Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VII n No 73 n JUNHO/2013 CORREIOS 3 DIA DA INDÚSTRIA Homenagem a quatro empresários cearenses, exemplos de empreendedorismo, e discursos em defesa de uma indústria viva e moderna marcaram a solenidade comemorativa /sistemafiec @fieconline Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará junho 2013 | No 73 ........................................................................................ CAPA Inovação 10 Israel é exemplo Missão organizada pela FIEC conhece experiências de 24 Dia da Indústria Comemoração homenageia quatro empresários e é marcada por discursos de defesa do setor sucesso que levaram o país a ser destaque mundial Sustentabilidade Serviços para a indústria 18 Instituto SENAI de Tecnologia Equipamento na área metalmecânica será instalado em Maracanaú, na região nos negócios 22 Sucesso Consultoria do SESI Competitividade 42 Indústria Viva Seminário realizado na FIEC apresentou o programa e discutiu os rumos da indústria local auxilia micro e pequenas empresas a ser sustentáveis metropolitana de Fortaleza Desigualdade regional 34 Integra Brasil Primeiro dos quatro workshops previstos é realizado na Federação das Indústrias do Estado do Ceará Seções Tecnologia e educação 38 SESI/CE recebe equipamentos Unidades escolares atuarão com kit de equipamentos MensagemdaPresidência........5 Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas..........41 para projeto de tecnologia da informação Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 3 Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita. Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho Serviço Social da Indústria — sesi CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita e Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Suplente Raimundo Nonato Teixeira Xavier Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho e Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Suplente Raimundo Nonato Teixeira Xavier Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Fernando Ribeiro de Melo Nunes Instituto Euvaldo Lodi — IEL Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales Instituto de Desenvolvimento Industrial – INDI Presidente Roberto Proença de Macêdo – Diretor corporativo Carlos Matos Instituto FIEC de Responsabilidade Social – FIRESO Presidente Roberto Proença de Macêdo – Vice-presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Camila Gadelha ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Fotografia de capa José Sobrinho Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e 3421-5436 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec Revista da FIEC. – Ano 7, n 73 (jun. 2013) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm. Mensal. ISSN 1983-344X 1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia. CDU: 67(051) 4 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 MensagemdaPresidência Roberto Proença de Macêdo O ecossistema produtivo do Ceará Estamos avançando em nossos esforços para a constru- empresas sul-africanas, espaço que hoje vem sendo ocupado ção de um novo processo de desenvolvimento industrial, em uma pelos chineses. Já o embaixador sul-coreano Bon-Woo KOO, perspectiva de estreita integração com os demais setores produ- mirando os nossos projetos estruturantes do complexo intivos, com a academia e com o governo. As estruturas montadas dustrial do Pecém, manifestou o seu desejo de ter empresas pela FIEC e seus parceiros começam a engrenar, almejando che- cearenses como fornecedoras da CSP, tanto na fase de imgarmos a uma rede tripartite de articulação capaz de conectar os plantação como na de funcionamento. mais diversos agentes, com o objetivo de inovar para aumentar No seminário Indústria Viva, constatou-se a necessidade nossa competitividade. imperiosa de termos indústrias competitivas e, para isso, preInspirados em iniciativas de cooperação como as que origina- cisamos fortalecer as já existentes e criarmos novas para atenram os ecossistemas do Vale do Silício der demandas emergentes no Ceará, no e do entorno da Unicamp, pretendeBrasil e no mundo. O professor Maurímos potencializar nossas competêncio Canêdo, da FGV, chamou a atenção As estruturas montadas cias de manufatura, gestão, modelo de para o fato de que não basta ter indúsnegócio e forma de atuar no mercado, pela FIEC e seus parceiros trias pesadas, é “preciso dar ênfase a reforçando a inserção do Ceará em políticas industriais leves”. Outro aspeccomeçam a engrenar, almejando suas conexões globais. O ecossistema to destacado por esse pesquisador é a que queremos montar envolve todo chegarmos a uma rede tripartite de necessidade de se ter uma visão crítica o setor produtivo, suas relações instisobre o processo de encadeamento, pois tucionais, a cultura da inovação e as articulação capaz de conectar os não é qualquer cadeia produtiva que estratégia de negócios. oferece as melhores condições de commais diversos agentes. Após o retorno da nossa missão petitividade. Ele defende o conceito de a Israel, quando fomos àquele país encadeamento inteligente, ou seja, um vivenciar o seu ecossistema de inovaencadeamento fundamentado nas peção, temos tido uma intensa movimentação em torno de no- culiaridades de cada setor. vas oportunidades de negócio envolvendo empresas do estado. O desenvolvimento sustentável da indústria cearense passa Nesse sentido, foram estimulantes as visitas feitas à nossa Fede- pela nossa capacidade de agregar valor aos nossos produtos e ração por embaixadores e grandes investidores internacionais, a serviços, de aumentar a produtividade das nossas empresas, realização do seminário Indústria Viva e os frutos colhidos pelo enfim, pelo grau de transformação dos nossos talentos em emCIC em suas viagens de mobilização para viabilizar o Fórum preendimentos competitivos que gerem emprego e renda. TeIntegra Brasil em favor da união e fortalecimento regional, na mos feito grande esforço na análise das oportunidades ofereperspectiva do desenvolvimento equilibrado do país. cidas por startups e estudos para a criação de polos industriais A diversidade das oportunidades fica evidente nas propo- em diversas regiões do estado. sições feitas pelos embaixadores da África do Sul e da Coreia A formação e a consolidação do ecossistema produtivo do Ceará do Sul. O diplomata africano Mphakama Mbete concentrou- dependem do grau de protagonismo do empresariado na constru-se no delineamento de possibilidades para nós cearenses na ção do futuro que desejamos e da nossa capacidade de intensifimontagem de empreendimentos solo ou em parcerias com carmos o trabalho conjunto entre empresas, academia e governos. “ “ Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 5 a c o n t ece Inova SENAI Inscrições de projetos até 15 de julho O Núcleo dAlunos, docentes, técnicos e consultores do SENAI, além de representantes de empresas parceiras, podem inscrever até 15 de julho projetos na etapa estadual da Inova SENAI, competição de abrangência nacional que tem o objetivo de incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora, raciocínio lógico e criatividade mediante projetos de inovação de interesse da indústria e da sociedade. Os projetos podem concorrer nas categorias Produto Inovador, Processo Inovador, Serviço Inovador e Voto Popular, direcionados às áreas de alimentos, automação industrial, energia, produção gráfica, química, telecomunicações e têxtil e vestuário, dentre outras. A competição será realizada nos dias 20 e 21 de novembro. >> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected] n o S is t e m a F I E C , n a P o l í t ic a e n a E c o n o m i a Green Building Relações internacionais Embaixador da África do Sul na FIEC Sinduscon lança cartilha O embaixador da África do Sul no Brasil, Mphakama Mbete, foi recebido pelo presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, na Casa da Indústria, no início de junho. No encontro, o embaixador externou o desejo de ver empresas cearenses investindo na África do Sul, citando áreas de interesse como alimentos, tecnologia e maquinário. Segundo Mphakama Mbet, o país possui uma economia que está se mostrando cada vez mais forte, apesar de existirem ainda alguns obstáculos a ser superados. Roberto Macêdo retribuiu o interesse em manter relações comerciais com a África do Sul, lembrando que a CNI e o governo brasileiro já desenvolvem ações visando aprofundar as ações comerciais. O presidente da FIEC disse que, em relação ao Ceará, os empresários estão sempre dispostos a aproveitar as boas oportunidades que surgem no mercado. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE) lançou, no final de maio, a cartilha Green Building (Edifício Verde), de autoria dos especialistas Alexandre Mourão, Alexandre Rocha, Caroline Valente e Eduardo Cabral, sob a coordenação do vice-presidente de Tecnologia da entidade, Eugênio Montenegro. A publicação traz o conceito de obras sustentáveis, desde a concepção e utilização dos produtos, até o seu descarte. Na cartilha, também são prestados esclarecimentos sobre certificados que contemplam empresas que promovem práticas construtivas atreladas à sustentabilidade, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Corin Presidente da CDC participa de reunião O presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Paulo André Holanda, que administra o Porto de Fortaleza, situado no Mucuripe, reuniu-se em 12 de junho com membros do Conselho Temático de Relações Internacionais (Corin) da FIEC. Na oportunidade, ele apresentou a estrutura do porto e discutiu assuntos relacionados ao recebimento de cargas. De acordo com Paulo André, o porto 6 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 tem estrutura para operar múltiplas cargas. Ele destacou a criação do Centro Vocacional Tecnológico Portuário Manuel Dias Branco (CVT) da Companhia Docas, voltado a oferecer capacitação tecnológica de trabalhadores portuários e jovens e adultos no entorno do Porto do Mucuripe, como também à difusão do conhecimento científico e tecnológico para a população local por meio de cursos. Responsabilidade social Inovação SESI/CE recebe inscrições para curso IEL apresenta programa de trainees O Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial (NRSE) do SESI/CE recebe inscrições para a 11ª turma do curso de Formação de Agentes de Responsabilidade Social. O propósito é formar lideranças com foco na sustentabilidade para implantação de ferramentas de responsabilidade social e mobilização de recursos para gerar maior impacto social. O início do curso está previsto para o mês de agosto. O programa de agentes foi lançado em 2006 a fim de ampliar a atuação das empresas cearenses nesse campo. Desde então, mais de 200 profissionais foram formados, oriundos de mais de 140 empresas em todo o estado. O cronograma do curso, com 44 horas/ aula, abordará temas como mudança de paradigma, espiral de relacionamento, o reconhecimento do potencial criativo, polaridades e conflitos, combate ao estresse, modelo e estilos de lideranças, planejamento estratégico e orientação para formação de rede, dentre outros. Informações: 3421 5852 / 3421 5854 ou [email protected]. CURTAS --------------------- Foto: GIOVANNI SANTOS q u e Foto: GIOVANNI SANTOS O Notas&Fatos Notas&Fatos O IEL/CE promoveu no dia 18 de junho um café da manhã para apresentar a empresários e gestores o Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) Trainee para Inovação, uma parceria em nível federal envolvendo o IEL Nacional e o CNPq, que visa desenvolver ações de inovação no setor privado. O programa oferece bolsas de estudo a graduandos, graduados ou mestrandos para o desenvolvimento de planos de inovação vinculados à tecnologia de produção e/ou gestão. O CNPq e o IEL oferecerão mil bolsas em todo o Brasil. As empresas selecionadas entram como parceiras do programa pelo período de 14 meses, no qual serão executadas as ações vinculadas ao projeto base. Mais informações pelo telefone (85) 3421 6529. AGENDA ................................................... A FIEC está com inscrições abertas, até 31 de julho, para a 10ª edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. Este ano, ao se comemorar dez anos da iniciativa, o Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da FIEC pretende não só fortalecer o trabalho de divulgação da premiação, como ampliar as ações em torno da preservação do meio ambiente. Estão em disputa as modalidades Produção Mais Limpa, Reuso de Água, Educação Ambiental e Integração com a Sociedade. Poderão participar empresas do setor industrial, associadas aos 39 sindicatos filiados à FIEC, que tenham implantado projetos de melhoria de qualidade do meio ambiente. Mais informações: (85) 3421 5916 / 3421.5923 / http://www.fiec.org.br/meioambiente/premio_fiec.asp. n n O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), Ricard Pereira, apresentou as boas práticas do sindicato quanto ao associativismo durante o 7º Programa de Imersão da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) – Fortalecimento da Gestão Sindical, no Rio Grande do Norte, entre os dias 7 e 9 de junho. Estiveram presentes a diretoria da FIERN, dirigentes do SESI/SENAI/IEL, presidentes e delegados dos 28 sindicatos filiados à Federação das Indústrias, a gerente do PDA da CNI, Camilla Cavalcante, a executiva da CNI, Diana Nery, o consultor Márcio França e a gestora do PDA da FIEC, Lúcia Abreu. n O setor de panificação e a cadeia produtiva desse segmento no Ceará têm encontro marcado nos dias 21, 22 e 23 de agosto, por ocasião em Fortaleza do Cearapão. Considerado um dos maiores eventos de panificação da região Nordeste, o evento será realizado no Centro de Eventos e contará com vários expositores que trazem novidades no segmento. O Cearapão é promovido pelo Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará, em parceria com a Associação Cearense da Indústria de Panificação (Acip). Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 7 Israel Exemplo de inovação milhões de habitantes, tem estocado perto de 75 bilhões de dólares em investimentos diretos, uma média de 9,49 mil dólares por habitante, quase três vezes mais que o Brasil, em termos relativos. Nos últimos dez anos, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o valor real da economia israelense, por cidadão, cresceu 48,64% – contra 27,83% na União Europeia, 30,26% nos Estados Unidos e 32,67% nos 35 países com maior renda per capita do mundo. A explicação de números tão positivos se deve ao desenvolvimento de forte indústria aeroespacial, a negócios na área de energia e, principalmente, a uma base econômica forte de indústria de alta tecnologia, com exportações de softwares, produtos farmacêuticos e químicos. Grande parte do sucesso na economia é fruto do investimento em tecnologia e inovação, que é feito, sobretudo, pelo governo, mas com ampla participação do setor privado, com parceria de centros de pesquisa e universidades. Para aprender na prática esse processo de aproximação do setor produtivo com as universidades e conhecer os mecanismos de geração e transferências de tecnologia para as empresas, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) liderou, entre os dias 28 de abril e 5 de maio, uma missão a Israel, composta de empresários, representantes do governo estadual e de universidades cearenses. Segundo o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, que es- teve à frente da missão, parte do sucesso do país deve-se ao patriotismo da população. “Antes de tudo, eles são patriotas. É uma nação muito orientada para a sobrevivência. Cada cidadão é formado para amar a pátria e dar retorno a ela.” O presidente se mostrou ainda mais impressionado com o que viu em Israel durante a missão. “Uma coisa é ouvir sobre a realidade de Israel, outra coisa é ver.” E fez uma alerta: “Temos muito a fazer no Ceará, principalmente uma mudança cultural para criarmos um outro futuro”. A missão consolida a segunda etapa do programa Universidade-Empresa (Uniempre), iniciativa da FIEC, executada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), que teve início em 2011 com o objetivo maior de fortalecer a cooperação entre indústria e academia, visando promover avanço tecnológico, inovação e aumento da competitividade do setor industrial do Ceará. A iniciativa já contempla quase 34% da indústria cearense, com a participação dos setores eletrometal-mecânico, construção civil e químico. A partir da missão, já existem ações concretas. Na segunda semana de junho, professores israelenses, entre eles Raphael Bar-El, da Universidade de Ben-Gurion, que atua como consultor da FIEC, e Dafna Schwartz, consultora externa do Ministério da Indústria e Comércio de Israel e membro do conselho de diretores de seis entidades no país, estiveram no Ceará para discutir a segunda fase do Uniempre. Missão organizada pela FIEC levou empresários, líderes classistas, representantes de universidades e do governo a Israel para conhecer experiências de sucesso que levaram o país a ser destaque mundial E m 65 anos de existência, Israel, país localizado em área de deserto, com população ligeiramente menor que a cearense, alcançou um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 31,282 dólares, segundo dados do Banco Mundial, em 2010, enquanto o do Ceará é de 2,986 dólares, que representa 9,5% do PIB per capita israelense. Há outros números de impacto. A indústria manufatureira representa 10 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 perto de 35% de um PIB situado em 243 bilhões de dólares, e 75% das exportações. A tecnologia responde diretamente por 15% desses números e reforça o caminho para a elevada produtividade das demais atividades. Excluindo o setor militar, o país aplica 4,5% da renda anual de sua economia em pesquisa e desenvolvimento, de longe o melhor desempenho mundial. Com apenas 7,7 Foto: ARQUIVO INDI Camila Gedelha Parte da comitiva da FIEC durante visita à Universidade de Ben-Gurion. Da esquerda para direita, acima: Paulo Studart, Fernando Cirino, Roberto Macêdo, Raphael Bar-el, Fernando Nunes e Almir Bitencourt. Embaixo: Ricardo Cavalcante, Carlos Matos, Beto Studart, Roberto Sérgio, Dafna Schwartz, Virgílio Araripe, Jesualdo Farias, Jackson Sávio. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 11 do Fundo de Inovação, que irá reunir um valor inicial de 2 milhões de reais para apoiar a criação de startups – empresas de pequeno porte, inovadoras, de alta tecnologia. Atualmente, estão sendo definidas as questões tributárias do fundo, para que comece a atuar. Carlos Matos se reuniu em meados de maio com grupo de investidores e com técnicos de instituições como o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), para aprofundar a discussão do fundo. A ideia, segundo o diretor do INDI, é que os investidores entrem como sócios nas startups, pois o mercado de capitais é mais adequado que o crédito comercial para iniciativas de inovação. Os resultados da missão não são apenas pontuais, garante Carlos Matos, e serão percebidos também com o passar do tempo, por meio de mudança de atitudes e integração entre os três atores do desenvolvimento da inovação – academia, setor produtivo e governo –, que foi o grande objetivo da ida a Israel. “Não só pelo que vimos em Israel, mas pela integração, já começa a ser criada agenda de cada instituição que esteve na missão.” Roteiro da inovação A s visitas foram organizadas para que os participantes pudessem conhecer como se dá o processo de interação entre as empresas e os centros de pesquisa e ver de perto os investimentos em inovação que fazem de Israel um país lembrado pelo desenvolvimento dessa área. A primeira parada, em Telaviv, foi para visitar a Associação de Indústrias de Israel. Lá, líderes classistas cearenses apresentaram seus setores de atuação e puderam conhecer mais sobre as indústrias locais. “ “ Marcos Soares, presidente do Sindquímica Foto: ARQUIVO INDI Precisamos sentir as situações cotidianas nas empresas com os olhos da inovação. Em Israel, vimos que isso é possível. 12 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Setor forte em Israel é o químico e plástico, que participa com 22,3% do valor adicionado da indústria. O presidente do Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica), Marcos Soares, aproveitou o desenvolvimento do setor naquele país para buscar possíveis parcerias. “Apresentamos as empresas, o sindicato, o setor e fizemos vários contatos. Foi uma viagem muito proveitosa, sobretudo a visita feita à empresa Teva, e que irá surtir muito mais efeito”, conta. Ele já se reuniu em São Paulo com representantes de empreendimentos de Israel. Como empresário, Marcos Soares diz que trouxe de Israel uma certeza: as empresas têm de olhar a inovação com outros olhos. “Precisamos sentir as situações cotidianas nas empresas com os olhos da inovação. Em Israel, vimos que isso é possível.” O mais estratégico, acredita, foi a parceria com os representantes das universidades: “Foi importante a união durante a viagem para que eles percebam a importância de as universidades trabalharem em prol das indústrias, desenvolvendo produtos para elas, recebendo demandas”. Em seguida, a comitiva seguiu para o Instituto Weizman, universidade pública de pesquisa, a fim de ver de perto o processo de transferência de tecnologia da academia para uso na indústria. O instituto é um dos principais centros de pesquisa multidisciplinares do mundo, com cerca de 2 500 cientistas, bolsistas de pós-doutorado, doutorado e técnicos. A Yeda Research e Development Company Ltda. é responsável pela transferência de tecnologia do Weizmann, comercializando propriedade intelectual criada em seus laboratórios. No instituto, os participantes ouviram falar no “vale da morte”, expressão usada para explicar a distância entre o que se produz na academia e a utilização prática por parte do setor produtivo. A próxima parada da comitiva foi na Central de Inovação da Intel. A empresa, situada em Haifa, hoje emprega mais de 7 800 pessoas, além de afetar indiretamente o emprego de 23 000 trabalhadores em Israel. São pioneiros da indústria de alta tecnologia no país, trabalham em muitos níveis de tecnologia e estão diretamente ligados ao desenvolvimento da mão de obra qualificada. Um ponto observado pelos participantes foi o estímulo às tentativas de inovar. “Em Israel, o fracasso não é um fator negativo. Faz parte da caminhada. Essa é uma grande diferença para o Brasil”, destacou Carlos Matos. O mesmo foi observado pelo presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), Ricard Pereira. “Culturalmente, em Israel, eles tentam, erram e tentam de novo, até que chega a hora de acertar. Eles dão a mão a quem tentou e não conseguiu, diferente do nosso estado. Inovar é uma atividade de risco. Isso é necessário.” Ricard Pereira também conseguiu ver semelhanças entre Israel e o Ceará: “Temos boas cabeças, inteligência, assim como em Israel”. As semelhanças climáticas também foram observadas pelo vice-presidente da FIEC, Beto Studart, que se surpreendeu com todas as iniciativas e pesquisas realizadas naquele país, mas em especial com a grande variedade de setores produtivos contemplados e a gestão de recursos hídricos. “Tivemos a oportunidade de conhecer pesquisas e produtos em áreas como a da indústria farmacêutica; entendemos o funcionamento de startups surgidas na indústria de tecnologia em informática e telecomunicações; visitamos uma das maiores Foto: ARQUIVO INDI Outra iniciativa da missão foi o convite oficial aos gestores da Teva, maior empresa do mundo produtora de medicamentos genéricos inovadores, para instalação de uma unidade no Ceará. A FIEC também está engajada em trazer um centro de tecnologia montado pela empresa para o estado. A empresa tem sede em Israel e está em 60 países pelo mundo. De acordo com o diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, 7% de seu faturamento são investidos em pesquisa e desenvolvimento, o que possibilita, “a constante descoberta de novos medicamentos”. A viagem também impulsionou articulações para que sejam utilizados corretamente os 30% dos fundos setoriais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) previstos para a região Nordeste e que não estão sendo destinados adequadamente, de acordo com avaliação de Carlos Matos. Esses recursos, voltados para aplicação em pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas, são colocados à disposição via editais nacionais. Porque alguns estados não atingem as exigências dos editais, os recursos são aplicados em outras regiões. Também impulsionada durante a missão foi a articulação empresas de alimentos do país e que tem projeção mundial; e pudemos compreender como um país encravado em uma área tão árida, assim como nós, no Ceará, consegue trabalhar de forma competente a gestão de águas”, enumerou Beto Studart. A próxima visita foi realizada ao Technion – Instituto de Tecnologia de Israel. Focado em engenharia e ciências exatas, é de lá que vêm saindo as pesquisas mais importantes do mundo. O instituto foi o destaque das visitas para o empresário e delegado representante da FIEC na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fernando Cirino Gurgel. “O instituto merece destaque por ser uma universidade de excelência em nível mundial, que forma pessoas e tem uma adequada estrutura de cooperação com as empresas.” Também visitada pelos participantes da missão foi a indústria Strauss, do ramo de alimentos, com foco na inovação, que está presente na indústria brasileira após ter comprado a Santa Clara. Em 2001, o faturamento da Strauss ficou em 83 milhões de dólares. Após a compra da empresa brasileira, o faturamento saltou para 605 bilhões. Em 2013, a expectativa é que o lucro da empresa atinja a marca de 1,8 bilhão de dólares. A Strauss, focada na relação empresa-academia, criou um empreendimento para estreitar esse convívio e facilitar os resultados – a Alphastrauss. Durante a visita, o presidente da FIEC e toda a comitiva fizeram o convite oficial para que a empresa instale um dos centros de tecnologia no Ceará. Segundo Carlos Matos, a ideia foi bem recebida. Visita à indústria Strauss, empresa que comprou no Brasil a Santa Clara Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 13 Aproximação academia-empresa O fosso invisível que separa a academia do setor produtivo começa a diminuir. A constatação é unânime entre os participantes da missão. Essa aproximação teve início na própria viagem, no relacionamento interpessoal. O vice-presidente da FIEC e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio, integrante da missão, lembra que antes da ida a Israel existia um afastamento sem motivos entre os dois setores, mas que tal distância foi diminuída. “O magnífico reitor, lá, era igual a todos nós. Aqui no Brasil, no Ceará, a academia é isolada dos empresários. O maior mérito da missão foi a presença dos representantes das universidades. As conversas e as trocas foram de importância tão grande quanto o que foi absorvido nas visitas.” Como empresário, Roberto Sérgio voltou com a certeza de que é possível aproximar universidades de empresas e obter ganhos satisfatórios para ambas as partes. “As pesquisas realizadas nas universidades daqui vão para as prateleiras. Os doutores fazem teses e a sociedade não utiliza. Cada vez mais tenho a consciência, também como sindicalista, que, se houver troca de informações e união, teremos sucesso cada vez maior”, acredita. 14 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Ele lembra que em Israel as entidades representativas das empresas têm aproximação intensa com a universidade: “É uma via de mão dupla. A universidade apresenta as pesquisas às associações de empresários e questiona se querem assumir o financiamento. As associações também apresentam as demandas e as universidades e institutos de pesquisas estudam formas de resolvê-las”. Para Beto Studart, um dos principais legados da viagem foi ver de perto como acontece o que chamou de “espetacular simbiose” entre a universidade e a sociedade. “Uma proximidade entre o saber e a vida prática. Isso me chamou muito a atenção, pois todo o movimento intelectual desenvolvido pela academia se dá com uma preocupação notória de se aproximar da vida das pessoas, de trazer benefícios para o país. É por isso que Israel se destaca mundialmente nesse conceito que eu chamaria, em uma licença poética, de ‘ciência prática’’’, completa. A aproximação com a experiência de Israel também foi destacada pelo diretor financeiro da FIEC, Carlos Gama: “Vimos como é possível, na prática, setor produtivo e academia trocarem ideias e, juntos, encontrar soluções para os desafios “ A única maneira de construir pontes é por meio do diálogo constante. Jackson Sávio de Vasconcelos, diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Unifor Foto: ARQUIVO INDI que se apresentam à humanidade. Vimos isso no setor químico (descoberta de novos medicamentos), de alimentação, de tecnologia da informação e outros mais”. “Na UFC, já havia o desejo, mesmo antes de ser realizada a primeira missão a Israel, de ter uma relação mais próxima com o setor produtivo”, diz o reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jesualdo Farias. Segundo ele, a universidade já mantém relações estreitas com muitas indústrias. Alguns laboratórios desenvolvem pesquisas para instituições como LG, Ericson e Chesf, além de uma próxima relação com a Petrobras. Para ele, a viagem proporcionou o fortalecimento das relações institucionais e maior percepção do setor produtivo quanto à importância da inovação. “A relação da FIEC com as universidades se fortaleceu e se estreitaram também os entendimentos e compreensões. A partir daqui, vamos conduzir os processos de inovação com outra perspectiva porque vimos como funciona em Israel, um país referência”, acredita o reitor. Segundo ele, a universidade possui um Centro de Tecnologia e um Centro de Ciências com professores e pesquisadores capacitados e disponíveis para firmar parcerias com o setor industrial. Além disso, o governo federal, mediante recursos do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Financiadora de Projetos e Estudos (Finep) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), encaminhou um montante de 8,8 milhões de reais para a Central Analítica da UFC. O equipamento oferecerá infraestrutura em técnicas analíticas e microscópicas para viabilizar pesquisas nas áreas da física, engenharia, química, biologia, medicina, odontologia, geologia e agronomia, dentre outras. A central terá parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foco em inovação e será associada à Rede de Laboratórios com atividade em nanociência e nanotecnologia do MCTI. “Vamos trabalhar com a FIEC. Fazer o que for possível”, garante o reitor. Para o diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade de Fortaleza (Unifor), Jackson Sávio de Vasconcelos, a academia brasileira precisa construir pontes com o setor produtivo e a Unifor está na vanguarda disso, no Ceará. “A única maneira de construir pontes é por meio do diálogo constante.” O centro de tecnologia da instituição possui 240 professores, sendo 80% doutores, e laboratórios tão bem equipados quanto os de Israel. “A única coisa que faltava era a aproximação com o setor que produz, o olhar conjunto”. Conforme Jackson Sávio, foram criados na Unifor canais para direcionar os trabalhos da graduação e pós-graduação ao encontro das demandas das empresas. A instituição que mais chamou a atenção do diretor foi a Shenkar: “Lá, tivemos a oportunidade de ver que as empresas podem estar orientadas pelo design em todas as áreas, desde a financeira, passando pela corporativa, até os produtos”. Para o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Virgílio Araripe, o maior ganho da viagem foi avançar para quebrar o tabu de difícil relação entre a academia e as indústrias. “Todos podem sair ganhando com uma relação mais próxima. As empresas se tornam mais competitivas, um colabora com o outro. Essa relação, que em Israel é muito forte, pode ocorrer aqui. O IFCE quer ser parceiro dessa proposta. Esperamos que essa relação seja cada vez mais estreita”, anseia o reitor. Virgílio Araripe: "Todos podem sair ganhando com uma relação mais próxima" Foto: ARQUIVO INDI Foto: ARQUIVO INDI Arison Group é um grupo global de investimento e filantropia, sediado em Israel, que atua na área de responsabilidade socioambiental. Ligado a ele está o grupo Shikun Vebinuy, líder em infraestrutura, imobiliária e meio ambiente. Por meio de suas subsidiárias, a empresa vem desenvolvendo projetos complexos de infraestrutura e construção, tanto em Israel quanto no exterior, há mais de 80 anos. A Shenkar – Faculdade de Engenharia, Design e Arte localiza-se em Ramat Gan e serve à indústria israelense, proporcionando qualificação acadêmica e serviços de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). A empresa Maya, especializada em escaneamento subterrâneo, foi pioneira na área de detecção de infraestrutura em Israel e tem equipes em campo desde 1985. Baseia sua atuação em alta tecnologia e equipamentos modernos. Desde sua fundação em 1921, o Bank Hapoalim tem desempenhado um papel-chave no crescimento acelerado da economia israelense. Atualmente, continua a ser a principal instituição financeira em Israel e mantém presença global, operando em 20 países. “ Visita à Universidade de Ben-Gurion O setor de nanotecnologia da Universidade de Ben-Gurion foi o local de outra parada da comitiva da FIEC. A universidade foi criada em 1969 como a University of the Negev, com o objetivo de promover o desenvolvimento do deserto do Negev. Hoje, a instituição é um importante centro de ensino e pesquisa com cerca de 20 000 alunos e institutos de pesquisa como o Instituto Nacional de Biotecnologia, a Ilse Katz – Instituto de Nanociência e Tecnologia e o Jacob Blaustein Institutes for Research Desert, dentre outros. Os empresários e representantes das universidades e do governo estadual do Ceará também visitaram o Arison Group, a Faculdade Shenkar, a empresa Maya e o Bank Hapoalim. O Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 15 Incentivos G rande parte dos institutos e universidades visitados em Israel é mantida pelo poder público. Conforme o secretário adjunto da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Almir Bitencourt, o governo deve investir em inovação e tecnologia para elevar o nível de competitividade da economia. Segundo ele, isso pode ocorrer de duas formas. Uma delas é destinando recursos para pesquisas em universidades públicas e para empresas por meio de investimentos em inovação e editais de subvenção econômica. A outra maneira é flexibilizar a legislação. Ele cita o caso dos professores brasileiros de instituições públicas de ensino superior, que não podem se envolver diretamente com a “ É preciso rever a questão da atuação do professor na indústria. “ Foto: ARQUIVO INDI Jesualdo Farias, reitor da UFC iniciativa privada. “Precisamos dar oportunidade para que os professores colham os frutos das pesquisas, sejam remunerados, compartilhem os resultados.” Bitencourt compara a realidade brasileira à de Israel: “Em países como Israel, a capacidade empreendedora do pesquisador é incentivada. Aqui, há essa dificuldade. É um empecilho à inovação”. Para Jesualdo Farias, a legislação brasileira é restritiva à inovação. “É preciso rever a questão da atuação do professor na indústria.” O reitor da UFC chama a atenção também para a necessidade de autonomia da gestão financeira nas universidades públicas. Ele explica que existe dificuldade em gerir o dinheiro quando a universidade recebe o recurso previsto para um projeto em parceria com uma empresa. A saída é que o montante seja intermediado por uma fundação ligada à universidade. O professor também destaca a falta de incentivo à propriedade intelectual como um gargalo na legislação: “Os governos têm de estabelecer normas mais rígidas no controle para que o autor dos projetos possa usar o resultado da pesquisa sem que tenha concorrência desleal. É um elemento importante a assegurar as pesquisas”. Jesualdo Farias defende que as universidades tenham mais estrutura para os procedimentos legais de geração de patentes. Em Israel, esse processo é desburocratizado, em padrões de alta qualificação técnica, assegura Almir Bitencourt. “Pesquisadores, empresários e governo atuam de forma cooperativa no desenvolvimento de projetos de inovação significativos para a sociedade.” Energia do futuro Q uem também voltou da missão a Israel com objetivos alcançados foi o empresário José Sampaio Filho, presidente da Alpha Metalúrgica e diretor de Inovação e Gestão do Simec. Ele está desenvolvendo um projeto de energia solar fotovoltaica para fachadas de prédios, em parceria com o IFCE. Atualmente, o projeto está em fase de estudos. Serão 24 meses até ficar pronto. Com seis meses de desenvolvimento, o recurso total previsto é de 480 000 reais. Durante as visitas, o empresário agendou encontro com a empresa israelense Alsoreg, especializada em produção de placas fotovoltaicas. Do país, ele destacou a cultura da inovação: “Israel tem no sangue a cultura da inovação. São guerreiros natos. Trabalham com o capital humano e valorizam o capital intelectual”. “ Israel tem no sangue a cultura da inovação. São guerreiros natos. Trabalham com o capital humano e valorizam o capital intelectual. Foto: ARQUIVO INDI inovar e isso se faz com cérebros bem treinados e educados convenientemente. A lição serve para o Brasil. Educação é a chave para a inovação”, acredita. Durante a missão, foram iniciados contatos para parceria entre o SENAI/CE e a universidade Shenkar na área de design. A opinião é compartilhada pelo diretor geral do SENAI Nacional, Rafael Lucchesi, para quem o capital intelectual é decisivo para o sucesso no atual cenário de intensa competitividade. “Israel, com escassos recursos naturais, decidiu priorizar a educação e a tecnologia como fonte de geração de riqueza nacional. Suas instituições de excelência científica e suas empresas de alta tecnologia alcançaram a reputação da qual hoje desfrutam não pela quantidade de equipamentos e ativos fixos que possuem, mas pela qualidade das pessoas que fazem delas o que são”, avalia Lucchesi. José Sampaio Filho, presidente da Alpha Metalúrgica e diretor de Inovação e Gestão do Simec “PCP é um conjunto de atividades da administração da produção relacionado à alocação eficaz e eficiente dos recursos de produção (materiais, máquinas, equipamentos e pessoas), que comanda o sistema produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de produção e ordens de compra. Tem como principal objetivo atender à demanda dos clientes e planejar as necessidades da produção no curto, médio e longo prazo.” Portfólio Industrial Agende uma visita: (85) 3224.1005 www.gomesdematos.com.br 16 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 “ No IFCE, as relações com as empresas ainda são iniciantes, segundo Araripe, mas devem progredir: “Temos interesse em conduzir mestrados e linhas de pesquisa voltados para o setor produtivo. Os centros de educação e pesquisa precisam ser apropriados pela indústria. Dar uma resposta mais rápida aos problemas do segmento tem de ser também o nosso objetivo”. Atualmente, são 23 câmpus do instituto no Ceará e mais seis estão em construção, com grande alcance no interior do estado. Unanimidade também entre os integrantes da missão é que a educação é o principal caminho para inovar. De acordo com o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), Fernando Nunes, o Brasil pode aprender com Israel a importância da qualificação adequada. “As empresas mundiais precisam A construção começou no início de maio Instituto impulsionará área metal-mecânica 18 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 tos e laboratórios: “Serão serviços de laboratórios que receberão os produtos e equipamentos enviados pelas empresas para ser ensaiados, e há também consultorias para solução de problemas existentes dentro das indústrias”. Serviços que o IST metal-mecânico atenderá Calibração dimensional, temperatura, pressão e medidas elétricas Ensaios mecânicos destrutivos, em materiais metálicos e poliméricos: Ensaios não destrutivos (END) Ensaios metalográficos Ensaios de proficiência Desenvolvimento de produtos Desenvolvimento de produtos fabricados utilizando resinas poliméricas Projetos de construções mecânicas, envolvendo projetos de máquinas e equipamentos, produtos e componentes Processo de automação em máquinas e processos produtivos Foto: GIOVANNI SANTOS O gues, no Distrito Industrial, a unidade será um provedor de soluções para o desenvolvimento e a melhoria de produtos e processos de fabricação e produção à indústria do setor, facilitando o aumento da produtividade e da competitividade da indústria cearense. Com investimentos previstos em R$ 9,5 milhões, e contrapartida de 68% da Confederação Nacional da Fernando Nunes, diretor regional do SENAI/CE Metrologia Prevista para 2014, a nova unidade, uma iniciativa do Sistema FIEC, por meio do SENAI oferecerá uma gama de serviços à indústria do estado Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), entidade do Sistema FIEC, começou no início de maio a edificar no município de Maracanaú (zona metropolitana de Fortaleza) o Instituto SENAI de Tecnologia (IST) destinado à área metal-mecânica. Trata-se de um dos 38 ISTs que o SENAI vai implantar em todo o Brasil até 2014. Localizado no Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodri- “ O SENAI já possui um importante portfólio de serviços técnicos e tecnológicos na área metal-mecânica, que agora será ampliado. Foto: JOSÉ SOBRINHO Indústria (CNI), por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e 32% do Departamento Regional, a implantação do instituto resulta de um upgrade nas instalações atuais do SENAI em Maracanaú. Segundo o gerente da unidade, Tarcísio Cavalcante Bastos, a obra será construída em 12 meses. Terá 2 700 metros quadrados de área, que abrigarão laboratórios e oficinas voltados à prestação de serviços para a indústria do estado em metrologia, desenvolvimento de produtos, processo de fabricação e gestão de processos industriais. O diretor regional do SENAI/CE, Fernando Nunes, explica que o IST está estrategicamente situado no Distrito Industrial, onde se concentra a maior quantidade de indústrias cearenses, mas que também atenderá a todo o estado, principalmente os empreendimentos localizados no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). “O SENAI já possui em Maracanaú um importante portfólio de serviços técnicos e tecnológicos na área metal-mecânica, que agora será ampliado com a chegada do IST.” Fernando Nunes diz que o IST surgiu de uma demanda já existente e que precisava ser complementada com novos equipamen- “ Foto: GIOVANNI SANTOS SENAI Maracanaú Tarcísio Bastos: "A obra será construída em 12 meses" Processos de fabricação Fabricação em máquinas e equipamentos protótipos Tratamentos térmicos em materiais metálicos Gestão de processos industriais Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 19 Segmento cresce no estado S etor metal-mecânico cearense vislumbra um horizonte promissor nos próximos anos, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), Ricard Pereira. Embora parte desse futuro dependa das obras estruturantes que estão previstas para o estado, ele ressalta a possibilidade de ser instalada uma indústria laminadora no CIPP como potencializadora do setor. Tal fato sinaliza, segundo Ricard Pereira, o marco inicial para a estruturação de um polo metal-mecânico no estado na área do complexo. Dessa forma, destaca a importância da chegada do IST Metal-mecânico para atender à demanda não apenas por serviços, mas também por formação de mão de obra especiali- “ “ Ricard Pereira, presidente do Simec Foto: JOSÉ SOBRINHO A demanda por profissionais e serviços vai crescer muito. E essa é uma visão estratégica de futuro que a FIEC, por meio do SENAI, vem desenvolvendo. zada. “A demanda por profissionais e serviços vai crescer muito. E essa é uma visão estratégica de futuro que a FIEC, por meio do SENAI, vem desenvolvendo.” Estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) aponta o setor metal-mecânico cearense com aumento de 59,8% em seu número de indústrias no período de 2005 a 2010. O incremento foi maior que todo o acumulado da indústria de transformação, que cresceu 37,5% no mesmo período. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2010, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que o segmento metal-mecânico possui no Ceará 1 225 indústrias, representando 8% dos empreendimentos. O setor reúne 8,6% das indústrias de grande porte do estado, 7% das médias, 6,4% das pequenas e 8,2% das microindústrias. Em sua totalidade, responde por 13,4% da indústria de transformação do país. O setor emprega 25 760 trabalhadores, 10,6% de toda a mão de obra que atua na indústria de transformação. O Ceará possui uma forte cultura de fabricação metal-mecânica. São empresas que produzem equipamentos, componentes e peças em série e sob encomenda, sendo a produção seriada a mais forte. Essa é uma característica positiva e raramente encontrada em outros estados brasileiros. Além disso, é importante o potencial de desenvolvimento do setor para fornecer suporte a produtos fabricados com polímeros e borrachas, os quais possuem uma forte integração com o setor metal-mecânico, principalmente quando da demanda de equipamentos especiais, moldes e matrizes que atuam na produção de produtos à base de polímeros, como a fabricação e gestão de moldes, gestão da produção, calibração dimensional de máquinas e ensaios metalográficos. SEGMENTO METAL-MECÂNICO Segmento possui no Ceará 1 225 indústrias Indústrias % no Ceará Grande porte Médio porte 8,6% 7% Pequenas 6,4% Microindústrias 8,2% Por que um IST metal-mecânico? E studo de mercado realizada pelo SENAI/CE concluiu que o estado apresenta uma grande diversidade de segmentos industriais, dentre os quais se destaca a indústria de transformação, composta pelos setores de couro e calçados, alimentos e bebidas, têxtil e vestuário e metal-mecânico. Nesse contexto, o setor desempenha um importante papel na economia do estado, principalmente quando são analisados os investimentos futuros e a necessidade de desenvolvimento de produtos para as indústrias do próprio segmento. 20 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Além disso, apresenta uma grande inserção nos demais setores industriais, em virtude das tecnologias da indústria metal-mecânica impactar diretamente seus processos de fabricação, seja na oferta de soluções em equipamentos, ou mesmo no aprimoramento de processos com o uso de tecnologias de automação. O IST metal-mecânico, portanto, é uma iniciativa alinhada às demandas de mercado para o setor e preparado para o crescimento industrial que o Ceará tem apresentado e projetado para os próximos anos. Sustentabilidade Nova consultoria do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial do SESI/CE ensina micro e pequenas empresas a ser sustentáveis N os atuais conceitos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e desenvolvimento sustentável os negócios devem ser executados levando em consideração os aspectos econômicos, ambientais, sociais e humanos da organização. Ou seja, ser sustentável hoje significa contar com uma abordagem holística para manter a viabilidade da empresa no longo prazo, o que, por sua vez, requer capacidade de aumentar a receita, melhorar as margens de lucro e manter a competitividade. 22 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Mas como ser ou se tornar uma empresa sustentável? Como conduzir os negócios tomando como base as dimensões econômica, ambiental e social? O consultor Marcelo Coutinho, do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial (NRSE) do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), explica que “uma empresa se torna sustentável quando se movimenta não apenas a favor do seu sucesso, mas também de seus funcionários, fornecedores, clientes, comunidade onde atua, enfim, da sociedade “ Uma empresa se torna sustentável quando se movimenta não apenas a favor do seu sucesso, mas também da sociedade como um todo. “ Sucesso nos negócios como um todo. “Só é sustentável se houver uma relação ganha-ganha.” Para ajudar as micro e pequenas empresas cearenses em tal desafio, o SESI/CE, por meio do NRSE, está lançando a Consultoria Coletiva nos 5Cs da Sustentabilidade. Marcelo explica que os 5 Cs são a base para a implantação de um sistema de gestão fundamentado na responsabilidade corporativa: “Eles visam orientar a gestão nos fundamentos da ética e transparência, melhorar o comprometimento dos gestores e colaboradores, dinamizar os canais de comunicação e aumentar a produtividade”. Abrangem, na prática, os conceitos de ética, comunicação e transparência social, cliente, comunidade e público interno e comitê de sustentabilidade. Todos são implantados nas empresas por meio de intervenções in loco da equipe de consultores do SESI. O primeiro (ética) promove a elaboração, divulgação e sistematização de um conjunto de normas e procedimentos que devem ser cumpridos por todos da empresa, inclusive os donos do negócio. “Observamos as práticas já adotadas na corporação e sugerimos mudanças ou adaptações que garantem aplicações aceitas mundialmente”, diz Marcelo. Por meio do “C” comunicação e transparência social promovem-se a elaboração, divulgação e análise do balanço social da empresa. Balanço social é um demonstrativo reunindo informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. “Após a consultoria, sugerimos ações de responsabilidade social que poderiam ser desenvolvidas, mas muitas vezes são omitidas por falta de conhecimento do potencial da empresa”, conta Marcelo. O terceiro “C”, cliente, ajuda o empreendimento a elaborar diagnóstico de atendimento, treinamento dos colaboradores e orientação de ações de responsabilidade corporativa, além de fazer um levantamento de riscos em produtos e serviços. O quarto elemento da consultoria é comunidade e público interno. Nessa fase, são feitos o diagnóstico dos colaboradores (que geralmente moram perto da empresa) e a aproximação da empresa com a comunidade do entorno por meio das famílias dos empregados. “Ter boas relações na comunidade Marcelo Coutinho, consultor do NRSE do SESI/CE ajuda a melhorar a reputação do negócio com o público interno e externo. E essa boa relação é promovida pelas parcerias com escolas, organizações não governamentais e outros organismos que promovem o bem-estar da comunidade. Por intermédio da consultoria, visitamos o entorno e indicamos onde e como a empresa deve atuar para criar vínculos produtivos”, explica o consultor do SESI/CE. O último “C” é o comitê de sustentabilidade. Aqui, a consultoria promove ações para implantar canais de comunicação, orientando a realização de reuniões gerais e setoriais e a elaboração dos instrumentais de comunicação entre as diversas áreas. “Realizamos oficinas de gestão participativa com os gerentes e supervisores. A ideia é fazer com que a empresa resolva os gargalos de comunicação que, muitas vezes, trazem prejuízos aos negócios”, conclui Marcelo Coutinho. A Consultoria Coletiva nos 5Cs da Sustentabilidade – Primeiros passos para micro e pequenas empresas pode ser aplicada envolvendo todos os cinco “Cs”, ou na quantidade desejada pelo cliente. Serviço Os interessados devem entrar em contato com NRSE do SESI/CE pelos telefones (85) 3421 5851 e 3421 5855. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 23 Indústria em festa Comemoração pelo Dia da Indústria homenageou quatro empresários cearenses, exemplos de empreendedorismo, e foi marcada também por discursos defendendo o segmento Q uatro personalidades, exemplos de empreendedorismo, contribuição social e de ações em prol do desenvolvimento do estado do Ceará, foram homenageadas no dia 6 de junho pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), durante a solenidade comemorativa do Dia da Indústria, no La Maison Dunas. A data, celebrada em 25 de maio, foi festejada com a presença de empresários, políticos, membros do Poder Judiciário e jornalistas. O vice-governador do Ceará, Domingos Filho, representando o governador Cid Ferreira Gomes, e o prefeito de 24 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Fortaleza, Roberto Cláudio, foram algumas das celebridades que participaram do evento. Durante a solenidade, o industrial do ramo metal-mecânico Fernando Cirino Gurgel, ex-presidente da FIEC, recebeu a comenda Ordem do Mérito Industrial, concedida pela CNI. Os empresários Ana Lúcia Bastos Mota, Waldyr Diogo de Siqueira Filho e Flávio Barreto Parente (in memoriam) receberam a Medalha do Mérito Industrial, outorgada pela FIEC. Fernando Cirino nasceu em Fortaleza, descendente de família cearense, com larga tradição no setor industrial. Casado com Tereza Gurgel, é pai de quatro filhos. “ Foto: JOSÉ SOBRINHO Formou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Fez cursos de extensão profissional e atualização voltados para sua área de atuação, no país e no exterior. Como empresário, é diretor-presidente da Durametal S/A, localizada no Distrito Industrial de Maracanaú, cuja produção atende aos mercados interno e externo. Foi presidente da FIEC, de 1992 a 1999; diretor-tesoureiro da CNI, de 1995 a 2002; vice-presidente da CNI, de 2002 a 2006. Presidiu o Centro Industrial do Ceará (CIC), no biênio 1987/89, e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), no período de 1980/84. Também foi agraciado com a Medalha do Mérito Industrial, concedida pela FIEC, em 2009. Atualmente é vice-presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), membro do Conselho Superior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças/Abipeças) e delegado representante da FIEC na CNI. Após receber a homenagem, o empresário disse, em seu discurso, que Deus lhe deu o dom de empreender: “Empreender, para mim, é, a um só tempo, um jeito de trabalhar, um jeito de aprender, de partilhar experiências, de gerar conhecimentos, de produzir e socializar riqueza, um jeito de ser solidário e de ser cidadão. Empreender é um modo de viver. E eu vivo intensamente este modo”. Ele afirmou que logo cedo se identificou com a atividade industrial, que o animava, provocava e atraía nos arroubos da juventude. Da história construída, ele se orgulha de ter sido baseada em ações honestas, dignificando e honrando o nome do pai, Célio Gurgel, a saga do estado do Ceará e a história do país. “Tudo o que temos, o que fizemos, o que construímos e o que produzimos é fruto de muito trabalho, de muito suor e muita dedicação.” O empresário lembrou momentos simbólicos que marcaram sua trajetória. Dentre eles, a aquisição da empresa Metaneide, em 1977, quando contou com o apoio e o aval do pai, e a inauguração da Durametal, em Maracanaú. O industrial destacou, ainda, as lições que aprendeu com as experiências vividas à frente do Simec, CIC, FIEC e como diretor tesoureiro da CNI. Com a presidência do Simec, aprendeu a importância do associativismo Empreender, para mim, é, a um só tempo, um jeito de trabalhar, um jeito de aprender, de partilhar experiências, de gerar conhecimentos, de produzir e socializar riqueza, um jeito de ser solidário e de ser cidadão. “ Foto: JOSÉ SOBRINHO Reconhecimento Fernando Cirino Gurgel, homenageado com a Medalha Ordem do Mérito Industrial pela CNI como instrumento de defesa e fortalecimento das classes produtivas. À frente do CIC, pôde entender que é possível fazer política a partir do ambiente empresarial, com reflexos positivos na construção coletiva de uma sociedade mais próspera. Na presidência da FIEC, consolidou em si o conceito de que a vida laboral só tem sentido a dois, a três, a muitos. Como diretor da CNI, disse ter visto o quanto o Nordeste tem a contribuir para o desenvolvimento do país, seja partilhando saberes, competências, capacidade empreendedora, criatividade e alegria. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 25 Foto: JOSÉ SOBRINHO Waldyr Diogo e Flávio Parente Filho 26 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Waldyr Diogo de Siqueira Filho nasceu em Fortaleza em 1944. É graduado em Administração e fez curso intensivo na University of Miami, na Flórida, Estados Unidos. É casado com Maria Helena Mota Diogo de Siqueira. Em 1966, criou a firma individual Waldyr Diogo Filho, iniciando a fabricação da aguardente Canaju. Em 1967, constituiu a Cunicultura Santa Helena, passando a criar e comercializar coelhos em grande escala. Atualmente é diretor da Diogo Construções e Participações Ltda., da Agro-Alimentar Waldyr Diogo Ltda. e da Hotéis e Turismo Diogo Ltda. Durante sua trajetória profissional, participou por 19 anos de diretorias da FIEC e, por 12 anos, da diretoria do Centro Industrial Ceará (CIC). Ana Lúcia Bastos Mota nasceu em 1945, em Fortaleza. É graduada em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalhou no Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem e na Teleceará. Casou-se em 1972 com José Tarcísio Mota Sá, funcionário do Banco do Nordeste e proprietário de uma indústria de mosaicos, com quem teve três filhos. Saiu da Teleceará para trabalhar com seu marido em uma loja de material de construção e, mais tarde, na fábrica. Entrou na indústria de cerâmica, em 1991, com a instalação da fábrica em Maracanaú. Foi presidente da Associação das Empresas dos Distritos Industriais do Estado do Ceará (Aedi) de 2007 a 2009. Participa e contribui ativamente nos Conselhos de Relações Internacionais (Corin) e de Economia, Finanças e Tributos (Cofin) da FIEC. Em 2011, começou a participar de comitê da Associação Nacional dos Fabricantes de Pisos e Revestimentos Cerâmicos (Anfacer), encarregado de elaborar um estudo tendo como finalidade diminuir os custos de energia. Em 2013, assumiu vaga no Conselho Fiscal da Anfacer e no Conselho dos Leitores do jornal O Povo. Ana Lucia é presidente da Cerbras – Cerâmicas do Brasil, empresa que há 23 anos produz cerâmica com excelência. Em 2014, passará pela quarta ampliação, que a levará a atingir a marca de 2,5 milhões de metros quadrados de cerâmicas fabricadas mensalmente. Hoje, com produção de 1,7 milhão de metros quadrados de cerâmicas/mês, a Cerbras exporta para 25 países e tem como principais clientes no Brasil as regiões Norte e Nordeste. É a única indústria desse setor no Norte e Nordeste a ter ISO 9001 e certificado do Inmetro. Levar a empresa a este porte não foi fácil, lembra a empresária, que discursou em nome do homenageados pela FIEC O empreendedorismo do marido, José Tarcísio Mota Sá, que atuava no comércio e também teve algumas indústrias, todas ligadas ao setor de construção civil, o levou a fundar uma fábrica de cerâmica em Maracanaú no início dos anos 90. Apenas quatro anos depois, após concluir a primeira ampliação, ele faleceu, deixando Ana Lúcia à frente da empresa juntamente com o filho, Felipe. Na época, a produção era de cerca de 240 000 metros quadrados/mês. “As dificuldades foram muitas, mas desistir nunca foi uma opção”, diz ela. Essencial para passar por essas dificuldades foi a união da família e de todos os funcionários. “O trabalho em equipe, compartilhado, reconhecido e premiado ensejou que tivéssemos sucesso e conseguíssemos nos reerguer, conseguindo aumentar a produção em 25% com o mesmo parque industrial”, conta a empresária. Os filhos deram novo fôlego e novas ideias ao negócio. A maneira de gerir a empresa também é o segredo do sucesso da Cerbras. “Procuro a cada dia administrar a fábrica de maneira descentralizada, ouvindo sugestões, sempre em busca de melhorias.” A educação, para ela, é a base de uma sociedade e precisa ser constantemente estimulada. “Costumo dizer que a educação é o alicerce de uma sociedade que pretenda ser justa e desenvolvida, em todos os aspectos. Por isso, “ “ O s empresários Ana Lúcia Bastos Mota, Waldyr Diogo de Siqueira Filho e Flávio Barreto Parente (in memoriam) receberam a Medalha do Mérito Industrial, concedida pela FIEC. Flávio Parente nasceu em Camocim/CE. Pioneiro da radiofonia no estado, foi criador da Rede Iracemista de Emissoras de Rádio (Fortaleza, Sobral, Juazeiro, Maranguape e Iguatu) e um dos fundadores da TV e Rádio Jangadeiro, chegando a ser diretor-presidente. Em 2013, completaria 90 anos, dos quais 70 dedicados a atividades produtivas em vários segmentos econômicos do Ceará, a exemplo do comércio, radiodifusão, têxtil, criação de camarão em viveiro, extração de sal e imobiliário. Na década de 60, chegou a ser o maior produtor de sal marinho do estado do Ceará, com salinas em Icapuí, Aracati, Beberibe, Aquiraz, Caucaia e Camocim. Como representante da atividade salineira, Flávio Parente integrou a diretoria do Sindicato das Indústrias da Extração do Sal do Estado do Ceará (Sindsal) por várias décadas, ocupando sua presidência até a reeleição do presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, em 2010. Foi também um dos pioneiros na carcinicultura cearense, vendendo sua produção para Europa e Estados Unidos. Participou do Sistema FIEC por quase 40 anos, como delegado, conselheiro ou diretor. Faleceu em Fortaleza, no dia 28 de dezembro de 2012. Foi casado com a Aglair Parente. Teve seis filhos, 12 netos e oito bisnetos. O homenageado foi representado pelo filho, Flávio Barreto Parente Filho. Filho de Waldyr Diogo de Siqueira – primeiro presidente da FIEC – e Norma Ferreira Diogo, Foto: GIOVANNI SANTOS Medalha do Mérito Industrial Costumo dizer que a educação é o alicerce de uma sociedade que pretenda ser justa e desenvolvida, em todos os aspectos. Ana Lúcia Bastos Mota, homenageada com a Medalha do Mérito Industrial da FIEC estimulamos a educação entre os funcionários da Cerbras. É grande a alegria que sinto quando um deles evolui intelectualmente, conclui um curso superior, uma pós-graduação.” A empresária destaca: “A educação, que fica a dever em nosso país, precisaria ser cada vez mais estimulada pelos governantes. Trata-se de uma questão de sobrevivência e competitividade em um mundo cada vez mais globalizado. E de futuro!” As comendas A Ordem do Mérito Industrial foi criada pela Diretoria da CNI em 1958, e é destinada a premiar personalidades e instituições, nacionais e estrangeiras, que se tenham tornado dignas do reconhecimento ou da admiração da indústria brasileira. O número máximo de concessões da Ordem do Mérito Industrial é de dez agraciados por ano. A Medalha do Mérito Industrial foi criada pela FIEC em 1974 para ser concedida a empresários e outras personalidades com atuação marcante no impulso das atividades fabris e no desenvolvimento econômico do Ceará, por meio de relevantes serviços prestados ao setor industrial cearense. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 27 “ Foto: JOSÉ SOBRINHO Armando Monteiro, senador e ex-presidente da CNI 28 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 competências, trabalhar pela inovação, que será a chave da competitividade, por meio de um pilar fundamental: a educação. É uma agenda tensa e desafiadora, mas não há lugar para pessimismo ou desalento”, arrematou. Fernando Cirino chamou a atenção para o momento político brasileiro: “O nosso país trilha um caminho perigoso. Há pseudolíderes ocupando cargos estratégicos, sem nenhum preparo, por simples indicação política, sem a menor consciência social, pensando exclusivamente em si mesmos”. O empresário lembrou da dificuldade dos que querem empreender. Para ele, a máquina, da forma como está aparelhada, tem proporcionado grande dificuldade para quem quer empreender e gerar riqueza. Conforme o industrial, o Ceará, hoje, é bem mais do que era, com grandes obras e investimentos que levam a certeza de que vale a pena investir aqui. Essa também foi a afirmação do vice-governador do Ceará, Domingos Filho. “O que parecia sonho está se tornando realidade”, disse o político, referindo-se aos investimentos que estão sendo realizados em infraestrutura em todo o estado, como rodo- Foto: GIOVANNI SANTOS “ Temos de ter a ambição de conservar esse patrimônio que é a indústria. O país precisa da indústria. Essa é a melhor maneira de crescer. sobre a superação das dificuldades enfrentadas pelo país, em um conjunto de proposições que abrange dez temas: educação, ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica, desenvolvimento de mercados, relações do trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação e inovação e produtividade. Segundo o presidente da FIEC, a entidade tem se esforçado em contribuir para os avanços da competitividade da indústria cearense focando na inovação: “Temos a convicção de que o futuro da indústria tem de passar por uma revolução de produtos, de tecnologia e de processos”. Roberto Macêdo reafirmou a consciência da necessidade de o segmento ser mais competitivo. “A FIEC está procurando cumprir seu papel de entidade voltada para o fortalecimento dos diversos setores da indústria, por meio dos sindicatos.” O senador e ex-presidente da CNI, Armando Monteiro, que representou na solenidade o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, frisou que as comemorações pelo Dia da Indústria também eram de reflexão. “A indústria vive um momento delicado, de redução na formação do produto econômico. Estamos vivendo um momento de desindustrialização.” Momento este, disse o senador, que técnicos afirmam estar se revelando precocemente. “O setor secundário está perdendo espaço para o terciário muito antes do que poderia ser esperado. A indústria está perdendo mercado doméstico e o que preocupa é a velocidade disso.” Ele afirmou ser necessário salvar a indústria. “Temos de ter a ambição de conservar esse patrimônio que é a indústria. O país precisa da indústria. Essa é a melhor maneira de crescer”, alertou. O movimento pela recuperação do segmento está pautado também no âmbito institucional, e não só nas empresas. “Há questões que se colocam fora da empresa, em um ambiente institucional. A indústria está perdendo força devido à tributação, aos altos custos logísticos. O tempo político tem de se ajustar ao tempo econômico”, entende Armando Monteiro. De acordo com o senador, o Brasil precisa assumir uma agenda pró-competitividade e o congresso tem um papel insubstituível nisso. “O Brasil tem duas agendas essenciais pelas quais precisa lutar. Uma velha, que trata das reformas inconclusas, e outra nova, que tem o objetivo de desenvolver Domingos Filho: "O que parecia sonho está se tornando realidade" “ “ P ara além dos festejos, os diversos discursos proferidos na solenidade lembraram o momento pelo qual passa o setor. Roberto Macêdo afirmou que vivemos hoje um momento de muitas incertezas diante de tudo o que se passou no período que separa a festa deste ano da de 2012. “São preocupantes as desavenças entre poderes da república, as ameaças de volta da inflação, a insegurança jurídica e o baixo índice de crescimento da economia. Tudo isso, agravado pelas concessões características dos anos pré-eleitorais.” Fernando Cirino, um dos homenageados, disse que as dificuldades com que um empresário se depara são muitas. “Isso tem nos levado a conviver em um ambiente onde a corrupção aflora, onde a burocracia impera, onde a carência de infraestrutura prejudica a competitividade”, acredita. Mesmo assim, aposta na persistência: “Somos teimosos. Acreditamos neste país, na criatividade de seu povo e na competência de suas empresas”. Roberto Macêdo destacou a articulação da CNI e das 27 federações de indústria em busca de soluções para os problemas do setor e do país. Expressão dessa articulação, segundo ele, é o Mapa Estratégico da Indústria, elaborado no âmbito do Fórum Nacional da Indústria. Nesse mapa, os industriais apresentam suas visões Foto: JOSÉ SOBRINHO Indústria forte Não há caminho para uma economia pujante, de redução das desigualdades, que não seja o caminho da boa política. Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza vias, portos e aeroportos. Ele também citou os investimentos na refinaria, siderúrgica, Zona de Processamento de Exportações (ZPE) e as novas frentes de exploração mineral. “Este ano, o Ceará já cresceu mais que a média nacional. Estamos trabalhando pelo desenvolvimento de políticas de incentivo ao empreendedorismo.” Também para incentivar o empreendedorismo e a realização de negócios, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, informou que será criada a Agência de Desenvolvimento de Fortaleza. “O setor industrial é o que tem trazido mais dinamismo e relevância à economia do Ceará nos últimos anos. Tem uma posição de empreender e produzir bens e, o mais relevante, gera oportunidade de emprego e renda para a população”, analisou. Roberto Cláudio concorda que o poder público tem responsabilidades quanto ao desenvolvimento da economia. “Não há caminho para uma economia pujante, de redução das desigualdades, que não seja o caminho da boa política.” Para ele, bons investimentos e boas práticas marcam o Ceará de hoje, que vive um momento novo. O prefeito lembrou que Fortaleza não é uma cidade industrial, mas que tem parte de sua economia baseada nessa atividade. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 29 Flashes Flashes Ana Lúcia Mota e família Fernando Ibiapina e Jocélia Waldyr Diogo e família Alexandre Pereira e Walter Cavalcante Cesar Mota, Beta Aragão, Ana Lúcia Mota e Flávio Parente Filho Família Flávio Parente Roberto Macêdo e família Roberto Cláudio, Ana Lúcia Mota e Domingos Filho Carlos Fujita e Rebeca Ferreira Gomes Célio Gurgel, Fernando Cirino e Tereza 30 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Beto Studart, Fernando Cirino, Waldyr Diogo e Cláudio Targino Fernando Cirino e família Homenageados e autoridades Ednilton Soarez, Assis Machado, Euvaldo Bringel e Artur Bruno Raul Amaral e Germano Maia Ivan Bezerra, Rommel Bezerra, Alcântara Macêdo, Verônica e Hélio Perdigão Luiziane e José Dias Vasconcelos, Bessa Júnior e Ana Carla Bessa Mauro Benevides e Armando Monteiro Lauro Fiuza, Valmir Campelo e Jorge Parente Eugênio Montenegro, Mauro Filho e Roberto Sérgio Carlos Prado, Roberto Macêdo, Edgar Gadelha e Roberto Sérgio Helena Farias, Jesualdo Farias e José Pimentel Philomeno Junior, Beatriz Philomeno Gomes e Nicole Barbosa Alexandre Sales, Ricardo Cavalcante, André Montenegro e Nelson Montenegro Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 31 Flashes Raiane, Rosimeire e Agostinho Alcântara Flashes Armando Monteiro, Mônica Guimarães, Tereza e Fernando Cirino Cláudio Targino e Zena Targino Marília e Fernando Nunes Marcos e Kilvia Montenegro, Roseane e Pedro Medeiros 32 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Jesualdo Farias, Roberto Cláudio, Beto Studart e Domingos Filho Oirta Vasconcelos, Paula Frota e Francisco Magalhães Ricardo e Rosângela Cavalcante Sandra Costa, Eulálio Costa e Roberto Sérgio Frederico Hosanan e Lúcia Castro Ednilton Soarez e Artur Bruno Ivan Bezerra Filho e Ivan Bezerra Neto Paulo Studart, Carlos César Lima e João Guimarães Francisco Barreto e Jocely Dantas Oswaldo Studart, Fernando Cirino, Ricardo Caminha e Lauro Martins Tom Prado, Eduardo Diogo, Carlos Prado, Carlos Matos e Felipe Gurgel Sérgio Aguiar e Mônica Gaudêncio Lucena, Fernando Cirino e Eduardo Diogo Eliane e Jaime Machado, Guida e Oto de Sá Cavalcante Nelson Montenegro, Fred Saboya, Beto Studart, Ricardo Cavalcante e Fernando Cirino Wania Dummar e Anya Ribeiro Everardo Teles e Rommel Bezerra Dieter Gerding e Ingrid Fernando Cesar Mesquita, Inácio Arruda, Raimundo Lutif e Tales de Sá Cavalcante Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 33 Foto: GIOVANNI SANTOS Para retomar comércio Federalismo desvirtuado Para o professor da PUC/Rio, Ricardo Ismael, é preciso tornar o texto constitucional escrito em realidade em nosso país LUIZ HENRIQUE CAMPOS T ransformar o texto constitucional escrito em realidade por meio do enfrentamento no campo político. Esse é um dos principais problemas que o Brasil precisa superar para mudar o quadro da desigualdade regional que deixa os estados menos desenvolvidos em posição de pedintes das benesses do estado. A síntese do pensamento do professor da PUC/Rio, Ricardo Ismael, fez parte das discussões do primeiro dos quatro workshops do Integra Brasil – Fórum do Nordeste no Brasil e no Mundo, realizado na FIEC em 4 de junho, que tratou sobre os Aspectos Político-Institucionais do Desenvolvimento do Nordeste. Os encontros subsidiarão os debates do 34 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 seminário previsto para os dias 27, 28 e 29 de agosto, em Fortaleza. A partir desses encontros, será elaborado um documento sob forma de plano voltado à realização das ações e negociações que constituirão a "moeda de troca" do Nordeste em suas futuras relações no âmbito da federação brasileira. A argumentação de Ricardo Ismael se baseia no projeto de pesquisa Federalismo e Desigualdades Regionais em Perspectiva Comparada, que investigou o federalismo brasileiro nesse sentido, discutindo preferencialmente as diferenças e semelhanças entre os modelos federalistas praticados nos Estados Unidos, no Brasil e na Alemanha. Para Foto: GIOVANNI SANTOS isso, estudou a questão das desigualdades sociais e econômicas entre as unidades subnacionais na federação brasileira, enfocando os mecanismos cooperativos utilizados pelo governo federal para enfrentar a questão das desigualdades regionais, as políticas públicas federais voltadas para uma melhor distribuição territorial das atividades econômicas e dos investimentos em ciência e tecnologia e aquelas políticas direcionadas para erradicação da pobreza e da pobreza extrema no país. Dessa forma, aponta Ricardo Ismael, o federalismo se conceitua na preocupação com a unidade nacional, mas preservando a diversidade. Assim, vai haver sempre dois componentes básicos: a cooperação e a competição. No caso do Brasil, o professor sugere algumas questões que dificultam a sua implementação. Uma delas é a ausência de uma cultura cívica nos estados brasileiros, o que faz com que a descentralização termine favorecendo a dominação oligárquica. Outra questão é que a concentração espacial da economia do país acaba impedindo a autonomia financeira da maioria dos municípios e até dos estados. Para se ter uma ideia, apenas 309 municípios, dos 5 570 existentes no Brasil, respondem por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Isso, na visão de Ricardo Ismael, indica que não há condição de se pensar em fazer política pública. O fato, destaca ele, “é que no Brasil as pessoas não escolhem onde nascer, mas têm de escolher onde morar para poder sobreviver". Como regras para o declínio da ideia de região no debate público brasileiro, Ricardo Ismael aponta, dentre outros aspectos, que no Nordeste isso foi politicamente construído. “Há muitas diferenças entre os estados nordestinos”, diz. Ele lembra Celso Furtado, afirmando que "a cooperação regional foi inventada modernamente pela necessidade de um mercado maior". Segundo Ismael, a ideia de região para Celso Furtado não seria culturalista na perspectiva de Gilberto Freire, mas artificializada pela economia. Para agravar essa situação, com o esvaziamento da Sudene, o professor entende que se perdeu um fórum de articulação política dos interesses dos estados do Nordeste. “Não precisava nem ser a Sudene, podia ser qualquer outro fórum, mas a questão é que o Nordeste não tem isso hoje." Sem esse local, destaca Ismael, há a predominância das ações estadualistas, ou seja, individuais, na relação com o governo federal. "Foi assim durante os governos FHC e Lula, e está sendo agora na gestão Dilma.” Conforme ele, um aspecto interessante é que o enfoque dado no governo FHC ao Nordeste é que era preciso tratar de ‘questão problema’, e não, ‘região problema’. Isso significa, acrescenta, que o governo federal não vai tratar do Nordeste em si, de forma ampla e estratégica. E sim dos problemas de saúde, educação e pobreza, mas de forma pontual. "Se tirou o foco da questão regional. E isso tem se mantido até agora. O reflexo desse modelo é que há a diminuição da perspectiva de uma visão estratégica sobre a região." Outro ponto abordado por Ricardo Ismael é que a integração do país na economia internacional tornou-se mais importante do que a integração nacional equilibrada. "O esforço para fora tem sido maior do que para dentro do país, com consequências no aumento das desigualdades. A questão é saber se o declínio da ideia de região é conjuntural ou representa uma mudança mais permanente." Diante desse cenário, como é que as regiões menos favorecidas podem voltar a exercer a sua expressão política?, questiona Ricardo Ismael, para quem o primeiro ponto é passar a exercer o poder de veto por meio da classe política. Outro aspecto é que os estados decidam se articular em torno de uma agenda em defesa de interesses comuns. O problema, diz, é que grande parte dos próprios estados não quer lutar por ações coletivas entre eles. "Em vista disso, a rigor, seria necessário se ter instituições fortes na região. Mas sem consenso sobre essas instituições fica complicado." Ismael também considera grave a questão da mobilização da sociedade civil para a discussão sobre as questões regionais. "Somente assim a classe política se sente incomodada. Mas isso não é fácil", reconhece. "Sem que haja um enfrentamento no campo político, todavia, não dá." Primeiro workshop do Integra Brasil realizado em junho na FIEC Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 35 Seminário A s questões e as sugestões levantadas nos workshops, como também a base de dados, informações e análises, serão compiladas em um relatório pelo advogado Alcimor Rocha Neto, que será levado ao seminário que ocorrerá de 27 a 29 de agosto no Centro de Eventos do Ceará. De acordo com a presidente do CIC, braço político da FIEC, Nicolle Barbosa, com a etapa dos trabalhos técnicos haverá reuniões envolvendo os governadores dos estados do Nordeste. “No dia 11 de junho, o governador do Piauí foi visitado e para os demais estados foi solicitado horário.” Além disso, a presidente garante que “ O Integra Brasil trabalhará também com a sociedade civil. Foto: GIOVANNI SANTOS “ Nicolle Barbosa, presidente do CIC Ensino de qualidade e desenvolvimento sustentável, o melhor caminho para o Ceará. www.unichristus.edu.br o movimento trabalhará também com a sociedade civil. O Integra Brasil promoverá mais três workshops: no mês de julho em Recife (5) e Salvador (15), e, em agosto, no Rio de Janeiro (13). O movimento já passou pelos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Sergipe, onde conquistou pleno apoio das federações de indústria. Na Bahia, teve a adesão da Federação do Comércio e do Fórum Empresarial. O movimento é uma iniciativa do CIC/FIEC e conta com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), das federações do comércio do Nordeste, da Transpetro, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Nordeste (BNB) e do governo do Ceará. Atendendo a pedidos do setor produtivo dos estados nordestinos, haverá uma mesa-redonda que irá tratar das desigualdades intra-regionais, em Campina Grande (PB). O movimento também fará uma reunião ampliada de discussão no Congresso Nacional, em Brasília (DF). Os resultados do seminário que será realizado em agosto serão condensados em um plano estratégico de ação política, com os objetivos, as metas, os instrumentos, os mecanismos de intervenção, os atores, as arenas de decisão, as estratégias de negociação econômica e a mobilização política, a fim de orientar as ações para a sua concretização e encaminhamentos. Curso Feedback na educação continuada Trabalhador da indústria Desenvolvendo competências Unidades escolares do SESI/CE receberam kit de equipamentos que serão utilizados como instrumento pedagógico de projeto na área da A s escolas do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), entidade do Sistema FIEC, receberam em maio um kit de equipamentos para ser utilizado como instrumento pedagógico do projeto Tecnologia da Informação para o Desenvolvimento de Competências do Trabalhador da Indústria. No total, foram distribuídos 500 notebooks, 80 tablets, 30 projetores 3D e dez roteadores, entre as escolas Euzébio Mota de Alencar – Núcleo Parangaba; Tomaz Pompeu de Souza Brasil – Núcleo Barra do Ceará; Padre Azarias Sobreira – Núcleo Juazeiro do Norte; e Professora Silvana Machado dos Santos – Núcleo de Sobral. Os equipamentos se destinam a colaboradores do SESI, em regime de comodato, e para utilização dos alunos trabalhadores nas salas de aula. O objetivo do projeto, que se enquadra no Mapa Estratégico da Indústria até 2015, é promover o desenvolvimento de competências do trabalhador da indústria no âm- 38 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 bito da tecnologia da informação, mediante o acesso a recursos tecnológicos que atendam com qualidade a indústria e seus trabalhadores nos cursos de educação básica e continuada na modalidade presencial e a distância. Como preconiza o Mapa Estratégico, a educação está inserida como vertente fundamental para o crescimento da economia, seja pelo efeito direto sobre a melhoria da produtividade do trabalho – formação de trabalhadores mais eficientes, capital humano –, seja pelo aumento da capacidade do país de absorção e geração de novas tecnologias. É com esse espírito, relata o superintendente regional do SESI, Francisco das Chagas Magalhães, que a entidade tem procurado ampliar seu portfólio de soluções para atender adequadamente às novas necessidades da indústria competitiva, por meio de cursos para os trabalhadores, considerando-se que eles mantêm o trabalhador em constante aperfeiçoamento, promovem a elevação da autoestima, a melhoria na comunicação interpessoal e nos relacionamentos Foto: GIOVANNI SANTOS tecnologia da informação profissionais e a ampliação do universo cultural e intelectual. Também oferece a possibilidade do desenvolvimento de competências para a autonomia, solução de problemas, inovação, criatividade, solidariedade e responsabilidade social. Por meio dos equipamentos tecnológicos, o SESI vai reforçar, sobretudo, sua atuação em treinamentos na área de inclusão digital. Atualmente são ofertados: construção virtual, educação tecnológica, leitura e inclusão digital, matemática e inclusão digital. Quanto ao curso de construção virtual, a proposta é oferecer uma nova abordagem para trabalhar a leitura, projeção e construção de planta baixa, usando os recursos do BrOffice Draw, desde a divisão de cômodos, por meio do design interno da casa, até a colocação de mobílias. Com isso, o conceito é explorar as ferramentas de software virtualmente. Os cursos de educação tecnológica estão fundamentados nas necessidades do contexto atual, que, por estar permeado pelos mais diversos recursos tecnológicos (internet, caixas eletrônicos, máquinas automáticas, leitores de código de barras, controles remotos de audiovídeo e portões automáticos), exige do trabalhador conhecimentos, competências e habilidades para utilizarem esses recursos no cotidiano. Em relação ao curso matemática e inclusão digital, que consiste no desenvolvimento de atividades relacionadas às operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação e divisão), dá-se relevo às atividades com jogos e desafios articulados à inclusão digital, utilizando, como recurso principal, os softwares educativos, integrados a textos, imagens e animação, trabalhados numa sequência não linear. Seu objetivo é contribuir para a inclusão digital dos estudantes, articulada com o desenvolvimento das competências e habilidades das situações-problema que envolvam as operações matemáticas (soma, subtração, multiplicação e divisão). Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 39 Inovaçoes &Descobertas Unidades móveis atenderão às empresas de grande porte O Gesso pode ser reciclado indefinidamente Luva avisa quando da presença de substâncias tóxicas Foto: ARQUIVO CNI SESI vai implantar no segundo semestre deste ano trabalho na área de educação básica e educação continuada com empresas de grande porte do setor calçadista, utilizando unidades móveis na própria empresa. O projeto será efetivado em indústrias localizadas em Fortaleza, Sobral e na região do Cariri. A perspectiva da utilização das unidades dentro da empresa se insere no contexto de que se o absenteísmo gera baixa produção, o deslocamento do trabalhador para as unidades fixas, fora da empresa, é também um fator que provoca baixa no salário do trabalhador. Além de evitar o aspecto do deslocamento, as unidades móveis são equipadas com estrutura apta a trazer conforto aos usuários, sendo constituída por sala de aula e biblioteca com mobiliário e acessibilidade adequados, onde os colaboradores poderão realizar cursos, fazer leituras na mídia impressa e digital e assistir a vídeos e palestras. Fruto do projeto Construção de Unidades Móveis para Educação e Saúde que mantém consonância com as diretrizes e objetivos estratégicos previstos no Edital Extraordinário/2010 – Mobilidade dos Serviços Estratégicos – SESI DN, cada equipamento é capaz de atender 960 trabalhadores/mês. Características das unidades móveis Estantes para livros TV na sala de aula Dois aparelhos de ar condicionado Plataforma elevatória para portadores de necessidades especiais Compartimentos internos (divisórias) Instalações elétricas Equipamentos e acessórios adequados à realização de ações educativas Um estudo da engenheira civil Sayonara Maria de Moraes Pinheiro, da Unicamp, apontou que é possível reciclar o resíduo do gesso proveniente da construção civil indefinidamente. O trabalho da pesquisadora atestou a possibilidade de recuperar o material, mantendo as mesmas propriedades físicas e mecânicas do gesso comercial. O modelo experimental para a reciclagem do resíduo envolve duas fases: moagem e calcinação. Após essas etapas, foram avaliadas as propriedades físicas e mecânicas do material reciclado. "Os resíduos foram submetidos a ciclos de reciclagem consecutivos. Com tais ciclos, nós queríamos verificar se era possível reciclar o gesso que já havia passado pelo processo. Chegamos até o quinto ciclo e o gesso apresentou características químicas e microestruturais similares ao longo de todo o procedimento. Podemos inferir, portanto, que ele pode ser reciclado indefinidamente", explica a engenheira. Os ciclos provam, segundo a pesquisadora, que o gesso da construção civil pode ser totalmente sustentável. “Chegamos à conclusão de que é viável recuperar um resíduo que não era considerado possível de ser reciclado. Tanto que não existem usinas de reciclagem para este material no país. Estima-se que o resíduo do gesso represente em torno de 4% do volume do descarte da construção civil, que em São Paulo, por exemplo, corresponde a mais de 50% de todo o resíduo sólido urbano gerado”, ratifica Sayonara. Trabalhadores de vários segmentos industriais estão expostos a produtos com alto poder de corrosão e tóxicos. Por isso qualquer acidente pode trazer sérios danos à saúde. Mas uma invenção do Instituto de Tecnologias de Estado Sólido, na Alemanha, promete dar uma mãozinha para acabar com esse risco. Trata-se de uma luva sensorial que muda de cor quando toca em substâncias tóxicas. Segundo a cientista Sabine Trupp, responsável pela inovação, a luva sensorial é voltada sobretudo para trabalhadores da indústria química, de semicondutores e de laboratórios, onde muitas substâncias agressivas são imperceptíveis aos sentidos humanos. Os sensores presentes na luva podem detectar gases, como o monóxido de carbono ou sulfeto de hidrogênio. Também podem ser utilizados para a detecção rápida de vazamentos em tubulações de gás. Sabine explica que o sinal de alerta é disparado por um corante integrado no tecido da luva, que reage Tecido impermeável faz suor escorrer para fora da roupa Os bioengenheiros Siyuan Xing e Jia Jiang, da Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos, criaram um tecido impermeável que drena o suor para fora da roupa. O tecido usa uma tecnologia chamada microfluídica, que funciona como a pele humana e transforma o excesso de suor em gotas que escorrem pela roupa, saindo diretamente pelo lado de fora do tecido. A microfluídica usa minúsculos canais para manipular os fluidos. Para que escorram pelos microcanais, é necessário dotá-los de segmentos hidrofílicos, que atraem água, ou hidrofóbicos, que repelem água, conforme a situação. A dupla desenvolveu a tecnologia usando uma malha de fibras hidrofílicas costuradas sobre um tecido altamente repelente à água. Ajustando o padrão das fibras condutoras de água e a forma como elas são costuradas em cada lado do tecido, é possível controlar onde o suor é recolhido e por onde ele vai escoar no lado de fora. com a presença de analitos, neste caso as substâncias tóxicas. Os sensores são aplicados nos tecidos por meio de impressão, o que permite que a técnica seja aplicada também em roupas, aventais e até instrumentos e móveis. O próximo passo da pesquisa, segundo Sabine, é criar módulos sensores miniaturizados, que possam detectar as substâncias tóxicas, gravar as imagens e transmitir os dados para um sistema de alerta central. Celulares que dispensam carregamento de bateria Uma empresa francesa desenvolveu módulos de células solares com espessura de 300 mícrons que podem ser encaixados sobre ou sob a tela sensível ao toque. Custando apenas 1 dólar ou 2 dólares, a tecnologia carrega os aparelhos enquanto não estão em uso. Segundo o diretor de mercados internacionais da empresa, Mathieu Debroca, é possível compensar totalmente o consumo de energia de um smartphone durante o standby. “E podemos estender a vida da bateria em 20%”, afirma. As células atuais absorvem 2,5 miliwatts por centímetro quadrado do telefone, mas a invenção trabalha para impulsionar a eficiência de 8% para 30%, criando uma corrente de energia que poderia carregar o aparelho e dar mais 50% de conversação. A tecnologia abre de vez a esperança de que em 2014 chegue ao mercado smartphones e tablets com uma eficiência energética tão alta que não seja mais necessário carregar a bateria. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 41 Seminário realizado pela FIEC, por meio do INDI, discutiu os rumos da indústria cearense e iniciou a construção de uma agenda pró-competitividade U ma indústria viva, moderna e produtiva. Em busca desse objetivo é que pesquisadores, gestores públicos e representantes da iniciativa privada participaram do seminário Indústria Viva: Os desafios para a competitividade, realizado no dia 10 de junho na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). O evento apresentou o programa Indústria Viva, uma iniciativa da FIEC, executada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), cujo objetivo é promover a competitividade da indústria local, prospectar o futuro, articular o desenvolvimento industrial, dinamizar o interior do estado e estimular o empreendedorismo e a eficiência produtiva. O seminário teve foco no debate de temas relacionados à competitividade e aos novos caminhos para o fortalecimento da indústria, 42 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 bem como questões-chave para o crescimento do setor no Ceará e no Brasil. O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, disse que o Indústria Viva tem a missão primordial de produzir e encaminhar o futuro. Iniciado em meados de 2012, o projeto vem ganhando apoio na esfera pública, o que o motiva e anima cada vez mais a lhe dar continuidade. “Estamos traçando um planejamento para a indústria dos próximos anos. Isso, diante das incertezas do cenário político e econômico do país, é difícil fazer, mas temos de ter um rumo traçado para alcançarmos a longo prazo. Precisamos saber aonde devemos ir.” Roberto Macêdo destacou que a iniciativa marca um processo novo que está ocorrendo na FIEC, de lutar por uma Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI Foto: JOSÉ SOBRINHO Foto: JOSÉ SOBRINHO Por uma indústria viva “ O crescimento dos países emergentes, como China e Índia, tem um impacto forte na indústria brasileira. “ Competitividade indústria viva e moderna para sobreviver às dificuldades. “Juntos, vamos transformar, com tempo, maturidade e segurança, a economia do nosso estado.” Ele lembrou que o Indústria Viva faz parte de outras atividades que estão ocorrendo na federação cearense, como o Programa de Integração Universidade-Empresa (Uniempre) e o Integra Brasil – Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo. “Quem somos e quem queremos ser?” Essa foi a provocação feita pelo diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, ao final do evento, indicando qual deverá ser o foco do projeto e as próximas ações. “Cumprimos nosso propósito de refletir sobre o futuro para agir no presente. A partir daqui, tenho a convicção de que o protagonismo tem de ser empresarial. Se confiarmos ao poder público todas as ações necessárias seremos fracassados.” Carlos Matos anunciou que o programa assinará um convênio com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para discutir cada setor ligado à FIEC, com base na experiência local, a fim de construir uma visão de futuro para a indústria cearense. Segundo ele, ainda há muito a fazer no interior do Ceará por meio de polos industriais pensados pelo Indústria Viva. Os próximos passos do programa envolvem a organização de seminários temáticos para aprofundar discussões com o objetivo de construir agendas de curto, médio e longo prazos para cada setor. O seminário discutiu os cenários da indústria atual, as políticas públicas, a nova agenda para a indústria e os desafios da competitividade, dentre outros temas transversais. O gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, abordou os cenários da indústria, tanto mundiais como brasileiros. Ele apontou que o crescimento dos países emergentes, como China e Índia, tem um impacto forte na indústria brasileira. Ao mesmo tempo que esses países demandam alimentos e recursos naturais e minerais, levam o país a um elevado estado de competição por causa dos manufaturados que produzem a custos mais baixos. O executivo fez um diagnóstico do cenário atual da indústria brasileira, com destaque para três pontos: fortalecimento do mercado interno, transição demográfica (população jovem, mas pouco qualificada) e reconfiguração espacial da atividades econômica. Quanto ao último ponto, Renato afirma que a descentralização da região Centro-Sul do Brasil depende de investimentos em logística e educação. Todos esses fatores levam o Brasil a ter a décima indústria do mundo, em produção industrial. O setor é responsável por 28% do Produto Interno Bruto (PIB), 45% da receita tributária e 25% do emprego formal. Renato alertou para o fato de o segmento estar perdendo participação em relação a outros setores da economia, como o de serviços, por exemplo. Também disse que a indústria brasileira está perdendo mercado interno e também externo. Além disso, segundo ele, esse cenário de dificuldade para o setor não é só brasileiro, mas mundial. O economista e presidente da Inter. B – Consultoria Internacional de Negócios, Cláudio Frischtak, concorda que a participação da indústria na economia brasileira está perdendo força. Ele chama esse fenômeno de envelhecimento precoce da indústria, já que seria um processo natural, mas que está ocorrendo de forma antecipada. Os motivos para esse envelhecimento, Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 43 inferior a economias maduras, que devem ao setor de serviços seu crescimento. No Brasil, o Investe-se pouco em infraestrutura. Essa também foi uma constatação de Frischtak. No regime tributário Brasil, os investimentos nessa área têm sido da se caracteriza por uma ordem de 2% do PIB, insuficientes, na sua avaliação. Os pontos críticos são os transportes e elevada arrecadação o saneamento. O Chile investiu 5,10% do PIB quando comparado aos nessa área entre 2008 e 2011. A Índia irá investir, entre 2013 e 2017, 6% e a China invesnossos competidores tiu, em 2010, 13,4% do PIB em infraestrutura. e países de renda per O regime tributário é outro gargalo para a competitividade nas empresas, apontou o ecocapita semelhante. nomista: “No Brasil, o regime se caracteriza por uma elevada arrecadação quando comparado Cláudio Frischtak, aos nossos competidores e a países de renda per economista e presidente da Inter. B capita semelhante. Além disso, ainda temos regras complexas e de difícil aplicação”. Mas Frischtak é otimista: “A situação não é irremediável, nem irreversível, mas é necessário agir. É fundamental aumentar a produtividade sistêmica, melhorar a infraestrutura, conter a escalada de impostos, racionalizar o sistema tributário e mepara o economista, são os custos sistêmicos lhorar a eficiência do Estado.” Países desenvolvidos investem em produtivielevados, insuficiência no investimento e dade do trabalho, alertou Renato da Fonseca, e atualização tecnológica, baixa produtividade a única maneira de aumentá-la indefinidamente e elevados custos unitários do trabalho. “Esé por meio da inovação. Segundo ele, de acordo ses fatores limitam a capacidade de a indúscom um levantamento feito pela CNI, as empretria competir e restringem seu crescimento”, sas brasileiras devem em produtividade devido afirmou Frischtak. Para driblar esse quadro, a três fatores: capital humano, tributação e alta aponta a produtividade como chave. Entre concorrência. Outro assunto abordado por Re1996 e 2012, segundo dados do Inter. B, os nato foi a competitividade na indústria. “O deganhos de produtividade por trabalhador safio da competitividade no Brasil é sistêmico. cresceram apenas 0,91% ao ano, valor muito Envolve empresa, setor em que está inserida e a sistêmica como um todo, como Diminuição da participação da indústria de transformação na economia brasileira infraestrutura, burocracia e legislação do trabalho, dentre outros fatores.” Destaque do seminário também foi a palestra do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Mansueto Almeida, que tratou sobre políticas públicas e a nova agenda para a indústria. Ele esteve na FIEC em abril para discutir o assunto, que foi tema de matéria da Revista da FIEC – edição 71 (Desafios para a FoNTE: IBGE Indústria – página 10). 44 | RevistadaFIEC | Junho de 2013 Foto: GIOVANNI SANTOS Foto: JOSÉ SOBRINHO “ “ Pesquisadores, gestores públicos e representantes da iniciativa privada discutem na FIEC um modelo de indústria competitiva sustentável Indústria sustentável P esquisadores, gestores públicos e representantes da iniciativa privada que participaram do seminário Indústria Viva aceitaram o desafio de pensar um modelo de indústria competitiva sustentável e durante uma manhã, por meio da utilização do modelo de tema livre como metodologia de discussão, traçaram um panorama amplificado do que poderia vir a ser essa construção. O encontro, que contou com a participação de representantes da Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC), Serviço Social da Indústria (SESI/CE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fundação Getulio Vargas (FGV), Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Secretaria da Ciência e Tecnologia do Estado (Secitece), resultará em uma proposta de agenda a ser aprofundada. Segundo Carlos Matos, um dos idealizadores da reunião, a indústria em todo o mundo está passando por profundas transformações. No Ceará, por exemplo, “contamos com a ajuda de incentivos fiscais, mas precisamos avançar para criar condições de não mais depender apenas desse mecanismo”. E nesse sentido, diz, não se pode achar que governo e iniciativa privada podem resolver os problemas sozinhos. Ele apontou que a construção da metodologia de discussão levou em conta, como objeti- vos estratégicos imprescindíveis: integração, valorização de pessoal, inovação, competitividade sustentável e conexão mundial. Para Carlos Matos, o Brasil conseguiu superar a questão da agenda da estabilidade, mas é preciso agora avançar quanto à competitividade. Coordenador de Política Industrial da ABDI, Roberto Pedreira escolheu tratar dos desafios, competitividade e futuro da indústria brasileira. Ele contou que, mesmo com a crise, as empresas com mais de 500 empregados nos países em desenvolvimento aumentaram os dispêndios em P&D (pesquisa e desenvolvimento) nos últimos anos. No Brasil, entretanto, os dados não apontam nessa direção. “E isso se deve às incertezas na economia.” Na avaliação do coordenador, o problema não seria, assim, nem os instrumentos, nem os recursos destinados para inovação, mas sim a conjuntura que não se apresenta favorável a investimentos. Lembrou que esse fenômeno ocorre nas grandes empresas, pois nas pequenas a inovação ocorre por necessidade. “Mais especificamente quanto às pequenas, os gestores não conhecem, ou não têm acesso a instrumentos de inovação.” Na mesma linha de raciocínio, o pesquisador da FGV, Marcelo Canêdo, entende que há um conflito entre a política de inovação e os mecanismos que compõem o segmento industrial. Para ele, a burocracia cria muitas dificuldades, não permitindo que as empresas se modernizem. O pesquisador citou o exemplo da indústria petrolífera brasileira, que tem uma cadeia produtiva totalmente dependente. Junho de 2013 | RevistadaFIEC | 45 "Se em algum dia não tivermos mais essa indústria, sua cadeia não terá como se adequar e sobreviver à nova realidade. O que temos, então, é uma política horizontal, e, não, uma política industrial." O gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, destacou que inovação é uma ação de risco, mas a mentalidade do empresariado está condicionada ao sucesso da obtenção do lucro. Apontou que, por isso, deveria ser dado mais estímulo ao empreendedor. Fonseca, porém, acha que o governo atrapalha muito o ambiente de negócios. O ideal seria que, caso o empreendedor não obtenha sucesso em um negócio, seja incentivado a abrir outro. No entanto, se ele não conseguiu acertar, tem dificuldade até de fechar a empresa, "imagine abrir outra". Para o gerente, dada a importância do empreendedorismo, a questão deveria ser tratada na esfera municipal, unidade federativa que está mais perto da realidade local. "O que temos visto, todavia, é uma insegurança jurídica muito grande, que só estimula a informalidade." Federalismo, poupança e gestão P esquisador do Ipea, Mansueto Almeida traçou paralelo entre a macro e a microeconomia, citando que qualquer melhora na economia reflete imediatamente também nos custos da empresa, destacando como exemplo a subida dos salários. No caso do Brasil, esse reflexo é direto porque a empresa tem de lidar com outros fatores que interferem na competitividade, como a infraestrutura e a burocracia. Por outro lado, apontou, há no mundo um excesso de produtos manufaturados no mercado. Outro ponto destacado é que no Brasil o crescimento do gasto público representa ainda aumento da carga tributária, já que alguma coisa tem de ser feita para sustentá-lo. Mansueto explica que o gasto público elevado também gera baixa “ O empresário está muito voltado ao dia a dia, sem se preocupar com o que está acontecendo no mundo. “ Henrique Marinho, presidente da Corecon/CE poupança: “A consequência disso virá no futuro, quando o país tiver de oferecer saúde ao maior contingente de idosos que teremos nos próximos anos. Para ele, esse quadro verificado na macroeconomia acaba por contaminar a microeconomia, que não inova, entre outros problemas”. O perfil médio do gestor empresarial foi o tema escolhido pelo professor da Unifor e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon/CE), Henrique Marinho. Na sua visão, a figura do empresário, na grande maioria, está dissociada da questão das tendências e de uma ambientação macroeconômica. "Estão muito voltados ao dia a dia, sem se preocupar com o que está acontecendo no mundo." Marinho faz referência também ao questionamento que comumente se faz ao Estado, afirmando que seu papel é importante, mas considera que ele é do tamanho que nós o criamos. "Os mesmos que reclamam do seu tamanho, não recusam essas benesses quando são favorecidos. E isso tem custo." Para o doutorando em Economia pela CAEN/UFC, Carlos Eduardo Marinho, que abordou federalismo no debate, disse que o modelo de pacto federativo brasileiro amplia as desigualdades regionais porque não consegue equalizar os recursos com os gastos de saúde e educação das unidades federativas. Ele ressalta que, em vista disso, os grandes prejudicados são os estados pobres: "Sem uma reforma do sistema federativo, com a equalização dos recursos de saúde e educação, não saíremos do canto". Modelo SESI de Sustentabilidade no Trabalho O SESI tem uma ferramenta gratuita de diagnóstico e autoavaliação que vai mostrar para você, empresário industrial, que o investimento em qualidade de vida proporciona aumento na produtividade e sustentabilidade dos negócios. Ganha o trabalhador, ganha a indústria. 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Uma iniciativa do setor produtivo, que reúne entidades de classes, instituições públicas e privadas, lideranças políticas inte e todos os cidadãos interessados num país realmente grande e desenvolvido. Porque o Brasil pode muito mais. Contatos Telefone: (85) 3261-9612 / 3421-5465 E-mail: [email protected] integrabrasilNE cic.com.br @IntegraBrasilNE Iniciativa Apoio Este espaço está reservado para as marcas de instituições privadas e públicas, organizações do setor produtivo e governamental, que estão aderindo ao Integra Brasil. Sindicatos e Associações vinculados à FIEC interessadas em manifestar seu apoio por meio da veiculação deste anúncio em suas revistas, podem entrar em contato pelos telefones listados à esquerda.