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BOLETIM
Novembro 2013
[Associação de Amigos do Jardim Botânico]
EDITORIAL
Kew no Jardim Botânico
Foto: Ana Giglio
Em 29 de outubro o JBRJ recebeu um grupo de pesquisadores
do Royal Botanic KEW Gardens de Reino Unido para troca de
experiência com pesquisadores do Instituto de Pesquisas JBRJ e
divulgação do Eden Garden Project.
A Programação da equipe do Kew teve início com uma palestra
do Sir Guillean Prance, no Museu do Meio Ambiente, para os
Diretores e Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, representantes da Fundação Flora e
da Associação de Amigos do Jardim Botânico, além de outros
convidados.
Sir Guillean Prance trabalhou por 25 anos no New York Botanic
Garden como curador, foi Vice-presidente de Pesquisa e
participou de grandes expedições do New York Botanic Garden
juntamente com o INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia. Foi ainda Diretor de KEW Gardens no Havaí e um dos
idealizadores do Eden Garden Project. Condecorado pela Rainha
Elizabeth por serviços prestados à humanidade, atualmente
mora na Argentina, onde realiza um trabalho sobre a Biosfera.
Sir Prance nos contou um pouco sobre o Eden Project,
localizado na Cornualha, na Inglaterra. Trata-se de um projeto
revolucionário arquitetonicamente construído em uma área
degradada, onde foi explorada uma mina de argila. Tem por
objetivo principal demonstrar a possibilidade da gestão
sustentável de plantas e de criação de valor econômico para a
humanidade, demonstrando como são vitais para a
sobrevivência humana. Procura traduzir para os visitantes, de
forma simples, criativa e inovadora, a pesquisa realizada por um
número considerável de cientistas, envolvendo-os em programas
de pesquisa, educação e conservação.
O jardim possui áreas reservadas para meditação, guias que
informam os turistas sobre a produção e história locais. Com um
programa voltado para estudantes de Botânica, o Eden recebe
em torno de 60 mil estudantes anualmente.
Sua construção aconteceu a partir do fundo Millenium
Landmark, criado pelo governo britânico por ocasião da virada do
milênio, com recursos da Loteria Nacional. Para completar o
projeto o Kew contratou um empréstimo de 20 milhões de Libras.
Hoje se constitui em um dos principais centros de visitação
turística da Inglaterra com grande impacto na dinamização da
economia da região, demonstrando aos mais de 12 milhões de
visitantes desde a sua fundação, em 2001, a necessidade vital
das plantas.
Os “Amigos de Eden” recebem ajuda de visitantes e da
população local da Cornualha muito envolvida no projeto.
Recursos também são conseguidos através de concertos e
shows de artistas e através de doações deixadas por visitantes
de KEW mas destinadas a Eden.
Ao final da palestra, Sir Guillean Prance foi convidado a plantar
um Jequitibá-açu, símbolo da mata carioca, no arboreto do JB.
A parte da tarde foi dedicada a reuniões em que foram
discutidas oportunidades de cooperação tanto em termos de
pesquisa quanto de gestão.
Foi aberta a possibilidade de troca de experiências entre os
jardins botânicos do Rio de Janeiro e o de Kew, assim como entre
a Fundação Kew, a Fundação Flora e a AAJB. A proposta é
conhecer a experiência de gestão da Fundação KEW e de
promoção de eventos para angariar fundos que contribuam para
a realização dos projetos do Jardim Botânico.
O Kew comunicou que, para divulgar o trabalho realizado pelos
pesquisadores, realiza festivais dedicados ao uso das plantas. O
ano de 2013 é dedicado à alimentação, o de 2014 será o de
medicamentos e em 2016 o Brasil foi o tema escolhido. O festival
realizará eventos de arte, cultura, além de pesquisa e tecnologia.
Procuram parceiros tanto no Rio de Janeiro quanto em São
Paulo para ser a contraparte do festival no Brasil.
Link para maior conhecimento sobre o Eden Project:
http://www.edenproject.com.
A DIRETORIA
NOTíCIAS
Revista especial sobre Barbosa Rodrigues online
O site do JBRJ disponibiliza na seção Publicações
a edição especial da Revista Brasileira de
História da Ciência (vol. 5, suplemento 2012),
publicada pela Mauad Editora. O exemplar traz o
que originalmente foi o tema do seminário João
Barbosa Rodrigues: Um naturalista brasileiro,
promovido pela Escola Nacional de Botânica
Tropical (ENBT/JBRJ) e pela Casa Oswaldo Cruz
(Fiocruz), em homenagem ao centenário de morte
do botânico em 2009. Barbosa Rodrigues foi diretor
do JBRJ entre 1890 e 1909, e teve atuação
importante como cientista, especialmente no que
diz respeito à história natural, botânica, etnografia,
arqueologia, fisiologia e farmacologia. Para ler a
revista, acesse: www.jbrj.gov.br/
Árvore notável do Jardim
Fonte: Arquivo do JBRJ
Diretor do IPJBRJ participa de estudo na Science
Foto: Divulgação / Science magazine
O diretor de Pesquisas Científicas do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
Rogério Gribel, fez parte da equipe de
especialistas de 120 instituições de todo
o mundo (entre eles, 25 brasileiros) que
desenvolveu o estudo Hyperdominance
in the Amazonian Tree Flora, publicado
em 18 de outubro na revista Science.
Liderado por Hans ter Steege,
pesquisador do Naturalis Biodiversity
Center, o trabalho estima que exista 16
mil espécies de árvores na Amazônia, e que metade de todas as árvores da floresta
(cerca de 400 bilhões) pertence a apenas 1% das espécies.
Fazendo cadastro no site, é possível ler o texto na íntegra. Acesse:
http://www.sciencemag.org/content/342/6156/1243092.abstract?rss=1
Floração - uma pequena amostra
Foto: João Quental
Na caminhada da floração novembro/dezembro
foram observadas inúmeras espécies distintas pela
diretora Cecília Beatriz da Veiga Soares, em
companhia do fotógrafo João Quental. A listagem
completa está disponível no nosso site ou na sede
da AAJB, junto ao mapa descritivo. Os destaques
deste mês foram a guaraná timpó (Dahlstedia
pinnata) e a magnólia (Magnolia grandiflora).
Atrás do grupo de bambus, próximo do bosque de pau-brasil, encontramos o
timpó ou guaraná-timpó com belas flores grandes e vistosas de um rosa muito
intenso. O nome timpó dado pelos índios é devido à propriedade de uma
substância encontrada na casca e nas raízes da planta que provocam o
tonteamento dos peixes, o que facilita a pesca. Como propriedades medicinais
produz efeitos hipnóticos, calmantes e analgésicos. É também recomentado pela
medicina homeopática. Outro exemplar pode ser encontrado próximo à jaqueira
do Frei Leandro.
Junto ao Roseiral encontra-se a magnólia-tulipa,
pertencente à família Magnoliaceae. Árvore com
belíssimas flores grandes, brancas, que exalam
um extraordinário perfume. Há milênios as
magnólias são cultivadas na China, também pelas
qualidades afrodisíacas do pó extraído de suas
raízes.
Foto: João Quental
Foto: João Quental
Cássia dourada
Única perfumada da espécie, a cássia
dourada (Cassia ferruginea, da família
Fabaceae) atrai quem adentra o Jardim
Botânico pela Rua Pacheco Leão, não só
pelo delicioso perfume como pelas belíssimas flores que se pendem em cachos nas
extremidades dos ramos.
Muito decorativa por ocasião da floração a
árvore também chamada de cássia-chuvade-ouro, cana fistula e tapira-colana, se
distribui do Ceará até o Paraná, passando
por Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio
de Janeiro e São Paulo, e pode atingir até
20m de altura.
Seu nome científico refere-se à cor de ferrugem que cobre os ramos novos onde
estão as flores. A madeira serve para a
construção de rodapés, palitos de fósforo e
caixotaria em geral.
Quem visita o Jardim deve aproveitar o
passeio para observar toda a beçeza e o
perfume da cássia dourada.
Ligia Lopes
Na próxima quarta-feira
(4/12) será inaugurado o
cactário do Jardim. Venha
celebrar conosco!
PERGUNTAS | SUGESTÕES
Sua opinião é importante!
Email.: [email protected]
Estagiária de Comunicação: Ligia Lopes
Tel: 2239-9742 ou 2259-5026
PROGRAMAÇÃO
Exposição “Obras Raras” no Museu
Rebeldes - sobre a raiva
Com texto de Edna Mazya, a peça Rebeldes - sobre a
raiva conta a história de dois judeus em três momentos
distintos. A primeira passagem ocorre antes mesmo da
criação de Israel, em 1945. A protagonista se apaixona por
um jovem revolucionário e se envolve no assassinato de um
oficial britânico. No elenco estão Rogério Fróes, Bruno
Gradim, Marina Vianna e Laila Zaid, sob a direção de
Rodrigo Nogueira.
Até 15/12 | Galpão das Artes do Teatro Tom Jobim | sex
e sáb às 21h30 | dom às 20h30 | R$ 30 | 14 anos
O cotidiano em marcas e tramas
Até 1/12 fica em cartaz, no Centro
de Visitantes, a exposição “Marcas
e Tramas”, das artistas plásticas
Marciah Tauggi Rommes e Grasi
Frenaski. Na sala “Marcas” estarão
as obras de Marciah e na sala
“Tramas” ficará a instalação de
Grasi. A mostra propõe uma
reflexão sobre a relação do homem
e o meio em que vive.
Até 1/12 | Centro de Visitantes | das 8h às 17h
Foto: Divulgação
Ballet de Romeu e Julieta
Se apresenta em curtíssima temporada no Teatro Tom
Jobim a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói. Com
coreografia de André Mesquita, o clássico de Shakespeare
Romeu e Julieta em versão dançada estreia quinta-feira
(28), às 21h.
Qui, sex, sáb 21h | dom 20h | Teatro Tom Jobim | R$
40,00 (inteira)
O Museu do Meio Ambiente exibe a mostra Obras Raras até 1º de
dezembro. A exposição traz 13 obras raras sobre a flora brasileira,
datadas dos séculos XVIII e XIX. A mostra faz parte do IV Encontro
Nacional de Ilustradores Científicos, que ocorreu no JBRJ entre os
dias 4 e 7 de novembro, e traz ilustrações feitas por importantes
naturalistas, incluindo originais de João Barbosa Rodrigues.
Até 01/12 | Museu do Meio Ambiente (Rua Jardim Botânico,
1009) | 3ª a domingo | 9h às 17h | Entrada gratuita
Palestra na AAJB
Em 23 de novembro, a Bióloga Dra. Viviane Stern da FonsecaKruel, acompanhada de seus trigêmeos,nos apresentou o trabalho
que realiza sobre Etnobotânica nas restingas do Centro de
Diversidade Vegetal de Cabo Frio. Viviane contou sobre como a
natureza atua no sistema de crenças e interação do homem com as
plantasem determinados ambientes e sobre o cuidado no manejo e
conservação das espécies úteis, por causa da extração de recursos
naturais sem controle para finalidade puramente econômica. E aí
surgem impactos causados quando se retira uma planta ainda jovem
de sua população local. Um exemplo, a ocupação da área do Peró,
em Cabo Frio, para construção de condomínios e resorts de luxo em
lugares de conservação de grandes espécies endêmicas.Você sabe
o que faz o Instituto de Pesquisa JBRJ na área de Etnobotânica?
Estuda as restingas, o conhecimento ecológico dos pescadores, a
conservação in sito dos recursos vegetais, as plantas medicinais, as
comestíveis relacionadas à segurança alimentar e acaba de criar
sua própria Coleção de Etnobotânicas.
Mais informações: [email protected]
Livro Plantas úteis da restinga: http://www.jbrj.gov.br ,
Publicações > Publicações Gerais.
Lembramos que em Dezembro não haverá palestra na AAJB.
Por dentro do Jardim
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No Jardim Botânico desde 1994, quando entrou como bolsista do extinto Programa Mata Atlântica, e depois como concursado em
2002, hoje João Marcelo Alvarenga Braga é professor de Morfologia Vegetal, lecionando sobre a morfologia das plantas que têm
flores, na Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT) e é pesquisador da DIPEQ (Diretoria de Pesquisa do Jardim Botânico).
O biólogo, graduado pela Universidade Santa Úrsula e mestre e doutor em Taxonomia pela URFJ, se especializou nos zingiberales,
ordem que contempla a família das bananeiras, helicônias e outras plantas ornamentais. Apesar de sua formação, se considera um
pesquisador que trabalha com a multidisciplinaridade, pois “hoje, a demanda tanto para a Academia quanto para o mercado de
trabalho exige que você tenha uma visão multidisciplinar”, explica.
Aceitando este desafio, João Marcelo está investindo na formação de um grupo de estudos, onde orienta alunos de carreiras
diferentes, mas que buscam maior experiência na pesquisa: “Alguns querem seguir pela carreira acadêmica, fazer mestrado e
doutorado, e outros querem uma especialização para o mercado de trabalho. Tenho alunos biólogos e engenheiros florestais, por
exemplo”.
São nove alunos orientandos de pós-graduação em Taxonomia, Ecologia e Restauração. O grupo de estudos T.E.R. discute
assuntos acerca destes temas e faz seminários internos sobre o que foi abordado nos encontros, que ocorrem toda quinta-feira. Os
encontros são abertos a qualquer um que se interessar. Para participar, basta enviar um e-mail para [email protected].
O T.E.R. trabalha basicamente com a taxonomia dos zingiberales e das plantas parasitas, além de fazer o trabalho de restauração.
De acordo com João Marcelo, hoje o grupo tem projetos de restauração em restinga, especialmente no norte do estado, e
restauração biológica no Parque Estadual da Costa do Sol e nas florestas urbanas do Rio de Janeiro. “Eu trabalho com restauração
passiva e ativa. A gente analisa o sucesso ecológico da restauração, porque não basta plantar. Tem que saber o que plantar, por
que plantar. É um trabalho de pesquisa, que se divide em duas frentes: uma é propor modelos para a restauração, e a outra é fazer
análise da vegetação para ver o sucesso da restauração”.
Para conhecer um pouco mais de seu trabalho, acesse o site http://scholar.google.com.br/ e procure pelo nome João Marcelo
Alvarenga Braga , que disponibiliza alguns de seus estudos.
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Boletim Novembro 2013 - Associação de Amigos – Jardim Botânico