Anais do PIBIDSUL / PARFORSUL / ENLICSUL - ISBN:978-85-5722-000-3 A CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO COLONIAL NO CONTO “O FATO COMPLETO DE LUCAS MATESSO”, DE LUANDINO VIEIRA SILVA, Carlos da Este resumo é parte da comunicação oral que tem por objetivo realizar uma leitura do conto O fato completo de Lucas Matesso, do escritor angolano Luandino Vieira, considerando a importância conferida à relação entre as literaturas pertencentes ao macrossistema literário em língua portuguesa, além de buscar no espaço onde se insere o texto a sua configuração de sentido. O conto de Luandino Vieira foi publicado, primeiramente, em 1966, na coletânea Vidas Novas, sendo republicado, posteriormente, em 1976, pela UEA – União dos Escritores de Angola, constituindo-se numa obra cuja vivência remonta à concepção de Angola ainda dominada pelo colonialismo português, situação histórico-política que somente seria modificada a partir de 1975, com a independência das colônias portuguesas em África. A abordagem, portanto, de um texto dessa natureza, além de promover a efetivação, na prática, da Lei Nº 10.639/03, tende a buscar a condição do sujeito africano em sua relação com o domínio colonialista; a ausência de liberdade do corpo e das atitudes individuais; a presença massacrante da opressão do colonizador sobre a existência outrora livre do ser africano e, por fim, a correlação entre literaturas que pertencem ao mesmo macrossistema literário. Trata-se, pois, de pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, numa tentativa de mostrar aos educandos da Educação Básica, a partir do 9º Ano, a importância da literatura enquanto espaço que promove a reflexão sobre alguns aspectos envolvendo a formação literária do professor, sua condição crítico-reflexiva de educador compromissado com as transformações históricas e sociais, conduzindo, assim, seus educandos a uma revisão de posicionamentos confortáveis em que realidade e ficção tornam-se elementos indissociáveis. O conto de Luandino Vieira explora, ainda, um aspecto relevante para manter o grau de insubmissão do ser africano ao colonialismo: a língua nativa, as particularidades do Quimbundo, desconhecidas do branco opressor, e que permitem certa independência do colonizado em relação ao mando colonialista, ou seja, diferentemente do corpo submisso, a memória cultural não se subordina, mantendo no ser africano a esperança em tempos futuros. Assim, será importante para o professor e seus alunos o contato com uma literatura nascida sob o signo da resistência ao colonialismo, ao mesmo tempo em que será possível confrontar realidades distintas, entre passado e presente, motivadas pelas condições específicas do espaço africano. Palavras-chave: Macrossistema. Colonialismo. Reflexão. Espaço. Memória. Lages/SC - UNIPLAC - 07 a 09 de dezembro de 2015