v. 11, n.19
jan./jun. 2008
ESPECIARIA
Cadernos de
Ciências
Humanas
ISSN: 1517-5081
Especiaria - Cadernos de
Ciências Humanas
Ilhéus
v. 11 n.19 1-376 jan./jun. 2008
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Indexador: Sumários de Revistas Brasileiras
Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas / Universidade
Estadual de Santa Cruz. Vol.11, n.19 (jan./jun. 2008). Ilhéus : Editus, 2009- .
376p.
Semestral
ISSN 15175081
1.Ciências Sociais - Periódicos. I. Universidade Estadual de Santa
Cruz.
CDD - 301
Conselho Editorial
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Comitê Científico
Jorge Otávio Alves Moreno
Maria Elizabete Souza Couto
Marisa Carneiro de O. F. Donatelli
Moema Maria Badaró Cartibani Midlej
Paulo Tadeu da Silva
Sócrates Moquete
Erika Antunes Vasconcelos
Editor
Paulo Cesar Pontes Fraga
Organização deste número
Carla Milani Damião
Analista Técnico
Genebaldo Pinto Ribeiro
Bolsista
Luiz Antônio S. R. Júnior
Objetivo e política editorial
A revista Especiaria – Cadernos de Ciências Humanas está
voltada para as grandes áreas de ciências humanas e sociais
aplicadas, com periodicidade semestral. A revista é composta
de quatro seções, a saber: artigos sobre o tema proposto para o
dossiê; artigos; resenhas; e traduções. Poderão ser publicados
artigos de colaboradores nacionais e internacionais.
O envio espontâneo de qualquer colaboração implica automaticamente a cessão integral dos direitos autorais aos Cadernos
de Ciências Humanas. A revista não se obriga a devolver os originais das colaborações enviadas, mesmo quando não aprovadas
pelo corpo de pareceristas.
Cada autor receberá três exemplares da Revista pela cessão
dos direitos autorais.
A identificação do(s) autor(es) deverá ser feita em separado,
com: nome do autor, titulação, endereço, telefone e e-mail e/ou
fax dos autores, para encaminhamento de correspondência.
Editorial
Este número de Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas
traz como temática de seu dossiê a estética. Como uma ramificação
da Filosofia, a estética possui um significado complexo e de definição
pouco homogênea. De seu significado etimológico, do grego aisthésis,
termo traduzido por sensação, sensibilidade ou percepção sensível,
ao significado moderno de conhecimento sensível (ou percepção)
associado à questão do gosto, ao juízo de gosto ou juízo estético e,
em sentido mais abrangente, como toda a reflexão filosófica sobre
a arte, o termo estética comporta uma variação de entendimentos e
diferentes abordagens que transitam pelo campo do conhecimento,
da moral e da política em associação com a arte.
A maioria dos artigos presentes neste número foi debatida
no IV Encontro do GT de Estética da Associação Nacional de
Pós-gradução em Filosofia - ANPOF, realizado em junho de 2008,
na Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC.
Os dois primeiros assuntos do dossiê, de Jeanne Marie
Gagnebin e Virginia Araújo Figueiredo, resultam de palestras
proferidas nas Plenárias de Estética dos dois últimos encontros
da Associação Nacional de Pós-gradução em Filosofia - ANPOF,
respectivamente o XII e o XIII, em 2006 e 2008
O artigo de Jeanne Marie Gagnebin busca afirmar uma reciprocidade do sentido de estética como percepção unida às transformações históricas e sociais, cujo alcance sugere um entrelaçamento
entre as reflexões filosóficas sobre as artes e as práticas artísticas.
Virginia Figueiredo faz uma abordagem contemporânea da
estética de Kant, relacionando-a com a teoria de Thierry de Duve,
em particular com o que a autora chama de “juízo deduviano –
isto é arte? -” e o juízo reflexionante estético de Kant.
Rodrigo Duarte se debruça sobre as teorias que consideram
as linguagens artísticas, desde o Trattato della pinttura, de Da Vinci,
às teorias contemporâneas sobre arte e estética, em particular de
Clement Greenberg e Theodor Adorno.
O texto de Wolfgang Bock lida com a ambiguidade de algumas categorias do pensamento de Walter Benjamin, quais sejam:
a relação entre memória e esquecimento, de barbárie “negativa”
e barbárie “positiva”, e, principalmente, a de história e obra de
arte, no sentido em que a obra de arte se relaciona com a tradição
histórica e ao mesmo tempo é capaz de romper com a tradição.
João Emiliano de Aquino Fortaleza traz à tona o sentido
etimológico da palavra estética – aisthésis - considerando encontrar no diálogo Fédon, de Platão, em suas palavras, uma “teoria
positiva da percepção sensível”.
Transitando entre a Antiguidade e o Renascimento, Ronel Alberti Rosa traça, pormenorizadamente, em seu artigo, a origem da
ópera. Do imaginário do mundo antigo emerge a figura de Orfeu,
como se sabe, ligada à música, e concomitantemente um projeto
de recuperação da tragédia clássica. Da junção entre a música e a
tragédia e seus efeitos catárticos, teria, então, surgido a ópera.
Romero Freitas pretende constituir, em sua fala, uma relação
entre o trágico e o cômico no romantismo alemão. A denominada
estética da ironia encontra, segundo o autor, um exemplo prático
nas comédias de Tieck. É por meio de uma ambiguidade da ironia,
que comporta em sua expressão tanto o cômico quanto o trágico,
que é possível a aproximação entre os gêneros.
Pedro Süssekind recupera a importância de Winckelmann para
a teoria estética de Goethe, em vista de um projeto de recuperar o
ideal de beleza grega na arte e literatura alemãs, projeto que teria
constituído o que conhecemos sob o nome de classicismo alemão.
O classicismo alemão no século XVIII é também o foco de
atenção do trabalho de Luisa Severo Buarque de Holanda. Seu
objetivo é o de recuperar o conceito de mímesis da Antiguidade
e mostrar como o classicismo alemão incorpora esse conceito,
transformando-o e ampliando seu significado do campo da teoria
da arte para a filosofia da história.
Graciela Deri de Codina apresenta, em seu texto, uma leitura dialética, no sentido hegeliano do termo, da obra de Marcel
Proust Em busca do tempo perdido, tendo em vista os extremos
“transformação-esquecimento” e “permanência-memória”.
A crítica nietzscheana às obras de arte convencionais e a
busca por superar seu sentido a fim de fazer emergir um sentido
legítimo de arte é o assunto do discurso de Iracema Macedo ao
trabalhar com a expressão “contra a arte das obras de arte”.
Os quatro artigos seguintes participam da discussão estética
do início do século XX. O de Sara Pozzer avalia a correspondência entre a estética kantiana e a adorniana, encontrando a
maior divergência entre essas na passagem do transcendental,
em Kant, para o entendimento de Adorno que tem por base não
o transcendental, mas o histórico.
Luciano Gatti considera a transformação por Heiner Müller da
proposta brechtiana da peça didática que se tratava de um modelo
de educação político-estético e de experimentação teatral. Esta transformação teria sido cumprida por Heiner Müller ao recuperar, do
próprio Brecht, um questionamento sobre a forma dramática.
Márcia Tiburi reflete sobre a teoria de Vilém Flusser que, a
seu ver, “inaugurou um novo contexto para a discussão sobre a
estética ao investigar o sentido ontológico do mundo tecnológico
ao qual ele chamou mundo codificado”.
Ricardo Fabbrini remete a outro sentido de estética ao falar
da aparência ou da forma como se apresenta na arquitetura, no
planejamento das construções e exposições dos novos museus no
período que vai de 1980 a 2000. Para tanto, ele reavalia o sentido
de “fruição estética” e de crítica com base na ideia de experiência
da negatividade da arte.
A sessão artigos que compõe o presente número da revista
conta com textos de Márcia Zebina, Ernani Chaves e Gilson Ianini.
O artigo de Márcia Zebina relaciona a Crítica da faculdade do juízo,
de Kant, à Ciência da lógica, de Hegel, com o intuito, segundo a
autora, “de defender a posição hegeliana, de que o recurso à
teleologia explicita o ordenamento da natureza e a estrutura
interna do conceito como liberdade”.
Ernani Chaves reflete acerca da interpretação de Ricouer
sobre Freud em seu livro A memória, a história, o esquecimento, com
base nos textos de Freud: “Lembrar, repetir, elaborar” e “Luto e
melancolia”, ressaltando a importância dessa interpretação, nem
sempre considerada, possuindo o mérito de transpor a análise
individual para o plano do coletivo.
Gilson Ianini tem em vista o pragmatismo de Rorty, com ênfase na crítica da representação e de sua dissolução com base na
questão moderna do conhecimento, a fim de alcançar problemas
filosóficos contemporâneos, encerrando com um questionamento
sobre os limites do pragmatismo.
A atual edição conta com a tradução de um pequeno artigo
de Marcel Proust, que precedido pela apresentação de Carla
Milani Damião, trata dos componentes do movimento artístico
do século XIX conhecido como Fraternidade Pré-Rafaelita e de
seu teórico John Ruskin. O objetivo da articulista é indicar, para
o debate contemporâneo, a questão do esteticismo.
A resenha de Imaculada Kangussu sobre o livro de Rodrigo
Duarte, intitulado Dizer o que não se deixa dizer: para uma filosofia da
expressão, publicado em 2008, encerra essa edição com a indicação de
uma leitura profícua para refletirmos sobre categorias e alcances da
estética e sua relação com o contexto político, artístico e cultural.
Não poderíamos deixar de agradecer às artistas Iole de Freitas e Anne Moreno a gentileza de permitirem a reprodução das
imagens de suas obras no artigo de Virginia Figueiredo e na capa
deste número de Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas.
Carla Milani Damião
Organizadora
Paulo Cesar Pontes Fraga
Editor
SUMÁRIO
DOSSIÊ
O olhar contido e o passo em falso
Jeanne Marie Gagnebin........................................................................... 13
Kant e a arte contemporânea
Virginia de Araújo Figueiredo............................................................... 25
Sobre as relações entre os media: do paragone de Da Vinci à
“pseudomorfose” de Adorno
Rodrigo Duarte.......................................................................................... 45
Memoria und Ästhetik. Über Geschichte und Geschichtlichkeit
in der Kunst
Wolfgang Bock........................................................................................... 61
Aísthésis e anámnésis no Fédon
João Emiliano Fortaleza de Aquino....................................................... 75
O imaginário da Grécia Clássica no Dialogo della musica
Antica e della Moderna De Vincenzo Galilei
Ronel Alberti da Rosa.............................................................................. 91
O cômico e o trágico no romantismo alemão
Romero Freitas......................................................................................... 101
O helenismo de Goethe
Pedro Süssekind...................................................................................... 117
Da mímesis antiga à imitação dos antigos
Luisa Severo Buarque de Holanda...................................................... 132
Aporias do eu: experiência, negatividade e morte no
romance de Proust
Graciela Deri de Codina........................................................................ 149
Contra a arte das obras de arte
Iracema Macedo....................................................................................... 171
Do plano transcendental para o plano histórico: críticas de
Adorno à estética kantiana
Sara Juliana Pozzer da Silveira............................................................. 181
Teatro, história e verdade: Heiner Müler e a crítica
à peça dodática de Bertold Brecht
Luciano Gatti............................................................................................ 201
A crítica da estética pura de Vilém Flusser
Márcia Tiburi........................................................................................... 225
A fruição nos novos museus
Ricardo Nascimento Fabbrini............................................................... 245
ARTIGOS
Teleologia e liberdade
Márcia Zebina.......................................................................................... 271
Memória, patologia e terapia: em torno de Paul Ricouer e Freud
Ernani Chaves.......................................................................................... 289
Quando “menos é menos”: impasses da dissolução
pragmática da verdade a partir de Rorty
Gilson Iannini.......................................................................................... 301
TRADUÇÃO
Apresentação
Carla Milani Damião.............................................................................. 319
Dante Gabriel Rossetti e Elisabeth Siddall
Marcel Proust........................................................................................... 333
RESENHA
Sobre a liberdade de expressão
Imaculada Kangussu.............................................................................. 345
RESUMOS/ABSTRACTS/ABSTRAKT.......................................... 350
COLABORARAM NESTE NÚMERO............................................. 369
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