R. Jardim Botânico,1008, Casa 6 – Jardim Botânico 22470-180 Rio de Janeiro RJ sede: 2239-9742 loja: 3874-0794 e-mail: [email protected] site: www.amigosjb.org.br BOLETIM Novembro 2013 [Associação de Amigos do Jardim Botânico] EDITORIAL Kew no Jardim Botânico Foto: Ana Giglio Em 29 de outubro o JBRJ recebeu um grupo de pesquisadores do Royal Botanic KEW Gardens de Reino Unido para troca de experiência com pesquisadores do Instituto de Pesquisas JBRJ e divulgação do Eden Garden Project. A Programação da equipe do Kew teve início com uma palestra do Sir Guillean Prance, no Museu do Meio Ambiente, para os Diretores e Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, representantes da Fundação Flora e da Associação de Amigos do Jardim Botânico, além de outros convidados. Sir Guillean Prance trabalhou por 25 anos no New York Botanic Garden como curador, foi Vice-presidente de Pesquisa e participou de grandes expedições do New York Botanic Garden juntamente com o INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Foi ainda Diretor de KEW Gardens no Havaí e um dos idealizadores do Eden Garden Project. Condecorado pela Rainha Elizabeth por serviços prestados à humanidade, atualmente mora na Argentina, onde realiza um trabalho sobre a Biosfera. Sir Prance nos contou um pouco sobre o Eden Project, localizado na Cornualha, na Inglaterra. Trata-se de um projeto revolucionário arquitetonicamente construído em uma área degradada, onde foi explorada uma mina de argila. Tem por objetivo principal demonstrar a possibilidade da gestão sustentável de plantas e de criação de valor econômico para a humanidade, demonstrando como são vitais para a sobrevivência humana. Procura traduzir para os visitantes, de forma simples, criativa e inovadora, a pesquisa realizada por um número considerável de cientistas, envolvendo-os em programas de pesquisa, educação e conservação. O jardim possui áreas reservadas para meditação, guias que informam os turistas sobre a produção e história locais. Com um programa voltado para estudantes de Botânica, o Eden recebe em torno de 60 mil estudantes anualmente. Sua construção aconteceu a partir do fundo Millenium Landmark, criado pelo governo britânico por ocasião da virada do milênio, com recursos da Loteria Nacional. Para completar o projeto o Kew contratou um empréstimo de 20 milhões de Libras. Hoje se constitui em um dos principais centros de visitação turística da Inglaterra com grande impacto na dinamização da economia da região, demonstrando aos mais de 12 milhões de visitantes desde a sua fundação, em 2001, a necessidade vital das plantas. Os “Amigos de Eden” recebem ajuda de visitantes e da população local da Cornualha muito envolvida no projeto. Recursos também são conseguidos através de concertos e shows de artistas e através de doações deixadas por visitantes de KEW mas destinadas a Eden. Ao final da palestra, Sir Guillean Prance foi convidado a plantar um Jequitibá-açu, símbolo da mata carioca, no arboreto do JB. A parte da tarde foi dedicada a reuniões em que foram discutidas oportunidades de cooperação tanto em termos de pesquisa quanto de gestão. Foi aberta a possibilidade de troca de experiências entre os jardins botânicos do Rio de Janeiro e o de Kew, assim como entre a Fundação Kew, a Fundação Flora e a AAJB. A proposta é conhecer a experiência de gestão da Fundação KEW e de promoção de eventos para angariar fundos que contribuam para a realização dos projetos do Jardim Botânico. O Kew comunicou que, para divulgar o trabalho realizado pelos pesquisadores, realiza festivais dedicados ao uso das plantas. O ano de 2013 é dedicado à alimentação, o de 2014 será o de medicamentos e em 2016 o Brasil foi o tema escolhido. O festival realizará eventos de arte, cultura, além de pesquisa e tecnologia. Procuram parceiros tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo para ser a contraparte do festival no Brasil. Link para maior conhecimento sobre o Eden Project: http://www.edenproject.com. A DIRETORIA NOTíCIAS Revista especial sobre Barbosa Rodrigues online O site do JBRJ disponibiliza na seção Publicações a edição especial da Revista Brasileira de História da Ciência (vol. 5, suplemento 2012), publicada pela Mauad Editora. O exemplar traz o que originalmente foi o tema do seminário João Barbosa Rodrigues: Um naturalista brasileiro, promovido pela Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ) e pela Casa Oswaldo Cruz (Fiocruz), em homenagem ao centenário de morte do botânico em 2009. Barbosa Rodrigues foi diretor do JBRJ entre 1890 e 1909, e teve atuação importante como cientista, especialmente no que diz respeito à história natural, botânica, etnografia, arqueologia, fisiologia e farmacologia. Para ler a revista, acesse: www.jbrj.gov.br/ Árvore notável do Jardim Fonte: Arquivo do JBRJ Diretor do IPJBRJ participa de estudo na Science Foto: Divulgação / Science magazine O diretor de Pesquisas Científicas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rogério Gribel, fez parte da equipe de especialistas de 120 instituições de todo o mundo (entre eles, 25 brasileiros) que desenvolveu o estudo Hyperdominance in the Amazonian Tree Flora, publicado em 18 de outubro na revista Science. Liderado por Hans ter Steege, pesquisador do Naturalis Biodiversity Center, o trabalho estima que exista 16 mil espécies de árvores na Amazônia, e que metade de todas as árvores da floresta (cerca de 400 bilhões) pertence a apenas 1% das espécies. Fazendo cadastro no site, é possível ler o texto na íntegra. Acesse: http://www.sciencemag.org/content/342/6156/1243092.abstract?rss=1 Floração - uma pequena amostra Foto: João Quental Na caminhada da floração novembro/dezembro foram observadas inúmeras espécies distintas pela diretora Cecília Beatriz da Veiga Soares, em companhia do fotógrafo João Quental. A listagem completa está disponível no nosso site ou na sede da AAJB, junto ao mapa descritivo. Os destaques deste mês foram a guaraná timpó (Dahlstedia pinnata) e a magnólia (Magnolia grandiflora). Atrás do grupo de bambus, próximo do bosque de pau-brasil, encontramos o timpó ou guaraná-timpó com belas flores grandes e vistosas de um rosa muito intenso. O nome timpó dado pelos índios é devido à propriedade de uma substância encontrada na casca e nas raízes da planta que provocam o tonteamento dos peixes, o que facilita a pesca. Como propriedades medicinais produz efeitos hipnóticos, calmantes e analgésicos. É também recomentado pela medicina homeopática. Outro exemplar pode ser encontrado próximo à jaqueira do Frei Leandro. Junto ao Roseiral encontra-se a magnólia-tulipa, pertencente à família Magnoliaceae. Árvore com belíssimas flores grandes, brancas, que exalam um extraordinário perfume. Há milênios as magnólias são cultivadas na China, também pelas qualidades afrodisíacas do pó extraído de suas raízes. Foto: João Quental Foto: João Quental Cássia dourada Única perfumada da espécie, a cássia dourada (Cassia ferruginea, da família Fabaceae) atrai quem adentra o Jardim Botânico pela Rua Pacheco Leão, não só pelo delicioso perfume como pelas belíssimas flores que se pendem em cachos nas extremidades dos ramos. Muito decorativa por ocasião da floração a árvore também chamada de cássia-chuvade-ouro, cana fistula e tapira-colana, se distribui do Ceará até o Paraná, passando por Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, e pode atingir até 20m de altura. Seu nome científico refere-se à cor de ferrugem que cobre os ramos novos onde estão as flores. A madeira serve para a construção de rodapés, palitos de fósforo e caixotaria em geral. Quem visita o Jardim deve aproveitar o passeio para observar toda a beçeza e o perfume da cássia dourada. Ligia Lopes Na próxima quarta-feira (4/12) será inaugurado o cactário do Jardim. Venha celebrar conosco! PERGUNTAS | SUGESTÕES Sua opinião é importante! Email.: [email protected] Estagiária de Comunicação: Ligia Lopes Tel: 2239-9742 ou 2259-5026 PROGRAMAÇÃO Exposição “Obras Raras” no Museu Rebeldes - sobre a raiva Com texto de Edna Mazya, a peça Rebeldes - sobre a raiva conta a história de dois judeus em três momentos distintos. A primeira passagem ocorre antes mesmo da criação de Israel, em 1945. A protagonista se apaixona por um jovem revolucionário e se envolve no assassinato de um oficial britânico. No elenco estão Rogério Fróes, Bruno Gradim, Marina Vianna e Laila Zaid, sob a direção de Rodrigo Nogueira. Até 15/12 | Galpão das Artes do Teatro Tom Jobim | sex e sáb às 21h30 | dom às 20h30 | R$ 30 | 14 anos O cotidiano em marcas e tramas Até 1/12 fica em cartaz, no Centro de Visitantes, a exposição “Marcas e Tramas”, das artistas plásticas Marciah Tauggi Rommes e Grasi Frenaski. Na sala “Marcas” estarão as obras de Marciah e na sala “Tramas” ficará a instalação de Grasi. A mostra propõe uma reflexão sobre a relação do homem e o meio em que vive. Até 1/12 | Centro de Visitantes | das 8h às 17h Foto: Divulgação Ballet de Romeu e Julieta Se apresenta em curtíssima temporada no Teatro Tom Jobim a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói. Com coreografia de André Mesquita, o clássico de Shakespeare Romeu e Julieta em versão dançada estreia quinta-feira (28), às 21h. Qui, sex, sáb 21h | dom 20h | Teatro Tom Jobim | R$ 40,00 (inteira) O Museu do Meio Ambiente exibe a mostra Obras Raras até 1º de dezembro. A exposição traz 13 obras raras sobre a flora brasileira, datadas dos séculos XVIII e XIX. A mostra faz parte do IV Encontro Nacional de Ilustradores Científicos, que ocorreu no JBRJ entre os dias 4 e 7 de novembro, e traz ilustrações feitas por importantes naturalistas, incluindo originais de João Barbosa Rodrigues. Até 01/12 | Museu do Meio Ambiente (Rua Jardim Botânico, 1009) | 3ª a domingo | 9h às 17h | Entrada gratuita Palestra na AAJB Em 23 de novembro, a Bióloga Dra. Viviane Stern da FonsecaKruel, acompanhada de seus trigêmeos,nos apresentou o trabalho que realiza sobre Etnobotânica nas restingas do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio. Viviane contou sobre como a natureza atua no sistema de crenças e interação do homem com as plantasem determinados ambientes e sobre o cuidado no manejo e conservação das espécies úteis, por causa da extração de recursos naturais sem controle para finalidade puramente econômica. E aí surgem impactos causados quando se retira uma planta ainda jovem de sua população local. Um exemplo, a ocupação da área do Peró, em Cabo Frio, para construção de condomínios e resorts de luxo em lugares de conservação de grandes espécies endêmicas.Você sabe o que faz o Instituto de Pesquisa JBRJ na área de Etnobotânica? Estuda as restingas, o conhecimento ecológico dos pescadores, a conservação in sito dos recursos vegetais, as plantas medicinais, as comestíveis relacionadas à segurança alimentar e acaba de criar sua própria Coleção de Etnobotânicas. Mais informações: [email protected] Livro Plantas úteis da restinga: http://www.jbrj.gov.br , Publicações > Publicações Gerais. Lembramos que em Dezembro não haverá palestra na AAJB. Por dentro do Jardim afmbn=J=dorml=ab=bpqral=qKbKoK No Jardim Botânico desde 1994, quando entrou como bolsista do extinto Programa Mata Atlântica, e depois como concursado em 2002, hoje João Marcelo Alvarenga Braga é professor de Morfologia Vegetal, lecionando sobre a morfologia das plantas que têm flores, na Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT) e é pesquisador da DIPEQ (Diretoria de Pesquisa do Jardim Botânico). O biólogo, graduado pela Universidade Santa Úrsula e mestre e doutor em Taxonomia pela URFJ, se especializou nos zingiberales, ordem que contempla a família das bananeiras, helicônias e outras plantas ornamentais. Apesar de sua formação, se considera um pesquisador que trabalha com a multidisciplinaridade, pois “hoje, a demanda tanto para a Academia quanto para o mercado de trabalho exige que você tenha uma visão multidisciplinar”, explica. Aceitando este desafio, João Marcelo está investindo na formação de um grupo de estudos, onde orienta alunos de carreiras diferentes, mas que buscam maior experiência na pesquisa: “Alguns querem seguir pela carreira acadêmica, fazer mestrado e doutorado, e outros querem uma especialização para o mercado de trabalho. Tenho alunos biólogos e engenheiros florestais, por exemplo”. São nove alunos orientandos de pós-graduação em Taxonomia, Ecologia e Restauração. O grupo de estudos T.E.R. discute assuntos acerca destes temas e faz seminários internos sobre o que foi abordado nos encontros, que ocorrem toda quinta-feira. Os encontros são abertos a qualquer um que se interessar. Para participar, basta enviar um e-mail para [email protected]. O T.E.R. trabalha basicamente com a taxonomia dos zingiberales e das plantas parasitas, além de fazer o trabalho de restauração. De acordo com João Marcelo, hoje o grupo tem projetos de restauração em restinga, especialmente no norte do estado, e restauração biológica no Parque Estadual da Costa do Sol e nas florestas urbanas do Rio de Janeiro. “Eu trabalho com restauração passiva e ativa. A gente analisa o sucesso ecológico da restauração, porque não basta plantar. Tem que saber o que plantar, por que plantar. É um trabalho de pesquisa, que se divide em duas frentes: uma é propor modelos para a restauração, e a outra é fazer análise da vegetação para ver o sucesso da restauração”. Para conhecer um pouco mais de seu trabalho, acesse o site http://scholar.google.com.br/ e procure pelo nome João Marcelo Alvarenga Braga , que disponibiliza alguns de seus estudos.