La revista desde la calidad de vida: el periodismo especializado en una publicación
brasileña
Frederico de Mello Brandão Tavares
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Brasil) y Universidad Rey Juan Carlos (España)
[email protected]
Este texto reflexiona sobre la revista como un producto del periodismo. Se busca, a partir
de cuestiones originadas del contraste entre un quehacer periodístico específico (el
periodismo de revista) y un tema (la calidad de vida), elaborar un mapa sobre la revista
Vida Simples, revelando sus dimensiones constituyentes y cómo éstas engendran la
formación de un proceso comunicativo que construye sentidos sobre el bienestar en la
sociedad. Esta publicación brasileña hace un tipo de periodismo que se centra en la
prescripción de patrones y estilos de vida, con objetivos así definidos por ella: “ayudar a
simplificar el día a día; a transformar la casa en un hogar más tranquilo y agradable; a
trabajar con más alegría; a arreglar la apariencia, sin descuidar la esencia”. Teniendo en
cuenta su contenido y la forma como éste se presenta mensualmente en sus páginas, el
artículo hace un análisis mixto que se propone, desde las estructuras de la publicación,
desarrollar una reflexión sobre el periodismo de revista y sus principales características.
Observando aspectos de la periodicidad, del soporte y de la materialidad (elementos
visuales y textuales), la investigación apunta para un conjunto de disposiciones y
estratégias que hablan de la revista como un dispositivo que, además de indicar un sentido
para la calidad de vida contemporánea, pone en escena maneras de construcción de este
significado por el periodismo especializado.
Palabras-clave: periodismo especializado, revista, calidad de vida, prensa
A revista vista pela qualidade de vida: o jornalismo especializado em uma
publicação brasileira
Este texto reflete sobre a revista como um produto jornalístico. Busca-se, a partir de
questões que envolvem a tensão entre um fazer jornalístico específico (o jornalismo de
revista) e uma temática (a qualidade de vida), mapear a revista Vida Simples, revelando
suas dimensões constitutivas e como as mesmas engendram a formação de um processo
comunicativo e jornalístico que constroi sentidos sobre o bem-estar na vida social. Esta
publicação brasileira realiza um tipo de jornalismo voltado para a prescrição de padrões e
estilos de vida, com objetivos assim demarcados por ela: ajudar a descomplicar o dia-a-dia,
transformar o lar em um lugar “ainda mais tranqüilo e gostoso”, trabalhar com mais
alegria, “cuidar da aparência sem descuidar da essência”. Considerando seu conteúdo e a
maneira como o mesmo se apresenta mensalmente em suas páginas, realiza-se neste
trabalho uma mescla analítica que propõe, a partir das características da publicação,
fundamentar uma reflexão sobre o jornalismo de revista e suas principais características.
Observando aspectos relativos à periodicidade, ao suporte e à materialidade da publicação
(elementos visuais e textuais), a investigação realizada aponta para um conjunto de
arranjos e estratégias que dizem de agenciamentos matriciais que, além de indicar um
sentido para a qualidade de vida contemporânea, permitem perceber formas de
construção deste significado.
Palavras-chave: jornalismo especializado, revista, qualidade de vida, jornalismo impresso
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1. Uma temática, um jornalismo
Historicamente, a preocupação humana com o bem-estar coletivo e individual,
com a qualidade de vida, sempre existiu. Desde a Antiguidade, a sociedade se organizou
em torno de instituições e papéis sociais que indicaram formas de ser e estar no mundo,
permitindo e oferecendo aos sujeitos posicionamentos e procedimentos sobre “um certo
viver”. Na modernidade, este objetivo passou a estar legitimado por discursos originados
de outros campos, principalmente o científico. Entre os séculos XV e XVIII, estudos sobre
sanidade mental e corporal passaram a permear o imaginário acerca de novos hábitos e
valores dentro de uma sociedade que passava a valorizar, cada vez mais, um saber nascido
e identificado a partir das ciências naturais. No século XVIII, e principalmente no século
XIX, estudos de outras áreas começaram a se formar, relevando aspectos mais culturais,
geográficos e históricos, o que causou a ampliação do papel das instituições em relação ao
“comportar-se no mundo”, seus significados, suas expressões e manifestações “mais
adequadas”.
No final do século XIX e ao longo do século XX, há uma mudança dupla, que
reconfigura
essa
dinâmica:
o
surgimento
de
novos
discursos
especializados,
materializados em outros “lugares-de-fala” institucionais e/ou pessoais – principalmente o
midiático – e uma nova demanda de “interpretações” do mundo (e para o mundo)
relacionada àquilo que muitos autores apontam como uma “crise da modernidade” ou a
configuração de uma “alta modernidade”/ “modernidade tardia”. Outros espaços
discursivos passam a atuar no cotidiano organizando a experiência individual e coletiva,
buscando não apenas interpretá-la, mas torná-la inteligível e mais estável. Assim, como
nos diz Giddens,
[...] na alta modernidade a influência de eventos distantes sobre
eventos próximos, e sobre as intimidades do eu, se torna cada vez
mais comum. A mídia impressa e eletrônica obviamente
desempenha um papel central. A experiência canalizada pelos
meios de comunicação, desde a primeira experiência da escrita,
tem influenciado tanto a auto-identidade quanto a organização
das relações sociais (Giddens, 2002, p.12).
A duplicidade deste movimento diz de um fenômeno que se promove na
confluência de campos distintos dentro da sociedade e na qual mídia e várias temáticas se
entrecruzam, formando novos elementos na realidade, tornando-a mais densa. Há uma
modificação do real a partir de uma leitura do mesmo, passando não só a construí-lo, mas
também a constituí-lo.
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No último século, cada nova mídia, menos que substituir a anterior, contribuiu
para a constituição da mesma, permitindo-a descobrir e aprimorar cada vez mais suas
singularidades, suas formas de falar sobre o mundo e a ele pertencer.
Os diferentes suportes midiáticos, advindos aceleradamente dos processos
tecnológicos que aí se instalaram e se desenvolveram, modificaram as práticas e as formas
de inscrição e representação do mundo. As materialidades utilizadas e escolhidas
condicionaram e recondicionaram o intercâmbio simbólico no interior das sociedades1,
agregando à vida social outros2 elementos de interação e mediação. Nos últimos cem anos
aproximadamente, os vários suportes comunicacionais e as práticas deles e neles
envolvidas inauguraram novas maneiras de se estar no mundo e de se habitar o mundo,
condicionando (dando forma e sentido) e acompanhando um certo “espírito do tempo”.
Assim, no desenvolvimento e no diálogo das mídias contemporâneas
(impressa, rádio, televisão e internet) observa-se três questões importantes e que dizem
dos efeitos (co-determinados) tanto da mídia sobre ela mesma, quanto da mídia sobre a
sociedade: 1) as modificações das práticas profissionais (jornalismo, relações públicas,
publicidade e propaganda, radialismo etc), 2) a variação de temáticas abordadas pelos
veículos e 3) a segmentação de produtos e programas – o que diz de uma questão não só
mercadológica, mas também cultural.
Nesse cenário, retomando nossas questões iniciais, perguntamos: o que
acontece no momento em que qualidade de vida e mídia se encontram? Que discursos se
formam? Com que características? Com quais significados? Como os veículos e essa
temática passam a se co-determinar?
As respostas para tais questões necessitam de uma demarcação de
especificidades, a fim de se evitar generalizações. Nesse sentido, uma investigação nos
aparece com bastante força: a de compreensão do encontro qualidade de vida e revista;
mais detidamente, de tal temática com o jornalismo especializado de revista.
A revista, desde o seu surgimento como veículo jornalístico no século XIX
(Mira, 1999), sempre caracterizou-se pela abordagem de temáticas mais amplas, que
permeiam a sociedade em seu cotidiano, não necessariamente no que lhe há de
extraordinário, mas no que lhe cabe ou seja possível interpretar. Melhor dizendo, a este
veículo jornalístico coube – e cabe – um olhar diferenciado sobre a realidade, abordando
grandes temáticas que permeiam o dia-a-dia em sua sociabilidade. Além disso, há sobre
ele a demanda de falar para um público mais específico, para um leitor mais definido.
Como aponta a jornalista Marília Scalzo, “[...] quem define o que é uma revista,
antes de tudo, é o seu leitor” (Scalzo, 2004, p. 12). Tais palavras resumem, podemos dizer,
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histórica e estrategicamente o processo de penetração e consolidação deste meio na
sociedade. Um processo que se fez ao longo de décadas por meio do diálogo entre editores
e públicos, entre editoras e faixas de mercado. Um diálogo que explicita uma interação
comunicativa peculiar, cujas explicações podem ser apontadas principalmente, pela ótica
dos processos de midiatização da sociedade marcados, como vimos dizendo, pela
modernização das formas de produção de cultura. A revista sempre oscilou entre a posição
de veículo de massa e de veículo segmentado. Sua emergência e desenvolvimento
construíram ao longo dos anos um processo interacional no qual mídia e público atuaram
reciprocamente, um atuando na constituição do outro.
Para Maria Celeste Mira, “[...] um dos fatores que faz que o mercado tenha que
se empenhar cada vez mais em cada grupo de indivíduos capazes de formar um segmento
é esse processo de demarcação das diferenças sociais, que já pode ser considerado de
longa duração” (Mira, 2004, p.252)3. No que diz respeito à temática da qualidade de vida,
mais que falar para um grupo de indivíduos, a revista passa a falar também sobre um
tópico que perpassa a coletividade social, que diz respeito às maneiras “gerais” de se
portar e viver no mundo, independentemente de gênero, classe social ou faixa etária.
Caminha-se para uma abordagem sobre valores e hábitos, questões éticas e morais que
deveriam perpassar (ou, pelo menos a priori, perpassam) a sociedade em geral.
De forma mais concreta, podemos dizer que tais questões estariam sempre
presentes, direta ou indiretamente, no jornalismo como um todo. Mas no caso do
jornalismo de revista, parece haver uma explicitação discursiva deste movimento,
marcando uma produção e circulação distinta de sentidos sobre o tema. As matérias de
comportamento são os grandes exemplos dessa concretização.
No entanto, o que acontece quando uma revista específica passa a ter por tema
principal essa questão sobre o bem-viver na sociedade? O que passa a ocorrer –
jornalisticamente – no momento em que uma publicação específica assume essa temática
como o “mote” de sua produção? Que diálogo passa a existir entre mídia e sociedade?
Como uma revista especializada no tema em questão “realiza” e “faz funcionar” esse
encontro?
Dirigimos estas questões especificamente para a revista Vida Simples (atual
“grande representante” do gênero de revistas voltadas para o tema do “bem-estar”),
publicada pela Editora Abril. Tal periódico, definido estrategicamente como a revista “para
quem quer viver mais e melhor!” (slogan da publicação), realiza um tipo de jornalismo
voltado para a prescrição de padrões e estilos de vida, com objetivos assim demarcados4:
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ajudar a descomplicar o dia-a-dia, transformar o lar em um lugar “ainda mais tranqüilo e
gostoso”, trabalhar com mais alegria, “cuidar da aparência sem descuidar de essência”.
Dessa forma, com base em tal contexto (e fenômeno midiático) perguntamos:
como a temática da “qualidade de vida” é abordada pelo jornalismo especializado de
revista ao mesmo tempo em que o caracteriza?
2. A revista Vida Simples
Publicada mensalmente pela Editora Abril, a revista Vida Simples afirma-se
como uma publicação destinada para “[...] falar com um público que se preocupa cada vez
mais com qualidade de vida”5 e complementa: “repleta de dicas sobre como morar, comer,
comprar e, principalmente, se conhecer melhor, Vida Simples tornou-se uma companheira
para homens e mulheres acima dos 30 anos que querem fazer do bem-estar uma
prioridade em suas vidas”6. Atualmente, sua tiragem é de cerca de 45 mil exemplares,
sendo que destes há um total de 20.500 edições voltadas para assinantes e com um
número estimado de 129 mil leitores por mês7. A distribuição é nacional e internacional.
A publicação hoje possui destaque no segmento editorial voltado para o tema
da qualidade de vida, sendo, junto à revista Bons Fluidos – também da Editora Abril, mas
voltada para o público feminino – o veículo jornalístico especializado em “bem viver e
qualidade de vida” de maior circulação no Brasil, não possuindo similares junto às outras
grandes editoras do país.
Ao longo de suas mais de 90 edições (até dezembro de 2009) a revista passou
por duas reformulações editoriais, com mudanças principalmente na sua parte gráfica,
sem fugir, no entanto, de seus propósitos originais. Visualmente, o periódico apresenta um
layout (ver imagens abaixo) que condiz com a produção de sentido proposta pelos textos
(“consonância” entre texto, imagem e design), bem como com o estilo “do bem viver”
proposto editorialmente. Além de estar em versão impressa, o conteúdo da revista
apresenta-se disponível em versão on-line, com seções exclusivas destinadas aos
assinantes.
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Fig. 1: Seção “Mente aberta” (Ed. 61, Dez. 2007)
Fig. 2: Seção “Comer” (Ed. 61, Dez. 2007)
Todas as edições possuem uma matéria de capa, cujos assuntos abordam
“grandes temas” sobre a qualidade de vida. As seções específicas cujo mapeamento
temático deixa à mostra uma série de valores e formas de vida daquilo que corresponderia
a uma vida simples na contemporaneidade e, conseqüentemente, a um conjunto de
comportamentos morais e representações imagéticas e simbólicas deste “estilo qualificado
de vida”. O que diz também de um certo público que aparece estrategicamente nas páginas
da revista (um leitor, sem nome e sem rosto, mas, necessariamente, representante de um
certo segmento social, de um específico padrão social contemporâneo).
Se retomamos o que se diz em geral sobre as revistas, pode-se afirmar que, ao
realizarem um tipo de jornalismo especializado, as revistas – incluindo aí Vida Simples –
incorporam uma cobertura mais aprofundada que aquela realizada diariamente. Como
todo jornalismo especializado, buscam “la información oculta y sus temáticas pueden
variar por todo el ámbito de la actividad humana” (Atala, 2005, p. 9). E, segundo Scalzo,
“[...] cobrem funções culturais mais complexas que a simples transmissão de notícias.
Entretêm, trazem análise, reflexão, concentração e experiência de leitura” (Scalzo, 2004, p.
13). Por falar diretamente a um público leitor, participando de um processo comunicativo
próprio, e constituindo-o ao mesmo tempo, tal dispositivo midiático cumpre funções
culturais complexas, dotando-se de uma “sensibilidade” própria para falar do mundo e
para o mundo.
Nesse sentido, e considerando as dimensões de Vida Simples apontadas acima,
algumas pistas aparecem para se traçar um quadro geral sobre a revista em geral (como
meio de comunicação) e sobre esta publicação em específico (como veículo jornalístico
específico voltado para o bem-viver). De um ponto de vista relacional, que une estas duas
dimensões – “ser revista” e “viver bem” – parece emergir um processo singular de arranjos e
agenciamentos.
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Ao tratar a qualidade de vida, propondo uma maneira de ser e estar
“qualitativamente” no mundo, Vida Simples, constrói e se utiliza de algumas estratégias que
dialogam com duas práticas, sendo delas derivadas, mas ao mesmo tempo as modificando: o
jornalismo de revista e o jornalismo especializado. O encontro destas duas “técnicas”8 com a
temática do bem-estar configuram um conjunto comunicacional que coloca em evidência
uma série de operações e estratégias que variam em níveis principalmente técnicotecnológicos e discursivos; possibilitando, também, situações particulares de interação entre
publicação e público-leitor – sendo este último, representado e “convocado” a todo o
momento.
3. Vida Simples entre operações e estratégias
3.1. Tempos e espaços da revista
A revista é, acima de tudo, um produto jornalístico. No entanto, não vale apenas
pensá-la como subordinada aos procedimentos que este campo lhe impõe, mas também
pensá-la como um produto que convoca, dadas as suas características, um certo arranjo,
uma certa organização, para as operações jornalísticas que sobre ele operam. Nesse sentido,
um entendimento deste contexto operacional diz respeito à necessidade de compreensão de
como a técnica e a tecnologia da e na revista influenciam e determinam a leitura que seus
agentes – jornalistas e editores – farão da realidade – o mundo para o qual e sobre o qual ela
se propõe falar.
Neste universo de inscrições e instrumentos, operações e materiais, dois
âmbitos permitem pensar condicionamentos sobre a prática jornalística e que dizem do tipo
de produto jornalístico que vem a ser a revista: os tempos e os espaços que a envolvem9. A
produção informacional para revista, independentemente do conteúdo que venha a ser
publicado, está ligada a uma periodicidade10 e a uma materialidade. Jornalistas e editores11,
em sintonia com suas competências e necessidades profissionais, produzem e operam de
acordo com tempos e espaços de uma mídia impressa que difere das outras – inclusive e,
fundamentalmente, de sua “irmã” mais próxima, o jornal diário – e que, portanto, demarca
outras lógicas de objetivação da realidade. No caso de Vida Simples, trata-se de uma revista
de circulação mensal, especializada em um “único” tema e que, através de tempos e espaços
específicos (de produção e audiência) dota-se de algumas características próprias, ao
mesmo tempo em que densifica (torna mais densos) os sentidos sobre si mesma e sobre os
conteúdos que são abordados12.
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3.1.1. Temporalidades
Toda revista está cercada por duas determinantes temporais: uma do tempo de
produção da notícia e outra do tempo de duração da notícia.
Diferentemente da lógica temporal de uma cobertura jornalística diária, a
revista – e consequentemente sua produção noticiosa – possui um regime de produção
“alargado”. Seja ela semanal, seja ela quinzenal, mensal, anual13, a extensão do tempo marca
e impele ao jornalista um outro tipo de fazer, o que diz, com certeza, da existência de
posturas e olhares diferentes sobre a realidade e sobre o referente nela observado; bem
como incidirá, relacionalmente, no processo comunicativo a ser instaurado tanto no âmbito
interacional (com o leitor), quanto no âmbito textual.
Referindo-se à revista semanal de informação e como a questão do tempo nela
opera, Scalzo (2004) aponta ser impossível imaginar uma publicação semanal de
informações que se limite “a apresentar para o leitor, no domingo, um mero resumo do que
ele já viu e reviu durante a semana. É sempre necessário explorar novos ângulos, buscar
notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber, e entender o leitor de cada
publicação” (Scalzo, 2004, p. 41). Não focando exatamente este pensamento sobre o leitor,
mas principalmente a questão do texto, Villas Boas (1996) diz que a periodicidade semanal
implica às revistas de informação o preenchimento dos “vazios informativos” deixados pelas
coberturas dos jornais. Em ambos os casos, fica evidente a questão temporal atuando sobre
a prática jornalística, criando e configurando necessidades outras de investigação, apuração,
redação etc. Uma necessidade de rearranjo técnico (das operações) de tecnologias
(instrumentos) de cobertura de fatos e temas14.
Em Vida Simples cada edição é pensada a partir de grandes temáticas que,
mensalmente, caracterizam os conteúdos a serem tratados.
No editorial (Carta ao Leitor) da edição de março de 2007, há uma descrição
sobre o processo de elaboração da revista, que remete a essa temporalidade da produção da
publicação: uma rápida reunião de pauta, para “todo” um mês (tema) de produção.
Relacionando ao tema central do mês, “O nosso lado B”, o editor Leandro Sarmatz aponta o
processo de produção da revista como um momento de explicitação das capacidades e
sensibilidades dos integrantes da equipe produção e como as mesmas são importantes para
se reconhecer em cada um dos membros sua personalidade, seus lados “A” e “B”. Escreve o
editor:
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Pois falo daquelas reuniões, no mais das vezes marcadas para dali
um segundo, reuniões a jato, combinadas de forma quase
mediúnica, em que todos se concentram no meio da redação para
falar de uma idéia que tiveram para a próxima edição. É preciso ver
para crer. Sai uma pá de idéias, insights, iluminações profanas
(como diria o filósofo Walter Benjamin). Sacadas absolutamente
geniais de arte, texto e edição. Dá gosto de ver a Adriana, a Camila, o
João (sim: o João Zambom, o estagiário que está nos deixando, pois
afinal o cara já é bacharel e agora vai imprimir sua marca em várias
coisas legais, aguarde), a Márcia, a Priscilla (e este vosso modesto
interlocutor) falando e falando e falando. E criando com
entusiasmo, empolgação e amor. [...] Um pouco do melhor de nós
costuma aparecer nestas páginas. Tem coisa mais bacana que saber
qual é a nossa melhor porção? (Vida Simples, Carta ao Leitor, p. 14,
Março de 2007)15.
Além disso, há, muitas vezes, um gancho jornalístico temporal com o mês em
que circula a revista. Exemplo da edição de dezembro de 2007, cuja seção “Comer” (voltada
para uma alimentação “saudável” que combine com o estilo de vida proposto pela revista)
apresenta uma matéria sobre frutas secas, alimento muito consumido no mês do Natal. A
chamada de capa para esta matéria diz: “Muito além do Panetone”.
No jornalismo de revista, tais afetações do tempo da produção estão envolvidas
por uma outra temporalidade: a da duração dos conteúdos que serão produzidos. A revista,
“publicação de periodicidade mais larga obriga-se a não perecer tão rapidamente, a durar
mais nas mãos do leitor” (SCALZO, 2004, p. 42). Dessa forma, o jornalismo de revista, no
casamento de suas operações com seus conteúdos, deve ser feito e existir em consonância
com uma noção de longevidade, que marcará também a presença da publicação e de seus
temas no próprio cotidiano da sociedade: tanto como elemento constituinte, quanto
elemento constituidor. Em Vida Simples, outros exemplos podem ser pensados sobre este
aspecto.
Um primeiro deles diz respeito aos “grandes temas” da revista, explícitos
principalmente nas matérias de capa. Tais reportagens e temas possuem uma qualidade
atemporal, que permite lê-los não apenas no mês em que a publicação está circulando. De
janeiro a outubro de 2007, são tratados: a auto-estima (“Você gosta de você?”), compaixão
(“O despertar da compaixão”), auto-conhecimento (“Afinal, quem é você?”, “Maturidade”,
“Ansiedade”, “Nosso lado B”), mudanças na vida (“Acabou. Saiba dizer adeus”, “mudar é
bom”), ficção (“Era uma vez”), limites (“A gota d’água”).
Os textos norteados por estes grandes tópicos, pretendem mapear uma
temporalidade da sociedade contemporânea (temporalidades sociais, portanto),
considerando-a problemática, colocando no centro da resolução dos conflitos por ela
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impostos os próprios sujeitos, e dizendo, ao mesmo tempo, como estes devem se portar e
agir16. Sua temporalidade diz muito mais de um “espírito do tempo” do que de um fato
isolado, algo corrente no jornalismo. Mais que “matérias frias” ou “de gaveta” – para usar o
jargão jornalístico – tais reportagens lidam com tópicos que permeiam “acontecimentos de
longa-duração”17 na nossa sociedade e que, no caso deste tipo de publicação, referem-se a
contextos muito mais amplos, cujos tempos se constituem por temas. Aqui,
especificamente, a qualidade de vida.
Um segundo exemplo relaciona-se ao próprio texto da revista, indicando ao
leitor uma temporalidade de leitura. Caso da matéria de capa da edição de setembro de
2007, sobre o tema da Ansiedade, que, em algum momento, diz:
Se você chegou até aqui nesta reportagem é porque dedicou um
tempinho do seu dia para uma reflexão. Então responda: que
diferença faz a velocidade com que você responde a uma
pergunta, desde que a resposta seja correta? A não ser que esteja
se preparando para uma profissão como salva-vidas ou motorista
de ambulância, você acha mesmo importante dar valor a essa
mesma velocidade que causa ansiedade e superficialidade? (Vida
Simples, Setembro de 2007, Matéria de Capa, p. 33).
Os arranjos temporais acima selecionados ainda estão envolvidos e
relacionados por um outro tipo de arranjo, que diz da revista (e, também, de forma
específica sobre Vida Simples): o espaço.
3.1.2. Espacialidades
Além da organização proposta e imposta pelo tempo, outro elemento
organizador da produção noticiosa de revista, condicionante da leitura e da presença que
esta tem sobre a realidade, está caracterizado pela sua materialidade (elemento, vale dizer,
indissociável da questão temporal).
Como veículo impresso, com tamanhos e formas variados, mas condizentes com
o dito formato próprio que lhe caracteriza e lhe diferencia frente a outras publicações, a
revista também atua materialmente sobre o jornalismo que lhe compõe bem como sobre o
texto que este gera. Além de ser um objeto possível de ser guardado, colecionado, recortado
– o que é oferecido pela sua qualidade material (bom papel, boa impressão, tamanhos
razoáveis) – a revista também é um suporte, um substrato que marca distintivamente as
inscrições que lhe são direcionadas. Não se pode, é claro, confundir o suporte com o
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dispositivo. No entanto, também não se pode negar a presença e a influência deste primeiro
nos agenciamentos realizados pelo segundo.
No caso de Vida Simples, tal condicionamento fica evidente quando se pensa a
relação texto-imagem-projeto gráfico. O espaço da revista é “ocupado”, “inscrito” por lógicas
que buscam, acima de tudo, funcionar em consonância com o grande tema da publicação. Há
uma presença visual na ocupação espacial que agencia uma leitura sobre o texto norteada
pela idéia da simplicidade, da leveza, o que, relembrando a questão dos tempos, diz também
de um certo ritmo do e para o espaço da revista e para o conteúdo neste presente.
Alguns exemplos:
Fig. 3: Seção “Personagem” (Dez. 2007)
Fig. 4: Seção “Mente Aberta” (Dez. 2007)
Nas duas figuras acima é possível perceber o papel da programação visual na
construção de sentido proposta pela revista. Em ambas as imagens fica clara a importância
da composição da página e sua co-determinação na construção de significados para o texto
e para o tema tratado. Na “Figura 3”, a disposição das fotografias e do texto na página e os
conteúdos de ambas, em diálogo, corroboram o tom do perfil em questão. A personagem
“Dona Cano”, exala simplicidade e qualidade de vida, tal qual mostram e “fazem respirar”,
texto e imagem. O mesmo pode-se dizer da encenação (Maingueneau, 2001) proposta na
“Figura 4”. O título “Me leva?”, bem abaixo do olho (e do olhar!) do cachorro em cena,
corrobora uma das “dicas” da seção “Mente Aberta”, do mês de dezembro de 2007: “Adote
um animal de estimação”. A imagem, ocupando toda a página, colabora também para o
“chamado” da “chamada” do texto.
Como nos lembra Mouillaud, “os dispositivos são lugares materiais ou
imateriais nos quais se inscrevem (necessariamente) os textos [...]” (Mouillaud, 2002, p.
34). Os conteúdos presentes nas publicações estão impressos nas páginas sob a forma de
enunciados tanto textuais, quanto visuais (figurativos) e gráficos (relativos ao design da
página), cujas maneiras de expressão18, apontam para uma grande relevância dos
processos de enunciação19 aí presentes. São processos que se estendem para além dos
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textos e que remetem para as configurações jornalísticas propostas pela publicação; para a
relação destas com tamanhos, custos, formatos; para a relação com leitores (e segmentos
de público); e para a interlocução de tais operações com aspectos contextuais (sociais) que
as envolvem. Tal conjunto, no tensionamento entre processos enunciativos e enunciados,
compõe uma relação estratégica, envolvida por quadros de sentido (Rodrigues, 1994, p.
147) que lhes são anteriores, mas que, ao mesmo tempo, lhe constituem.
Na tensão de materialidade, de seus textos e visualidades, a revista apresenta
também, a partir de seu projeto gráfico, diferentes propostas comunicativas, ditando um
ritmo distinto de leitura e oferecendo uma relação de sentidos que “foge” aos padrões
canônicos do jornalismo impresso20. Na revista, e em Vida Simples, podemos dizer, está
corroborada uma importante idéia do professor espanhol Gonzalo Abril: “Si los
mecanismos retóricos y narrativos sirvieron en otra época para sostener la coherencia
semántica y pragmática del texto, son mecanismos de ‘consistencia visual’ y de
‘correspondencia sinestésica’ los que hoy principalmente sustentan la de los textos
informativos” (Abril, 2003, p. 25).
Partindo da configuração acima exemplificada, a questão discursiva,
entrelaçada pela questão espacial e temporal, merece também algumas considerações
específicas.
3.2. Enunciados, leitores e enunciações
Os textos (aqui no sentido verbal) inscritos e condicionados pela matriz
constituída pela revista marcam um outro eixo de compreensão do processo comunicativo
por ela instaurado. Na relação com a sociedade (leitores), com técnicas e tecnologias, as
palavras – inscritas – são marcadas e são marcantes de processos específicos envolvendo
enunciados e enunciações. Neste âmbito, duas categorias ganham destaque: o discurso
jornalístico presente e a inscrição dos sujeitos leitores. Ambas, direcionadas pelas três
esferas que aqui estudamos: 1) a do jornalismo especializado de revista, 2) a da qualidade de
vida e 3) a da confluência, do encontro entre as duas.
3.2.1. O discurso jornalístico de revista em Vida Simples21
Tomar o discurso jornalístico de revista significa pensar o texto para além de
sua dimensão apenas verbal, implica extrapolar a delimitação que muitos realizam para
pensar o jornalismo de revista localizando sua interpretação apenas de um ponto de vista
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dos gêneros discursivos. Se considerarmos que o jornalismo é um “tipo” de discurso e que o
jornalismo de revista, configurar-se-ia como um “gênero” discursivo no interior deste, vale
pensar o discurso aí presente para além dos códigos e das significações implícitas, buscando
relevar o nível dos sentidos que envolvem o todo deste processo22.
Nesse sentido, se quisermos dimensionar um quadro de compreensão sobre o
“jornalismo de Vida Simples”, é necessário recorrer a algumas noções caras ao jornalismo e
cruzar algumas características do discurso específico da revista com outros discursos sobre
a temática do “bem-estar” que circulam em diferentes materialidades no interior da
sociedade. Deve-se pensar, pois, primeiramente, duas questões já mencionadas ao longo
deste artigo: o jornalismo de revista e o jornalismo especializado.
Segundo os conhecidos manuais de redação jornalística, o texto que se produz
para revista deve, segundo Sérgio Vilas Boas (1996), acima de tudo, preencher os vazios
informativos deixados pelas coberturas dos jornais. O estilo magazine, como aponta o autor,
deve ser mais interpretativo e documental do que os jornais diários, o rádio e a TV; mas,
diferentemente do livro-reportagem, ser menos “avançado e histórico”.
Complementando sobre essa “vocação estilística”, Marília Scalzo (2004) afirma
que o texto da revista deve cobrir funções culturais mais complexas que a simples
transmissão de notícias. Cabe a ele, segundo a autora, oferecer ao leitor reflexão, análise
sobre a realidade e experiência de leitura. O texto ali produzido deve compreender o
contexto cultural e social para o qual se dirige, buscando nestes mesmos contextos, formas e
códigos de linguagem para dialogar com um público específico, com as demandas e
identidades deste.
Retomando a idéia de segmentação, que tratamos anteriormente, é justamente
o segmento para o qual se volta a revista, um dos fatores determinantes e constituintes do
discurso jornalístico que nela se produz. Além disso, há um outro fator a se considerar: a
relação com as fontes. Uma vez que se trata de um jornalismo especializado, temos, na
revista
não
um
discurso
propriamente
especializado,
mas
sim,
construído
especializadamente. As fontes ouvidas, consideradas especialistas, são chamadas não só de
forma a fornecer informações e conteúdos para os textos, mas também para colaborar com
as estratégias de legitimidade e credibilidade do discurso jornalístico que ali se constrói.
No caso específico de Vida Simples essas qualidades jornalísticas ganham outros
pormenores. Ao lidar com a temática da “qualidade de vida” a revista parece mesclar dois
tipos de matérias jornalísticas (comportamento e prestação de serviços) a um tipo de
discurso muito presente e difundido na sociedade, o discurso da “auto-ajuda”. Ao
caracterizar-se por praticar um “tom” bastante prescritivo, o discurso jornalístico da revista
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aproxima-se das lógicas que norteiam este “ramo best-seller” da literatura mundial
contemporânea. O discurso da revista dota-se de um caráter de verdade, que pode – e deve –
ser tomando como uma espécie de profilaxia.
É possível notar no discurso da revista uma mistura de espiritualidade e
cientificismo coisificador, dois elementos marcantes do discurso de auto-ajuda (Rudiger,
1996). Os textos da revista, muitas vezes, tomam por fontes uma série de especialistas
(psicólogos, psicanalistas, fisiologistas etc) e entrelaçam a fala destes com a de outras
fontes, menos acadêmicas, mas sábias no que diz respeito a valores espirituais. Assim, não
se perde a credibilidade jornalística, nem se faz propriamente auto-ajuda, mas, na junção
destas duas formas discursivas, o discurso ali construido “objetiva a subjetividade”, tal
qual apontam Giddens (2002) e Bauman (1998), com relação aos discursos reflexivos dos
“novos” intérpretes que atuam na organização de sentido na sociedade contemporânea.
Outro fator interessante está no fato de sempre, ao final matéria de capa,
fazer-se referência a livros, utilizados como fontes ao longo das reportagens, indicando a
leitura destes para “saber mais” sobre o assunto tratado23. O que lembra também aspectos
hipertextuais da publicação bem como a própria noção de hiperdispositivo (Carlón, 2004).
Alguns exemplos podem ser citados.
No que diz respeito ao caráter prescritivo e “objetivante” dos textos:
ANSIEDADE! O mundo está mais rápido, há muitas demandas e
você precisa dar conta de tudo, não é mesmo? Respire fundo e
aprenda a se ligar em uma coisa de cada vez (Vida Simples,
Setembro de 2007, chamada de Capa).
QUEM É VOCÊ? Você é diferente em casa, no trabalho, com os
amigos. Saiba como manter o equilíbrio sem perder sua essência
(Vida Simples, Junho de 2007, chamada de Capa).
ESTÁ NO AR. Aromas detonam lembranças, imagens e emoções.
Ao estimular a capacidade de sentir cheiros, você aumenta sua
saúde. E também o seu prazer (Vida Simples, Maio de 2007, Seção
“Pé no Chão”, p. 45).
No que diz respeito às fontes. Na matéria sobre o “Nosso Lado ‘B’”, já citada
anteriormente, encontramos as seguintes referências, entrelaçadas na tessitura do texto:
Na psicologia, outros fatores de influência sobre as emoções forma
descobertos e pesquisados. Freud trouxe o peso do inconsciente
nas respostas emocionais, Jung acrescentou a importância do
inconsciente coletivo e da força dos arquétipos [...] (Vida Simples,
Março de 2007, Matéria de Capa, p. 31-32).
“Ao contrário, se você cultivar emoções positivas, como a
bondade, a generosidade, a alegria, a simpatia e a compaixão, as
emoções negativas vão diminuindo. O ideal budista é que elas
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desapareçam”, diz o Dalai Lama no livro Como Lidar com Emoções
Destrutivas (Vida Simples, Março de 2007, Matéria de Capa, p. 34).
Com relação ao diálogo deste discurso com a materialidade (espaços e
tempos) de outros, um exemplo interessante pode ser citado. Não mais de um texto
jornalístico, mas de uma carta de leitor (que, de certa forma, foi selecionada pela edição da
revista):
Quando viu Vida Simples, minha mãe disse: “Parece um livro”. E
nada como um livro para soltar a imaginação (Vida Simples, Maio,
2007, Seção Cartas, p. 12).
Tal mensagem, que é bastante interessante para pensarmos a enunciação do
discurso jornalístico aí presente, remete também a uma outra dimensão discursiva da e na
revista, justamente aquela em que o leitor aparece implícita e explicitamente.
3.2.2. Leitores e discursos, leitores no discurso
A temática da qualidade de vida, além do tratamento jornalístico, atrela-se
também a um tratamento textual-conversacional. Ao tratar das grandes temáticas a que se
propõe, Vida Simples, assim como é comum ao jornalismo de revista, chama o leitor de
“você”, estabelecendo com ele uma “verdadeira conversa”. Uma conversa que, neste caso,
apóia-se no caráter prescritivo do texto, já citado acima, dando a esse diálogo proposto e
estabelecido, características de uma relação não apenas de “audiência-meio”, mas também
de, principalmente, “leigo-especialista”, oscilando também entre “mestre-aprendiz”, “gurudiscípulo”.
Nesta dinâmica, o leitor aparece ora explicitamente, ora implicitamente, o que
fica claro no entrecruzamento dos espaços físicos destinados a ele no interior da publicação
e no interior dos próprios textos. Vejamos alguns exemplos.
Nos textos, o estilo prescritivo propõe uma relação bastante específica:
Quando o relacionamento, o emprego ou seu estilo de vida não têm
mais a ver com vocês, é hora de pôr um ponto final (Vida Simples,
Maio de 2007, Chamada de Capa).
É fundamental conhecer de perto nossas emoções negativas para
mudar o que incomoda (e assim deixar tudo bem afinado) (Vida
Simples, Março de 2007, Chamada de Capa).
Nos editoriais, um momento explícito de conversa:
Vale a pena descobrir um pouco mais sobre um dos temas mais
importantes da nossa vida. De qual delas? De todas,
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independentemente da máscara que você esteja usando agora (Vida
Simples, Junho de 2007, Editorial, p. 14).
Por falar em fins e começos, você deve estar sentindo falta do
redator-chefe Leandro Sarmatz, que todo mês ocupa com maestria
essa página. É que Leandro despediu-se da vida de solteiro, entrou
para o time dos casados e está em lua-de-mel com sua musa Milena
– mas no mês que vem está de volta! (Vida Simples, Maio de 2007,
Editorial, p. 16).
Nas cartas dos leitores, aparece o posicionamento destes a partir de “seu lugar
de fala”. No exemplo abaixo, um leitor remete24 a como a revista tratou deste “lugar” na
edição anterior, ao citar o repórter responsável pelo texto.
Descobri esta revista tão relaxante há bem pouco tempo. Lê-la é um
refrigério para a alma. Sou feliz porque tive avós, tias, babás e
minha própria mãe que encheram minha vida de histórias e livros.
Viver, na verdade, é escrever um livro cheio de linhas e, sobretudo,
entrelinhas. Obrigada, Fabrício Carpinejar, por me lembrar da
importância do “era uma vez”... (Vida Simples, Maio de 2007, Seção
“Cartas”, p. 14).
Nos trechos citados, aparece de forma interessante um outro aspecto a ser
trabalhado e pensado ao se tomar relacionalmente a revista, tal qual a proposta que aqui
esboçamos: o contrato de leitura assumido pela publicação. Como nos relembra Fausto Neto
(1995), baseando-se em Verón, devemos observar a interação entre a instância da produção
e da recepção como um processo sujeito a um “conjunto de regras e instruções construídas
pelo campo da emissão para serem seguidas pelo campo da recepção, condição com que ele
se insere no sistema interativo proposto e pelo qual ele é, consequentemente, reconhecido
como tal” (Fausto Neto, 1995, p. 1999).
Realiza-se, pois, uma captura do leitor que, no caso de Vida Simples,
potencializa-se ainda mais dada a natureza intertextual e originariamente prescritiva de
seu discurso.
4. Ser revista e viver bem
“Na concorrência difusa entre os meios, o segredo é ser o que se realmente é.
No caso, o segredo é ser ‘revista’” (Scalzo, 2004, p. 52). A frase de Scalzo nos serve como
boa síntese do que pretendemos neste texto. Buscamos, a partir de um objeto empírico
determinado, apontar para um conjunto inicial de aspectos (matriciais e constituintes) da
revista como produto jornalístico, elencando algumas bases para se perceber a trama das
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dimensões que a compõem, permitindo, ao mesmo tempo, pensá-la de uma maneira que
lhe seja própria.
Considerando os tensionamentos entre jornalismo e qualidade de vida (desde
uma lógica matricial, que considera o processo comunicativo aí instaurado), a
problematização aqui construída pretendeu esboçar e apresentar um desenho possível
para a localização e compreensão da revista no contexto da imprensa jornalística,
apontando suas singularidades e os sentidos que a compõem. Não se buscou, com isso,
criar certas generalizações sobre este meio de comunicação, mas, sobretudo, refletir sobre
uma prática jornalística que não é propriamente “noticiosa” e que, portanto, merece,
também, ser pensada de forma específica.
Como nos lembra Verón, “O fato de um mesmo conteúdo, um mesmo domínio
temático possa ser assumido por dispositivos de enunciação muito diferentes, reveste-se de
um interesse particular” [...] (Verón, 2004, p. 219). Nesse sentido, buscamos tatear e propor
uma compreensão da revista em suas processualidades e ambiências, compreendendo o
conjunto aí formado diz da construção de um objeto de estudo e sobre este objeto de estudo.
Entender a articulação entre os eixos apontados não significa apreender (neste
momento) o significado da qualidade de vida proposta por Vida Simples, assim como não
esgota outros pormenores jornalísticos que se encontram na tensão entre o “ser revista” e o
“viver bem”. De qualquer forma, ver Vida Simples em seus agenciamentos e contextos,
corresponde a uma visada atenta às maneiras de constituição de mercados discursivos
contemporâneos, bem relaciona-se à percepção sobre arranjos “revistativos” (Tavares,
2008) que reatualizam e sofisticam o “bem viver” na e para a sociedade.
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1
Suportes duros e pesados impõem um tipo de inscrição e de instrumento, assim como o oposto
também. Relembrando Régis Debray (1993), a matéria e o utensílio nela utilizado modificam o
espírito do traçado, o estilo de um Zeitgeist.
2 Não queremos dizer com isso que tais movimentos sejam propriamente inéditos na história do
homem. O que nos interessa, no entanto, é identificar que particularidades e especificidades são por
eles marcadas e os marcam tomando como contexto a sociedade dos “nossos dias atuais”.
3 “Mas o aspecto que mais interessa ao debate sobre a segmentação é que a família, que já havia
sido desarticulada como unidade de produção desde o início do capitalismo, começa a ser
desmontada enquanto unidade de consumo. Na segunda metade do século XX, novos sujeitos
sociais e novos sujeitos consumidores entrarão em cena” (Mira, 2004, p. 252).
4 Disponível em: http://publicidade.abril.com.br/homes.php?MARCA=52. Acesso em 12 de
novembro de 2009.
5 Disponível em: http://publicidade.abril.com.br/homes.php?MARCA=52. Acesso em 12 de
novembro de 2009.
6 Disponível em: http://publicidade.abril.com.br/homes.php?MARCA=52. Acesso em 12 de
novembro de 2009.
7 Disponível em: http://publicidade.abril.com.br/homes.php?MARCA=52. Acesso em 12 de
novembro de 2009.
8 Como propõe Aumont (2001), a noção de técnica pode ser tomada como prática, regra operatória
da ação humana; estando a tecnologia ligada à ordem dos instrumentos e da materialidade que se
associam a essa prática. Sobre essa discussão ver também Baudry (2003) e Dubois (2004).
9 “O dispositivo tem uma forma que é a sua especificidade, em particular, um modo de estruturação
do espaço e do tempo” (Mouillaud, 2002, p. 35).
10 Antunes, ao postular que a abordagem da temporalidade seja apreciada no âmbito de uma
problemática sócio-discursiva, na qual as categorias do sentido acham-se, ao mesmo tempo,
orientadas para o exterior e para o interior da linguagem, diz, baseado em Eliseo Verón: “A
temporalidade afigurar-se-ia como um elemento ao mesmo tempo intra e extradiscursivo, faz parte
das gramáticas de produção e reconhecimento e também das condições de produção e
reconhecimento” (Antunes, 2007, p. 97).
11 Os leitores não estão excluídos deste processo, ocupando um espaço cognitivo tanto no
repertório que adquirem sobre estas práticas, quanto no reconhecimento que os produtores fazem
de sua existência. Nesse sentido, como relembra Aumont (2001), além das dimensões espaço e
tempo, uma terceira dimensão permite pensar a questão do dispositivo: a dimensão simbólica
(relacionada ao tensionamento técnica e ideologia). Neste texto, especificamente, não trataremos
deste terceiro âmbito.
12 Compartilhamos com Mouillaud da seguinte idéia, que toma os vê os dispositivos
“matricialmente”: “Os dispositivos não são apenas aparelhos tecnológicos de natureza material. O
dispositivo não é o suporte inerte do enunciado, mas o local onde um enunciado toma forma. Os
dispositivos da mídia também não exercem o simples papel de contextos” (Mouillaud, 2002, p. 85).
13 Tais diferenças temporais também trazem distinções entre o tipo de jornalismo produzido pelas
diferentes publicações – revistas – aí envolvidas.
14 A leitura realizada por Scalzo, quase que um relato de sua experiência como jornalista de revista
durante muitos anos, é propícia e instigante para pensarmos essa relação. De jornalista de uma
redação diária, de jornal, para jornalista de uma publicação mensal, a revista, a autora relata:
“Demorei para entender a necessidade de sair da factualidade excessiva, da superficialidade do diaa-dia. Entender o ritmo de cada publicação e o quanto se permite mergulhar numa pauta – e voltar
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a tempo de fechar a edição – é aprendizado urgente para o jornalista que quer trabalhar em
revistas. Tão importante quanto conhecer seus leitores” (Scalzo, 2004, p. 42).
Sobre a produção “alargada” nas revistas, Érik Neveu acrescenta: “O jornalismo de revistas é
também o terreno das soft news. Se uma parte dessa imprensa deve seguir o calendário dos
acontecimentos que se impõem a ela, como as competições esportivas, a maior parte das revistas
(cozinha, saúde) pode construir seus conteúdos jornalísticos de uma forma relativamente
desconectada da atualidade dos acontecimentos imprevisíveis. A preparação das edições
especialmente para as mensais e trimestrais, se realiza com meses de antecedência” (Neveu, 2006,
p. 54).
15 Tal fala ainda deixa claro outras operações e estratégias da revista: a lógica de aproximação com
o leitor (característica deste tipo de jornalismo), o que se observa no tom conversacional do texto e
na citação aos nomes dos integrantes da equipe (como pessoas que seriam próximas e conhecidas
dos leitores); assim como também o estilo jornalístico da revista, mais interpretativo, e que no caso
de Vida Simples, faz-se muitas vezes com citações e referências a grandes autores e pensadores,
caso, neste editorial, de Walter Benjamin. Tais estratégias evidenciam também a configuração da
revista no que diz respeito ao segmento de público para o qual ela se volta e que poderíamos
caracterizar, em linhas gerais, como “sofisticado”; bem como apontar para suas marcas discursivas,
o que discutiremos posteriormente.
16 “Tempo e temporalidades já são de alguma data objeto de certo modismo intelectual, com amplo
espaço e apelo no ambiente da mídia e em toda sorte de literatura voltada para a ‘boa’ gestão da
vida cotidiana (auto-ajuda e afins). Nesse ‘mercado de idéias’ faz sucesso a tematização de uma
crise das sociedades lastreadas em maneiras de lidar com o tempo que criam ‘tiranias’ e ‘doenças’
decorrentes do culto da ‘pressa’ e do ‘imediato’” (Antunes, 2007, p. 26).
17 Em nossa tese de doutoramento tratamos desta questão no tensionamento entre a noção de
acontecimento jornalístico e tema. Sobre essa reflexão ver Tavares (2009).
18 Hoje, aponta Mar de Fontcuberta, “no hay lugar para la improvisación en la maqueta de una
página, compaginación de un diario o revista, la elección de una fotografía, o del entorno físico que
rodea al presentador del telediario. Tampoco hay azar a la hora de seleccionar las sintonías o
formatos en la radio o la televisión. Todo es parte de un conjunto en el que el binomio
contenido/forma se ofrece trabado de tal manera que establece relaciones mutua de dependencia”
(Fontcuberta, 1993, p. 65)
19 “[...] o enunciado e as particularidades de sua enunciação configuram, necessariamente, o
processo interativo, ou seja, o verbal e o não-verbal que integram a situação e, ao mesmo tempo,
fazem parte de um contexto maior histórico, tanto no que diz respeito a aspectos (enunciados,
discursos, sujeitos etc.) que antecedem esse enunciado específico quanto ao que ele projeta
adiante” (Brait; Melo, 2005, p. 67).
20 Diz Scalzo (2004): “Um ponto que diferencia visivelmente a revista dos outros meios de
comunicação impressa é o seu formato. Ela é fácil de carregar, de guardar, de colocar numa estante
e colecionar. [...] Seu papel e impressão também garantem uma qualidade de leitura – do texto e da
imagem – invejável” (p. 39).
“Ainda devido à qualidade do papel e da impressão, outro grande diferencial positivo das revistas,
principalmente em relação aos jornais, é a sua durabilidade. Revistas duram mais (graças à
qualidade do papel, é verdade, mas pelo conteúdo também)” (p. 41).
21 Não pretendemos nesta seção realizar uma “análise de discurso” propriamente dita sobre o
discurso jornalístico de Vida Simples, mas sim caracteriza-lo em linhas gerais a fim de que,
futuramente, desenvolvamos linhas analíticas mais concretas para o mesmo.
22 Sobre a discussão de gêneros textuais ver Maingueneau (2001). Sobre a discussão de gêneros
textuais jornalísticos ver Berger e Tavares (2008).
23 É possível encontrar ao longo das mais de 90 edições já publicadas muitas referências a livros de
auto-ajuda.
24 Vale lembrar, como nos aponta Verón, que “[...] um discurso não pode ser analisado em si mesmo
e que analisar um discurso pressupõe a definição prévia de um nível de pertinência da análise e
que, consequentemente, a análise sempre relaciona o discurso com qualquer outra coisa que não
ele próprio, então isso implica que essa ‘outra coisa’ não será a mesma na produção e no
reconhecimento, relativamente a um mesmo discurso” (Verón, 2004, p. 160).
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