11 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA QUALIDADE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS EDIJANE MARIA DE CASTRO SILVA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DIETAS ENTERAIS E FÓRMULAS LÁCTEAS PRODUZIDAS EM UM HOSPITAL DE RECIFE-PE RECIFE – PE 2010 12 EDIJANE MARIA DE CASTRO SILVA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DIETAS ENTERAIS E FÓRMULAS LÁCTEAS PRODUZIDAS EM UM HOSPITAL DE RECIFE-PE. Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), como exigência final para obtenção do título de especialização em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. Orientadora: Msc. Alyne Cristine Souza da Silva UFPE RECIFE – PE 2010 13 EDIJANE MARIA DE CASTRO SILVA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DIETAS ENTERAIS E FÓRMULAS LÁCTEAS PRODUZIDAS EM UM HOSPITAL DE RECIFE-PE. Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), como exigência final para obtenção do título de especialização em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. APROVADO EM ____/____/____ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Orientador - Presidente ___________________________________________ Primeiro Membro ___________________________________________ Segundo Membro 14 AGRADECIMENTOS A Deus pelo dom da vida, pela ajuda e proteção, pela Sua força e presença constante, e por me guiar à conclusão de mais uma preciosa etapa de minha vida; À meus pais José Antônio da Silva e Maria José de Castro Silva, continuam me ensinando a viver e a ter confiança para a concretização de meus sonhos; Ao meu esposo, que sempre é presente e me apoio em todos os momentos de minha vida, com amor, dedicação e respeito; Aos meus irmãos, que estão constantemente presentes em minha vida, proporcionando um laço afetivo muito forte entre família; Aos familiares, sogra e cunhados (as), e amigos (as) de meu convívio que são pessoas especiais e que tenho muito carinho e consideração. 15 DEDICO À minha turma do curso de Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos da Equalis/Recife, as nutricionistas do hospital onde trabalho e em especial, minha orientadora e amiga. 16 “Na concorrência da vida, são muitos os contratempos. As bactérias, os vírus e os fungos são apenas lembranças de que os erros e os descuidos estão dentro de nós mesmos”. (Eneo Silva) 17 RESUMO As dietas enterais e fórmulas lácteas são ricas em macro e micronutrientes, e por isso, tornamse excelentes meios de cultura para o desenvolvimento de microorganismos. Desta forma pode contribuir para o surgimento de infecções nasocomiais. Foram analisadas um total de 82 amostras, sendo 38 de fórmulas lácteas, 11 de dietas enterais e 33 de utensílios. As análises foram realizadas em laboratório de microbiologia e análises clínicas do próprio hospital, de acordo com o método da American Public Health Association (APHA). Os microorganismos pesquisados foram Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp, Escherichia coli enteropatogênica e Pseudomona sp. Os resultados demonstraram adequação de acordo com os parâmetros estabelecidos pela legislação RDC Nº 63 de 6 de julho de 2000, para todos os microorganismos analisados com excessão do Pseudomona sp, que apresentou inadequação em 3 amostras de utensílios, indicando falha na aplicação de boas práticas de higienização. Apesar da presença do Pseudomona sp, esta representou um percentual de apenas 9,0 % do total de amostras. A implantação de boas práticas de manipulação de fórmulas lácteas e dietas enterais permitem reduzir a contaminação por microorganismos patógenos. Palavras-chave: dietas enterais, fórmulas lácteas, contaminação, análise microbiológica. 18 ABSTRACT The diets enterais and infant formulae are rich in macro and micronutrients, therefore, makeexcellent culture media for the development of microorganisms. In this way can contribute to the emergence of infections nasocomiais. A total of 82 samples were analyzed – 38 milk formulas, 11 enteral diets and 33 utensils. Analyses were conducted in the microbiology and clinical analysis laboratory of the hospital based on the method recommended by the American Public Health Association. The microorganisms investigated were Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp, enteropathogenic Escherichia coli and Pseudomona sp. The results demonstrated adequacy in accordance with the parameters established by legislation RDC Nº 63 of 6 of july of 2000, for all microorganisms analyzed with the exception of Pseudomona sp. in three samples of utensils, indicating failure in the application of adequate hygiene practices. However, Pseudomona sp was only present in 9.0% of all samples. The implantation of adequate handling practices regarding milk formulas and enteral diets allows reducing contamination by pathogenic microorganisms. Keywords: enteral diets, milk formulas, contamination, microbiological analysis LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Análise microbiológica de dietas enterais utilizadas em um hospital de Recife 31 - PE, 2009.................................................................................................................... Tabela 2 - Análise microbiológica de fórmulas lácteas utilizadas em um hospital de 32 Recife - PE, 2009........................................................................................................... Tabela 3 - Análise microbiológica de utensílios utilizados em um hospital de Recife - 34 PE, 2009.................................................................................................................. 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................11 2. OBJETIVOS ..............................................................................................................13 2.1 GERAL......................................................................................................................13 2.2 ESPECIFICOS ..........................................................................................................13 3. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................14 3.1 LACTÁRIO ...............................................................................................................14 3.2 FÓRMULAS LÁCTEAS ..........................................................................................15 3.3 NUTRIÇÃO ENTERAL ...........................................................................................18 3.4 MICROORGANISMO DE RELEVÂNCIA EM ALIMENTOS .............................20 3.5 CONTROLE DE QUALIDADE ...............................................................................24 3.5 INFECÇÃO HOSPITALAR E FATORES ASSOCIADOS .....................................26 4. MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................28 4.1 LOCAL......................................................................................................................28 4.2 COLETA ...................................................................................................................28 4.3 MATÉRIAL ..............................................................................................................29 4.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS .........................................................................29 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................31 6. CONCLUSÕES..........................................................................................................36 REFERÊNCIAS ............................................................................................................37 ANEXO...........................................................................................................................41 11 1. INTRODUÇÃO A infecção hospitalar é um problema de grande importância nos países em desenvolvimento, por provocar graves infecções que acometem pacientes internados causando significativa morbimortalidade. As infecções hospitalares de origem entérica acometem, principalmente, crianças menores de 5 anos de idade. (FARHAT, 2000; UNICEF, 1991). Atualmente, o índice de infecção hospitalar no mundo é de 5%. No Brasil, este número sobe para 15 %, ao passo que nos EUA e na Europa é de 10%. As organizações mundiais de saúde passaram a tomar medidas mais efetivas, como criar comissões bem estruturadas para prevenção e controle de infecção hospitalar, envolvendo todas as áreas para solução dos problemas. No Brasil, a Portaria de Nº 2.616/98 do Ministério da Saúde normatiza e regulamenta as medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar (OPAS, 2000; BRASIL, 2004). Entre os fatores predisponentes dessas infecções está o próprio doente, o meio ambiente hospitalar e os microorganismos determinantes de tais infecções. O paciente pode adquirir uma infecção devido a sua condição imunológica, idade, uso abusivo de antibióticos, procedimentos médicos, em particular, os invasivos, imunossupressão e falhas nos procedimentos de controle de infecção. O ambiente hospitalar é um grande reservatório de microrganismos, de modo que as infecções hospitalares podem ser adquiridas não apenas por pacientes, mas também, embora menos freqüentemente, por visitantes e funcionários do próprio hospital (BRASIL, 2004). O alimento pode apresentar desde sua origem contaminação pelos mais diversos tipos de microorganismos, podendo propiciar a ocorrência de infecções hospitalares. Neste contexto, destaca-se a importância adequada da manipulação dos alimentos dentro do ambiente hospitalar com existência de áreas específicas para tal atividades, que sejam regidas por legislações vigentes (GERMANO, 2008). O Lactário é a unidade hospitalar responsável pela higienização, processamento e distribuição das fórmulas destinadas à alimentação infantil, sob as mais rigorosas técnicas de assepsia, de maneira a oferecer à criança um produto adequado em termos nutricionais e seguro do ponto de vista bacteriológico (MEZOMO, 2002; PIOVACARI, 2009). A Resolução RDC nº 63 de 6 de julho de 2000 para Terapia de Nutrição Enteral é o regulamento técnico utilizado também para lactários, por este não possuir uma legislação 12 específica. Então, em um lactário suas atividades podem estar associadas ao preparo da nutrição enteral, desde que em horários distintos (BRASIL, 2000). O leite é a matéria-prima de maior consumo entre a faixa etária de 0 a 5 anos, o qual constitui um excelente meio de cultivo para a maioria dos microorganismos encontrados na natureza, além de sofrer alterações com grande facilidade em curto espaço de tempo. (SALLES; GOULART, 1997). As dietas enterais são ricas em macro e micronutrientes e, por isso, tornam-se também excelentes meios de crescimento de microrganismos. A contaminação microbiana das fórmulas enterais pode ocorrer em diversas etapas, sendo a manipulação uma etapa especialmente crítica (LIMA et al, 2005). Destaca-se a possibilidade de contaminação das fórmulas através de manipulador de alimentos como agente disseminador de microorganismos, à equipamentos, à utensílios, aos alimentos preparados e ao próprio paciente, se as técnicas de manipulação e higiene não forem adequadas (SALLES; GOULART, 1997). A garantia da segurança dos alimentos está baseada em uma boa adequação, conservação e higiene de instalações e equipamentos, responsabilidade técnica, origem e qualidade da matéria-prima e grau de conhecimento e preparo dos manipuladores. (SILVA JR., 2002; GERMANO, 2008). A Portaria Nº 1428 de 26 de novembro de 1993 do Ministério da Saúde recomenda a elaboração de manual de boas práticas de manipulação de alimentos e a presença de um Responsável Técnico visando melhorar as condições higiênico-sanitárias dos ambientes que trabalham com alimentos (SILVA JR., 2002). Por possuírem processos bem semelhantes, tanto a nutrição enteral quanto às fórmulas lácteas, devem ter implantadas normas e procedimentos, para cada etapa, a fim de assegurar a qualidade microbiológica do produto final. Uma das exigências estabelecidas por esta RDC Nº 63 é a avaliação microbiológica de amostras representativas das preparações, de modo a evitar agravos à saúde dos pacientes (BRASIL, 2000). Considerando que as dietas enterais e fórmulas lácteas representam excelentes meios de cultura para microorganismos patógenos e que sua contaminação pode contribuir para o surgimento de infecções nasocomiais e conseqüente aumento de permanência hospitalar, fazse necessário a avaliação constante do padrão microbiológico das referidas dietas. 13 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Avaliar o padrão microbiológico das dietas enterais e fórmulas lácteas produzidas em um hospital de Recife-PE. 2.2 ESPECÍFICOS a) Analisar a presença de Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp, Escherichia coli e Pseudomonas sp em dietas enterais e fórmulas lácteas. b) Verificar as condições higiênico-sanitárias de utensílios utilizados para o preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 LACTÁRIO Um hospital que possui leitos pediátricos e berçários deve ter em sua composição de área física um lactário e que esteja hierarquicamente subordinado ao Serviço de Nutrição e Dietética. Esta unidade hospitalar destina-se ao preparo de fórmulas lácteas, seus substitutos e complementos para alimentação dos lactentes (TEIXEIRA, 2004; PIOVACARI, 2009). As técnicas de preparo devem ser adequadas, de modo a oferecer à criança uma alimentação com risco mínimo de contaminação. Neste contexto, o lactário de um hospital torna-se muito importante como unidade de apoio para o tratamento das crianças hospitalizadas (PIOVACARI, 2009). A área física e técnicas exigidas para o preparo de fórmulas lácteas são muito semelhantes a da nutrição enteral. Deste modo, suas atividades podem estar associadas desde que em horários distintos e o produto final esteja seguro do ponto de vista microbiológico e evitando o surgimento de infecções, inclusive podem ser utilizadas as mesmas ferramentas para realização do controle higiênico-sanitário, como os manuais e as técnicas de procedimento (BRASIL, 2000). O lactário requer uma distribuição da área física que possa minimizar riscos de contaminação de alimentos preparados, armazenados e distribuídos por este serviço. Deve estar situado em local afastado das áreas de risco de contaminação e próximo ao berçário e pediatria para facilitar o transporte ou a própria Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), no sentido de favorecer a supervisão (BRASIL, 1994). A estrutura física do lactário deve ser composta por áreas para recepção e lavagem de mamadeiras e/ou recipientes; esterilização de mamadeiras e/ou recipientes; preparo e envase de fórmulas lácteas e não lácteas e/ou fórmulas naturais e industrializadas; estocagem e distribuição de mamadeiras e/ou recipientes; depósito de material de limpeza; sala administrativa e sanitários com vestiários para funcionários. A distribuição de área disponível deve ser feita a partir de três áreas básicas da seguinte forma: 50% áreas de preparo; 30 % áreas de higiene e 20 % ante-sala (BRASIL, 1994). 15 A área total destinada para um lactário depende de fatores como o número de fórmulas e dietas a serem preparadas por dia, a configuração das salas e o tipo de equipamento escolhido. As áreas existentes devem ser rigorosamente limpa e higienizada, possuir barreira física, fluxo unidirecional para evitar contaminação cruzada. Recomenda-se que o piso e as paredes sejam de superfície impermeável e fácil limpeza. As paredes não devem apresentar bordos ou ressaltos perto das janelas, que permitam o acúmulo de sujeira. O pé direito mínimo deve ser 3,05 m, com pelo menos 1,50 m revestido de azulejo; no entanto, é recomendado revestimento até o teto. A parede não deve apresentar solução de continuidade com o piso. O forro deve ser em laje caiada. O local deve ser provido de sistema de ventilação adequada e caso haja janelas, estas não devem possuir aberturas e ser protegidas, por fora, com telas (BRASIL, 1977; BRASIL, 1994) Além de um planejamento da área física dentro dos padrões estabelecidos pela legislação, as condições higiênicas seguras para o preparo desta alimentação, só serão alcançadas com o estabelecimento de uma política de recursos humanos e elaboração, cumprimento e supervisão de rotinas (BRASIL, 2000). O quadro de pessoal deve ser em número suficiente para que as atividades sejam desenvolvidas sem interferências, não sendo necessárias mudanças como troca ou deslocamento de funcionários entre as outras áreas, evitando riscos de contaminação. Neste contexto, destaca-se a importância dos treinamentos freqüentes sobre as regras de higienização, prevenção da contaminação e medidas disciplinares, assim como das técnicas de preparo mais adequadas. O controle de saúde operacional é necessário para todo individuo que trabalhe com alimento, visando não só a sua saúde, assim como a de não se constituir um vetor de contaminação (SILVA, 2004). 3.2 FÓRMULAS LÁCTEAS No final do século XIX, a ciência encontrava um desafio de como alimentar recémnascidos e lactentes com segurança, uma vez que, a mortalidade infantil nessa época era elevada devido a falta do aleitamento materno. A entrada da mulher na força de trabalho, a crescente industrialização e o aparecimento do marketing levaram a uma enorme modificação 16 na alimentação infantil, com o surgimento dos leites artificiais e a entrada precoce dos alimentos complementares (DELGADO, 2010). O aparecimento das primeiras modificações derivadas da industrialização e dos avanços das técnicas advindas do vapor fez o leite de vaca evaporado ou em pó surgir como o primeiro substituto do leite materno. Durante décadas, as pesquisas científicas em relação ao metabolismo infantil e conseqüentes necessidades nutricionais levaram à formulação de novos produtos para alimentação infantil na tentativa de reproduzir todas as propriedades existentes no leite materno (ALMEIDA, 1999; AMORIM, 2005). O leite materno é indiscutivelmente o melhor alimento para os primeiros meses de vida por proporcionar um adequado crescimento e desenvolvimento às crianças desta faixa etária. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que crianças até seis meses de idade devam fazer uso exclusivo do leite materno e apartir desta idade é que devem ser introduzidos alimentos complementares (sopas, papas, etc.), mantendo o aleitamento materno até completarem os dois anos de idade. De acordo com a PORTARIA MS N°977 de 05/12/1998, as fórmulas lácteas modificadas para lactentes são denominadas como o produto em forma líquida ou em pó, destinado a alimentação de lactentes (0 a 12 meses incompletos) sob prescrição, em substituição total ou parcial do leite humano, para satisfação das necessidades nutricionais deste grupo etário (BRASIL, 1998). Na ausência do leite materno, o uso das fórmulas lácteas modificadas é o alimento mais indicado para atender as necessidades nutricionais das crianças desta faixa etária, embora ainda não se tenha conseguido reproduzir as propriedades imunológicas e digestibilidade do leite materno, este é o que mais se aproxima das necessidades nutricionais estimadas, quando utilizados como fonte única de nutrientes durante os primeiros seis meses de idade, segundo o Codex Alimentarius - FAO/WHO. O avanço tecnológico de novas fórmulas dietéticas possibilitou aos profissionais de saúde, médicos e nutricionistas, conduzir mais adequadamente o tratamento nutricional para crianças com dificuldades de digestão e/ou absorção intestinal. No entanto, a definição da fórmula para sua utilização, administrada por via oral ou enteral, faz-se necessário conhecer os requerimentos específicos do paciente, a composição completa da fórmula, a palatabilidade e também o custo, que determinarão o sucesso da conduta dietoterápica (DELGADO, 2010). Atualmente encontramos no mercado diversos tipos de formulações lácteas que contribuem para a melhoria clínica e imunológica do lactente acometido com as mais 17 diferentes patologias. Estas fórmulas podem ser classificadas conforme ilustra no QUADRO 1 abaixo. (LOPEZ, 2002): QUADRO 1 - Classificação e características das fórmulas infantis industrializadas disponíveis no comércio FÓRMULAS CARACTERÍSTICAS Poliméricas Partida (0 a 6 meses) Seguimento (6 a 12 meses) Isento de lactose À base de proteína de soja Oligoméricas Hidrolisado protéico à base de soja Hidrolisado protéico à base de caseína Monomérica Concentrado de aminoácidos livres Especializadas Diabético Pneumopata Nefropata Hepatopata Portador de doença de crohn Módulares Carboidratos Proteínas Lipídios Sais minerais e vitaminas Glutamina Fibras Incompletas Suplementos nutricionais lácteos enriquecidos com vitaminas e sais minerais Fonte: LOPEZ, 2002 Hoje, o estudo do leite é forte nas alterações da composição de proteínas, a introdução de nutrientes básicos, como os nucleotídeos e o uso dos carboidratos complexos. Alguns fabricantes têm utilizado a adição de cereais, visando à diminuição do refluxo gastresofágico de pequena intensidade. Fórmulas anticólicas têm sido desenvolvidas, com hidrólise parcial das proteínas, que poderiam também reduzir a incidência de processos infecciosos (FISBERG, 2000). No entanto, não existem evidências contínuas de que o uso dessas fórmulas possa modificar a resultante final do número de infecções adquiridas na comunidade. Quanto à gordura, o uso de triglicérides de cadeia média, ou ácidos graxos de cadeias longas, LCPUFAS ou seus precursores ácidos, parece estar associado a melhores condições imunológicas determinando simultaneamente favorecimento da formação do sistema nervoso central e dos aspectos cognitivos (FISBERG, 2000). 18 3.3 NUTRIÇÃO ENTERAL A terapia nutricional enteral é um conjunto de procedimentos terapêuticos utilizados para manutenção e recuperação do estado nutricional do paciente, pelo uso da nutrição enteral que, por sua vez, consiste na infusão de uma dieta líquida administrada por meio de uma sonda colocada no estômago ou no intestino (LOPEZ, 2002). De acordo com a Resolução RDC n°63, de 6 de julho de 2000, define-se nutrição enteral como (BRASIL, 2000): Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. A nutrição enteral é indicada nas situações de ingesta oral inadequada que possa levar a desnutrição ou quando o trato gastrintestinal estiver total ou parcialmente funcionante. (WATIZBERG, 2006). Algumas das situações clínicas indicativas para o uso de nutrição enteral em adultos são anorexia nervosa, caquexia, câncer, trauma muscular, lesão de face, deglutição comprometida, lesão obstrutiva inflamatória ou crônica, fístula digestiva, síndrome do intestino curto, anormalidades metabólicas do intestino, má absorção, alergia alimentar múltipla, pancreatite, enterite por quimioterapia e radioterapia, queimadura, infecção grave, trauma extenso, cirurgia, entre outras. As contra-indicações mais freqüentes são doença terminal, síndrome do intestino curto, obstrução intestinal, vômitos, diarréia, fístulas intestinais, íleo paralítico intestinal, hiperêmese gravídica, sangramento, isquemia e inflamação do trato gastrintestinal (WATIZBERG, 2006). Em crianças, a nutrição enteral é indicada principalmente na presença ou risco de desnutrição e tem objetivo primordial de manter o seu crescimento e desenvolvimento normal. As situações para uso de nutrição enteral em crianças são anorexia persistente ou perda de peso causada por doença crônica, atraso de crescimento, prematuridade, hipercatabolismo, fístula digestiva alta, obstrução parcial do trato gastrintestinal, jejum por mais de 5 dias, anomalias congênitas, coma, traumatismo crânioencefálico, lesão medular, infecção do sistema nervoso central, entre outras. Dentre as contra-indicações destaca-se íleo paralítico 19 intestinal, obstrução intestinal, vômitos, choque, sangramento, isquemia e inflamação do trato gastrintestinal (LOPEZ, 2002; WATIZBERG, 2006). A nutrição enteral começou com as dietas preparadas artesanalmente utilizando-se alimentos in natura e processados. Estas dietas apresentam a vantagem de possuir menor custo, mas a desvantagem de nutricionalmente ser incompleta e por isso necessitar de suplementação de vitaminas e minerais. Também por ser muito manipulada, tem maior risco de contaminações. Deve-se ter muito cuidado com o uso desta dieta em pacientes imunodeprimidos, devido ao seu uso estar relacionado à freqüentes contaminações alimentares e/ou toxiinfecção. Além disso, os alimentos in natura mesmo processados e coados apresentam o risco de ocasionar obstruções nas sondas nasogástricas (WATIZBERG, 2004; AUGUSTO, 1996). As dietas enterais industrializadas são aquelas industrialmente preparadas de componentes com disponibilidade de nutrientes pré-digeridos e módulos de nutrientes em combinação ou isolados e na forma em pó, líquidas semi-prontas para uso e prontas para uso. Apresentam vantagens, tais como: menor manipulação e contaminação, fácil preparo, menor viscosidade, pronta para uso e completas em termos nutricionais. No entanto, possui um custo elevado . Na tabela 1, podemos observar a classificação das fórmulas que são utilizadas também na nutrição enteral (LOPEZ, 2002; WATIZBERG, 2006). As vias de administração das dietas são conhecidas como oral, nasogástrica, nasoentérica e ostomia. A via oral é sem dúvida a fisiologicamente mais aceita e que exige menor custo. A nasogástrica é mais indicada para pacientes que não possuem refluxo gastroesofágico e grandes riscos de broncoaspirar. A via nasoentérica é a mais utilizada na terapia nutricional enteral e indicado nas gastroparesias e retardo no esvaziamento gástrico. Tem a vantagem de proporcionar menor risco de refluxo gastroesofágico e broncoaspiração. O posicionamento correto da sonda por esta via deve ser confirmado por radiografias antes da infusão da dieta. A administração de dietas por ostomias são utilizadas quando não é possível introduzir uma sonda pela cavidade nasal até o estômago ou intestino. Tal via de acesso é indicada quando o paciente precisa de terapia nutricional por tempo prolongado. Os tipos existentes de ostomias são as faringostomiaa, esofagostomias, gastrostomias e jejunostomias. A faringo e gastrostomias são utilizadas nos tumores de cabeça e pescoço. A gastrostomia é utilizada quando não houver comprometimento do estômago e a jejunostomia só terá indicação se a via gástrica estiver comprometida (AUGUSTO, 1996). Os métodos de administração das dietas enterais são do tipo intermitente ou por o gotejamento contínuo. O método de administração intermitente é mais conveniente por ser 20 similar a dieta oral, onde a dieta pode ser administrada pela seringa. Não há necessidade de bombas infusoras e o paciente pode deambular normalmente. Como sua via de administração é gástrica apresenta a desvantagem de poder provocar broncoaspiração, pelo retardo do esvaziamento gástrico. No método de alimentação contínua, o volume estipulado é gotejado gravitacionalmente ou por bomba infusora. Neste método, existe um menor risco de complicações por diarréia, distensão e broncoaspiração. Além da desvantagem de ter um custo elevado, limita os movimentos do paciente, deixando-o mais lento e dependente (AUGUSTO, 1996). A escolha da dieta enteral a ser fornecida ao paciente, depende de alguns fatores relacionados à sua condição física como idade, estado nutricional e metabólico, capacidade digestiva e absortiva do trato gastrintestinal, necessidade nutricional de acordo com a patologia, necessidade de restrição hídrica e de eletrólitos e via de administração da sonda (LOPEZ, 2002). 3.4 MICROORGANISMOS DE RELEVÂNCIA EM ALIMENTOS No início do século XIX, o médico francês Louis Pasteur, conseguiu através de um experimento, demonstrar conclusivamente a impossibilidade da geração espontânea da vida, ou seja, que a origem da vida somente é possível a partir da matéria viva, de um ser vivo preexistente, os microorganismos. Na pesquisa prática das fermentações láctica, alcoólica, etc., chegou à conclusão definitiva de que a fermentação resultava da ação de microorganismos e desenvolveu, a partir da aplicação do aquecimento e resfriamento simultâneo, a técnica de pasteurização largamente utilizada para conservação dos alimentos (INSTITUTO PASTEUR, 2002). Nos anos seguintes, a microbiologia teve um desenvolvimento acelerado. As pesquisas de Pasteur foram acompanhadas por um grande número de cientistas e médicos. Somente após a invenção do microscópio, foi possível identificar uma grande variedade de microorganismos. A partir daí, eles passaram a fazer parte da classificação dos seres vivos em reinos (INSTITUTO PASTEUR, 2002). Atualmente, os microorganismos são agrupados de acordo com seu modo de nutrição e constituição celular: Reino Monera (bactérias e algas azuis), Reino Protista (protozoários) e 21 Reino Fungi (fungos). Os microorganismos de interesse em alimentos são os fungos, as bactérias e os vírus (SILVA JR., 2002). Os fungos estão divididos em bolores e leveduras. Possuem vida própria e podem produzir toxinas alergênicas e cancerígenas. A multiplicação acontece em alimentos secos, frescos e com maior teor de açúcar. Além desses alimentos, podem ser encontrados no intestino, boca, mãos do homem e meio ambiente. Os principais gêneros de bolores importantes em alimento são Alternaria, Aspergillus, Aureobasidium, Botrytis, Byssochlamys, Cladosporium, Monilia, Neurospora, Penicillium, entre outros. Dentre as leveduras destacamse os gêneros: cândida, Cryptococcus, Hanseniaspora, Issatchenkia, Kluyveromyces, Pichia, Rhodotorula, Saccharomyces, Torulospora, Trichosporon, entre outras. Os fungos de importância médica nas infecções hospitalares são o Candida albicans e o Aspergillus por serem os patógenos mais freqüentes. Os fungos são responsáveis por aproximadamente 8% das infecções hospitalares (SILVA JR., 2002; FRANCO, 2005). Os vírus dependem de um hospedeiro para sua multiplicação, ou seja, de uma célula viva. Por serem inativas nos alimentos, destacam-se aqueles que causam doenças virais humanas pelo consumo da água e alimento, tais como: hepatite A, poliomielite e as gastrenterites por rotavírus e vírus Norwalk (FRANCO, 2005). Dentre as viroses, o vírus da hepatite B e C, enteroviroses e outras viroses associadas com pneumonia hospitalar são comumente registrados e representam por volta de 5% das infecções. Geralmente os sítios de infecção hospitalar mais freqüentemente atingidos são o trato urinário, as feridas cirúrgicas e o trato respiratório (FRANCO, 2005). As bactérias possuem vida própria e são produtoras de substâncias com efeito tóxico para o ser humano, as toxinas. Multiplicam-se nos alimentos e preferem aqueles com elevada atividade de água e ricos em proteínas, embora se desenvolvam em alimentos mais secos, com exceção dos desidratados (SILVA JR., 2002). Dentre os gêneros bacterianos importantes para alimentos encontramos agrupados em: bactérias Gram-negativas, aeróbias e microaeróbias; bactérias Gram-negativas, aeróbias estritas; bactérias Gram-negativas, aeróbias facultativas; cocos Gram-positivos; bacilos Grampositivos produtores de esporos; bacilos Gram-positivos não esporulados e outros (FRANCO, 2005). No grupo das bactérias Gram-negativas, aeróbias e microaeróbias destaca-se o Compylobacter, que possui espécies como o C. jejuni, C. coli e C. lari, patógenos causadoras de gastrenterites de origem alimentar. Os alimentos envolvidos neste grupo são as aves (carcaças), o leite cru e a carne suína (SILVA JR, 2002; FRANCO, 2005). 22 No grupo das bactérias Gram-negativas aeróbias estritas encontram-se os gêneros Pseudomonas, Xandiomonas, Halobacterium, Halococcus, Acetobacter, Gluconobacter, Acinetobacter, Alcaligenes, Alteromonas, Brucella, Flavobacterium, Moraxella, Psychrobacter e Shewanella. Este grupo de bactérias tem sua predominância nos vegetais, solo, água, frutas e leite. Destacando-se a Pseudomonas que tem origem no solo e é encontrado tanto nos alimentos de origem animal como no vegetal, possuem intensa atividade metabólica e utilizam uma grande variedade de compostos orgânicos, para produção de pigmentos e enzimas. É um patógeno oportunista, ou seja, raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas eventual fraqueza do organismo pode estabelecer um quadro de infecção (SILVA JR, 2002; FRANCO, 2005). As bactérias Gram-negativas, aeróbias facultativas possuem uma grande número de gêneros, mas os importantes para os alimentos são o Citrobacter, Enterobacter, Klebsiela, Escherichia, Salmonella, Shigella, Yersínia, e Vibrio. Estes gêneros, exceto o Víbrio, pertencem ao grupo dos coliformes totais, que se caracterizam por fermentar a lactose com a produção de gás, quando incubadas a 35-37ºC, por 48 horas. Não formam esporos e tem predominância nos vegetais, solo, águas residuais e nas fezes do homem e animais (SILVA, 2002; FRANCO, 2005). Os gêneros Escherichia, Salmonella, Proteus, Shigella, Yersíni, e Vibrio são pertencentes ao grupo dos coliformes fecais que apresentam a capacidade de continuar fermentando lactose com produção de gás, incubadas à temperatura de 44-45,5ºC. A Escherichia. coli (E. coli) não é esporogênica e normalmente é encontrada no intestino do homem e dos animais. Considerado indicador de contaminação fecal por representar 80% da flora intestinal aeróbica. É considerado um comensal do intestino por participar da síntese de vitaminas e eliminar bactérias nocivas (GERMANO, 2008). No grupo dos cocos Gram-positivo estão incluídos os gêneros Staphilococcus, Aerococcus, Enterococcus, Lactococcus, Streptococcus, Pediococcus, Vagococcus e Leuconostoc. Dentre estes se destacam os gêneros Staphilococcus, facilmente encontrado no ar, água, solo, alimento, com predominância na região nasal e epidermes do homem, produzem enterotoxinas que causam intoxicação quando consumidos, e os gêneros Streptococcus, encontrados nos alimentos e ambientes em geral, tem papel importante na fermentação da glicose (SILVA JR, 2002; FRANCO, 2005). Os bacilos Gram-positivos produtores de esporos incluem os gêneros Bacillus e Clostridium. Possuem a característica comum de produzir esporos. Estes esporos são 23 importantes por serem resistentes a ação dos métodos de conservação dos alimentos, podendo resultar na multiplicação bacteriana e deterioração dos alimentos (FRANCO, 2005). O gênero Bacillus possui espécie patogênica como B. cereus, encontrado principalmente no solo e os alimentos mais envolvidos com sua contaminação são arroz e carnes cozidas, verduras e pudins. O Clostridium também encontrado no solo possui duas espécies patogênicas, C. botulinum e C. perfringens, que produzem toxinas que levam a distúrbios digestivos graves e até neurológicos, como é o caso da toxina botulínica. O registro de botulismo infantil indica o mel como alimento considerado reservatório dos esporos do C. botulinum. As crianças menores de um ano que não possuem a microflora intestinal preparada para evitar a colonização das bactérias não devem receber este alimento (FRANCO, 2005). No grupo dos bacilos Gram-positivos não esporulados destacam-se os Lactobacillus e a Listeria. Os Lactobacillus não são patogênicos e tem importante papel na fermentação dos carboidratos, motivo pelo qual são bastante úteis na produção de alimentos. O gênero Listeria é patogênica e a espécie mais importante em alimentos é a L. monocytogeneses. Sua presença pode causar manifestações clínicas como septicemia, aborto, meningite, entre outras (FRANCO, 2005). As distintas espécies bacterianas diferem no âmbito de fatores dentro dos quais podem crescer. Cada grupo bacteriano tem uma faixa de condições nas quais seu crescimento atinge uma faixa ótima. Para se determinar as condições ambientais ótimas de crescimento microbiano considera-se o ambiente no qual a bactéria é normalmente encontrada (MORETTI, 2007). O índice de coliformes totais avalia as condições higiênicas e o de coliformes fecais é empregado como indicador de contaminação fecal e avalia as condições higiênico-sanitárias deficientes. Visto presumir-se que a população deste grupo é constituída de uma alta proporção de E. coli., então, pode-se defini-lo como um importante indicador de contaminação fecal, embora possa ser introduzido nos alimentos a partir de fontes não fecais. Os principais agentes de infecções intestinais entre outros encontram-se as enterobactérias (SIQUEIRA, 1995). Bactérias que pertencem ao grupo coliforme têm como habitat o trato intestinal do homem e de outros animais e espécies dos gêneros Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella podem persistir por longos períodos e se multiplicarem em ambientes não fecais. Essas bactérias são prejudiciais para os alimentos, onde sua presença determina inutilidade dos mesmos (FRANCO, 2005). 24 3.5 CONTROLE DE QUALIDADE Desde a criação do Codex Alimentarius Commission (CAC) em 1963 pela FAO/OMS, vem crescendo a preocupação entre os órgãos mundiais de saúde, com a qualidade dos alimentos e suas repercussões para a saúde dos consumidores. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a representante do Ministério de Saúde junto ao CAC, órgão internacional de máxima importância para a segurança alimentar (GERMANO, 2008). Dentre as inúmeras competências da vigilância sanitária inclui-se a fiscalização sobre estabelecimentos que comercializam alimentos industrializados ou in natura, bem como aqueles que servem refeições comerciais ou industriais. Todos os estabelecimentos que lidam com alimentos para o consumo humano devem obedecer às regras e padrões previstos em lei e decretos no âmbito de toda a administração pública (GERMANO, 2008). A garantia da segurança dos alimentos está baseada em uma boa adequação, conservação e higiene de instalações e equipamentos, responsabilidade técnica, origem e qualidade da matéria-prima e grau de conhecimento e preparo dos manipuladores. Para uma adequada segurança alimentar é necessário definir procedimentos em relação ao controle higiênico-sanitário com a aplicação das boas práticas de manipulação e processamento dos alimentos (SILVA JR., 2002; GERMANO, 2008). A Portaria Nº 1428 de 26 de novembro de 1993 do Ministério da Saúde recomenda a elaboração de manual de boas práticas de manipulação de alimentos e a presença de um Responsável Técnico visando melhorar as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos de alimentação e direcionar a ação da vigilância sanitária (SILVA JR., 2002). Esse manual deve ser um descritivo real dos procedimentos técnicos utilizados para a produção de alimentos, envolvendo: responsabilidade técnica, controle de saúde dos funcionários, controle de água para consumo, controle integrado de pragas, regras para visitantes, controle de matéria-prima, adequação estrutural do estabelecimento e procedimentos técnicos. (BRASIL, 1999). A Resolução RDC nº 63 de 6 de julho de 2000 para Terapia de Nutrição Enteral é utilizada também para lactário, por este não possuir uma resolução específica. No lactário de um hospital a implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é de grande importância, pois nas etapas de produção das dietas, pode-se identificar 25 e avaliar os perigos e os riscos de contaminação a assim definir medidas preventivas e de controle com base nos pontos críticos existentes (SILVA JR., 2002). O processo de higienização e desinfecção de utensílios e equipamentos, o tempo de preparo das dietas associado à temperatura do produto final e sua exposição, a temperatura ambiente e de refrigeração, a água utilizada na hidratação das fórmulas, a anti-sepsia das mãos dos manipuladores e a higienização e desinfecção das embalagens das dietas são considerados pontos críticos de controle na produção de dietas enterais e fórmulas lácteas (BRASIL, 2000). Devem ser implantadas normas e procedimentos, para cada etapa de produção das fórmulas e dietas enterais, que assegurem e comprovem a qualidade microbiológica do produto final. Uma das exigências estabelecidas pela RDC Nº 63 é a avaliação microbiológica de amostras representativas das preparações, de modo a evitar agravos à saúde dos pacientes, atendendo aos seguintes limites microbiológicos: microorganismos aeróbicos mesófilos menor que 103 UFC/g antes da administração; Bacillus cereus - menor que 103 UFC/g; Coliformes - menor que 3 UFC/g; Escherichia coli - menor que 3 UFC/g; Listeria monocytogenes – ausente; Salmonella sp – ausente; Sthaphylococcus aureus - menor que 3UFC/g; Yersinia enterocolitica – ausente; Clostridium perfrigens - menor que 103 UFC/g (BRASIL, 2000). As etapas de higienização, processamento e distribuição das fórmulas destinadas à alimentação infantil devem ser realizadas sob as mais rigorosas técnicas de assepsia, de maneira a oferecer à criança um produto adequado em termos nutricionais e seguro do ponto de vista bacteriológico. Os mesmos cuidados são também necessários com as etapas de produção das dietas enterais (PIOVACARI, 2009; MEZOMO, 2002). 26 3.6. INFECÇÕES HOSPITALARES E FATORES ASSOCIADOS O termo Infecção hospitalar (IH) é definido como uma infecção adquirida após a admissão do paciente, e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (BRASIL, 1998). Segundo o Ministério da Saúde, atualmente o índice de infecção hospitalar no mundo é de 5%. No Brasil, este número sobe para 15 %, o que tem causado muita preocupação nas instituições de saúde do país. O risco para o paciente cresce e a administração do hospital se depara com o aumento dos custos em decorrência deste índice elevado. Para a redução deste percentual, os órgãos de saúde passaram a tomar medidas mais efetivas e os hospitais devem contar com Comissões de Infecção Hospitalar bem estruturada e que envolva todas as áreas para solução dos problemas. A Portaria de Nº 196/83 do Ministério da Saúde (MS) normatiza e regulamenta as medidas de prevenção e controles de infecção hospitalar (BRASIL, 1998). Há vários fatores predisponentes a contaminação bacteriana a começar pelo organismo humano e sua flora natural, tanto do paciente quanto dos familiares, médicos, enfermeiros, etc. Ocorre um desequilíbrio com os mecanismos de defesa antinfeccioso em decorrência da doença, dos procedimentos invasivos e do contato com a flora hospitalar. Os pacientes que fazem uso de nutrição enteral são em sua grande maioria críticos e desnutridos. A redução da ingestão nutricional deixa a mucosa intestinal frágil a ponto de poder ocorrer atrofia e consequente translocação bacterina (WAIZTENBERG, 2009). Quanto maiores forem os riscos, mais susceptível à infecção fica o paciente, que dependendo de sua resistência pode provocar seqüelas ou até a morte. (WHO, 2007). As dietas enterais, ricas em macro e micronutrientes, constituem excelentes meio para o crescimento de microrganismos, principalmente as dietas em pó que ainda sofrem reconstituição. A contaminação pode ocorrer já durante a preparação, ou em 24 horas, podendo levar à contaminação gastrintestinal ou septicemia, reconhecidas como prováveis origens de infecções sangüíneas hospitalares (DETREGIACHI, 1995). A exemplo do leite, matéria-prima de maior consumo entre crianças de 0 a 5 anos de idade, constitui um excelente meio de cultivo para a maioria dos microorganismos encontrados na natureza, além de sofrer alterações com grande facilidade em curto espaço de tempo, associam-se riscos adicionais como higiene no seu processamento, tempo entre o preparo e a distribuição das fórmulas e condições de armazenamento (SALLES; GOULART, 1997). 27 O manipulador de alimentos é considerado um agente disseminador de microorganismos, de equipamentos, de utensílios e de alimentos já preparados, se as técnicas de manipulação e higiene não forem adequadas (SALLES; GOULART, 1997). Assim, a infecção hospitalar pode ter sua origem pelo uso da nutrição via oral ou enteral para pacientes hospitalizados. Além dos alimentos, água e equipamentos contaminados serem vias de transmissão e aquisição de infecção no hospital, a alimentação enteral pode também oferecer perigo de infecção por meio da inadequada colocação e manutenção de tubo nasogástrico, podendo favorecer a proliferação rápida de microrganismos (DETREGIACHI, 1995). As vantagens da nutrição enteral muitas vezes tornam secundárias as complicações derivadas de sua utilização. Uma das principais complicações é a contaminação das fórmulas, que pode estar associada a complicações infecciosas, sendo a diarréia a mais freqüente. A administração de fórmulas eventualmente contaminadas pode não somente causar distúrbios gastrointestinais, mais contribuir para infecções mais graves, principalmente em pacientes imunodeprimidos. A contaminação microbiana das fórmulas enterais pode ocorrer em diversas etapas, sendo a manipulação uma etapa especialmente crítica (LIMA; BARROS; ROSA, 2005). A Lei Federal 9.431 de 06 de janeiro de 1997, determina para todos os hospitais do país, independente da natureza da entidade mantenedora, a obrigatoriedade de manter programa de controle de infecções hospitalares, que é o conjunto de ações desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares (BRASIL, 1992). 28 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 LOCAL Este trabalho foi desenvolvido no lactário de um hospital na cidade de Recife-PE, entidade de natureza pública, não estadual, sem fins lucrativos, que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. O hospital possui 820 leitos e é centro de referência assistencial em diversas especialidades médicas. O seu lactário produz diariamente uma média de 640 fórmulas, incluindo dietas enterais e fórmulas lácteas. 4.2 COLETA No estudo proposto foram avaliados os resultados das análises microbiológicas de um total de 82 amostras coletadas no período de janeiro a junho de 2009. As amostras analisadas foram compostas por dietas industrializadas e utensílios utilizados no lactário para o preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas As amostras foram coletadas quinzenalmente, obedecendo a um cronograma e encaminhadas para o laboratório de análises clínicas e microbiológicas, onde foram realizadas as análises microbiológicas das preparações produzidas no lactário. Estas análises são exigências estabelecidas pela RDC Nº 63, para assegurar e comprovar a qualidade microbiológica do produto de modo a evitar agravos à saúde dos pacientes. As amostras para análise foram selecionadas pelo próprio funcionário que trabalha no setor do lactário no preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas. Após o preparo foram selecionadas amostras aleatórias, que compõem dietas que deveriam ser encaminhadas ao paciente. Estas seguiram para o laboratório localizado dentro do próprio hospital, acondicionadas em recipiente térmico e fechado. Os utensílios foram encaminhados ao laboratório da mesma forma, passando antes pelo processo de higienização. As amostras encaminhadas para análise seguiram o mesmo procedimento das dietas prontas para serem distribuídas e administradas ao paciente. Neste caso, os resultados das análises mostrarão a real situação microbiológica em que as dietas chegam ao paciente hospitalizado. 29 4.3 MATERIAL Foi utilizado para o estudo um total de 82 amostras, sendo 49 amostras de preparações básicas como leite modificado à 15%, fórmulas à base de soja, hidrolisado protéico, fórmula láctea específica para prematuros e formulações nutricionalmente completas para uso enteral. Tais preparações são produzidas no lactário de acordo com faixa etária e patologias específicas do paciente. As 33 amostras restantes foram constituídas por swabs de copos de liquidificador, mamadeiras e recipientes em vidro, que são utensílios utilizados no preparo e acondicionamento de dietas enterais e fórmulas lácteas. 4.4 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA As análises microbiológicas foram realizadas pelo laboratório de análises clínicas e microbiologia existente no próprio hospital. Na pesquisa de Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp e Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) foram empregados o método preconizado pela American Public Health Association ( APHA, 2001). Na quantificação de coliformes totais (CT), Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp, empregou-se a técnica de tubos múltiplos Número mais provável (NMP), onde esta técnica é realizada com 3 tubos por diluição, para determinação do NMP de coliformes totais por mL (CT/mL) de amostra, utilizando-se o meio Caldo Lactosado Verde Brilhante e Bile 2% (VBB) com incubação a 35°C durante 24 – 48 horas. A quantificação para EPEC, coliforme fecal (CF), foi realizada também através da técnica de tubos múltiplos. Os tubos de VBB positivos foram repicados para tubos com caldo E.coli suplementado com 4 metil umbeliferil β-D glucoronídeo (EC-MUG), utilizado para determinar de forma simultânea, a presença de CF e E. coli. Após a incubação a 44,5°C durante 24 horas, registra-se o número dos tubos com crescimento positivo para a presença de CF (turbidez e gás) e determina-se o NMP/mL. Todos os tubos de EC-MUG com desenvolvimento em 24h de incubação são observados sob luz ultravioleta (λ=365nm) numa cabine escura, considerando-se positivos para E. coli os que apresentarem fluorescência azul. Uma alça do material de cada um desses tubos é semeada em Ágar Eosina Azul de Metileno 30 (EMB) para obtenção de colônias isoladas e após incubação a 37°C/24 horas; colônias típicas são submetidas a testes de triagem (Triple Sugar Iron – TSI; motilidade - SIM, Citrato de Simmons, Uréia, Vermelho de Metila – VM e Voges Proskauer – VP). A detecção de Pseudomonas sp foi realizada através da técnica de membrana filtrante utilizando-se o m-PA-C Agar (Becton Dickinson/BBL, Cockeysville, MD, USA). A confirmação foi feita em Agar Milk (Difco Laboratories, Detroit, MI). Pseudomonas aeruginosa hidrolisa a caseína e produz um pigmento difusível esverdeado (APHA, 1998). Em cada utensílio foi utilizado à técnica de esfregaço de superfície empregando-se Swabs e seguindo-se as recomendações de APHA (SVEUM et al., 1992). Após a amostragem, os swabs foram dispensados em tubos contendo 10 mL de água peptonada, e procederam-se as análises microbiológicas. Para coliformes totais utilizou-se o Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) como teste confirmativo de coliformes totais o Caldo Bile Verde Brilhante (VB) e o Caldo Escherichia coli (EC) como teste confirmativo de coliformes termotolerantes. A confirmação da presença de Escherichia coli é feita utilizando-se o Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB), coloração de Gram e as provas bioquímicas de Indol, Vermelho de Metila, Voges Proskauer e Citrato (IMVC). Para detecção de Pseudomonas sp nos utensílios utilizada da técnica de membrana filtrante anteriormente citada. 31 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises microbiológicas de dietas enterais, fórmulas lácteas e dos utensílios estão apresentados, respectivamente, nas Tabelas 1, 2 e 3. Para avaliação destes resultados foi utilizado como referência a Resolução Nº 63 de 6 julho de 2000 do Ministério da Saúde, que estabelece os requisitos mínimos para contaminação exigidos para terapia de nutrição enteral. De acordo com esta Resolução, as preparações devem apresentar valores menores que 3 (três) NMP/ml para atender os limites mínimos de contaminação por bactérias destes gêneros, determinando-se existência de contaminação resultados acima deste valor (BRASIL, 2000). Nas tabelas 1 e 2, observa-se que as amostras analisadas não apresentaram contaminação pelas bactérias Enterobacter sp, Klebsiela sp, Citrobacter sp, E. coli e EPEC. Apesar de não haver provas conclusivas sobre sua patogenicidade quando veiculadas por alimentos, a presença destas espécies de coliformes em alimentos processados é considerada um indicador de contaminação pós-sanitização ou pós-prepraro, evidenciando práticas de higiene e sanificação fora dos padrões exigidos para o processamento de alimentos. A pesquisa destas bactérias no alimento fornece com segurança informações sobre as condições higiênicas do produto (FRANCO, 2005). A ausência destes grupos de bactérias indica uma qualidade sanitária satisfatória, no qual demonstra um bom desempenho na aplicação das boas práticas de manipulação no preparo das dietas (FRANCO, 2005). Tabela 1 - Análise microbiológica de fórmulas enterais utilizadas em um hospital de RecifePE, 2009. Amostra (Número) Produto Klebisiela sp (NMP/ml) Enterobacter sp (NMP/ml) Citrobacter sp (NMP/ml) E. coli (NMP/ml) Pseudomonas sp (UFC/ml) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 F 75* F 75 F 100* F 75 F 100 F 100 F 75 F 100 F 100 F 100 F 75 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 *Fórmulas para tratamento de desnutridos preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 32 Tabela 2 - Análise microbiológica de fórmulas lácteas utilizadas em um hospital de Recife PE, 2009. Amostra (Número) Produto Klebisiela sp (NMP/ml) Enterobacter sp (NMP/ml) Citrobacter sp (NMP/ml) E. coli (NMP/ml) Pseudomonas sp (UFC/ml) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 PN* M1**+MC*** M1 M2****+MC M1+MC M1 M1 M1+MC M1 M2+MC M1 M1 PN M2+MC M1 M1+MC M1 M1 PN M1+MC M1 M1+MC PN M2+MC M1 M1 M1 M2+MC M1 M2+MC M1 M1 PN M2+MC M1 M2+MC M1 M1 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 * PN: leite modificado para recém-nascido e prematuro com baixo peso; **M1: leite modificado 1º semestre; ***MC: mucilagem; ****M2: leite modificado 2º semestre Estudo realizado com 2 (dois) lactários hospitalares localizados em Florianópolis (SC), demonstraram que na contagem de coliformes totais das 24 amostras de preparações lácteas, 58,3%, no lactário A e 50% no lactário B, apresentaram-se fora dos padrões e que 41,6% das amostras apresentaram contaminação por coliformes de origem fecal, não sendo detectada E. coli (SALLES; GOULART, 1997). Já em estudo com 72 amostras de preparações lácteas analisadas foi constatado que 11 amostras (15,8%) revelaram-se com 33 presença de E. coli (PESSOA & COL, 1978). Outros autores encontraram, dentre 40 amostras, 9 (22,5%) positivas para esta bactéria (SESSA; FURLANETTO, 1990). Ainda no estudo de Salles e Goulart, foram analisadas 18 amostras de mamadeiras, sendo no lactário A, 7 (38,8%) das amostras apresentaram contaminação para coliforme fecais e no lactário B, 1 (5,5%), apresentou contaminação para esta bactéria (SALLES; GOULART, 1997). Em estudo realizado em um hospital público de Salvador (BA), foram encontrados 62,2% e 30% das amostras de dietas enterais contaminadas com coliformes totais e fecais, respectivamente; e 17,5% com Pseudomonas sp. (MEDINA et al 2008). Estudo realizado em 2 (dois) hospitais no município de Fortaleza (CE), analisou 51 amostras de dietas enterais, encontrou coliformes totais 3(5,8%) no hospital A e no hospital B, 21 (52,5%) e 1(2,5%) para coliformes e E. coli, respectivamente, das 40 amostras analisadas (ARRUDA et al., 2009). A ausência de contaminação por Pseudomonas sp. indica que houve cuidados adequados no preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas, pois caso estivesse contaminada, teria acontecido após o processamento, devido a baixa resistência térmica desta bactéria (FRANCO, 2005). Na Tabela 3, observa-se que 9 % das amostras de utensílios, destacando-se mamadeiras e copos de liquidificador, utilizados para o preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas, apresentaram contaminação por Pseudomonas sp. Esta espécie é encontrada amplamente na natureza e habita principalmente o solo, água e vegetais, fazendo parte da microbiota normal do ser humano e podendo ser encontrada na pele, garganta e nas fezes de indivíduos sadios. É um patógeno humano oportunista responsável, principalmente, pelos casos de pneumonia com 16%, 12% de infecção do trato urinário, 10% de infecção por corrente sangüínea e 8% de infecção do sítio cirúrgico (SILVA, 2002; MURRAY, 2000; FRANCO, 2005). Estudos realizados com manipuladores de alimentos evidenciaram através da análise microbiológica das mãos, que os mesmos são potenciais causadores de contaminação. Dentro do ambiente hospitalar pode torna-se um disseminador de contaminação (SANTOS, 2004). Desta forma, a contaminação resultante de falha na aplicação das boas práticas de manipulação pode ter sido em decorrência de desobediência nos princípios básicos de higiene do manipulador (WHO, 2003). 34 Tabela 3 - Análise microbiológica de utensílios utilizados em um hospital de Recife - PE, 2009. Amostra (Número) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 Produto Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Mamadeira Copo liquidificador Mamadeira Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Mamadeira Copo liquidificador Vidro Mamadeira Copo liquidificador Vidro Klebisiela sp (NMP/ml) Enterobacter Citrobacter sp sp (NMP/ml) (NMP/ml) <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 E. coli (NMP/ml) Pseudomonas sp (UFC/ml) <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 24 x 102 24 x 102 <3 <3 24 x 102 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 A etapa de desinfecção dos utensílios realizada inadequadamente pode ter sido a causa da contaminação nas amostras de utensílios, ou por dosagem de cloro menor que a preconizada pela legislação, 200 ppm, ou pelo tempo de imersão em água clorada, mínimo de 15 minutos, não ter sido suficiente para destruir a Pseudomonas sp, já que esta é moderadamente resistente ao cloro, segundo a OMS, ou até mesmo pelas duas situações ocorridas concomitantemente. Todas as etapas de higienização de utensílios devem seguir os requisitos estabelecidos pela Portaria CVS-6/99, de 10 de março de 1999. Diante dos resultados fica evidenciado que o lactário pode ser considerado uma fonte para disseminação de doenças infecciosas, quando não se estabelece as normas higiênicosanitárias que garantam o processamento e conservação das dietas enterais e fórmulas lácteas em condições microbiológicas adequadas. 35 Observa-se que os resultados de um modo geral apresentam-se com baixo percentual de contaminação, 3 amostras (10,9%) de total de 82 amostras analisadas, sendo estes compostos apenas por utensílios, o que significa que a qualidade microbiológica das fórmulas lácteas e dietas enterais encontram-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação e que se encontravam próprias para o consumo. Tais resultados são obtidos pela implantação das boas práticas de fabricação (BPF), check list, procedimentos operacionais padronizados, entre outros (ANEXO A). Os recursos humanos para o preparo das dietas enterais e fórmulas lácteas são próprios do setor, recebem treinamentos semestrais e passam pelo controle de saúde operacional anualmente. A água utilizada para reconstituição de dietas em pó além de ser filtrada e fervida, recebe tratamento de acordo com a Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde, onde se estabelece que as águas para consumo devem ser cloradas de forma a alcançar concentração de cloro residual final entre 0,5 a 2,0 ppm, em qualquer ponto da rede de distribuição (BRASIL, 2004). Além disso, ressalta-se a existência de uma equipe multiprofissional que compõem a Comissão de Nutrição Enteral e Parenteral, onde a nutricionista é responsável pelos controles de qualidade praticados no lactário. Estes controles são muito importantes para assegurar a qualidade e inocuidade das dietas preparadas e conseqüente, obtenção dos resultados satisfatórios do ponto de vista higiênico-sanitário. 36 6. CONCLUSÃO Diante dos resultados, conclui-se que o lactário possui condições higiênico-sanitárias satisfatórias, visto que as amostras de dietas enterais e fórmulas lácteas apresentaram-se próprias para o consumo, ocorrendo contaminação em apenas um baixo percentual das amostras analisadas. Ao avaliar os resultados do controle microbiológico das fórmulas lácteas e dietas enterais realizado pelo hospital percebe-se a necessidade de maiores cuidados nas boas práticas de manipulação com relação à higienização dos utensílios, especialmente mamadeiras e copo de liquidificador que apresentaram contaminação. Ressalta-se a importância da inclusão dos demais microorganismos estabelecidos pela legislação nas análises microbiológicas realizadas no hospital, para assegurar e comprovar a qualidade microbiológica do produto final de modo a evitar agravos à saúde dos pacientes. 37 REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. A. G. de. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, p. 119-125, abr. 2004: AMORIM, S. T. S. P. de. Alimentação infantil e o marketing da indústria. História: Questões & Debates, Curitiba: UFPR., n. 42, p. 95-111, 2005. APHA. American Public Health Association. In: Compedium of methods for the microbiological examination of foods. Ed.:Vanderzant, C.; Splittstoesser, D. F. 3ed Washington, 1992. ______. American Public Health Association. In: Compedium of methods for the microbiological examination of foods. Ed.:Vanderzant, C.; Splittstoesser, D. F. 3ed Washington, 1998. AUGUSTO, A. L. P. et al. Terapia Nutricional: Indicações de suporte nutricional e as bases da nutrição enteral. 2 ed. São Paulo: Atheneu,1996. p. 38-53. BARRETO, M.G.F.; AGUIAR, A.C.L. Avaliação da qualidade microbiológica de alimentação enteral preparada em setor hospitalar público. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS, 20. 1999, Salvador. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2616, de 12 de maio de 1998. 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CHECK LIST – LACTÁRIO Data: ___/___/____ - HIGIENE Hora:_____ - PRESERVAÇÃO - FUNCIONAMENTO ITEM DE CONTROLE 1) SALA DE RECEPÇÃO ESTRUTURA Piso Paredes Teto Porta Bancada Câmara de passagem Armários superiores Armários inferiores Cadeira /banco Dispensador Porta papel toalha Visores Relógio de parede Mesa de escritório Mesa de apoio frigobar Mesa de apoio fogão Lixeira INSTALAÇÕES Hidráulica Pia Torneira Elétrica Lâmpadas Ar condicionado Botijão de gás Telefone EQUIPAMENTOS Frigobar + Termômetro Fogão Carro – transporte UTENSÍLIOS Panelas p/ água fervida GÊNEROS/MATERIAIS Alimentícios Limpeza Descartáveis SIM NÃO OBSERVAÇÕES 43 CHECK LIST – LACTÁRIO Data: ___/___/____ - HIGIENE Hora:_____ - PRESERVAÇÃO - FUNCIONAMENTO ITEM DE CONTROLE MAT. DE ESCRITÓRIO PESSOAL Fardamento completo Cabelo Pele Unhas Infecção respiratória Outra infecção Cartão méd. trabalho e vacina 2) SALA DE PREPARO ESTRUTURA Piso Paredes Teto Porta Bancadas Tanques Câmara de passagem Prateleiras Bancos Dispensador Porta papel toalha Visores Lixeiras INSTALAÇÕES Hidráulica Pia Torneira Filtro Hoken Elétrica Lâmpadas Ar condicionado EQUIPAMENTOS Balança digital Liquidificador MIX Termômetro UTENSÍLIOS Colheres Mamadeiras Vidros Frascos Bandejas inox Jarras de vidro SIM NÃO OBSERVAÇÕES 44 CHECK LIST – LACTÁRIO Data: ___/___/____ - HIGIENE Hora:_____ - PRESERVAÇÃO - FUNCIONAMENTO ITEM DE CONTROLE GÉNEROS / MATERIAIS Alimentícios De limpeza Descartáveis Estéreis (campos/luvas) MATERIAS DE ESCRIT. PESSOAL Fardamento completo Cabelo Pele Unhas Infecção respiratória Outra infecção Cartão méd. trab. / vacina 3) SALA DE HIGIENIZAÇÃO ESTRUTURA Piso Paredes Teto Porta Bancadas Tanques Banco Estrado de cubas Dispensador Porta papel toalha Visores Lixeira INSTALAÇÕES Hidráulica Pia Torneira Elétrica Lâmpadas Ar condicionado EQUIPAMENTOS Autoclave/termodesinfectadora UTENSÍLIOS Mamadeiras Vidros Bandejas inox Jarras de vidro Colheres SIM NÃO OBSERVAÇÕES 45 CHECK LIST – LACTÁRIO Data: ___/___/____ - HIGIENE Hora:_____ - PRESERVAÇÃO - FUNCIONAMENTO ITEM DE CONTROLE GÉNEROS / MATERIAIS De limpeza Descartáveis MATERIAIS DE ESCRIT. PESSOAL Fardamento Cabelo Pele Unhas Infecção respiratória Outras infecções Cartão méd trab. / vacina SIM NÃO OBSERVAÇÕES ________________________ Nutricionista 46 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO Lançamento: Emissão: Revisão nº: Código POP-LACT-001 INSTITUIÇÃO HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE MAMADEIRAS E VIDROS Última Alteração: Emissão Inicial DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO 1) Retirar os resíduos de leite. 2) Desmontar a mamadeira. 3) Retirar as marcações, utilizando álcool e escova. 4) Deixar de molho por 10 minutos, em solução com detergente. 5) Lavar os bicos, virando-os pelo avesso e escovando-os bem. 6) Lavar o anel e o protetor usando uma escova própria. 7) Lavar as mamadeiras, escovando-as por dentro e por fora, usando uma escova de nylon especial. Esfregar bem e percorrer todas as ranhuras da borda exterior. 8) Enxaguar as mamadeiras em água corrente, para remover o produto de limpeza. 9) Após a lavagem, deixar as mamadeiras e acessórios de molho na água com hipoclorito a 0,02%, por 1 hora. 10) Deixar escorrer em superfície limpa, coberta com campo estéril na sala de preparo. ELABORADO: APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 47 Lançamento: INSTITUIÇÃO PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO Código Emissão: Revisão nº: POP-LACT-001 HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DAS MÃOS Última Alteração: Emissão Inicial DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO 1) Descobrir as mãos e antebraços, retirando ornamentos ou jóias (anéis, braceletes, relógios de pulso, etc.); 2) Abrir a torneira e molhar as mãos, sem encostar-se na pia; 3) Ensaboar as mãos, friccionando-as por aproximadamente 15 a 30 segundos; 4) Lavar a palma das mãos com movimentos circulares; 5) Lavar o dorso das mãos com movimentos circulares; 6) Lavar os espaços interdigitais deslizando uma mão sobre a outra; 7) Lavar as articulações de uma mão com o auxílio da outra; 8) Lavar as unhas e extremidades dos dedos de uma mão na palma da outra, com movimentos circulares; 9) Lavar os punhos e antebraços; 10) Enxaguar as mãos retirando totalmente os resíduos de sabão; 11) Enxugar as mãos com papel toalha branco; 12) Fechar a torneira utilizando o braço ou papel toalha. ELABORADO: APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 48 Lançamento: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO INSTITUIÇÃO Código Emissão: Revisão nº: POP-LACT-001 PARAMENTAÇÃO Última Alteração: Emissão Inicial DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO 1) Higienizar adequadamente as mãos 2) Colocar a touca descartável; 3) Em seguida a máscara descartável; 4) E depois o próspé, 5) Fazer a desinfecção das mãos com o anti-séptico. ELABORADO: APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 49 Lançamento: PROCEDIMENTO OPERACIONAL Revisão nº: PADRÃO INSTITUIÇÃO Código Emissão: POP-LACT-003 HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS (Sala de Preparo) Última Alteração: Emissão Inicial rea geral Horários Material limpeza Procedimento Ar condicionado filtro face externa 4ª f. manhã 12 h Pano umedecido Liquidificador e mix 3/3 hs Balança eletrônica 12 hs Limpeza terceirizada água, e detergente Escova de mamadeira, água e detergente hipoclorito a 0,02 % Água e detergente Álcool a 70% Dispensador automático Sábado,12hs Água, detergente Porta papel toalha Sábado,12hs Água, detergente Banquetas para sentar 12 hs Água, detergente Álcool a 70% Porta degermante iodado 12 hs Água, detergente Porta álcool a 70% 12 hs Água, detergente Pass through 12 hs Água, detergente Embalagens dos insumos Após término do uso Sempre que sujar Pasta de dietas Desprezar na Lixeira Álcool a 70% Papel toalha umedecido com álcool 12 hs Água, detergente Jarras de vidro 3/3 hs, após o uso - Tesoura e faca inox Canetas para rotulagem 3/3 hs, após o uso Antes e Após uso Antes do uso 3/3 hs ELABORADO: Lavar com água e detergente, passando o álcool em seguida Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo com pano Lavar com água e detergente, passando o álcool em seguida Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo - Lixeira com pedal Medidores Lavar com água e detergente e depois imergir 1h no hipoclorito Lavar com água e detergente, secar com pano limpo. Substituir de imediato o saco, quando cheio de lixo. Devolve à Sala de Recepção, pelo pass through, e desta para Sala de Higienização - Mesmo processo das jarras Álcool a 70% Devolver a Sala de Recepção Álcool a 70% Papel toalha umedecido com álcool APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 50 Lançamento: PROCEDIMENTO OPERACIONAL Revisão nº: PADRÃO INSTITUIÇÃO Código Emissão: POP-LACT-001 HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DO AMBIENTE Última Alteração: Emissão Inicial Área geral Teto 06-12- 18 Paredes e 06-12- 18 balcões Material limpeza Água e detergente Hipoclorito a 250ppm Água e detergente Hipoclorito a 250ppm Água, detergente Pisos e 06-12- 18 rodapés líquido. Hipoclorito a 250ppm Bancadas e pia Horários Antes e após cada sessão Visores 06-12- 18 Portas 06-12- 18 Procedimento Passar o rodo com pano de chão, na direção da esquerda para direita. Executar 1º a limpeza, depois a desinfecção. Passar o rodo com pano de chão umedecido com água e sabão, direção de cima para baixo. Executar 1º a limpeza, depois a desinfecção. Recolher os resíduos com pá e vassoura (com cerdas cobertas com pano). Lavar, com solução de água e detergente. Enxaguar e depois usar água clorada a 250ppm Água e detergente Passar bucha umedecida com água e detergente, Álcool a 70% depois pano descartável com álcool a 70%. Água e detergente Após a limpeza, passar o álcool, umedecendo Álcool a 70% papel toalha e depois desprezá-lo. Água e detergente Igual às paredes, e pano umedecido na mola. São utilizados baldes com o preparo da solução de higienização, e os panos de chão específicos para cada área. Limpar respingos e fragmentos das fórmulas de imediato, antes e após o uso (superfície). Luminárias, interruptores 12 - 18 Água e detergente Bancadas e 12 – 18 Água e detergente pia sempre Álcool a 70% Passar o pano umedecido com água e detergente e tomadas ELABORADO: Bucha umedecido com água e detergente papel toalha com álcool na bancada, antes e depois do uso. APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 51 Lançamento: PROCEDIMENTO OPERACIONAL Revisão nº: PADRÃO INSTITUIÇÃO Código Emissão: POP-LACT-001 HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS (Sala de Recepção) Última Alteração: Emissão Inicial Área geral Horários Material limpeza Procedimento Ar condicionado filtro face externa 4ª f. manhã 12 h Limpeza terceirizada água, detergente Pano umedecido Fogão 2 bocas quando necessário 12 hs Água, detergente Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Frigobar Sábado,12hs Água, detergente Botijão de gás e cano Dispensador automático Porta papel toalha Sábado,12hs Água, detergente Sábado,12hs Água, detergente Sábado,12hs Água, detergente Armários Sábado,12hs Água, detergente Mesa com gavetas Sábado,12hs Água, detergente Cadeira Sábado,12hs Água, detergente Bancos de apoio Sábado,12hs Água, detergente Telefone Sábado,12hs Água, detergente Sábado,15hs Água, detergente 12 hs Água, detergente 12 hs Água, detergente Pass through 12 hs Água, detergente Embalagens Antes da liberação para Sala de Preparo Água, detergente Álcool a 70% Relógio de parede Sábado,12hs Água, detergente Lixeira com pedal 12 hs Água, detergente 3/3 hs Álcool a 70 % Carro transporte Porta degermante iodado Porta álcool a 70% Pasta de dietas ELABORADO: Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo com pano Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar, com jato d´água, e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, passando álcool a 70% depois Lavar com água e detergente, secar com pano limpo Lavar com água e detergente, secar com pano limpo. Substituir de imediato o saco, quando cheio de lixo. Passar o álcool, entre as páginas e capa, antes de entrar na Sala de Preparo APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 52 Lançamento: PROCEDIMENTO OPERACIONAL Revisão nº: PADRÃO INSTITUIÇÃO Código Emissão: POP-LACT-001 HIGIENIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS (Sala de Recepção) Última Alteração: Emissão Inicial Área geral Horários Material limpeza Procedimento SALA DE HIGIENIZAÇÃO Ar condicionado filtro 4ª f. manhã face externa 12 h Mamadeiras, vidros, jarras, medidores e Limpeza cubas hipoclorito a 0,02 % Tampas dos tanques Botas impermeáveis Rodo, panos de chão, balde Medidor de hipoclorito Botijões com detergente/hipoclorito/ álcool Pendurador, estrado Panelas inox, bandejas inox Tanques e tampas Escovas de mamadeiras esponjas 3/3 hs Pano umedecido água, detergente Água, detergente e 3/3 hs - terceirizada Água, detergente Lavar com água e detergente e depois imergir 1h no hipoclorito Lavar com água e detergente, depois colocar para escorrer Lavar c/ água e detergente, secando Sábado,12hs Água, detergente Sábado,12hs Água, detergente Lavar c/ água e detergente 3/3 hs Água, detergente Lavar c/ água e detergente Água, detergente Lavar c/ água e detergente Sábado,12hs Água, detergente Lavar c/ água e detergente 3/3 hs Água, detergente Lavar c/ água e detergente Ao chegar na sala 3/3 hs Água, detergente hipoclorito a 1% 3/3 hs Água, detergente 12 hs Água, detergente com pano limpo Lavar com água e detergente, passando pano umedecido com hipoclorito em seguida Lavar com água e detergente. Substituição às 07:00 e 19:00 hs Escova de dentes, vidro que coloca álcool Substituir mensalmente para desrotulagem ELABORADO: APROVADO: _______________________________ _________________________________ Nutricionista CCIH 53 DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA SETOR DE LACTÁRIO CONTROLE DA CONCENTRAÇÃO DE CLORO MÊS/ANO_____________ DIA TANQUE 1 CLORO TANQUE 2 CLORO PH PH Responsável