MICRO POLÍTICAS E CONFLITOS
NA SALA DE AULA
“A professora Ana recebe em sua turma de alunos com
defasagem série-idade uma criança com um comportamento
muito agressivo, arredio, defensivo. Com o tempo conquista
a confiança da criança e consegue desenvolver com ela as
“competências” necessárias para enviá-la para a 3a. série
do ensino fundamental. No ano seguinte, passadas algumas
semanas de aula, volta a porta da sala da professora e diz
que não quer ficar na outra turma. Que a turma da
professora Ana que é sua turma de verdade. A professora
argumenta que ela “passou” de ano, que ela evoluiu. A aluna
retira o caderno e mostra para professora uma cópia
extensa de números e diz: “você pensa que lá é bom? Não
é não! Olha só o que eu tenho que fazer!”. A professora
procura a coordenadora pedagógica e questiona: “É para
isso que preparamos os caras? Eu mando o cara para essa
escola e ele quer voltar...isso sabota todo o nosso
trabalho!”
“A professora Rosangela entra na sala da coordenação em
busca de auxílio para avaliar uma criança da
alfabetização. A professora descreve todo o processo de
conquista dessa criança difícil, muito inquieta, com uma
autoestima muito baixa, que se recusava a realizar
qualquer atividade. Analisa que a criança desenvolveu
muito quando comparada a ela mesma no início do ano, já
lê e escreve muitas coisas, mas sua leitura e escrita é
inferior ao nível desenvolvido pela turma. Tem medo de
passá-la de ano e no ano seguinte a colega dizer que foi
muito condescendente na avaliação e passou uma criança
“sem condições” e deixar a criança esquecida num canto.
Tem medo de reprovar a criança e ela ficar desmotivada
com a reprovação, acabando com todo o trabalho de
autoestima
desenvolvido.
Tem
medo
ainda,
por
experiências passadas, de reprovar a aluna e descobrir
no ano seguinte crianças muito mais fracas que ela nas
séries superiores... e ainda reflete que, se detiver a
aluna terá uma diferença grande entre ela e os que
chegam.”
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS CONFLITOS…
• A organização do tempo escolar em fluxos
contínuos nem sempre corresponde ao fluxo de
ensinoaprendizagem desenvolvidos na relação das
professoras com suas alunas o que acarreta um
conflito ético.
• A ausência de um projeto político pedagógico
claro: falta de princípios, de coerência, de
organicidade, gera insegurança nas professoras e
um conflito entre os contratos didáticos executados
na mesma escola:
-Qual o currículo? - Qual a finalidade da educaçao?
-Qual a avaliação – Que sujeitos busca-se formar?
OS DESAFIOS DE MOVER-SE NAS TEIAS…
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- Como a comunidade escolar pode negociar
seus interesses – que também são múltiplos –
e produzir micro políticas afirmativas contra
macro políticas que negam os sujeitos?
- Como podem os professores e professoras
produzir com seus alunos alternativas
produtivas
que
sejam
a
favor
da
aprendizagem e não contra ela?
- Até que ponto a rede esta rede de micropolíticas apoia e sustenta os projetos
desenvolvidos pelas macro-políticas? De que
forma estes poderes se relacionam?
A ESCOLA COMO ESPAÇOS DE RESISTÊNCIA E
ESPAÇOS DE CONSERVAÇÃO
O PAPEL DOS(AS) PEDAGÓGOS(AS)
- Na construção de espaços de diálogo, reflexão e
produção de ações consciêntes;
- No estudo, discussão e problematização das macropolíticas impostas e planejamento coletivo das micropolíticas de ação da escola.
- Na defesa da GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA
PÚBLICA , DE SUA AUTONOMIA E DE SEU PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO.
EU TAMBÉM NÃO SEI SE EU SEI MAS VOU TENTAR JUNTO…
Eu lembro que na primeira aula eu os separei em
grupos: - Agora vamos trabalhar em grupos. Eu vi que
eles ficaram assim meio desnorteados, parecia que
eles nunca tinham trabalhado dessa maneira, em
grupo. Botei em quatro, trouxe meu material, que eu
vi que não podia contar com eles para eles trazerem o
material deles, para poder enriquecer a aula, então eu
trouxe tudo aquilo, trouxe jornal, trouxe revista, aí
eu lembro que uma colega passou e falou assim: “Você
é louca, você vai trabalhar dessa maneira com esse
tipo de turma? Eles não sabem trabalhar assim!”. Eu
também não sei se eu sei, eu vou tentar junto com
eles fazer alguma coisa. E daí começamos.(Cássia)
E DÁI COMEÇAMOS…
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