UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – URI CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA INDUSTRIAL INTERAÇÃO ALIMENTO MEDICAMENTO Diogo César Secco Erechim, Julho de 2008 UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – URI CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA INDUSTRIAL INTERAÇÃO ALIMENTO MEDICAMENTO Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao curso de Farmácia Clínica e Industrial da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus de Erechim, para obtenção do título Farmacêutico Bioquímico Industrial. Orientador: Prfº MsC. Arno Ernesto Hoffman Junior Erechim, Julho de 2008 2 DEDICATÓRIA Não apenas este trabalho, mas todas as minhas conquistas profissionais e pessoais são dedicadas aos meus pais, Délcio e Nelci, vocês são meu porto seguro, o espelho por onde navego. 3 Agradecimentos Agradeço a Deus pelo dom da vida. Agradeço ao meu Orientador Arno Ernesto Hoffmann Junior pela sua dedicação apoio e serenidade com que me ajudou para a elaboração deste trabalho. Agradeço aos meus Pais Délcio e Nelci Secco pelo carinho, apoio e incentivo constantes, pelo exemplo de persistência dedicação e de moral. Obrigado pelo dom da vida, obrigado pelo exemplo de caráter, obrigado por mais essa vitória; por sempre ter confiado em min e no meu potencial. Agradeço ao meu Irmão Yuri Secco pelo carinho e brincadeiras que me descontraiam nos momentos ruins. Agradeço a minha noiva Cristiane Spada pelo carinho amor e compreensão nos momentos difíceis. . 4 Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos. Albert Einstein 5 RESUMO A interação fármaco-nutriente é um assunto relativamente recente e as informações a respeito são escassas, mas vêm crescendo nos últimos tempos. O tema é de interesse tanto dos médicos, farmacêuticos, nutricionistas, bem como dos pacientes. Sobretudo nos tratamentos longos, um acompanhamento nutricional pode ser desejável, pois é fato que, assim como os efeitos (terapêuticos e adversos) dos fármacos podem ser afetados pela dieta ou pelo estado nutricional, a administração de fármacos pode também, como conseqüência final, afetar o estado nutricional da pessoa. Contudo, essa revisão bibliográfica não visa ser um inventário das interações fármaco-nutriente já conhecidas, pois o assunto é complexo e longo; o objetivo deste trabalho é, esclarecer os tipos de interações que podem ocorrer e seus exemplos mais comuns, seus fatores de risco e os mecanismos gerais envolvidos, de modo a dar um panorama geral das possíveis interações fármacos alimentos, nos momentos em que precisa se medicar. Palavras chave: Interação. Fármaco. Alimentos. 6 SUMÁRIO 1 OBJETIVO .......................................................................................................... 09 2 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10 3 TIPO DE INTERAÇÕES E FATORES DE RISCO ............................................. 3.1 FÁRMACOS X NUTRIENTES .......................................................................... 3.1.1 INTERAÇÃO FARMACO NUTRIENTE ......................................................... 3.1.2 PROCESSO ABSORTIVO .......................................................................... 3.1.3 INGESTÃO ................................................................................................... 3.1.4 ABSORÇÃO ................................................................................................. 3.1.5 METABOLISMO ........................................................................................ 3.1.6 EXCREÇÃO .................................................................................................. 12 13 13 14 15 15 16 17 3.2 INTERAÇÃO FARMACO NUTRIENTE .......................................................... 17 3.2.1PROCESSO ABSORTIVO ............................................................................ 18 3.3 INTERFERÊNCIAS DE NUTRIENTES NA AÇÃO DE FÁRMACOS ................ 19 3.3.1 INIBIDORES DA ECA ..................................................................................... 19 3.3.2 ANALGÉSICOS ANTIPIRETICOS E AGENTES ANTIINFLAMATÓRIOS .... 20 3.3.3 ANTIBIÓTICOS ............................................................................................ 21 3.4 NUTRIENTES E FÁRMACOS ......................................................................... 22 3.4.1 ABSORÇÃO ................................................................................................. 22 3.4.2 TRANSPORTE ............................................................................................. 23 3.5 MODIFICAÇÃO DO PH DO CONTEÚDO GASTRO INTESTINAL ................. 24 3.5.1 VELOCIDADE DO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO ........................................ 25 3.5.2 AUMENTO DA VELOCIDADE PERISTALTICA DO INTESTINO ................ 25 3.5.3 COMPETIÇÃO PELOS SITIOS DE ABSORÇÃO ........................................ 26 3.5.4 COMPLEXAÇÃO ........................................................................................... 26 3.6 EXCREÇÃO ...................................................................................................... 27 4 CUIDADOS NA NUTRIÇÃO ENTERAL .............................................................. 27 4.1 ABSORÇÃO E METABOLISMO DOS FÁRMACOS ......................................... 28 4.1.1 QUADRO1 ..................................................................................................... 28 4.1.2 FIGURA 1 .................................................................................................... 29 4.1.3 FASE BIOFARMACÊUTICA .......................................................................... 30 4.1.4 FASE FARMACOCINÉTICA .......................................................................... 30 4.1.5 ETAPAS DO PROCESSO E UTILIZAÇÃO DOS NUTRIENTES .................. 31 4.1.6 FASE FARMACO DINÃMICA ........................................................................ 32 5.0 O PACIENTE IDOSO ...................................................................................... 32 5.1 QUADRO 2 ........................................................................................................ 33 6. INTERFERENCIA DO ESTADO NUTRICIONAL NA BIODISPONIBILIDADE DOS FÁRMACOS ........................................................................................................... 34 7 7. INTERFERENCIA DOS FARMACOS NO ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE ................................................................................................................................ 35 8. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ........................................................................ 37 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 38 8 1. OBJETIVO Normalmente se faz necessário utilizar fármacos para tratar as mais diversas doenças, como um resfriado, cefaléia, infecções, e doenças crônicas, como por exemplo o câncer, diabetes ou a obesidade. Durante qualquer tipo de tratamento, é necessário prestar atenção às interações entre os medicamentos e os alimentos para que tanto o tratamento quanto a alimentação não sejam prejudicados (GIL ESPARZA, 1997). Este trabalho tem como objetivo esclarecer alguns tipos de interações que podem ocorrer entre fármacos e alimentos e seus exemplos mais comuns, fazendo com que o paciente fique atento a sua alimentação nos momentos em que precisa se medicar (MARTINS; MOREIRA; PIEROSAN, 2003). 9 2. INTRODUÇÃO O alimento pode causar alterações nos efeitos farmacológicos ou na biotransformação do fármaco e este, por sua vez, pode modificar a utilização do nutriente, com implicações clínicas tanto na eficácia como na terapêutica medicamentosa e manutenção do estado nutricional (MAHAN & ARLIN, 1999). O reconhecimento da possibilidade de interações potenciais entre fármacos e alimentos ou nutrientes é essencial no cuidado de um paciente. A existência de um grande número de medicamentos e fontes alimentares aumenta mais a probabilidade para a ocorrência de resultados indesejáveis entre eles (MAHAN & ARLIN, 1999). Os medicamentos podem tratar e curar muitos problemas de saúde. Porém, eles devem ser tomados de maneira adequada para garantir a sua segurança e eficácia. Muitos fármacos possuem ingredientes que podem interagir com alimentos de várias maneiras. Alguns alimentos como, bebidas, cafeína e álcool, podem interagir com fármacos, deixando-os menos efetivos e podendo causar efeitos colaterais, como, por exemplo, alterações no estado nutricional do paciente (FLODIM, 1990). As interações são dependentes de vários fatores como, natureza dos nutrientes, características do fármaco, tempo de trânsito nos diferentes segmentos do tubo digestivo, freqüência de contato com as vilosidades intestinais, mecanismos de absorção intestinal como: o volume, a temperatura, a viscosidade, a pressão osmótica, o caráter ácido básico dos alimentos, esses fatores podem alterar o tempo de esvaziamento gastrintestinal e as condições de solubilização (ROE, 1993). Os alimentos alcançam o intestino após um período de tempo variável de acordo com a natureza do bolo alimentar, podem estimular mais ou menos a secreção da bile. Os ácidos e sais biliares, devido suas propriedades tensoativas e a capacidade de formar meio coloidal, podem aumentar a dissolução e favorecer a absorção de nutrientes e de fármacos. Esse mecanismo explica o aumento da 10 absorção de certos fármacos lipossolúveis quando administrados durante uma refeição gordurosa (ANDERSON; CONNEY; KAPPAS, 1982). Do ponto de vista clínico, as interações entre os alimentos e fármacos são importantes nos momentos em que houver diminuição da eficácia terapêutica, aumento de efeitos tóxicos ou quando resultarem em má absorção e utilização incompletas de nutrientes, comprometendo o estado nutricional ou acentuando uma desnutrição já existente. Essas situações despertam interesse particularmente em pacientes com idade avançada, devido à presença muitas vezes de doenças crônicas e utilização de vários medicamentos (ANDERSON, 1988). No entanto é importante, reconhecer que as interações fármaco-nutriente são somente possibilidades. Mas não acontecerão em todos os casos. A ocorrência, assim como sua significância clínica, depende de alguns fatores, como, a quantidade usada de fármaco e de alimento, a polifarmacoterapia, a idade, o sexo, o estado clínico e físico do paciente, o uso de dietas especiais e de suplementos nutricionais. Portanto, o risco de interações deve ser avaliado de acordo com cada paciente. (ROE, 1985) Em algumas circunstâncias, recomenda-se a administração de determinados medicamentos com após uma refeição, com o objetivo de diminuir a ação irritativa destas drogas sobre a mucosa gastrintestinal (ANDERSON, 1988). Em muitos casos, a própria ação pretendida do medicamento exige que ele seja administrado após as refeições, como é o caso dos digestivos antieméticos e medicamentos utilizados no tratamento da hiper acidez gástrica e úlcera péptica, antiflatulentos e hepatoprotetores (BARREIRO; FRAGA, 2001). O estado nutricional, pode aumentar ou retardar as funções digestivas, hepáticas e pancreáticas do paciente, influenciando no metabolismo ou a biotransformação tanto na mucosa intestinal, como no fígado. Desta forma, a meiavida plasmática de muitos fármacos pode ser reduzida quando as dietas forem protéicas ou aumentar quando as dietas forem ricas em açúcares e gorduras, uma 11 vez que os aminoácidos aumentam a atuação enzimática do sistema citocromo P450 hepático, os glicídios e ácidos graxos exercem efeitos opostos no mesmo sistema enzimático (ANDERSON, 1998). Assim, a ingestão de um medicamento longe, próximo, imediatamente antes ou depois e até durante as refeições pode ter muita importância na obtenção de efeito desejado. Esses fatos devem ser do conhecimento do médico ou do farmacêutico que irá dispensar o medicamento, para que esses possam orientar os pacientes sobre o modo correto de utilizar os medicamentos (WELLING, 1984). 3. Tipos de Interações e Fatores de Risco As interações fármaco-nutriente são muito comuns e poderão ocorrer em vários níveis como: na ingestão do alimento, na absorção do fármaco ou do nutriente, no transporte por proteínas plasmáticas, durante os processos de metabolização e excreção. As conseqüências dessas interações podem ser a deterioração do estado nutricional, redução do efeito terapêutico ou o aumento da toxicidade da droga (ANDERSON; CONNEY; KAPPAS, 1982). Entretanto, há alguns fatores de risco que tornam essas interações mais previsíveis. O problema é mais freqüente nos casos de doenças crônicas, nas quais a desnutrição causada pelo uso de fármacos é comum. Essa desnutrição ocorre com mais freqüência em pacientes que já tenham histórico recente de deficiência energética ou de algum nutriente específico. Outro fator que pode aumentar a interação entre os fármacos e nutrientes é o uso de vários medicamentos ao mesmo tempo (SEIZI-OGA; AULUS, 1994). A composição orgânica do indivíduo também influencia na resposta a um fármaco, sendo comum, por exemplo, o acúmulo de fármacos lipossolúveis no tecido adiposo. De modo geral, as populações de risco para esse tipo de interação são, principalmente, os idosos e os pacientes de doenças crônicas, seguidos das mulheres grávidas, dos lactantes e dos fetos em desenvolvimento (CASSIDY, 1995). 12 3.1 Fármacos X Nutrientes O uso de fármacos pode ter um efeito indesejável sobre as necessidades ou estado nutricional de uma pessoa. Esse efeito pode ocorrer em diversas etapas pelas quais os fármacos e os nutrientes passam no organismo, desde a sua ingestão até a sua excreção. Abaixo serão relacionados alguns exemplos dessas interações em seus diversos níveis (HAYES; BORZELLECA, 1985). 3.1.1 INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE As interações entre nutrientes e fármacos podem alterar a disponibilidade, a ação ou a toxicidade de uma destas substâncias ou de ambas. Elas podem ser físico-químicas, fisiológicas e patofisiológicas (ROE, 1985; ROE, 1993). Interações físico-químicas são caracterizadas por complexações entre componentes alimentares e fármacos. As fisiológicas são as modificações induzidas por medicamentos no apetite, digestão, esvaziamento gástrico e biotransformação. E as patofisiológicas ocorrem quando os fármacos prejudicam a absorção ou inibem o processo metabólico de nutrientes (TOOTHAKER & WELLING, 1980; THOMAS, 1995). O consumo de alimentos juntamente com medicamentos pode ter efeito sobre a velocidade e extensão de sua absorção. A administração de medicamentos com as refeições, ocorrem por três razões fundamentais, sendo elas: possibilidade de aumento da sua absorção; redução do efeito irritante de alguns fármacos sobre a mucosa gastrintestinal; e uso como auxiliar no cumprimento da terapia (GAI, 1992; KIRK, 1995). Mas esses motivos não justificam este procedimento de forma generalizada, pois a ingestão de alimentos poderá afetar a biodisponibilidade do fármaco através de interações físico-químicas ou químicas (GAI, 1992; ROE, 1994; THOMAS, 1995). 13 Sendo assim, é de fundamental importância conhecer as substâncias ativas cuja velocidade de absorção e quantidade são alteradas, bem como aquelas que não são afetadas pela presença de nutrientes (TOOTHAKER & WELLING, 1980). 3.1.2 PROCESSO ABSORTIVO A influência dos nutrientes sobre a absorção dos fármacos depende de vários fatores como tipo de alimento, formulação farmacêutica, intervalo de tempo entre a refeição e sua administração e do volume de líquido com o qual ele é ingerido (WELLING, 1977; WELLING,1984; WILLIAMS et al., 1993; FLEISHER et al., 1999). O trato gastrintestinal representa o principal sítio de interação fármaconutriente, uma vez que o processo de absorção de ambos ocorre por mecanismos semelhantes e podem ser competitivos. A maioria das interações clinicamente significativas ocorrem no processo de absorção (TOOTHAKER & WELLING, 1980). A ingestão de alimentos é capaz de desencadear no trato digestivo a liberação de secreção que, age hidrolisando e degradando ligações químicas específicas, através da ação do ácido clorídrico e de enzimas específicas (GUYTON, 1992). Portanto, substâncias sensíveis a pH baixo podem ser alteradas ou até inativadas pelo ácido gástrico quando ingeridas com alimentos como por exemplo a eritromicina e a penicilina (TOOTHAKER & WELLING, 1980). Paralelamente, o nutriente pode influenciar na biodisponibilidade do fármaco de diversas formas como: através da modificação do pH do conteúdo gastrintestinal, esvaziamento gástrico, aumento do trânsito intestinal, competição por sítios de absorção, e ligação direta do fármaco com componentes dos alimentos (WELLING, 1984; SOUICH et al., 1992). 14 3.1.3 Ingestão Uma carência nutricional pode ser o resultado de tratamentos de emagrecimento que utilizam agentes anoréxicos, como as anfetaminas, que diminuem o apetite. A desnutrição nesse caso é simplesmente o resultado de uma ingestão reduzida, que não atende às necessidades nutricionais do indivíduo (INSOGNA, et al. 1980). Em outras situações, o aumento da ingestão alimentar, e o ganho de peso, são efeitos colaterais, que acontecem com frequência no tratamento com drogas psiquiátricas, como por exemplo o lítio e o diazepam. Outras drogas apresentam efeito colateral inverso, provocando a perda do apetite, o que pode levar a uma carência nutricional. Atenção especial deve ser dada às crianças que usam anfetaminas (indicada para hiperativadade), pois há evidências de retardo do crescimento com o uso de anfetaminas for por um período longo (AUGUSTO, 1998). Há fármacos ainda que provocam modificações no paladar, como redução da percepção do paladar, ou uma sensação desagradável na percepção do paladar. Fármacos utilizados em quimioterapia (tratamento de câncer), frequentemente alteram o paladar dos pacientes e provocam náuseas e vômito, o que acaba reduzindo a ingestão de alimentos pelos pacientes que fazem uso de quimioterápicos. Nesses casos, o acompanhamento nutricional do paciente é tão importante quanto o acompanhamento farmacoterápico (AUGUSTO, 1998). 3.1.4 Absorção Como se sabe a maioria dos fármacos e dos nutrientes é absorvido no intestino delgado, as interações fármaco-nutriente são muito comuns nessa área, resultando em complicadas inter-relações que dependem de uma série de fatores como a dosagem do fármaco, tipo e quantidade do alimento, tempo decorrido e a presença de enfermidade ou desnutrição. A má-absorção é um dos efeitos principais do uso de certos fármacos que pode ser devido a uma diminuição da capacidade de 15 absorção da mucosa gastrintestinal. Muitos fármacos causam má-absorção por mais de um mecanismo (TRUSWELL, 1975). Alguns fármacos podem reduzir o tempo de trânsito gastrintestinal e podem causar esteatorréia (diarréia causada por excesso de gordura nas fezes) e com isso levar à perda de cálcio e potássio. Outros podem afetar a absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis e colesterol. O uso de óleos minerais (utilizado como laxante) pode diminuir os níveis séricos de beta-caroteno. A cimetidina, usada no tratamento de gastrites por inibir a secreção de ácido gástrico, diminui a absorção de vitamina B (HARRISON; RIEDEL; ARMSTRONG; GOLDLUST; EKHOLM, 1992). Mas a fármacos que mais exercem seus efeitos sobre a absorção de nutrientes, esses fármacos são aqueles que provocam lesões na mucosa intestinal. O resultado é uma má-absorção geral ou específica, que poderá ocorrer em vários níveis de intensidade. Os laxantes frequentemente têm este efeito, causando esteatorréia branda, já a neomicina pode causar lesões histológicas na mucosa cutânea em apenas seis horas, levando a uma má-absorção reversível de gordura, proteína, sódio, potássio e cálcio (ROE, 1994). 3.1.5 Metabolismo Certos medicamentos inibem a síntese de enzimas, pois competem com vitaminas pela suas estruturas, esses fármacos são chamados de antivitaminas. Os agentes quimioterápicos utilizam esse princípio para impedir a replicação e induzir a morte da célula tumoral, competindo com ácido fólico, sem o qual não há síntese de DNA, provocando assim uma deficiência desse nutriente (FLEISHER; CHENG; ZHOU; PAO; KARIM, 1999). Alguns fármacos também podem formar um complexo com o nutriente, tornado-o não disponível para utilização pelo organismo. Um exemplo é a isoniazida, utilizada no tratamento prolongado da tuberculose, ela forma um complexo com a vitamina B6 (piridoxina), interferindo no seu metabolismo em vários níveis, podendo 16 até levar a uma deficiência desta vitamina (FLEISHER; CHENG; ZHOU; PAO; KARIM, 1999). Mas o exemplo mais conhecido de interação fármaco-nutriente são os de fármacos psiquiátricos do tipo inibidores da monoaminoxidase (IMAO) e aminas vasoativas presentes nos alimentos. Em situação normal, as aminas vasoativas dos alimentos não constituem risco pois são metabolizadas rapidamente pelas enzimas monoaminoxidases. Entretanto, a ação destas enzimas é inibida por certos fármacos antidepressivos, antimicrobiais, antihipertensivas e antineoplásicos. A presença de aminas vasoativas não-oxidadas causa constrição dos vasos sanguíneos e elevação da pressão arterial, podendo assim levar nos casos mais graves, a uma hemorragia intracranial, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca (SWEET; BROWN; HEIMBERG, 1995). 3.1.6 Excreção A maioria dos fármacos são transportados na corrente sanguínea por proteínas plasmáticas podendo assim deslocar uma vitamina de um local de ligação. A aspirina, por exemplo, pode alterar o transporte de folato, levando a uma diminuição de níveis sericos deste nutriente. Fármacos também podem alterar a excreção de um nutriente por interferir na sua reabsorção pelos rins. Os diuréticos de via oral podem produzir uma hipercalciúria através deste mecanismo (YAMREUDEEWONG et al. 1995). 3.2 INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE As interações entre nutrientes e fármacos podem alterar a disponibilidade, a ação ou a toxicidade de uma destas substâncias ou de ambas. Elas podem ser físico-químicas, fisiológicas e patofisiológicas (ROE, 1985; ROE, 1993). Interações físico-químicas são caracterizadas por complexações entre componentes alimentares e fármacos. As fisiológicas são as modificações induzidas por medicamentos no apetite, digestão, esvaziamento gástrico e biotransformação. 17 As pato fisiológicas ocorrem quando os fármacos prejudicam a absorção ou inibem o processo metabólico de nutrientes (TOOTHAKER & WELLING, 1980; THOMAS, 1995). O consumo de alimentos com medicamentos pode ter efeito sobre a velocidade e extensão de sua absorção. A administração de medicamentos com as refeições ocorrem por três razões fundamentais, sendo elas: possibilidade de aumento da sua absorção; redução do efeito irritante de alguns fármacos sobre a mucosa gastrintestinal; e uso como auxiliar no cumprimento da terapia (GAI, 1992; KIRK, 1995). Mas esses motivos não justificam este procedimento de forma generalizada, pois a ingestão de alimentos poderá afetar a biodisponibilidade do fármaco através de interações físico-químicas ou químicas (GAI, 1992; ROE, 1994; THOMAS, 1995). Sendo assim, é de fundamental importância conhecer as substâncias ativas cuja velocidade de absorção e quantidades são alteradas, bem como aquelas que não são afetadas pela presença de nutrientes (TOOTHAKER & WELLING, 1980). 3.2.1 PROCESSO ABSORTIVO A influência dos nutrientes sobre a absorção dos fármacos depende de vários fatores como tipo de alimento, formulação farmacêutica, intervalo de tempo entre a refeição e sua administração e do volume de líquido com o qual ele é ingerido (WELLING, 1977; WELLING, 1984; WILLIAMS et al., 1993; FLEISHER et al., 1999). O trato gastrintestinal representa o principal sítio de interação fármaconutriente, uma vez que o processo de absorção de ambos ocorre por mecanismos semelhantes e podem ser competitivos. A maioria das interações clinicamente significativas ocorre no processo de absorção (TOOTHAKER & WELLING, 1980). A ingestão de alimentos é capaz de desencadear no trato digestivo a liberação de secreções (sucos gástricos) que, age hidrolisando e degradando 18 ligações químicas específicas, através da ação do ácido clorídrico e de enzimas específicas (GUYTON, 1992). Portanto, substâncias sensíveis a pH baixo podem ser alteradas ou até inativadas pelo ácido gástrico quando ingeridas com alimentos como por exemplo a eritromicina e a penicilina (TOOTHAKER & WELLING, 1980). Ao mesmo tempo o nutriente pode influenciar na biodisponibilidade do fármaco de diversas formas como: através da modificação do pH do conteúdo gastrintestinal, esvaziamento gástrico, aumento do trânsito intestinal, competição por sítios de absorção, e ligação direta do fármaco com componentes dos alimentos (WELLING, 1984; SOUICH et al., 1992). Vejamos alguns exemplos de interação fármaco alimento 3.3 Interferência de Nutrientes na Ação de Fármacos 3.3.1 Inibidores da ECA Lisinopril: O lisinopril que é um anti hipertensivo quando administração por via oral sofre absorção lenta, variável e incompleta, que não é reduzida pela presença de alimento (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Captopril: O captopril é utilizado como anti hipertensivo e vasodilatador, quando administrado por via oral sofre rápida absorção e tem biodisponibilidade de cerca de (75 %). Com o alimento diminui a biodisponibilidade oral do captopril em 25-30%, por esse motivo o captopril deverá ser administrado 1 hora antes das refeições (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Enalapril: Anti hipertensivo é rapidamente absorvido quando administrado por via oral, e apresenta biodisponibilidade oral de 60%, que não é reduzida pela presença de alimentos (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). 19 Quinapril: O quinapril é rapidamente absorvido, as concentrações máximas são atingidas em 1 hora, porem o seu pico máximo de absorção pode ser retardado após a ingestão de alimentos podendo ser reduzida em 60% pela presença de alimento (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Ramipril: O ramipril é rapidamente absorvido, as concentrações máximas são alcançadas em 1 hora e a sua taxa de absorção, é reduzida pela presença de alimento (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). 3.3.2 Analgésicos antipiréticos, agentes antiinflamatórios Diclofenaco: O diclofenaco sofre absorção rápida e completa após administração oral. A administração do diclofenaco com alimentos retarda a taxa de absorção (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Ibuprofeno: O ibuprofeno é rapidamente absorvido após administração oral podendo ser ingerido com alimento para minimizar os efeitos colaterais gastrintestinais (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Naproxeno: O naproxeno é totalmente absorvido quando administrado por via oral. A velocidade de sua absorção, é influenciada pela presença de alimentos no estômago. A absorção pode ser acelerada se for utilizado junto com bicarbonato de sódio ou reduzida pelo oxido de magnésio e pelo hidróxido de alumínio (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Cetoprofeno: O cetoprofeno é rapidamente absorvido após administração oral a presença de alimentos reduz sua taxa de absorção (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Quinolonas: As quinolonas são bem absorvidas após a administração oral. O alimento não compromete a absorção oral, mas poderão retardar o momento da concentração serica máxima (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). 20 3.3.3 Antibióticos Penicilina G: Apenas cerca de 33% de uma dose de penicilina G administrada por via oral sofre absorção pelo trato intestinal, isto ocorre devido o suco gástrico, possuir um ph em torno de 2, destruindo rapidamente o antibiótico. A redução da produção de acido gástrico, com o envelhecimento, constituem um fator responsável pela melhor absorção da Penicilina G pelo trato gastrintestinal em indivíduos idosos. Apesar da conveniência da administração oral da Penicilina G, essa via só deve ser utilizada em infecções que a experiência clínica tenha comprovado a sua eficácia (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Ampicilina: A ampicilina é estável em meio ácido, bem absorvida após administração por via oral. A ingestão de alimentos antes da administração de ampicilina resulta em uma absorção menos completa (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Amoxicilina: A amoxicilina é estável em ácido e foi desenvolvida para apresentar uso oral, sofre absorção mais rápida e completa pelo trato gastrintestinal do que a ampicilina, sendo essa a principal diferença entre as duas. Os alimentos não interferem na absorção da amoxicilina. Isso ocorre provavelmente devido à absorção mais completa desse congênere, e a incidência de diarréia é menor (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Tetraciclina: A absorção da maioria das tetraciclinas pelo trato gastrintestinal é incompleta. O percentual de farmaco não-absorvido aumenta à medida que a dose administrada aumenta. A maior parte da absorção ocorre no estomago e na parte superior do intestino delgado, sendo em maior quantidade no período de jejum. A absorção das tetraciclinas é reduzida pela ingestão de laticínios, géis de hidróxido de alumínio, sais de cálcio, magnésio e ferro ou zinco. O mecanismo responsável pela redução da absorção parece constituir a quelação por cátions divalentes e trivalentes que formam complexos com a tetraciclina (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Eritromicina: A eritromicina base sofre absorção incompleta, é inativada por ácidos gástricos, razão pela qual o fármaco é administrado na forma de revestimento 21 entérico. O alimento aumenta a acidez gastrintestinal e pode retardar a absorção (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Clindamicina: A clindamicina sofre absorção quase completa após administração oral. A presença de alimento no estomago não reduz significativamente a absorção da clindamicina (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Azitromicina: A azitromicina quando administrada por via oral, sofre rápida absorção e é distribuída amplamente por todo o organismo, se for administrado juntamente com hidróxido de alumínio ou hidróxido de magnésio, ocorre diminuição das concentrações séricas máximas da azitromicina, o alimento também retarda sua absorção (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Itraconazol: O itraconazol em forma de cápsulas é mais absorvido no estado pós prandial, enquanto que a solução oral exibe melhor absorção em jejum (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Fanciclovir e penciclovir: O penciclovir oral possui baixa biodisponibilidade (5%). Em contraste, o fanciclovir é bem absorvido por via oral e rapidamente convertido em penciclovir por desacetilação após sua absorção intestinal. O alimento retarda a absorção, mas não reduz a biodisponibilidade global (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). 3.4 Nutrientes x Fármacos 3.4.1 Absorção A composição da dieta e o tipo de alimentação podem alterar a absorção dos medicamentos, podendo aumentar, diminuir ou apenas retardar. No caso de uma absorção diminuída ou retardada, o resultado é que o fármaco poderá não atingir os níveis eficazes na corrente sanguínea, já no caso de uma absorção aumentada, esses níveis podem ser mais elevados do que o desejável, aumentando os efeitos colaterais. Dependendo do tipo de alimento ingerido a velocidade de esvaziamento gástrico poderá variar, afetando a absorção de um fármaco. Os fármacos básicos, 22 por exemplo, são melhores absorvidos quando o esvaziamento gástrico é retardado. A absorção da penicilina é reduzida quando administrada junto com uma refeição, isso se deve a presença do alimento no estômago reduzindo o tempo de esvaziamento gástrico e permitindo a exposição, durante um período mais longo, ao ácido gástrico, o que degrada a penicilina (ROE, 1984). Outras vezes, os nutrientes podem formar complexos com a droga, impedindo sua absorção. O cálcio, magnésio, ferro e zinco, formam complexos com a tetraciclina (um antibiótico). Uma dieta hiperproteíca interfere com a absorção da levodopa (usado para mal de Parkinson) porque os aminoácidos competem pelos sítios absortivos que estão envolvidos na absorção da levodopa (NEUVONEN; TURAKKA, 1974). 3.4.2 Transporte A levodopa e a metildopa competem com os aminoácidos provenientes de uma dieta protéica, pelo transporte para o Sistema Nervoso Central (TERESI; MORGAN, 1994). De forma geral, os fármacos são transportados na corrente sanguínea através de proteínas plasmáticas, sendo a principal a albumina. Os níveis séricos de albumina podem estar diminuídos devido desnutrição ou enfermidade do fígado, modificando toda a farmacocinética do fármaco, ou seja, sua distribuição, metabolismo e eliminação. Assim sendo o transporte reduzido pode levar a um aumento da concentração do fármaco na sua forma livre, levando a efeitos indesejáveis ou a ausência de qualquer efeito (TROVATO; NUHLICEK; MIDTLING, 1991). A ligação do fármaco a uma proteína plasmática também pode ser alterada por uma dieta hiperlipídica, pois os ácidos graxos livres na corrente sanguínea se associam à albumina, levando a um deslocamento da droga (TOOTHAKER; WELLING, 1980). 23 Um grande número de fármacos e nutrientes são metabolizados no fígado através de sistemas enzimáticos específicos. Entre os componentes nutricionais que participam desses sistemas enzimáticos estão as proteínas, lipídios, ácido nicotínico, ácido ascórbico, vitaminas A e E, cobre, cálcio, ferro, zinco entre outros, portanto, deficiências destes nutrientes podem levar a uma metabolização mais lenta (THOMAS, 1995). Crianças asmáticas tratadas com o teofilina (broncodilatador) têm menos episódios de respiração dificultosa quando fazem dietas com baixa quantidade de proteínas porque assim a teofilina é metabolizada mais lentamente, permanecendo por mais tempo na circulação (THOMAS, 1995). A ingestão de alimentos com o propranolol reduz o efeito de primeira passagem e aumentando assim a sua biodisponibilidade (WELLING, 1977). 3.5 Modificação do pH do conteúdo gastrintestinal Após a ingestão de alimentos ou líquidos o pH de 1,5 do estômago se eleva para aproximadamente 3,0. Esta modificação pode afetar a desintegração de cápsulas, drágeas ou comprimidos com isso a absorção do princípio ativo. O aumento do pH gástrico em função de alimentos ou líquidos poderá reduzir a dissolução de comprimidos de eritromicina ou de tetraciclina. Medicamentos como a fenitoína desintegram-se mais facilmente com a alcalinização do pH gástrico (WELLING & TSE, 1982; TROVATO, 1991). O pH também interfere na estabilidade, assim como na ionização dos fármacos, promovendo uma alteração na velocidade e extensão de sua absorção (HARRISON et al., 1992). 24 3.5.1 Velocidade do esvaziamento gástrico A presença de alimentos no estômago contribui para o retardo do esvaziamento gástrico. Portanto, a velocidade do esvaziamento do estômago é limitada pela quantidade de quimo que o intestino delgado pode processar (GUYTON, 1992). Refeições sólidas, ácidas, gordurosas, quentes, hipertônicas e volumes líquidos acima de 300 mL podem ocasionar um retardo do esvaziamento gástrico, enquanto que refeições hiperprotéicas têm efeito menor neste processo. Sendo assim, a composição da dieta influência o tempo de permanência dos fármacos no trato digestivo podendo aumentar ou diminuir a absorção dos mesmos (WELLING, 1984; GUYTON, 1992). Um esvaziamento gástrico lento pode aumentar a absorção dos fármacos que utilizam mecanismos saturantes, isto é, ocorre um prolongamento do tempo de contato do princípio ativo com a superfície de absorção, facilitando a difusão através da membrana celular (WELLING, 1984; GAI, 1992). 3.5.2 Aumento da atividade peristáltica do intestino: O aumento moderado da motilidade pode favorecer a dissolução do medicamento, facilitando o contato das substâncias ativas com a superfície de absorção melhorando assim, a velocidade do processo (TOOTHAKER & WELLING, 1980). Secreções de ácidos, enzimas e sais biliares aumentam na presença de alimentos. Os ácidos e sais biliares, devido suas propriedades tensoativas, auxiliam a solubilização e favorecem a absorção de fármacos lipossolúveis (TOOTHAKER & WELLING, 1980; BASILE, 1994). 25 Os sais biliares também podem formar complexos não absorvíveis com substâncias como a colestiramina um antiinflamatório (TOOTHAKER & WELLING, 1980; ROE, 1985). De forma geral, as secreções podem ampliar a disponibilidade do fármaco, dependendo da sua natureza, ácida ou básica, da lipofilicidade ou da formulação do medicamento (WELLING, 1984). É o caso, por exemplo, da griseofulvina, que tem sua absorção aumentada quando ingerida com dietas hiperlipídicas (KIRK, 1995). 3.5.3 Competição pelos sítios de absorção A presença de nutrientes pode constituir uma competição pelos sítios de absorção, cuja conseqüência dependerá de qual componente apresentar maior afinidade com este sítio. Um exemplo disso é a levodopa, usada no tratamento da doença de Parkinson, tem ação terapêutica inibida por dieta hiperprotéica (DUVOISIN & SAAGE, 1996). Esta alteração deve-se ao fato de os aminoácidos competirem com a levodopa tanto na absorção intestinal, quanto na penetração no cérebro. Devido a esses fatores a levodopa é comercializada em associações com bensirazida ou carbidopa (WELLING, 1977). 3.5.4 Ligação direta do fármaco com componentes dos alimentos (complexação) Uma das formas de interação entre fármaco-nutriente é o mecanismo de complexação, esse mecanismo resulta na diminuição da disponibilidade dos fármacos. Íons divalentes e trivalentes como, por exemplo, (Ca2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+), presentes no leite e em outros alimentos, são capazes de formar quelatos não absorvíveis com tetraciclina, ocasionando a excreção fecal dos minerais, bem como do fármaco (WELLING, 1977; WELLING, 1984). 26 3.6 Excreção Geralmente os efeitos farmacológicos dos fármacos dependem de alguns fatores como sua absorção, distribuição, metabolização e sua excreção eficiente. A excreção renal e a excreção biliar podem ser afetadas pelo conteúdo da dieta ou ainda por algumas condições nutricionais. A deficiência de sódio, leva a uma reabsorção aumentada deste sal e simultaneamente de carbonato de lítio (antidepressivo), elevando o potencial tóxico do fármaco, o que pode ser revertido pela suplementação de sódio ou maior ingestão de líquidos (KIRK, 1995). 4. Cuidados na nutrição enteral Muitas vezes os pacientes não são capazes de se alimentar adequadamente nesses casos a alimentação enteral se faz necessária. No entanto, todo o cuidado é pouco quando ao mesmo tempo é administrado algum fármaco nestes pacientes. O uso do mesmo tubo para administração do fármaco e da alimentação é pouco recomendável em virtude das interações que podem ocorrer. Alguns fármacos são incompatíveis com as formulações enterais. Um exemplo é o caseinato de cálcio, usado como fonte protéica em muitas fórmulas, sabe-se que o caseínato de cálcio pode se ligar a alguns fármacos. Nesses casos é recomenda que as administrações terapêuticas e enteral sejam feitas em diferentes tempos diminuindo assim possíveis interferentes na sua absorção (WIX; DOERING; HATTON, 1992). Desde a década de 80, os profissionais da área são incentivados a monitorar as interações fármaco-nutriente que ocorrem com pacientes, bem como orientá-los a este respeito. Portanto, estes profissionais desempenham um papel importante na identificação destas interações. Um maior conhecimento em relação a este processo conduz a um controle mais efetivo da administração do medicamento e da ingestão de alimentos, favorecendo, assim, a adoção de terapias mais eficazes (WIX et al., 1992). 27 4.1 ABSORÇÃO E METABOLISMO DOS FÁRMACOS A maioria dos fármacos administrados oralmente é absorvida por difusão passiva, enquanto que os nutrientes são absorvidos, por mecanismo de transporte ativo. Quando é administrado um fármaco por via oral, sua absorção ocorre pelo tubo gastrintestinal e, sua concentração sangüínea depende de vários fatores conforme mencionados no quadro 1 (ROE, 1994). 4.1.1 Quadro 1: Fatores que exercem influência sobre a biodisponibilidade dos fármacos Aspectos relacionados Aos fármacos Solubilidade Variações Individuais Idade Tamanho da Partícula Ingestão de Fluídos Forma farmacêutica Ingestão de Alimentos Efeitos do fluido gastro intestinal Tempo de Trânsito Intestinal Metabolismo pré-sistêmico Microflora intestinal Pka do fármaco Metabolismo Intestinal ou Hepático Natureza química (sal ou éster) Patologia Gastro intestinal Liberação imediata ou lenta PH Gastro Intestinal O trajeto dos fármacos no organismo pode ser representado através de três fases: biofarmacêutica, farmacocinética e farmacodinâmica (Figura 1). 28 4.1.2 Figura 1: Esquema demonstrando a biodisponibilidade dos fármacos Administração do medicamento Ingestão, Desintegração e Dissolução Absorção Distribuição Tecido Armazenador Metabolismo (destivação Ativação) FASE I Oxidação Redução Hidrolise FASE II Conjugação do fármaco com substâncias endógenas Interação com Proteínas do Sangue Interação Fármaco Receptor Tecido Alvo Excreção 29 4.1.3 Fase Biofarmacêutica A fase biofarmacêutica compreende todos os processos que ocorrem com o medicamento desde a sua administração, incluindo as etapas de liberação e dissolução do princípio ativo. Esta fase deixa o fármaco disponível para a absorção. No entanto, sua natureza química, estado físico, tamanho e superfície da partícula, quantidade e tipo dos excipientes utilizados, processo farmacêutico podem influenciar na biodisponibilidade do princípio ativo, podendo variar o tempo de absorção e a quantidade absorvida (ANDERSON, 1988). 4.1.4 Fase Farmacocinética Esta fase inclui os processos nos quais o organismo interfere sobre o fármaco. A farmacocinética é o estudo dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção.O retardo na absorção de certos fármacos, quando ingeridos com alimentos, nem sempre indica redução da quantidade absorvida. Provavelmente, poderá ser necessário um tempo maior para se alcançar sua concentração sangüínea máxima absorvida, interferindo assim no seu tempo de efeito (GAI, 1992). O metabolismo ocorre em dois tipos de reações básicas, que são reações fase I e fase II. As reações de fase I são reações bioquímicas, como oxidação, redução e hidrólise, que provocam modificações nas moléculas dos fármacos, deixando-os mais polares e facilitando sua excreção. A segunda fase corresponde àquelas que conjugam os grupos funcionais dos fármacos a moléculas endógenas. Estas reações são catalisadas por enzimas ou sistemas enzimáticos, sendo o fígado o principal local de metabolismo de compostos ativos (SILVA, 1994). O metabolismo oxidativo, dependente do citocromo P450, que atua sobre uma ampla gama de substâncias endógenas, como em substâncias químicas estranhas (ANDERSON et al., 1982). 30 O sistema renal constitui uma das principais vias de excreção de fármacos, sendo importante no processo de interação. O pH urinário sofre variações conforme a natureza ácida ou alcalina dos alimentos ou de seus metabólicos. Assim, dietas ricas em vegetais, leite e derivados elevam o pH urinário, causando um aumento na reabsorção de fármacos básicos. No entanto, fármaco de caráter ácido, eleva a excreção. Por outro lado, ovos, carnes e pães acidificam a urina, tendo como conseqüência o aumento da excreção renal de fármacos básicos (TROVATO et al., 1991; BASILE, 1994). As absorções de fármacos e nutrientes são parecidas, mas as distribuições metabólicas desses são diferentes. Os nutrientes entram no processo metabólico na forma de substrato para reações bioenergéticas produzindo energia ou em forma de co-fator para as reações anabólicas e catabólicas. Já os fármacos, na maioria das vezes participam de reações que resultam na modificação química, atividade farmacológica e na sua excreção (HAYES & BORZELLECA, 1985). 4.1.5 Etapas do Processo de Utilização de nutrientes Ingestão Porção do Alimento Digestão Absorção Metabolismo Produção de energia Anabólito Catabólito Co- fator etc Distribuição Tecido Armazenador Excreção Metabólitos 31 4.1.6 Fase Farmacodinâmica Esta fase é responsável pelo estudo das interações moleculares que regulam o reconhecimento molecular de um fármaco pelo receptor (BARREIRO & FRAGA, 2001). O resultado desta interação produz o efeito terapêutico, cuja resposta é variável e de acordo com fatores individuais, e farmacocinéticos (SILVA, 1994). Podemos dizer que biodisponibilidade é a fração da dose administrada de um produto farmacêutico capaz de alcançar a circulação sistêmica e exercer ação terapêutica. Isso nos mostra a extensão e a velocidade das fases biofarmacêuticas e farmacocinéticas da substância ativa (REYNOLDS, 1993). 5. O PACIENTE IDOSO A ingestão de nutrientes como proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas em quantidade e qualidade adequadas são importantes para a manutenção do estado nutricional. No idoso, o requerimento nutricional é diferente, devido, principalmente, da diminuição do metabolismo basal, e muitas vezes ao sedentarismo (VARMA, 1994). Modificações fisiológicas, podem afetar o estado nutricional do idoso. Portanto, para uma preservação da integridade estrutural e funcional de seu organismo, é necessário monitorar suas necessidades e condições nutricionais, o que pode ser feito através da alimentação, avaliação clínica e da análise de alguns fatores como, por exemplo, a instabilidade emocional, a proximidade da família e dos amigos e o abuso de álcool ou de medicamentos (MUNRO et al., 1987). 32 5.1 O Quadro 2 nos mostra essas modificações fisiológicas. Quadro 2: Modificações Fisiológicas que afetam o estado nutricional do idoso Músculo magro é substituído por gordura (mesmo nos casos em que não se tem ganho de peso) Ocorrem modificações na atividade enzimática e nos componentes das secreções gástricas Atividade da amilase salivar é freqüentemente reduzida Enzimas de atividade proteolítica podem estar diminuídas Atividades da amilase e lípase podem estar diminuídas Tolerância à glicose tende a diminuir Fluxo sanguíneo renal e velocidade de filtração glomerular estão reduzidas mesmo na ausência de doença renal A probabilidade de prescrição medicamentosa para o idoso é maior, quando comparada com outras faixas etárias, isso ocorre em virtude do tratamento de doenças crônicas ou agudas. Podendo o paciente idoso ingerir de 3 a 10 medicamentos diferentes por dia, elevando o risco de indução da deficiência nutricional (THOMAS, 1995). É comum o idoso praticar a automedicação, para o alívio de sintomas relacionados à doença ou outro problema qualquer de saúde. Medicamentos de venda livre são ingeridos por idosos com freqüência sendo estes na maioria das vezes laxativos, anti-histamínicos, vitaminas, minerais, analgésicos e antiácidos, os quais, quando consumidos de forma abusiva, causam efeitos adversos sobre o apetite e o estado nutricional do paciente (ROE, 1994; SCHUMANN, 1999). Os medicamentos utilizados pelo idoso podem ser mais ou menos absorvidos, dependendo das condições de consumo, se são associados ou não às refeições (ROE, 1984; CHEN et al., 1985). 33 Por outro lado, deficiências nutricionais podem ocorrer por indução medicamentosa, sendo a mais freqüente falta de vitaminas e de minerais (FLODIM, 1990; MURRAY & HEALY, 1991). Medicamentos podem causar um estado nutricional insatisfatório em pacientes idosos por diferentes mecanismos. Em contrapartida, a condição nutricional inadequada pode alterar a ação do fármaco (ROE, 1993). A idade exerce uma grande influência no processo farmacocinético do fármaco, portanto, o idoso representa uma população de grande risco quanto à interação fármaco-nutriente (CHEN; LIU; COOK; NEWELL; BARNES, 1985). Estudos com humanos sobre estes mecanismos têm sido realizados, com o objetivo de demonstrar mais precisamente os efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade dos fármacos (RADULOVIC et al., 1995; LAVELLE et al., 1996). Analgésicos e antiinflamatórios, são frequentemente administrados com alimentos. O objetivo é diminuir as irritações da mucosa gástrica provocadas, principalmente, pela administração destes medicamentos por tempo prolongado. De acordo com a maioria das pesquisas realizadas, os nutrientes diminuem a velocidade de absorção dos fármacos, provavelmente por retardarem o esvaziamento gástrico (SOUICH et al., 1992). 6. INTERFERÊNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL NA BIODISPONIBILIDADE DOS FÁRMACOS As deficiências nutricionais resultam de quantidades de nutrientes essenciais ingeridas inadequadamente, o que acarreta precariedade do estado nutricional do paciente. Podendo afetar a ação do fármaco, por alterar a absorção, a distribuição, a biotransformação e a excreção, influenciando, portanto, na resposta terapêutica (KRISHNASWAMY et al., 1981; HOYUMPA & SCHENKER, 1982). 34 Provavelmente, o fator mais importante do regime alimentar no metabolismo de compostos ativos é a quantidade de proteína na dieta. Um regime alimentar com elevado teor de proteína e baixo teor de carboidrato aumenta a velocidade do metabolismo do fármaco, enquanto dieta com baixo teor de proteína e alto teor de carboidrato diminui o metabolismo do fármaco (ROE, 1978; ROE, 1984). A proteína e outros nutrientes podem influenciar a atividade enzimática do citocromo P450 no homem. Desta forma, a meia-vida plasmática de vários fármacos pode ser alterada em função dos nutrientes oferecidos pela dieta, aumentando ou reduzindo a atuação deste sistema enzimático (ANDERSON et al., 1982; ROE, 1984b; BASILE, 1994). Micronutrientes como (zinco, magnésio, ácido ascórbico e riboflavina) apresentam papel de grande relevância na metabolização hepática de fármacos, Um exemplo é o zinco, essencial para enzimas específicas associadas às fases I e II no processo de biotransformação (INSOGNA et al., 1980; HOYMPA & SCHENKER, 1982). 7. INTERFERÊNCIA DO FÁRMACO NO ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE Os fármacos podem modificar o metabolismo de nutrientes. Estas interações normalmente resultam em alteração do estado nutricional (TROVATO et al., 1991). É necessário o controle do uso de substâncias produtoras de efeitos prejudiciais à nutrição, como, o metotrexato e a ciclosporina, que danificam a mucosa intestinal, diminuindo a absorção de cálcio (ROE, 1984). No tratamento de doenças crônicas, o uso prolongado de medicamentos poderá ocasionar perda de nutrientes. Nestes casos, a suplementação dietética é necessária para restabelecer as condições nutricionais normais do paciente (TROVATO et al., 1991). 35 A alteração causada pelas substâncias ativas na absorção de nutrientes pode ser primária ou secundária. Uma má absorção primária induzida por medicamentos é uma conseqüência dos efeitos diretos dos agentes farmacológicos sobre a mucosa. Já uma má absorção secundária é causada pelo pobre estado fisiológico ou, pela interferência do fármaco sobre o metabolismo de um nutriente (ROE, 1984a; TROVATO et al., 1991). Substâncias como antiácidos, laxativos e antibióticos, podem causar a perda de nutrientes. O uso prolongado de laxativos estimulantes como bisacodil induz o aumento da velocidade do trânsito intestinal e por conseqüência reduz a absorção de glicose, proteína, sódio, potássio e algumas vitaminas (ROE, 1978; ROE, 1984). Grandes doses de óleo mineral interferem na absorção de vitaminas lipossolúveis como, por exemplo, vitaminas (A, D, E, K), beta-caroteno, cálcio e fosfatos, isso ocorre devido à barreira física ou pela diminuição do tempo de trânsito intestinal (CLARK et al., 1987; TROVATO et al., 1991). O metabolismo da vitamina D, cálcio e fosfatos estão inter-relacionados, por este motivo, a deficiência de uma destas substâncias poderá ocasionar anormalidades metabólicas, caracterizando má absorção secundária (YAMREUDEEWONG et al., 1995). O uso excessivo de óleo mineral pode provocar raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos, por deficiência de cálcio (ROE, 1978; INSOGNA et al., 1980). Aumento na excreção de minerais ocorre com o uso prolongado ou com a ingestão de altas doses de diuréticos. A furosemida, um diurético de alça, ocasiona perda de potássio, magnésio, zinco e cálcio (ROE, 1984). 36 8. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Ao final deste trabalho, notaram-se como os constituintes dos alimentos podem influenciar a biodisponibilidade de fármacos e vice-versa. No entanto, existe ainda a falta de informações de ordem prática, em drogarias e farmácias os quais ajudariam muitos a passar orientações em relação a interações que podem ocorrer entre fármaco e alimento, aos usuários de medicamentos de uso contínuo, portadores de doenças crônicas degenerativas e principalmente idosos que muitas vezes não recebem uma orientação adequada de que forma devem administrar seus medicamentos e fatores que possam interferir na biodisponibilidade do farmaco. Uma alternativa para diminuir esses problemas, seria a implantação nas farmácias de serviços de assistência a esses pacientes (Atenção Farmacêutica), com isso o paciente que muitas vezes não é orientado pelo seu médico poderia esclarecer duvidas referentes ao seu respectivo tratamento, e possíveis interações que poderá ocorrer, tendo assim uma melhor adesão ao tratamento proposto, obtendo os resultados esperados. Além disso muitos dos efeitos adversos observados ao longo da vida de um indivíduo não são documentados ou, são simplesmente entendidos como conseqüências do medicamento, não se considerando o processo de interação fármaco-nutriente. Pode-se notar também que existe uma série de interações entre fármacos e nutrientes, mas essas interações não ocorrem com todos os pacientes variando de acordo com cada indivíduo. Existem diversos fatores que levam a uma interação entre farmaco e nutriente, cabe a nós farmacêuticos tentar da melhor forma possível esclarecer possíveis interações que possam ocorrer ao longo do seu tratamento, fazendo assim com que o paciente alcance um resultado esperado, tendo assim a desejada 37 melhora do seu estado de saúde e a valorização da presença do profissional Farmacêutico em drogarias e farmácias. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, K.E., CONNEY, A.H., KAPPAS, A. Nutritional influences on chemical biotransformations in humans. Nutrition Reviews, New York, v.40, n.6, p.161-171, 1982. ANDERSON, K.E. Influences of diets and nutrition on clinical pharmacokinetics. Clinical Pharmacokinetics, Auckland, v.14, n.6, p.325-346, 1988. ANDERSON, K.E., CONNEY, A.H., KAPPAS, A. Nutritional influences on chemical biotransformations in humans. Nutrition Reviews, New York, v.40, n.6, p.161-171, 1982). ANDERSON, K.E., CONNEY, A.H., KAPPAS, A. 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