Literatura
Prof. Henrique
Análise de Livros
1.Auto da barca do inferno - Gil Vicente;
2.Memórias de um sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida;
3.Dom Casmurro - Machado de Assis;
4.Vidas secas - Graciliano Ramos;
5.Iracema - José de Alencar;
6.O cortiço - Aluísio Azevedo;
7.Capitães da areia – Jorge Amado;
8.Antologia poética - Vinícius de Moraes
9.A cidade e as serras - Eça de Queirós
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente






Gil Vicente: vida e obra 1465 - 1540
Renascimento – (período): Humanismo
Contexto: expansão marítima portuguesa
Inquisição, Cia. De Jesus, corrupção
1516: Cancioneiro Geral, Garcia de Resende
Valorização da Idade Média : estabilidade
 X Renascimento : instabilidade
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Gil Vicente: teatro
 Auto: peça de um ato
 Tradição clássica: três unidades

 Ação: uma só ação principal
 Tempo: cronologia
 Lugar: concentração espacial

Gil Vicente: temas vários, ações várias,
tempo da ação estendido, vários lugares
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Alegoria:
 Idéia abstrata = representação
 Personagens alegóricos: não são
indivíduos, mas tipos sociais

 Fidalgo: nobre arrogante
 Corregedor : juiz corrupto
 Alcoviteira: prostituição
 Onzeneiro: usurário ganacioso
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Anjo X Diabo
 Perdão X Pecado:
 Fidalgo: arrogante
 Cadeira e longa capa com cauda
 Barca: vista com arrogância e desprezo

1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Fidalgo: por que o Diabo veta a entrada
do Fidalgo com sua cadeira no Inferno?

1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
Fidalgo: por que o Diabo veta a entrada
do Fidalgo com sua cadeira no Inferno?
 Sinal de seu apego aos bens materiais e
dos privilégios de sua posição social, o
Diabo veta a cadeira no Inferno para
mostrar como o Fidalgo é tolo em suas
pretensões.


1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente





Auto da Barca do Inferno:
Onzeneiro : usura
Condenada pela Igreja
Comércio e juros: novas práticas capitalistas
Por que, pela atitude do Diabo em condenar o
Onzeneiro, pode-se entrever um olhar
conservador de Gil Vicente sobre sua época?
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente




Auto da Barca do Inferno:
Onzeneiro : usura
Por que, pela atitude do Diabo em condenar o
Onzeneiro, pode-se entrever um olhar
conservador de Gil Vicente sobre sua época?
Valorização do pensamento medieval e crítica
da urbanização e mercantilização da economia
e por extensão, da sociedade, vistas por Gil
Vicente como desagregadoras dos valores
medievais tradicionais.
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Joane ( João ) : parvo
 Camponês explorado
 Diabo: De que morreste?
 Parvo: De quê? Talvez de caganeira...
 D. De quê?
 P. De cagamerdeira...

1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente





Auto da Barca do Inferno:
Joane ( João ) : parvo
Camponês explorado
Anjo: Tu passarás, se quiseres, porque em
todos teus fazeres, per malícia nom erraste, tua
simplicidade te seja suficiente, pera gozar dos
prazeres, espera entanto per aí, veremos se
vem alguém, merecedor de tal bem, que deva
de entrar aqui...
Camponês: Céu, pela sua burrice.
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Sapateiro: ladrão em sua oficina
 Frade com uma amante: concupiscência
do clero
 Alcoviteira (Brisída Vaz): prostituição
 Judeu:
 Por que o Judeu vem com um bode?

1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Judeu:
 Por que o Judeu vem com um bode?
 Sacrifício: religião hebraica, inútil num
contexto cristão.
 Diabo: expulsa o bode do Judeu... Nem o
Diabo aceita o Judeu...

1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:
 Corregedor : corrupto
 Procurador : corrupto

 Linguagem
: latinismos inúteis: símbolo da
arrogância catedrática dos juízes

Enforcado: não há perdão aos criminosos
1.Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente





Auto da Barca do Inferno:
Cavaleiros cruzados: salvos por si mesmos
Diabo: Entrai cá! Que cousa é essa? Eu nom
posso entender isso!
Cavaleiro: Quem morre por Jesu Cristo não vai
em tal barca como essa!
Anjo: Ó cavaleiros de Deus, a vós estou
esperando, que morrestes pelejando, por Cristo,
Senhor dos Céus! Sois livres de todo mal,
mártires da Madre Igreja, que quem morre em
tal peleja, merece paz eternal.
2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Brasil: XIX
 Médico, mas atuação no jornalismo
 Classe média baixa do RJ
 Tipografia Nacional: teve como aluno
aprendiz Machado de Assis
 Livro único : publicado em folhetins
 junho de 1852 a julho de 1853

2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Novela : episódios dramáticos,
interrupções, histórias paralelas, capítulos
curtos.
 Vocativo ao leitor:
 “por agora vamos continuar a contar o que
era feito do Leonardo”
 Linguagem : direta, “descuidada”,
cotidiana

2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Romantismo: porém, próximo do Realismo
por ser satírico, sem herói definido
 Influência = Macunaíma
 Sobrevivência : eixo central do
personagem

2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Personagem : Leonardo: filho de um
beliscão e de uma pisadela...
 “carnavalização” do romance: cores fortes,
mas sem preconceitos sociais ou raciais
ou ideológicos
 Humor, mas sem crítica social evidente,
embora tenha um ponto de vista “de
baixo”

2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida




Personagem : Leonardo: pais Leonardo Pataca e Maria
da Hortaliça
Maria trai Pataca que expulsa a mulher e o filho de casa
Leonardo: padrinho Barbeiro e madrinha parteira
“umas vezes sentado na loja divertia-se em fazer
caretas aos fregueses quando estes se estavam
barbeando. Uns enfureciam-se, outros riam sem querer,
do que resultava que saíam muitas vezes com a cara
cortada, com grande prazer do menino e descrédito do
padrinho”.
2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida






Leonardo:
Expulso da escola
Coroinha travesso
Adulto vadio
Apaixona-se por Luisinha, disputada por José
Manuel
Morre seu padrinho, reencontra-se com seu pai,
mora com ele, é expulso de novo, mora em
outras casas...
2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Leonardo:
 José Manuel casa-se com Luisinha
 Emprego no exército
 Morre Manuel, Leonardo desposa
Luisinha
 Torna-se Sargento de Milícias

 Ironia
final: encarregado de manter a ordem
social...
2.Memórias de um Sargento de
Milícias – Manuel Antônio de
Almeida
Dialética da malandragem, Antônio
Cândido:
 Traição aos amigos
 Ascensão social pela herança
 Sorte e azar: reação aos problemas da
vida
 Não há reflexão moral

3.Dom Casmurro
Machado de Assis
Triângulo amoroso:
 Bentinho – Capitu – Escobar
 Capitu: esperta, “olhos de cigana oblíqua
e dissimulada”

 José Dias – agregado
 D. Glória – mãe
 Prima Justina
3.Dom Casmurro
Machado de Assis
Bentinho : seminário por promessa
 Capitu: seu primeiro amor

 Cena do beijo: inteligência de Capitu
 Seminário : conhece Escobar
 Capitu: aproximação com D. Glória e
com
José Dias
 Mudança na promessa: estudar Direito
3.Dom Casmurro
Machado de Assis

Bentinho casa-se com Capitu
 Escobar
casa-se com Sancha
Demora a nascer-lhe o filho: Ezequiel
 Imitação de Escobar
 Morte de Escobar

 Cena do
 ciúme
enterro: olhos de ressaca
3.Dom Casmurro
Machado de Assis


Bentinho afasta-se de Capitu
Tenta o suicídio
 Cena




do teatro Otelo
Tenta matar o filho
Capitu e o filho vão para a Suiça
“A mãe-creio que ainda não disse que estava
morta e enterrada”
Ezequiel volta adulto, reencontra o pai e é
tratado secamente. Morre depois no Oriente
3.Dom Casmurro
Machado de Assis


Bentinho transforma-se em Dom Casmurro:
“qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e
é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a
saber, que a minha primeira amiga e o meu
maior amigo, tão extremosos ambos e tão
queridos também, quis o destino que
acabassem juntando-se e enganando-me... A
terra lhes seja leve!”.
3.Dom Casmurro
Machado de Assis
Traição ? Para o narrador em 1ª pessoa é
certeza
 Para o leitor: elementos que levantam
dúvida
 Ponto de vista : eixo central da narrativa
 Realidade ? Pontos de vista possíveis
 Psicologia da personagem = construção
da realidade

4.Vidas Secas
Graciliano Ramos

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





Contexto Histórico
Anos 30:
Comunismo / Socialismo
Mudança na sociedade: revolução
Utopia: busca de um mundo melhor
Prosa: mostrar a realidade do país
Congresso Regionalista do Recife-1926
José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Gilberto
Freire
Temática : NE e sua sociedade
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos
Miséria e exploração no NE
 Homem = universal
 Empatia ao homem explorado
 Drama do cotidiano
 Visão: da elite sobre o povo explorado,
não dele mesmo

4.Vidas Secas
Graciliano Ramos

Autores importantes:

Rachel de Queiróz



José Lins do Rego



Menino de Engenho-1932
Fogo Morto -1943
Graciliano Ramos


O Quinze – 1930
Memorial de Maria Moura – 1992
Vidas Secas -1938
Jorge Amado

Capitães de Areia-1937
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos







“Vidas Secas” – Graciliano Ramos
Biografia : Alagoas, jornalista, RJ, morte em
1953
Preso pela ditadura Vargas por ser comunista
obras:
São Bernardo – 1934
Vidas Secas – 1938
Memórias do Cárcere - 1953
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos




Narrativa : família de retirantes
Fabiano, Sinha Vitória, filhos , cachorra Baleia
Pequenas histórias com um fio narrativo
Sem rumo certo, fogem da seca, do
autoritarismo ( Patrão, Soldado Amarelo)
 Fortaleza
moral: Fabiano ajuda o Soldado depois de
ter sido injustamente preso por ele


Natureza: “personagem” presente: seca
Injustiça social: fuga e esperança
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos






Fabiano : fala curta, falta de expressão
Animalização
Baleia : sentimento humano
Filhos : não tem nome, desumanização
Narrador : 3ª pessoa :
Pensamentos e expressão mínima de Fabiano:
denúncia da animalização que a exploração traz mas ao
mesmo tempo, profunda humanização, individualização
do drama social.
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos








“Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava
reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez
perigosas”
Não há “exotismo” da paisagem, nem mesmo opiniões políticas do narrador
Documentário estético: mostrar a realidade, mas humanizá-la, torná-la uma
denúncia universal, para além das ideologias.
Denúncia = está no receptor do livro
Frases curtas, cenas descritas com grande precisão, retrato da psicologia
dos personagens.
Discurso indireto livre:
“Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca
chegasse, não ficaria planta verde”.
Monólogo interior : típico do romance urbano da mesma época, mas
usado na prosa regionalista de Vidas Secas.
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos



Fabiano : líder da família, mas ao mesmo tempo, fraco,
sem capacidade de expressão, sem “lições” possíveis a
seus filhos ( novo e velho)
Baleia : “líder” humano da família, sentimento que se
perde na miséria absoluta – sacrificada por Fabiano.
“Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio
de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano
enorme”.


Cena emotiva: Baleia é morta por suspeita de raiva
(hidrofobia...)
Final do romance: possibilidade de migração para a
cidade – esperança ou frustração ?
4.Vidas Secas
Graciliano Ramos


Comparações :
Jorge Amado



X “cores fortes”, frases intensas, olhar no exótico, exuberância
dos personagens
= romance regional, denúncia social ( Capitães de Areia)
Machado de Assis


X falta de denúncia social explícita, romance urbano, foco na
elite
= psicologia intensa dos personagens, olhar atento aos
detalhes, frases curtas e precisas.
5.Iracema – José de Alencar



José de Alencar
Obras:
Formação da Nacionalidade
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
O Sertanejo - sertão
O Gaúcho - pampa
Til - interior de SP
 O Tronco do Ipê - interior fluminense
 Senhora - romance urbano

Evolução histórica do Brasil



Ubirajara - período pré-cabralino
O Guarani - colonização
As Minas de Prata - bandeirantes
 A Guerra dos Mascates - nativismo
5.Iracema – José de Alencar




índio : herói nacional.
"Bom Selvagem" de Rousseau- influência do cavaleiro medieval
(Walter Scott - Ivanhoé / Fenimore Cooper - O Último dos Moicanos.
branco : português que se integra ao índio para formar o Brasil.
Idealização da colonização.
busca de uma língua brasileira: " Nós, os brasileiros, apesar de
orçarmos já por mais de dez milhões de habitantes, havemos de
receber a senha de nossos irmãos, que não passam de um terço
daquele algarismo? (...) Nós, os escritores nacionais, se quisermos
ser entendidos de nosso povo, havemos de falar-lhe em sua língua,
com os termos ou locuções que ele entende, e que traduzem
nossos usos e sentimentos".
5.Iracema – José de Alencar







Lenda do Ceará: "uma história que me contaram nas lindas várzeas onde
nasci, à calada da noite, quando a lua passeava no céu argenteando os
campos (...)"
encontro da natureza - Iracema - com a civilização - Martim.
Iracema: semelhança com América, da língua Tupi, "lábios de mel"
"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna, e mais longos que seu takhe de palmeira. O
favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado." tempo da narrativa:
início em flashback: Martim, Moacir, filho dele com Iracema, e o cão Japi
saem do Ceará
 Preparação ao trágico final do romance
narrativa: encontro de Martim e Iracema, guerra entre os tabajaras ( tribo
de Iracema que habita o interior, inimiga dos portugueses) e os pitiguaras
( chamados de potiguaras, comedores de camarão, que habitam o litoral,
aliados dos portugueses)
5.Iracema – José de Alencar







Martim é protegido por Araquém, pai de Iracema, mas os outros líderes
tabajaras,liderados por Irapuã querem atacar Martim. Iracema o protege,
mas não pode tornar-se sua esposa, pois ela é sacerdotisa de Tupã.
Martim é guiado por Iracema e Caubi, irmão dela, de volta para o litoral,
para a região dos pitiguaras. Encontram os aliados pitiguaras, liderados por
Poti, amigo de Martim. Já no litoral, Iracema tem o filho de Martim, Moacir,
filho da dor:
"-Quando o teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá como o abati
depois que deu seu fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o
prenda na terra estrangeira" .
Guerra entre as duas tribos
"Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas. Quando
o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala
entre seus cabelos" .
Ao morrer Iracema, Martim e seu filho Moacir, o primero cearense, emigram,
"Havia aí a predestinação de uma raça?" . O próprio Alencar cearense,
emigrou para o RJ.
Ao voltar, Martim funda uma vila que será a primeira cidade do Ceará.
5.Iracema – José de Alencar


1-No Romantismo e em toda a obra de Alencar,
existe o interesse de criar uma literatura
nacional, tipicamente brasileira. Indique quais
elementos estilísticos e de enredo justificam
essa nacionalidade na obra Iracema.
2-Não há final feliz em Iracema, mesmo assim,
a obra é tipicamente romântica. Explique.
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo






Autor: nascimento Maranhão- 1857
Morte 1913
Jornalista, caricaturista, diplomata
Romances naturalistas:
O Mulato
Casa de Pensão
 Influência
Zola
 Determinismo / evolucionismo / darwinismo.
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
1890 – O Cortiço
 Contexto : RJ – debates sobre a
remodelação urbana
 Prefeito Pereira Passos
 Av. Central - 1904.

6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
João Romão : imigrante português
ambicioso
 Bertoleza : sua amante e criada: escrava

 Explora
sua amante: determinismo de raça:
português, explorador, negra, a ser explorada

Miranda: português rico, vizinho e opositor
de Romão, nobre.
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
João Romão X Miranda:
 Quando Romão torna-se rico, deseja ser
nobre: status social ligado aos títulos,
numa sociedade não plenamente
capitalista
 Personagens: caracterização sexualidade
e racializada.

6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
Jerônimo – Piedade : casal de
portugueses, trabalhadores
 Rita Baiana: mulata sensual
 Jerônimo: abrasileiramento....

 Comida,
noites de samba, Rita Baiana
 Jerônimo: mata Firmo, morador do cortiço
vizinho
 Incêndio que destrói o cortiço de Romão
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo




Romão: rico, reconstrói o cortiço
Miranda: empobrecido, mas vivendo de
aparências, traído pela mulher
Crítica a sociedade de títulos
E Bertoleza?
 Romão,
tinha comprado sua liberdade com uma
alforria falsa, denuncia a seus donos e ela comete
suicídio
 Ascensão social a todo custo: lei do mais forte
6.O Cortiço – Aluísio Azevedo
Descrição dos personagens:
sexualização/animalização/racialização
 Personagem principal: o próprio cortiço
 Psicologia individual?
 Complexidade de personalidade?
 Meio + raça = destino

7.Capitães da Areia – Jorge Amado





Jorge Amado
Pitoresco: gente, costumes e ambiente da Bahia
vistos sob o prisma do exótico, do estranho –
atração pelo leitor estrangeiro
Sensualidade: forte temática sexual dos
personagens e do ambiente
Socialismo/ denúncia da injustiça social: 1ª fase
do autor, depois matizada.
Oralidade: forma mais próxima do falar cotidiano
7.Capitães da Areia – Jorge Amado






Capitães da Areia” – Jorge Amado
Paralelo com romance Jubiabá-1935
Antônio Balduíno: órfão, vadio, lutador, operário,
militante político
Protegido por Jubiabá, pai de santo
Balduíno – Lindinalva: morte da amada, casada
com um advogado que trata mal
Balduíno adota o filho de Lindinalva
7.Capitães da Areia – Jorge Amado






Jubiabá-1935
Antônio Balduíno:
Da vida errante até a consciência política
Realismo socialista + sensualidade do povo baiano
Realismo socialista: teoria e prática da URSS que
propunha que a estética deveria estar a serviço da
ideologia socialista, retratando com fidelidade as classes
operárias.
Sabendo-se da teoria do “realismo socialista”, o escritor
Jorge Amado a dota de forma literal ou a adapta ao
ambiente brasileiro?
7.Capitães da Areia – Jorge Amado
Tema : meninos de rua em Salvador
 Grupo:








Pedro Bala : líder, filho de um líder sindical assassinado numa greve
João Grande: forte e vice-líder do grupo. Tem poucas aptidões
cognitivas, mas instintivamente defende os mais fracos
O gato: malandro, sustentado em parte por uma prostituta (Dalva)
Volta Seca: deseja tornar-se cangaceiro, odeia autoridade
Professor: tenta fugir de sua condição pela leitura
Pirulito: deseja ser padre
Sem-Pernas: coxo, é o espião do grupo.
7.Capitães da Areia – Jorge Amado
 Narrativa
: coletânea de
acontecimentos
 Salvador: meninos de rua interagem
com os personagens da cidade,
mães de santo, policiais, capoeiristas,
comerciantes...
Exemplo
de ação: estupro de uma
menina de 15 anos;
7.Capitães da Areia – Jorge Amado








“era uma negrinha bem jovem, talvez tivesse apenas quinze anos como
ele. Mas os seios saltavam pontiagudos e as nádegas rolavam no
vestido(...) E o desejo cresceu dentro de Pedro Bala.
-Mas que é que tu viu, cabocla? Tu pensa que eu vou te deixar antes de tu
me dar? Deixa de orgulho. Teu macho não vai saber, ninguém fica
sabendo. E tu vai ver o que é um homem bom.
-Me deixa, que eu sou virgem. Tu pode ser bom, não me querer; depois tu
encontra outra. Eu sou donzela, tu vai me fazer mal.
-Só boto atrás.
-Não, não.
-Tu fica virgem igual. Não tem nada.(...)
Mas ele a acarinhava, uma cócega subiu pelo corpo dela. Começou a
compreender que se não o satisfizesse como ele queria, sal virgindade
ficaria ali. E quando ele prometeu(...)
-Se doer eu tiro... – ela consentiu.
7.Capitães da Areia – Jorge Amado




Ação dos personagens: é motivada pela sobrevivência / luta contra
as forças sociais da cidade
Indivíduo X sistema: tema principal da literatura de caráter socialista
Moralidade ? Vista como burguesa
Regras de convívio social? Vistas como meros sistemas de
dominação
 Sem-Pernas: infiltra-se numa família como menino pobre
desamparado, para depois o grupo poder roubar.
 É bem cuidado pelo casal Dona Ester e Dr. Raul, que tinham
perdido seu filho natural.
 Rouba a casa mesmo assim, embora tenha chorado depois de
remorso

Ação individual ? Menos importante que a força do grupo e o
sistema
7.Capitães da Areia – Jorge Amado







Relação entre Dora X Pedro Bala:
Entra para o grupo e torna-se “irmã” de Pedro Bala,
posteriormente cuida dele como mãe
Dora fica doente e é possuída por Bala no leito. Morre
pouco depois.
Pedro Bala : assume uma consciência política
Greve: grupo torna-se um grupo paramilitar para conter
a ação dos furagreves.
Alberto, estudante e João de Adão, estivador, estimulam
Bala a tornar-se militante
Capitães da Areia = torna-se um grupo político
7.Capitães da Areia – Jorge Amado







“Dentro de Pedro Bala uma voz o chama: voz que traz
para a canção da Bahia, a canção da liberdade. Voz
poderosa que o chama. Voz de toda a cidade pobre da
Bahia, voz da liberdade. A revolução chama Pedro
Bala”.
Oralidade da narrativa: falar cotidiano
Sexualização: tom crítico à “moralidade burguesa”
Meio = determina o comportamento individual
Indivíduo = toma consciência pela ação política
Fim último da narrativa : revolução social
Maniqueísmo : classe oprimidas = boas X classes
opressoras e o sistema = maus
7.Capitães da Areia – Jorge Amado

Compare os dois romances, O Cortiço e Capitães da
Areia, em relação a temática, forma e bases ideológicas.
7.Capitães da Areia – Jorge Amado

Compare os dois romances, O Cortiço e Capitães da
Areia, em relação a temática, forma e bases ideológicas

Tema: classes oprimidas
Forma: romance,



Oralidade modernista X narrativa cientificista do XIX
Bases ideológicas




Determinismo: século XIX
X
Socialismo: opressão X sistema
“determinismo”: indivíduo oprimido pelo sistema ou pela
raça/meio X escolha individual, psicologia complexa.
8. Poesia – Vinícius de Moraes






biografia: 1913 – RJ, cursa Direito, Diplomata,
exonerado do Itamaraty em 1969 por suas opiniões de
esquerda, já compositor e parceiro de nomes da Bossa
Nova. 1980 –morte
Obra : poesia
Crítica cinematográfica, crônicas
Romances ( alguns se perderam)
Teatro : Orfeu da Conceição
“tem o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos
simbolistas, a perícia do parnasianos (sem refugar,como
estes, as sutilezas barrocas) e finalmente, homem bem
do seu tempo, a liberdade, a licença, o esplêndido
cinismo dos modernos” – Mário de Andrade sobre V. M
8. Poesia – Vinícius de Moraes








Temas:
Idealismo / misticismo
Forma: versos bíblicos
Erotismo sofisticado
Sexualização
Forma : soneto camoniano
Rio de Janeiro: idealismo da cidade
Forma: redondilhas , com forte musicalidade
8. Poesia –
Vinícius de Moraes
Não pertence a Antologia
A casa
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero
A legião dos Úrias
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas
Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Passam olhos brilhantes de rostos invisíveis na noite
Que fixam o vento gelado sem estremecimento.
São os prisioneiros da Lua. Às vezes, se a tempestade
Apaga no céu a languidez imóvel da grande princesa
Dizem os camponeses ouvir os uivos tétricos e distantes
Dos Cavaleiros Úrias que pingam sangue das partes amaldiçoadas.
São os escravos da Lua. Vieram também de ventres brancos e puros
Tiveram também olhos azuis e cachos louros sobre a fronte...
Mas um dia a grande princesa os fez enlouquecidos, e eles foram
escurecendo
Em muitos ventres que eram também brancos mas que eram impuros.
(...)
O olhar para trás
Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor
Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte
palpitante...
Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha
fatalidade
Sobre o cadáver ainda morno desse passado adolescente.
Talvez no espaço perfeito aparecesse a visão nua
Ou talvez a porta do oratório se fosse abrindo misteriosamente...
Eu estaria esquecido, tateando suavemente a face do filho morto
Partido de dor, chorando sobre o seu corpo insepultável.
...
Talvez da carne do homem prostrado se visse sair uma sombra igual à
minha
Que amasse as andorinhas, os seios virgens, os perfumes e os lírios da
terra
Talvez… mas todas as visões estariam também em minhas lágrimas
boiando
E elas seriam como óleo santo e como pétalas se derramando sobre o
nada.
Alguém gritaria longe: – "Quantas rosas nos deu a primavera!..."
Eu olharia vagamente o jardim cheio de sol e de cores noivas se
enlaçando
Talvez mesmo meu olhar seguisse da flor o vôo rápido de um pássaro
Mas sob meus dedos vivos estaria a sua boca fria e os seus cabelos
luminosos.
(...)
Agonia
No teu grande corpo branco depois eu fiquei.
Tinha os olhos lívidos e tive medo.
Já não havia sombra em ti – eras como um grande deserto de areia
Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.
Na minha angústia eu buscava a paisagem calma
Que me havias dado tanto tempo
Mas tudo era estéril e mostruoso e sem vida
E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.
Eu estremecia agonizando e procurava me erguer
Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.
Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma
Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.
Depois foi o sono, o escuro, a morte.
Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente
Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.
Soneto de Fidelidade
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Eça de Queirós: (1845-1900)
1ª fase : crítica demolidora, irônica, agressiva às
vezes, contra a sociedade portuguesa
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O Crime do Padre Amaro -1876, O Primo Basílio - 1878, Os
Maias-1888
2ª fase: crítica diminui de intensidade, suave
otimismo, busca das raízes portuguesas, permanece
a ironia e o sarcasmo
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A Ilustre Casa de Ramires – 1900, A Cidade e as Serras
1901.
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Narração 1ª pessoa : José Fernandes,
amigo de Jacinto, neto de Jacinto
Galião, defensor de D. Miguel na luta
contra D. Pedro – derrotado Miguel,
Jacinto Galião parte para o exílio em
Paris, onde nasce seu filho e seu neto.
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Jacinto: alegre, rico, feliz com a vida na
cidade de Paris:
“o homem só é superiormente feliz quando é
superiormente civilizado”
“suma ciência+ suma potência=suma
felicidade”
Casa de dois andares em Paris:
Elevador, telefone, luzes, perfumadores,
conferençofone, teatrofone... mas
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Jacinto: “é uma seca”... (=chatice)
Ouve uma notícia: uma igrejinha em
Portugal( região de Tormes) havia
desmoronado por uma tempestade =
sepulcro de seus familiares
Passeio ao Montmartre:
“Sim, com efeito, a cidade... É talvez uma
ilusão perversa”.
“-Zé Fernandes, vou partir para Tormes”
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Mora numa quinta, almoço e janta bem, cuida da
propriedade, melhora a vida dos empregados...
Casa-se com Joaninha, prima de José Fernandes,
tem dois filhos: se diz socialista ao invés de seu avô,
miguelista
Zé Fernandes volta a Paris: decepciona-se com a
cidade, com a vulgaridade, visita uma escola e é
ofendido por um aluno, dando-lhe um soco no rosto.
Abandona Paris e reencontra-se com Jacinto e sua
família na quinta, agora batizada de “Castelo da GrãVentura”.
9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
Oposição campo x cidade:
 Civilização, progresso, técnica... Porém
vulgaridade, banalização das idéias,
perda de identidade, inutilidade das
invenções
 Campo: origens, raízes culturais e
pessoais, valores familiares, prazeres
simples
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9.A Cidade e as Serras – Eça de
Queirós
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Forma: prosa de Eça: sofisticada
“cervejarias filosóficas”
Poeta idealista permanecera impassível na sua
majestade obesa”
= hipálage ( deslocamento do adjetivo)
Frase com palavras escolhidas meticulosamente,
sonoridade, discurso indireto livre.
É provável que Eça não tenha revisto totalmente o
livro como fez em suas outras obras