UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS E DA NATUREZA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO COMPÓSITO DE POLICAPROLACTONA E CARBONATO DE CÁLCIO (PCLC): UM NOVO BIOMATERIAL PARA ENXERTO ÓSSEO Robson Aurélio Silveira de Queiroz Orientador: Celso Pinto de Melo Co-orientador: Severino Alves Junior RECIFE 2006 1 Robson Aurélio Silveira de Queiroz COMPÓSITO DE POLICAPROLACTONA E CARBONATO DE CÁLCIO (PCLC): UM NOVO BIOMATERIAL PARA ENXERTO ÓSSEO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciência de Materiais. Banca Examinadora: • Presidente: Prof. Dr. Celso Pinto de Melo (orientador) Professor do Departamento de Física da UFPE • Prof. Dr. Walter Mendes de Azevedo Professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE • Profa. Dra. Glória de Almeida Soares Professora do Departamento de Engenharia de Materiais -COPPE- UFRJ Recife-Pernambuco-Brasil Maio de 2006 2 Queiroz, Robson Aurélio Silveira de Compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) : um novo biomaterial para enxerto ósseo / Robson Aurélio Silveira de Queiroz. – Recife : O Autor, 2006. 108 folhas : il., fig., tab. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCEN. Ciência de Materiais, 2006. Inclui bibliografia e anexos. 1. Ciência de materiais – Biomateriais. 2. Engenharia de tecido ósseo – Desenvolvimento de osso artificial. 3. Compósitos – Polímero e cerâmica – Utilização em cirurgia – Reposição óssea. 4. Fluido corporal simulado (SBF) – Simulação biomimética. I. Título. 620 620.118 CDU (2.ed.) CDD (22.ed.) UFPE BC2006-386 3 4iv DEDICATÓRIA Aos meus Pais, Romildo e Alda, aos meus irmãos Alcindo e Rodrigo e as minhas avós Maria de Lourdes da Silveira (in memoriam) e Maria Guimarães Queiroz . Meus maiores amores. 5v AGRADECIMENTOS • Ao professor Dr. Celso Pinto de Melo, pela sua dedicação, atenção e antes de tudo, carinho para com esta pesquisa e seu desenvolvimento. Obrigado por abraçar esta causa e por ter me dado a oportunidade de participar do seu grupo de pesquisa e de poder conviver com uma pessoa tão íntegra , ética e dedicada ao ensino e à ciência. • Ao professor Dr. Severino Alves Júnior pelo apoio à pesquisa, pela orientação dos processos de análise e antes de tudo pela amizade. • Ao professor Dr. Ricardo Longo, pelo exemplo de mestre que é, dedicado, competente, atencioso e prestativo. • Ao professor Dr. André Galembeck, pelos anos de dedicação ao curso e à nossa coordenação e por mostrar os caminhos a serem trilhados. • Ao professor Dr.Adair Busato, da Universidade Luterana do Rio Grande do Sul, meu grande e eterno mestre. • Obrigado a todos os meus amigos do laboratório PNC (Polímeros nãoconvencionais) e em especial a: Clécio, sem você e sua inspiração certeira este trabalho dificilmente existiria, obrigado pelas orientações e dicas. Virgínia, obrigado pelo grande apoio nas tarefas químicas, pela paciência quando me deixava invadir seu laboratório e por toda a força positiva que sempre me desejou. Liliana, sua presença foi importantíssima para meu trabalho e para o desenvolvimento desta pesquisa, obrigado pela ajuda constante. Edson, seu apoio desde o início do curso, quando eu ainda não sabia por onde andaria, foi algo que jamais esquecerei, muito obrigado por toda ajuda que sempre me dedicou. César, um espírito inquieto , um grande pesquisador, valeu pelas dicas e pela ajuda. Jaime, obrigado pela ajuda constante . Helinando, o trabalho com você sempre foi desafiador, obrigado pela atenção. • especial a : Obrigado a todos os meus amigos do curso de pós graduação e em Andréia, discernimento, ética, discrição, inteligência, lealdade, estes são algumas palavras para definir uma pessoa especial como você, obrigado por tudo. Sidnei, um talento, um grande amigo e pesquisador, obrigado por tudo. Lisandra, minha companheira de mestrado e minha amiga que por tantas vezes me ajudou durante o curso, muito obrigado por estar sempre junto. Luiz Geraldo, uma mão forte, um braço sempre pronto para apoiar, sem sua ajuda seria difícil chegar até o fim deste mestrado, muito obrigado meu amigo. Marcio e Celia, um casal de amigos que foram muito importantes para mim durante o curso, obrigado por tudo. • Agradeço a D. Ângela pelos serviços prestados na secretaria de pósgraduação e também por sua sensibilidade em escutar e ajudar os alunos nos momento difíceis, seja no estudo ou na vida. 6vi • Agradeço aos técnicos do Departamento de Física da UFPE pela competência e disposição para o trabalho científico, em especial a João do Laboratório de Raios-X e Francisco do laboratório de Microscopia. • Aos meus pais, aos meus irmãos e familiares que me apoiaram e me incentivarem em todos os momentos , principalmente naqueles mais difíceis durante o decorrer do curso. • A minha secretária Lisandra por toda paciência e disposição para as constantes mudanças de horários e atividades no consultório decorrentes do mestrado. • Aos meus amigos, em especial Valdson e Epitácio por acreditarem em mim e me apoiarem em vários momentos e pela lealdade constante. 7vii RESUMO Compósitos feitos a partir do polímero policaprolactona e de carbonato de cálcio, chamados de PCLC, foram preparados por um processo de carbonatação, que consiste em incidir um fluxo constante de gás carbônico (CO2) em uma solução de metanol e hidróxido de cálcio por 6 horas e depois adicionar ao polímero diluído em diclorometano, após a secagem e evaporação dos solventes o material resultante é prensado no formato de pastilhas. Essas pastilhas foram então expostas, a uma solução simuladora de fluido corporal (SBF) sob temperatura constante de 37 0C, por períodos de 3, 6, 12 e 24 horas e por 7, 14, 21 e 28 dias, o que levou à deposição de estruturas do tipo apatita, semelhantes aos ossos humanos sobre sua superfície. Antes e após ser exposto ao SBF, o compósito PCLC foi analisado por diferentes técnicas de caracterização de materiais, tais como difratometria de raios-X, espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), calorimetria diferencial de varredura (DSC), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX). Através dessa análise foi possível detectar a formação de apatitas na superfície do PCLC já a partir de 3 horas de exposição ao SBF, sendo a deposição de material inorgânico crescente com o tempo, ocorrendo variação de fases minerais e o aparecimento de hidroxiapatita após 21 dias, o que sugere a indicação do compósito PCLC como um promissor material para o desenvolvimento de implantes biocompatíveis a serem utilizados no corpo humano. Palavras-chave: Policaprolactona, apatita, simulated body fluid (SBF), hidroxiapatita, osso artificial, biomaterial. viii 8 ABSTRACT We report the preparation and characterization of a new promising biocompatible material, PCLC, a composite of (polycaprolactone/calcium carbonate). This composite was obtained by dissolving polycaprolactone, a biodegradable aliphatic synthetic polymer, into a solution of calcium hydroxide that was previously submitted to carbonation process by bubbling CO2. After complete evaporation of the solvent, the remaining powder was pressed in the form of pellets that were subsequently immersed into a solution of simulated body fluid (SBF) for varying amounts of times (1/8, ¼, ½, 1, 7, 14, 21 and 28 days). By examining the samples through X-Ray diffractometry, Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR), differential scanning calorimetry (DSC), scanning electron microscopy (SEM) and energy dispersive X-Rays microanalysis (EDX) techniques we have been able to establish that apatites begin to be formed on the surface of the pellets as a result of the exposure to SBF, but that the phase composition of the deposited material changes as the amount of inorganic material increases. Hydroxyapatite of good homogeneity and good porosity, with properties close to those of natural bone, begin to be incorporated at the composite after 21 days of immersion in the SBF solution. Due to these characteristics, we suggest that the PCLC composite represents a promising material to the development of biocompatible implants in the human body. Key word: Polycaprolactone, apatite, simulated body fluid (SBF), hydroxyapatite, bone substitute, biomaterial. 9ix ÍNDICE: Página Lista de figuras Lista de tabelas Lista de abreviaturas e símbolos 1.Introdução 1.1 Osso 1.1.1 Enxertos ósseos 1.2 Biomateriais 1.3 Compósitos 1.4 Polímeros 1.4.1 Policaprolactona 1.5 Carbonatos 1.6 Hidroxiapatita 1.6.1 Técnicas para a síntese da HA 1.7 Fluido corporal simulado (SBF) 2. Motivação e objetivo 3.Técnicas de caracterizações 3.1 Difração de raios-X 3.2 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) 3.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 3.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) 3.5 Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX) 4. Metodologia experimental 10x 4.1 Reagentes utilizados 4.2 Síntese e obtenção dos materiais 4.2.1 Síntese do Compósito PCLC 4.2.2 Obtenção do Fluido corporal simulado - SBF 4.3 Preparação e caracterização das amostras 5. Resultados e discussão 5.1 Calorimetria Exploratória Diferencial 5.2 Difração de Raios-X 5.3 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier 5.4 Microscopia eletrônica de varredura 5.5 Espectroscopia dispersiva de raios-X 6. Conclusões 7. Bibliografia 8. Anexos 11xi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura óssea com implante de titânio, com destaques sucessivos para as escalas em: a) 100 µm, que é o limite para o completo crescimento ósseo em irregularidades; b) 1µm, a substância fundamental do osso em contato com a superfície do implante; c) irregularidades da ordem de nm, de significado para proliferação de tecido ósseo em superfícies de implantes ainda em estudos (LINDHE, 1999). Figura 2: Biomateriais utilizados em procedimentos cirúrgicos, para enxertos e substituição de estruturas ósseas e articulares: (A) discos intervertebrais, (B) vértebra artificial, (C) espaçador espinal, (D) crista ilíaca, (E) espaçador poroso, (F) substituto ósseo granular (Kokubo,2003). Figura 3: Fórmula estrutural do polímero policaprolactona (PCL). Figura 4: Ciclo de Krebs (ciclo do ácido tricarboxílico), produzido pelas mitocôndrias dentro da estrutura celular. Figura 5: Estrutura cristalina idealizada para a hidroxiapatita (Rossi, 2000). Figura 6: a) Projeção das células unitárias da hidroxiapatita no plano 001 de Miller b) Morfologia do cristal de hidroxiapatita incluindo os índices de Miller (Hydroxyapatite, 2005). Figura 7: Apresentação esquemática da mudança estrutural e da formação de apatita na superfície do titanato de sódio amorfo exposto ao SBF (Kokubo, 2003). Figura 8: Difratômetro de raios-X, D5000– Siemens (laboratório de raios-X do Departamento de Física da UFPE) Figura 9: Incidência e refração de raios-X em estrutura cristalina (Gobbo, 2003). Figura 10: Difratometria de raios-X de apatita biológica proveniente de mandíbula humana (Vercik, 2003). Figura 11: Espectômetro de Infravermelho, FTIR–Bomem, MB-Séries tipo B100 (laboratório de polímeros não-convencionais do Departamento de Física da UFPE). Figura 12: Análise por FTIR de diferentes compósitos formados por policaprolactona e hidroxiapatita expostos a líquido simulador de fluido corporal (Kim, 2004). Figura 13: Esquema de funcionamento do equipamento de DSC. Figura 14: Demonstração das diferentes curvas de temperaturas no DSC Figura 15: Calorímetro Exploratório Diferencial, DSC– Pyris 6, da empresa Perkin Elmer (laboratório de polímeros-não convencionais do Departamento de Física da UFPE). Figura 16: Microscópio eletrônico de varredura, MEV-JSM 5900, e espectômetro dispersivo de raios-X, EDX- JSM 5900, da empresa JEOL Instrumentos (laboratório de microscopia do Departamento de Física da UFPE). Figura 17: Espectro de dispersão de raios-X da hidroxiapatita (Rigo, 2001). Figura 18: Curvas de DSC do polímero PCL e do compósito PCLC. pclpolicaprolactona sem ser exposto ao SBF, base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. 12xii Figura 19: DSC da Base do PCLC. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio antes de ser exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF); a temperatura de fusão do policaprolactona está em 62 ºC. Figura 20: DSC do PCLC após 28 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto durante 28 dias ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), a temperatura de fusão do policaprolactona está em 54 ºC. Figura 21: Difratogramas de raios-X do PCLC. base-compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Figura 22: Difratograma de raios-X da base do PCLC. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos a presença de picos correspondentes ao polímero policaprolactona (PCL) e ao carbonato de cálcio. Figura 23: Difratograma de raios-X do PCLC após 28 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto durante 28 dias ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos picos largos referentes à hidroxiapatita não estequiométrica e outros pequenos picos referentes a apatitas e ao polímero policaprolactona. Figura 24: Espectro de infravermelho do polímero policaprolactona (Pouchert, 1985). Figura 25: Espectro de FTIR do compósito PCLC: base-compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. figura 26: Espectro de FTIR da base do compósito PCLC. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde podemos ver a presença das bandas vibracionais do grupo éster relacionado ao polímero policaprolactona e as do carbonato de cálcio (CaCO3) . Figura 27: Espectro de FTIR do compósito PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF) pelo período de vinte e oito dias, onde podemos observar as áreas relacionadas às bandas de vibração dos grupo éster relacionado ao polímero policaprolactona e as bandas relacionadas aos grupos PO43- e CO2 da hidroxiapatita. Figura 28: MEV do PCLC (aproximação de 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio: a)base-compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao SBF; b) pclc 3h; c) 6h; d)12h; e) 24h; f)7d; g) 14d; h) 21d; i) 28d compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. 13 xiii Figura 29: MEV do compósito PCLC Base (aproximação de 6000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 30: MEV do compósito PCLC após 28 dias no SBF (aproximação de 6000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), por um período de vinte e oito dias. Observa-se o aspecto esférico dos grãos com aproximadamente 2 µm de diâmetro. Figura 31: Representação gráfica da relação entre os íons de cálcio (Ca) e fósforo (P) presentes no compósito PCLC em função das horas de exposição ao SBF, variando de 0 à 672 horas, sendo: A= base (antes de expor ao SBF), B= 3 horas, C= 6 horas, D= 12 horas, E= 24 horas, F= 168 horas, G= 336 horas, H= 504 horas, I= 672 horas (tempo de exposição do compósito ao SBF). Figura 32: EDX do PCLC Base. Espectroscopia dispersiva de raios-X do compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) antes de ser exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 33: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X do compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) após 28 dias de exposição ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 34: Análise calorimétrica diferencial da base do PCLC. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 35: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 3 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. Figura 36: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 6 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 37: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 12 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 38: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 24 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Figura 39: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 7 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 40: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 14 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 41: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 21 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de xiv14 policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Figura 42: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 28 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. Figura 43: Difratograma de raios-X da base do PCLC. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 44: Difratograma de raios-X do PCLC após 3 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. Figura 45: Difratograma de raios-X do PCLC após 6 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 46: Difratograma de raios-X do PCLC após 12 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 47: Difratograma de raios-X do PCLC após 24 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Figura 48: Difratograma de raios-X do PCLC após 7 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 49: Difratograma de raios-X do PCLC após 14 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 50: Difratograma de raios-X do PCLC após 21 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Figura 51: Difratograma a de raios-X do PCLC após 28 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. Figura 52: Espectroscopia de infravermelho da base do PCLC. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 53: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 3 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. 15xv Figura 54: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 6 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 55: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 12 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 56: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 24 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Figura 57: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 7 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 58: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 14 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 59: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 21 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Bandas de vibração ν2 e ν3 e do CO3 2-, ν4 do PO4 3-, relativos a hidroxiapatita. Figura 60: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. Figura 61 PCLC base (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 62; PCLC após 03 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. Figura 63; PCLC após 06 Horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 64; PCLC após 12 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 65; PCLC após 24 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. 16xvi Figura 66; PCLC após 07 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 67; PCLC após 14 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 68: PCLC após 21 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Figura 69: PCLC após 28 dias no SBF(aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. Figura 70: EDX do PCLC base. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 71: EDX do PCLC após 03 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. Figura 72: EDX do PCLC após 06 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 73: EDX do PCLC após 12 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 74: EDX do PCLC após 24 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Figura 75: EDX do PCLC após 07 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 76: EDX do PCLC após 14 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 77: EDX do PCLC após 21 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Figura 78: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato 17 xvii de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. 18 xviii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação das biocerâmicas (Addadi, 1997; Kawachi, 2000). Tabela 2: Propriedades químicas de biopolímeros. PLA, PGA, PCL (Chemical properties, 2005). Tabela 3: Ocorrência de fosfatos de cálcio em sistemas biológicos (Piehler, 2000; Kawachi, 2000). Tabela 4: Composição do SBF e do plasma sanguíneo (Monteiro, 2003). Tabela 5: Reagentes utilizados na preparação do compósito PCLC e do simulador de fluido corporal (SBF). Tabela 6: Materiais utilizados na preparação do SBF (Maeda, 2002). Tabela 7: Temperatura de fusão das amostras: PCL-policaprolactona sem ser exposto ao SBF ; PCLC base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio antes de ser exposto ao SBF; PCLC 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d e 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Tabela 8: Comprimentos de onda, em cm–1, dos modos vibracionais na região do infravermelho (Bueno, 1989; Jacob, 2000; Kweon, 2003; Lu, 2005; Pouchert,1985; Transferetti, 2001). Tabela 9: Intensidade dos picos dos íons cálcio (Ca) e fósforo (P), na análise por EDX do compósito PCLC em função do tempo de exposição ao SBF. PCLC Basecompósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; PCLC 3h, PCLC 6h, PCLC 12h, PCLC 24h, PCLC 7d, PCLC 14d, PCLC 21d, PCLC 28d compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. 19 ix LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS Å angstrom Ba2+ íon Bário BMPs proteínas morfogenéticas do osso °C grau Celsius CaO óxido de cálcio Cap carboapatitas Ca /P razão cálcio fosfato CaCO3 carbonato de cálcio Ca 2+ íon cálcio Cl- íon cloro Ap apatita dl/g viscosidade DSC calorimetria diferencial de varredura EDX espectroscopia dispersiva de raios-X FAp fluorapatita FTIR espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier F- íon flúor g grama H2O Água HA hidroxiapatita KBr brometo de potássio MEV microscopia eletrônica de varredura ml mililitro Mpa mega Pascal M mol nm nanômetro OH- hidroxila OCP fosfato octacálcico Pb 2+ íon chumbo PCL policaprolactona 20 xx PLA poliácido lático PLG poliácido glicólico PO4 íon fosfato SBF fluido corporal simulado, do inglês “Simulated Body Fluid” TCP fosfato tricálcio Ti-cp titânio comercialmente puro TTCP fosfato tetracálcio Tg temperatura de transição vítrea Tx temperatura de início de cristalização Tc temperatura do máximo do pico exotérmico de cristalização Tf temperatura de início da fusão Tm temperatura de fusão µm micrômetro Sr2+ íon estrôncio ν1 bandas vibracionais no infravermelho para o íon fosfato ν3 bandas vibracionais no infravermelho para o íon fosfato ν4 bandas vibracionais no infravermelho para o íon fosfato 21 1. INTRODUÇÃO De acordo com o aumento da expectativa de vida do homem moderno, como resultado dos avanços da medicina, do maior cuidado com a alimentação e do progresso tecnológico, têm-se observado um crescimento relativo da população de idosos e, conseqüentemente, o aumento na incidência das doenças relacionadas à velhice, dentre elas as doenças do sistema ósseo (Kokubo, 2003; Kawachi, 2000). É cada vez mais necessária a busca de alternativas para as terapias existentes, baseadas no transplante de órgãos e tecidos vivos, pelo considerável risco de rejeição ou de contágio por doenças (Vasconcelos, 2000; Saito, 2003). Dentre os diversos males que afetam a estrutura óssea, a osteoporose e a perda de massa têm sido intensamente estudadas devido a seus efeitos devastadores sobre a qualidade de vida das pessoas. Problemas na estrutura óssea atingem indivíduos de todas as faixas etárias, dentre eles jovens em sua fase mais produtiva, principalmente em decorrência de acidentes, notadamente automobilísticos e de trabalho (Kawachi, 2000). A magnitude destes problemas de saúde junto à população tem levado os pesquisadores a procurar materiais que possam substituir ou reparar de forma apropriada os ossos danificados (Douglas, 2003; Oyane, 2005). De um modo geral, os materiais utilizados na substituição e reparação de ossos enquadram-se na classe dos biomateriais, isto é, materiais que devem apresentar propriedades físicas e biológicas compatíveis com os tecidos vivos hospedeiros, de modo a estimular uma resposta adequada dos mesmos (Kawachi, 2000). Os materiais sintéticos utilizados para estes fins podem ser metais, polímeros, compósitos, cerâmicas e vidros (Walton, 1998). É neste contexto que emerge nos últimos 20 anos um ramo multidisciplinar da ciência, a engenharia de tecidos, que reúne conceitos de engenharia, de ciências de 22 materiais e de ciências da vida, com a produção de substitutos biológicos que permite restaurar, manter, e, se possível, melhorar o desempenho e funções dos biomateriais que atuarão em tecidos ou órgãos (Piehler, 2000; Kawachi, 2000). Estes materiais devem interagir com as estruturas biológicas, servindo de suporte para a proliferação celular e favorecendo o crescimento ou a regeneração de determinado tecido (Kalita, 2002; Katti, 2002). A grande dificuldade para conseguir doadores para transplante de tecidos e órgãos humanos tem motivado o desenvolvimento de terapias baseadas no transporte e multiplicação de célula do próprio indivíduo. Na engenharia de tecidos são normalmente utilizados materiais poliméricos biodegradáveis que atuam como suportes estruturais (Burg, 2000), de modo a permitir a adesão, o crescimento e a manutenção da função das células que neles são cultivadas/transplantadas até que se forme o novo tecido (Green, 2002). Em comparação com outros materiais não reabsorvíveis, os polímeros biocompatíveis com característica biodegradável têm apresentado um maior potencial de uso como biomaterial, pois eles podem provocar interferência no crescimento e função do novo tecido (Lee, 2003; Ohtaki, 1998). Desde a década de 80 os polímeros sintéticos, em particular os poliésteres, têm sido usados como material para a produção de fios de sutura reabsorvíveis e em aplicações cirúrgicas, como parte integrante de colas biológicas ou da composição de biomateriais (Kweon, 2003; Wu, 2004; Oyane, 2005). É sua biocompatibilidade e biodegradação que os tornam um material atrativo para uso em tratamentos que envolvam o transporte e multiplicação de células (Lindhe, 1999). Dentre os materiais cerâmicos, um que é bastante utilizado é a hidroxiapatita, uma biocerâmica do grupo das apatitas que é rotineiramente encontrada na composição de biomateriais de uso comercial devido à sua similaridade com os tecidos ósseo e 23 dentário, e muitas vezes associada a polímeros biocompatíveis (Rigo, 2001; Rossi, 2000). De fato, a associação de polímeros e cerâmicas tem representado um interessante caminho para o desenvolvimento de novos biomateriais (Safinya, 1996; Stupp, 1997; Zhang, 2002), devido à possibilidade de melhoria das propriedades pela junção das características positivas de cada componente, com o aumento da sua performance mecânica e integração biológica (Kawachi, 2000; Jacoby, 2001). 1.1 OSSO Podemos dizer que, do ponto de vista estrutural, o corpo humano é constituído por três componentes básicos: água, colágeno e hidroxiapatita. Este último composto representa a fase mineral dos ossos e dos dentes, responsáveis pela estabilidade estrutural do corpo, protegendo órgãos vitais como pulmões e coração e funcionando como um depósito regulador de íons (Kawachi, 2000). Todos os seres vertebrados têm em comum esta substância mista, orgânica e inorgânica, chamada osso, cujas propriedades de tensão, maleabilidade e densidade suportam o peso das diferentes estruturas corporais. O osso é composto de uma matriz orgânica rígida, grandemente fortalecida pelos depósitos de sais de cálcio. O osso compacto médio contém, em peso, cerca de 30% de matriz orgânica e 70% de sais (Lindhe, 1999). Dos sais ósseos de cálcio com grupos fosfatos, o mais importante é denominado de hidroxiapatita, no qual a proporção relativa de cálcio para fósforo (Ca/P) pode variar nas diferentes condições nutricionais e funcionais. A hidroxiapatita tem sido sintetizada e grandemente empregada para preenchimento de defeitos ósseos (Rigato, 2003; Nature Insight, 2003). Observando-se ao microscópio uma delgadíssima lâmina de osso, vemos que este é formado de numerosas células estreladas, os osteócitos, que estão unidos entre si por prolongamentos e que se acham imersos em uma substância chamada substância fundamental. No osso compacto, estas células estão dispostas em círculos concêntricos 24 em torno de um canal, o canal de Havers, que contém um capilar sanguíneo e fibras nervosas (Lindhe, 1999). Quando o osso morre, as células desaparecem e fica somente a substância fundamental. Mesmo no tecido vivo as células estreladas diminuem de volume e em número com o progredir da idade. A substância fundamental é muito dura porque é constituída de sais de cálcio, que estão impregnando uma parte orgânica: a osseína, que é uma substância protéica, e constitui, em peso, a terça parte de um osso seco (Rocha, 2006). O osso é produzido pelas células chamadas de osteoblastos, que revestem toda sua superfície e não têm habilidade de se locomover ou de se dividir, não podendo se proliferar para dentro dos defeitos (cistos e deformidades ósseas). Assim, para a cicatrização de defeitos ósseos é preciso a presença de células do tipo mesenquimais, que atuarão como células precursoras da formação óssea (osteogênicas) ao invadir o defeito e então se diferenciar em osteoblastos (Lindhe, 1999). A regeneração óssea depende de fatores locais e sistêmicos, como fatores de crescimento, hormônio e vitaminas, e a existência de um local apropriado para a proliferação e diferenciação das células formadoras de tecido ósseo. Além da hidroxiapatita, vários outros fosfatos de cálcio também ocorrem em calcificações normais e patológicas, o que vem despertando interesse significativo nas possibilidades de uso desses materiais como biocerâmicas (Monteiro, 2003; Lu, 2005). 1.11 ENXERTOS ÓSSEOS Muito embora o tecido ósseo apresente um grande potencial de regeneração, o que possibilita restaurar completamente a sua estrutura e função originais, podem ocorrer falhas na cicatrização em áreas de defeito ósseo, provocadas por acidentes ou patologias. Nesses casos, enxertos ósseos têm sido colocados no interior dos defeitos a fim de facilitar e promover a cicatrização e osteoregeneração das áreas afetadas (Lindhe, 1999; Vasconcelos, 2000; Santos, 2002). 25 Para uma osteoregeneração é importante que os biomateriais utilizados sejam porosos. Em biocerâmicas, a presença de poros com uma média de 100 µm é definido como um importante fator para a deposição de estruturas ósseas, pois pode-se observar a inserção de novos vasos sanguíneos associados a osteoblastos. A presença de poros menores do que 50 µm é importante, porque eles podem estimular a deposição de fibrocartilagens, quando este biomaterial é implantado em áreas de ligamentos (Coombes, 2005; Suchanek, 1998). Figura 1: Estrutura óssea com implante de titânio, com destaques sucessivos para as escalas em: a) 100 µm, que é o limite para o completo crescimento ósseo em irregularidades; b) ~1 µm, a substância fundamental do osso em contato com a superfície do implante; c) irregularidades da ordem de nm, de significado para a proliferação de tecido ósseo em superfícies de implantes ainda em estudos (Lindhe, 1999). Na Fig. 1 observamos um corte sagital de uma estrutura óssea com um implante de titânio osteointegrado, onde é dado destaque para as irregularidades da superfície do implante (a), que apresentam uma média de 100 µm de extensão, sendo esta a medida mínima para o completo crescimento ósseo. A substância fundamental do osso irá se 26 adaptar às irregularidades da superfície com 1-100 µm de extensão (Fig.1b); na Fig.1c, por sua vez, notamos irregularidades na faixa de nm que afetam a resposta óssea por adesão de proteínas. Mesmo que o tecido ósseo completo necessite de no mínimo 100 µm de espessura para crescer, a substância fundamental sozinha pode invadir poros com tamanhos menores, levando ao estabelecimento das uniões biomecânicas típicas de um implante adequadamente osteointegrado. A invasão de substância fundamental nas irregularidades medindo nm é por enquanto apenas hipotética e sem qualquer significado para a estabilização do implante. É possível que superfícies de implantes com irregularidades de 2 µm ou maiores possam mostrar uma resposta óssea diminuída devido ao aumento da liberação iônica destas superfícies relativamente rugosas (Lindhe, 1999). Podemos selecionar e definir os enxertos ósseos como: • Autógenos: o osso é removido do mesmo indivíduo em que o enxerto será usado; • Isógenos: tecido ósseo removido de um indivíduo da mesma espécie e geneticamente relacionado com o receptor (i.e., gêmeos idênticos); • Alógenos: o tecido é removido do cadáver de um indivíduo da mesma espécie, mas geneticamente não relacionado com o receptor; • Xenógenos ou hetero-enxertos: tecido retirado de um doador de uma espécie diferente daquele do receptor (i.e., tecido animal implantado em receptor humano); • Sintéticos: biomaterial, orgânico e/ou inorgânico, utilizado para substituir ou estimular os tecidos vivos. 27 Os mecanismos biológicos que formam o pilar básico para os enxertos ósseos incluem três princípios: osteogênese, osteocondução e osteoindução (Lindhe, 1999). A osteogênese ocorre quando osteoblastos ou células precursoras de osteoblastos são transplantados com o material de enxerto para dentro do defeito, onde podem estabelecer centros de formação óssea. Os enxertos autógenos, como o do ilíaco e enxertos de osso medular, são exemplos de transplantes com propriedades osteogênicas. A osteocondução ocorre quando o material de enxerto não vital serve como um arcabouço para o crescimento de células precursoras dos osteoblastos para o interior do defeito. Os enxertos de materiais derivados de osso ou osso sintético têm propriedades osteocondutoras similares, e esse processo é usualmente seguido de uma reabsorção gradual do material do enxerto. A osteoindução envolve a formação de um novo osso pela diferenciação local de células mesenquimais indiferenciadas em células formadoras de osso, ou seja, osteoblastos, sob a influência de um ou mais agentes indutores. As proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs) são um exemplo de material osteoindutor (Lindhe, 1999). A osteogênese provavelmente não ocorre sem a osteoindução e a osteocondução, pois o material do enxerto serve como um mantenedor de espaço para a invasão de células do hospedeiro, uma vez que é sabido que os osteoblastos não têm habilidade para migrar e se dividir; assim, o transplante é invadido por células do tipo mesenquimais indiferenciadas que irão posteriormente se diferenciar em osteoblastos (Lindhe, 1999). Como a motivação do nosso trabalho é a busca de um novo biomaterial que apresente propriedades osteoindutoras e osteocondutoras, o compósito a ser desenvolvido deve apresentar características de biodegradação, biocompatibilidade e bioestimulação. 28 1.2 BIOMATERIAIS Muito embora materiais bioativos venham de há muito sendo utilizados em dispositivos médicos e odontológicos, o aumento de sua disseminação fica limitada pela diferença entre as propriedades mecânicas desses materiais e as dos tecidos vivos que devem vir a substituir, como o osso (Aksay, 1998; Burg, 2000). A produção de compósitos de matriz polimérica dotados de uma fase bioativa é uma forma de se minimizar as desigualdades mecânicas entre materiais bioativos e tecidos vivos. Nesse caso, a combinação entre polímeros e agentes de reforço específicos permite a produção de materiais com grande bioatividade e comportamento mecânico comparável ao de tecidos vivos. O uso das biocerâmicas tem se estendido desde o emprego isolado do material até outras formas de utilização, como, por exemplo, no revestimento de próteses metálicas ou na associação com materiais poliméricos, tais como o colágeno (Abe, 1990; Addadi, 1997; Jacoby, 2001). Os implantes osteointegrados compostos por materiais bioativos, como aqueles mostrados na Fig. 2, são capazes de induzir a formação de uma interface entre o implante e o material com grande retenção mecânica. A formação dessa interface envolve inicialmente a liberação pela superfície do material bioativo de íons de cálcio, fosfato, sódio e silicato e após a liberação desses íons, o implante apresenta uma grande área ativa que permite a precipitação de uma camada rica em cálcio e fósforo. Em seguida, tal camada se cristaliza na forma de hidroxi-carbonada-apatita, que é muito semelhante ao componente mineral do osso humano. A precipitação dessa camada na presença de componentes biológicos como colágeno leva à formação de uma interface tecido-material de alta retenção mecânica. 29 Fig 2: Biomateriais utilizados em procedimentos cirúrgicos, para enxertos e substituição de estruturas ósseas e articulares: (A) discos intervertebrais, (B) vértebra artificial, (C) espaçador espinal, (D) crista ilíaca, (E) espaçador poroso, (F) substituto ósseo granular (Kokubo,2003) Materiais biodegradáveis também são usados como suportes de fixação de tecidos orgânicos (Jones, 2001) e como indutores da osteoindução e osteocondução; porém, o biomaterial se desintegra com o tempo e dá lugar ao tecido recuperado. Nesse caso, o grande desafio é de se desenvolver materiais que apresentem taxas de degradação compatíveis com as taxas de recuperação dos tecidos vivos. As biocerâmicas têm sido empregadas na preparação de biomateriais na forma densa e na forma porosa (Kokubo, 2003). Apesar do aumento da porosidade diminuir a resistência mecânica do material, a existência de poros com dimensões adequadas pode favorecer o crescimento de tecido através deles, fazendo com que ocorra um forte entrelaçamento com o implante e por conseguinte, aumentando a resistência mecânica do material in vivo (Kim, 2004). Segundo Addadi e Kawachi (Addadi, 1997; Kawachi, 2000), podemos classificar as biocerâmicas em inertes, porosas, bioativas e reabsorvíveis, como mostra a Tabela 1. 30 Tabela1: Classificação das Biocerâmicas (Addadi, 1997; Kawachi, 2000). Tipo de Biocerâmica Inertes Interações com os tecidos Não há interações químicas nem biológicas Porosas Ocorre o crescimento interno dos tecidos através dos poros Bioativas Ocorre uma forte ligação na interface osso-implante Reabsorvíveis As cerâmicas são degradadas e substituídas pelos tecidos Exemplos Alumina Aluminatos e hidroxiapatita porosos Biovidros, hidroxiapatita e vitrocerâmicas Gesso e fosfato tricálcico 1.3 COMPÓSITOS Os compósitos são definidos como materiais formados por dois ou mais constituintes, com distintas composições, estruturas e propriedades, separados por uma interface, de forma a que a interação entre eles potencialize as propriedades de cada material, resultando em um produto com características superiores aos de seus componentes individuais (Shackelford, 2000). O compósito bioativo envolve geralmente a presença de uma matriz polimérica (que confere adequadas propriedades mecânicas, físicas e químicas ao implante) e uma fase bioativa como, por exemplo, uma biocerâmica, que assegure biocompatibilidade adequada com interação favorável do implante com o hospedeiro (França, 2005). Os materiais macroscopicamente homogêneos irão refletir a natureza química dos seus constituintes e podem ser classificados como (Addadi, 1997; Shackelford, 2000): • Blendas: compósitos formados pela mistura de polímeros orgânicos. 31 • Híbridos orgânicos-inorgânicos: compostos vítreos, transparentes, molecularmente homogêneos e de estrutura definida, formados pela reação de um polímero orgânico com um composto inorgânico. • Compósitos orgânicos-inorgânicos: materiais resultantes da dispersão de um compósito inorgânico em uma matriz polimérica. Se as definições normalmente empregadas para descrever um compósito orgânico-inorgânico e um híbrido de mesma natureza são bastante parecidas, as propriedades finais destes materiais são bem diferentes; enquanto nos compósitos há uma conjugação das propriedades das diferentes fases formadoras, nos híbridos há a formação de compostos com propriedades totalmente novas. Materiais bioativos apresentam, em geral, módulo de elasticidade muito superior ao de tecidos vivos, e são de difícil fabricação em tamanhos e formas diversificadas. O fato desses materiais não apresentarem uma mecânica compatível com a de tecidos vivos pode gerar problemas como o "stress shield" (esforço localizado), onde todo o esforço aplicado num sistema osso-implante é sustentado pelo material, do que resulta numa progressiva reabsorção e desmineralização do osso (Vasconcelos, 2000). Uma forma de se minimizar as desigualdades mecânicas entre materiais bioativos e tecidos vivos é o uso de compósitos de matriz polimérica dotados de uma fase bioativa, pois a combinação entre polímeros e agentes de reforço específicos pode resultar em materiais com grande bioatividade e comportamento mecânico comparável ao de tecidos vivos (Kokubo, 2003). Compósitos formados por hidroxiapatita e polímeros biodegradáveis, como o policaprolactona, têm se apresentado como um interessante material para aplicações médicas, especialmente em trabalhos de reposição óssea, devido tanto às 32 propriedades de biodegradação dos poliésteres quanto à biocompatibilidade da hidroxiapatita (Kweon, 2003; Kim, 2004). A porosidade do compósito é fator decisivo para seu uso em tecidos ósseos: em 1970, Hulbert (Rigo, 2001) demonstrou que poros maiores que 100 µm favorecem o crescimento do osso através do material e o desenvolvimento de um sistema de vasos capilares entremeado com a cerâmica porosa. Este tamanho de poro, que define a porosidade ótima das biocerâmicas, está relacionado à necessidade de fornecer um suprimento sangüíneo ao tecido conectivo em crescimento (Coombes, 2005). 1.4 POLÍMEROS Polímeros sintéticos biodegradáveis têm sido usados para a confecção de barreiras mecânicas como, por exemplo, em procedimentos cirúrgicos, nos quais oferecem controle da estrutura (física e química) e propriedades (cristalinidade, hidrofobicidade, padrão de degradação e propriedades mecânicas) dos tecidos biológicos (Merkli, 1998). Estes polímeros podem ser processados em várias formas e microestruturas, de acordo com a área superficial desejada e a quantidade, tamanho e distribuição dos poros. As propriedades desses polímeros podem ser ajustadas através de mudanças nas estruturas químicas dos monômeros (Kweon, 2003). Os co-polímeros biodegradáveis (polímeros sintéticos, como os poliésteres alifáticos neutros derivados de ácido láctico e glicólico (Dunn, 2001; Coombes, 2005)) são compostos de interesse para uso médico por causa de suas propriedades, que podem ser também controladas. Os polímeros bioabsorvíveis são capazes de se degradarem no organismo humano através dos processos metabólicos em compostos de peso molecular menor, e de serem eliminados em tamanho suficientemente pequeno através das vias naturais (Merkli, 1998; Marra, 1999). 33 Dois fatores são importantes para os polímeros serem usados em aplicação terapêutica temporária: biocompatibilidade e biofuncionalidade (degradação), por possibilitarem o ajuste das propriedades mecânicas, físicas e biológicas através do controle da estrutura molecular sem que seja necessário o uso de aditivos. Os polímeros mais comuns são os termoplásticos orgânicos alifáticos: poli (α-hidroxi ácidos), polilático e poliglicólico e seus copolímeros poli-glicolídeo-lactídeo, que têm como vantagem a degradação por hidrólise com os produtos da degradação sendo na maioria metabolizados em CO2 e H2O através do ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs (Coombes, 2005). É possível controlar a estrutura e propriedades (tais como estrutura química e física, cristalinidade, hidrofobicidade, taxa de degradação e propriedades mecânicas) dos polímeros sintéticos biodegradáveis. Eles podem ser processados em várias formas, de modo a resultar em diferentes microestruturas, com área de superfície, porosidade, tamanho e distribuição dos poros variáveis. As propriedades de superfície podem ser alteradas para se adaptarem aos requisitos biológicos para adesão, crescimento e função celulares. Assim, os polímeros sintéticos biodegradáveis têm sido amplamente utilizados em engenharia de tecidos como meios para transplante celular e moldes como reprodução da forma do tecido a ser reposto. Como observado, os poliésteres alifáticos são a classe mais utilizada de polímeros biodegradáveis em medicina, e os poliα-hidróxi-ácidos, que consistem do ácido lático e glicólico, são talvez os mais conhecidos nesta ampla classe de materiais. Eles são usados extensivamente em humanos há mais de 20 anos, inicialmente apenas em suturas por causa da sua segurança toxicológica, biodegradabilidade, e versatilidade. As aplicações dos ácidos poli-hidróxi-ácidos são divididas nas seguintes áreas funcionais mais importantes: a) fechamento de feridas, b) reparo de tecido, c) regeneração e d) liberação 34 de drogas (Lindhe, 1999; Dunn, 2001; Rhee, 2003; Coombes, 2005). De fato, o maior interesse dos periodontistas, implantodontistas e ortopedistas por esse material refere-se a seu uso no reparo e regeneração teciduais e também em sistemas de liberação de drogas. 1.4.1 POLICAPROLACTONA O policaprolactona (PCL) é um polímero sintético do tipo poliéster alifático, assim como o poliácido lático (PLA) e o poliácido glicólico (PLG) (Coombes, 2005). O PCL é biodegradável, com a biodegradação ocorrendo devido à suscetibilidade da cadeia éster alifática à hidrólise. Na Fig. 3 a estrutura do PCL (policaprolactona), cuja fórmula é C6H10O2, é mostrada. O * O * n Figura 3: Fórmula estrutural do polímero policaprolactona (PCL). O PCL, cuja estrutura é do tipo semicristalina linear (Kweon, 2003), é geralmente metabolizado no organismo pela cadeia do ciclo do ácido tricarboxílico e eliminado por secreção renal direta. O ciclo de Krebs, também chamado de ciclo do ácido tricarboxílico (ver Fig. 4) é a mais importante via metabólica celular e ocorre sob a regência de enzimas mitocondriais. O PLA e o PCL são degradados por hidrólise e por 35 este ciclo, sendo metabolizados no organismo e excretados na forma de água e dióxido de carbono. Figura 4: Ciclo de Krebs (ciclo do ácido tricarboxílico), realizado pelas mitocôndrias dentro da estrutura celular. A hidrólise é o principal meio de degradação de biopolímeros como o poliácido lático, o poliácido glicólico e o policaprolactona, e alguns outros copolímeros. A degradação ocorre por difusão da água para dentro do material (inicialmente dentro das zonas amorfas do polímero), o que desencadeia a ação de hidrólise que vai aos poucos fragmentando as cadeias poliméricas. A hidrólise é afetada pelo tamanho e hidrofobicidade do polímero implantado, bem como por sua cristalinidade, o pH e a temperatura a que o polímero esteja submetido (Ohtaki, 1998; Kweon, 2003). O PCL é viável para uso como agente biológico devido a seu baixo 36 custo, sua ação biodegradável e a seu baixo peso molecular, o que facilita a integração com outros materiais como a hidroxiapatita, e também sua aplicação como veículo para a liberação controlada de fármacos (Kim, 2004; Coombes, 2005). Ultimamente, vem sendo usado também na confecção de fios de sutura reabsorvíveis e na engenharia de tecidos ósseos como componente de biomateriais passiveis de uso como substitutos ósseos (Kweon, 2003; Calandrelli, 2004; Kim, 2004). As aplicações do PCL em engenharia de tecidos são crescentes, devido ao fato de que sua cinética de degradação e de reabsorção serem mais lentas que as de outros ésteres alifáticos, como o PLA e o PGA (Materials, 2005; Physical properties, 2005; Polymer, 2005). A isso se adiciona o fato de que a policaprolactona apresenta uma menor reação inflamatória (Merkli, 1998). Algumas das diferenças entre as propriedades desses biopolímeros são indicadas na Tabela 2. Tabela 2: Propriedades químicas de biopolímeros. PLA, PGA, PCL (Chemical properties, 2005) Polímero PLA PGA PCL Viscosidade (dl/g) Temperatura de fusão (°C) 0.90 – 1.2 1.4 – 1.8 1.1 – 1.3 173-178 225-230 58-63 Temperatura de transição vítrea (°C) 60 – 65 35 – 40 -65 - -60 Tempo de Degradação (meses) >24 6 – 12 >24 1.5 CARBONATOS Devido a sua biocompatibilidade e forte reatividade iônica com alguns metais e polímeros, os compostos de fosfato de cálcio são um biomaterial atrativo para uso não apenas em enxertos em estruturas ósseas e dentárias, mas também como substratos para implantes (Safinya, 1996; Rossi, 2000; Rigo, 2001). Os ortofosfatos de cálcio com estrutura apatítica, ou simplesmente apatitas, têm como fórmula genérica Ca10(PO4)6X2: exemplificando, poderemos ter X como sendo o 37 íon F,- produzindo a flúor-apatita (FAp), ou o íon OH-, produzindo a hidroxiapatita (HA), ou ainda, o íon Cl- , caso em que teremos a formação da cloroapatita (ClAp). Este grupo de minerais foi denominado como apatita, palavra que vem do grego apataw, que significa enganar, porque com freqüência eles eram confundidos com minerais pertencentes a outros grupos, tais como água-marinha, ametista, etc. A estrutura apatítica é muito tolerante a substituições iônicas: por exemplo, íons Ca parcialmente ou totalmente substituídos por íons Ba2+, Sr2+ ou Pb 2+ 2+ podem ser , e íons PO43- por íons AsO4 3-. Freqüentemente também ocorrem substituições duplas como, por exemplo, a substituição do íon fosfato (PO4 3-) por um sistema com carga -3 (CO3 2-, OH-) ou (CO32-, F-). Dessa forma, as apatitas são muito estudadas como um material com grande potencial para uso em descontaminação ambiental através da substituição iônica. As expressões tipo A e tipo B têm sido utilizadas para designar duas classes de carboapatitas: nas carboapatitas do tipo A, os íons carbonato localizam-se em canais e ocupam os mesmos sítios que os íons hidroxila, enquanto que nas carboapatitas do tipo B, os íons carbonato ocupam os sítios dos íons fosfato. Deve ser observado, porém, que a existência de carboapatitas do tipo AB (nas quais os íons carbonato localizam-se em ambos os sítios) também tem sido relatada (Andrade, 2000). As três classes de carboapatitas apresentam espectros de absorção do íon carbonato no infravermelho distintos (Freitas, 2000). Uma das desvantagens apresentadas pelas biocerâmicas é a reduzida resistência mecânica, que restringe o seu uso a regiões ou locais que não requeiram sustentação. Uma forma de contornar tal restrição é a utilização de metais revestidos com cerâmicas, preparadas através de técnicas como o “Plasma Spray”, o que permite aliar as vantagens intrínsecas das biocerâmicas com a resistência do metal (Liu, 2002). 38 A baixa cristalinidade das fases nos compostos de fosfato de cálcio usados em recobrimento da superfície de implantes para estruturas ósseas leva a uma instabilidade quando de sua implantação (Ramesh, 2001). De acordo com a literatura (Vercik, 2003), fosfatos de cálcio amorfo e, principalmente, as fases fosfato tetracálcico e fosfato tricálcico possuem uma solubilidade bem superior a aquela da HA, o que leva a uma rápida desintegração do recobrimento e, portanto, à perda de fixação do implante, em um fenômeno conhecido como reabsorção. Na Tabela 3 temos uma relação de biocerâmicas derivadas do fosfato de cálcio e sua ocorrência nas estruturas biológicas. Tabela 3: Ocorrência de fosfatos de cálcio em sistemas biológicos (Piehler, 2000; Kawachi, 2000). Fosfato de Cálcio Fórmula química Razão Ca/P Ocorrências Apatita (Ca,Z)10(PO4,Y)6(OH,X)2 (Z=Mg 2+, Sr 2+ ,Ba 2+ ; Y= HPO4 2- , CO3 2- ; X= Cl - , F - ) Varia com Z e Y Esmalte, dentina, osso, cálculo dentário, cálculo urinário, calcificação de tecido mole Fosfato octacálcico (OCP) Ca8H2(PO4)65H2O 1,33 Cálculos dentário e urinário Monohidrogeno fosfato de cálcio dihidratado (DCPD) CaHPO42H2O 1,0 Cálculo dentário, ossos Decompostos Fosfato tricálcico (TCP) Ca3(PO4)2 1,5 Cálculos dentário e urinário, pedras salivares, cáries dentárias, calcificação de tecido mole Pirofosfato de cálcio dihidratado (CPPD) Ca2P2O72H2O 1,0 Depósito de pseudo-gotas em fluidos 1.6 HIDROXIAPATITA As cerâmicas à base de fosfato de cálcio vêm sendo utilizados na odontologia e na medicina há mais de 30 anos, pois foi a década de 70 que marcou o início do uso mais intenso de materiais cerâmicos (Jones, 2001; Kalita, 2002). O grande interesse na hidroxiapatita (HA), uma fase particular de fosfato de cálcio, surgiu devido 39 a sua grande similaridade com o principal componente presente na fase mineral do osso. Por possuir semelhança química muito grande com os tecidos duros (ossos e dentes) dos animais, a HA tem sido empregada como reconstituinte ósseo, uma vez que vários estudos mostraram ser este material altamente biocompatível (Suchanek, 1998; Kawachi, 2000; Rigo, 2001). Na Fig. 5 é ilustrada a estrutura da HA, que apresenta fórmula Ca10 (PO4)6 (OH)2. De fato, a HA apresenta alta bioatividade e biocompatibilidade, o que a leva a ter uma grande aceitação pelos tecidos vivos, e poder ser usada como componente de recobrimento para implantes. Figura 5: Estrutura cristalina idealizada para a hidroxiapatita (Rossi, 2000). A interconexão dos poros existentes entre os cristais de HA permite que os tecidos cresçam dentro desta estrutura, reduzindo a encapsulação, aumentando a velocidade de crescimento do tecido ósseo (o que diminui o período de recuperação do paciente), favorecendo o suporte nutricional do tecido dentro de seus poros e produzindo uma continuidade com o osso em volta (Suchanek, 1998; Rossi, 2000; Vasconcelos, 2000). A mais notável característica da HA é a sua afinidade e condutividade óssea, que lhe permite se unir diretamente ao tecido ósseo. Ela não tem capacidade 40 osteoindutiva, mas atua como matriz passiva para o crescimento ósseo, por ser um material osteocondutivo (Lindhe, 1999). Como a HA é o constituinte principal da fase mineral dos tecidos calcificados, seu equivalente sintético também possui propriedades de biocompatibilidade e de osteointegração, o que coloca este material entre os mais importantes substitutos do osso humano em implantes e próteses (Kawachi, 2000; Green, 2002). A estrutura hexagonal da HA permite que os grupos hidroxila (OH-) possam se deslocar e serem retirados com relativa facilidade, gerando canais vazios entre os hexágonos formados pelos íons de cálcio. É por esses canais que outros íons e moléculas podem ser conduzidos para dentro da estrutura do material cerâmico. Na Fig. 6 vemos a morfologia do cristal de hidroxiapatita, com a indicação dos índices cristalográficos de Miller e também do arranjo de células unitárias em um destes planos. A estrutura dos fosfatos cerâmicos permite que seus constituintes sejam facilmente substituídos por uma grande variedade de complexos e metais como o chumbo, cádmio, cobre, zinco, estrôncio, cobalto, ferro, flúor, cloro, bem como grupos carbonatos e vanadatos. Estas propriedades, somadas à sua alta capacidade de absorver moléculas, fazem da HA um excelente suporte para ação prolongada de drogas anti-cancerígenas no tratamento de tumores ósseos (Andrade, 2001) a) b) Figura 6: a) Projeção das células unitárias da hidroxiapatita no plano 001 de Miller. b) Morfologia do cristal de hidroxiapatita incluindo os índices de Miller (Hydroxyapatite, 2005). 41 No entanto, o potencial de aplicação tecnológica da HA não se restringe à biotecnologia e à medicina. Na área de controle ambiental, esse material é proposto como absorvente de metais pesados em rejeitos industriais e em águas poluídas (Freitas, 2000), e como catalisador na decomposição de compostos organo-clorados poluentes provenientes da indústria metalúrgica e da incineração de lixo industrial (Moraes, 2000). Quando a hidroxiapatita é combinada com o titânio comercialmente puro, Ti-cp, ou algumas de suas ligas, tem-se um material muito importante para aplicações na área médica, por sua excelente biocompatibilidade e adequadas propriedades mecânicas. Recentemente, também, foi desenvolvido um método químico relativamente simples para induzir a bioatividade desses materiais metálicos inertes e que se baseia na idéia de imitar as condições biológicas para obtenção do material desejado (Abe, 1990); este é o método denominado de biomimético. 1.6.1 TÉCNICAS PARA A SÍNTESE DA HA As técnicas para a síntese de apatitas (HA, FAp e CAp) são divididas entre aquelas feitas sob altas ou sob baixas temperaturas. Normalmente as sínteses a altas temperaturas envolvem reações no estado sólido e conduzem a apatitas com alto grau de pureza e cristalinidade, porém com pequenas áreas biologicamente ativas. Estudos revelam que da síntese da HA a temperaturas de 1200 a 1400 oC por 2 horas resultam estruturas mais estáveis, enquanto que se temperaturas maiores ou iguais a 1400 oC são usadas por um período de tempo um pouco maior, ocorre decomposição da fase HA e formação de fosfato tricálcico(TCP), fosfato tetracálcico (TTCP) e óxido de cálcio (CaO) (Andrade, 2001). Por outro lado, técnicas como difração de raios-X e microscopia eletrônica de varredura revelam que os recobrimentos de apatitas, quando submetido a tratamentos térmicos entre 400 e 600 ºC, apresentam uma baixa 42 cristalinidade, semelhante a aquela das apatitas biológicas. Quando preparados a temperaturas acima de 700 ºC, os recobrimentos de apatita mostraram-se mais cristalinos, apresentando uma mistura de fases de hidroxiapatita, fosfato octacálcico e fosfato de magnésio (Ryu, 1996). As sínteses a baixas temperaturas se baseiam em técnicas tradicionais de co-precipitação em solução aquosa, hidrólise e envelhecimento de precursores. Essa metodologia geralmente leva à obtenção de materiais não-estequeométricos (razão Ca/P diferente de 1,67), de baixa cristalinidade e com áreas biologicamente ativas mais elevadas (Anee, 2003). O método denominado biomimético é uma das técnicas mais promissoras para produção de biomateriais sob condições ambientes (Abe, 1990). Este método consiste na imersão do substrato a ser recoberto em SBF (Simulated Body Fluid), uma solução sintética de composição química e pH semelhantes à parte inorgânica do plasma sanguíneo e mantida a uma temperatura similar à do corpo humano (Helebrant, 2002). A partir dos dados mostrados na Tabela 4, pode ser feita uma comparação da concentração de íons no plasma sanguíneo e no SBF. Tabela 4: Composição do SBF e do plasma sanguíneo (Monteiro, 2003). Concentração de íons no SBF e no plasma sanguíneo Íon Na+ K+ Ca 2+ Mg 2+ Cl - HPO4 - HCO3 2- SBF (mM/L) 142,0 5,0 2,5 1,5 148,8 1,0 4,2 Plasma 142,0 5,0 2,5 1,5 103,0 1,0 27,0 (mM/L) Nessas condições, é possível recobrir materiais de formas complexas, como os do tipo poroso, e os sensíveis a altas temperaturas, como é o caso dos polímeros. Além disso, com esta técnica se pode recobrir implantes com diferentes fases de fosfatos de cálcio, as quais possuem características benéficas para formação óssea (Kim, 2005). 43 1.7 SBF- FLUIDO CORPORAL SIMULADO Com o intuito de analisar o comportamento de materiais que possam ser usados como biocerâmicas sem que se faça necessário o sacrifício de inúmeros animais como em uma avaliação in vivo, várias técnicas de estudo in vitro têm sido empregadas, principalmente para a avaliação da citotoxicidade e do comportamento da superfície dos materiais na presença de fluidos corpóreos ou de substâncias orgânicas, como proteínas e enzimas (Abe, 1990; Calvert , 1996). Dentre as diversas técnicas desenvolvidas para o estudo de biomateriais, utilizaremos o método denominado biomimético que foi introduzido por Abe (Vercik, 2003). Essa, que é uma das técnicas mais promissoras para produção e estudo do comportamento de biomateriais sob condições ambientes, consiste na imersão do substrato a ser recoberto em uma solução tipo SBF mantida à temperatura de 37oC (Lu, 2005; Kim, 2005). Devido à semelhança de composição do fluido corporal humano com o fluido simulado adotado com por Abe na década de 90, usando esta técnica in vitro, é possível recobrir implantes com diferentes fases de fosfatos de cálcio que possuam características benéficas para formação óssea (Vercik, 2003). Assim, mesmo materiais de formas complexas, ou de natureza porosa, e também materiais sensíveis a temperaturas, como polímeros, podem ser recobertos por uma camada bioativa (Barrere, 2002). É reconhecido pela literatura especializada (Landi, 2005, Oyane, 2005), que a solução SBF é o modelo mais adequado para a simulação da parte inorgânica do plasma sanguíneo humano. A deposição de apatitas na superfície de biomateriais expostos ao SBF, como polímeros, cerâmicas, vidro ou metais, deve-se à ação de grupos funcionais, como Si-OH e Ti-OH, presentes na superfície do material. Esses grupos funcionais, de carga negativa, interagem inicialmente com os íons de cálcio dispersos na solução do SBF, e carregados positivamente, formando compostos de cálcio amorfo, como os 44 cálcio silicatos ou cálcio titanatos. A fase positiva do composto de cálcio amorfo irá então se combinar com os íons fosfatos de carga negativa presentes na solução, formando fosfatos de cálcio que irão se cristalizar e dar origem a apatitas semelhantes às presentes em estruturas biológicas (Helebrant, 2002; Kim, et al.2005). Na Fig. 7 podemos observar a deposição de estruturas apatíticas provenientes da reação ocorrida entre os grupos funcionais Ti-OH e a solução do SBF. Para Oyane (Oyane, 2005), o mecanismo de deposição de apatitas em polímeros expostos ao SBF envolve a ação dos grupos funcionais presentes na superfície polimérica, os quais induziriam a nucleação de apatitas, e assim o processo de deposição é dependente do tipo, do número e do arranjo espacial desses grupos funcionais. 45 Figura 7: Representação esquemática da mudança estrutural e da formação de apatita na superfície do titanato de sódio amorfo exposto ao SBF (Kokubo, 2003). 46 2. MOTIVAÇÃO E OBJETIVO Na perspectiva da ciência de materiais e de engenharia de tecidos, o desenvolvimento de novos biomateriais se apresenta uma alternativa promissora para o reparo de danos aos tecidos vivos, especialmente quando se fazem necessários enxertos teciduais ou implantes permanentes. O princípio que deve nortear a regeneração de tecidos vivos é o de promover a menor agressão, dano ou contaminação da região afetada e, o mais completa e rapidamente, devolver sua forma e função. O material utilizado deve exibir propriedades mecânicas e biológicas adequadas para promover a regeneração e estimular o organismo a exercer seus mecanismos inerentes de reparo e regeneração teciduais. Dentro desta visão interdisciplinar, o presente trabalho de dissertação se desenvolve na fronteira entre a química, física e ciências biológicas, e tem como objetivo geral o desenvolvimento racional e caracterização de um novo biomaterial com propriedades osteocondutoras e osteoindutoras de baixo custo e de fácil manipulação laboratorial, com uma boa performance biológica em tecidos vivos. Nossa proposta de novo biomaterial envolve a associação do policaprolactona com o carbonato de cálcio inserido em um liquido simulador de fluidos corporais por diferentes períodos de tempo, seguindo modelo proposto por Maeda (Maeda, 2002), modificado com inspiração nas pesquisas realizadas por Kim (Kim, 2004), Landi (Landi, 2005) e Oyane (Oyane, 2005),entre outros. 47 3. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO 3.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X Os raios-X são um tipo de radiação eletromagnética com a mesma natureza que a luz visível, mas de comprimento de onda muito pequeno. A unidade de medida para o comprimento de onda mais conveniente na região de raios-X é o Angstrom (1Å= 10-8 cm), e raios-X usados em difração têm comprimento de onda no intervalo de 0.5-2.5 Å (enquanto que para a luz visível esse valor é da ordem de 6000 Å). Os raios-X se encontram na região entre os raios gama e raios ultravioletas no espectro eletromagnético. Na Fig. 8 mostramos o equipamento de raios-X utilizado para as análises de difração do compoósito PCLC. Fig 8: Difratômetro de raios-X, D5000– Siemens (Laboratório de Raios-X do Departamento de Física da UFPE) Quando incidimos um feixe de raios-X em uma substância cristalina, segundo um determinado ângulo, os diferentes planos ou camadas de átomos dos cristais 48 refletem parte da radiação, sendo o ângulo de reflexão igual ao ângulo de incidência. Para que as ondas refletidas pelos diferentes planos cristalinos estejam em fase, é necessário que se verifique uma certa relação entre o comprimento de onda da radiação, a distância entre os planos dos cristais (distância interplanar) e o ângulo de incidência de acordo com a lei de Bragg (Sasaki, 2005). Na Fig. 9 temos representado o feixe de raios-X e seu comportamento difrativo ao ser direcionado para uma estrutura cristalina. Figura 9: Incidência e refração de raios-X em estrutura cristalina (Gobbo, 2003). Ao se submeter uma amostra cristalina à incidência de raios-X de um determinado comprimento de onda, e traçando um diagrama da intensidade da radiação difratada em função do ângulo de incidência, obtém-se, através dos valores máximos de difração, um conjunto de distâncias entre planos cristalinos, as quais são características de cada substância. É possível identificar as substâncias cristalinas presentes na amostra por comparação desses valores com os de tabelas constantes em bancos de dados de cristalografia. Na Fig. 10 observamos a análise por difração de raios-X de estrutura biológica proveniente de osso mandibular humano: os picos detectados referentes a apatitas apresentam-se largos e com aspecto irregular devido à superposição de fases, à dinâmica de deposição de íons e à baixa cristalinidade. 49 Figura 10: Difratometria de raios-X de apatita biológica proveniente de mandíbula humana (Vercik, 2003). 3.2 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER- FTIR Uma das primeiras aplicações da espectroscopia no infravermelho como ferramenta analítica ocorreu durante o período da segunda guerra mundial, pois sabia-se que os espectros no infravermelho de uma amostra armazenavam uma grande gama de informações sobre ela e, portanto, apresentavam um elevado potencial para serem empregados nos mais diversos tipos de análises químicas e físicas. A espectroscopia molecular é de fundamental importância para a química devido a suas aplicações em estudos de determinação estrutural (Trasfretti, 2001). A radiação infravermelha é uma radiação eletromagnética cujo espectro começa no limite de mais baixa energia do espectro da luz visível (o vermelho) e se estende até à zona das ondas hertzianas (radar, televisão, rádio), ou seja seu comprimento de onda está compreendido entre cerca de 800 e 105 nm. A qualquer temperatura diferente de 0 K, os átomos e os grupos atômicos presentes em uma molécula estão em contínuo movimento, uns em relação aos outros, no que corresponde 50 às vibrações moleculares. Quando as moléculas são sujeitas a um pulso de radiação infravermelha, que tem energia semelhante a aquela correspondente a essas vibrações, elas podem alterar o seu estado de vibração (excitação) pela absorção de energia da radiação correspondente à diferença entre o estado inicial com o estado excitado. Como só é possível a vibração da molécula ocorrer apenas em alguns modos, a absorção da radiação acontece apenas para determinados valores da energia incidente, que são característicos de cada molécula. Assim, através da análise dos valores de energia da radiação infravermelha para os quais há absorção, é possível identificar as moléculas ou os tipos de moléculas presentes em uma dada amostra. Na Fig. 11 temos o equipamento de infravermelho utilizado para a análise de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) do compósito PCLC. Fig.11 Espectômetro de Infravermelho, FTIR–Bomem, MB-Series tipo B100 (Laboratório de Polímeros Não- Convencionais do Departamento de Física da UFPE). Assim, o espectro infravermelho de uma molécula é definido como o conjunto das absorções originárias da transição entre níveis de energias vibracionais, no estado eletrônico fundamental. Este espectro está arranjado na forma de bandas, que indicam o percentual de transmitância ou absorbância da radiação incidente, em função do número de onda (cm-1) da radiação (Tenório, 1998). A espectroscopia vibracional tornou-se uma técnica bastante acessível depois da ampla difusão de espectrômetros de infravermelho com transformada de 51 Fourier. O fato de ser possível à obtenção de espectros digitalizados com alta razão sinal/ruído tornou a técnica de grande importância para novas e diversificadas aplicações. Matrizes transparentes, como pastilhas de KBr e suspensões em Nujol, são freqüentemente utilizadas em medidas espectrais no infravermelho para materiais pulverizados. Na Fig. 12, vemos o espectro de infravermelho de um compósito de policaprolactona com hidroxiapatita, em diferentes concentrações, onde as bandas de vibração do C-O, C=O e C=H correspondem ao PCL e as bandas P-O e O-H são atribuídas à HA. Figura 12: Análise por FTIR de diferentes compósitos formados por policaprolactona e hidroxiapatita. As bandas de vibração do C=O, C-O e C=H são referentes ao PCL e as bandas de vibração do P-O e O-H são referentes à HA (Kim, 2004). 3.3 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) A análise térmica por DSC (do inglês, differential scanning calorimetry) é uma técnica muito utilizada na caracterização dos materiais vítreos e poliméricos 52 cristalinos. As técnicas termoanalíticas permitem medir propriedades de uma substância em função da temperatura, através de um calorímetro diferencial monitorado por computador, como representado esquematicamente na Fig 13. A técnica consiste em medir variações de fluxo de calor na amostra estudada em relação a um material de referência que seja termicamente inerte na faixa de temperatura da análise. Amostra e referência são submetidas a um programa que controla varreduras em temperatura com taxas de aquecimento pré-determinadas. Assim, qualquer transição de fase ou reação química que possa vir a ocorrer resulta numa liberação ou absorção de calor pela amostra e produz variações de entalpia, que devem dar origem a picos ou vales nos termogramas. Figura 13: Esquema de funcionamento do equipamento de DSC. Assim, o termograma diferencial de varredura, que registra as variações de fluxo de calor em função da temperatura, apresenta picos positivos, no caso de transições exotérmicas, e picos negativos associados às transições endotérmicas. A Fig. 14 mostra as temperaturas características de um material polimérico do tipo cristalino, obtidas através da análise do DSC: em ordem crescente de temperatura, temos Tg (temperatura 53 de transição vítrea), Tc (temperatura do máximo do pico exotérmico de cristalização) e Tm (temperatura do pico endotérmico de fusão da amostra). Figura 14: Demonstração das diferentes curvas de temperaturas no DSC. É na temperatura de transição vítrea (Tg) que a amostra atinge uma viscosidade tal que pequenos rearranjos nas posições relativas entre os átomos e/ou grupos moleculares se tornam possíveis, de forma que as tensões internas da rede são liberadas. Enquanto Tg é dito um ponto isoviscoso, em Tx se inicia a formação da primeira fase cristalina no material vítreo, com a liberação simultânea de calor, por se tratar de uma fase termodinamicamente mais estável, com a temperatura atingindo um máximo em Tc. Em Tf a amostra sólida se funde, dando origem a um líquido metaestável. A amostra continua absorvendo calor, de forma que Tm corresponde a um pico endotérmico. Em Tl o líquido obtido é termodinamicamente estável. Na Fig. 15 mostramos o equipamento de DSC utilizado para análise térmica do compósito PCLC. 54 Fig 15: Calorímetro Diferencial de varredura, DSC– Pyris 6, Perkin Elmer (Laboratório de Polímeros Não-Convencionais do Departamento de Física da UFPE). 3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA- MEV O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento capaz de produzir imagens de alta ampliação (até 300.000 vezes), e excelente resolução. As imagens fornecidas pelo MEV possuem um caráter virtual, no sentido de que o que é visualizado no monitor do aparelho é a transcodificação da energia emitida pelos elétrons, ao contrário da luz que é transmitida ou refletida e com a qual estamos habitualmente acostumados em microscopia ótica. O princípio de funcionamento do MEV consiste na emissão de feixes de elétrons por um filamento capilar de tungstênio (eletrodo negativo), mediante a aplicação de uma diferença de potencial que pode variar de 0,5 a 30 kV. Essa variação de voltagem permite o controle da aceleração dos elétrons, e também provoca o aquecimento do filamento. A parte positiva em relação ao filamento do microscópio (eletrodo positivo) atrai fortemente os elétrons gerados, resultando em uma aceleração em direção ao eletrodo positivo. A correção do percurso dos feixes é realizada pelas lentes condensadoras que alinham os feixes em direção à abertura da objetiva. A objetiva ajusta o foco dos feixes de elétrons antes que os mesmos atinjam a amostra a ser analisada. Esta técnica microscópica pode ser utilizada 55 para uma resolução menor de 1µm. As amostras para análise devem resistir a um ambiente de vácuo e ser de natureza condutiva (o que para amostras não-condutivas pode ser conseguido através de coberturas muito finas com filmes metálicos). Na Fig. 16 mostramos o equipamento de microscopia eletrônica de varredura e o EDX, utilizados nas caracterizações do compósito PCLC. Fig. 16: Microscópio eletrônico de varredura, MEV- JSM 5900, e espectômetro dispersivo de raios-X, EDX- JSM 5900, da empresa JEOL Instrumentos (Laboratório de Microscopia do Departamento de Física da UFPE). 3.5 ESPECTROSCOPIA DISPERSIVA DE RAIOS-X – EDX O EDX (energy dispersive x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório essencial no estudo de caracterização microscópica de materiais. Quando um feixe de elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos átomos e íons constituintes do sistema são excitados, mudando de níveis energéticos, ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia adquirida sob forma de uma radiação com comprimento de onda no espectro de raios-X. Um detector instalado na câmara de vácuo do MEV mede a energia associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem energias distintas, é possível determinar quais elementos químicos estão presentes no ponto de incidência do feixe, e assim identificar de pronto 56 que mineral está sendo observado. O diâmetro reduzido do feixe permite a determinação da composição mineral em amostras de tamanhos muito pequenos (<5µm), possibilitando uma análise quase que pontual. Quando a estrutura cristalina é submetida ao feixe de raios-X, o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência e depende da distância entre os planos dos cristais (distância interplanar). Como os minerais apresentam diferentes distâncias interplanares, é possível com esse registro identificar as estruturas presentes por comparação com tabelas disponíveis. Na Fig. 17 mostramos o resultado de uma análise da hidroxiapatita pelo EDX, onde vemos a presença de picos relacionados aos íons cálcio e fósforo que fazem parte da estrutura desta biocerâmica (Rigo, 2001). Figura 17: Espectro de dispersão de raios-X da hidroxiapatita (Rigo, 2001). 57 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL: 4.1 REAGENTES UTILIZADOS Os reagentes utilizados na pesquisa para a elaboração do compósito PCLC e para o líquido simulador do fluido corporal (SBF) são apresentados na Tabela 5 e na Tabela 6 respectivamente. A água deionizado foi fornecida pelo Laboratório de Química pertencente ao Departamento de Física da UFPE, sendo obtida através do equipamento Nanopure da empresa Barnstead. Tabela 5: Reagentes utilizados na preparação do compósito PCLC . Reagente Fórmula Química Policaprolactona C6H10O2 Peso Molecular 114,1 Diclorometano CH2Cl2 84,93 Hidróxido de cálcio Ca()H)2 74,10 CH3OH 32,04 Metanol 4.2 SÍNTESE E OBTENÇÃO DOS MATERIAIS 4.2.1. SÍNTESE DO COMPÓSITO PCLC Neste trabalho o compósito policaprolactona carbonatada (PCLC), que é constituído do polímero policaprolactona e de carbonatos de cálcio, foi preparado utilizando uma metodologia inspirada no trabalho de Maeda (Maeda, 2002). Iniciamos a síntese do nosso compósito, com 2,0 g de policaprolactona (PCL) (Aldrich), que foram colocados em um bequer com 20 mL de diclorometano, a uma temperatura de 320C controlada por uma placa de aquecimento com agitação magnética, por 30 58 minutos, até sua completa dissolução. Chamaremos esta primeira solução de solução polimérica. Uma outra solução, composta por 4,6 g de hidróxido de cálcio diluído em 20 mL de metanol, foi colocada em um bequer e submetida a um processo de carbonatação através do borbulhamento com gás carbônico, CO2 , a uma vazão de 300 ml por minuto controlada por um fluxômetro, durante 6 horas, e à temperatura ambiente, tendo como produto final carbonatos. Chamaremos esta segunda solução de solução carbonatada. A solução polimérica e a solução carbonatada, respectivamente, compostas de policaprolactona e diclorometano e de carbonatos e metanol, foram misturadas em um bequer e colocadas em uma placa de aquecimento com agitação magnética por 30 minutos, a uma temperatura de 28 OC, para completa homogeneização. Com este procedimento é formada uma nova solução, composta de policaprolactona com carbonatos, chamada de PCLC, que é então é colocada em banho-maria a 40 OC por 12 horas até completa evaporação dos solventes. Após isso, o material resultante foi levado para uma estufa a 37 OC por 24 horas, e depois triturado em um almofariz até formar um pó de consistência e aspecto homogêneos. 4.2.2 OBTENÇÃO DO SIMULADOR DE FLUIDO CORPORAL (SBF) O SBF foi elaborado seguindo composição sugerida por Maeda (na Tabela 6 são mostradas as quantidades usadas de cada composto para diluição em 1 litro de água deionizada) (Maeda, 2002). A solução de SBF é de aparência límpida e sem resíduos e deve apresentar pH igual a 7,4 (Abe, 1990, Maeda, 2002). Como houve uma pequena variação inicial no pH, foi feita uma regularização com solução 1M de NaOH até atingir o valor desejado de 7,4. 59 Tabela 6: Materiais utilizados na preparação do SBF (Maeda, 2002). Produto Fosfato de cálcio Fórmula Quimica CaHPO4 Peso Peso Molecular em Gramas 136,06 0,340 dibásico Bicarbonato de sódio NaHCO3 84,01 0,353 Cloreto de potássio KCl 74,56 0,373 Cloreto de sódio NaCl 58,44 0,795 Cloreto de magnésio MgCl2 203,30 0,305 Fosfato de sódio NaH2PO4 138,00 0,234 Ácido clorídrico HCl 36,46 3,630 121,14 6,057 Tris(hidroximetil)- C4H11NO3 aminometano 4.3 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS O pó de PCLC obtido foi transformado em pastilhas com peso de 1g cada, com 20 mm de diâmetro e 2mm de espessura, pelo uso de uma prensa hidráulica, com uma força uniaxial de 60 Mpa por 20 segundos. As pastilhas formadas foram então mantidas em uma estufa a uma temperatura constante de 200 oC por uma hora, para a sinterização do PCL ao CaCO3. Foram selecionadas 18 pastilhas, sendo duas separadas como matriz controle e as outras 16 reservadas para serem utilizadas como amostras para o estudo biomimético de deposição de íons em meio fluido. Estas 16 pastilhas foram colocadas em um bequer com 1 litro da solução de SBF e deixadas em repouso por tempos variáveis de 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, sempre à temperatura ambiente. Para cada tempo estipulado foram selecionadas duas 60 pastilhas de PCLC que seriam utilizadas nas caracterizações do material. Ao serem retiradas do SBF após o tempo determinado, as pastilhas eram lavadas com um leve jato de água destilada e colocadas sob papel absorvente para secar, e posteriormente levadas para uma estufa a 28 oC por 24 horas. As amostras para caracterização foram preparadas da seguinte forma: • Para a difração de raios-X foram usadas pastilhas inteiras, com a face superior (onde houve uma maior deposição de material), voltada para o feixe incidente. • Para permitir as análises por MEV e EDS, a face superior das pastilhas foi metalizada com carbono. • Para as análises no DSC e FTIR, as pastilhas foram pulverizadas em um almofariz de cerâmica e depois pesadas em uma balança digital. No DSC foram colocadas 0,02g do material em um porta amostras de alumínio. Para a análise por FTIR, 0,01 g do PCLC foram prensadas juntamente com 0,1g de KBr, por uma força uniaxial de 60 MPa em uma prensa hidráulica por 1 minuto, levando à formação de pastilhas. 61 5. RESULTADOS e DISCUSSÃO Os resultados obtidos mostraram que a utilização do processo biomimético, em que pastilhas de PCLC foram colocadas em solução semelhante ao plasma sanguíneo, permitiu um recobrimento uniforme da superfície externa do compósito que esteve em contato com o líquido, com a formação de estruturas do tipo apatítica. Como foi sugerido por Oyane (Oyane, 2005), a imersão de biomateriais em solução de SBF por um determinado período de tempo leva ao crescimento espontâneo de núcleos de apatitas ou precursores destas na superfície das amostras. De acordo com Vercik, os núcleos das apatitas crescem espontaneamente pelo consumo dos íons cálcio e fosfato da solução, com a formação de uma camada uniforme de apatita na superfície dos substratos imersos na solução (Vercik, 2003). Katti (Katti, 2002) relata a existência de compósitos constituídos por polímeros sintéticos e biodegradáveis que, ao serem colocados em uma solução iônica rica em cálcio e fosfato, agiriam como um elemento acelerador da formação de estruturas apatíticas, estimulando a deposição de biocerâmicas nas amostras. Através de um processo de nucleação lenta realizada à temperatura ambiente por 21 dias, foi a hidroxiapatita a fase majoritária a se formar sobre o compósito PCLC. Outras fases apareceram em quantidades variadas, em função do tempo de exposição ao SBF, com a representação de estruturas do grupo das apatitas, como vaterita, aragonita e calcita. As sucessivas variações de fases formadas, com a deposição dos íons provenientes do SBF na superfície da pastilha e que reagiram com os compostos de cálcio presentes no compósito, foram acompanhadas por diferentes técnicas de análise e caracterização, como discutido a seguir . 5.1 DSC 62 Como mostrada na Fig. 18, foi observada no DSC que ocorreu uma variação de temperatura de fusão (Tf) do polímero presente no compósito exposto ao SBF, de acordo com o tempo de exposição do compósito ao SBF, resultado de progressiva degradação das ligações semicristalinas do polímero. Este fato pode ser entendido como sendo a manifestação da quebra das cadeias ester-alifáticas do polímero por hidrólise, que reduz assim seu grau de cristalização, e também pela deposição de apatitas na superfície da pastilha, o que influencia na cinética de decomposição do material. Pode ser observado que a temperatura de fusão para o compósito diminui em função do tempo de exposição ao SBF, pois a base polimérica fica cada vez menos cristalina. Para as amostras retiradas do SBF entre 6 horas e 21 dias de exposição, ocorre uma diminuição da variação do ponto de fusão entre elas; esta diferença de cerca de um grau da Tf provavelmente se deve também ao incremento da quantidade de apatitas na superfície do compósito, com a conseqüente diminuição da exposição da parte polimérica à água. Pela comparação dos resultados obtidos para as amostras preparadas com tempos de exposição de 21 a 28 dias, pode-se notar que houve um aumento em dois graus no ponto de fusão do compósito, o que provavelmente se deve à deposição de hidroxiapatita com menor solubilidade, o que protegeria ainda mais da ação da hidrólise a parte polimérica do compósito. Como pode ser visto na Fig. 18, as curvas das amostras na análise por DSC apresentaram mudanças na temperatura de fusão da fase polimérica do compósito, com variações de 64 0C para a amostra relativa ao policaprolactona (PCL), que não foi exposto ao SBF, e de 54 0 C para a amostra do compósito PCLC exposto por 28 dias ao SBF. Como relatado anteriormente, esta variação se dá provavelmente pela mudança no grau de cristalinidade do policaprolactona, alterado pela quebra das cadeias ester- 63 alifáticas por hidrólise, e também pela deposição de material inorgânico quando Endotérmico unidades arbitrárias Exotérmico exposto ao banho no SBF. (10) pclc28d (9) pclc21d (8) pclc14d (7) pclc7d (6) pclc24h (5) pclc12h (4) pclc6h (3) pclc3h (2) base (1) pcl 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 30 40 50 60 70 80 90 100 o Temperatura ( C) Figura 18 . Curvas de DSC do polímero PCL e do compósito PCLC. pcl- policaprolactona sem ser exposto ao SBF, base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Endo unidades arbitrárias Exo basepclc 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 0 Temperatura ( C) Figura 19: DSC da Base do PCLC. Calorimetria diferencial de varredura, DSC, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio sem ser exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF); a temperatura de fusão do policaprolactona está em 62 ºC. 64 Endo unidades arbitrárias Exo 28d pclc 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 0 Temperatura ( C) Figura 20: DSC do PCLC após 28 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto durante 28 dias ao líquido simulador de fluido corporal (SBF); a temperatura de fusão do policaprolactona está em 54 ºC. Nas Figs. 19 e 20 podemos observar mais claramente a mudança no ponto de fusão da fase polimérica do compósito, onde uma variação de cerca de 10 0C pode ser notada entre o valor medido para a parte polimérica do compósito da amostra quando é chamada de base pclc, e para a amostra preparada após 28 dias de imersão na solução de SBF. Kweon constatou que, a depender de sua cristalinidade, o PCL apresenta temperatura de fusão (Tf) entre 59 e 64 oC, e temperatura de transição vítrea (Tg) na faixa que vai de -70 a -60 oC. Naturalmente, quanto mais cristalino for o polímero, maior será seu ponto de fusão (Kweon et al, 2003). Na Tabela 7 é mostrada a variação de temperatura de fusão para o polímero e para as amostras do compósito preparadas em função do tempo de exposição ao SBF. Notamos que enquanto o PCL puro utilizado apresenta Tf = 64 º C, essa temperatura cai para 62 ºC após o polímero ser adicionado ao carbonato para formar o compósito PCLC, o que provavelmente se deve à reorganização do material e à interferência do carbonato sobre a rede cristalina do PCL. Por sua vez nas primeiras 3 horas em que o compósito é colocado na solução do SBF, observamos uma acentuada redução no valor 65 da Tf, que vai a 51 ºC, devido à absorção de água e, conseqüentemente, hidrólise das cadeias semicristalinas do polímero; segundo se sabe (Merkli et al, 1998), a cristalinidade do PCL diminui de acordo com o aumento da permeabilidade do material colocado em meio aquoso, como resultado da reação de hidrólise nas cadeias ester do polímero. Após 6 horas de exposição do compósito ao SBF, observamos um aumento da Tf para 53 ºC, temperatura que permanece inalterada pelas próximas 18 horas de exposição ao SBF. Tabela 7: Temperatura de fusão das amostras: PCL-policaprolactona sem ser exposto ao SBF; PCLC base-compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio antes de ser exposto ao SBF; PCLC 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d e 28d-compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo: 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Amostra PCL Tempo de exposição (h) - Temperatura de fusão- Tf (ºC) 64 PCLC base - 62 PCLC 3h 3 51 PCLC 6h 6 53 PCLC 12h 12 53 PCLC 24h 24 53 PCLC 7d 84 52 PCLC 14d 168 52 PCLC 21d 252 52 PCLC 28d 784 54 Esta variação provavelmente se deve ao recobrimento da parte polimérica exposta ao SBF pela deposição de sais minerais e a formação de novas fases cristalinas na superfície do compósito, o que deve diminuir a hidrólise no polímero. Após 7 dias observamos uma nova diminuição na Tf para 52 ºC, que permanece inalterada até 21 66 dias de exposição do compósito ao SBF. Isto se deve, possivelmente, à deposição e formação de novas fases cristalinas com maior solubilidade. As fases minerais de estrutura amorfa e instável depositadas na superfície da amostra protegeram a rede semicristalina do compósito por um tempo prolongado de exposição ao meio aquoso. Finalmente, observamos que ao completar 28 dias a amostra apresenta um aumento da Tf para 54 ºC, como decorrência da presença de uma fase não estequiométrica da hidroxiapatita, constatada como pode ser visto adiante por difração de raios-X, com solubilidade menor que as fases anteriores (apatitas) e que por ser mais estável que estas, volta a proteger a estrutura semicristalina do polímero da hidrólise promovida pela exposição ao SBF. 5.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X De Jong foi o primeiro a observar em 1926 a semelhança entre os padrões de difração de raios-X da fase mineral dos ossos e da hidroxiapatita (Kawachi, 2000). Mais recentemente, Freitas (Freitas, 2000) observou que amostras secas de compósitos biocerâmicos por ele estudados com um ângulo de incidência de 2Ө, apresentaram difratogramas de raios-X contendo picos característicos da fase apatita, com três bandas largas salientes localizadas em 26º, 29º e 32º. Essas bandas características do amplo número de picos referentes às fases apatitas, indicam a presença de uma estrutura pouco cristalina e bem similar a aquela encontrada em apatitas biológicas. Em algumas análises de difração de raios-X de compostos biológicos cerâmicos, como no caso da hidroxiapatita presente no osso humano, não observamos a presença de picos, mas sim de bandas largas, revelando a presença de uma estrutura semi-cristalina e de uma superposição de fases no material. Isso é bastante comum em tecidos ósseos, que apresentam uma dinâmica de reabsorção e de deposição de estruturas inorgânicas (Vercik et al, 2003). Na difração de raios-X do PCL encontramos picos para o ângulo de 67 2θ entre 21° e 23° (mais exatamente em 21,5°, 22,1° e 23,8°), que correspondem respectivamente aos planos cristalográficos (110), (111) e (200) da policaprolactona (Kim, 2004). Na Fig. 21 observamos as difrações de raios-X resultantes da análise de amostras do compósito PCLC que foram expostas ao simulador de fluido corporal por diferentes períodos de tempo; destaque especial deve ser dado para os resultados referentes às amostras recolhidas após 14 dias de exposição ao SBF, devido à mudança mais pronunciada dos picos relativo aos feixes refratados, o que sugere a presença de estrutura semicristalina, multifásica e semelhante aos espectros da estrutura óssea, como aquela relatada por Vercik (Vercik, 2003). 9 (9) 28 dias (8) 21 dias (7) 14 dias (6) 7 dias (5) 24 horas (4) 12 horas (3) 6 horas (2) 3 horas (1) base 8 intensidade (u.a.) 7 6 5 4 3 2 1 20 22 HA PCL Apatita Carbonato de cálcio 24 26 28 30 32 34 36 38 40 2θ (graus) Figura 21: Difratogramas de raios-X do PCLC. base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. 68 Como pode ser visto na Fig. 22, antes de ser colocado no SBF o compósito PCLC apresenta na difração de raios-X a fase cristalina do hidróxido carbonato de cálcio hidratado. 29,44 base pclc PCL 10 15 20 36,06 31,46 25 30 38,04 32,76 34,14 24,9 21,42 23,1 17,18 14,86 11,32 8,12 5 13,04 18,1 27,14 intensidade (u.a.) Carbonato de Cálcio 35 40 2θ (graus) Figura 22: Difratograma de raios-X da base do PCLC. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio que não foi exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos a presença de picos correspondentes ao polímero policaprolactona (PCL) e ao carbonato de cálcio. 28 d pclc 32,4 HA Apatitas PCL 32,98 intensidade (u.a.) 5 10 15 29,5 30,44 36,34 23,02 21,66 20,24 18,52 13,58 10,32 11,06 6,6 16,68 26,08 20 25 30 35 40 2θ (graus) Figura 23: Difratograma de raios-X do PCLC após 28 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto durante 28 dias ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos picos largos referentes à hidroxiapatita não estequiométrica e outros pequenos picos referentes a apatitas e ao polímero policaprolactona. 69 O difratograma de raios-X do recobrimento após 28 dias (Fig. 23) apresentou três bandas largas localizadas a aproximadamente 26°, 29° e 32°, como foi citado anteriormente , são características do amplo número de picos referentes às fases apatitas e hidroxiapatita não estequiométrica, em uma indicação de uma estrutura pouco cristalina, bem similar à apatita biológica. Enquanto que após 3 horas em solução o compósito apresenta as fases de óxido de cálcio e aragonita, para as amostras que foram expostas por 6 horas ao SBF observamos a mudança de fase para calcita, fase que continua a predominar pelas próximas 12 horas. Após 24 horas, além da fase calcita observamos a presença de vaterita, uma apatita biológica, e a partir do sétimo dia diversas fases vão se sobrepondo, com presença de calcita, vaterita, fosfato de cálcio carbonatado e óxido de fósforo cálcio hidrogenado. No décimo quarto dia ocorre uma mudança de fase para fosfato de cálcio hidrogenado e monetita, que são pertencentes aos grupos fosfatos de cálcio, precursores da hidroxiapatita. Vercik observou que a fase fosfato octacálcio (OCP) é muito promissora em implantes devido a sua participação na formação óssea e também como precursora da fase HA. Do vigésimo primeiro ao vigésimo oitavo dia de exposição do compósito PCLC ao SBF é observada uma maior concentração de picos na região relativa à hidroxiapatita, a qual não apresenta picos bem definidos por se tratar de uma estrutura cristalina em formação, muito semelhante a aquela encontrada em hidroxiapatitas biológicas. Segundo Helebrant (Helebrant, 2001) a presença de picos largos após 21 dias sugere uma baixa cristalinidade da hidroxiapatita, o que deve resultar da precipitação dos íons provenientes do SBF. 5.3 FTIR: Na análise de espectroscopia por infravermelho para o polímero policaprolactona, encontramos bandas de vibração correspondentes a C=O, C-O e C=H, 70 enquanto que as bandas de absorção encontradas por Kweon (Kweon, 2003) em 1723 e 1110 cm-1 são atribuídas aos grupos éster e éter, respectivamente. Tabela 8: Números de onda, em cm–1, de espectros vibracionais na região do infravermelho (Bueno, 1989; Jacob, 2000; Kweon, 2003; Lu, 2005; Pouchert,1985; Transferetti, 2001). Números de onda em cm-1 Amostra Água ( H2O) 3446,1; 3239,7; 1634,9; 760,0; 726,9; 689,7; 657,1; 627,4; 596,2 Carbonato de cálcio (CaCO3) Carb-HA 1796,1; 1182,0; 875,2; 712,4 Fosfato de cálcio difásico (CaHPO4) 1637,5; 1132,8; 1070,6; 996,8; 898,5; 892,3; 721,9; 565,8; 534,9; 467,2 Fosfato de cálcio trifásico (Ca10(OH)2(PO4)6) Grupo carbonato B 1180,1; 1093,1; 1037,3; 962,4; 633,9; 603,0; 565,0 1560,3 e 1511,5 1429,6; 606,7; 569,6; 474,1 (PO4) Grupo carbonato A (OH) 148,6 e 879,7 Grupo CO32- 1450-1410; 880-830 de carbonatos HA (OH) HÁ (PO 4 3567; 630 ) ν1 -960, ν4- 603, 563, 1021 e 1030 HA (CO32-) 1452; 1422; 863 HPO4 com deficiência 871 3- de cálcio PCL 2944,5; 1732,5; 1463,8; 1363,4; 1295,4; 1241,5; 1164,9; 1104,4; 1045,4 PCLC diol 1734,2 ; 1733,8 ; 2939,2 ; 2940,7 PO43- , HPO4 2- , H2PO4 1100- 950 TCP 1042 e 1081 ν2 do CO3 ou HPO4 871 PO3 2- 1030-970 Kumta (Kumta, 2005) observou para a HA a presença de grupos OH em 630 e 3571 cm-1, e de CO32-, em 1461 cm-1. Kumta relata também que a identificação da fase 71 HA no FTIR é caracterizada pela presença de bandas v3 de íons carbonatos em 1452 cm1 e 1422 cm-1 e também pela banda v2 em 863 cm-1, correspondente à substituição do grupo fosfato PO4-3 pelo grupo carbonato CO3-2. Barrere (Barrere, 2002) associa os seguintes modos vibracionais para biomateriais: H2O em 3435 cm-1 , O-H em 1646 cm-1 , CO32- para o v3- 1497 e 1428 cm-1 e para o v2 temos 868 cm-1 , e para o PO43- em v31028 e 1108; v1-960 ; v4- 602 e 563 cm-1. Na Tabela 8 observamos os valores correspondentes ao número de onda em cm-1 de vários compostos pertencentes à classe dos biomateriais. É comum a presença de modos vibracionais (conhecidos por bandas falsas ou bandas fantasmas), correspondentes a absorções geralmente de fraca intensidade provenientes, entre outros motivos, de compostos do ar (CO2, H2O), da contaminação durante o preparo das amostras, ou por água absorvida na pastilha de KBr (Bueno, 1989). As principais bandas falsas do espectro IV em cm –1 e sua respectiva origem são (Bueno, 1989): • 2345: banda positiva ou negativa ou dupla banda, do CO2 do ar. • 3704: moléculas de água livres (banda fina). • 3450: moléculas de água associadas por pontes de hidrogênio • 1429: impurezas que contenham o íon CO32-. A observação destas bandas no espectro de infravermelho é importante para diagnosticar possíveis falhas na elaboração do processo de síntese e preparação do material, bem como para identificar elementos distintos do manipulado, presentes na amostra estudada. Na Fig. 24 mostramos o resultado de uma análise do polímero policaprolactona realizada pela técnica de espectroscopia por infravermelho com 72 transformada de Fourier, onde podemos observar a presença do espectro da banda de vibração do grupo ester na região de 1700 cm-1. Figura 24: Espectro de infravermelho do polímero policaprolactona (Pouchert,1985). A presença de bandas de vibração de grupos fosfatos nas amostras após 3 horas de exposição ao SBF evidencia as mudanças de componentes do material que, em sucessivas alterações das fases dos carbonatos, se aproxima das características de apatitas biológicas, pois segundo Landi (Landi, 2005), na análise por FTIR podemos caracterizar a presença de derivações estequiométricas da HA pela substituição parcial de anions carbonatos por grupos fosfatos (PO43) e/ou grupos OH-. De acordo com os dados colhidos na literatura para as freqüências relativas aos principais grupos, na fig. 25 nós identificamos os espectros vibracionais por FTIR resultantes da análise das diferentes amostras do compósito PCLC que foram expostas ao simulador de fluido corporal por períodos distintos de tempo. Nessa figura pode também ser visto que após 14 dias surgem espectros vibracionais relativos ao PO43- da HA (em 603 cm-1), e que após 21 e 28 dias aumenta a presença de bandas de vibração correspondentes aos grupos fosfatos no material. 73 9 8 Transmitância (u.a.) 6 4 3 H2O Éster -2 CO3 2 1 (9) pclc 28d (8) pclc 21d (7) pclc 14d (6) pclc 7d (5) pclc 24h (4) pclc 12h (3) pclc 6h (2) pclc 3h (1) base 7 5 CaCO3 CO 2 -3 PO4 0 1000 2000 3000 4000 -1 número de onda (cm ) Figura 25. Espectro de FTIR do compósito PCLC: base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio que não foi exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Como pode ser observado na Fig. 26, antes de ser colocado no SBF o compósito PCLC apresenta na espectroscopia por infravermelho a presença do grupo éster relacionado ao polímero policaprolactona e de grupos carbonatos de cálcio. Por sua vez, a espectroscopia do material de recobrimento e da pastilha, submetida a 28 dias de imersão no SBF (Fig.27), mostra pontos relativos às bandas de vibração dos grupos éster relacionados à policaprolactona e às bandas de vibração dos grupos PO43- e CO2 da hidroxiapatita. 74 3853,4912 3523,688 3650,0161 3676,0532 3055,9844 1684,697 1868,8854 918,04895 777,25574 1212,1717 Transmitância (u.a.) 516,8847 BASE PCLC H2O Éster -2 CO3 CaCO3 CO2 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 26: Espectro de FTIR da base do compósito PCLC. Espectroscopia na região do infravermelho por transformada de Fourier, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio que não foi exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde podemos ver a presença das bandas vibracionais do grupo éster relacionado ao polímero policaprolactona e as do carbonato de cálcio (CaCO3). 3650,0161 3735,842 3853,4912 3028,9829 2665,428 2361,6616 1684,697 1138,8822 1216,9935 668,28564 777,25574 899,72656 Transmitância (u.a.) 502,41965 28D PCLC CaCO3 H2O Éster -2 CO3 CO2 -3 PO4 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 27: Espectro de FTIR do compósito PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho por transformada de Fourier, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF) pelo período de vinte e oito dias, onde podemos observar as áreas relacionadas às bandas de vibração do grupo éster relacionado ao polímero policaprolactona e as bandas relacionadas aos grupos PO43- e CO2 da hidroxiapatita. Nos dois gráficos anteriores, do PCLC base e do PCLC 28 dias, observamos pela técnica de FTIR modificações nos espectros vibracionais do compósito, o que está 75 associado a mudanças na estrutura do material. Comparando com os dados colhidos na literatura, concluímos que, como sugerido por Kweon (Kweon, 2003), Kumta (Kumta, 2005) e Barrere (Barrere, 2002), a inserção do grupo fosfato (PO43-) e do CO2 relativo à hidroxiapatita na amostra do PCLC 28 dias, que não existiam no PCLC base, reforça a idéia da formação de biocerâmicas pela deposição de grupos fosfatos na estrutura do compósito estudado. 5.4 MEV Para a análise de sua morfologia por microscopia eletrônica, as amostras do compósito PCLC foram retiradas do SBF e colocadas para secar à temperatura ambiente, após o que foram levadas para a metalização, realizada com fio de carbono em ambiente a vácuo. A análise foi feita com o uso de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) modelo JSM 5900 da JEOL, com intensidade de feixe igual a 20 kV. A análise da superfície microscópica do material mostra que a deposição de estruturas inorgânicas se modificou como função do tempo de exposição ao SBF, bem como a ocorrência de variação de formas esféricas e outras disformes e de graus de porosidade. Na Fig. 28 mostramos o resultado da análise por microscopia eletrônica de varredura do compósito PCLC com um aumento de 3000 vezes: as diferentes amostras foram classificadas como: a) Base (amostra de referência) - compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio ( PCLC) não exposto ao SBF; b) PCLC exposto ao SBF por 3 horas; c) PCLC exposto ao SBF por 6 horas; d) PCLC exposto ao SBF por 12 horas; e) PCLC exposto ao SBF por 24 h; f) PCLC exposto ao SBF por 7dias; g) PCLC exposto ao SBF por 14 dias; h) PCLC exposto ao SBF por 21 dias; i) PCLC exposto ao SBF por 28 dias. Na imagem correspondente à superfície do compósito PCLC que não foi exposto ao SBF, que é chamado de base (letra a), observamos uma área regular, com a presença 76 de pequenos grãos esféricos (relacionados à fase cerâmica de carbonato de cálcio) dispersos na superfície plana e uniforme da fase polimérica. Devido à forma como foi elaborada a pastilha, através de compactação em prensa hidráulica, não observamos na primeira amostra chamada de Base a presença de uma estrutura porosa. a) b) c) d) e) f) g) h) i) Figura 28: MEV do PCLC (aumento de 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura, do compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio: a) base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio que não foi exposto ao SBF; b) pclc 3h; c) 6h; d) 12h; e) 24h; f) 7d; g) 14d; h) 21d; i) 28d, ou seja, compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. 77 Observamos nas figuras seguintes (Fig. 29 e Fig. 30) que ocorre uma deposição de substratos na superfície da pastilha do compósito, que aumenta e se modifica em função do tempo de exposição das pastilhas ao líquido simulador do plasma sanguíneo. A superfície do compósito base do PCLC, que é regular antes da exposição ao SBF, é modificada gradativamente até culminar com a formação de estruturas morfológicas com aspecto esférico semelhantes ao observado para apatitas biológicas. Após 3 horas de exposição ao SBF (Fig.28 b), observamos uma mudança topográfica na superfície da pastilha, com a deposição de estruturas com formatos e tamanhos irregulares, correspondentes a fosfatos de cálcio (e que foram também detectados na análise por raios-X). Esta deposição foi estimulada pelas cargas positivas dos íons cálcio presentes no compósito, que atraíram os íons fosfatos da solução, formando fosfato de cálcio amorfo com superfície de carga negativa, conforme o que foi sugerido por Kim (Kim et al, 2005). Os fosfatos de cálcio amorfos, pobres em íons Cálcio e portanto com carga negativa, irão atrair os cátions da solução de SBF, formando a partir de agora estruturas apatíticas que se organizarão em diferentes fases (Lu et al, 2005). Após 6 horas no SBF (Fig. 28 c) temos a presença de diferentes fases, com pequenos aglomerados de estruturas esféricas se superpondo às estruturas maiores e com formatos irregulares. Por sua vez, para as amostras com 12 horas de exposição ao SBF (Fig. 28 d) temos fases apatíticas em formação, que se organizam for afinidade eletrônica, devido à reatividade da superfície do compósito juntamente com os íons depositados, mostrando a formação de aglomerados inorgânicos. Já as fotos de microscopia eletrônica de varredura do recobrimento de apatitas sobre o compósito PCLC após exposição ao SBF por 24 horas (Fig. 28 e) mostram um depósito de minerais com morfologia não muito uniforme, composto por partículas esféricas e outras com aspecto disforme, que se misturam e se superpõem, com tamanhos entre 3 e 5 µm. Finalmente, as amostras com 21 e 28 dias de 78 exposição ao SBF (Fig. 28 h e 28 i) apresentam estruturas esféricas com aproximadamente 5µm de diâmetro e que se repetem de uma maneira regular e semelhantes aquelas encontradas em apatitas biológicas. Nas Fig. 29 e 30 podemos ver de maneira mais clara a diferença morfológica da superfície da amostra antes e após ser colocada no líquido simulador de fluido corporal, SBF. Na pastilha que não foi exposta ao banho no SBF temos uma superfície com pequenos grãos resultantes da mistura e do tratamento térmico do polímero com o carbonato de cálcio, e algumas depressões com pequenos poros. No entanto, para a pastilha que foi exposta ao banho no SBF por 28 dias podemos identificar a deposição de material com características distintas da fase inicial, com estruturas morfológicas esféricas com aproximadamente 2 µm de diâmetro, semelhantes a apatitas biológicas e mostrando uma marcante presença de poros. Figura 29: MEV do compósito PCLC Base (aumento de 6000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio que não foi exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). 79 Figura 30. MEV do compósito PCLC após 28 dias no SBF (aumento de 6000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), por um período de vinte e oito dias. Observa-se o aspecto esférico dos grãos com aproximadamente 2 µm de diâmetro. 5.5 EDX Através da análise por EDX do compósito exposto ao SBF por diferentes períodos de tempo, foi verificada que a presença de íons de carbono (C), fósforo (P), cálcio (Ca) e oxigênio (O) apresenta diferentes níveis de intensidade. Assim como relatado por Kim (Kim, 2005), podemos associar o íon de carbono à parte polimérica do compósito, e os íons restantes às apatitas depositadas na superfície do compósito. Como seria de se esperar, não é verificada a presença do íon P na primeira amostra do PCLC (base), exatamente porque não tendo sido este material ainda exposto ao SBF, ele é formado apenas da fase polimérica e de carbonato de cálcio. 80 Tabela 9: Intensidades dos picos dos íons cálcio (Ca) e fósforo (P) obtidas pela análise por EDX do compósito PCLC em função do tempo de exposição ao SBF. PCLC Base - compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao SBF; PCLC 3h, PCLC 6h, PCLC 12h, PCLC 24h, PCLC 7d, PCLC 14d, PCLC 21d, PCLC 28d – ou seja, compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente. Compósito Tempo Ca P Razão de exposição (unidade (unidade Ca/P ao SBF arbitrária) arbitrária) (horas) PCLC Base PCLC 3h - 300 0 0 3 220 270 0,81 PCLC 6h 6 198 200 O,99 PCLC 12h 12 180 188 0,96 PCLC 24h 24 170 200 0,85 PCLC 7d 168 100 80 1,25 PCLC 14d 336 125 110 1,13 PCLC 21d 504 125 110 1,13 PCLC 28d 672 140 138 1,02 Nas amostras seguintes, que foram mergulhadas na solução SBF, encontramos o íon P, que irá variar seu percentual em relação ao do íon Ca de acordo com as diferentes fases das apatitas depositadas no compósito, nos distintos intervalos de tempo, como mostrado na Tabela 9, que representa dados aproximados entre a quantidade destes dois íons e que servirá para constatar a variação na concentração iônica na superfície do compósito causado pela exposição ao método biomimético. Nas análises realizadas por Kim (Kim et al, 2005) em amostras de hidroxiapatita tratadas termicamente e expostas por 3 horas ao SBF, verificou-se um aumento inicial da razão Ca/P de 1,67 para 1,84, o que corresponde à progressiva substituição de 81 carbonatos por fosfatos, com formação de uma estrutura rica em cálcio amorfo ou nanocristais de fosfato de cálcio. Após seis horas de exposição ao SBF, a razão Ca/P cai para 1,46, o que pode ser atribuído à formação de uma nova fase cristalina. A medida que o material é exposto ao SBF por períodos crescentes de tempo, a razão Ca/P vai variando de acordo com as fases que vão se formando; segundo Kim, esta deposição de apatitas em cerâmicas bioativas expostas ao SBF é semelhante à observada na formação de apatitas biológicas presentes em tecidos ósseos. Vercik (Vercik et al, 2003) observou que a baixa cristalinidade de fases de apatitas em recobrimento de implantes leva à instabilidade destes quando implantados, pois o fosfato de cálcio amorfo e o fosfato tricálcico possuem solubilidade bem superior à HA. Para razões de Ca/P abaixo de 1,67 em hidroxiapatita não estequiométrica, teremos a formação de tricálcio fosfato α ou β, que, segundo relatado por Suchanek (Suchanek, 1998), são mais biodegradáveis. Nas nossas amostras do PCLC analisadas no EDX a variação da razão Ca/P se comporta de forma semelhante aos resultados da literatura mencionados acima, com crescentes diferentes percentuais para as intensidades dos íons Ca e P, de acordo com o tempo de exposição do compósito ao SBF, como pode ser observado na Fig.31. 82 ------Ca/P F 1,2 Intensidade (u.a.) 1,0 0,8 G H I C D BE 0,6 0,4 0,2 0,0 A 0 100 200 300 400 500 600 700 Tempo (horas) Figura 31. Representação gráfica da relação entre os íons de cálcio (Ca) e fósforo (P) presentes no compósito PCLC em função das horas de exposição ao SBF, variando de 0 à 672 horas, sendo: A= base ( antes de expor ao SBF), B= 3 horas, C= 6 horas, D= 12 horas, E= 24 horas, F= 168 horas, G= 336 horas, H= 504 horas, I= 672 horas (tempo de exposição do compósito ao SBF). A fase de carbonato de cálcio inicialmente presente no compósito PCLC irá estimular a deposição de grupos fosfatos provenientes do SBF, o que acontecerá de forma muito intensa nas 3 primeiras horas de exposição, devido à superfície ativa do compósito ser bastante rica em íons Ca carregados positivamente. No entanto, nas 6 horas seguintes de exposição o percentual de fosfato diminui, devido ao fato de que a superfície do compósito é agora rica em cálcio fosfato amorfo (que apresentará cargas negativas), o que irá atrair os íons Ca da solução. É relatado na literatura (Kim et al, 2005, Lu, 2005) que este tipo de fosfato de cálcio é um importante precursor para a formação de apatitas em materiais bioativos, com influência em seus fatores de cristalização. A razão entre as quantidades de íons Ca/P volta a crescer e tende a se estabilizar com o passar do tempo, devido tanto à variação entre as cargas elétricas na superfície do compósito, de acordo com a deposição dos íons presentes na solução, quanto às mudanças das estruturas cristalinas das diferentes fases formadas. Como 83 sugerido por Lu (Lu, 2005), as deposições em superfícies bioativas de estruturas formadas por fosfatos de cálcio provenientes do SBF seguem teorias usuais de cristalização, que se baseiam nas leis de termodinâmica e cinética químicas. Podemos ver nas figuras abaixo a diferença entre os íons presentes nas duas diferentes amostras do PCLC; a Fig. 32, corresponde à amostra que não foi exposta ao SBF e que, portanto, é composta apenas por carbonato de cálcio e pelo polímero policaprolactona, enquanto que a Fig. 33, para a amostra obtida após 28 dias de exposição ao SBF, mostra a presença de grupos fosfatos e estrutura cristalina semelhante à hidroxiapatita biológica. Figura 32: EDX do PCLC Base. Espectroscopia dispersiva de raios-X do compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) antes de ser exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 33: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X do compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) após 28 dias de exposição no líquido simulador de fluido corporal (SBF). 84 6. CONCLUSÃO A policaprolactona, PCL, é um biopolímero bastante utilizado para a fabricação de materiais para uso médico, como fios reabsorvíveis, dispositivos para liberação controlada de fármacos e, mais recentemente, na elaboração de materiais compósitos para uso como substituto ósseo. Ela apresenta uma estrutura semi-cristalina que possibilita sua degradação biológica pela quebra das cadeias éster-alifáticas por hidrólise. As biocerâmicas derivadas de grupos fosfatos com base carbonatada têm sido intensivamente utilizadas em cirurgias para o recobrimento de áreas com defeitos ósseos, com o objetivo de estimular a deposição de estruturas calcificadas e a proliferação de células ósseas para reparação tecidual. Estas cerâmicas do tipo apatita são utilizadas em recobrimentos e enxertos ósseos e se cristalizam na forma de hidroxiapatita, que é muito semelhante ao componente mineral do osso humano. O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um material osteoindutor e osteocondutor que apresentasse propriedades de biodegradação, biocompatibilidade e bioestimulação. O compósito por nós preparado, PCL/CaCO3, apresenta características dos dois materiais que o compõem, ou seja, exibe ao mesmo tempo as propriedades iônicas e bioestimuladoras das cerâmicas e a biodegradação e biocompatibilidade do polímero, resultando em uma associação de fatores que deve beneficiar o comportamento biológico e mecânico. Já nas primeiras 3 horas de exposição ao SBF, os compósitos preparados pela associação destes dois biomateriais apresentaram a capacidade de induzir a deposição de novas fases de carbonatos de cálcio. Posteriormente, com exposições mais prolongadas, surgem novas e diferentes fases de apatitas, que foram observadas por análises de FTIR, de difração de raios-X e por microscopia eletrônica de varredura, 85 onde pode ser constatada a mudança da morfologia do material depositado na superfície da pastilha que ficou exposta ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). O interesse na produção de compósitos de matriz polimérica dotados de uma fase bioativa se deve à necessidade de minimizar as desigualdades mecânicas entre materiais bioativos e tecidos vivos. A associação do policaprolactona com carbonatos, implementada neste trabalho, oferece não apenas uma alternativa para a elaboração de um material com excelente biocompatibilidade, devido às características inerentes de cada um de seus componentes, mas também a possibilidade do uso como substituto ou indutor de formação de tecidos ósseos. De fato, seu comportamento no estudo in vitro revelou que o compósito preparado apresenta características de um biomaterial com propriedades de captar grupos fosfatos provenientes dos fluidos simuladores do plasma sanguíneo, e induzir a formação de estruturas cerâmicas de origem apatita, em especial a hidroxiapatita. Isto, em conjunto com a degradação de sua fase polimérica por hidrólise, deverá prover espaços propícios para a proliferação celular óssea e vascular, que, juntamente com a estrutura inorgânica proveniente das apatitas depositadas no material, proporcionará uma reestruturação óssea da região afetada. Dessa forma, acreditamos ter obtido um material biocompatível com características apropriadas de biodegradação e de osteoindução. De fato, os resultados obtidos utilizando-se o processo biomimético proporcionaram um recobrimento uniforme da superfície da pastilha por uma camada de apatitas, com morfologia heterogênea, apresentando diversas fases apatíticas e com uma crescente porosidade, observada nas imagens por microscopia eletrônica de varredura. Com o processo de nucleação lento, a fase majoritária encontrada após 21 dias foi a hidroxiapatita. As outras fases presentes apareceram em pequenas quantidades, com suas concentrações variando em função do tempo de exposição ao SBF, destacando-se, dentre outras, a fase 86 fosfato octacálcico como um precursor da fase hidroxiapatita, como relatado por Vercik em 2003 (Vercik, 2003), ou seja, representando uma boa simulação da estrutura óssea. Como o processamento foi todo realizado em baixas temperaturas (37 oC), as fases apresentaram-se pouco cristalinas e o processo de recobrimento de apatitas mostrou-se extremamente eficiente, com a obtenção de uma fase hidroxiapatita semelhante à biológica (ou seja, com baixa cristalinidade como relatado por Landi em 2005 ). A possibilidade de ter um biomaterial que estimule o organismo a fabricar e depositar sua própria hidroxiapatita, transformando o material implantado em uma estrutura biológica muito semelhante ao osso, com proliferação celular e nova vascularização, é o que pode diferenciar este trabalho dos demais até então estudados. O estudo “in vivo” deste biomaterial deve ser estimulado para análise de seu comportamento biocompatível e osteoindutor, bem como de sua toxicidade, o que possibilitaria sua posterior utilização futura como substituto e indutor de deposição de tecidos ósseos em organismos vivos. 87 7. BIBLIOGRAFIA 1. ABE, Y. KOKUBO, T. YAMAMURO, T. 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ANEXOS DSC-Calorimetria diferencial de Varredura Endo unidades arbitrárias Exo pcl 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 34: Análise calorimétrica diferencial da base do PCLC. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Endo unidades arbitrárias Exo 3h pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 35: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 3 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. Endo unidades arbitrárias Exo 6h pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 36: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 6 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. 96 Endo unidades arbitrárias Exo 12h pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 37: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 12 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Endo unidades arbitrárias Exo 24h pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 38: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 24 horas no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Endo unidades arbitrárias Exo 7d PCLC 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 39: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 7 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. 97 Endo unidades arbitrárias Exo 14d pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Exo Figura 40: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 14 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Endo unidades arbitrárias 21d pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 41: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 21 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Endo unidades arbitrárias Exo 28d pclc 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 Temperatura ( C) Figura 42: Análise calorimétrica diferencial do PCLC após 28 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. 98 Difratometria de raios-X 29,44 base pclc PCL 10 15 20 36,06 31,46 25 30 38,04 32,76 34,14 24,9 21,42 23,1 17,18 14,86 11,32 8,12 5 13,04 18,1 27,14 intensidade (u.a.) Carbonato de Cálcio 35 40 2θ angle Figura 43: Difratograma de raios-X da base do PCLC. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). 29,58 RX3h pclc 26,56 PCL intensidade (u.a.) Óxido de cálcio Aragonita 5 10 20 31,6 25 30 35 39,64 38,04 33,5 36,1 25,02 24,02 22 16,46 21,52 15 18,08 19,1 15,26 11,5 8,86 9,96 13,26 33 40 2θ (graus) Figura 44: Difratograma de raios-X do PCLC após 3 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. 99 PCL 29,38 26,36 RX6h pclc Calcita 10 20 38,04 24,86 21,4 17,76 18,04 16,42 15 22,94 13,08 15,12 8,74 9,3 11,04 6,66 5 35,96 25 30 35 39,64 32,78 30,18 intensidade (u.a.) Apatita 40 2θ (graus) Figura 45: Difratograma de raios-X do PCLC após 6 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. RX12h pclc 29,58 PCL Calcita 10 15 20 25 30 35 38,36 36,22 23,22 18,28 16,32 13,38 8,94 5 21,6 32,98 26,64 intensidade (u.a.) Apatita 40 2θ (graus) Figura 46: Difratograma de raios-X do PCLC após 12 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. 100 26,46 RX24h pclc PCL 30,2 Apatita Vaterita 10 15 20 25 36 30 38,34 23,08 20,76 17,82 15,1 9,44 5 10,94 6,74 13,12 29,42 32,88 intensidade (u.a.) Calcita 35 40 2θ (graus) Figura 47: Difratograma de raios-X do PCLC após 24 horas no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. RX7d pclc 29,44 PCL Apatitas Calcita 5 10 20 36,06 31,74 32,82 25 38,12 24,98 23,08 21,4 19,54 19,62 16,58 15 17,92 12,36 13,14 10,58 8,56 26,46 intensidade (u.a.) 30 35 40 2θ (graus) Figura 48: Difratograma de raios-X do PCLC após 7 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. 101 16,66 14d pclc intensidade (u.a.) Fosfato de cálcio hidrogenado Ca3H2P4O14 Monetita- CaPO3(OH) 10 15 20 32,66 36,18 21,9 25,26 19,24 5 29,44 7,62 13,66 25 30 35 40 2θ (graus) Figura 49: Difratograma de raios-X do PCLC após 14 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. RX21d pclc 32,54 Hidroxiapatita 15 20 25 30 35,32 28,3 22,9 23,22 19,66 19,94 16,3 16,94 14,74 10,3 10 11,92 8,38 5 33,14 Policaprolactona 29,56 26,08 intensidade (u.a.) Apatita 35 40 2θ (graus) Figura 50: Difratograma de raios-X do PCLC após 21 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. 102 RX28d pclc Hidroxiapatita 32,4 intensidade (u.a.) Policaprolactona 10 15 20 33,28 25 36,34 25,62 23,02 20,24 16,68 13,58 10,32 5 30,44 26,08 30 35 40 2θ (graus) Figura 51: Difratograma a de raios-X do PCLC após 28 dias no SBF. Difratometria de raios-X relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. 3523,688 3650,0161 3676,0532 3853,4912 FTIR- Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier 0 500 1000 1500 2000 3055,9844 1684,697 1868,8854 1212,1717 777,25574 918,04895 Transmitância (u.a.) 516,8847 BASE PCLC 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 52: Espectroscopia de infravermelho da base do PCLC. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). 3650,0161 3676,0532 3853,4912 103 0 500 1000 1500 2000 2500 3031,876 2405,0569 1684,697 1216,9935 Transmitância (u.a.) 632,60516 766,64801 919,97766 3H PCLC 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 53: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 3 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3650,0161 3676,0532 3853,4912 3031,876 2361,6616 1684,697 1772,4517 1868,8854 1271,9607 938,30005 Transmitância (u.a.) 668,28564 6H PCLC 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 54: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 6 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. 104 3744,5212 3853,4912 3028,9829 2676,0356 2361,6616 1617,1933 1213,1361 Transmitância (u.a.) 668,28564 767,61236 923,83502 12H pclc 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 55: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 12 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. 0 500 1500 2000 2500 3028,9829 2665,428 2360,6973 1000 1260,3887 928,65668 Transmitância (u.a.) 668,28564 3676,0532 3735,842 24H pclc 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 56: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 24 horas no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. 105 3650,0161 3735,842 3853,4912 3055,9844 2665,428 2361,6616 1000 1623,9437 500 1216,9935 919,97766 0 502,41965 668,28564 Transmitância (u.a.) 7d pclc 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 57: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 7 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. 0 500 1000 3745,4856 3854,4556 3013,5537 2644,2124 2361,6616 1623,9437 1260,3887 766,64801 898,76221 Transmitância (u.a.) 418,52234 14D PCLC 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 58: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 14 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. 106 3735,842 3853,4912 3013,5537 2360,6973 2584,4236 1313,4272 787,86346 918,04895 Transmitância (u.a.) 418,52234 21D PCLC ν2 CO -2 3 ν3 CO -2 3 -3 ν4 PO4 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 59: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 21 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. Bandas de vibração ν2 e ν3 e do CO3 2-, ν4 do PO4 3-, relativos a hidroxiapatita. 3028,9829 2665,428 1684,697 1138,8822 1216,9935 Transmitância (u.a.) 3650,0161 3735,842 3853,4912 2361,6616 668,28564 777,25574 899,72656 502,41965 28D PCLC Éster -3 PO4 CO3 da HA 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 -1 número de onda (cm ) Figura 60: Espectroscopia de infravermelho do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. 107 MEV- Microscopia eletrônica de Varredura Figura 61: PCLC base (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 62: PCLC após 03 horas no SBF(aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. 108 Figura 63: PCLC após 06 Horas no SBF(aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 64: PCLC Após 12 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. 109 Figura 65: PCLC Após 24 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. Figura 66: PCLC Após 07 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. 110 Figura 67: PCLC após 14 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 68: PCLC após 21 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. 111 Figura 69: PCLC após 28 dias no SBF(aproximação de 500 e 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias. EDX: espectroscopia dispersiva de raios-X Figura 70: EDX do PCLC base. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF). Figura 71: EDX do PCLC após 03 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três horas. 112 Figura 72: EDX do PCLC após 06 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis horas. Figura 73: EDX do PCLC após 12 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze horas. Figura 74: EDX do PCLC após 24 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e quatro horas. 113 Figura 75: EDX do PCLC após 07 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete dias. Figura 76: EDX do PCLC após 14 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de quatorze dias. Figura 77: EDX do PCLC após 21 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e um dias. 114 Figura 78: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias.