (sobretudo no íleo) (BIKLE, 2003). Uma excelente fonte econômica de cálcio é a casca de ovo de galinha, higienizada, dessecada em estufa ou ao sol e reduzida a pó. Seu valor biológico é igual ao do cálcio do leite, e é usada em mingaus, sopas e outras preparações culinárias (LABSYNTH, 2007). Em uma tabela exposta pelo mesmo autor, trás alimentos com mais de 20mg por 100mg de Alimento, onde entre eles está a casca de ovo em pó com 4.150 (LABSYNTH, 2007). Este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de extração de cálcio solúvel e insolúvel de casca de ovo de galinha empregando suco de limão. Duas porções de 50g de cascas de ovo previamente limpas e esterilizadas foram colocadas em contato com 200mL de suco de limão, Taiti e comum durante 7 dias. A quantificação de cálcio foi feita a partir de espectroscopia de absorção atômica. A partir dos resultados obtidos foi possível verificar que o contato das cascas de ovo com dois tipos de limões houve a liberação de cálcio, sendo uma fonte alternativa para a suplementação deste mineral para pessoa de baixa renda. Palavras-chave: Cálcio. Cascas de ovo. Suplementação. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Cascas de ovo após etapa de limpeza e esterilização…………… 16 Figura 2 – Espuma indicativa de que a reação ácido-base está ocorrendo. À esquerda com limão comum e à direita com limão Taiti……………………. 20 Figura 3 - Precipitado branco de citrato de cálcio formado após a reação.. 21 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Ingestão Adequada (AI) de cálcio………………………………….. 14 Tabela 2 - Recomendações de cálcio (via oral)……………………………….. 14 Tabela 3 - Acidez e teor de cálcio para os sucos de limão comum e taiti e vinagre caseiro…………………………………………………………………….. 19 Tabela 4 - Teores de cálcio nos distintos extratos em diferentes tempos reacionais…………………………………………………………………………… 21 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………... 07 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA………………………………………………….. 09 2.1 ALGUNS GRUPOS ESPECIAIS DA POPULAÇÃO SÃO AFETADOS PELA FALTA DE CÁLCIO……………………………………………………………….. 2.2 FONTES DE CÁLCIO E ABSORÇÃO………………………………………... 3 METODOLOGIA………….…………………………………………………….. 16 3.1 AMOSTRAS (CASCAS DE OVO)…………………………………………….. 16 3.2 ENSAIO DE EXTRAÇÃO……………………………………………………… 17 3.3 DTERMINAÇÃO DA ACIDEZ DOS SUCOS DE LIMÃO…………………… 17 3.4 DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DO VINAGRE……………………………... 18 3.5 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CÁLCIO…………………………………... 18 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES……………………………………………….. 19 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUCOS DE LIMÃO……………………………… 19 4.2 ENSAIOS DE EXTRAÇÃO……………………………………………………. 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………. 23 6 REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 24 1 INTRODUÇÃO O cálcio funciona como principal elemento estrutural do esqueleto humano. Noventa e nove por cento do cálcio orgânico está presente nos ossos e dentes e somente 1% nas partes moles e fluídos orgânicos. O cálcio sangüíneo atende a várias funções importantes. É essencial para a coagulação normal do sangue. Sua presença também é necessária para o funcionamento normal do tecido nervoso. Um teor ótimo de cálcio também é essencial para a pulsação e contração cardíaca normal (BURTON, 1989). No entanto sua ausência/deficiência está vinculada a uma série de doenças, das quais destaca-se a osteoporose, que é definida como uma perda anormal de osso, predispondo à fraturas. É mais comum em mulheres pósmenopáusicas, mas também ocorre em homens de idade mais avançada (BIKLE, 2003). Neste sentido a reposição de cálcio, mediante suplementos alimentares é de vital importância para indivíduos com idade avançada, principalmente os que apresentam uma dieta pobre deste nutriente (BIKLE, 2003). São muitos os suplementos de cálcio disponíveis no mercado, com as mais distintas formulações e preços. Normalmente, as formulações que apresentam elevada absorção encontram-se inacessíveis para a maioria da população em virtude do elevado custo. Cabendo a estes indivíduos o uso de suplementos que apresentam baixa absorção, como o carbonato de cálcio, cloreto de cálcio, entre outros. Neste sentido foi desenvolvido este trabalho, o qual visa disponibilizar para a comunidade um suplemento de cálcio, onde o mesmo encontra-se solúvel, ou seja, apto para ser absorvido, empregando para isso matérias primas de baixo custo, como a casca de ovo, o suco de limão e o vinagre caseiro. Portanto, o objetivo geral deste trabalho foi desenvolver um suplemento de cálcio solúvel de baixo custo para atender populações carentes de baixo poder econômico. E também de avaliar a capacidade de extração de cálcio solúvel e insolúvel de casca de ovo empregando suco de limão e vinagre caseiro. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O cálcio e o fosfato, que são os principais componentes minerais dos ossos, também constituem dois dos mais importantes minerais necessários à função celular geral (BKLE, 2003). Para a mineralização óssea são necessárias concentrações adequadas de cálcio e de fosfato no fluído extracelular e periósteo. O cálcio é o mineral mais abundante no organismo, constituindo cerca de 1,5 a 2% do peso corpóreo (1 a 1,2 kg). 3 O total de cálcio ionizado no plasma é de 7 mmol (280mg), e nos fluídos corporais, contando também o cálcio intercambiável dos ossos, é de 50 mmol (2g) (SILVA, 2005). O cálcio funciona como principal elemento estrutural do esqueleto humano. Noventa e nove por cento do cálcio orgânico está presente nos ossos e dentes e somente 1% nas partes moles e fluídos orgânicos. O cálcio está presente nos ossos sob a forma de um sal múltiplo da apatita, composto de fosfato de cálcio e carbonato de cálcio. O osso pode ser considerado como mais do que uma formação estrutural; serve também como reservatório de cálcio do organismo. O cálcio sangüíneo atende a várias funções importantes. É essencial para a coagulação normal do sangue. Sua presença também é necessária para o funcionamento normal do tecido nervoso. Um teor ótimo de cálcio também é essencial para a pulsação e contração cardíaca normal. As concentrações relativas de potássio, magnésio e sódio estão também envolvidas no efeito do cálcio na irritabilidade dos nervos e músculos (BURTO, 1989). No entanto sua ausência/deficiência esta vinculada a uma série de doenças, das quais destaca-se a osteoporose, que é definida como uma perda anormal de osso, predispondo à fraturas. É mais comum em mulheres pósmenopáusicas, mas também ocorre em homens de idade mais avançada. Pode surgir como efeito colateral da administração crônica de glicocorticóides ou outros fármacos. A osteoporose pós-menopáusica pode ser acompanhada de níveis diminuídos de 1,25(OH)2D (forma ativa da vitamina D) e redução do transporte intestinal de cálcio. O osso sofre remodelação contínua, um processo que envolve reabsorção e formação óssea. Qualquer processo capaz de afetar esse equilíbrio ao aumentar a reabsorção em relação à formação levará ao desenvolvimento de osteoporose. A produção inadequada de hormônios sexuais constitui a principal causa de osteoporose tanto nos homens quanto nas mulheres. A terapia de reposição com estrogênios na menopausa constitui uma forma bem estabelecida de prevenir a osteoporose nas mulheres; entretanto, muito dessas mulheres temem os efeitos adversos desses fármacos, particularmente a possibilidade (embora não comprovada) de um aumento no risco de câncer de mama (BIKLE, 2003). É uma condição que envolve a perda da matriz e do mineral do osso, comum em idosos. A osteoporose senil causa fratura osteoporótica do quadril, e aumenta geometricamente com o aumento da idade, aparecendo na proporção mulher/homem de 2/1. A deficiência em vitamina D não provoca osteoporose; assim, indivíduos osteoporóticos não respondem a tratamentos com suplementos de calcitrol ou calciferol. A baixa ingestão de cálcio ao longo da vida também é fator de risco, e há evidência de que ingestão moderadamente alta durante a fase de formação do osso pode ser protetora (SILVA, 2005). 2.1 Alguns grupos especiais da população são afetados pela falta de cálcio: Mulheres amenorréicas (ausência de menstruação): mulheres jovens com amenorréia têm níveis de absorção de cálcio diminuídos, maior excreção e baixa velocidade de formação óssea quando comparadas a mulheres saudáveis (SILVA, 2005). Mulheres na menopausa: durante esse período as mulheres perdem em média 3% da massa esquelética por ano. Baixos níveis de estrógeno também são acompanhados pelo decréscimo na eficiência de absorção de cálcio e aumento na taxa de turnover ósseo (SILVA, 2005). Mulheres grávidas e lactantes: o recém-nascido tem aproximadamente 30g de cálcio, o qual provém da circulação da mãe durante a gestação. Entretanto, mulheres grávidas não aumentam de forma espontânea a ingestão alimentar de cálcio. Sendo assim, é o aumento na absorção durante a gestação que auxiliará a repor essa quantidade necessária para o desenvolvimento do feto. Isso significa que o conteúdo mineral dos ossos das mães pode diminuir nesse período (SILVA, 2005). Intolerantes à lactose: estudos revelaram que muitos intolerantes à lactose podem ingerir doses baixas, como um copo de leite. Portanto, sendo o leite e seus derivados os alimentos que apresentam as maiores quantidades de cálcio na dieta e com melhor biodisponibilidade, esse grupo apresenta risco de deficiência (.SILVA, 2005) Vegetarianos: a prática do vegetarianismo pode ter influência nas recomendações de cálcio para este grupo, devido, sobretudo, aos elevados teores de oxalato e fitato em suas dietas, compostos que reduzem a biodisponibilidade do cálcio (SILVA, 2005). A hipocalcemia é outro sério problema causado pela falta de cálcio e encontra-se associada freqüentemente à insuficiência renal avançada, assim como a diabete, a síndrome do intestino curto, doença hepática e renal, gastrectomia, hipertireoidismo, imobilização prolongada, deficiência de vitamina D, terapia com diuréticos (furosemida) e menopausa, que diminui a absorção, assim como o álcool (FRANCO, 2005). 2.2 Fontes de Cálcio e absorção O cálcio para ser absorvido deve estar disponível na forma aquosa solúvel. A absorção do cálcio pode ocorrer por dois processos: 1. Difusão ativa: ocorre, principalmente, no duodeno e jejuno e é mediada pelo componente ativo da Vitamina D – calcitrol (COLLI, 2005). 2. Difusão passiva: ocorre ao longo de todo trato intestinal, principalmente no íleo (COLLI, 2005). Aproximadamente de 30 a 50% são absorvidos pelo intestino. Essa taxa também depende do nível de ingestão (quanto maior, menor a eficiência absortiva) e da composição da dieta, além de variar entre indivíduos e diminuir com a idade. Em adultos, cerca de 25% a 35% do cálcio médio ingerido são absorvidos (COLLI, 2005). FRANCO (2005) assinala que dietas baixas em cálcio resultam em um aumento de sua absorção fracionada e, que essa absorção é influenciada por diversos fatores, como a quantidade de Vitamina D, o pH ácido da parte superior do trato gastrintestinal, onde existe maior acidez que na parte terminal, assim como na motilidade normal dessa parte do intestino, que diminui Grandes quantidades de lipídeos. Fitatos ou oxalatos podem interferir na absorção do cálcio, assim como glicocorticóides, diminuindo sua absorção. BURTON (1979) relata ainda que o ácido oxálico apresenta um efeito adverso na utilização de cálcio, mediante a formação de oxalato de cálcio insolúvel o qual passa pelo intestino sem ser absorvido. O ácido fítico pode formar sais insolúveis de cálcio livre dos conteúdos intestinais, ficando, assim, certa porção de cálcio não disponível para a absorção. Um excesso (ou má digestão) de gordura no intestino pode reduzir a absorção de cálcio através da formação de sabões de cálcio insolúveis. No entanto, pequenas quantidades de gordura parecem melhorar a absorção. O cálcio pode ter baixa absorção em alimentos ricos em ácido oxálico, como espinafre, batata-doce e feijão. O ácido oxálico é o inibidor mais potente da absorção de cálcio. Alimentos ricos em ácido fítico (forma de armazenamento de fósforo em sementes), como feijão cru, sementes, castanhas, cereais e isolados de soja, também podem proporcionar baixa absorção de cálcio, uma vez que o mesmo comporta-se como um inibidor moderado. As fibras solúveis em frutas e vegetais afetam negativamente a absorção do mineral, entretanto em proporção menor que as insolúveis, predominantes em cereais, incluindo celulose, lignina e algumas hemiceluloses. Considerando a solubilidade dos sais de cálcio, sabe-se que a razão de absorção de alguns sais de cálcio, como acetato, lactato, gluconato, citrato e carbonato, apresentam certa similaridade, ficando entre 25 a 40%. O carbonato de cálcio também é absorvido em cerca de 30% e é a forma preferida quando utilizada como suplemento por causa de seu peso molecular relativamente baixo, o que significa que as pílulas são menores (SILVA, 2005). Sais de cálcio altamente solúveis, como aqueles de citrato, malato ou glicina, têm sido utilizados como suplementos, embora as pílulas sejam maiores. O citrato de cálcio é mais rapidamente absorvido que o carbonato, embora essa diferença aparentemente não tenha influência na disponibilidade do mineral. O oxalato de cálcio é relativamente insolúvel e pobremente absorvido pelo intestino, cerca de 10% (SILVA, 2005). Segundo Rocha (2007), o ascorbato de cálcio é uma vitamina essencial e hidrossolúvel, exerce papel antioxidante e também participa na síntese de colágeno e na reparação tissular. É rapidamente absorvido no intestino distal, através de processo ativo e, possivelmente, dose-dependente. O cálcio absorvido dos alimentos é imediatamente conduzido através do corpo pela circulação. É retirado da circulação pelos ossos e dentes durante os períodos de crescimento, e certa quantidade é incorporada aos ossos em todas as idades. O nível sangüíneo de cálcio é regulado pelo hormônio da paratireóide e pelo hormônio calcitonina que se opõe ao efeito do paratormônio (BURTON, 1989). COLLI (2005) relata alguns fatores que podem diminuir a absorção de cálcio, entre eles a falta de Vitamina D (forma ativa), motilidade gastrintestinal excessiva e o estresse mental ou físico também tendem a diminuir a absorção e aumentar a excreção do cálcio. Não há informações suficientes para determinar a Necessidade Média Estimada (EAR) do cálcio, por isso o Comitê da Ingestão Dietética de Referência (DRIs) estabeleceu a Ingestão Adequada (AI), que substitui o valor da RDA (Recomendação Média Estimada) como referência para avaliar a ingestão do mineral (COLLI, 2005). A Ingestão Adequada para o Cálcio, de acordo com o sexo e algumas faixas etárias, pode ser vista na Tabela 1 a seguir: Tabela 1: Ingestão Adequada (AI) de cálcio Estágio de vida (anos) 14 a 18 AI (mg/dia) 1.300 19 a 50 AI (mg/dia) 1.000 Fonte: IOM (Institute of Medicine), 2001. SILVA (2005) também traz recomendações de ingestão de cálcio, onde as novas DRIs estabelecidas para o Canadá e Estados Unidos apontam AIs para o cálcio. A decisão para estabelecer a Ingestão Adequada ao invés da EAR baseou-se em: i) incertezas em métodos e dados de valor nutricional obtidos de estudos de balanço; e ii) falta de estudos longitudinais que pudessem ser utilizados para associação entre os dados de ingestão, para alcançar níveis predeterminados de retenção óssea, com a taxa e a extensão da perda óssea em um período prolongado, e as suas conseqüências adversas, como fraturas. A dieta média americana fornece entre 600 e 1.000mg de cálcio por dia, dos quais cerca de 100 a 250mg são absorvidos. Para Franco (2005) as recomendações de cálcio (via oral) seguem na Tabela 2 a seguir: Tabela 2: Recomendações de cálcio (via oral) Idade (anos) Lactentes mg/dia 0,0-0,5 400 0,5-1,0 600 1 a 10 800 Adolescentes 11 a 18 1.200 Adultos 19 a 24 1.200 25 a 50 800 mais de 51 800 Crianças Gravidez 1.200 Lactação (1ºsemestre) 1.200 Lactação(2ºsemestre) 1.200 Existem várias preparações de cálcio disponíveis para uso intravenoso, intramuscular e oral. As preparações orais incluem: carbonato de cálcio (40% de cálcio), lactato de cálcio (13% de cálcio), fosfato de cálcio (25% de cálcio) e citrato de cálcio (17% de cálcio). O carbonato de cálcio deve ser administrado nas refeições para aumentar a absorção, ou o fármaco deve ser substituído pelo citrato de cálcio, que é absorvido mais adequadamente. O melhor tratamento para a hipocalcemia menos grave consiste em formas orais suficientes para fornecer cerca de 400 a 800 mg de cálcio elementar (1-2 g de carbonato de cálcio por dia). (BIKLE, 2003) FRANCO (2005) descreve como principais fontes de cálcio, os queijos verdadeiros concentrados de leite, cujo teor em algumas variedades chega a ultrapassar 1% em peso e, cujo cálcio é de alto valor biológico. Outras fontes de cálcio são o leite, o melado e alguns vegetais como o espinafre, a flor crua e as folhas do brócolis e do agrião (PRASS, 2007). Uma excelente fonte econômica de cálcio é a casca de ovo de galinha, higienizada, dessecada em estufa ou ao sol e reduzida a pó. Seu valor biológico é igual ao do cálcio do leite, e é usada em mingaus, sopas e outras preparações culinárias. O mesmo autor enfatiza alimentos com mais de 20mg por 100g de Alimento, onde entre eles está a casca de ovo em pó com 4.150mg (FRANCO, 2005). 3 METODOLOGIA 3.1 Amostra (casca de ovo) As cascas de ovos foram obtidas em um estabelecimento comercial. Primeiramente foi feita a lavagem das cascas em água corrente, tirando ao máximo os resquícios da clara e gema presentes no ovo. Após, as cascas foram filtradas, para remoção do excesso de água, e secas em forno. Posteriormente, as cascas foram submetidas a uma etapa de esterilização em forno de microondas, cuja temperatura pode chegar a aproximadamente 300ºC, por 5 minutos. A esterilização pode ser conduzida também em forno convencional de fogão a gás (fogo alto 330 ºC), bem como por imersão em álcool 70 %. Após a etapa de esterilização as cascas foram acondicionadas em um recipiente seco, limpo e com tampa (Figura 1) Figura 1 – Cascas de ovo após etapa de limpeza e esterilização 3.2 Ensaio de extração Os ensaios de extração do cálcio da casca de ovo foi conduzido empregando suco de limão de duas variedades distintas e comuns em nossa região (limão comum e limão taiti). Para o ensaio de extração, 50 gramas de casca de ovo, previamente limpas e esterilizadas, foram imersas em 200mL de cada suco de limão. Em tempos predeterminados (0, 24, 48 e 168 horas) foram retiradas alíquotas de 2,5mL, os quais foram previamente diluídos a 25mL, antes de serem encaminhados para análise em relação ao teor de cálcio. Cabe destacar que no sétimo dia (168 horas) retirou-se duas alíquotas, uma do sobrenadante (fase límpida) e outra da mistura homogeneizada. 3.3 Determinação da Acidez dos Sucos de Limão A acidez dos sucos de limão foram determinadas volumetricamente mediante titulação de 10mL das amostras previamente diluídas (10mL de suco em 100mL de solução), com NaOH 0,1M, empregando fenolftaleína como indicador. A acides em relação ao teor ácido cítrico foi calculada empregando a fórmula a seguir: g Ac. citrico/100 mL = (VNaOH(L) x [NaOH] x 10 x 10 x192) ÷ 3 Onde: VNaOH(L) = volume de NaOH 0,1 M consumido na titulação [NaOH] = concentração de NaOH (0,1M) 10 = fator de diluição e fatorial para os 100mL 192 = peso molecular do ácido cítrico em gramas 3 = estequiometria entre o NaOH e o Ac. Cítrico 3.4 Determinação de acidez do vinagre A acidez do vinagre foi determinada similarmente da dos sucos de limão. No entanto, para a acidez do vinagre, dois mililitros de amostras foram titulados diretamente, sem previa diluição, com a solução padrão de NaOH 0,1M. A acidez em relação ao teor de ácido acético foi calculada empregando a fórmula a seguir: g Ac. acético/100 mL = (VNaOH(L) x [NaOH] x 50 x 60) Onde: VNaOH(L) = volume de NaOH 0,1 M consumido na titulação [NaOH] = concentração de NaOH (0,1M) 50 = fatorial para os 100mL 60 = peso molecular do ácido acético em gramas 3.5 Determinação do teor de cálcio O teor de cálcio nos sucos de limão pré e pós extração foi determinado por espectroscopia de absorção atômica. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Caracterização dos sucos de limão Na tabela 3 são apresentados os valores de acidez, com base no teor de ácido cítrico, e de cálcio dos diferentes sucos de limão avaliados, e com base no teor de ácido acético e de cálcio para o vinagre caseiro. Tabela 3- Acidez e teor de cálcio para os sucos de limão comum e limão taiti e vinagre caseiro Tipo de limão Volume NaOH 0,1M [ácido cítrico] [cálcio] Limão Comum 9,15mL 5,85g/100mL 36,6 mg L-1 Limão Taiti 12,7mL 8,12g/100mL 42,0 mg L-1 [ácido acético] Vinagre caseiro 9,2mL 2,76 g/100mL 91,3 mg L-1 Dentre as três soluções extratoras avaliadas, o suco de limão taiti foi o que apresentou maior acidez e maior teor de cálcio solúvel. O vinagre caseiro apresentou os menores valores. A tendência apresentada entre os limões taiti e comum não deve ser interpretada como definitiva, mas sim somente por este estudo, uma vez que vários fatores sazonais, de solo (adubação), época de colheita, etc, interferem significativamente na composição (qualitativa e quantitativa) de todas as partes de uma planta, inclusive em seus frutos. Considerando estes valores, principalmente em relação à acidez esperava-se que as maiores extração estariam vinculadas ao suco de limão taiti. No entanto, como vermos no decorrer deste trabalho, independente do suco utilizado, os valores de cálcio extraídos foram muito similares. 4.2 Ensaios de Extração A extração de cálcio da casca de ovo empregando suco de limão baseia-se na reação ácido-base entre os compostos ácidos (ascórbico, cítrico,...) presentes no suco de limão e o carbonato de cálcio (sal básico), principal componente da casca de ovo. Um indicativo de que a reação está se processando é a liberação de gás, formando inicialmente uma espessa espuma superficial (Figura 2). Figura 2- Espuma indicativa de que a reação ácido-base esta ocorrendo Este gás é o dióxido de carbono (CO2) resultante da decomposição do ácido carbônico (H2CO3) gerado durante a reação de neutralização (Eq. 1 e 2). Eq 1 CaCO3 + 2 H3CCOOH(aq) → (H3CCOO)2Ca + H2CO3 (Carbonato de Cálcio) Eq.2 (Ác. Acético) H2CO3(aq) (Acetato de Cálcio) → H2O + CO2(g) ( Ác. Carbônico) Para ambos os limões foram observados uma intensa geração de CO2 nos instantes iniciais (30 minutos) com redução gradativa da intensidade no decorrer do período analisado. No entanto para o ensaio com o vinagre mesmo nos instantes iniciais não observou-se uma liberação significativa de CO2 (dióxido de carbono). Após um dia de extração observamos a formação de um novo precipitado, de intensa coloração branca (Figura 3), distintos da casca de ovo de coloração externa avermelhada. Esta diferença de coloração sugeriu que o mesmo era um novo produto resultante da reação entre a casca de ovo e o suco de limão. Com base na literatura o novo composto foi vinculado ao citrato de cálcio, um sal orgânico que se caracteriza pela sua coloração branca e baixa solubilidade em água (0,096 g/100mL) (LABSYNTH, 2007). Figura 3- Precipitado branco de citrato de cálcio formado após a reação Os teores de cálcio total e solúvel obtido para os três extratos encontram-se apresentados na Tabela 4. Tabela 4- Teores de cálcio nos distintos extratos em diferentes tempos reacionais. Tempo Limão Comum -1 Limão Taiti Vinagre (dias) (mg L ) (mg L ) (mg L-1) zero 36,6 42,0 91,3 1º Dia 10.268,3 10.066,6 7º Dia 13.771,6 12.900,1 7º Dia * 1.408,3 1.453,3 * Sobrenadante. Refere-se a fração de cálcio solúvel -1 6.922,5 De acordo com a tabela 4, observamos um significativo aumento (aproximadamente 40 vezes) na quantidade de cálcio solúvel para os dois extratos de limão avaliados. Este cálcio solúvel foi vinculado ao cálcio complexado na forma de citrato e ascorbato, este último em particular devido a sua maior solubilidade em água em relação ao citrato (0,96 g L-1) (LABSYNTH, 2007). Para o ensaio conduzido empregando o vinagre como meio extrator o aumento observado foi mais significativo, de aproximadamente 76 vezes, e está vinculada a elevada solubilidade do acetato de cálcio em água (300 g L-1), quando comparada com o citrato e ascorbato de cálcio. Relacionando o cálcio total este aumento foi ainda mais significativo, de aproximadamente 376 vezes. O aumento da quantidade de cálcio total, entre o primeiro e o sétimo dia foi vinculado ao teor de ácidos orgânicos presentes, que devido a suas elevadas concentrações apresentaram atividade reacional (constatada pela geração de gás) durante os 7 dias estudados. Considerando a demanda/dia para adultos acima de 51 anos, cuja problemática com a osteoporose é mais acentuada, que é de aproximadamente 800 mg, seria necessário a ingestão de aproximadamente 500 mL da solução límpida de suco de limão, que contem somente cálcio solúvel. Este volume poderia ser facilmente reduzido mediante uma etapa de pré-concentração, pela simples evaporação do solvente (água). Para o extrato vinculado ao vinagre caseiro este volume é de aproximadamente 115,5 mL/dia. No entanto, se considerarmos a solução de limão como um todo (fração solúvel e insolúvel, desconsiderando a casca de ovo em excesso, cuja absorção é de aproximadamente 30%) este volume poderia ser significativamente reduzido, para 100 mL/dia. Cabe destacar que o citrato de cálcio, presente no extrato de limão mesmo apresentando baixa solubilidade, apresenta-se como uma opção de reposição de cálcio mais vantajosa que o carbonato de cálcio, presente na casca de ovo, por ser um composto organomineral, cuja absorção é mais facilitada pelo organismo em relação aos compostos minerais. Neste contexto, associado à disponibilidade de acesso a estas matérias primas (casca de ovo, suco de limão e vinagre), a metodologia desenvolvida demonstrou potencial de aplicabilidade como suplemento de cálcio (solúvel e insolúvel) para indivíduos de baixa renda que tenham acesso a estas matérias primas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, onde as pessoas estão muito preocupadas com a alimentação e com a boa saúde, têm-se dado importância aos alimentos ricos em nutrientes essenciais para o organismo. Um dos principais elementos dos quais devemos nos preocupar é o cálcio, afinal ele é utilizado pelo organismo durante todo o ciclo da vida. De acordo com os resultados obtidos, onde constatou-se um acréscimo significativo no teor de cálcio presente em ambos os extratos, tanto na forma solúvel ( 40 vezes) quanto insolúvel ( 376 vezes), após sete dias de contato, concluímos que o processo avaliado possui potencialidade para a extração de cálcio da casca de ovo e aplicação como repositor de cálcio para pessoas de baixa renda, uma vez que as matérias primas empregadas no processo são facilmente acessíveis. Das soluções extratoras, o vinagre caseiro apresenta-se como melhor opção uma vez que proporciona um teor de cálcio solúvel significativamente superior ao observado quando do emprego do suco de limão. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) BIKLE, D. Agentes que afetam a homeostasia do mineral ósseo. In: KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica & Clínica. 8.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003. 2) BURTON, B. T. Nutrição humana: manual de nutrição na saúde e na doença. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1989. 3) COLLI, C.; MARI, E. T. L.; SARDINHA, F. A. A. Minerais na atividade física: cálcio, magnésio, ferro, zinco e cobre. In: TIRAPEGUI, J. Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. 4) FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9ªed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. 5) INSTITUTE OF MEDICINE. National research council. Dietary reference Intakes for Calcium, Phosphorus, Magenesium, Vitamin D and Fluoride. Washington (DC): National Academy Press, 2001. 6) LABSYNTH. Ficha de informações de segurança de produtos químicos: Citrato de Cálcio. São Paulo, 2007. Disponível em: <http://downloads.labsynth.com.br/fispq/FISPQ-%20Citrato%20de%20Calcio.pdf>. Acesso em 30 jun. 2008. 7) PRASS, F. S. Alimentos ricos em cálcio. São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.nutricaoativa.com.br/conteudo.php?id=255>. Acesso em 16/07/08. 8) ROCHA, S. O. 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