SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MÊS – SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO REGINA LÚCIA OLIVEIRA DO VALE BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS: um olhar sobre a acessibilidade Cuiabá - MT Novembro 2009 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA –IFET EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA INCLUSIVA REGINA LÚCIA OLIVEIRA DO VALE BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS: um olhar sobre a acessibilidade Cuiabá - MT Novembro 2009 REGINA LÚCIA OLIVEIRA DO VALE BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS: um olhar sobre a acessibilidade Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-graduação do curso de Educação Profissional Tecnológica Inclusiva, do Centro federal de educação Tecnológica de Mato Grosso, como exigência para a obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. MSc. Celso michillis Cuiabá - MT Novembro 2009 REGINA LÚCIA OLIVEIRA DO VALE BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS: um olhar sobre a acessibilidade Trabalho de conclusão de Curso em Educação Profissional Tecnológica inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-graduação do Centro tecnológico de Mato grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista. Aprovado em: ___________________ _____________________________________________ Prof. MSc. Celso Michillis (orientador) _____________________________________________ Prof. MSc. Marcelo Bezerra da Silva (orientador) _____________________________________________ Prof. MSc. Kamila Ferreira Batista (Membro da Banca) Cuiabá - MT Novembro 2009 Dedico este trabalho em especial àqueles que de alguma forma buscam promover a acessibilidade os deficientes em geral e que contribuem para tornar este sonho possível. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, que através de Sua Sabedoria criou um mundo magnífico para ser desfrutado por TODOS os seres, Aos meus pais, que com todo o seu amor e fé, me dedicaram a vida, me ensinando sempre que devemos acreditar na nossa força, naquilo que desejamos e que jamais devemos desistir antes de tentar, Aos meus familiares os meus verdadeiros amigos os quais considero os Anjos que Deus enviou para iluminarem a minha vida, Ao Prof. de Educação Física Wilson Flávio da Silva Correa (ALLSTAR RODAS) e seus respectivos atletas que se Em especial ao meu orientador Celso Michiles pela ajuda na confecção deste trabalho. Obrigada! RESUMO A deficiência física abrange uma variedade de condições reais que afetam o indivíduo em termo de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala em decorrência de lesões neurológicas, musculares e ortopédicas, ou ainda de má formação congênita ou adquirida. Este trabalho tem a intenção de analisar as contribuições do basquetebol em cadeira de rodas para praticantes com deficiência física bem como as dificuldades enfrentadas para a continuidade de sua participação nesta modalidade esportiva. Este estudo se apresenta no sentido de refletir a cerca da inclusão através da acessibilidade, na construção das relações sociais, na qualidade de vida e no beneficio físico que esta prática desportiva pode proporcionar às pessoas com deficiência física. Palavras-chave: Deficiência. Basquetebol. Acessibilidade. Inclusão. Necessidades Especiais. ABSTRACT The physical deficiency includes a variety of real conditions that affect the individual in term of mobility, of general coordination motora or of speech as a result of neurological, muscular and orthopedical injuries, or still of bad congenited or acquired formation. This search intends to analyse the contributions of the basketball in wheelchair for apprentices with physical deficiency and also the difficulties faced for the continuity of their sporting kind. The study shows up in the sense of considering about the inclusion through the accessibility, in the construction of the social relations, in the quality of life and for the people with physical deficiency. Keywords: Disability. Basketball. Accessibility. Inclusion. Special Needs. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 CAPITULO I – HISTÓRICO DO BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS 13 1.1 ASPECTOS GERAIS 13 1.2 HISTÓRICO DO CLUBE DOS DEFICIENTES FÍSICOS DO PARÁ ALL STAR RODAS 14 CAPITULO II – ASPECTOS TÉCNICOS SOBRE O BASQUETEBOL EM 17 CADEIRA DE RODAS 2. 1 CADEIRA DE RODAS 17 2.2. PREPARAÇÃO DO ATLETA 18 2.2.1. Técnicas de manejo em cadeiras de rodas 18 2.2.2. Formas diversas de locomoção 19 2.2.3. Classificação funcional 19 2.3 REGULAMENTO DO JOGO 20 2.3.1 Regulamento da quadra 21 2.3.2 Pontuação do jogo 21 2.3.3 Regra para iniciar a bola em jogo 21 2.3.4 Violações específicas no basquetebol em cadeira de rodas 21 2.3.5 Violação das linhas divisórias 22 2.3.6 Violação de percurso 22 2.3.7 Violação de 3 segundos 22 2.3.8 Faltas pessoais 23 2.3.9 Falta técnica 23 2.3.10 Falta antidesportiva 23 CAPITULO III – INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE: TUDO A VER 25 3.1 DEFINIÇÃO DE ACESSIBILIDADE 25 3.2 1981: UM ANO A SER LEMBRADO 25 3.3 MUDANÇA DE OLHAR 26 3.4 A ACESSIBILIDADE DIMINUI A DESVANTAGEM 26 3.5 ACESSIBILIDADE É UM DIREITO HUMANO 27 3.6 DESENHO UNIVERSAL 27 CAPITULO IV – A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA ATRAVÉS DA ACESSIBLIDADE 30 4.1 ASPECTOS GERAIS DA INCLUSÃO 30 4.2 A INCLUSÃO SOCIAL DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 32 CAPITULO V – METODOLOGIA 35 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 35 5.2 DISCUSSÃO 35 5.3 BENEFÍCIOS DO BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS 37 5.4 CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DOS COMPONENTES DO ALL STAR RODAS 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41 REFERÊNCIAS 43 INTRODUÇÃO Historicamente, o ser humano vive em busca de melhorar sua condição de ser e de viver. Muitas foram as barreiras enfrentadas para que a ciência e a tecnologia pudessem trazer bem estar e melhores condições de vida. Nem sempre a tecnologia esteve a favor das pessoas com deficiência física, em alguns aspectos, até mesmo limitou o progresso destas pessoas. No entanto, hoje vemos um crescendo de recursos tecnológicos sendo criados estrategicamente para se adaptar à realidade dos que precisam se locomover, utilizar os espaços físicos e sociais além de integrar-se no meio em que vivem e buscar novas fronteiras para realizações de sonhos pessoais. A deficiência física abrange uma variedade de condições reais que afetam o indivíduo em termo de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala em decorrência de lesões neurológicas, musculares e ortopédicas, ou ainda de má formação congênita ou adquirida. Este trabalho tem a intenção de analisar as contribuições do basquetebol em cadeira de rodas para praticantes com deficiência física bem como as dificuldades enfrentadas para a continuidade de sua participação nesta modalidade esportiva. Este estudo se apresenta no sentido de refletir a cerca da inclusão através da acessibilidade, na construção das relações sociais, na qualidade de vida e no beneficio físico que esta prática desportiva pode proporcionar às pessoas com deficiência física. A prática do basquetebol em cadeira de rodas, pode se tornar uma porta de reentrada da pessoa com deficiência na sociedade, visto que a maioria dos atletas que pratica esta modalidade, não nasceu deficiente ou não adquiriu a deficiência quando crianças, mas a maioria se tornou deficiente quando jovens, ou mesmo adultos, e que através do esporte adaptado muitos destes cidadãos retomam ideais e sonhos antes esquecidos, e principalmente o anseio do reconhecimento de suas histórias por meio do esporte. Algumas instituições tem se destacado na busca da melhoria da qualidade de vida dos deficientes físicos. No Brasil, existem vários projetos de apoio a estes deficientes e que priorizam o retorno dessas pessoas ao convívio social e melhor qualidade de vida na família além de propor emancipação no nível cultural e estudantil de seus freqüentadores Atualmente há instituições em Belém que estão contribuindo significativamente para o desenvolvimento esportivo e de lazer desses cidadãos. Dentre elas se destaca o CLUBE DOS DEFICIENTES FÍSICOS DO PARÁ – ALL STAR RODAS, fundado no ano de 1997. Para além de contribuírem na inserção de pessoas com deficiência física em atividades físicas de esporte e de lazer, essa instituição reconhecidamente, tem também um papel relevante na inclusão social desse segmento da população na sociedade. Essa instituição procura ainda sensibilizar a população e a sociedade em geral para as barreiras arquitetônicas e atitudinais sofridas pelos deficientes em suas idas e vindas diárias, além de fazer uso dos avanços tecnológicos para a melhoria da qualidade de vida de seus atletas, sejam essas melhorias em termos médicos, fisioterápicos e materiais esportivos que se adéqüem à realidade dos praticantes da modalidade. O basquetebol sobre rodas vem sendo utilizado pelo All Star Rodas como uma das ferramentas para o desenvolvimento integral das pessoas com deficiência física e como meio de re-aprendizagem física e social, priorizando uma relação saudável com o corpo e a mente, envolvendo todas as dimensões da relação da pessoa com deficiência e consigo mesma, com os demais e com o mundo. CAPITULO I HISTÓRICO DO BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS 1.1 ASPECTOS GERAIS A história do basquete em cadeira de rodas confunde-se com a história dos demais esportes para deficientes. Apesar de há muito tempo os deficientes utilizarem várias práticas esportivas em forma de lazer, o primeiro registro oficial de esporte paraolímpico data de 1932, quando foi criado na Inglaterra, uma associação de jogadores de golfe com um só braço. O principal marco histórico do esporte paraolímpico se dá durante a Segunda Guerra Mundial quando, em 1944, em Aylesbury, na Inglaterra, o neurologista Ludwig Guttmann, que escapara da perseguição aos judeus na Alemanha nazista criou, a pedido do governo britânico, o Centro Nacional de Lesionados Medulares do Hospital de Stoke Mandeville, especializado no tratamento a soldados do exército inglês feridos na Segunda Guerra Mundial, onde se trabalhava com atividades de Arco e Flecha. Em 1948, Guttman cria os I Jogos Desportivos de Stoke Mandeville, com a participação de 14 homens e 2 mulheres da Forças Armadas Britânicas em uma única modalidade, Arco e Flecha. Em 1952, Sir Guttmann realizou o II Jogos Desportivos de Stoke Mandeville com a participação de 130 atletas entre ingleses e holandeses. Paralelo a esses acontecimentos, surgiu nos EUA o Paralyzed Veterans of America (Veteranos Paralisados da América), que começaram a desenvolver atividades esportivas. É aí que surge o primeiro registro de um jogo de basquete em cadeira de rodas, na divisão da PVA em New England, EUA, mas a mais popular foi a divisão da PVA na Califórnia, EUA, indo depois para Boston, Memphis, Richmond, New York, Canadá e Inglaterra. A equipe mais popular nos EUA era a equipe da região Oeste, a Birmingham Flying Wheels, que também era uma divisão da PVA. O primeiro campeonato oficial ocorreu em 1948 denominado I Campeonato Nacional da PVA nos EUA de basquetebol em cadeira de rodas, se sagrando campeã a equipe Flying Wheels da Califórnia. A popularização do esporte levou à formação da primeira equipe que não era formada por militares, a Kansas City Wheelchairs Bulldozers. A primeira paraolimpíada aconteceu em 1960, em Roma, quando o médico italiano Antonio Maglio, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia, cidade italiana, sugeriu que os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville fossem disputados naquele ano na capital da Itália, na seqüência e nas mesmas instalações da XVI Olimpíada. A Olimpíada dos Portadores de Deficiência - na verdade, os Jogos Paraolímpicos - contou com 400 atletas em cadeira de rodas, representando 23 países. As autoridades italianas deram todo apoio à competição que teve calorosa acolhida do Papa João XXIII. A contar daquela edição, exceto em raras impossibilidades de alguns paísessede, os Jogos Paraolímpicos são disputados na mesma cidade e nas mesmas instalações das Olimpíadas. No Brasil, devemos a Sérgio Del Grande a introdução da modalidade. Em 1951, ele sofreu um acidente durante uma partida de futebol, e ficou paraplégico. Os médicos recomendaram a ele que viajasse para buscar tratamento nos Estados Unidos. Naquele país, Sergio percebeu o quanto era dado valor para a prática esportiva associada ao processo de reabilitação. Em meados a década de 50, Del Grande voltou para o Brasil, trazendo consigo uma cadeira de rodas especial para a prática do basquetebol. Fundou o clube dos Paraplégicos de São Paulo e procurou incentivar outras pessoas com deficiência para praticar a modalidade, através de exibições. Como sua cadeira havia sido fabricada nos Estados Unidos e não existia modelo parecido no Brasil, um fabricante procurou Sergio para desenvolver aquele material aqui, utilizando sua cadeira de rodas como protótipo. Em troca, Del Grande solicitou que o fabricante desse a ele 10 cadeiras de rodas, para que a primeira equipe fosse formada. E foi o que aconteceu. 1.2 HISTÓRICO DO CLUBE DOS DEFICIENTES FÍSICOS DO PARÁ ALL STAR RODAS O Clube dos Deficientes Físicos do Pará – All Star Rodas é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada no ano de 1997, que tem por finalidade promover o bem-estar e a integração social da pessoa com deficiência através de atividades esportivas, de lazer e social. É reconhecida nacionalmente e internacionalmente como uma entidade que desenvolve um trabalho de responsabilidade social através do esporte paraolímpico e preocupada em promover ações que efetivamente contribuam para o crescimento da qualidade de vida da pessoa com deficiência, oferecendo instrumentos que permitam a superação de conceitos e direitos atuando assim no crescimento da auto-estima do deficiente, ao mesmo tempo, disponibiliza para a sociedade como um todo informações e exemplos de quanto este segmento é estigmatizado pelo preconceito e que como pode ser simples promover a inserção dos mesmos. Proporcionando-lhe autonomia intrínseca a cidadania. Durante alguns anos o Clube All Star Rodas trabalhou especificamente com basquetebol em cadeira de rodas, mas, devido ao grande número de pessoas com deficiência nas atividades do projeto, houve a necessidade de expandir o trabalho esportivo para outras modalidades paraolímpicas, haja vista que nem todos desenvolvem habilidade para o basquetebol, então, atualmente, trabalha com atletismo, natação, tênis de mesa, dança e halterofilismo, como forma de atuação de lazer ativo, reabilitação, socialização e treinamento esportivo, para que todas as pessoas com deficiência dentro do projeto tenham acesso às metodologias do treinamento esportivo adaptado, possibilitando melhoras significativas em suas atividades motrizes, seu condicionamento físico e a técnica de manejo de cadeira de rodas desenvolvendo assim sua auto-estima e sua confiança. Para executar suas atividades esportivas e sociais o All Star Rodas conta com uma sólida parceria de patrocínio do Banco da Amazônia que oferece toda a infraestrutura para participar nas competições esportivas e em eventos sociais, assim como a Secretaria Executiva de Esporte e Lazer (SEEL) que disponibiliza o professor Wilson Flávio da Silva Corrêa com a parte de sua carga horária para aplicar no projeto e faz a liberação de recurso quanto necessário para o clube além do apoio da Prefeitura Municipal de Belém, através da Guarda Municipal, que cede o professor em tela para desenvolver as atividades do clube assim como empresta seu ginásio esportivo para a realização dos treinamentos. Os treinamentos são aplicados de forma educacional buscando a massificação do esporte paraolímpico e servindo de base para as atividades em busca de talentos esportivos para atuarem no âmbito local, regional, nacional e internacional, tendo como resultado da aplicação do projeto, a participação do All Star Rodas nos jogos Parapanamericano realizado na cidade do Rio de Janeiro/2007. A participação da equipe nos referidos jogos, promoveu a consolidação do projeto como referência de trabalho paraolímpico no Brasil, uma vez que a seleção feminina de Basquetebol em Cadeira de Rodas tinha como base três atletas do clube paraense, além do técnico e do mecânico do clube na direção técnica da Seleção Brasileira, o que levou o Brasil a um resultado inédito, pois conseguiu através dos para atletas paraenses sua classificação para as paraolimpíadas de Pequim/2008. O Brasil, em toda a sua história, participou de uma paraolimpíada, como convidado, sendo que, a seleção Brasileira, já foi convocada no ano de 2008, na qual dezesseis atletas, o técnico e o mecânico da seleção paraense da equipe do All Star Rodas compõem esta equipe. Temos também o atleta Eduardo Sales convocado para a Seleção Brasileira Masculina de Basquetebol em Cadeira de Rodas e 08 (oito) atletas na categoria SUB-21 também formando a seleção brasileira que participará das seletivas para o Mundial de basquetebol em cadeira de rodas. O Clube All Star Rodas através de sua equipe feminina representou o Brasil no campeonato de Basquetebol Feminino do México ficando como vice-campeão. O clube teve também, a satisfação de receber através de seu técnico, uma homenagem do Ministério do Planejamento Social e Combate a Fome, através de um certificado Especial Fome Zero – Legado Social dos Jogos Pan-Americanos e Parapanamericanos no Rio de Janeiro/2007 demonstrando o reconhecimento da eficiência deste projeto que atua de forma integrada nas vertentes do esporte educacional, participativo e de rendimento. Hoje, o projeto do All Star Rodas conta com 90 atletas, sendo 50 atletas do time de rendimento na faixa etária de 13 à 40 anos, alguns com lesões medulares, poliomielite, paralisia cerebral, amputados. A maioria dos entrevistados adquiriu a deficiência física em decorrência da violência urbana (brigas de gangues, acidente de moto, assaltos e atropelamentos). Dos 15 atletas entrevistados, uma cursa a faculdade de educação física, um faz o curso técnico de enfermagem, três estão se preparando para o vestibular na área de enfermagem, dois são funcionários públicos, os outros entrevistados não possuem renda fixa, recebem uma ajuda de custo do governo federal para se manterem no projeto, pois a renda familiar da maioria é baixa caracterizando uma das maiores barreiras encontradas por esses atletas, que possuem mulher e filhos. CAPITULO II ASPECTOS TÉCNICOS SOBRE O BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS 2.1 A CADEIRA DE RODAS Sempre que possível, é feita sob medida, levando em consideração a limitação física e a característica do jogador quanto ao jogo de basquete. A cadeira deverá ser dotada de certos requisitos (medidas), no intuito de garantir a segurança e igualdade na competição. A cadeira deverá ter 3 ou 4 rodas; duas rodas grandes localizadas na parte traseira da cadeira e uma ou duas rodas pequenas na parte da frente. Atualmente, a regra permite que uma pequena rodinha seja colocada na parte traseira, para que, em contato com o solo possa dar uma maior segurança ao jogador. Os pneus traseiros deverão ter um diâmetro máximo de 0,66m e a roda deverá possuir um aro para o seu manejo (impulsão). A altura máxima do assento não pode exceder a 0,53 m do solo e o descanso para os pés não poderá ultrapassar os 0,11m do solo, com as rodas dianteiras em posição alinhada para movimento para frente. A parte de baixo do descanso para os pés deverá ser desenhada de tal maneira que não danifique a superfície da quadra. O jogador deve usar uma almofada de material flexível sobre o assento da cadeira. A almofada deverá ser da mesma largura e comprimento do assento da cadeira e não pode exceder 0,10 m de espessura, exceto para os jogadores das classes 3.5, 4.0 e 4.5, onde a espessura máxima permitida é de 0,05 m. os jogadores são obrigados a usar cintas e suportes para segurar o corpo na cadeira e cintas para manter as pernas juntas. É permitido o uso de órteses e próteses. Não são permitidos pneus pretos, mecanismos de direção, freios ou mecanismos de acionamento na cadeira. Antes do início da partida, o Árbitro fará a vistoria em todas as cadeiras para verificar se estão de acordo com os requisitos do jogo. (RIBAS, p12, 1986). A ficha de classificação do jogador deverá indicar o uso de órteses ou próteses, assim como as adaptações para o posicionamento do jogador na cadeira. Trinta minutos antes do início de cada partida, o árbitro realiza uma avaliação e medição da cadeira de rodas (seating). 2.2 PREPARAÇÃO DO ATLETA Os atletas que iniciam a prática do basquetebol em cadeira de rodas devem passar pelos seguintes processos: preenchimento de uma ficha individual do atleta, avaliação com médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, preparadores físicos e classificadores funcionais e outros profissionais afins. O Clube All Star Rodas não fornece esta avaliação diretamente. O atleta traz esta avaliação dos médicos e profissionais que os acompanha há mais tempo. Tecnicamente, para fins de possibilitar um melhor desempenho desportivofuncional, é feita uma avaliação, por parte dos profissionais, com o atleta sentado na nova cadeira, onde são acrescentadas faixas de fixação (straps), para lhes dar maior segurança. É explicado detalhadamente o desenvolvimento do manejo da cadeira; a pegada, propulsão e a freada (para frente e para trás), giros, inclinação (tilt), etc. É de vital importância a orientação no desenvolvimento dos fundamentos técnicos do basquetebol: diversas variações de dribles, passes, recepção, arremessos, bloqueios, rebotes, corta-luz e falso corta-luz, e muitos outros. Desenvolvimento dos fundamentos táticos do basquetebol, ofensiva e defensivamente, transição, quadrado, jogadas defensivas e ofensivas read and react, jogadas em situações específicas. Todos os itens acima são desenvolvidos conforme o planejamento e as avaliações realizadas pela equipe multidisciplinar. 2.2.1 Técnicas de manejo em cadeiras de rodas Durante a 1ª fase de ativação do futuro usuário de cadeira de rodas, o aprendizado e treinamento do manejo de cadeira de rodas representam uma função terapêutica importantíssima. Este aprendizado contribuirá para uma maior autonomia da pessoa. Nesta fase, as técnicas de manejo, transferência e condicionamento físico básico são ministrados por um fisioterapeuta, as demais, com aperfeiçoamento das técnicas de manejo, aprimoramento da condição física geral, iniciação desportiva e vivências de dinâmicas de grupo visando à reinserção social e melhor equilíbrio emocional. O treinamento de manejo de cadeira de rodas conduz não apenas ao aprendizado e ao aperfeiçoamento de suas técnicas, mas também a ativação do sistema cardiovascular. O treinamento do manejo de cadeira de rodas engloba outros aspectos. 2.2.2 Formas diversas de locomoção a. 1 - As transferências de cadeira de rodas para uma cama, uma cadeira ou para um assento de carro. b. 2- O manejo de cadeira de rodas em pisos acidentados e nas ruas. c. 3- A locomoção mais veloz e mais resistente. Fase preparatória: tem por finalidade o posicionamento dos braços e das mãos para que se possa efetuar a propulsão de maneira econômica, eficaz e segura. Sua maior característica se baseia nos movimentos de flexão dos cotovelos com o direcionamento dos braços para trás. Pegadas: o apoio das mãos nas rodas é feito principalmente com a região tênar das mãos, região média, polegar e ponta dos dedos. 2.2.3 Classificação funcional A pontuação de cada atleta varia de 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5, 4.0 e 4.5 pontos, sendo que os pontos 1.0 são jogadores que normalmente apresentam uma lesão alta, podendo comprometer o seu equilíbrio de tronco e os seus membros superiores; o ponto 4.5 pode ser, por exemplo, aquele atleta que apresenta uma amputação do membro inferior (abaixo do joelho) lesão baixa. (www.add.com.br) Sugestão de Educativos. Segundo NETTO E GONZALES (1996), temos: Quicar a bola ao chão, ao lado, um pouco mais à frente da cadeira, ora com uma mão, ora com outra mão. Em coluna, os atletas deslocam-se na quadra, cada um com uma bola. Andar na quadra, em linha reta na cadeira de rodas. Andar na cadeira de rodas com velocidade, ficar com as duas mãos e depois com uma alternadamente. Fazer movimentos de reversão para um lado e para o outro, até realizar o pivô. Exercícios envolvendo destreza por entre os obstáculos Trabalho específico de habilidade com a bola na cadeira de rodas: recepção, arremessos parados, em movimento, passes longos, recepção com uma só mão, passe com uma só mão parada e em movimento e, após desviando-se dos obstáculos. Trabalhos de arremessos à cesta, parado e em deslocamento. Com a cadeira em movimento, comprimir a bola contra os raios da roda, eixar a bola girar junto com a roda, segurando-a com leve pressão e trazendo-a para si. 2.3 REGULAMENTO DO JOGO O basquetebol em cadeira de rodas é composto de duas equipes com o mínimo de 5 e no máximo 7 jogadores cuja finalidade é lançar a bola com as mãos para fazer a cesta no campo adversário. Compreende-se o basquetebol adaptado como a utilização dos princípios básicos da modalidade basquetebol (essência) aplicado ás pessoas com deficiência, realizando algumas adaptações nas regras. É praticado por indivíduos com lesões que afetam principalmente os membros inferiores com disfunções que o impeçam de correr, saltar e pular como uma pessoa sem lesão. Como no basquete convencional, o jogo consiste de cinco jogadores em cada time com duração de dois tempos de 20 minutos cada, ou, quatro quartos de 10 minutos, medidos com cronômetro com escala de 30 segundos. No caso de empate no escore, ao final do último quarto, será jogado com uma prorrogação de 05 minutos para o desempate. Em caso de novo empate, tantas prorrogações de 5 minutos quantas forem necessárias. 2.3.1 Regulamento da quadra A quadra regular para o jogo é de tamanho normal, 28.00 m x 15.00 m, usada para competições da I W B F. A quadra deverá ser marcada com linhas divisórias de áreas, linhas para lances livres e linhas para arremesso de 3 pontos, de acordo com o regulamento da FIBA/IWBF. O basquete em cadeira de rodas usa uma cesta padronizada, instalada a 3.05 m de altura, idêntica a cesta usada para o jogo de basquete comum. 2.3.2 Pontuação do jogo Como no basquete comum, um arremesso da linha de lance livre conta 1 (um) ponto. Um arremesso da área de jogo 2 (dois) pontos. Um arremesso da linha de 3 pontos conta 3 (três) pontos. 2.3.4 Regra para iniciar a bola em jogo Para começar cada tempo de jogo será feito um arremesso vertical da bola (bola morta), no circulo central da quadra, um jogador de cada time ficará posicionado frente a frente para tomar posse da bola que será arremessada pelo arbitro da partida. Como ao jogador não é permitido se elevar do assento da cadeira (falta técnica), o jogador com maior estatura terá maior chance de obter a posse da bola. No caso de bola presa, ou seja, os dois jogadores segurar a bola é assegurado a cada um dos times a posse para por a bola em jogo em alternadas sucessões, a direção da próxima posse após a bola presa será indicada por uma seta colocada na mesa do apontador ou no placar. Por exemplo: Se após a bola ao alto o time A obtiver a posse de bola, quando da marcação de uma próxima bola presa, esta será reposta de fora para dentro da quadra por um atleta da outra equipe. 2.3.4 Violações específicas no basquetebol em cadeira de rodas Violações são infrações cometidas contra as regras, onde o time que comete perde a posse da bola. A devolução será feita pelo time adversário por intermédio de um lançamento de fora para dentro da quadra, no ponto mais perto do local onde foi cometida a violação. 2.3.5 Violação das linhas divisórias O jogador é considerado fora da quadra quando ele ou alguma parte de sua cadeira estiver em contato com o solo sobre ou fora da linha divisória. A bola é considerada fora, quando a mesma ultrapassar a linha divisória. O causador da bola fora será o ultimo jogador a tocá-la. Entretanto, se um jogador atirar deliberadamente a bola contra seu adversário ou contra sua cadeira e esta sair da quadra, a mesma será reposta pelo adversário no ponto mais próximo onde ocorreu à violação. 2.3.6 Violação de percurso O jogador só poderá impulsionar as rodas duas vezes antes de: driblar, passar, ou arremessar a bola. Se o jogador impulsionar as rodas três vezes, incluindo movimentos de pivô, será considerada violação de percurso, a famosa "andada". 2.3.7 Violação de 3 segundos O jogador não pode permanecer mais que 3 (três) segundos na área restritiva do adversário. A não ser que a bola esteja no ar durante um arremesso para a cesta, durante o rebote ou quando a bola estiver parada. O jogador que permanecer mais de 3 segundos na área restritiva do adversário receberá uma falta por violação de 3 segundos. Durante o período de bola morta, os três segundos não são contados. Violações de 5 ou 10 Segundos Um jogador marcado de perto que estiver de posse da bola deverá passá-la, arremessá-la, driblá-la ou rolá-la dentro de cinco segundos. Igualmente, o time deverá movimentar a bola do fundo de seu campo para frente dentro de dez segundos. Tempo excessivo associado a estas duas situações resulta em violação. Faltas Faltas são infrações das regras envolvendo contatos pessoais com o oponente ou comportamento anti-esportivo. A falta é cobrada contra o ofensor e a penalidade poderá ser tanto a perda de posse da bola, como um arremesso livre ou uma serie de 3 arremessos livres em favor do adversário, dependendo da natureza da falta. A cada jogador só será permitido cometer 5 (cinco) faltas durante o jogo, quando este jogo for realizado em dois tempos de vinte minutos. Após a quinta falta o jogador será automaticamente excluído do jogo 2.3.8 Faltas pessoais O Basquete em cadeiras de rodas é um esporte sem contatos físicos. Uma falta pessoal é cobrada contra o jogador que bloquear, segurar, empurrar, carregar ou impedir o progresso de jogo do adversário com seu corpo ou com sua cadeira. Agressão desnecessária também é sancionada como falta pessoal. Para estas faltas, a cadeira de rodas é considerada como parte componente do corpo do jogador, o contato não acidental entre cadeiras constitui em falta. Se o jogador que receber a falta estiver no ato de um arremesso e pontuar, a ele será concedido um arremesso livre. Se o arremesso for nas áreas de 2 ou 3 pontos a ele será concedido 2 e/ou 3 arremessos livres respectivamente. 2.3.9 Falta técnica Uma falta técnica será cobrada sempre que um jogador demonstrar deliberadamente conduta antidesportiva: quando um jogador elevar-se do assento da cadeira ou quando um jogador remover os pés do descanso de pé ou usar outra parte do corpo que não as mãos, para obter vantagens, tais como frear ou manobrar a cadeira. A cobrança para a falta técnica é de 2 (dois) arremessos livres concedidos ao adversário. O capitão do time cobrador da falta designará o jogador que executará os arremessos 2.3.10 Falta antidesportiva É aquela que é aplicada contra o atleta que a houver cometido intencionalmente. É quando o atleta despreza a bola e faz contato físico deliberado com o seu oponente ou sua cadeira. Anteriormente era mais conhecida como falta intencional. CAPITULO III INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE: TUDO A VER 3.1 DEFINIÇÃO DE ACESSIBILIDADE O dicionário nos diz que "acessibilidade" é um substantivo que denota a qualidade de ser acessível; "acessível", por sua vez, é um adjetivo que indica aquilo a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance. Na área da Deficiência, quando este termo começou a ser utilizado, estava restrito ao ambiente construído e designava a eliminação de barreiras arquitetônicas. Na verdade, a expressão mais freqüentemente usada era "eliminação de barreiras", pois ficava subentendido que a pessoa se referia às barreiras arquitetônicas. A sensação que as pessoas tinham (tanto as pessoas com deficiência quanto familiares, amigos e profissionais) era muito negativa: a cidade era vista como um lugar perigoso, cheio de armadilhas e obstáculos a serem enfrentados, que requeriam disposição e paciência, todo dia. Nada era fácil, nada era possível. A ilustração de Ricardo Ferraz 1 traduz brilhantemente a percepção e o sentimento dessa época. 3.2 1981: UM ANO A SER LEMBRADO Gradualmente, o panorama foi mudando. 1981 foi um marco significativo: a ONU - Organização das Nações Unidas decretou que esse era o Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência (AIPPD). Parece que um farol se acendeu: a sociedade se deu conta que havia pessoas com deficiência e que eram muitas. A visibilidade recém adquirida, com respaldo da ONU, estimulou a mudança de atitudes: organizações DE pessoas com deficiência foram criadas; o tema foi matéria de jornais, televisões e rádios; direitos foram conquistados; as pessoas com deficiência puderam fazer soar sua voz e expressar desejos e vontades. Ou seja, começaram a sair da atitude de imobilismo e perplexidade que o cartum mostra. No bojo desta mudança, que se processa de forma gradual e que até hoje está acontecendo, podemos destacar fatos e tendências. Um deles foi a substituição do termo "barreiras arquitetônicas" por "acessibilidade", invertendo o sinal das lutas e dos olhares: não era "contra", era "a favor". Já havia passado o momento do antagonismo, do grupo das pessoas com deficiência contra a sociedade toda. Chegou o dia das pessoas com deficiência dizerem que queriam ficar junto com os outros e, melhor ainda, isso começa a se tornar realidade. 3.3 MUDANÇA DE OLHAR Nessa inversão de sinal, o significado do termo "acessibilidade" foi ampliado. Percebemos que acessibilidade era mais do que construir rampas - embora rampas sejam, sempre, fundamentais. Mas representam, literalmente, apenas o primeiro passo. Rampas precisam levar a escolas, centros de saúde, teatros, cinemas, museus, shows de rock... Este novo sentido foi aplicado a outras esferas do fazer humano; passamos, então, a refletir sobre a acessibilidade (e o acesso a) na Educação, no Trabalho, Lazer, Cultura, Esportes, Informação e Internet. Alcançar condições de acessibilidade significa conseguir a equiparação de oportunidades em todas as esferas da vida. Isso porque essas condições estão relacionadas ao AMBIENTE e não às características da PESSOA. Falar sobre alcançar condições de acessibilidade implica em falar de processo, que tem tempos e características diferentes em cada lugar, que tem idas, vindas, momentos que parecem de estagnação - mas, na verdade, são momentos em que novos conceitos, novas posturas e atitudes estão germinando. Processos são demorados e precisam do cuidado de todos. 3.4 A ACESSIBILIDADE DIMINUI A DESVANTAGEM O ambiente pode piorar a forma de funcionamento de uma pessoa. Um restaurante com muitas mesas e pouco espaço de circulação entre elas exige que o garçom seja um malabarista, para equilibrar pratos e copos e que os clientes sejam ágeis e flexíveis, para chegar aos seus lugares. Se forem idosos, ou grávidas, ou obesos, ou simplesmente distraídos... a probabilidade de acidente é alta. O mesmo acontece com pessoas com deficiência: se o ambiente não oferece condições adequadas de acessibilidade, elas ficam em situação de desvantagem e sua condição de funcionamento (surdez, cegueira ou outra) se agrava ou até mesmo fica inviabilizada. É importante perceber que, embora esses fatores ambientais não constituam barreiras para os que não têm deficiência, sua eliminação favorece a TODOS. Um ambiente acessível é bom para todos, não apenas para pessoas com determinadas características físicas, pois oferece qualidade de vida, segurança e permite a convivência e a interação entre diferentes. 3.5 ACESSIBILIDADE É UM DIREITO HUMANO Ao lutar pela acessibilidade, estamos defendendo um Direito Humano, que possibilita a equidade de oportunidades e que é condição sine qua non para que a inclusão social aconteça. Segundo Romeu Sassaki, "O paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade toda, um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. Neste sentido, os adeptos e defensores da inclusão, chamados de inclusivistas, estão trabalhando para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns, as suas atitudes, os seus produtos e bens, as suas tecnologias etc. em todos os aspectos: educação, mostra, trabalho, saúde, lazer, mídia, cultura, esporte, transporte etc."2 Para que a inclusão aconteça, a sociedade deve incorporar os requisitos de acessibilidade, pois o primeiro passo é freqüentar o mesmo espaço, com dignidade e tranqüilidade. Como saber mais sobre esses requisitos de acessibilidade? Quem os estabelece? 3.6 DESENHO UNIVERSAL Os produtos, equipamentos, ambientes e meios de comunicação devem ser concebidos do ponto de vista do Desenho Universal, que recomenda que tudo (mas tudo mesmo) deve poder ser utilizado por todos, o maior tempo possível, sem necessidade de adaptação, beneficiando pessoas de todas as idades e capacidades. Está respondida a pergunta acima: é o Desenho Universal que estabelece os requisitos de acessibilidade. Vale à pena conhecer mais sobre esse conceito3, que tem como pressupostos: Equiparação nas possibilidades de uso; Flexibilidade no uso; Uso simples e intuitivo; Captação da informação; Tolerância para o erro; Dimensão e espaço para uso e interação. Quando o ambiente se torna acessível, pois, adota os critérios e a filosofia do Desenho Universal, ele possibilita a Inclusão e, consequentemente, as pessoas com deficiência podem desfrutar de uma Vida Independente. Vida Independente O conceito de vida independente é outra peça chave no cenário da Acessibilidade. Ele foi desenvolvido por Ed Roberts e mais sete companheiros, todos com deficiência física, nos anos 60, na cidade de Berkeley, Califórnia, EUA, que ficaram conhecidos como o grupo dos "Tetra Rolantes" (por serem tetraplégicos e se locomoverem em cadeira de rodas). Lembrem-se que os Rolling Stones (tradução: Pedras Rolantes) eram sucesso, nessa época, daí a brincadeira com o nome do grupo. Fundaram o primeiro Centro de Vida Independente, a partir de valores e princípios 4: As pessoas com deficiência é que sabem o que precisam para ter melhor qualidade de vida; Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e, por isso, só podem ser atendidas por uma variedade de serviços e equipamentos; A tecnologia assistiva pode significar a diferença entre a dependência e a independência, em determinadas situações; As pessoas com deficiência devem viver com dignidade, integradas em suas comunidades; A cidadania não depende do que uma pessoa é capaz de fazer fisicamente, mas sim das decisões que ela puder tomar por si só; A pessoa com deficiência é que deve ter o controle de sua situação; A autodeterminação, a auto-ajuda e a ajuda mútua são processos que liberam as pessoas com deficiência para controlar suas vidas; A integração entre pessoas com diferentes deficiências facilita a integração entre pessoas com e sem deficiência; Vida Independente é um processo onde cada usuário ajuda a moldar e mantê-la e não um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuários. O conceito de inclusão é recente em nossa cultura. Estamos começando a usar esta palavra. Como qualquer situação nova, a inclusão incomoda, desperta curiosidade, indiferença ou negação, encontra adeptos e também críticos; envolve praticamente todas as esferas do social, apontando para a necessidade de repensar, de alterar hábitos, posturas, atitudes, começando pelo plano individual, tirando-nos de nossa costumeira zona de conforto: temos que abrir espaço em nosso mundinho interno para que mais pessoas caibam nele. Além de recente, este conceito é abrangente: envolve acesso aos bens sociais, culturais e econômicos, à educação, à saúde, ao trabalho, à tecnologia... e assim por diante. Ora, para que as pessoas com deficiência sejam incluídas nas escolas, shopping centers, igrejas, cinemas, empresas, Telecentros, etc. é preciso que eles sejam acessíveis. Se não, elas nem conseguem entrar... e como vão estar incluídas, se ficarem do lado de fora? Olhando para o passado e o futuro Olhando para trás, vemos quantas conquistas temos para comemorar, inclusive no que se refere à acessibilidade. Ao mesmo tempo, constatamos quanto ainda temos a conquistar, nesse processo rumo à construção de uma sociedade inclusiva. A sociedade acessível garante qualidade de vida para todos; portanto, é um compromisso que deve ser assumido por todos nós, em nossas respectivas esferas de ação e influência. Como diz um site português sobre Acessibilidade: “Para a maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna a vida possível." CAPITULO IV A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA ATRAVÉS DA ACESSIBLIDADE 4.1 ASPECTOS GERAIS DA INCLUSÃO De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2001, há no Brasil, 24,6 milhões de pessoas com deficiências (PPDs). Destas, mais de 9 milhões apresentam algum tipo de deficiência física. Para o Instituto, pessoa com deficiência física é aquela que "tem alguma das seguintes deficiências: paralisia permanente total; paralisia permanente das pernas; paralisia permanente de um dos lados do corpo; falta de perna, braço, mão, pé ou dedo polegar. Pela pesquisa foi revelado que a cada 100 brasileiros, no mínimo 14 apresentam limitações de ordem física ou sensorial. Por outro lado, os dados revelam a exclusão praticada no país, afinal, nem todos têm possibilidade de acesso a emprego, educação, saúde, lazer, dentre outros direitos fundamentais. É essencial para o exercício da democracia que as políticas públicas, portanto, introduzam a política da acessibilidade para que se garanta a inclusão dos deficientes fisicos aos direitos usufruídos pela maioria. Deve-se ressaltar que a inclusão social dos deficientes físicos que faticamente são excluídos da sociedade brasileira é um desafio, e demonstra um viés suficientemente crítico, haja vista que a sociedade latino americana já é resultado da exclusão eurocêntrica, e mesmo assim a população brasileira não está integralmente livre das políticas alijatórias pelas implicações que a própria exclusão interna desencadeia, ou seja, é o Outro excluindo o outro. Nos Estados Democráticos modernos, as pessoas com deficiência têm proteção garantida por lei que visa à inclusão nos mais variados segmentos sociais, seja na acessibilidade, na educação, no mercado de trabalho, dentre outros. A acessibilidade é definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma NBR 9050/94, que dispõe acerca da “Acessibilidade de pessoas com deficiências a edificações, espaço mobiliário e equipamentos urbanos – A possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbano.” A gênese da Política Pública ora denominada Acessibilidade se deu em 1981, quando as Nações Unidas declarou como o Ano Internacional dos Portadores de Deficiência. Em 03.10.1982, através da Resolução 37/82, a Assembléia Geral das Nações Unidas, foi aprovado o Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, eqüalizando o direito das pessoas com deficiência às mesmas oportunidades que os demais cidadãos além de usufruir das melhorias nas condições de vida resultantes do avanço econômico e social. Este programa demonstra o significado de impedimento, deficiência, incapacidade, que são definições da Organização Mundial de Saúde – OMS, como em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtm>1321 também aponta os conceitos de prevenção, reabilitação e equiparação de oportunidade, que são incorporados à discussão, dos quais se destacam: Impedimento – Situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo e fatores sociais e culturais) [...] O impedimento está em função da relação entre as pessoas incapacitadas e seu ambiente. [...] Essa relação ocorre quando essas pessoas enfrentam barreiras culturais, físicas ou sociais que a impedem de ter acesso aos diversos sistemas da sociedade à disposição dos demais cidadãos. O impedimento é, portanto, a perda ou a limitação das oportunidades de participar na vida da comunidade na igualdade de condições com os demais. Equiparação de oportunidades é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade – como o meio físico e cultural, moradia e transporte, serviços sociais e de saúde, oportunidade de educação e de trabalho, vida cultural e social, inclusive instalações desportivas e de lazer – se torna acessível a todos. Deste modo, constata-se que o impedimento está no ambiente e nas barreiras criadas neste que impedem a pessoa deficiente física de deter isonomia de possibilidade e igualdade de direitos. Adriana Romeiro de Almeida Prado enfatiza que: (2006.p. 9 a 11) [...] não é possível pensar em uma cidade que não se proponha a rever seu planejamento discutindo programas/ações com metas para facilitar a circulação, a interação, promovendo a inclusão das pessoas com deficiências e aquelas com mobilidade reduzida, que por conta de alguma limitação temporária (...) se vêem limitadas. E conclui: O objetivo da acessibilidade é permitir um ganho de autonomia e de mobilidade a um número maior de pessoas, até mesmo àquelas que tenham reduzido a sua mobilidade ou dificuldade em se comunicar, para que usufruam os espaços com mais segurança, confiança e comodidade. Sandra Lia Símón (2006.p.280) destaca: Assegurar a essa significante parcela da população bens e direitos é obrigação do Estado, que deve zelar ela concretização dos direito fundamentais de todos os cidadãos, sempre pautados na cidadania e na dignidade da pessoa humana. Para tanto, respaldado pelo princípio da igualdade, deverá expedir norma que garanta o usufruto desses bens e o gozo desses direitos. Os relatos de Werneck (2007. p. 24) esclarecem: [...] que a inclusão é incondicional, é fazer do mundo um mundo para todos, sem deixar ninguém de lado. Que todos estejam aptos a vivenciar situações comuns é o que se pressupõe no conceito de inclusão. A pessoa com deficiência não precisa buscar a integração na sociedade, pois nasce fazendo parte dela. Werneck (2007) explica que o conceito de inclusão não aceita que as pessoas sejam excluidas do meio social em razão das características físicas que possuem, como qualquer outra, como cor de pele, cor dos olhos, altura, peso e formação física. A autora considera que a inclusão está ligada a todas as pessoas porque cada uma tem sua característica única. Sassaki (1997. P.42) acrescenta que: para a sociedade incluir todas as pessoas, ela deve entender que precisa ser capaz de atender ás necessidades dos que integram seu corpo social. Deve ocorrer o desenvolvimento das pessoas com deficiência através da educação, reabilitação, esporte, qualificação profissional, entre outros, num processo de inclusão e não como uma exigência para que esses indivíduos possam vir a fazer parte da sociedade. 4.2 A INCLUSÃO SOCIAL DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O ser humano obedece a um padrão de desenvolvimento motor, de acordo com a sua idade. Este padrão não é igual para todos. Há crianças que tem um desenvolvimento mais rápido, enquanto outras são mais lentas. A criança com algum tipo de deficiência física tem mais dificuldades de seguir estas etapas; daí a necessidade de fazer exercício de estimulação e de usar equipamentos e aparelhos, que são de grande ajuda ao seu dia-dia. Há diversos tipos de aparelhos e adaptação para o deficiente físico além de profissionais habilidosos que usam a criatividade e fazem improvisações, utilizando materiais disponíveis. O fundamental é que funcione e garanta autonomia à pessoa que o utiliza. Segundo a psicóloga Rosana Glats a influência da família no processo de integração social é uma questão que deve ser analisada levando-se em consideração dois ângulos: o que traz a facilitação ou impedimento para a integração da pessoa com deficiência física na própria família. Estes dois aspectos são, sem dúvida, interdependentes. Quanto mais integrado em sua família com deficiência for, mais esta família vai tender a tratá-la de maneira natural ou "normal" deixando que na medida de suas possibilidades, participe e usufrua dos recursos e serviços da sua comunidade conseqüentemente, mais integrada na vida social esta pessoa será. Paralelamente, quanto mais ela estiver participando das atividades da comunidade e levando uma vida normal equivalente a de outras pessoas da sua faixa etária, mas ela será vista pelos membros de sua família como igual ao demais. A sociedade por sua vez, precisa viver com suas diferenças individuais. O professor e toda a equipe escolar devem criar uma relação de confiança com o aluno descartando a hipótese de ele vir a ter medo ou vergonha de não aprender imediatamente o que esta sendo ensinado. As pessoas com deficiências têm direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas. Como bem enfatiza Sassak (1997, p. 3): [...] é fundamental equipararmos as oportunidades para que todas as pessoas incluíssem pessoas com deficiências, possam ter acesso a todos os serviços, bens, ambientes construídos e ambientes naturais, em busca da realização de seus sonhos e objetivos. Para a autora, talvez seja este o momento de se passar da idéia de que "todos devem ter as mesmas oportunidades" para a noção de que todos deveriam ter oportunidades diferentes para desenvolver as suas potencialidades e satisfazer as suas necessidades, dadas as nossas diferenças individuais. Rttner (2000) afirma que a inclusão não pode restringir-se apenas a entrada no mercado de trabalho, mas deve considerar também as formas de manter tal inserção. Para este autor, "a inclusão torna-se viável somente, quando através da participação em ações coletivas, os excluídos são canazes de recuperar sua dignidade e conseguem, além de emprego e renda, acesso a moradia decente, facilidades culturais e serviços sociais como educação e saúde". Num sentido amplo percebemos que a evolução da tecnologia caminha na direção de tornar a vida mais fácil. Sem perceber utilizamos constantemente ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para oferecer e simplificar as atividades do cotidiano como, talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógios, em fim um interminável lista de recursos que já esta assimilada a nossa rotina e, num censo geral, "são instrumentos que facilitam nosso desempenho em funções pretendidas". CAPITULO V – METODOLOGIA 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Para a configuração deste estudo optamos pela modalidade etnográfica de pesquisa. O processo de coleta de informações fará uso de observações e de entrevistas que serão realizadas no segundo semestre de 2008, e primeiro semestre de 2009. Participarão desta pesquisa 15 pessoas com deficiência física, com idade entre 18 e 30 anos. Os depoimentos serão coletados por meio de entrevistas semiestruturadas. As respostas serão gravadas em áudio e posteriormente analisadas. As entrevistas serão realizadas no local de treinamento do Time de Basquetebol em Cadeiras de Rodas All Star Rodas. Para configurar este estudo, utilizamos os seguintes instrumentos para a coleta de dados: Observação dos atletas Questionário aberto (Anexo ___) Registro através de áudio de alguns depoimentos de atletas com deficiência Câmera digital 5.2 DISCUSSÃO Meus irmãos, vocês que crêem no nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, nunca tratem as pessoas de modo diferente por causa da aparência delas. (Tiago 2:1) Durante esta pesquisa detectamos relatos de atletas que foram discriminados pela própria família. É difícil para eles entenderem, que na falta de um membro ou da sua funcionalidade, são a causa de sua rejeição. Se todos somos filhos de Deus nossas diferenças deveriam nos unir e não nos separar. . Cada sujeito tem a consciência da existência de pessoas com deficiência, muito embora esta seja, muitas vezes, uma imagem errônea , pos existem pessoas que discriminam , pelo fato de verem em meio a socidade uma pessoa diferente. A consciência das pessoas se transforma em algo limitado á reprodução de idéias já formuladas.Muitas pessoas mesmo vivendo em sociedade não procuram ver as qualidades, as potencialidades ,destas pessoas que são consideradas diferentes. Percebem apenas a aparência externa e não a essência existente nos seres humanos. O ponto relevante para esta transformação, talvez seja a educação, que se inicia na própria família, havendo ou não pessoas com deficiência. Educação na escola, de forma a receber e estar preparada para receber e atender o aluno real, com todas as suas diferenças, e não o aluno ideal como geralmente acontece. Existem diversos modos de re-significar a prática de atividade física e esportiva para pessoas com deficiência, atividade física e esporte são afetados por multifacetados sentidos, de acordo com a ordem do discurso em que eles são significados. Atravessados e afetados pelos discursos é que homens e mulheres com deficiência constroem seus discursos sobre as principais barreiras ambientais enfrentadas na prática esportiva e no lazer. Suas dificuldades e lutas permanecem ecoando em seus discursos, ainda que ditos em silêncio Discurso que se transformaram em luta, permitindo desta forma que os cadeirantes do All Star Rodas em Belém, tenham acesso á prática do basquetebol em cadeira de rodas. 5.3 BENEFÍCIOS DO BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS Barreiras ambientais, preconceitos sociais e baixos poder aquisitivo são apenas alguns dos exemplos, que podem ser citados com o intuito de evocar as falas contidas nos discursos dos atletas que praticam o basquetebol em cadeira de rodas no All Star. Dentre os itens assinalados pelos atletas entrevistados, se configuram como barreiras ambientais e sociais em Belém do Pará: locomoção, descaso do governo, pré-conceito da sociedade, falta de oportunidade, pré-conceito de si mesmo, falta de informação. De fato a locomoção não apenas em Belém, mas em todo o estado do Pará, é considerado um grande obstáculo para as pessoas com deficiência. Através do projeto All Star podemos declarar que os deficientes conseguiram sensibilizar os empresários, e hoje já se podem ver alguns ônibus adaptados, porém em números bem reduzidos, o que prejudica diretamente as idas e vindas dos deficientes de suas casas, do trabalho e do lazer, pois a maioria depende desse meio de transporte para locomoção. Circular sozinho pelas ruas de Belém é quase impossível para uma pessoa com deficiência, pois freqüentemente esbarram em barreiras arquitetônicas Quanto ao apoio da família, alguns entrevistados colocaram que suas famílias são o porto seguro que precisam para a sua superação dos obstáculos. Enquanto outros entrevistados declaram que sofreram exclusão dentro da própria família. Segundo relato da atleta Naildes (Nana) de 31 anos de idade, que adquiriu poliomielite aos 2 anos de idade, a sua vida foi de quase total exclusão por parte da família que a tratava como uma coitadinha, mas, que servia para lavar louça e roupa. O único momento de contato com outras pessoas era quando ela ia à igreja e à escola: “eu não tinha vida social, e a minha vida piorou quando perdi meus pais”. Nana sofreu retrações até aos 19 anos, quando foi convidada para treinar o basquete em cadeira de rodas. “Até aí eu desconhecia o meu potencial, e a minha família por falta de informações achava que eu estava perdendo o meu tempo treinando, mas se eu posso cuidar de uma casa porque não posso praticar esporte. Saí de casa fui morar sozinha, pagava aluguel com o beneficio que recebia”. Somente com a consagração de receber o prêmio de melhor atleta na categoria “Necessidades Especiais” pelo grupo Rômulo Maiorana de Comunicações, Nana nos relata que: “graças ao basquetebol eu resgatei a minha auto-estima, posso dizer que hoje eu tenho uma identidade, me sinto parte da sociedade e principalmente passei a receber total apoio da minha família. Tudo isso consegui com a prática do basquetebol em cadeira de rodas e ninguém me tira.” Além do basquetebol alguns atletas entrevistados realizam outras atividades (trabalho e deveres doméstico), sendo que a maioria só pratica o basquetebol em cadeira de rodas. Segundo o depoimento da atleta Ticiane a prática do basquetebol em cadeira de rodas trás benefícios como: “melhorei o meu condicionamento físico, consegui perder peso, sou muito feliz e me sinto mais bonita” De acordo com o relato da Ticiane que além dos benefícios fisiológicos que o basquetebol proporciona, pode-se afirmar que o principal beneficio está relacionado com o restabelecimento da auto-estima e conseqüentemente com a diminuição da depressão provocada pelo impacto da nova realidade que o espera, nos casos de lesões adquiridas, facilitando assim á reintegração a sociedade. Todos os entrevistados afirmaram gostar da prática do basquetebol em cadeira de rodas. Isso pode ser observado no relato da atleta Batatinha: “não sei viver longe do basquetebol, onde encontro prazer para viver, total superação, motivo este que me levou a fazer o vestibular para o curso de Educação Física, e hoje curso a faculdade me realizando plenamente, e mostrando para a sociedade do que eu sou capaz. Para falar dos benefícios do basquetebol em cadeira de rodas, se faz imprescindível relatar que cinco dos relatados praticavam algum tipo de esporte antes de sua patologia e o resto não tinham por hábito praticar esporte. Segundo Martinez (2000) O Basquetebol em cadeira de rodas tem experimentado uma metamorfose nos últimos 40 anos. Isto tem sido demonstrado com relação á sofisticação tecnológica e a um aumento de aceitação popular em considerá-lo um esporte que gera esforço físico e conseqüentemente trás benefícios físicos e psicológicos. Entre estes benefícios podemos destacar, além da melhora geral da aptidão física, um grande ganho de independência e autoconfiança para a realização das atividades diárias, além de uma melhora do auto-conceito, e da auto-estima como relatou a atleta Batatinha. Costa (2000, p.85) afirma que: [...] a atividade física, realizada em grupo, é de fundamental importância, pois permite aos seus integrantes adquirirem uma identidade social, sentir e ter compromisso com algo e com o grupo, de viver o sentimento de confiança, sentir reforço sociais proveniente do grupo, desenvolver um grande grau de amizade com outros participantes e viver a relação de companheirismo [...] e são responsáveis por comportamento afetivo. O que condiz com o relato do atleta do Allstar Carlos Vanderley “[...] com a convivência com o grupo do allstar, procuro ocupar a minha cabeça com bons pensamentos passei a me aceitar do jeito que sou hoje posso dizer que tenho amigos e uma nova família, pois conheci minha esposa a Nána nos treinos hoje sou pai de um menino de 3 meses de idade. Estou melhorando cada vez mais meu condicionamento físico e técnico, ajudo nos treinamentos dos atletas recém chegados ao Allstar. Tudo isto eu agradeço ao basquetebol.” 5.3 CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DOS COMPONENTES DO ALL STAR RODAS No decorrer da pesquisa através das observações e entrevistas detectamos a presença de algumas fases diferentes na vida destas pessoas que praticam o basquetebol em cadeira de rodas no ALLSTAR. A primeira fase que se apresenta e é percebida por nós, de como era as relações sociais de alguns atletas antes de apresentares u deficiência. Nesta fase como relata o atleta Edileno ele estava presente no social, onde não encontrava muitas barreiras para superar as dificuldades impostas pela sociedade capitalista que vivemos. A segunda fase logo após ter apresentado a sua deficiência, Edileno nos relata que houve uma retração em relação ao social, ou seja, ele ficava somente em casa com a família, não saia, existia certa dependência física e psicológica. Por um determinado tempo Edileno sentiu-se afastado do direito de ir e vir com igualdade. A terceira fase se caracterizou, quando o Edileno começou a praticar o basquetebol em cadeira de rodas na equipe do ALLSTAR RODAS de Belém do Pará, relatando que o social voltou para a sua vida de forma que a prática do basquetebol vem resgatar ou transformar o convívio com as pessoas, os amigos, a família proporcionando um bem estar físico, psicológico e uma sensação de independência, oportunidade de viajar, são alguns benefícios que o basquetebol em cadeira de rodas traz para transformar a vida de seus praticantes bem como resgatar sua identidade perante a sociedade. Ribeiro (2001) explica que o esporte, através de suas dimensões sociais, pode viabilizar uma ação inclusiva, considerando-se que as atividades esportivas fizeram e ainda fazem parte do processo de construção do homem no seu meio cultural. A busca pela inclusão efetiva através da prática da atividade esportiva torna importante que todos os envolvidos façam parte do objetivo da atividade. Vale ressaltar, que os profissionais que atuam diretamente com esporte devem buscar sensibilizar os pais, responsáveis, professores esportistas entre outros sobre a proposta inclusiva. Os envolvidos devem buscar informações, além dos livros, ou seja, com as pessoas que estão ligadas diretamente ao trabalho de inclusão e em especial com o individuo que tem algum tipo de limitações, podendo então encontrar resposta para varias questões. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste estudo e pesquisa tentamos demonstrar, que o basquetebol ou outro tipo de atividade, além de estimular a autonomia e a independência, e prevenir doenças secundárias, resulta nos seguintes benefícios psicomotores: desenvolve força muscular, velocidade, flexibilidade, agilidade, capacidade, cardio- respiratório raciocínio, atenção, concentração e melhora a percepção espaço temporal. Esta pesquisa mostra que a pessoa com deficiência tem toda capacidade de exercer o seu papel de cidadão dentro da sociedade e de praticar atividade promovendo saúde física e mental, sociabilizando com este mundo, onde a maioria das coisas é voltada para a competição, mas para isto dar certo é necessário uma transformação coletiva e individual, desta dependerá a primeira. Passando por uma reeducação e reivindicando do estado áreas próprias para o lazer , melhoria em transporte e locomoção em vias públicas para o deficiente. Acreditamos que a prática do basquetebol em cadeira de rodas, para os atletas do Allstar foi o fator estimulante que os impulsionou, juntamente com seus familiares, a retomada de sua dignidade enquanto sujeito de uma sociedade. A oportunidade de aprender a jogar o basquetebol em cadeira de rodas e o entusiasmo demonstrado nas entrevistas supera todas as barreiras de acesso que esses atletas enfrentam diariamente. No desenvolver desta pesquisa, nos deparamos com situações problemáticas das barreiras arquitetônicas e urbanas. Fica claro que para propor espaço deve-se considerar a possibilidade de uma rota acessível, buscando atingir o uso do espaço pelo maior número possível de pessoas, no qual as idéias de independência de democracia, segurança e autonomia se estabeleçam nos percursos públicos e privados. Ainda que existam dificuldades, deixamos aqui uma parte da riqueza da história destes atletas formada por tristeza, sofrimentos, sonhos e alegrias. Consideramos que na medida em que a compreensão a cerca das origens e dimensões das pessoas com deficiência aumentam na sociedade, elevar-se-á conjuntamente o compromisso social com estes cidadãos, A inclusão só será concretizada eficientemente quando cada um de nós conhecermos as barreiras que nutrimos e buscar amenizar, e erradicá-las, “A inclusão é uma visão, uma estrada sem fim, com todos os obstáculos, alguns dos quais estão em nossa mente e em nossos corações.” (Mittler, 2003, p.21). Finalmente entendemos que o processo de inclusão não pode ser constituído em sua totalidade, na falta da acessibilidade. A possibilidade de facilitar e de promover o acesso as pessoas com deficiência é que vai garantir o reconhecimento da sua participação e inclusão, bem como avançar culturalmente em uma sociedade que reconhece a natureza da convivência na diversidade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Luiz A. D. e Prado, Adriana R. A. Defesa dos direitos das pessoas portadores de deficiência. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. ARAÚJO, Luiz A. D. e Simón, Sandra L. Defesa dos direitos das pessoas portadores de deficiência. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. CUNHA, Edílson Alkmin da (trad.). Programa de ação mundial para as pessoas com deficiência. Brasília: Corde, 1996. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050, Acessibilidade a edificação, mobilidade, espaço, equipamento urbano. Rio de Janeiro, 2004. Ministério das cidades programa brasileiro de acessibilidade urbana – Brasil Acessivel 2005, 154 p. Disponível em WWW.pmt.pa.gov.br/ 2002/ acessiurbmcidade.pdf, acessado em junho de 2009-10-14. Ribeiro, SM. Inclusão e esporte: um caminho a percorrer. In: Sociedade Brasileira de atividade motora e adaptada: Tema em Adaptada (S.I) Sobama, 2001. SASSAKI, RK. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro ww. A, 1997. WERNECK. Inclusão Social: Todos somos responsáveis. 2007. Mantoan. M.T.E. 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