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Revista do Curso de Educação Física – UNIJORGE
A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COM ADOLESCENTES
THE PRACTICE OF PHYSICAL EDUCATION SCHOOL WITH ADOLESCENTS
Nilton César Cardoso Souza1
RESUMO
A Educação Física Escolar sugere grande mudança na postura dos professores que
buscam a aplicação de inúmeras abordagens para identificar a que melhor se adapte ao seu
modo de trabalho. Este artigo teve como objetivo analisar o nível de satisfação dos adolescentes com as aulas de Educação Física e identificar possibilidades para o trabalho com
adolescentes no universo escolar. Para atingir os objetivos previstos, foi realizada uma
pesquisa de campo, aplicada a uma amostra de 120 (cento e vinte) estudantes de nível
médio de duas escolas da cidade de Salvador, sendo 50% alunos da rede pública e outros
50% da rede particular. Concluímos que não existe uma formula mágica que garanta o sucesso, cabendo ao professor identificar as necessidades de cada turma e trabalhá-las auxiliando na formação do senso crítico dos adolescentes, sendo este um dos objetivos mais
importantes da Educação Física Escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar; Metodologia de ensino; Adolescentes.
1
Bacharel em Ciências Contábeis pela UNEB e Graduado - Licenciatura em Educação Física pela
UNIJORGE. E-mail: [email protected]
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ABSTRACT
The Physical Education suggests a relevant change in the attitude of teachers that
look for numerous approaches to identify the one that best suits at the way they work.
This article aims to analyze the level of satisfaction of teenagers with physical education
classes and identify opportunities to work with teenagers in the school environment. To
achieve the planned objectives, a field study was conducted, applied to a sample of 120
(one hundred and twenty) high school students from two schools in the city of Salvador,
50% of public school students and 50% in private school. We conclude that there is no
magic formula that will guarantee success, leaving the teacher to identify the needs of
each class and work to help them in the formation of a critical sense of teenagers, because
that is one of the most important objectives of physical education.
Keywords: Physical Education; Teaching methodology; Teenagers.
INTRODUÇÃO
Ao idealizar um tema para investigar e confeccionar este Trabalho de Conclusão de Curso, avaliei pesquisar muitas áreas da Educação Física, contudo uma
pergunta simples não saía de minha mente: Por que os adolescentes rejeitam tanto
as aulas de Educação Física? A verdade é que nunca havia parado para refletir sobre o assunto, sobre as possíveis causas para a falta de estímulo, e ainda, sobre
como fazer algo que pudesse melhorar essa situação. Mais ainda, seria bastante
interessante e consistente que os próprios estudantes me ajudassem a identificar
os problemas e dessa forma me fornecessem as respostas de que necessitava.
Observa-se que a Educação Física Escolar atravessa uma fase de mutação,
caracterizada pelo amadurecimento na postura de seus professores, que buscam
hoje não apenas ministrar suas aulas com práticas simplórias sem um contexto pedagógico claro, mas preocupam-se com a aplicação de metodologias que estejam
fundamentadas nas diferentes tendências pedagógicas da Educação Física.
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A prática da Educação Física Escolar, enquanto prática pedagógica, está respaldada na necessidade humana em tematizar as formas de expressão corporal
buscando a disseminação da cultura de um povo.
Entretanto, não basta apenas concentrar os esforços na fundamentação teórica das aulas, é necessário buscar formas de conduzir as atividades para torná-las
atrativas aos adolescentes, fazendo com que eles se envolvam e participem ativamente das práticas e vivências propostas pelo professor.
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL
Observa-se hoje no Brasil uma evolução da Educação Física Escolar. Percebendo-se uma mudança de postura dos profissionais da área que passam a visualizar outras possibilidades de trabalho no ambiente escolar, muito além da simples
prática esportiva ou repetição mecânica de movimentos.
Nota-se a preocupação dos profissionais com a continuidade da formação na
busca por especializações que garantam um melhor preparo para o ensino de Educação Física Escolar. Ainda assim, há uma grande dificuldade dos professores de Educação Física em tornarem as suas aulas interessantes aos adolescentes. Vê-se ainda
muito frequente a prática de atividades baseadas em repetições cadenciadas de movimentos padronizados, sem muita levar-se em conta a vontade, o prazer dos alunos,
e mais ainda, muitas vezes não é identificado o objetivo oculto na prática proposta.
Existem, então, formas mais prazerosas e atraentes de ministrar aulas de
Educação Física a adolescentes?
Sabe-se que o processo educacional de um indivíduo compreende não apenas
educação acadêmica. Torna-se importante que os sistemas de ensino entendam a
necessidade da formação geral do estudante e não apenas enfoquem o conhecimento, autenticando outras formas de aprendizagem, através das quais seja admitida a educação como um grande organismo que alicerça a formação do indivíduo,
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pensante e participante, buscando reformas educativas e práticas pedagógicas que
se adaptem à dinâmica da sociedade.
Betti (1997, p.07) comenta “sobre as duas grandes "matrizes" que geram os diversos entendimentos atuais de Educação Física no Brasil: uma, que vê a Educação
Física como ciência (básica ou aplicada); outra, que a vê como prática pedagógica.”
Na primeira matriz, considera-se a Educação Física como uma ciência autônoma ou relativamente autônoma, que possui seu próprio objeto de estudo (motricidade humana, ação motora, movimento humano etc.) e caracteriza-se por ser uma área de conhecimento interdisciplinar. Como sinal
de ruptura, outras denominações são propostas para a área: "Cinesiologia",
"Ciência da Motricidade Humana", ou "Ciências do Esporte", esta última resultante da influência alemã. A "Educação Física", entendida como aplicação ou ramo pedagógico, seria, então, uma subárea desta ciência. (BETTI,
1997, p. 07)
Freire (2009, p. 194) argumenta que “Fala-se muito de uma nova Educação Física, transformadora, comprometida com uma sociedade mais humana, democrática,
digna. Mas é preciso construir e colocar em prática uma Educação Física assim.”
Historicamente a Educação Física sempre sofreu preconceitos, principalmente por sempre ser confundida como ginástica, pura e simples repetição de movimentos, sem a preocupação com a fundamentação teórica.
A introdução da Educação Física oficialmente na escola ocorreu, no Brasil,
em 1851, com a reforma Couto Ferraz, embora a preocupação com a inclusão de exercícios físicos na Europa, remonte ao século XVIII, com Guths
Muths, J.J. Rosseau, Pestalozzi e outros.
Em reforma realizada, por Rui Barbosa, em 1882, houve recomendação para que a ginástica fosse obrigatória, para ambos os sexos, e que fosse oferecida para as Escolas Normais. Todavia, a implantação, de fato, dessas
leis ocorreu apenas em parte no Rio de Janeiro (capital da República) e nas
escolas militares. (BETTI, 1991, APUD DARIDO, RANGEL, 2008, p. 02)
Após esse período, teve início uma concepção chamada “higienista”, através
da qual a maior preocupação era com hábitos de higiene e saúde, onde foi valori-
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zado o desenvolvimento físico em busca de uma geração de indivíduos fortes fisicamente e capazes de serem bem aproveitados em um combate de guerra.
Entretanto, após o período das grandes guerras, este modelo cai em desuso e
passa a dar lugar a um mais “esportivista”, na tentativa de implementar uma educação física diferenciada da militarista e através da qual era incentivada, principalmente a prática de esportes como o futebol, “pegando carona” no sucesso da
seleção brasileira nas copas do mundo de 1958 e 1962, o que foi sustentado, principalmente, com a tomada de poder pelos militares em 1964. Eles incentivaram a
prática de esportes de rendimento, buscando sustentação ideológica na Educação
Física Escolar, já que esta proporcionaria ascensão do país em competições internacionais de alto nível.
Observa-se que ao longo do tempo surgiram inúmeras formas de se tratar a
Educação Física na escola, inclusive um enfoque mais recreacionista que perdura e
é ainda hoje bem aceito em inúmeras instituições, onde professores seguem a prática do “dar a bola” deixando os alunos tomarem as rédeas das aulas.
Esse modelo, algumas vezes chamado de recreacionista, embora este não
seja um nome muito adequado, aconteceu por duas razões principais: primeiramente, porque o discurso acadêmico passou por muitos anos discutindo o que não fazer nas aulas de Educação Física, e não apresentando
propostas viáveis e exequíveis para a prática; o outro fator diz respeito à
falta de políticas públicas que facilitem de fato o trabalho do professor,
como condições de trabalho, espaço, material adequado, políticas salariais
e, principalmente, apoio às ações de formação continuada (KUNZ, 1994,
APUD DARIDO, RANGEL, 2008, p. 04).
De acordo com Darido (2003), existem duas correntes que dividem as opiniões
de educadores acerca da melhor abordagem para a prática de Educação Física Escolar: a abordagem desenvolvimentista e a corrente construtivista. Os defensores do
sistema desenvolvimentista tendem a focar seus trabalhos em aprendizagem de movimentos, preocupando-se com o desenvolvimento motor acima de qualquer outro
aspecto, provocando com isso uma mecanização das aulas de Educação Física.
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Darido (2003, p.4) afirma ainda que, de acordo com a abordagem desenvolvimentista, “uma aula de Educação Física deve privilegiar a aprendizagem dos movimentos, embora possam ocorrer outras aprendizagens em decorrência da prática
das habilidades motoras.”
Ao se partir para o ponto de vista de que o movimento é o objeto de estudo e aplicação da Educação Física, o propósito de uma atuação mais significativa e objetiva sobre o movimento pode levar a Educação Física a estabelecer, como objetivo básico, o que se costuma denominar aprendizagem
de movimento (TANI et al.1988, p. 64).
Os entusiastas da corrente construtivista procuram focar-se no processo de
desenvolvimento global do indivíduo, por meio da aplicação de métodos alternativos de ensino.
[...] além de procurar valorizar as experiências dos alunos e a sua cultura,
a proposta construtivista também tem o mérito de propor uma alternativa
aos métodos diretivos, tão impregnados na prática da Educação Física. O
aluno constrói seu conhecimento a partir da interação com o meio, resolvendo problemas (DARIDO 2003, p. 08).
CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA
Adolescência é a fase do desenvolvimento humano imediatamente após a fase da terceira infância.
A adolescência dura aproximadamente 10 anos, dos 11 ou 12 anos até pouco
antes ou depois dos 20 anos. Seu ponto de início ou de término não é claramente
definido. Em geral, considera-se que a adolescência começa com a puberdade,
processo que conduz à maturidade sexual ou fertilidade, ou seja, a capacidade de
reprodução. Antes do século XX, as crianças das culturas ocidentais entravam no
mundo adulto quando amadureciam fisicamente ou quando iniciavam um aprendizado vocacional. Hoje, o ingresso na idade adulta leva mais tempo e é menos bemdefinido. A puberdade começa mais cedo do que antes, e o ingresso em uma profis-
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são tende a ocorrer mais tarde, pois sociedades complexas exigem períodos mais
longos de educação ou de treinamento profissional para que o jovem possa assumir
responsabilidades adultas (PAPALIA et al, 2006, p. 440).
O último dos períodos de desenvolvimento da inteligência descritos por Piaget começa na adolescência e introduz o indivíduo no mundo dos sistemas
e teorias. “Comparado a uma criança, o adolescente é um indivíduo que
constrói sistemas e teorias.” Nesse período denominado por Piaget operatório-formal ou hipotético-dedutivo, o sujeito rompe as barreiras da realidade concreta, da prática atual e se interessa por problemas hipotéticos
[...] (FREIRE, 2009, p. 31).
A adolescência é a fase do desenvolvimento do indivíduo onde são estabelecidos padrões comportamentais que irão influenciar seu desenvolvimento físico e
psicológico para o resto da vida, tornando-se importante grande acompanhamento
por parte dos responsáveis, buscando orientá-los, ainda que permitindo seu desenvolvimento através da experimentação responsável.
A adolescência está carregada de riscos ao desenvolvimento saudável, assim
como de oportunidades de crescimento físico, cognitivo e psicossocial. Padrões de comportamento de risco, como consumo de bebidas alcoólicas, abuso de drogas, atividade sexual, envolvimento em gangues e uso de armas
de fogo, tendem a se estabelecer no início da adolescência. Entretanto, cerca de quatro a cada cinco jovens não enfrentam maiores problemas, pois
apesar de estarem expostos a tais fatores de riscos, não desenvolvem tais
comportamentos (PAPALIA et all, 2006, p. 471).
A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS ADOLESCENTES
Existem formas diferentes de ministrar aulas de Educação Física que dependerão de fatores diversos para sua determinação. Considera-se, contudo como um
dos mais importantes a formação do professor regente da turma, como fator determinante sobre a forma de trabalho adotada com cada turma.
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Buscando relacionar a ação pedagógica do professor à sua formação profissional, Darido (1996) identificou dois tipos de formação: aquela tradicional, voltada à valorização da prática esportiva em detrimento de outras
práticas educativas, valorização da competição e da performance, e outra
mais científica, a qual enfatiza a teoria e o conhecimento científico derivado das ciências-mães.
No primeiro tipo de formação parece não haver dúvidas quanto à prática
pedagógica dos professores, [...] é bastante aproximado ao papel do treinador. Ele seleciona e organiza os conteúdos, a metodologia e a avaliação,
ele é disciplinador, ou seja, ele é um treinador que vigia, dirige, aconselha, corrige. Além disso, ele mantém relações impessoais com os alunos,
com o objetivo de garantir a sua autoridade.
No entanto, na formação mais cientifica, a qual tenta corrigir as falhas detectadas na formação dita tradicional, os resultados da prática não se apresentaram muito bem, [...] os conhecimentos adquiridos, por exemplo,
em disciplinas como Fisiologia do Exercício, Aprendizagem Motora ou Sociologia não são utilizados pelos professores em suas aulas, ficando sua
prática pedagógica atrelada ainda aos esportes tradicionais, ao gesto técnico ou à postura acrítica. (DARIDO, 1996, apud GALVÃO, 2002, P. 66).
Seria então responsabilidade direta do professor o encaminhamento das aulas de Educação Física de forma mais prazerosa?
Para Darido (2008, p. 109) a interação professor-aluno é um aspecto fundamental no processo ensino e aprendizagem. Costuma-se desde cedo avaliar as aulas
de Educação Física sob uma visão mecanicista, onde a repetição de movimentos
ganha ênfase e status, e onde qualquer outra prática que fuja dos moldes ditos
comuns pela sociedade acaba enfrentando grandes barreiras de aceitação. Julga-se
muitas vezes como excelente uma aula de Educação Física onde os alunos puderam
se organizar e conseguiram desenvolver um jogo de futebol em 50 minutos de aula
sem a interferência do professor.
Entendemos que a Educação Física Escolar é uma prática cultural, com
uma tradição respaldada em certos valores. Ela ocorre historicamente em
um certo cenário, com um certo enredo e para um certo público, que
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demanda uma certa expectativa. É justamente isso que faz a Educação
Física Escolar ser o que é. Sendo uma prática tradicional, ela possui certas características, muitas vezes inconscientes para seus atores. Em outras palavras, existe um certo estilo de dar aulas de Educação Física, estilo que é, na maioria das vezes, valorizado pelos alunos, comunidade e
direção da escola (DAOLIO, 1996, p.40).
Mas a Educação Física Escolar tem muito mais a oferecer aos alunos que apenas a simples prática esportiva, ou a repetição cadenciada de movimentos, ela
tem a função de ajudar a criar seres pensantes competentes na solução de problemas e que possam continuar a se desenvolver face aos desafios do cotidiano.
Essa tradição cultural, no entanto, tem se mostrado perversa para um
grande contingente de alunos, que estão sendo alijados da Educação Física, ou sendo subjugados nas aulas, em nome de uma excelência motora
que só alguns são capazes. É comum ouvirmos pessoas adultas falando de
sua experiência de Educação Física com muita tristeza ou com muita raiva.
Pessoas que ficaram à margem das aulas e que não possuem hoje autonomia para usufruir da cultura corporal (DAOLIO, 1996, p.40).
Mas então como fazer com que as aulas de educação física tornem-se atrativas aos adolescentes, que estão sempre tão ávidos por novas experiências, novos
desafios, e ainda assim conseguir atingir seus objetivos enquanto componente da
formação social do cidadão?
Pode-se utilizar recursos como os jogos cooperativos, que através de seu
caráter lúdico buscam evidenciar o prazer de jogar, desvinculando um pouco o
aspecto competição, mostrando que este é apenas um dos resultados da prática
e não a razão do jogar.
[...] É tarefa da Educação Física, preparar o aluno para ser um praticante
lúcido e ativo, que incorpore o esporte, o jogo, a dança e as ginásticas em
sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível. Isto implica também
compreender a organização institucional da cultura corporal em nossa sociedade; é preciso prepará-lo para ser um consumidor do esporte espetáculo, para o que deve possuir uma visão crítica do sistema esportivo profis-
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sional, e instrumentos conceituais e perceptivos para uma apreciação estética e técnica do esporte. É preciso preparar o cidadão que vai aderir aos
programas de ginástica aeróbica, musculação, natação, etc, em instituições públicas e privadas, para que possa avaliar a qualidade do que é oferecido e identificar as práticas que melhor promovam sua saúde e bemestar. [...] (BETTI, 1997, p. 15).
Torna-se necessário, então, fornecer uma direção aos adolescentes, uma vez
que estando em processo de formação do caráter, em momentos de escolhas que
levarão para o resto de suas vidas, é imprescindível saber opinar e avaliar criticamente as opções que surgirão, e nesse ponto entra a base dada pela educação.
É preciso sempre oferecer opções de atividades que venham despertar no
adolescente o interesse por algum campo da Educação Física, para que assim,
após experimentar várias opções, possa identificar enfim alguma, ou várias que
lhe agradem mais.
Através da experimentação de várias atividades distintas e de formas diferentes de se praticar uma mesma atividade, a Educação Física Escolar consegue
trabalhar conteúdos como inclusão social e discriminações diversas, de uma forma
bem mais eficaz e menos carregada que as matérias tradicionais, promovendo o
convívio e a interação entre os adolescentes.
Nesse sentido, temos proposto uma Educação Física Plural, cuja condição
mínima e primeira é que as aulas atinjam todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou dos gordinhos, dos baixinhos,
dos mais lentos. Esta Educação Física Plural parte do pressuposto que os
alunos são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para
compará-los. Sendo eles diferentes e tendo a aula que alcançar todos os
alunos, alguns padrões de aula terão que, necessariamente, ser reavaliados
(DAOLIO, 1996, p. 41).
Experimentando práticas dos elementos de cultura corporal, os estudantes
têm a possibilidade de se livrar de preconceitos e de assumir posturas críticas frente a situações cotidianas.
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As aulas de Educação Física Escolar ministradas para os adolescentes devem
tornar-se atrativas e motivadoras e, para isso, precisam abordar temas atuais e impactantes do cotidiano. Podem ser realizadas práticas alternativas de esportes adaptados, jogos pré-desportivos, brincadeiras populares, corridas de aventura, jogos cooperativos, lutas etc. Há uma enorme gama de opções a serem usadas pelos
professores, no intuito de motivar a participação do grupo nas aulas.
OBJETIVO
O presente artigo teve como objetivo, analisar o nível de satisfação dos adolescentes em relação aos aspectos metodológicos utilizados durante as aulas de
Educação Física, evidenciando metodologias que promovam uma prática mais prazerosa no universo escolar.
METODOLOGIA
Para atingir os objetivos previstos, foram identificados pontos e fatos relevantes colhidos nos resultados de uma pesquisa de campo, aplicada a uma amostra
de estudantes da cidade de Salvador entre a segunda e a terceira semanas do mês
de agosto de 2010.
O instrumento utilizado foi um questionário que abordou os aspectos de estrutura física, questionando sobre local, horário e frequência de realização das aulas de Educação Física; organização didática, indagando sobre a aceitação de turmas mistas (ambos os sexos) e preferência por conteúdos a serem abordados; preferência dos alunos quanto às formas de avaliação (prova escrita), material didático (livros e textos); e, por fim, uma questão aberta para sugerir qualquer forma de
melhoria para as aulas de Educação Física ou reclamar de algum problema recorrente em sua escola. Vale ressaltar que os indivíduos não foram avisados previamente sobre a pesquisa, e que o tempo médio usado para preenchimento do ques-
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tionário foi de 15 minutos. O questionário não apresentou nenhum item que promovesse a identificação do indivíduo ou da instituição em que estudava.
Este trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa de campo, que identificou
pontos e fatos relevantes e auxiliou a compreender as facetas do universo do ensino de
Educação Física na adolescência, nos orientando sobre formas alternativas para tornar
as aulas para essa faixa etária mais atraentes, na percepção dos próprios alunos.
A pesquisa foi realizada em duas escolas da cidade do Salvador, Estado da
Bahia, que tiveram seus nomes preservados, sendo uma da rede pública, denominada Escola 1(E1), situada em Brotas, atendendo principalmente às crianças e adolescentes residentes nas regiões próximas a este bairro. A escola possui estrutura
física contendo salas de aula, espaço de circulação e convivência, cantina para merenda escolar, estacionamento, 3 quadras poliesportivas descobertas; campo de
futebol e sala de musculação. A outra escola pertence à rede particular, denominada neste trabalho de Escola 2(E2), localizada no bairro do Itaigara que atende
aos segmentos da educação fundamental até o ensino médio e possui uma estrutura
física, composta de lanchonete, espaço de circulação e convivência, salas equipadas (audiovisual), biblioteca, quadra poliesportiva descoberta, sala de artes, sala
de vídeo, rampas de acesso.
Os sujeitos envolvidos na pesquisa foram representados por uma amostra de
120 (cento e vinte) adolescentes, compreendidos na faixa etária de 14 a 18 anos,
todos estudantes do 1º (primeiro) ano do ensino médio, sendo 60 alunos da escola
pública e 60 da escola particular. Na amostra analisada, nota-se uma realidade
bem próxima entre as duas instituições, retratando uma convivência entre estudantes que estão em plena adolescência e outros já próximos à idade adulta. Optou-se
por essa amostra pela acessibilidade promovida pela prática de estágio na escola
pública e pela ajuda de colegas professores da Escola da rede particular, o que
proporcionou a agilidade na aplicação dos questionários.
Os dados levantados nos questionários foram analisados através de percentuais e agrupados em tabelas individuais conforme gênero e escola em que estudava
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o indivíduo, gerando assim quatro quadros comparativos que abordavam aspectos
como a satisfação com os conteúdos abordados na matéria, horário das aulas e metodologia do professor. Buscou-se registrar de forma mais simples possível as opiniões dos maiores interessados no assunto, os alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira análise feita pela pesquisa foi a caracterização da amostra, identificando a faixa etária dos alunos, conforme demonstrado na tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Faixa etária dos alunos de 1º ano do ensino médio
Idade
Meninas E2
Meninas E1
Meninos E2
Meninos E1
14 anos
7,9%
15,8%
18,2%
9,1%
15 anos
57,9%
36,8%
31,8%
22,7%
16 anos
28,9%
23,7%
31,8%
36,4%
17anos
5,2%
23,7%
13,6%
22,7%
18 anos
0%
0%
4,5%
9,1%
Total
100%
100%
100%
100%
Fonte: Própria
Observa-se que, em ambos os colégios, as aulas de Educação Física são
efetuadas em dois períodos de 50 minutos, em horários intercalados às aulas
regulares, no mesmo turno. Quando questionados sobre a satisfação com o horário
das aulas, obteve-se resultado quase unânime de aprovação na escola pública, tendo
apenas uma parcela de cerca de 5% dos meninos que reprovaram a execução das
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aulas intercaladas com outra disciplinas no mesmo turno. Na escola particular, cerca
de ¼ dos alunos de ambos os sexos admitiram não que não gostam do horário das
aulas de Educação Física, mostrando satisfação da grande maioria, não sendo este
fator, portanto, impeditivo para a execução das aulas práticas, conforme a Tabela 2.
Tabela 2 – Horário preferido pelos alunos de 1º ano do ensino médio para as aulas
de Ed. Física
Itens
Meninas E2
Meninas E1
Meninos E2
Meninos E1
Gostam/aceitam o ho-
74,2%
100%
72,7%
94,4%
25,8%
0
27,3%
5,6%
100%
100%
100%
100%
rário das aulas
Não gostam do horário
das aulas
Total
Fonte: Própria
Ao serem questionados sobre a preferência de local para realização das aulas
de Educação Física, detecta-se uma preferência expressiva entre as meninas da
escola pública pelas aulas em sala de aula. Tal fenômeno pode ser creditado à
forma com que a Educação Física foi vivenciada até hoje por esse grupo (meninas
da escola pública) que podem ter sido por muitas vezes preteridas das atividades
práticas em prol do “baba” dos meninos ou podem ter sofrido os efeitos da
ginástica calestênica e de atividades sem propósito explícito. Na escola da rede
particular, houve um posicionamento oposto por parte da maioria dos participantes
da pesquisa, demonstrado na Tabela 3.
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Tabela 3 – Local preferido pelos alunos de 1º ano do ensino médio para as aulas
de Ed. Física
Itens
Meninas E2
Meninas E1
Meninos E2
Meninos E1
Preferem aulas na sala
13,2%
73,7%
9,1%
36,4%
Preferem aulas fora da sala
86,8%
22,3%
90,9%
65,6%
Total
100%
100%
100%
100%
Fonte: Própria
Sobre o sistema de avaliação, os alunos opinaram se gostariam que a matéria
tivesse prova escrita como forma avaliativa e mais da metade das meninas estudantes
da escola pública foram favoráveis à prova escrita na matéria de Educação Física. Já
entre os meninos o resultado foi bem equilibrado, pois cerca de 10% dos garotos de
ambas as escolas gostariam que houvesse prova escrita na disciplina, conforme
exposto na Tabela 4. Tal resultado pode ser entendido como uma demonstração de
preocupação com o rendimento escolar, expressa pelas alunas da escola pública.
Tabela 4 – Forma de avaliação preferida pelos alunos de 1º ano do ensino médio
para Ed. Física
Itens
Meninas
Meninas
Meninos
Meninos
E2
E1
E2
E1
Gostariam de prova escrita como avaliação
23,7%
68,4%
9,1%
13,6%
Não gostariam de prova escrita como
76,3%
31,6%
90,9%
86,4%
100%
100%
100%
100%
avaliação
Total
Fonte: Própria
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As avaliações têm papel fundamental no desenvolvimento dos processos
educacionais, representando grandes possibilidades de melhoria através da troca
de experiências entre professores e alunos.
As práticas avaliativas produtivo-criativas e reiterativas buscam imprimir à
avaliação uma perspectiva de busca constante de identificação de conflitos
no processo ensino-apendizagem, bem como a superação dos mesmos,
através do esforço crítico e criativo coletivo dos alunos e as orientações do
professor (CASTELLANI FILHO et all, 2009, p. 102).
Quando inquiridos sobre a preferência por conteúdos abordados em
Educação Física, o tema jogos e brincadeiras foi destaque entre os alunos da escola
pública, afirmando-se como preferência de 1/4 das meninas e 1/3 dos meninos. O
futebol foi o esporte mais citado como preferido na pesquisa e obteve-se o
resultado de cerca de 60% dos alunos da escola pública e de aproximadamente de
45% dos meninos da escola particular, além de ser o escolhido de 21% das alunas da
escola pública, demonstrando um aumento no interesse pela prática do futebol
feminino concentrado nas classes de menor poder aquisitivo.
O handebol continua destacando-se na preferência das meninas, de ambas as
escolas, como esporte coletivo. Observa-se também o voleibol como uma das
opções preferidas dos alunos da escola pública, de ambos os gêneros.
Temas como lutas (cerca de 9%) e danças (entre 13 e 21 %) tiveram também
uma pequena participação, demonstrando que, em geral, os estudantes costumam
ser conservadores nas escolhas dos temas das aulas práticas, talvéz por não ter
oportunidade de vivenciar novas atividades. Observa-se um percentual elevado de
meninas da escola particular (13%) que declaram não ter interesse em nenhum
conteúdo proposto pelo questionário e não opinaram sugerindo nenhum outro
conteúdo, conforme Tabela 5.
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Tabela 5 – Conteúdos de Ed. Física preferidos pelos alunos de 1º ano do ensino médio
Temas
Meninas E2
Meninas E1
Meninos E2
Meninos E1
Basquete
0%
0%
22,7%
0%
Futebol
21,0%
0%
63,6%
45,4%
Voleibol
0%
26,3%
13,6%
13,6%
Lutas
0%
0%
0%
9,1%
Danças
13,2%
21,0%
0%
0%
Jogos/Brincadeiras
21,0%
26,3%
0%
31,8%
Handebol
31,6%
26,3%
0%
0%
Nenhum
13,16%
0%
0%
0%
Total
100%
100%
100%
100%
Fonte: Própria
Os conteúdos representam subdivisões dos temas a serem abordados em um
programa de Educação Física escolar. Cada escola apresenta seu programa próprio,
sendo os conteúdos geralmente bem parecidos, diferenciando-se quanto à forma
em que são organizados durante o ano letivo.
Uma nova representação da Educação Física implica considerar certos
critérios pelos quais os conteudos serão organizados, sistematizados e
distribuídos dentro de um tempo pedagogicamente necessário para a sua
assimilação (CASTELLANI FILHO et all, 2009, p. 64).
Castellani Filho et al. (2009, p. 65) argumenta que na organização do
conhecimento, deve-se levar em consideração que as formas de expressão corporal
dos alunos refletem os condicionantes impostos pelas relações de poder com as
classes dominantes no âmbito de sua vida particular, de seu trabalho e de seu lazer.
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O resultado da pesquisa confirma a representatividade do futebol na vida de
adolescentes de menor poder aquisitivo, e dos homens em geral, entretanto
percebe-se uma grande aceitação para atividades que promovam desenvolvimento
social e diferentes formas de interação como os jogos cooperativos e lúdicos,
tratados nesta pesquisa como jogos e brincadeiras.
Freire (2009, p. 187) afirma que a Educação Física não conseguiu firmar-se
no quadro mais geral da educação brasileira como uma atividade imprescindível à
formação dos cidadãos.
Torna-se necessária, portanto, a participação ativa da sociedade, e em especial
dos alunos, no processo de construção da Educação Física, identificando suas falhas e
sugerindo melhorias contínuas com base nos anseios pessoais e do grupo.
Segundo Resende (1994 b, apud Darido, 2008, p. 110) a aula de Educação
Física encontra-se repleta de conflitos, inerentes a qualquer forma de interação
social, que, nesse caso, emergem da interação do aluno com o meio social e
cultural da aula.
Darido (2008, p. 110) ressalta que a relação professor – aluno deve
contemplar o diálogo, e o professor, no papel de mediador, deve provocar um
ambiente de reflexão, trocas e decisões superadoras das situações problemas.
Ao serem questionados sobre quais seriam os problemas mais frequentes
enfrentados por eles nas aulas de Educação Física, os alunos componentes da
amostra nos retornaram as seguintes informações expostas na íntegra na tabela 6.
 Boa parte dos meninos da escola pública (cerca de 2/3 da amostra) referiuse às faltas frequentes do professor como sendo o pior prolema.
 Mais da metade das meninas de ambos os colégios queixam-se de falta de
material didático sobre os temas abordados, enquanto apenas os meninos da
escola particular (100%) estão satisfeitos com essa falta de informação.
 Menos de 10% dos meninos da escola particular cobraram inovação nas aulas,
os demais estudantes não opinaram este item.
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 Apenas as meninas (cerca de 10% da escola particular e 3% da escola publica)
admitem não gostar da matéria Educação Física. Além disso, cerca de 4% dos
meninos da escola pública gostariam de ter professores separados para teoria
e prática de Educação Física.
 Cerca de 8% das meninas da escola particular cobram aulas mais dinâmicas,
enquanto cerca de 13% dos alunos de ambos os sexos da escola pública pedem
mais aulas práticas.
 Aproximadamente 10% das alunas da escola particular sugeriram mudar o
professor da matéria como forma de melhoria.
 Em torno de 10% dos meninos, de ambas as escolas, sugeriram realização de
campeonatos esportivos intercolegiais.
Tabela 6 – Problemas, opiniões e sugestões dos alunos de 1º ano do ensino médio
Itens
Meninas E2
Meninas E1
Meninos E2
Meninos E1
Gostariam de material
50,0%
65,8%
0
36,4%
0
0
9,1%
0
0
5,6%
0
72,7%
10,5%
2,6%
0
0
0
0
0
4,5%
7,9%
0
0
0
didático
Gostariam de inovação
nas aulas
Cobram assiduidade do
professor
Afirmam não gostar da
matéria
Queriam professores
Separados prática /
teoria
Gostariam de aulas
mais dinâmicas
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Gostariam de mais au-
0
13,2%
0
13,6%
Mudar o professor
10,5%
0
0
0
Gostariam de campeo-
0
0
9,1%
13,6%
las práticas
natos Inter-colegiais
Citaram duas opções
(63,5%)
Não opinaram
22%
12,8%
81,8%
22,73%
Total
100%
100%
100%
100%
Fonte: do autor
Castellani Filho et al. (2009, p. 33) defende que o confronto do saber
popular (senso comum) com o conhecimento científico universal, selecionado pela
escola, é, do ponto vista metodológico, fundamental para a reflexão pedagógica.
Quando solicitado aos alunos que dessem suas opniões pessoais sobre a
matéria e que sugerissem melhorias para tornar as aulas de Educação Física mais
agradáveis, boa parte deles, principalmente da escola particular, preferiu não
opinar, demonstrando certa falta de senso crítico ou simplesmente comodismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao buscar-se mensurar o nível de satisfação dos adolescentes com as aulas
de Educação Física e, com isso, identificar formas de tornar as aulas mais sedutoras
a estes indivíduos, acaba-se descobrindo algo além de uma receita de bolo, sendo
as opiniões expressadas pelos alunos participantes de suma importância para a resposta a esta questão.
Existem então formas de ministrar aulas de Educação Física que estejam
mais sintonizadas com os interesses dos adolescentes? Sim, existem possibilidades
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de se fazer um trabalho mais proveitoso do que o que tem sido feito na maioria das
escolas da cidade.
A pesquisa de campo realizada, não confirma a ideia de mudança de postura
dos professores de Educação Física atuantes no universo escolar. Falta interesse em
aplicar abordagens pedagógicas diversas e tentar um melhor aproveitamento nas
turmas trabalhadas. Mostra-se, contudo, uma leve preocupação com a interação
multidisciplinar que se demonstra, através do enfoque de temas “transversais” ao
longo das unidades letivas.
Nesta pesquisa, encontrou-se duas escolas que apresentam estrutura propícia à prática da Educação Física, com quadras abertas, logo a questão do espaço
estaria resolvida nestes casos em especial. Demonstrou-se, entretanto, uma preferência dos alunos da escola pública por aulas realizadas na sala de aula, o que nos
faz refletir sobre que fatores poderiam estar influenciando essa escolha: falta de
segurança e privacidade; submeter-se à prática de atividades que não lhes agrada
como esportes ou jogos; fuga de atividades muito desgastantes, são alguns dos fatores considerados. Já os alunos da escola particular, em sua expressiva maioria,
aprovaram as aulas na quadra, como um momento de relaxamento, onde podem
afastar-se do ambiente fechado das salas e podem interagir mais com os colegas.
Quanto ao horário de realização das aulas, grande parte dos alunos respondeu que estava satisfeita com as aulas sendo intercaladas com outras matérias no mesmo turno.
Nota-se claramente a preferência por prática de esportes coletivos (futebol
e vôlei) entre os alunos da escola particular, enquanto os da escola pública mostram-se divididos quanto aos conteúdos trabalhados na matéria, dando ênfase aos
elementos da cultura popular e aos jogos cooperativos, citados aqui neste trabalho
como jogos e brincadeiras.
Identifica-se uma diferença de conscientização, quando observa-se a cobrança do grupo da escola pública por material didático, inovação e até mesmo pela
presença de professores nas aulas, enquanto a grande maioria dos colegas da rede
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particular preocupa-se apenas com a possibilidade da prática do esporte. Fica evidente, então, que muitos adolescentes ainda encaram a Educação Física Escolar,
não como um componente curricular, que possui conteúdos a serem discutidos e
trabalhados, mas sim como um simples espaço de diversão.
Costuma-se responsabilizar o professor pelo fracasso das aulas de Educação
Física, mas evidencia-se aqui ser esta responsabilidade de todo o sistema de ensino
que não prepara os jovens para enxergarem a importância sócio-crítica de se trabalhar os conteúdos propostos.
Uma aula de Educação Física estimulante está baseada no respeito mútuo,
que deve ser focado pelo professor enquanto mediador do processo. O professor
deve ter a sensibilidade para conquistar seus alunos e mantê-los agregados e atentos durante as atividades, para que possam ser conduzidos com maestria e companheirismo. Deve também demonstrar domínio dos conteúdos propostos, assumindo
as responsabilidades e encarando os desafios propostos pela turma.
Constata-se não haver uma fórmula mágica, cada turma possui suas características próprias que vão ser apresentadas ao professor. Cada indivíduo tem uma
bagagem cultural distinta, exigindo uma forma de tratamento que pode não ser
semelhante a nenhum outro colega. Cabe ao professor identificar quais os melhores
caminhos a seguir, porém vale lembrar que não adianta tentar impor sua vontade,
afinal um dos grandes objetivos da Educação Física Escolar é auxiliar na formação
de indivíduos com senso crítico e autonomia de decisões, pessoas capazes de se
posicionar frente aos obstáculos da vida e de se desenvolver para solucionar os
problemas, e isso começa na aula.
Um bom começo é pensar as aulas de Educação Física cada vez menos exclusivas, que promovam sempre uma maior interação entre os gêneros, respeitando as
individualidades de cada aluno e exaltando suas qualidades, provocando suas adaptações frente aos desafios e incentivando o desenvolvimento de seu senso crítico.
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Educação física escolar: Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São
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