REGINA DO RIO ALVARES AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE DEFICIENTES FÍSICOS PRATICANTES DE BASQUETEBOL EM CADEIRAS DE RODAS E DEFICIENTES FÍSICOS NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA-PR GUARAPUAVA 2010 REGINA DO RIO ALVARES AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE DEFICIENTES FÍSICOS PRATICANTES DE BASQUETEBOL EM CADEIRAS DE RODAS E DEFICIENTES FÍSICOS NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA-PR Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Departamento de Nutrição, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª. Esp. Angelica Rocha de Freitas GUARAPUAVA 2010 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE DEFICIENTES FÍSICOS PRATICANTES DE BASQUETEBOL EM CADEIRAS DE RODAS E DEFICIENTES FÍSICOS NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA-PR ALVARES, Regina do Rioa FREITAS, Angelica Rochab Resumo Devido à imobilização, o indivíduo após adquirir uma lesão medular, apresenta atrofia muscular e maior acúmulo de gordura, abaixo do nível da lesão. Estudos mostram o benefício da prática regular de atividade física para deficientes físicos, melhorando os níveis de deposição de gordura central e dos níveis glicêmicos e lipídicos. Logo, a avaliação nutricional tem importante papel na qualidade de vida desses indivíduos. O objetivo do presente estudo foi avaliar o estado nutricional de deficientes físicos, divididos em dois grupos, sendo um composto por praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas (PBC), e outro por deficientes físicos não praticantes de atividade física (NPAF), no município de Guarapuava-PR. Os resultados mostraram que os dois grupos têm ingestão hídrica e alimentação inadequada e que o grupo dos PBC tem melhor hábito intestinal. Mais de 50% dos indivíduos do grupo dos NPAF apresentam excesso de peso. Os PBC apresentaram circunferência da cintura (CC) e índice de conicidade (IC) mais elevado do que o outro grupo. Os resultados para circunferência muscular do braço (CMB), área muscular do braço (AMB) e área adiposa do braço (AAB) foram melhores nos PBC. Ambos os grupos apresentaram percentual de gordura corporal acima dos referenciais normais, entretanto os PBC apresentaram média inferior ao grupo dos NPAF. A avaliação bioquímica demonstrou que os NPAF apresentam melhores resultados. Assim sendo, conclui-se que a prática de atividade física, beneficiou o grupo dos PBC em relação ao percentual de gordura corporal, quantidade de massa magra e hábitos intestinais, mas não em relação ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e aos níveis bioquímicos. Palavras-chave: atividade física, deficiência física, avaliação nutricional Abstract Due to immobilization, the individual after acquiring a spinal cord injury, has muscular atrophy and a greater accumulation of fat below the level of injury. Studies show the benefits of regular physical activity for disabled people, improving the levels of central fat deposition, and the glucose and lipids levels. Therefore, nutritional assessment has an important role in the quality of life of these individuals. The aim of this study was to evaluate the nutritional status on the disabled people, divided into two groups, one composed of basketball players in wheelchairs (PBC), and another by disabled people not engaged in physical activity (NPAF), in municipality Guarapuava-PR. The results showed that both groups have food and water intake inadequate, and that the group of PBC has better bowel habits. Over 50% of a b Acadêmica do 4º ano de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Professora do Departamento de Nutrição da UNICENTRO individuals in the group of NPAF are overweight. The PBC has CC and CI higher than the other group. The results for CMB, AMB and AAB were better in PBC. Both groups showed body fat percentage above the normal reference, however the PBC group had lower average than of NPAF. The biochemical evaluation showed that NPAF has best results. Therefore, we conclude that physical activity has benefited the group of PBC in relation to the percentage of body fat, lean mass and bowel habits, but not in relation to risk of developing cardiovascular disease and in to biochemical levels. Key words: physical activity, physical disability, nutritional assessment Introdução A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes incapacitantes, devido à grande importância da medula espinhal, que não é apenas uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um centro regulador para importantes funções como respiração, circulação, bexiga, intestino, controle térmico e atividade sexual. O trauma ou doença que altere a função medular produz como consequência, além de déficits sensitivos e motores, alterações viscerais, sexuais e tróficas1. As lesões da medula espinhal (LME) podem ser divididas em duas categorias etiológicas amplas: lesões não-traumáticas e lesões traumáticas2. As lesões não-traumáticas em populações adultas, geralmente, resultam de uma doença ou influência patológica, como disfunções vasculares (trombose, embolia ou hemorragia), subluxações vertebrais secundárias à artrite reumatóide ou doença articular degenerativa, infecções como a sífilis ou mielite transversa, neoplasias espinhais, siringomielia, abscessos da medula espinhal, paralisia histérica, e doenças neurológicas, como a esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica. As lesões traumáticas são as mais frequentes e resultam de danos causados, mais prevalentemente, por acidentes automobilísticos, arma de fogo ou quedas. Podem ser classificadas em completa, quando não há funções sensitivas ou motoras abaixo do nível de lesão, a qual é causada por uma transecção completa, compressão grave ou intensa deterioração vascular à medula e, incompleta, quando há preservação de alguma função sensitiva ou motora abaixo do nível de lesão, geralmente, causada por pressão da medula exercida por osso e/ou tecidos moles deslocados ou pelo edema situado no interior do canal vertebral2,3. Segundo Lianza et al.1, as manifestações clínicas consequentes à lesão medular, dependem dos efeitos fisiopatológicos que essa lesão provocou sobre a medula. As lesões acima do segmento medular T1 causam tetraplegia, enquanto que as lesões abaixo desse segmento causam paraplegia. O nível de lesão é determinado pelo último segmento sensitivo e motor preservado em ambos os lados do corpo, onde se observa que quanto mais alta é a lesão, maior é a perda das funções motoras, sensitiva e autônoma, e maiores são as alterações metabólicas do organismo. Após adquirir uma lesão medular, o indivíduo experimenta uma rápida atrofia de sua massa muscular não funcional, abaixo do nível da lesão. A impossibilidade de mobilizar as fibras musculares causa sua atrofia e também um maior acúmulo de gordura na região paralisada4. Estudos demonstram que indivíduos lesionados medulares apresentam níveis de gordura corporal acima dos referenciais normais, apesar dos parâmetros utilizados para essa população terem sido os estabelecidos para populações sem deficiência física, devido a inexistência de parâmetros específicos para indivíduos com lesão medular3,5,6. Em seu estudo com jogadores de basquetebol e não praticantes, Quintana e Neiva7 mostram os benefícios gerados pela prática regular de atividade física sob a redução de riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus e síndrome metabólica, onde os praticantes de atividade física apresentam menores níveis de deposição de gordura central, melhor controle glicêmico e alterações menos pronunciadas do perfil lipídico, quando comparados com indivíduos não praticantes de atividade física. A prática desportiva vem sendo incorporada pelas pessoas com deficiência, motivadas por diferentes objetivos, os quais são justificados pela sua importância no processo de reintegração, inclusão social, reabilitação ou promoção de uma melhor qualidade de vida dessa população. A importância do exercício regular e da participação em esportes para reabilitação de indivíduos com lesão da medula espinhal tem sido reconhecida desde a Segunda Guerra Mundial, no hospital de Stoke Mandeville, na Inglaterra, devido à necessidade de exercícios e saídas recreativas para indivíduos feridos na guerra. Dentre os esportes adaptados, destaca-se o Basquetebol em Cadeiras de Rodas, esporte que exige agilidade, velocidade e proficiência em certas habilidades motoras6. Para Silva et al.8, o engajamento de pessoas com limitações físicas em programas de atividades esportivas aliado a um planejamento alimentar adequado pode minimizar as sequelas do trauma e o risco de desenvolvimento de doenças relacionadas. Apesar de haver inúmeras pesquisas que demonstrem a importância do exercício físico e da boa alimentação na melhora do estado nutricional e da qualidade de vida humana, são escassos os estudos que verificam a importância desses fatores na saúde de lesados medulares, além da inexistência de recomendações e de protocolos para avaliação antropométrica específicos para essa população. Mesmo com todas essas dificuldades é importante que se realizem mais estudos, a fim de se avaliar o estado nutricional de indivíduos com deficiência física, independentemente de serem ou não praticantes de alguma atividade física, facilitando o acompanhamento nutricional desses indivíduos. Dessa maneira, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional de deficientes físicos praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas e deficientes físicos não praticantes de atividade física, independentemente de gênero, através de parâmetros antropométricos e bioquímicos, contribuindo com informações atualizadas no estabelecimento de condutas adequadas em relação à saúde desses indivíduos. Casuística e Métodos Esse estudo foi inicialmente aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (COMEP) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), sob o parecer de número 178/2009 (Anexo 1). Casuística O estudo foi realizado com 17 indivíduos deficientes físicos, de ambos os gêneros, pertencentes à Associação dos Deficientes Físicos de Guarapuava José Rocha de Freitas no Município de Guarapuava-PR, sendo um grupo composto por deficientes físicos praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas (PBC), todos do gênero masculino, sendo a maioria (n=6) cadeirante e o outro por deficientes físicos não praticantes de atividade física (NPAF), composto por um indivíduo do gênero masculino e o restante do grupo por indivíduos do gênero feminino, sendo apenas um cadeirante. Foram incluídos no estudo deficientes físicos adultos, com idade superior a 19 anos que concordaram em fazer parte do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – Apêndice 1). Os dados foram coletados através de um questionário estruturado, elaborado para este estudo (Apêndice 2), sendo a coleta de sangue e as medidas antropométricas aferidas no Ambulatório de Atendimento Nutricional da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Campus CEDETEG, em dia pré-determinado. Avaliação antropométrica e da composição corporal As variáveis antropométricas avaliadas foram o peso corporal (kg), a estatura (m), quatro dobras cutâneas (mm), percentual de gordura corporal, circunferência da cintura (cm) e circunferência do braço (cm). Os indivíduos foram colocados, com roupas leves, em balança plataforma da marca ® Balmak , com precisão de 100g e capacidade para 150 kg, para aferição do peso. A altura foi estimada através da envergadura pela medida feita da hemi-chanfradura do esterno até o dedo médio e o resultado multiplicado por dois. A partir das medidas do peso e da estatura foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo-se o peso (kg) pela estatura (m) ao quadrado, sendo utilizados os pontos de corte preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS)9. A espessura das dobras cutâneas, conforme técnica preconizada por Heyward e Stolarczyk10, foi realizada em triplicata, do lado direito dos indivíduos, utilizando-se um adipômetro clínico da marca Cescorf®. Foram mensuradas as dobras cutâneas triciptal, biciptal, subescapular e supra-ilíaca em mm, calculando-se a média das três medidas. Para obtenção da Dobra Cutânea Triciptal (DCT) foi localizado, com o auxílio de uma fita graduada, o ponto médio entre o acrômio e o olécrano, com o braço flexionado junto ao corpo, formando um ângulo de 90º. A dobra foi mensurada, na parte posterior do braço, com os braços relaxados e estendidos ao longo do corpo. A aferição da Dobra Cutânea Biciptal (DCB) foi feita no mesmo nível da DCT e da circunferência braquial, na parte superior do braço. A Dobra Cutânea Subescapular (DCSe) foi realizada no ângulo inferior da escápula, destacada em diagonal. Na medida da Dobra Cutânea Supra-ilíaca (DCSi), a dobra foi destacada na direção oblíqua sobre a linha média axilar no ponto em que esta se encontra, 2 cm acima da crista ilíaca. O percentual de gordura corporal foi obtido a partir da soma das quatro dobras cutâneas11 e os resultados comparados aos valores de referência propostos por Pollock e Wilmore12. A medida da circunferência da cintura (CC) foi obtida por meio de uma fita métrica inextensível, no ponto médio entre a décima costela e a crista ilíaca, sendo os valores encontrados comparados aos valores de referência da OMS9. A circunferência do braço (CB) foi aferida por meio de fita métrica inextensível, no ponto médio entre o acrômio e o olécrano, e os valores encontrados comparados com os valores preconizados por Frisancho13, através de percentis. A partir da CB foram obtidos os valores da circunferência muscular do braço (CMB), área muscular do braço (AMB) e área adiposa do braço (AAB) por meio de fórmulas específicasc,d,e, e os valores encontrados comparados, através dos percentis, aos valores c CMB = CB(cm) - (PCT[mm] x 0,314) AMB = (CB[cm] - PCT)² /4 e AAB =AB - AMB, sendo AB (Área do Braço) = d x d², onde d = CB/ preconizados por Frisancho13. O índice de conicidade (IC) foi obtido a partir da circunferência da cintura através de fórmula específicaf e os valores comparados aos propostos por Pitanga14. Avaliação bioquímica A avaliação bioquímica foi realizada através de análise bioquímica de sangue, após jejum de 12 horas, sendo o sangue coletado no Ambulatório de Atendimento Nutricional da UNICENTRO e enviado para um laboratório de análises clínicas da cidade de GuarapuavaPR. Os valores encontrados, para glicemia de jejum foram comparados aos valores de referência preconizados pela Associação Americana de Diabetes (ADA)15. Para colesterol total, os valores encontrados foram comparados aos utilizados como padrão de referência pelo National Cholesterol Education Program (NCEP)16 e os valores de triglicerídeos foram comparados ao preconizado pelo NCEP17. Análise estatística Para descrição das variáveis quantitativas, foi realizada uma análise estatística descritiva através de frequências, médias e desvio-padrão, com auxílio do Software Microsoft Excel®. Para comparação de médias entre os dois grupos do estudo, foi utilizado o teste-T de Student, e para as variáveis categorizadas foi utilizado o teste Qui-Quadrado, com auxílio do Software Microsoft Excel®, com nível de significância de p<0,05. Resultados e Discussão Do total dos participantes, 52,94% eram homens e 47,06% eram mulheres, 41,18% eram cadeirantes e 58,82% não cadeirantes. Na Tabela 1 são apresentadas as características gerais dos avaliados, como idade, peso e altura médios, com os respectivos desvios-padrão. Observa-se que dos 17 indivíduos participantes do estudo, 52,94% (n=9) não são praticantes de atividade física, enquanto que 47,06% (n=8) são praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas. Nota-se que não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, exceto em relação à estatura, em que se notou diferença estatisticamente significante com valor de p <0,01, tendo os PBC maior estatura média. f IC = CC(m) / 0,109 TABELA 1 – Características gerais dos avaliados PBC (n=8) NPAF (n=9) Valor de p* Idade (anos) 41,38±15,63 46,78±13,50 0,23 Peso (kg) 74,00±14,69 61,26±20,31 0,08 1,75±0,08 1,56±0,11 <0,01 Estatura (m) PBC: Praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas / NPAF: Não praticantes de atividade física *comparação das médias avaliadas pelo teste-T de Student Resultados semelhantes foram encontrados no estudo realizado por Silva et al.8, com média superior de estatura nos praticantes de atividade física. Nota-se que os indivíduos analisados são relativamente jovens e que os indivíduos do grupo NPAF têm média de idade superior ao do grupo PBC. Em relação ao peso e estatura médios, observa-se que os do grupo PBC apresentam valores superiores aos do grupo de NPAF concordando com valores obtidos em outros estudos5,18. Nos estudos realizados por Silva et al.8 e por Rodrigues e Rocha19, foi verificado que o número de deficientes físicos praticantes de atividade física era menor que o dos praticantes, o mesmo mostrado neste estudo, que dentre os deficientes físicos 52,94% (n=9) não são praticantes de atividade física, apesar dos benefícios gerados pela prática regular de exercícios físicos. O tipo de lesão apresentada pelos participantes desse estudo está caracterizado no Gráfico 1, em que se observa uma diversidade quanto ao tipo de lesão, sendo a poliomielite a lesão de maior incidência nos grupos estudados (35%). Gráfico 1 – Caracterização do tipo de lesão dos participantes do estudo (população geral) Horta et al.20 mostraram que a poliomielite também foi a causa de maior incidência nos grupos analisados, em que 15 dos 20 participantes do estudo (75%) apresentavam este tipo de lesão. Embora a prática de exercícios físicos apropriados para pessoas com lesão medular, seja de grande importância para a saúde física, mental e social, no Brasil, poucos clubes, academias e centros esportivos encontram-se aptos a receber estas pessoas com dificuldades de locomoção. Estima-se que a maioria dos indivíduos com lesão medular apresente estilo de vida bastante sedentário, podendo ser esta a razão pela qual, comumente, apresentem perfil lipídico indesejável, colocando-os em situação de alto risco para doença cardiovascular19. Os hábitos e estilo de vida dos participantes do estudo estão caracterizados na Tabela 2. Nota-se que nos dois grupos o número de refeições diárias é inferior a três, não estando de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) nos 10 passos para uma alimentação saudável21. Observa-se que em relação aos hábitos intestinais, apenas 25% (n=2) dos indivíduos do grupo dos PBC não evacuam diariamente, com diferença estatística significante entre os grupos (p<0,01), demonstrando que a prática de atividade física também pode auxiliar no funcionamento intestinal desta população1. Verifica-se, também, que os dois grupos ingerem quantidade insuficiente de água diariamente de acordo com o recomendado nos 10 passos para uma alimentação saudável21, sendo mais grave no caso do grupo dos PBC, pois a atividade física requer um aporte maior na ingestão diária de líquidos. TABELA 2 – Comparação dos hábitos e estilo de vida entre PBC e NPAF PBC (n=8) NPAF (n=9) Valor de p* + de 4/dia 3 (37,5%) 3 (33,3%) 0,67 - de 3/dia 5 (62,5%) 6 (66,7%) Diário 6 (75%) 5 (55,6%) Não diário 2 (25%) 4 (44,4%) + 6 copos/dia 1 (12,5%) 2 (22,2%) - 5 copos/dia 7 (87,5%) 7 (77,8%) Refeições/dia Hábito intestinal <0,01 Ingestão hídrica *comparação das variáveis analisadas pelo do teste do Qui-quadrado 0,06 A alimentação adequada é de fundamental importância para as pessoas de uma forma geral. Apesar de não haver recomendações específicas sobre a alimentação de deficientes físicos, praticantes ou não de atividade física, suas necessidades nutricionais devem ser avaliadas, levando-se em consideração o nível de atividade física, as alterações nos processos metabólicos, o uso crônico de medicamentos e os hábitos alimentares20. Nesse sentido, orientações sobre uma alimentação equilibrada, tanto quantitativa como qualitativamente, poderá auxiliar na melhoria da qualidade de vida dessa população. Na tabela 3 são demonstrados os dados antropométricos e a composição corporal dos indivíduos participantes do estudo. Observa-se que o grupo dos NPAF apresentou IMC acima do normal para adultos9 e que o excesso de peso está presente em mais de 50% dos indivíduos deste grupo, com diferença significativa entre os dois grupos (p<0,01), mas deve-se observar que este grupo é composto na sua maioria por indivíduos do gênero feminino. TABELA 3 – Comparação dos dados antropométricos e composição corporal de PBC e NPAF IMC (média/DP) Excesso de peso Eutrofia Circunferência da Cintura (média/DP) Com risco Sem risco Circunferência do Braço (média/DP) Excesso de peso Eutrofia Circunferência Muscular do Braço (média/DP) Adequado Excesso de peso Área Muscular do Braço (média/DP) Adequado Excesso de peso Área Adiposa do Braço (média/DP) Adequado Baixo peso % Gordura Corporal (média/DP) Alto Adequado Índice de Conicidade (média/DP) Alto Adequado *variáveis analisadas pelo teste-T de Student **variáveis analisadas pelo teste Qui-quadrado PBC (n=8) 24,34±6,08 3 (37,5%) 5 (62,5%) 105,19±19,89 6 (75%) 2 (25%) 34,63±4,42 4 (50%) 4 (50%) 31,33±3,09 4 (50%) 4 (50%) 7880,36±1561,23 5 (62,5%) 3 (37,5%) 1801,17±956,13 8 (100%) 0 23,81±7,03 7 (87,5%) 1 (12,5%) 1,49±0,16 7 (87,5%) 1 (12,5%) NPAF (n=9) 25,36±8,51 5 (55,6%) 4 (44,4%) 88,94±15,86 5 (55,6%) 4 (44,4%) 32,17±6,37 5 (55,6%) 4 (44,4%) 27,00±5,39 4 (44,4%) 5 (55,6%) 6009,41±2577,59 5 (55,6%) 4 (44,4%) 2515,57±1299,81 7 (77,8%) 2 (22,2%) 31,30±7,54 8 (88,9%) 1 (11,1%) 1,28±0,10 8 (88,9%) 1 (11,1%) Valor de p 0,39* <0,01** 0,04* <0,01** 0,19* 0,09** 0,03* 0,26** 0,04* 0,16** 0,11* <0,01** 0,03* 0,66* <0,01* 0,65** Resultados semelhantes foram observados em outros trabalhos. Desport et al.21 analisando 20 pacientes com lesão medular verificaram que a média de IMC foi acima de 26,5 kg/m². Em outro estudo23 realizado com atletas paraolímpicos brasileiros da equipe de basquetebol, observaram que a média de IMC destes atletas era inferior a 23 kg/m². Oito pessoas com deficiência física praticantes de natação foram analisadas e verificou-se que as mulheres apresentaram excesso de peso18. O excesso de peso dos participantes do grupo dos PBC pode ser explicado pelo fato de que a maioria, ou seja, 6 dos 8 participantes desse grupo, é cadeirante, e que mesmo sendo praticantes de atividade física, acumulam maior quantidade de gordura corporal que os não cadeirantes. No caso do grupo dos NPAF o excesso de peso pode ser devido ao grupo ser composto, quase na sua totalidade (apenas um componente é homem) por mulheres que tendem a ter maior quantidade de gordura corporal que os homens. Quintana e Neiva7, em seus estudos, analisando cadeirantes praticantes de basquetebol e não praticantes verificaram que a medida da CC foi menor no grupo dos praticantes de basquetebol. Esse resultado foi contrário ao observado no presente estudo, em que as medidas da CC no grupo dos PBC foram superiores ao dos NPAF, com valores estatisticamente significativos entre as médias de CC (p<0,05) e para o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Observa-se que o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares24 foi maior no grupo dos PBC (p<0,01). Os resultados encontrados neste estudo talvez possam ser explicados pelo fato de que o grupo dos PBC é composto, na sua maioria, por cadeirantes, que devido à imobilização leva ao maior acúmulo de gordura central4. A CB é utilizada para estimar a proteína somática e tecido adiposo, podendo ser considerada medida independente ou combinada com a DCT para cálculo CMB, AMB e AAB25. Assim sendo, os valores obtidos dessas medidas demonstram a quantidade de massa magra que os indivíduos participantes do estudo apresentam. Ao se analisar a CB e AAB, observa-se que não houve diferença significativa entre os dois grupos. No entanto, a média da CMB (p=0,03) e da AMB (p=0,04) foi superior no grupo dos PBC e a porcentagem de indivíduos classificados com excesso de peso na determinação da CB, CMB e AMB foi maior no grupo dos NPAF corroborando com os valores encontrados para IMC. Observa-se também, que a AAB está adequada na totalidade dos indivíduos do grupo dos PBC, demonstrando os benefícios que a atividade física propicia para essa população, podendo ocasionar redução da gordura corporal e elevação ou manutenção da musculatura. Em estudo semelhante, Gomes et al.26 estudando 4 atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Amputados, verificaram que os atletas estudados apresentaram CMB e AMB dentro da faixa de normalidade. Em relação ao percentual de gordura corporal nota-se que os dois grupos apresentam nível de gordura corporal acima dos referenciais normais27. Entretanto, a média do grupo dos PBC foi inferior ao do grupo dos NPAF com diferença significativa (p<0,05) entre eles. Outros estudos realizados com deficientes físicos mostraram resultados semelhantes, em que a média do percentual de gordura corporal é inferior nos praticantes de atividade física. Em estudo realizado por Gorla et al.6 com 22 indivíduos lesados medulares praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas, a média de percentual de gordura corporal foi de 23,44% para os com lesão abaixo do nível de T7 e de 19,27% para os com lesão acima do nível de T7. Nicastro et al.5 analisando o perfil antropométrico de indivíduos com lesão medular verificaram que a média do percentual de gordura corporal foi superior a 30% . Em outro estudo realizado com 16 indivíduos praticantes de atividade física e 12 sedentários, todos paraplégicos, observou-se que a média do percentual de gordura dos praticantes de atividade física foi inferior a 20% enquanto que os sedentários apresentaram percentual superior a 26%8. Analisando fatores de risco para síndrome metabólica, Jones et al.28, observaram que a média do percentual de gordura corporal foi acima de 27% nos 20 indivíduos com lesão medular analisados. O percentual de gordura corporal também foi analisado em 5 lesados medulares principiantes na prática de atletismo, verificando-se que a média dos níveis de gordura corporal foi superior a 26,5%3. O IC foi calculado a partir dos valores obtidos através da medida da CC, peso e estatura dos participantes deste estudo13. Este índice reflete o excesso de adiposidade na região abdominal, permitindo comparações diretas de adiposidade entre os indivíduos ou populações, além de apresentar fraca correlação com a estatura, o que é desejável para qualquer indicador de obesidade29. Nota-se que a média do grupo dos PBC foi superior ao do grupo dos NPAF, com diferença significativa entre os dois grupos (p<0,01). Entretanto, devese observar que o grupo dos PBC é composto, na sua maioria por cadeirantes, como foi dito anteriormente, e que esse fato por si só leva a um maior acúmulo de gordura corporal na região central, além de que este índice está diretamente relacionado aos valores encontrados para a CC. Os valores dos exames laboratoriais são demonstrados na Tabela 4. Dois participantes do estudo, um de cada grupo, não realizaram os exames por não estarem em jejum no dia da coleta de sangue. Observa-se que não houve diferença estatística entre as médias de colesterol total, triglicerídeos e glicemia de jejum entre os grupos. Nota-se que os valores encontrados no grupo dos NPAF foram melhores do que do grupo dos PBC, com valores normais para triglicerídeos e glicemia de jejum em 100% dos indivíduos pertencentes ao grupo dos NPAF, divergindo de outros trabalhos, em que os valores mais adequados estavam no grupo dos praticantes de atividade física. TABELA 4 – Comparação dos dados laboratoriais entre PBC e NPAF PBC (n=7) NPAF (n=8) Valor de p 197,71±46,77 199,25±24,13 0,46* Valores normais 5 (71,4%) 7 (87,5%) <0,01** Elevados 2 (28,6%) 1 (12,5%) Triglicerídeos 180,57±104,36 123,25±44,27 0,09* Valores normais 3 (42,9%) 8 (100%) <0,01** Elevados 4 (57,1%) 0 70,29±8,54 69,00±7,78 0,38* 7 (100%) 8 (100%) 0,99** 0 0 Colesterol Total (média mg/dL e DP) (média mg/dL e DP) Glicemia de jejum (média mg/dL e DP) Valores normais Elevados *comparação das variáveis analisada pelo teste-T de Student **comparação das variáveis analisada pelo teste Qui-quadrado Ribeiro et al.30 analisando o perfil nutricional de cadeirantes ativos, verificaram que os níveis lipídicos eram melhores no grupo de deficientes jogadores de basquetebol, do que os do grupo controle. Outros estudos realizados com indivíduos lesionados medulares mostram os benefícios que o exercício físico propicia em relação à manutenção dos níveis normais de colesterol, triglicerídeos e glicemia de jejum7,8,31. Os valores dos exames encontrados neste estudo, talvez possam ser explicados pelo fato de que a maioria dos integrantes do grupo dos NPAF serem mulheres e que estas tendem a cuidar melhor da alimentação. Muitas dificuldades foram encontradas para a realização desse trabalho, sendo uma das maiores em relação ao número reduzido de indivíduos que se dispuseram a participar do estudo, além da diversidade entre os grupos, limitando maiores discussões dos resultados encontrados. A análise dos dados também ficou prejudicada devido à inexistência de recomendações nutricionais e de protocolos para avaliação antropométrica específicos para essa população. Conclusão Com base nos resultados encontrados nesse estudo, pode-se concluir que a prática de atividade física, no caso o basquetebol em cadeiras de rodas, foi benéfica para o grupo dos praticantes dessa atividade física, que apesar de apresentarem percentual de gordura corporal elevado, apresentaram níveis de massa magra superiores ao do grupo dos NPAF, além de melhor funcionamento intestinal. Entretanto, observou-se que a atividade física não beneficiou o grupo dos PBC em relação ao risco de desenvolvimento de doenças coronarianas e nem em relação aos níveis bioquímicos, onde se notou melhores resultados no grupo dos NPAF. Esses resultados talvez possam ser explicados pelo fato de que a maioria do grupo dos PBC é cadeirante, e que essa condição pode levar a um maior acúmulo de gordura corporal e maiores alterações no perfil lipídico, em função de menor mobilidade física. A maior limitação desse trabalho foi em relação à composição dos grupos de estudo, que devido ao número reduzido de indivíduos participantes, foi bastante heterogêneo, dificultando maiores discussões. Assim sendo, outros trabalhos devem ser realizados, com um maior número de indivíduos, para uma melhor caracterização do estado nutricional de deficientes físicos. Também, fica clara a necessidade de se estabelecer recomendações nutricionais e protocolos específicos para essa população. Observou-se, ainda, a importância da atuação da equipe multidisciplinar, incluindo o nutricionista, junto a esses indivíduos, auxiliando na melhoria de sua saúde em geral. Referências 1 Lianza S, Casalis MEP, Greve JMD, Eichberg R. A Lesão Medular. In: Lianza S. Medicina de Reabilitação. 3nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. p. 299-322. 2 Schmitz TJ. Lesão Traumática da Medula Espinhal. In: O’Sullivan SB, Schmitz TJ. Fisioterapia: avaliação e tratamento. Nascimento FG. (Trad.). 2. ed. 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