Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Ciências Médicas Curso de Pós Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental Mestrado DETECÇÃO E TIPAGEM DE PAPILOMAVIRUS HUMANO EM GESTANTES SOROPOSITIVAS E SORONEGATIVAS PARA HIV-1 Daniele Costa Abreu Rio de Janeiro 2004 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Ciências Médicas Curso de Pós Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental Mestrado DETECÇÃO E TIPAGEM DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM GESTANTES SOROPOSITIVAS E SORONEGATIVAS PARA HIV-1 Daniele Costa Abreu Rio de Janeiro 2004 i Ficha Catalográfica Ficha Catalográfica Nome: Abreu, Daniele Costa Detecção e tipagem de papilimavírus humano em gestantes soropositivas e soronegativas para hiv-1 xi 65p 19 ilustrações Orientador: José Pascoal Simonetti Co-Orientador: Dirce Bonfim de Lima Dissertação (mestrado): UERJ, Centro Biomédico, Faculdade de Ciências Médicas. Palavras Chaves: 1- HPV, 2-gestante, 3- HIV, 4- PCR, 5Seqüenciamento. I- José Pascoal Simonetti, II- UERJ, III- Centro Biomédico – Faculdade de Ciências Médicas Estudo da detecção e tipagem de papilomavírus humano em gestantes soropositivas e soronegativas para hiv-1 ii Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Ciências Médicas Curso de Pós Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental Mestrado DETECÇÃO E TIPAGEM DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM GESTANTES SOROPOSITIVAS E SORONEGATIVAS PARA HIV-1 Daniele Costa Abreu Dissertação apresentada à Pós Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Fisiopatologia Clínica e Experimental. Rio de Janeiro 2004 iii Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Ciências Médicas Curso de Pós Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental Mestrado DETECÇÃO E TIPAGEM DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM GESTANTES SOROPOSITIVAS E SORONEGATIVAS PARA HIV-1 Autor: Daniele Costa Abreu Orientador: José Pascoal Simonetti Co-Orientador: Dirce Bonfim de Lima Banca Examinadora: Profº Dr. Amadeu Ramos da Silva Filho - UERJ Profº Dr. Mauro Velho - UERJ Profª Drª Izabel C. P. P. Frugulhetti - UFF iv LISTA DE QUADROS, GRÁFICOS E TABELAS DESCRIÇÃO PÁGINA Quadro 1 - Classificação dos Papilomavírus 04 Gráfico 1 – Relação das amostras soropositivas para HIV-1 e 36 soronegativas para HIV-1 e presença de DNA HPV Gráfico 2 – Análise da infecção produtiva e infecção latente por 37 papilomavírus nas amostras reativas para DNA HPV Gráfico 3 – Distribuição dos tipos detectados quanto ao risco 47 atribuído: baixo risco, alto risco e risco desconhecido Tabela 1 – Resultado das análises referentes ao PCR DNA HPV, 40 seqüenciamento de DNA e indicação clínica das amostras procedentes do IFF Tabela 2 – Resultado das análises referentes ao PCR DNA HPV, 42 seqüenciamento de DNA e indicação clínica das amostras procedentes do HUGG Tabela 3 – Resultado das análises referentes ao PCR DNA HPV, 44 seqüenciamento de DNA e indicação clínica das amostras procedentes do HUPE Tabela 4 – Os diferentes tipos de HPV de alto risco detectados e as 45 respectivas amostras onde estes foram detectados Tabela 5 - Os diferentes tipos de HPV de baixo risco detectados e as 46 respectivas amostras onde estes foram detectados Tabela 6 - Os diferentes tipos de HPV de risco desconhecido 46 detectados e as respectivas amostras onde estes foram detectados Tabela 7 – Tabela de contingência 2x2 representativa com os dados 48 obtidos e utilizados para análise por teste de associação Qui Quadrado com correção de Yates v LISTA DE ILUSTRAÇÕES DESCRIÇÃO Figura 1 – Microscopia eletrônica da partícula do Papilomavirus PÁGINA 05 Humano Figura 2 – Estrutura genômica do HPV 05 Figura 3 – Infecção e replicação do Papilomavírus Humano nas células 11 epiteliais cervicais Figura 4 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para β- 29 globina Figura 5 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 30 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 01 a HUPE 07 Figura 6 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 30 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 08 a HUPE 23 Figura 7 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 31 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 24 a HUPE 37 Figura 8 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 31 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 38 a HUPE 50 Figura 9 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 32 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 31 a HUPE 74 Figura 10 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 32 DNA HPV das amostras procedentes do HUPE: HUPE 75 a HUPE 100 Figura 11 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 33 vi DNA HPV das amostras procedentes do HUGG: HUGG 01 a HUGG 21 Figura 12 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 33 DNA HPV das amostras procedentes do HUGG: HUGG 22 a HUGG 33 Figura 13 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 34 DNA HPV das amostras procedentes do HUGG: HUGG 34 a HUGG 48 Figura 14 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 34 DNA HPV das amostras procedentes do HUGG: HUGG 49 a HUGG 51 e IFF 31 Figura 15 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 35 DNA HPV das amostras procedentes do HUGG: HUGG 56 a HUGG 72 Figura 16 – Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para 35 DNA HPV das amostras procedentes do IFF: IFF 01 a IFF 18 Figura 17 – Gel de agarose 2% demosntrando o resultado de PCR para 36 DNA HPV das amostras procedentes do IFF: IFF 19 a IFF 30 Figura 18 – Exemplo do eletroferograma fornecido pelo seqüênciador 38 pós análise da amostra. Eletroferograma referente à amostra HUPE 85 Figura 19 – Representação da análise da seqüência obtida pelo 39 seqüenciador utilizando o GeneBank – BLAST. O resultado é referente à análise da amostra HUPE vii SUMÁRIO DESCRIÇÃO PÁGINA I- Introdução 01 I-1 Papilomavirus Humano (HPV) 01 I-1A Histórico 01 I-1B Transmissão 02 I-1C Variabilidade Genética e Tropismo Celular 03 I-1D Estrutura Viral 04 I-1E Replicação Viral 09 I-1F Infecção Latente e Infecção Produtiva 12 I-1G Diagnóstico por Biologia Molecular 13 I-1H Tratamento 15 I-1I Prevenção 17 I-2 HIV e HPV – Infecção mista 18 II- Objetivos 20 II-1 Objetivo Geral 20 II-2 Objetivos Específicos 20 III- Metodologia 21 III-1 Casuística 21 III-2 Papanicolau 21 III-3 Teste para HIV 22 III-4 Coleta de amostra 22 viii III-5 Extração do DNA 23 III-6 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) 23 III-6A PCR para o gene da β-globina humana 23 III-6B PCR para DNA HPV 24 III-7 Seqüenciamento de DNA 26 III-7A Seqüenciamento ciclíco 27 III-7B Purificação em coluna CentriSep 27 III-7C Análise dos resultados 27 IV- Resultados IV-1 Análises estatísticas 28 47 V- Discussão 50 VI- Conclusão 58 VII- Referências Bibliográficas 60 ANEXOS ix Resumo O Papilomavírus Humano (HPV) pertence à família Papovaviridae, subfamília Papillomavirinae. É um vírus com 55nm de diâmetro, não envelopado, capsídeo icosaédrico, possui genoma constituído de dupla fita de DNA circular com aproximadamente 7.900 pares de nucleotídeos e se replica no núcleo da célula. Os HPVs são espécie específicos e epiteliotrópicos, causam hiperproliferação localizada manifestadas mais comumente como verrugas de pele ou como condiloma acuminado em mucosa. Mais de 120 tipos diferentes têm sido identificados com base na heterologia da seqüência de DNA. Aproximadamente 40 tipos infectam o trato genital podendo ser dividos em tipos de alto risco, baixo risco e risco desconhecido. Neste estudo foram analisadas 196 gestantes atendidas pelo serviço de Pré-Natal de três hospitais públicos diferentes localizados na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Trinta e oito amostras eram soropositivas para HIV-1 e 120 soronegativas para HIV-1. Uma amostra de escovado cervical foi colhida de cada gestante durante o acompanhamento pré-natal. O DNA HPV foi extraído e detectado por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando um par de primers degenerados (MY11/09) que amplificam um fragmento de 450 bp da região L1 do genoma viral. A identificação do tipo foi realizada por seqüenciamento direto do DNA HPV em equipamento seqüenciador ABI Prism 310 Genetic Analyzer e 3.100 Avant Genetic Analyzer - Perkin Elmer CA. As seqüências obtidas foram comparadas com outras seqüências disponíveis no GenBank utilizando o servidor BLAST. Das 196 amostras analisadas, em 56 (28.6%) foi detectado o DNA HPV por PCR, e dessas 56 amostras 18 eram soropositivas para HIV-1. Seis pacientes apresentavam infecção clínica no momento da coleta do escovado cervical. O tipo de HPV foi identificado em 38 (67.8%) das 56 amostras. Dezenove tipos diferentes de HPV foram correlacionados com alto risco, 7 com baixo risco e 8 com risco desconhecido. x Abstract Human Papillomaviruses (HPV) belong to the Papovaviridae family, Papillomavirinae subfamily, sharing properties that include no enveloped small size virions (55nm in diameter), an icosahedral capsid, a double-stranded circular DNA genome (7.900 nucleotide pairs) and the nucleous as the replication site. The HPVs are strictly species-specific and epitheliotropic. They cause localized hyper proliferations manifested most commonly as skin warts or as mucosal condilomata. More than 120 types of HPV have been defined on the basis of DNA sequence heterology. Approximately 40 types have been found in the genital tract. They can be stratified into high, low or unknown risk types. In this study, 196 pregnant women, attended in the Prenatal Care Service at three different general hospitals in Rio de Janeiro, Brasil were analyzed. Thirty-eight were HIV-seropositive and 120 HIV-seronegative. Cervical samples were obtained from each pregnant woman on her regular examination at the service. The HPV DNA was extracted and was detected by Polymerase Chain Reaction (PCR) using degenerate consensus primers MY11/09 which amplified a 450 bp fragment from L1 genome region, followed by typing identification based on directed sequencing (ABI Prism 310 Genetic Analyzer; 3.100 Avant Genetic Analyzer - Perkin Elmer CA). Sequences obtained were compared to all of those available in the GenBank using the BLAST server. Out of the 196 cervical samples, 56 (28.6%) had HPV DNA detected by PCR and, from these, 18 were also HIV-seropositive. Only six patients had clinical infection when they were recruited into this study. The type of HPV was identified in 38 (67.8%) of the 56 samples. Nineteen different types were correlated to the high risk type, seven were correlated to the low risk type and eight were correlated to the unknown risk type. xi INTRODUÇÃO I- Introdução I-1 Papilomavirus Humano (HPV) I-1A Histórico A etiologia viral das verrugas de pele em humanos (papilomas) foi estabelecida em 1907 através da transmissão direta das verrugas pela inoculação de um extrato celular livre em tecido verrucoso. Baseado em suas características e aspectos histológicos, as verrugas são distribuídas em humanos em vários sítios diferentes: pele, trato genital, cavidade oral e trato respiratório. Também são encontradas em diferentes espécies animais. Os Papilomavirus pertencem a família dos Papovaviridae, subfamília Papilomavirinae, causam hiperproliferação celular localizada, e são identificados como agente causador do condiloma acuminado, verrugas genitais e também são associados a carcinomas invasores e benignos. O primeiro papilomavirus foi descrito em 1930 quando Richard Shope identificou o vírus em cottontail rabbit e denominou de Shope papilomavirus. O Shope papilomavirus de coelho foi um dos primeiros exemplos de estudo experimental de um vírus que causa câncer em mamíferos e de um vírus DNA oncogênico. Este vírus recuperado a partir da ocorrência natural de papiloma cutâneo em cottantail rabbit, produziu papiloma em coelhos domésticos com carcinoma progressivo na maioria dos casos. Em 1933 foi denominado de Cottotail Rabbit Papilomavirus (CRPV) (Sheh VK, 1996) No período de 1960, acreditava-se que apenas um tipo de Papilomavirus Humano (HPV) era dominante e a natureza de infectar um epitélio específico como sítio particular era provavelmente responsável pelas características morfológicas e pelo comportamento das lesões verrucosas. No período de 1970, quando as técnicas moleculares de clonagem de DNA viral foram disponibilizadas, o primeiro genoma de papilomavirus foi clonado com sucesso em bactéria, a partir daí a extraordinária diversidade dos papilomavirus humano e animal foi reconhecida. A análise de isolados de DNA viral a partir de diferentes lesões individuais, levou a identificação de mais de 1 70 tipos diferentes de HPV e possibilitou a associação de lesões clínicas específicas com diferentes tipos de HPV. Em geral os papilomavirus são específicos para diferentes espécies não havendo exemplo de infecções cruzadas entre as mesmas. (Sheh VK, 1996) I-1B Transmissão A infecção por papilomavirus é facilmente transmitida por fissuras microscópicas no epitélio exatamente como ocorre durante o ato sexual, sendo esta a forma mais evidente de transmissão. Pode ser transmitida de mulher para mulher, de homem para homem e homem/mulher. A melhor alternativa para o estudo da infecção por HPV é a nível molecular porque muitas infecções não são evidentes ao microscópio ou apresentam aspectos clínicos visíveis. A faixa etária para a infecção cervical por HPV é similar a outras infecções sexualmente transmissíveis, com um amplo espectro a partir do inicio da atividade sexual. Como todos os tipos oncogênicos são transmitidos por via sexual, é muito comum a ocorrência de infecções múltiplas. Cada tipo de HPV é separado geneticamente e considerado idividualmente como infecção sexualmente transmissível (IST) (Schiffman M et al. 2003). Lesões orais por HPV não são comuns. Entretanto, a transmissão oral-genital do HPV é sugerida devido a detecção do HPV 6, 11 e 16 em amostras da região oral. Aproximadamente em 25% dos casos de cânceres oro-faríngeos o DNA HPV foi detectado integrado no genoma da célula do hospedeiro. Transmissão não sexual do HPV dos tipos 6 e 11 para conjuntiva e região nasal tem sido descrita. A transmissão de tipos não genitais para área genital tem sido descrita através de outros fatores como roupas de cama, de banho e vestimentas, da mesma forma de tipos genitais são assim transmitidos (Clinical Proceedings 2001). A respeito da transmissão vertical, muitos autores avaliam a presença de DNA HPV nas gestantes e após o nascimento nas crianças levando também em consideração o tipo de parto: normal ou cesariana. Elaine M. Smith e colaboradores em 2004, realizaram um trabalho para avaliar a transmissão vertical e a concordância 2 dos tipos de HPV nas mães e nos recém natos. A pesquisa confirma a transmissão vertical, mas observa não haver concordância entre os tipos encontrados nas mães e os tipos encontrados nos recém natos. Wang Xiaoping e colaboradores em 1998 confirmaram a transmissão com taxa de 50% em casos onde foi realizado parto normal e taxa de 33.3% em casos onde foi realizado parto cesariana. Chih-Jen Tseng e colaboradores em 1998 também demonstraram uma taxa de 39.7% de transmissão vertical do HPV-16 e HPV-18. No procedimento de parto normal a taxa de transmissão foi de 51.4% e no procedimento de cesariana a taxa foi de 27.3%. Pode-se observar a partir desses dados que o HPV pode ser transmitido por via vertical, não apenas por via vaginal durante o parto mas também por via placentária durante o período intrauterino. I-1C Variabilidade Genética e Tropismo Celular O motivo do tropismo específico do HPV é pouco conhecido, presume-se que está ligado as diferenças genéticas secundárias dos diferentes tipos de HPV que interagem com as proteínas codificas pelo hospedeiro em diferentes sítios. O número de tipos de HPV descritos é de aproximadamente 120, sendo de 20-30% desses tipos não classificados pois foram parcialmente seqüenciados. São numerados de acordo com a ordem em que são descobertos. Um novo tipo de HPV é determinado quando no mínimo 10% da seqüência dos genes E6, E7 e L1 diferem a partir de qualquer tipo já conhecido e identificado. Subtipos e/ou variantes são assim determinados quando a diferença do genoma é menor que 2,5 a 5,0% quando comparado com um tipo já determinado. Já foram descritos, aproximadamente, 30 tipos diferentes de HPV que infectam o trato anogenital de homens e mulheres resultando em doenças como condilomas, verrugas planas, lesão papular, lesão subclínica e pré-câncer. Doenças causadas pelos tipos de baixo risco se apresentam como condiloma papular e também podem apresentar lesões planas identificadas ou não durante o exame clínico. Essas verrugas se desenvolvem a partir de infecção epissomal (Clinical Proceedings, 2001; Marques JA et al, 2000) 3 Os tipos de HPV genital são subdivididos atualmente em tipos de baixo risco, encontrados principalmente nas verrugas genitais e tipos de alto risco que estão associados freqüentemente ao câncer invasivo cervical. Este critério é baseado em estudos moleculares epidemiológicos que analisam o risco estimado e a evidência do potencial oncogênico de vários tipos de HPV. Entretanto, alguns tipos estão sendo classificados como risco desconhecido ou indetrminado devido à baixa incidência na população dificultando a análise epidemiológica e análise do potencial oncogênico. O quadro 1 abaixo descreve a classificação dos tipos de HPV e o risco atribuído aos mesmos (Munoz N, 2003). Quadro 1.: Classificação dos papilomavírus Tipos de HPV Risco atribuído 16, 31, 33, 35, 52, 58 (grupo A9) 18, 39, 45, 59, 68, 70 (grupo A7) 26, 51, 82 (grupo A5) ALTO RISCO 53, 56, 66 (grupoA6) MM4 6, 11, 44 (grupo A10) 34, 73 (grupo A11) 40, 43 (grupo A8) 42 (grupo A1) BAIXO RISCO 61, 72, 81, 83, 84, CP6108 (grupo A3) 57 (grupo A4) 86 87,54, 35H, LVX82, LVX160, Xc RISCO DESCONHECIDO I-1D Estrutura viral Os papilomavirus possuem um capsídeo icosaédrico não envelopado, composto de 72 capsômeros com aproximadamente 55nm de diâmetro (Figura 1) contendo o genoma viral de DNA dupla fita de aproximadamente 8.000 pares de bases (bp). O genoma pode ser encontrado integrado ao cromossoma da célula hospedeira e na 4 configuração epissomal (DNA viral está separado do DNA celular, se apresenta de forma circular no interior da célula hospedeira e se auto replica). O DNA viral pode ser dividido em 3 regiões: Regiões regulatórias (URR), regiões “Early” (E) e “Late” (L), que são as regiões de leitura abertas (Open reading Frames - ORFs) (Figura 2). Todas codificadas em apenas uma fita de DNA. FIGURA 1- Microscopia eletrônica da partícula viral do Papilomavirus Humano (www.ipog.com.br/imagens.htm) FIGURA 2 - Estrutura genômica do HPV Genoma do HPV-16 Proteínas não estruturais Proteínas do vírion 5 Estudos recentes utilizando deleção ou mutagênese de sítios dirigidos têm permitido o conhecimento das funções específicas das regiões ORFs do genoma viral. A região “Late” codifica proteínas estruturais L1 e L2 responsáveis pela formação do capsídeo viral sendo este composto 80% pela proteína L1 e o restante composto pela proteína L2. Essas proteínas são codificas tardiamente no ciclo de replicação viral. A região “Early” é expressa no início da infecção e é responsável pela manutenção de um número elevado de DNA do HPV no hospedeiro. Essa região, nos tipos de alto risco, também codifica proteínas importantes para a transformação da célula hospedeira levando ao câncer. Sete diferentes áreas desta região são codificadas para proteínas identificadas como E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7. A Proteína E1 especifica duas outras proteínas necessárias para regulação da replicação do DNA epissomal, age como uma helicase abrindo a fita dupla de DNA e promove a iniciação da replicação do DNA viral; a E2 codifica duas proteínas que são reguladoras da transcrição viral, com função auxiliar na replicação do vírus; a E3 ainda tem função desconhecida, a E4 está envolvida na infectividade viral, é codificada tardiamente no ciclo de replicação e atua no rompimento dos filamentos de citoqueratina (Howley PM, 1996; Stolen MH et al, 2003). As proteínas E5, E6 e E7 tem papel importante no processo de oncogênese, estão envolvidas na transformação celular (Howley PM, 1996; Stolen MH et al, 2003; clinical proceedings,2001). A proteína E5 não possui atividade enzimática é provável que sua função esteja ligada a alteração da atividade de proteínas da membrana celular envolvidas na proliferação. É uma proteína transformadora de membrana que interage com receptores do fator de crescimento. Os primeiros dados referentes a possível função da E5 foram obtidos a partir de estudos do gene E5 codificado pelo Papilomavirus Bovino tipo 1 (BPV-1). A proteína E5 do BPV-1 está localizada na membrana plasmática e pode cooperar com o receptor do fator de crescimento de epiderme (EGFR) e com o receptor de fator-1 estimulante de colônia. Esta interação induz à transformação de células de linhagem NIH 3T3, possivelmente, aumentando a sinalização mediada pelos receptores (Martin et al. 1989). O receptor tipo β para fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGFR β) é ativado em fibroblastos transformados pela proteína E5 do BPV-1. Há uma curta 6 região de seqüência similar entre a proteína E5 e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), que permite a ligação desta proteína ao PDGFR β sugerindo a ativação direta deste receptor pela E5. É observada uma preferência da proteína E5 pelo PDGFR β (Petti L et al, 1992 e 1994). Martin et al em 1989, demonstraram que a proteína E5 pode estimular a atividade transformadora do EGFR humano em células NIH 3T3 e afetar o metabolismo desse receptor nessa linhagem celular. O maior efeito da expressão da E5 sob o receptor é de estabilizar a interação ligante-receptor. A E5 é capaz de interagir com vários receptores de fator de crescimento. Em células de linhagem COS, a E5 forma preferencialmente complexo com o PDGFR β e não com o EGFR quando ambos estão co-expressos (Petti L et al, 1994). O gene E6 de muitos tipos de HPV foi descrito in vitro como tendo atividade transformadora em células de roedores e cooperando com o E7 para a imortalização dos queratinócitos humanos. A oncoproteína E6 codificada pelos tipos de HPV de alto risco como o 16 e o 18 degrada a p53, proteína produzida pelo gene supressor de tumor p53, através da formação de um complexo com a ubiquitina ligase celular, E6AP. A proteína E6 codificada por tipos de baixo risco apresenta uma redução na habilidade de transformação das células e das funções bioquímicas da p53 devido à ligação por baixa afinidade entre a E6 e a p53, consequentemente a E6 do HPV11 (baixo risco) demostra uma fraca elevação nas taxas de mutação quando expressas em células de mamíferos. Além disso quando expressada em células diplóides humanas, a proteína E6 do HPV-6 é incapaz de alterar o perfil do ciclo celular dessas células. Embora estes dados sugerem que a habilidade da E6 de anular a função da p53 no ciclo celular contribui para aumentar o potencial oncogênico observado nos HPVs de alto risco, permanece determinado que a função da E6 dos vírus de alto risco independente da p53, é conservada na E6 dos vírus de baixo risco (Zwerschke W et al. 2000, Oh ST et al. 2004). Em infecção por HPV-16, uma super expressão da proteína E6 pode bloquear a apoptose induzida por E2 e E7. Durante a infecção os sinais próapoptose gerados por E2 e E7 são provavelmente contrabalanceados pela proteína E6. Essa informação está de acordo com estudos que demonstram um aumento de proliferação celular e diminuição de apoptose em epitélio cervical infectado por HPV (Nair P et al. 1999, Webster K et al. 2001) 7 A proteína E7 é codificada por vários tipos de HPV, tem função como oncoproteína, atua ligando à membrana proteínas supressoras de tumor como a retinoblastoma (Rb), inibindo sua habilidade de modular a função do fator de transcrição E2. Thomas et al em 1999, usando um sistema genético envolvendo a transferência de genomas clonados de HPV para células de queratinócitos, demonstrou que a expressão funcional das proteínas E6 e E7 dos tipos de HPV de alto risco é necessária para a manutenção da replicação do genoma epissomal. Entretanto quando as proteínas E6 e E7 são retiradas do genoma, o vírus não consegue se manter por muito tempo em ensaios de replicação. Queratinócitos imortalizados espontaneamente, contendo genoma do HPV-16 mutado na região E7 são incapazes de amplificar o DNA viral durante a diferenciação celular, o que sugere o envolvimento da proteína E7 em estágios tardios do ciclo de vida viral. O mecanismo pelo qual as proteínas E6 e E7 contribuem para manter os epissomas no ciclo de vida do vírus não é totalmente conhecido. Sabe-se que uma mutação na região E6 do genoma elimina a habilidade da proteína E6 de inativar a ação da p53, perdendo a função de manter o DNA epissomal o que sugere uma importância da p53 nessa ação. (Oh ST et al. 2004, Zwerschke W et al. 2000). Os genes supressores de tumor codificam proteínas que regulam o crescimento celular e previnem eventos que iniciam a transformação malígna das células. O gene supressor de tumor p53, também conhecido como “guardião do genoma”, está localizado no braço curto do cromossoma 17. É o gene mais mutado em cânceres humano. O gene p 53 tem esse nome por que codifica uma proteína de 53 Kilodaltons (Kb) que é uma fosfoproteína nuclear que normalmente está presente em baixas quantidades e tem uma meia vida muito curta nas células normais. Quando o DNA é defeituoso, o gene p53 é ativado e a proteína p53 interage com outras proteínas. Essa ação coordenada consiste em conter o ciclo celular na fase G1 para permitir o reparo do DNA. Se o DNA for reparado, o ciclo celular continua normalmente. No caso do reparo não ser realizado, a p53 sinaliza para outras proteínas resultando na indução da apoptose. A p53 é considerada um fator de controle “checkpoint” (Juan LJ et al. 2000). No caso de mutação da p53 esta pode perder suas funções. A detecção da 8 proteína p53 tem sido usada em imunohistoquímica como fator prognóstico de carcinoma invasivo cervical de células escamosas (Brenna S M et al. 2002). Polimorfismos do gene p53 é visto como sendo comum e tem sido descrito em pacientes com câncer cervical. O indivíduo pode carregar duas variações do gene p53; p53 arg ou p53 pro. Tem sido sugerido que a oncoproteína E6 do HPV inativa mais facilmente o gene p53 arg do que o pro, levando a uma associação com o resultado da infecção por HPV. Na verdade tem sido proposto, não com uma concordância unânime, que indivíduos que são homozigotos para p53 arg podem ser menos protegidos contra os efeitos dos tipos oncogênicos de HPV (Brenna SM, et al 2003). Outro gene supressor de tumor foi nomeado como gene Rb por ter sido identificado a primeira vez no retinoblastoma. É localizado no cromossoma 13 e codifica uma proteína nuclear que regula a expressão dos genes. A perda da função da proteína Rb dá início a perda do controle natural inibitório da progressão do ciclo celular (Kastan M B; et al 1997). A região URR é responsável pela regulação da replicação viral e controle da transcrição de algumas regiões “Early” no ciclo de replicação viral. O ciclo de replicação do HPV é ligado à diferenciação do tecido epitelial. A infecção ocorre nas células da camada basal do epitélio estratificado onde o genoma é estabilizado como epissoma e replicado sincronizadamente com DNA cromossômico (Oh ST et al. 2004). I-1E Replicação Viral Magnus Evander et al, em 1997 e Chun-Sik Yoon em 2001, sugeriram que a subunidade α6 da integrina como o possível receptor para o Papilomavirus nas células basais epiteliais. A integrina é um receptor de membrana para matriz extracelular, com destribuição limitada no tecido epitelial, endotelial e nas células neurais. O ciclo de replicação do HPV está ligado diretamente com as camadas diferenciadas do tecido epitelial. A infecção ocorre nas células da camada basal ou do epitélio estratificado onde o genoma viral se estabiliza como epissoma e é replicado 9 sincronizadamente com o DNA cromossomial. Seguindo a divisão celular, uma célula filha infectada migra a partir da camada basal e começa a se diferenciar resultando na ativação da expressão dos genes “Late”, amplificação do genoma viral e liberação da partícula infectante.(Oh ST et al. 2004). A infecção do vírus ocorre nos queratinócitos basais, a transcrição inicial do genoma viral é regulada através da proteína E2. A proliferação e desordem celular da diferenciação dos queratinócitos é induzida pelas proteínas E6 e E7 e a estimulação das células que estão na fase S do ciclo celular induzem as enzimas do hospedeiro a sintetizarem DNA viral. A replicação do DNA viral é inicializada e a dupla fita de DNA é estabilizada e mantida na forma epissomal. As proteínas do capsídeo, L1 e L2, e a proteína associada à fase "Late", E4, são sintetizadas e a partícula viral é organizada durante os estágios terminais da diferenciação dos queratinócitos. A progênie viral é liberada e os queratinócitos mortos são descartados a partir da superfície do epitélio (Phelps WCP et. al. 1995). A cérvice normal tem uma zona de transformação estreita onde existe uma transição abrupta a partir do epitélio colunar (às vezes via epitélio metaplásico) para epitélio escamoso. O HPV mais infeccioso provavelmente é o encontrado nas células que estão próximas a essa junção. O vírus HPV obtém acesso as células basais do epitélio da cérvice via vagina, por exemplo, durante o ato sexual, onde irão se replicar fora do cromossomo do hospedeiro, dentro do núcleo como epissoma e expressam os genes virais "Early". As células basais infectadas que mostram sinais de transtorno celular como resultado da infecção viral, mantém sua diferenciação e migração para a superfície do epitélio, onde nesse momento as células escamosas iniciam a expressão dos genes "Late" do HPV: L1 e L2. Partículas virais infecciosas são formadas e lançadas no lúmem da vagina. A infecção por HPV, particularmente os de alto risco, pode progredir de displasia leve induzida por HPV, para estágio final de neoplasia cervical intraepitelial (NIC III) e, eventualmente, para câncer invasivo cervical quando a base da membrana é rompida pelas células transformadas permitindo a difusão local e distante dessas células produzindo metástase. Em células epiteliais transformadas o genoma do HPV é integrado no cromossomo do hospedeiro com expressão dos oncogenes, especificamente das proteínas E6 e E7, que vão se ligar aos genes supressores de tumor p53 e Rb (Figura 3). 10 Figura 3 - Infecção e replicação do Papilomavirus Humano nas células epiteliais cervicais Cérvice normal Lançamento de particulas virais Infecção por HPV Formação de vírus infeccioso Células epiteiais escamosas Diferenciação e movimento celular Base da membrana Expressão de L1 e L2 Células basais epiteiais Replicação do epissoma expressão de E1, E2, E4-7 Zona de transformação da cérvice Epitélio Colunar Epitélio escamoso Transformação malígna das células Integração do HPV no cromossoma do hospedeiro Arquitetura de desordem celular Células epiteliais transformadas por HPV Células em diferenciação celular Invasão NIC III Expressão de E6 e E7 Ligação com p53 e Rb Câncer cervical invasivo Modificado de Expert Reviews in molecular medicine (www-ermm.cbcu.cam.ac.uk/ smc/images/fig001smc.htm - Expert Reviews in Molecular Medicine © Cambridge University Press ISSN 1462-3994) 11 I-1F Infecção latente e infecção produtiva O termo latência tem sido aplicado para designar a detecção do HPV em pacientes que não possuem evidência da doença nos exames citológicos, colposcópico e morfológico. O vírus é detectado apenas por testes moleculares, onde o DNA viral é pesquisado através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e Captura Híbrida. O período de latência é extremamente variável mas é estimado que o vírus permaneça dessa forma num intervalo de um a oito meses. Não é elucidado se a liberação do estado de latência pode ocorrer a partir da identificação do vírus pelo sistema imunológico, ou se é necessário um grande número de cópias virais para que haja identificação pelo sistema imune. O que estimularia a produção da infecção. Nesse caso a maioria dos indivíduos apresentam lesões transitórias semelhantes que não são detectadas. (Clinical proceedings, 2001; Middleton K et al, 2003). Durante o período de latência o HPV, mantém-se com baixo número cópias como epissoma nas células da camada basal e parabasal do epitélio. Ocorre a replicação do epissoma somente quando há divisão celular do hospedeiro. A infecção viral começa quando o HPV se replica independente da divisão celular do hospedeiro. Resultando em um crescimento das lesões assim como na indução da proliferação celular do hospedeiro pelo vírus. Essas lesões induzidas pelo HPV promovem um aumento do número de moléculas de DNA viral nas camadas superficiais e intermediárias do epitélio. Sendo a maioria das infecções por HPV associadas a lesões transitórias, não é claro em que proporção o indivíduo infectado desenvolve a expressão de lesão produtiva por HPV. O fator exato que determina a transição de infecção latente para produção de infecção viral é desconhecido, mas a complexa interação entre hospedeiro, vírus e fatores ambientais é muito importante (Middleton K et al, 2003). Baseado em evidências de um período de estudo epidemiológico, Xavier Castellsagué em 2002 demonstrou que o uso de contraceptivos orais (CO) por longos períodos, o fumo, a co-infecção com outros agentes sexualmente transmissíveis e o número de gravidezes são identificados como os co-fatores ambientais de maior ligação na progressão da infecção por HPV para lesões intraepiteliais de alto risco e câncer invasivo cervical. Segundo o amplo estudo da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), mulheres com sete ou mais gravidezes termo, 12 apresentavam quatro vezes mais risco de desenvolver câncer cervical de células escamosas quando comparadas com mulheres que nunca estiveram grávidas. O uso de contraceptivos orais (CO) tem sido associado com o câncer cervical em muitos, mas não em todos os estudos epidemiológicos. Alguns achados epidemiológicos sugerem que o uso de CO por 5 anos ou mais é um co-fator que pode aumentar para quatro vezes o risco de câncer cervical em mulheres que possuem DNA HPV. Não há muitos dados disponíveis a respeito do mecanismo pelo qual as influências hormonais podem modular o risco da progressão para uma doença cervical avançada entre mulheres infectadas por HPV. Mecanismos hormonais relatados podem influenciar a progressão de pré-malígna para lesão cervical malígna, promovendo a integração do DNA HPV no genoma humano que resulta na ativação da expressão das proteínas E6 e E7. Estudos experimentais tem demonstrado que o estradiol pode estimular a transcrição dos genes E6 e E7 do HPV16 em linhagens de células que contém HPV16 integrado. Sendo essas proteínas associadas com o potencial oncogênico do HPV, o efeito do estrogênio na transcrição desses genes virais pode ser de relevância biológica na transformação malígna de células infectadas por HPV 16 (IARC 1999; Moreno V et al. 2002). O HPV encontra-se presente em baixo número de cópias na camada de células basais. Uma vez desenvolvida a lesão produtiva, a replicação viral produz inúmeras cópias de genoma viral nas células mais próximas a superfície do epitélio. As células superficiais do epitélio são as que contém maior número de cópias virais. A infecção produtiva pode permanecer durante 3 -6 meses antes da manifestação da resposta imune se iniciar. O sucesso desta resposta imunológica será determinante para a persistência ou regressão da doença, a extensão e severidade das lesões e o sucesso da terapia de tratamento. I- 1G Diagnóstico por Biologia Molecular Além dos testes citopatológicos como a citologia, a histologia e a imunohistoquímica a biologia molecular têm sido de suma importância para o diagnóstico e orientação de conduta a ser tomada em paciente com infecção genital 13 por papilomavirus humano. O diagnóstico molecular pesquisa a presença do DNA do HPV no trato genital permitindo: a detecção do vírus em lesões precursoras e avançadas; lesões colposcópicas não características; citologia sugestiva de alterações morfológicas; lesões de baixo grau no colo, vagina e vulva; discordância citohistopatológica e controle da infecção e tratamento. A biologia molecular pode ser aplicada em secreção cervicovaginal, raspado uretral, de glande e prepúcio, lesões cutâneo mucosas, biópsias ou peças cirúrgicas, material emblocado em parafina, raspado de lesões em meio de transporte conservante (Lancellotti CLP et al. 2000) As principais técnicas de biologia molecular utilizadas para detecção do DNA do HPV são a Hibridização in situ, a Captura Híbrida e a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A Hibridização in situ consiste na detecção de seqüências específicas de DNA ou RNA em cortes de tecido ou preparados citológicos, utilizando-se uma seq6uência complementar de ácidos nucléicos (sondas ou “probes”) marcada. Sob condições apropriadas ocorre a hibridização da sonda com a seqüência alvo do DNA viral. A hibridização in situ permite fazer a correlação com os aspectos morfológicos/ histológicos das lesões permitindo a análise de biópsias ou peças cirúrgicas. Esta técnica também permite a detecção de tipos de baixo risco e alto risco utilizando um “pool” de sondas específicas para determinados tipos (Cooper K 1996) O sistema de captura do híbrido utiliza em uma solução hibridizadora, anticorpos na captura com amplificação de sinal, sendo detectado pela quimioluminescência. Espécimes contendo DNA do HPV hibridizam-se com o coquetel de sondas específico RNA-HPV. O resultado dos híbridos é capturado sobre a superfície da microplaca recoberto com anticorpos específicos para os híbridos RNA/DNA. A seguir, faz-se a reação destes híbridos imobilizados com conjugado de anticorpos específicos para híbridos de RNA/DNA e fosfatase alcalina, que são detectados por um substrato quimioluminescente. A Captura Híbrida é capaz de detectar 18 tipos de HPV que mais comumente infectam o trato genital (Castle PE et al. 2002, Clavel C et al. 1998) 14 A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é utilizada para detecção de DNA do HPV livre e integrado no genoma da célula hospedeira. É uma técnica de grande sensibilidade, pois amplifica um segmento específico de DNA do agente investigado. É uma amplificação enzimática que permite detectar números baixos de cópias de DNA do HPV em períodos diferentes da infecção. Através de repetidos ciclos de desnaturação do DNA por calor, pareamento dos primers específicos e atividade de polimerização da enzima DNA polimerase termorresistente, geram-se milhões de fragmentos idênticos de DNA que podem ser visualizados por luz ultravioleta (UV), permitindo o diagnóstico (Lörincz AT et al. 2003). A tipagem do HPV pode ser realizada a partir da digestão do amplificado com enzimas de restrição, fornecendo um padrão tipo-específico; por hibridização com sondas específicas para cada tipo ou por seqüenciamento do DNA (Johnson T et al. 2003) I- 1H Tratamento O objetivo do tratamento é reduzir, remover ou destruir lesões clínicas ou subclínicas, além de prevenir a transmissão do HPV. Na maioria dos casos o tratamento pode induzir a períodos de ausência de lesão, mas lesões recidivas da infecção do HPV podem ocorrer devido principalmente a latência do vírus, aderência ao tratamento, falha do método terapêutico, nova contaminação, auto contaminação. Determinar o tempo de tratamento e reduzir a transmissão das verrugas genitais é difícil pois é necessário determinar o tempo de persistência e a infectividade do HPV. O tempo de tratamento é baseado em estudos que avaliam a persistência do HPV após a terapia (Sarian LO et al. 2004). Embora nenhum tratamento para verrugas genitais tenha seu sucesso garantido em 100%, o uso de uma associação de modalidades de tratamento atualmente disponíveis resultará no desaparecimento da lesão ou em remissão de longo prazo na maior parte dos pacientes. Para pacientes que não têm respondido a terapias cirúrgicas ou tópicas, que têm apresentado múltiplas recorrências ou têm tido lesões muito grandes, o interferon constitui uma terapia eficaz. A administração da droga resulta na erradicação das verrugas, na maioria dos pacientes, e numa baixa taxa de 15 recorrência. A terapia cirúrgica é uma opção de tratamento que tem como vantagem na maioria dos casos a eliminação das verrugas em uma única vez (Workowski KA et al 2002). A escolha do tratamento depende de diversos fatores já que nenhum deles é considerado ideal (Neves-Jorge et al. 2000): ¾ do número, tamanho e localização das lesões ¾ da aceitação pelo paciente do método proposto ¾ do estado imunológico do paciente ¾ da disponibilidade de recursos ¾ da eficácia e efeitos adversos Existem várias formas de tratar as lesões causadas pelo HPV. Os métodos disponíveis incluem: químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade (Follen M et al. 2004, Workowski KA et al 2002). ¾ Químicos - Indicado para lesões clínicas ou subclínicas, vulvares e penianas • Ácido tricloroacético (TCA) ou ácido bicloracético (BCA) 80%-90% – Aplicado diretamente na lesão. • 5-Fluoracil (5 FU) – creme a 5%. Aplicado diretamente na lesão. • Podofilina – aplicado na pele vulvar ou peniana, contra-indicado na gestação. • Isoprinosine – administrado via oral - importante para casos de recidiva. • Interferons – uso tópico, intralesional ou sistêmico. Contra indicado para pacientes HIV soropositivas com CD4<200 células / mm³ ¾ Estimuladores de imunidade 16 • Imiquimod – age aumentando a resposta imunológica – creme 5% para uso tópico. Sua segurança para uso durante a gravidez é desconhecida. • Retinóides – reduzem o tamanho da lesão para auxiliar em tratamentos cirúrgicos – Solução a 0,025%, 0,05% e 0,1% ¾ Cirúrgico • Curetagem – indicado para lesões verruciformes • Excisão por bisturi – indicado para neoplasia intraepitelial da pele ou mucosa • Conização por bisturi - indicado para neoplasia intraepitelial da pele ou mucosa • Criocirurgia – aplicação de nitrogênio líquido para congelar e destruir o tecido anormal • Laser de CO2 - indicado para todos os tipos de lesões clínicas de vulva, vagina e colo uterino. Para lesões subclínicas de vulva: sintométicas ou associadas à neoplasia intra-epitelial até o carcinoma in situ, doença de Bowen. I- 1I Prevenção A prevenção da infecção por HPV pode também prevenir o câncer cervical, e modelos experimentais em animais estão sendo utilizados para pesquisa de uma vacina com uma partícula viral similar a partícula infectante (Virus Like Particle - VLP) que representa uma proteína externa da estrutura do HPV sem um DNA infectivo. Estudos recentes em humanos tem demonstrado que essa vacina administrada por via intramuscular produz altos títulos de anticorpo tipo - específico com efeitos mínimos para o homem. Existem alguns processos de vacinação em larga escala em andamento e os resultados preliminares são promissores (Koutsk LA.et al, 2002). As vacinas "Early" estão sendo desenvolvidas para o HPV-16 e para alguns outros tipos 17 importantes, mas uma estratégia de vacinação mais eficiente requer uma vacina polivalente. O tipo de vacina VLP é puramente profilático, contendo apenas uma estrutura VLP, visando e obtendo anticorpos neutralizantes. Outro tipo de vacina que utiliza uma quimera, que também possui algumas proteínas "Early" em estado não infectante, tem o objetivo de obter imunidade terapêutica mediada por células, para elevar a eliminação viral e em conjunto produzir anticorpos neutralizantes para profilaxia. O sucesso dessas vacinas "Early" levará a uma nova geração de testes, assim como várias modificações serão necessárias ,antes que uma versão aplicável e acessível esteja disponível para o uso em todo mundo (Schiffman M et al, 2003). I-2 HIV e HPV – Infecção mista O Vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) é o agente etiológico da síndrome da imunodeficiência humana (SIDA ou AIDS). É um Retrovirus, da família dos Lentivirus. O HIV é um vírus envelopado, possui duas moléculas de RNA dispostas no interior do capsídeo, esse conjunto é envolto por uma camada protéica, formando uma estrutura denominada core. Envolvendo o core, existe o envelope, composto por uma camada dupla de fosfolipídios, na qual estão imersas várias moléculas proteicas específicas desse vírus como a gp120 que promove a ligação com o receptor CD4 e co-receptores (CXCR4 e CCR5) das células linfócito T CD4+. No core viral estão as proteínas p24, p7/p9, duas cópias da molécula de RNA, e as enzimas virais: protease, integrase e trasncriptase reversa (Immunology and microbiology on line text book). O provirus HIV-1 codifica três proteínas estruturais: gag, pol e env. Codifica também seis proteínas acessórias: tat, rev, vif, nef, vpr e vpu. As proteínas produzidas pelo HIV tem importância particular em relação a sua atuação no processo de carcinogênese cervical, principalmente tat e rev e possivelmente vpr. A proteína tat aumenta a transcrição dos genes virais, enquanto o rev atua pós transcricionalmente transferindo o RNAm viral do núcleo para o citoplasma. A proteína vpr assegura a infecção em macrófagos, causa interrupção na fase G2 ; dessa forma aumenta a 18 produção viral (Clarke B et al. 2002). O gene tat do HIV-1 que codifica uma proteína regulatória, tem sido associado como possível mecanismo para o aumento da expressão do HPV em indivíduos soropositivos. O tat em combinação com a proteína E2 do HPV 16, por exemplo, acentua a transativação da região URR do HPV, aumentando a expressão dos genes do HPV (Wright TC Jr et al, 1996). A infecção por HIV produz também um enfraquecimento progressivo do sistema imunológico local mediado por células e um acentuado declínio no número de células CD4 na pele. Sendo a resposta imune local mediada por células de grande importância para o controle da infecção por HPV, a diminuição na eficiência dessa resposta pode ser responsável pelo aumento da suscetibilidade e da severidade em uma infecção mista de HIV e HPV. As células de Langehans (produzidas na medula) tem um papel essencial na resposta imune em regiões de mucosa e epitélio escamoso. Em indivíduos normais com infecção por HPV, a diminuição dessas células está relacionada com a severidade da infecção por HPV. Em indivíduos portadores de HIV, sem infecção mista por HPV, a diminuição das células de Langehans está relacionada com o estágio da infecção por HIV. Portanto, o HIV e o HPV afetam as células de Langehans prejudicando a habilidade do organismo de responder contra a infecção por HPV, permitindo assim um aumento na prevalência e severidade da doença quando associada ao HIV (Bell MC et al, 2000; Tay SK et al, 1987; Caorsi I et al, 1986) A incidência das infecções por HPV em indivíduos imunodeficientes tem aumentado. Pacientes submetidos a transplante e indivíduos com depleção do sistema imunológico por quimioterapia e radioterapia, tem demonstrado um aumento no risco de desenvolver infecções por HPV. Desde o reconhecimento do HIV em 1980, este tem liderado a causa de imunodeficiência em todo mundo. Os efeitos citopáticos causados pelo HIV nas células t-helper (CD4+) prejudicam a habilidade humana em processar uma resposta celular contra microorganismos. Esse fato permite um aumento da suscetibilidade dos pacientes portadores do HIV ou com AIDS para o desenvolvimento de infecções: bacterianas, fúngicas, virais e parasitológicas. 19 OBJETIVOS II – Objetivos II-1Objetivo Geral - Avaliar, por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), a presença e tipagem de DNA do HPV em amostras de escovado cervical de gestantes soropositivas e soronegativas para HIV-1, atendidas em três hospitais da rede pública de saúde na cidade do Rio de Janeiro. II-2 Objetivos específicos - Através da utilização da técnica de seqüenciamento de DNA, identificar o tipo específico de HPV de cada amostra reativa na PCR. - Avaliar a presença de DNA HPV na população analisada de gestantes soropositivas para HIV-1. - Avaliar a presença de HPV na população analisada de gestantes soronegativas para HIV-1 - Avaliar a presença de tipos de alto risco, baixo risco e risco indeterminado na população estudada. 20 METODOLOGIA III – Metodologia III-1 Casuística A população de estudo foi compreendida de mulheres gestantes, convidadas a participar deste estudo. As gestantes participantes foram atendidas no serviço de PréNatal de três diferentes instituições públicas de saúde na cidade do Rio de Janeiro – Brasil: Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE/UERJ, período de coleta de 09/2003 a 12/2003 ; Hospital Universitário Gaffrée e Guinle – HUGG/UNIRIO, período de coleta de 12/2003 a 03/2004 e Instituto Fernandes Figueira – IFF/FIOCRUZ-RJ, período de coleta de 12/2003 a 01/2004. Após esclarecimento e concordância a partir de termo de consentimento, 100 gestantes do HUPE com idade de 15 a 44 anos (média de 27 anos), 31 gestantes do IFF com idade de 16 a 39 anos (média de 28.8 anos) e 72 gestantes do HUGG com idade de 19 a 40 anos (média de 27.9 anos) aceitaram participar da pesquisa durante o período de coleta em cada unidade. As gestantes foram escolhidas a revelia. Com ou sem história prévia de infecção por HPV ou com infecção produtiva no momento da coleta, as gestantes soropositivas para HIV atendidas nos serviços acima também foram incluídas neste estudo. Das 196 amostras colhidas, 38 são soropositivas para HIV. III-2 Papanicolau As amostras procedentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ foram analisadas pelo serviço especializado da instituição por teste de papanicolau. As demais amostras analisadas não foram submetidas a teste citológico, não possuem resultado de Papanicolau. 21 III-3 Teste para HIV As amostras soropositivas para HIV-1, foram diagnosticadas de acordo com a rotina dos laboratórios de cada instituição onde foram colhidas as amostras. Foram realizados testes sorológicos de triagem (ELISA) e confirmatrório (Western Blot ou imunofluorescência). No Hospital Universitário Gaffrée e Guinle também foi realizado teste rápido de algumas amostras. O teste para HIV-1 é realizado como exame de rotina do Pré-Natal em todas as três instituições participantes deste estudo. III-4 Coleta de amostra Foi coletado escovado cervical utilizando o coletor médio universal (Universal Collection Medium® -UCM- Digene – Brasil), composto de uma escova e 1 tubo contendo líquido conversante, é utilizado para coleta e transporte de amostra para utilização de técnicas moleculares. A paciente após concordar em participar, era levada à mesa ginecológica para coleta do escovado cervical. Foi observada a presença de muco espesso no canal cervial das gestantes sendo necessária à limpeza do canal vaginal e colo antes de introduzir a escova ginecológica. Primeiramente foi realizada a limpeza com gaze estéril presa na pinça de Cherron e com movimentos leves, evitando sangramento, o excesso de muco foi retirado. O segundo passo foi a coleta das células da cérvice de acordo com as orientações apresentadas na ficha técnica do fabricante do UCM: 1) a gestante deveria apresentar abstinência sexual de três dias; 2) Não efetuar exame digital (toque); 3) Introduzir a escova no canal cervical , entre 1,0 a 1,5 cm, até que as cerdas maiores toquem a região da ectocervical e roda-la em sentido horário cinco vezes; 4) escovar a ectocérvice e/ou a endocérvice; 5) Imediatamente após a coleta inserir a escova no tubo coletor; 6) Tampar e agitar o coletor por 30 segundos para homogeneizar a amostra. É importante evitar amostras com excesso de sangue pois este excesso prejudica a análise por biologia molecular. 22 III-5 Extração do DNA Para a extração do DNA foi retirado o volume total da suspensão celular de aproximadamente 1mL. Uma alíquota de 400 μL foi retirada e armazenada a –20ºC. O DNA foi extraído a partir de 600 μL da suspensão celular completada com 400 μL de tampão PBS 1X, utilizando-se o QIAamp DNA Midi Kit (QIAGEN), e Bloodclean DNA Purification Kit (Biotools) seguindo as orientações contidas na ficha técnica do fabricante. III-6 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) III-6A PCR para o gene da β-globina humana A PCR para o gene da β-globina humana (adaptado de Manos et al, 1989) foi utilizada como controle de extração do DNA. Após a extração do DNA a amostra foi submetida a PCR para β-globina para confirmação da extração. Foi utilizado um par de primers, PC04 e gH20, que amplificam um fragmento de 268 pares de bases (bp). A reação foi otimizada com 5μL de DNA adicionados em 45μL de uma mistura de reação contendo em cada μL: 10mM de Tris HCl (pH 8.3), 50mM de KCl; 2,5mM de MgCl2 ; 50μM de cada dNTP; 0,6 pmol de cada primer e 0,025 U de Taq DNA Polimerase. O material foi amplificado em termociclador (GeneAmp PCR System 2400 – Applied Biosystems; PTC 100 Programable Thermal Controller – MJR MJ Research, INC) utilizando-se a seguinte ciclagem: 95ºC – 1 min, 55ºC – 1min, 72ºC – 2 min; repetidos 35 vezes seguido de uma extensão de 72ºC por 5 minutos. O material amplificado foi submetido a uma corrida eletroforética em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio e visualizado em transiluminador através da incidência da luz Ultra Violeta (UV). 23 III-6B PCR para DNA HPV Após a confirmação da extração do DNA pela PCR para β-globina a amostra foi submetida a PCR para detecção de DNA HPV. Foi utilizado um par de primers, MY11 e MY09 (Manos et al, 1989; Bauer et al, 1992; Chi-Keong Ong et al, 1994; Wheeler et al,1997) que amplificam um fragmento de 450 bp da região L1 do genoma viral. A reação foi otimizada com 12μL de DNA adicionados em 38μL de uma mistura de reação contendo em cada μL: 10mM de Tris HCl (pH 8.3), 50mM de KCl; 2,5mM de MgCl2 ; 400μM de cada dNTP; 0,5 pmol de cada primer e 0,05 U de Taq DNA Polimerase. O material foi amplificado em termociclador (GeneAmp PCR System 2400 – Applied Biosystems; PTC 100 Programable Thermal Controller – MJR MJ Research, INC) utilizando o ciclo: 95ºC – 3 min; 40 ciclos de 95ºC – 1 min, 55ºC – 1min, 72ºC – 1 min; seguido de uma extensão de 72ºC por 3 minutos. O material amplificado foi submetido a uma corrida eletroforética em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio e visualizado em transiluminador através da incidência da luz Ultra Violeta (UV). 24 Fluxograma dos testes realizados para análise das amostras Escovado Cervical (UCM – Digene) Estração do DNA (BloodClean e QIAamp) PCR - β globina Não Reativo Reativo PCR – DNA HPV – Região L1 Não Reativo Reativo Seqüenciamento do DNA viral 25 III-7 Seqüenciamento de DNA As amostras que apresentaram resultado reativo no PCR para DNA HPV foram submetidas ao seqüenciamento de DNA para tipagem do vírus HPV específico de cada uma das amostras reativas. O material foi amplificado por PCR para DNA HPV com volume final de 100μL, seguindo as mesmas concentrações e mesmo ciclo descritos no item anterior. Foram utilizados 24μL de DNA extraído. Para aumentar a concentração do DNA nas amostras que apresentaram um fragmento amplificado de baixa intensidade, o material foi amplificado mais uma vez alterando a temperatura de anelamento para 42ºC ao invés de 55ºC, o tempo de 1 minuto foi mantido. A presença do fragmento de 450bp foi confirmada após corrida eletroforética em gel de agarose 2%, utilizando todo o volume de DNA amplificado. O fragmento de 450bp foi recortado do gel de agarose e o genoma amplificado foi extraído utilizando o ConcertTM Gel Extraction Systems (Life Technologies – GIBCO/BRL) seguindo a orientação na ficha técnica do fabricante (Esquema 1) Esquema 1 - Excisão do fragmento amplificado do gel de agarose 2% O fragmento é colocado em tubo tipo ependorff. Seguir orientação do fabricante para extração do amplificado Após esse procedimento o material foi quantificado a partir do uso do Low DNA Mass (Invitrogen) de acordo com a comparação da intensidade do fragmento com a escala do Low DNA Mass em gel de agarose 2%. Quando a quantificação do DNA foi menor que 10ng/μL o material foi seco em centrífuga a vácuo e ressuspenso em 11μL de tampão TE (Tris, EDTA) para concentrar o DNA antes de submetê-lo ao seqüenciamento cíclico. 26 III-7A Seqüenciamento cíclico O seqüenciamento cíclico foi realizado utilizando-se o material extraído do gel com concentração de 75 ng a 160 ng de DNA viral amplificado. Para a reação foi utilizado o ABI PRISM ® Big Dye ® Terminator v. 3.1 Cycle Sequencing kit (Applied Biosystems) de acordo com ficha técnica do fabricante e foram utilizados 7.0 pmol do primer “reverse” MY09. O microtubo contendo os reagentes e o DNA amplificado foi colocado no termociclador (GeneAmp PCR System 2400 – Applied Biosystems) e submetido a 25 ciclos de: 96ºC por 10 seg, 50ºC por 15 Seg, 60ºC por 4 min. Durante essa etapa ocorre a adição dos dideoxinucleotídeos (ddNTP) de terminação marcados com fluorocromo. III-7B Purificação em coluna CentriSep O material foi purificado em coluna CentriSep (Applied Biosystems), uma coluna contendo agarose, utilizada para reter fragmentos menores que 16 bp e ddNTP não incorporados, seguindo ficha técnica do fabricante. O DNA marcado com ddNTP e purificado é seco mais uma vez em centrífuga a vácuo, ressuspenso em Template Suspenssion Reagent - TSR (Applied Biosystem) e aplicado no sequenciador (ABI Prism 310 Genetic Analyser e 3.100 Genetic Analyser – Applied Biosystem). III-7C Análise do resultado A seqüência obtida pelo seqüenciador foi comparada com todas as seqüências disponíveis no GeneBank usando o servidor BLAST (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/), o tipo do HPV foi identificado com base em homologia maior ou igual a 97%. Nos casos em que a homologia sugerida foi menor que 97% o tipo de HPV é sugerido e não determinado. 27 Fluxograma da reação de seqüenciamento de DNA viral das amostras analisadas PCR – DNA HPV – Vf = 100μL Corrida eletroforética – agarose 2% Excisão do fragmento amplificado do gel Quantificação do DNA – Low DNA Mass < que 75 ng de DNA 75 ng a 160 ng de DNA Cycle Sequencing Purificação em CentriSep Aplicação no seqüenciador Análise do resultado GeneBank BLAST 28 RESULTADOS IV- Resultados Foram analisadas 196 amostras de escovado cervical: 72 amostras de escovado cervical de gestantes atendidas no HUGG, 93 provenientes do HUPE e 31 amostras de gestantes atendidas no IFF. Das 196 amostras 38 eram soropositivas para HIV-1 sendo 7 amostras do HUPE, 10 do IFF e 21 do HUGG. Todas as gestantes provenientes do HUGG e do IFF foram analisadas clinicamente no momento da coleta quanto à presença de condiloma acuminado, diagnóstico de NIC III e o histórico passado de infecção por HPV também foi avaliado. As amostras coletadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto foram analisadas pela instituição por exame citológico – Papanicolau – além dos exames clínicos e histórico passado. Após coleta e extração do DNA, o extraído foi submetido a PCR para o gene humano da β-globina (Figura 4). Todas as amostras analisadas apresentaram resultado reativo para PCR da β-globina. Figura nº 4 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para β-globina (268bp). As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 268 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 44 2- HUPE 48 3- HUPE 49 4- HUPE 50 5- HUPE 51 6- HUPE 52 7- HUPE 75 8- HUPE 76 9- HUPE 77 10- HUPE 78 11- Ladder 50bp 12- HUPE 79 13- HUPE 80 14- HUPE 81 15- HUPE 82 16- HUPE 83 17- HUPE 84 18- HUPE 85 19- HUPE 86 20- HUPE 87 29 Após a confirmação da extração do DNA por PCR para β-globina todas as amostras foram submetidas para análise da presença de DNA HPV utilizando a técnica de PCR. A seqüência alvo é um fragmento de 450bp da região L1 do genoma do HPV. Foi utilizado como controle positivo (CP) um plasmídeo que contém genoma do HPV, além de um controle biológico. Das 196 amostras 56 apresentaram reatividade para presença de DNA HPV sendo 27 amostras colhidas no HUPE (Figuras de 5 a 10), 22 amostras provenientes do HUGG (Figuras de 11 a 15) e 7 amostras colhidas no IFF (Figuras de 16 a 17). Figura nº 5 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: HUPE 01 a 07. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 01 2- HUPE 02 3- HUPE 03 4- HUPE 04 5- HUPE 05 6- Ladder 50 bp 7- HUPE 06 8- HUPE 07 9- CP- Plasmídeo 10- CN água mQ Figura nº 6 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: Amostras HUPE 08 a HUPE 23 As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 08 2- HUPE 09 3- HUPE 10 4- HUPE 11 5- HUPE 12 6- HUPE 15 7- HUPE 16 8- Ladder 50bp 9- HUPE 17 10- HUPE 18 11- HUPE 20 12- HUPE 21 17- CN água mQ 13- HUPE 22 14- HUPE 23 15- CP Plasmídeo 16- CP Biológico 30 Figura nº 7 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: Amostras HUPE 24 a HUPE 37. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 24 2- HUPE 25 3- HUPE 26 4- HUPE 27 5- HUPE 28 6- HUPE 29 7- Ladder 50bp 8- HUPE 30 9- HUPE 31 10- HUPE 32 11- HUPE 34 12- HUPE 35 17- CN água mQ 13- HUPE 36 14- HUPE 37 15- CP Plasmídeo 16- CN Biológico Figura nº 8 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: Amostras HUPE 38 a HUPE 50. As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 38 2- HUPE 39 3- HUPE 40 4- HUPE 41 5- HUPE 42 6- HUPE 43 7- HUPE 44 8- HUPE 45 9- Ladder 50bp 10- HUPE 46 11- HUPE 47 12- HUPE 48 13- HUPE 49 14- HUPE 50 15- CP Plasmídeo 16- CN Biológico 17- CN água mQ 31 Figura nº 9 -Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: Amostras HUPE 51 a HUPE 74. As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 450 bp 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 51 2- HUPE 52 3- HUPE 53 4- HUPE 54 5- HUPE 55 6- Ladder 50bp 7- HUPE 56 8- HUPE 57 9- HUPE 58 10- HUPE 59 11- HUPE 60 12- HUPE 61 13- HUPE 62 14- HUPE 63 15- HUPE 64 16- HUPE 65 17- HUPE 66 18- Ladder 50bp 19- HUPE 67 20- HUPE 68 21- HUPE 69 22- HUPE 70 23- HUPE 72 24- HUPE 73 25- HUPE 74 26- CP Plasmídeo 27- CN Biológico 28- CN água mQ Figura nº 10 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUPE: Amostras HUPE 75 a HUPE 100. As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 450 bp 450 bp Descrição das cavidades 1- HUPE 75 2- HUPE 76 3- HUPE 77 4- HUPE 78 5- HUPE 79 6- Ladder 50bp 7- HUPE 80 8- HUPE 81 9- HUPE 82 10- HUPE 83 11- HUPE 84 12- HUPE 85 13- HUPE 86 14- HUPE 87 15- HUPE 88 16- HUPE 90 17- HUPE 92 18- Ladder 50bp 19- HUPE 93 20- HUPE 94 21- HUPE 95 26- HUPE 100 22- HUPE 96 27-CP Plasmídeo 23- HUPE 97 28- CN água mQ 24- HUPE 98 25- HUPE 99 32 Figura nº 11 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUGG: Amostras HUGG 01 a HUGG 21. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 16 17 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 18 19 20 21 22 23 24 25 450 bp Descrição das cavidades 1- HUGG 01 2- HUGG 02 3- HUGG 03 4- HUGG 04 5- HUGG 05 11- HUGG 10 12- HUGG 11 13- HUGG 12 14- CP Plasmídeo 15- CN água mQ 6- HUGG 06 7- HUGG 07 8- Ladder 50bp 9- HUGG 08 10- HUGG 09 16- HUGG 13 17- HUGG 14 18- HUGG 15 19- HUGG 16 20- HUGG 17 21- Ladder 50bp 22- HUGG 18 23- HUGG 19 24- HUGG 20 25- HUGG 21 Figura nº 12 -Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUGG: Amostras HUGG 22 a HUGG 33. As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 450 bp Descrição das cavidades 1- HUGG 22 2- HUGG 23 3- HUGG 24 4- HUGG 25 5- HUGG 26 6- HUGG 27 7- HUGG 28 8- HUGG 29 9- Ladder 50bp 10- HUGG 30 11- HUGG 31 12- HUGG 32 13- HUGG 33 14- CP Plasmídeo 15- CN água mQ 33 Figura nº 13 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUGG: Amostras HUGG 34 a HUGG 48. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 11 09 10 12 13 14 15 16 17 18 19 450 bp 450 bp Descrição das cavidades 1- HUGG 34 2- HUGG 35 3- HUGG 36 4- HUGG 37 5- HUGG 38 6- Ladder 50bp 7- HUGG 39 8- HUGG 40 9- HUGG 41 10- HUGG 42 11- HUGG 43 12- HUGG 44 13- HUGG 45 14- HUGG 46 15- Ladder 50bp 16- HUGG 47 17- HUGG 48 18- CP Plasmídeo 19- CN água mQ Figura nº 14 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUGG: Amostras HUGG 49 a HUGG 55 e IFF 31. As amostras reativas estão representadas em vermelho 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 450 bp Descrição das cavidades 1- HUGG 49 2- HUGG 50 3- HUGG 51 4- HUGG 52 5- HUGG 53 6- Ladder 50bp 7- HUGG 54 8- HUGG 55 9- IFF 31 10- CP Plasmídeo 34 Figura nº 15 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do HUGG: Amostras HUGG 56 a HUGG 72. As amostras reativas estão representadas em vermelho. Repetição das amostras HUGG 65 a HUGG 72 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 01 02 03 04 05 06 07 08 09 450 bp 450 bp Descrição das cavidades 1- HUGG 56 2- HUGG 57 3- HUGG 58 4- HUGG 59 5- Ladder 50bp 6- HUGG 60 7- HUGG 61 8- HUGG 62 9- HUGG 63 10- HUGG 64 11- HUGG 65 12- HUGG 66 13- HUGG 67 14- HUGG 68 15- Ladder 50bp 16- HUGG 69 17- HUGG 70 18- HUGG 71 19- HUGG 72 20- CP Plasmídeo Descrição das cavidades do gel de repetição das amostras HUGG 65 a HUGG 72 1- HUGG 65 2- HUGG 66 3- HUGG 67 4- HUGG 68 5- Ladder 50bp 6- HUGG 69 7- HUGG 70 8- HUGG 71 9- HUGG 72 Figura nº 16 - Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do IFF: Amostras IFF01 a IFF 18. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 450 bp 450 bp Descrição das cavidades 1- IFF 01 2- IFF 02 3- IFF 03 4- IFF 04 5- Ladder 50bp 6- IFF 05 7- IFF 06 8- IFF 07 9- CP Plasmídeo 10- CN água mQ 11- IFF 08 12- IFF 09 13- IFF 10 14- IFF 11 15- IFF 12 16- IFF 13 17- Ladder 50bp 18- IFF 14 19- IFF 15 20- IFF 16 21- IFF 17 22- IFF 18 23- CP Plasmídeo 24- CN água mQ 35 Figura nº17 -Gel de agarose 2% demonstrando o resultado de PCR para DNA HPV (450bp) das amostras procedentes do IFF: Amostras IFF 19 a IFF 30. As amostras reativas estão representadas em vermelho. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 450 bp Descrição das cavidades 1- IFF 19 2- IFF 20 3- IFF 21 4- IFF 22 5- IFF 23 6- IFF 24 7- Ladder 50bp 8- IFF 25 9- IFF 26 10- IFF 27 16- CN água mQ 11- IFF 28 12- IFF 29 13- IFF 30 14- CP Plasmídeo 15- CN Biológico Das 196 amostras analisadas, 38 eram soropositivas para HIV-1 e 158 soronegativas para HIV-1. Foram reativas para DNA HPV 56 amostras sendo 18 soropositivas para HIV-1 e 38 amostras soronegativas para HIV-1 (Gráfico 1) Gráfico 1- Relação das amostras soropositivas para HIV-1 e soronegativas para HIV-1 e presença de DNA HPV 160 24.1% (38) 140 Nº de amostras analisadas 120 100 75.9% (120) 80 HPV + HPV - 60 40 47,4% (18) 20 52,6% (20) 0 HIV - HIV + 36 Das 56 amostras reativas para DNA HPV, 7 amostras (12.5%) apresentavam lesão condilomatosa no colo ou vagina no momento da coleta, uma amostra apresentava diagnóstico NICIII, e duas amostras apresentavam diagnóstico passado de infecção por papilomavírus. A amostra HUGG 06 apresentava lesão condilomatosa na vagina mas a análise por PCR para DNA HPV foi NÃO REATIVA. A partir dessas informações é possível concluir que 10 amostras apresentaram infecção produtiva por HPV e 46 amostras apresentaram infecção latente. Das 10 amostras com infecção produtiva, 7 amostras eram soropositivas para HIV-1, e 3 amostras soronegativas para HIV-1. As 46 amostras que apresentaram infecção latente, 11 eram soropositivas para HIV-1 e 35 soronegativas para HIV-1 (Gráfico 2). Gráfico 2 – Análise da infecção produtiva e infecção latente por papilomavírus nas amostras reativas para DNA HPV 60 50 Nº de amostras 40 analisadas 92% (35) 30 HIV - 20 HIV+ 30 % (3) 70 % (7) 10 18 % (11) 0 Infec Latente Infec Produtiva Todas as amostras reativas para DNA HPV foram submetidas à técnica de seqüênciamento do DNA para tipagem do vírus HPV. O eletroferograma foi analisado, o resultado do seqüênciamento submetido ao GeneBank – BLAST – que analisou a homologia da seqüência requerida com as seqüências já descritas em seu banco de dados (Figuras 18 e 19). 37 Figura 18 – Exemplo do eletroferograma fornecido pelo seqüênciador pós análise da amostra. Eletroferograma referente à amostra HUPE 85. A figura acima demonstra a análise do DNA através dos picos de sinal formado pelas bases marcadas inseridas na seqüência alvo, e o tamanho do fragmento amplificado. O pico de cor preto revela a base guanina (G), o de cor verde a base adenina (A), o vermelho a base timina (T) e o azul a base citosina (C). 38 Figura 19 – Representação da análise da seqüência obtida pelo seqüenciador utilizando o GeneBank – BLAST. O resultado é referente à análise da amostra HUPE 85. Na figura acima pôde-se determinar que o tipo de DNA HPV dessa amostra é do tipo 16 do leste asiático, onde AF 534061.1 é o número da seqüência que foi utilizada para comparação com a amostra analisada pelo GeneBank. Além disso esse resultado também fornece o valor de homologia entre as duas seqüências, que neste caso foi de 99%, com 405 bases analisadas aproximadamente. 39 De acordo com o resultado do seqüenciamento, das 56 amostras submetidas a esse processo de análise do DNA, 8 amostras (HUGG 36, HUGG 50, HUGG 61, HUPE 22, HUPE 63, HUPE 67, HUPE 70 e HUPE 88) não foram seqüenciadas devido a concentração insuficiente de DNA HPV (< 75ng). Nove amostras foram tipadas como DNA humano – Homo Sapiens BAC RP11-420A23. O tipo de DNA HPV foi determinado quando a seqüência analisada apresentava homologia ≥ 97% com a seqüência comparada pelo BLAST. Quando a homologia foi menor que 97% o tipo detectado foi sugerido mas não determinado. Nove amostras sugerem infecção por mais de um tipo de HPV, em 26 amostras o tipo de DNA HPV foi determinado e em uma amostra (IFF 08) a seqüência analisada foi determinada como sendo gene maior do capsídeo viral com 98% de homologia sendo que o tipo mais próximo encontrado foi o isolado CY22-889 com 85% de homologia. O total de 48 amostras foram analisadas. Na tabela 1 a seguir demonstra a reatividade para PCR HPV e os diferentes tipos de DNA HPV, grau de homologia encontrado nas amostras analisadas procedentes do IFF, soropositividade para HIV-1 e presença de lesão condilomatosa durante a colheita de material. Tabela 1 – Resultado das análises referentes ao PCR DNA HPV, seqüenciamento de DNA e indicação clínica das amostras procedentes do IFF. AMOSTRA PCR DNA HPV TIPAGEM POR SEQÜÊNCIAMENTO 450 bp HPV 11 (100%) IFF06 450 bp IFF08 450 bp HPV 53 (99%) HPV gene maior do capsídeo (98%) ; HPV isolado CY22-889 (85%) 450 bp HPV 33, isolado IS549 (99%) 450 bp 450 bp 450 bp HPV isolado Bsb-63 (99%); isolado Bsb-61 (99%); HPV 53 (98%) HPV 11 (99%) HPV isolado Bsb-61 (100%) IFF02 IFF10 ** ** # IFF20 # IFF26 IFF28 ** INDICAÇÃO CLÍNICA Multiplas lesões de condiloma na vagina e anus. HIV + HIV+ HIV+ Condiloma acuminado. HIV+ S/ clínica S/ clínica Condiloma acuminado HIV+ ** Infecção produtiva por HPV e infecção mista HIV/HPV infecção latente e mista HIV/HPV # infecção latente por HPV 40 A tabela 2 demonstra os resultados referentes à análise das amostras procedentes do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG). Estão relacionados reatividade por PCR HPV e os diferentes tipos de DNA HPV, grau de homologia encontrados nas amostras analisadas, soropositividade para HIV-1 e presença de lesão condilomatosa durante a colheita de material. Seis amostras apresentaram infecção latente e mista HIV/ HPV, em duas amostras foi observada infecção produtiva e mista HIV e HPV (HUGG 02 e HUGG 51). O DNA HPV foi detectado em sete amostras sendo que na amostra HUGG 53 não foi determinado o tipo, nas amostras HUGG 35 e HUGG 44, HUGG 68 foi detectado DNA humano e o seqüenciamento não foi possível nas amostras: HUGG36, HUGG 50, HUGG 61. A amostra HUGG 30 de acordo com os exames laboratoriais apresenta infecção produtiva e mista sendo que no seqüenciamento foi detectado DNA humano. Seis amostras foram detectadas com presença de DNA HPV, e tipadas. 41 Tabela 2 – Resultado das análises de PCR, seqüenciamento de DNA e informação clínica das amostras procedentes do HUGG. AMOSTRA HUGG 01 ** HUGG 02 RESULTADO DE PCR HPV 450 bp 450 bp TIPAGEM POR SEQUENCIAMENTO HPV 31 (98%) HPV 6 (98%) HUGG 05 HUGG 10 HUGG 25 HUGG 26 HUGG 27 HUGG 30 Û 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp HUGG 35 Û 450 bp HUGG 36 Û # HUGG 39 HUGG 44 Û 450 bp 450bp 450 bp # 450 bp HPV 31 (99%) HPV 58 isolado IS068 (100%) HPV 16 tipo do leste asiático (99%) HPV 16 tipo do leste asiático (99%) HPV isolado CY09-407 (97%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (100%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (99%) Baixa concentração de DNA HPV 53 (94%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (99%) HPV 39 Isolado IS065 (99%) HUGG 46 HUGG 50 Û ** HUGG 51 # 450 bp 450 bp 450 bp HPV 59 (94%) Baixa concentração de DNA HPV 16 tipo do leste asiático (99%) HUGG 53 Û # HUGG 56 # HUGG 60 450 bp 450 bp 450 bp HUGG 61 Û # HUGG 63 HUGG68 Û 450 bp 450 bp 450 bp HPV L1 gene clone DL416 (99%) HPV 16 tipo do leste asiático (99%) HPV isolado IS887 (99%); isolado IS1019 (99%); isolado MM4 (99%); Baixa concentração de DNA HPV 86 (90%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 HUGG 45 INFORMAÇÃO CLÍNICA HIV + Condiloma no colo HIV + HIV + HIV + HIV + HIV + HIV + Condiloma plano no colo HIV + S/ clínica S/ clínica S/ clínica S/ clínica Diagnóstico clínico passado (12 de 2002) S/ clínica S/ clínica NIC III HIV+ S/ clínica S/ clínica S/ clínica S/ clínica S/ clínica S/ clínica ** Infecção produtiva por HPV e infecção mista HIV/HPV Infecção latente e mista HIV/HPV # Infecção latente por HPV Û Reativas para PCR HPV não tipadas por seqüenciamento 42 As amostras procedentes do HUPE foram analisadas também quanto à infecção mista, infecção produtiva ou latente e tipo de HPV responsável pela infecção. Além desses resultados, essas amostras possuem resultado de exame citológico (papanicolau). De acordo com os resultados da análise por biologia molecular foi observado reatividade em 27 (29%) amostras das 93 analisadas. A citologia não foi sugestiva de Infecção por HPV em nenhuma amostra, inclusive nas amostras que apresentavam lesões sugestivas de infecção por papilomavírus. Devido à baixa concentração de DNA HPV o seqüenciamento não foi possível em 5 amostras (HUPE 22, HUPE63, HUPE 70 e HUPE 88). Em cinco amostras a análise por seqüenciamento detectou DNA humano – Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23. O tipo de papilomavírus foi determinado em 17 amostras das 22 amostras seqüenciadas procedentes do HUPE sendo que a amostra HUPE 81 foi sugerida uma infecção por mais de um tipo de HPV, com 94% de homologia pela análise do BLAST. Em outras seis amostras (HUPE 44, HUPE 49, HUPE 52, HUPE 53, HUPE 62 e HUPE 85) a infecção por mais de um tipo de HPV é sugerida. Na amostra HUPE 47 foi detectada infecção produtiva e mista HIV/ HPV. Em três amostras (HUPE 08, HUPE 52e HUPE 81) foi detectada infecção latente por HPV e infecção mista HIV/HPV. Em onze amostras foi detectado infecção latente por HPV e em duas amostras infecção produtiva por HPV (HUPE 45 e HUPE 49). 43 Tabela 3 – Resultado das análises por PCR, seqüenciamento e informações clínicas (papanicolau, diagnóstico clínico e indicação clínica) das amostras procedentes do HUPE AMOSTRAS RESULTADO DE PCR HPV 450 bp TIPAGEM POR SEQÜENCIAMENTO INFORMAÇÂO CLÍNICA HPV 58 isolado IS068 (99%) # 450 bp HPV 58 isolado IS068 (99%) HUPE 12 # HUPE 17 HUPE 22 Û # HUPE 34 # HUPE 44 # 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp HUPE 45 450 bp HPV 35H (100%) HPV 53 (99%) Baixa concentração de DNA HPV isolado LVX160 (97%) HPV 54 (97% - 452 NT); HPV Xc (100% - 99 NT) HPV 31 (99%) HIV+ Colpite inespecífica Candida sp e Tricomonas vaginalis Vaginose Colpite bacteriana vaginose Colpite bacteriana S/ coleta HUPE 47 ** 450 bp HPV 6b (99%) HUPE 49 450 bp HUPE 52 450 bp HPV 33 (99%), isolado IS549 (99%), isolado IS267 (99%) HPV 61 (98%); HPV A61 (98%) # 450 bp HUPE 62 HUPE 63 Û # HUPE 66 # 450 bp 450 bp 450 bp HUPE 67 Û # HUPE 69 Û HUPE 70 HUPE 72 Û HUPE 74 Û HUPE 75 Û HUPE 81 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp 450 bp HUPE 82 Û # HUPE 85 450 bp 450 bp HUPE 88 Û HUPE 92 Û # HUPE 98 450 bp 450 bp 450 bp HUPE 08 HUPE 09 HUPE 53 HPV isolado CY08-410 (98%); isolado LVX160 (98%); HPV AE1 (98%) HPV 61 (98%); HPV A61 [L1AE4] (98%) Baixa concentração de DNA HPV L1 gene (100%); HPV 68 isolado IS362 (98%) Baixa concentração de DNA HPV 61 (98%) Baixa concentração de DNA Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (98%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (99%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (99%) HPV isolado CY08-410 (94%); isolado LVX160 (94%); HPV AE1 (94%); isolado SDL105 (94%) Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (98%) HPV isolado CY07-118 (99%); HPV16 tipo do leste asiático (99%) Baixa concentração de DNA Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 (98%) HPV 61 (98%) HPV em tratamento colpite bacteriana HIV+ Condiloma na vagina e colo Suspeita de infecção por HPV Candida sp HIV + Colpite bacteriana Gardnerella vaginalis Colpite inespecífica S/ resultado citológico Tricomonas vaginalis Colpite inespecífica Colpite Inespecífica Colpite inespecífica Gardnella vaginalis S/ resultado citológico Colpite inespecífica HIV+ Colpite bacteriana Candida sp Colpite inispecífica S/ resultado citológico Colpite bacteriana Colpite bacteriana ** Infecção produtiva por HPV e infecção mista HIV/HPV Û Reativas para PCR HPV não tipadas por seqüenciamento Infecção latente e mista HIV/HPV # Infecção latente por HPV Infecção produtiva por HPV 44 A partir de 56 amostras seqüenciadas em 38 (67,8%) amostras foram definidos os tipos de HPV. Em 18 amostras a tipagem do DNA HPV não foi possível: oito amostras apresentaram baixa concentração de DNA, em 9 amostras foram detectados DNA humano e em uma amostra (HUGG 53) a seqüência do gene L1 foi detectada mas não foi possível a tipagem específica nessa amostra. Vinte e seis tipos diferentes de HPV foram detectados e sete isolados diferentes, sendo que em 9 amostras mais de um tipo foi detectado. No total de 33 diferentes tipos e isolados de HPV foram detectados. De acordo com os resultados obtidos foi observada uma grande variabilidade de tipos diferentes na população de gestantes analisada (Tabela 4, 5 e 6). Esses tipos também apresentam o risco atribuído distintos sendo que foi observado um maior número de tipos e isolados (19) de alto risco presente nessa população. Tabela 4 – Os diferentes tipos de HPV de alto risco detectados e as respectivas amostras onde estes foram detectados. AMOSTRAS Tipos de HPV Risco Atribuído HUGG 60 MM4 Alto risco HUGG 60 Isolado IS1019 Alto risco HUGG 60 Isolado IS887 Alto risco IFF 20, IFF 28 Bsb 61 Alto risco IFF 20 Bsb 63 Alto risco HUGG 39, IFF 06, 53 Alto risco HUGG 45 39 isolado IS065 Alto risco HUGG 25, HUGG 26, HUGG 51, 16 leste asiático Alto risco 31 Alto risco IFF 10, HUPE 49 33 isolado IS549 Alto risco HUPE 49 33 isolado IS267 Alto risco HUPE 49 33 Alto risco HUGG 10, HUPE 08, 58 isolado IS068 Alto risco HUPE 53 L1 AE1 Alto risco HUGG 46 59 Alto risco HUPE 66 68 isolado IS362 Alto risco HUPE 17, IFF 20 HUGG 56, HUPE 85 HUGG 01, HUGG 05, HUPE 45 HUPE 09 45 Tabela 5 – Os diferentes tipos de HPV de baixo risco detectados e as respectivas amostras onde estes foram detectados. AMOSTRAS Tipos de HPV Risco Atribuído HUGG 02 6 Baixo risco HUPE 47 6b Baixo risco IFF 02, IFF 26 11 Baixo risco HUPE 52, HUPE62 L1 AE4 (A61) Baixo risco HUPE 44 54 Baixo risco HUPE 52, HUPE 62, HUPE 69, 61 Baixo risco 86 Baixo risco HUPE 98 HUGG 63 Tabela 6 – Os diferentes tipos de HPV de risco desconhecido detectados e as respectivas amostras onde estes foram detectados. AMOSTRAS Tipos de HPV Risco Atribuído HUPE 34, HUPE 53 LVX 160 Risco desconhecido HUPE 44 Xc Risco desconhecido HUPE 12 35H Risco desconhecido HUPE 53, HUPE 81 CY 08410 Risco desconhecido HUPE 85 CY 07118 Risco desconhecido HUPE 81 SDL 105 Risco desconhecido HUGG 27 CY 09407 Risco desconhecido IFF 08 CY 22-889 Risco desconhecido O gráfico 3 demonstra a distribuição do número absoluto de amostras soropositivas para HIV-1 que apresentaram HPV de alto (10), baixo (5) e risco desconhecido (3). As amostras soronegativas para HIV-1 apresentaram o seguinte resultado: 10 amostras tipadas como alto risco, 5 amostras como baixo risco e 5 amostras como risco desconhecido. 46 Gráfico 3 – Distribuição dos tipos detectados quanto ao risco atribuído: baixo risco, alto risco e risco desconhecido. 60 50 Nº de amostras analisadas 40 HIV - 30 HIV+ 20 10 10 10 0 ALTO RISCO 5 5 BAIXO RISCO 5 3 RISCO DESCONHECIDO VI –1 Análises Estatísticas Foi realizado o teste de estimação da proporção populacional (P) (CallegariJaques SM, 2004) para observarmos se a porcentagem de amostras HPV reativas nas amostras de gestantes soropositivas e soronegativas para HIV-1, representa uma proporção verdadeira na população da cidade do Rio de Janeiro. Foram utilizadas duas fórmulas diferentes. Para a população amostral de gestantes soropositivas para HIV-1 foi utilizada a fórmula aplicada quando a proporção de sucesso da amostra (p) for um valor entre 0,3 e 0,7. Neste caso, p =0,47. O resultado desta análise conclui que os limites para o intervalo de 95% de confiança (IC 95%) para 47 a porcentagem verdadeira de gestantes soropositivas para HIV , é 30% - 63%. A porcentagem de 47.4% de DNA do HPV em gestantes soropositivas para HIV-1 estima uma proporção verdadeira de DNA do HPV na população de gestantes soropositivas para HIV-1 na cidade do Rio de Janeiro. Para a população amostral de gestantes HIV-1 soronegativas foi utilizada a fórmula aplicada quando a proporção de sucesso da amostra (p) for um valor menor que 0,3 e maior que 0,7. Neste caso, p =0,24. O resultado desta análise conclui que os limites para o intervalo de 95% de confiança (IC 95%) para a porcentagem verdadeira de gestantes soronegativas para HIV , é 18% - 31%. A porcentagem de 24.1% de DNA do HPV em gestantes soronegativas para HIV-1 estima uma proporção verdadeira de DNA do HPV na população de gestantes soronegativas para HIV-1na cidade do Rio de Janeiro. O teste do Qui Quadrado (X2) com correção de Yates (Callegari-Jaques SM, 2004) foi realizado a partir de grau de liberdade 1 e tabela de contingência 2x2 (Tabela 7). Tabela 7 – Tabela de contingência 2x2 representativa com os dados obtidos e utilizados para análise por teste de associação Qui Quadrado com correção de Yates HIV HPV Total de amostra R* NR ** R* 38 18 56 NR ** 120 20 140 158 38 196 Total de amostra (nº) (nº) R * - Reativo ; NR ** - Não Reativo 48 Os dados acima foram aplicados na fórmula alternativa para o cálculo do X2 em tabelas 2x2 (Callegari-Jaques SM, 2004). O X2 calculado foi igual a 7,0586 que é menor que o X2 crítico para α= 0,05 (5.024), a partir daí, rejeita-se a independência entre presença de HIV e de HPV. Conclui-se, então que gestantes soropositivas para HIV-1apresentam maior freqüência de DNA do HPV (18/38 ou 47.4%) dos que gestantes soronegativas para HIV-1 (24,1%). 49 DISCUSSÃO V- Discussão Muitas técnicas usadas em biologia molecular têm sido desenvolvidas para a detecção do DNA do HPV. Estas envolvem hibridização in situ, Southern blot, PCR e Captura do Híbrido. A citologia morfológica e os critérios histológicos ainda são as técnicas mais utilizadas para avaliar infecção por papilomavírus. O diagnóstico citológico é orientado pela presença de coilócitos (célula alterada pela presença do vírus). Com base em alguns estudos o reconhecimento da presença de coilócitos não é um critério preciso de diagnóstico para infecção por HPV (Bongain, A. et al 1996). Na tentativa de uma detecção precoce de infecção por este vírus, a PCR tem sido aplicada para a detecção do DNA viral em amostras clínicas. Estão disponíveis inúmeros ensaios de PCR com diferentes primers tipo específicos ou gerais que abrangem um espectro maior de tipos a serem detectados. (Evander M., et al 1991; Castle, P. E. et al 2002; Chan, P. K et al 2002). O genoma do HPV consiste em sete regiões “Early” (E1-E7) e duas regiões “Late” (L1 e L2). Além de regiões muito variáveis os HPVs também compartilham de uma grande homologia em certas regiões do seu genoma. Regiões semelhantes entre os diferentes tipos conhecidos são utilizadas para a construção dos primers consenso ou universais que podem amplificar diferentes genótipos do HPV. Existem muitos primers consenso desenhados para região L1 (Manos, M.M. et al 1989; Yoshikawa, H. et al 1990) e para região E6/ E7 do genoma do HPV (Resnick, R.M. et al, 1990). Durante a integração do genoma viral no DNA da célula hospedeira, principalmente em estágio de neoplasia, partes da região L1 podem estar deletadas e, nesse caso, os primers consenso podem não encontrar a região L1. Quando em comparação com primer para região E6, L1-PCR apresenta um amplo espectro de detecção de DNA HPV e é mais usado para detecção de DNA HPV (Evander, M. et al 1992; Husnjak, K. et al 2000). Snijders e colaboradores desenvolveram, em 1990, um protocolo para PCR utilizando os primers GP5 e GP6 que amplificam na região L1, um fragmento interno, permitindo amplificar apenas 11 tipos diferentes de HPV. 50 Husnjak e colaboradores no ano de 2000 compararam cinco protocolos diferentes da metodologia de PCR para detecção de DNA HPV. Analisaram 164 amostras de raspados cervicais que apresentavam exame citológico anormal. Foram usados três conjuntos de primers todos específicos para região L1: MY09/MY11, L1C1/L1C2-1/L1C2-2 e pI-1/pI-2. Os conjuntos MY e LC foram os mais eficientes detectando o DNA HPV em 62.2% das amostras. Primers tipo específicos normalmente não amplificam a região L1. Para HPV-6 e 11 a região alvo é E6/E7 assim como para HPV-16 e HPV-18 (Soler C et al, 1991). O primer tipo específico para HPV-33 foi desenhado para amplificar a região E1/E2 do vírus (van den Brule AJC, et al 1989). Nosso trabalho foi realizado utilizando-se protocolo de PCR para detecção de DNA do HPV com primers MY11 e MY 09 (Manos, M.M. et al 1989) que localizam a região L1 do genoma do HPV. São primers degenerados que possuem 24 pares de bases e são capazes de identificar mais de 25 tipos diferentes de HPV genitais. O fato de serem primers consenso degenerados está diretamente ligado ao amplo espectro de tipos de DNA do HPV detectáveis (Husnjak, K. et al 2000). A padronização da metodologia de PCR originou-se no protocolo de Manos e colaboradores de 1989, Bernard H-U e colaboradores de 1994 e foi adaptada para as condições de trabalho do nosso laboratório. A técnica de seqüenciamento de DNA foi utilizada para especificar o tipo de papilomavírus encontrado em cada amostra analisada. Foram possíveis 33 detecções entre os diferentes tipos, isolados e subtipos de HPV na casuística estudada. Devido a esta variabilidade foi importante o conhecimento do genótipo do HPV de cada amostra possivelmente infectada. O seqüenciamento foi realizado a partir da amplificação do DNA, pela utilização do primer reverso (MY09), tendo permitido a detecção do tipo de HPV em 67,8% das amostras. Foram necessárias as analises do número de nucleotídeos pareados e a porcentagem de concordância entre as seqüências obtidas com aquelas fornecidas pelo Gene Bank. A concordância entre 98% e 100% determinava o tipo específico de HPV. Para concordância menor do que 97% o tipo de HPV foi sugerido. Estas 51 amostras podem inferir a existência de um novo tipo ou isolado de papilomavírus de acordo com os dados da literatura (Johnson T. et al, 2003; Muñoz N. et al, 2003). Os tipos encontrados em maior número foram: HPV-53 de alto risco em 4 amostras, HPV-16 do leste asiático de alto risco em 5 amostras e o HPV-61 de baixo risco também em 4 amostras. A presença de DNA HPV (24.1%) encontrada nas amostras soronegativas para HIV-1 foi menor que outras reportadas por outros autores em estudos realizados no Brasil e maior que um estudo realizado em Hong Kong: 48% (Armbruster-Moraes E et al, 2000), 76% (Rabelo-Santos SH et al, 2003), 62% (Câmara G. N. L. et al, 2003) e 10.4% (Chan PKS et al, 2002). Armbruster-Moraes e colaboradores em 2000 analisaram 125 amostras de células cervicovaginais de gestantes que apresentavam exame de papanicolau alterado. Foi detectada a presença de DNA HPV por hibridização slot-blot em 48% das amostras, e a tipagem realizada para detecção de tipos específicos, sendo encontrada a freqüência de 22.4% de HPV-16, 17.6% de HPV-18, 4.0% de infecção mista HPV-16 e HPV-18 e 4.0% de HPV 33. Outro estudo realizado em mulheres grávidas por Chan e colaboradores em 2002 na cidade de Hong Kong, analisou 308 amostras cervicais. O DNA HPV foi detectado em 10.1% das amostras utilizando PCR com primers MY09/MY11 sendo que essas gestantes HPV reativas 90% apresentavam exame citológico normal. A tipagem foi realizada por seqüenciamento de DNA e os tipos mais encontrados foram o HPV-16 e o HPV-58. Rabelo-Santos e colaboradores em 2003 estimaram a prevalência e a distribuição dos tipos de HPV em 74 mulheres não grávidas com neoplasia cervical intraepitelial grau III (NIC III) e câncer cervical invasivo na cidade de Goiânia. As amostras analisadas foram tecidos parafinados, e o DNA HPV foi amplificado a partir do PCR para Região L1 com os primers GP5+/GP6+ e o produto amplificado tipado por hibridização dot blot usando probes específicos para os tipos de DNA HPV. A 52 prevalência do DNA HPV foi de 76% e o tipo mais encontrado foi o 16 e o 18 como segundo mais prevalente. Camara e colaboradores em 2003 estudaram no Distrito Federal 129 amostras de raspado cervical de mulheres que apresentavam testes de Papanicolau anormais mostrando leões pré-neoplásicas ou neoplásicas. O DNA HPV foi detectado por PCR utilizando os primers MY09/MY11 e tipado pela técnica de polimorfismos de tamanhos de fragmentos gerados por enzima de restrição (RFLP) e seqüenciamento de DNA. A partir da detecção do DNA do HPV em 62% das amostras, o tipo 16 foi o mais prevalente em 43.8% das amostras seguido pelo tipo 58 em 12.5%, o HPV-31 em 10% e o HPV-53 em 6.3%. De acordo com os nossos estudos, presença de DNA do HPV (47.4%) nas amostras soropositivas para HIV-1 foi maior em relação às amostras soronegativas, mas foi menor em relação aos dados existentes na literartura: 69% (Volkow P. et al, 2001), 64% (Spinillo A et al 2001), 98% (Levi JE et al, 2002), 64.5% (Levi JE et al, 2002). Volkow em 2001 na cidade do México, analisou junto a colaboradores, 85 amostras de escovado cervical de mulheres não grávidas, soropositivas para HIV-1, sem histórico de patologias ginecológicas conhecidas. O DNA HPV foi detectado por PCR (MY09/MY11, GP5/GP6 e primers tipo específicos) em 69% das amostras. A tipagem realizada por seqüenciamento nas amostras amplificadas para região L1, apresentou 48% de tipos de alto risco e 14% de tipos de baixo risco, sendo o HPV-16 o mais freqüente, 69%. Spinillo e colaboradores em 2001 na Itália estudaram secreções cervicovaginais de 124 mulheres não grávidas soropositivas para HIV-1 e obteve por PCR, com primers MY09/MY11, 64% de DNA HPV detectado. O material amplificado foi tipado por RFLP para 8 tipos diferentes e foi encontrado em 8.9% das amostras o tipo 11 de baixo risco seguido pelo 18 em 7.3% das amostras. Em 2002 Levi e colaboradores realizaram um estudo com 208 mulheres soropositivas para HIV-1 da cidade de São Paulo- Brasil, com objetivo de observar a 53 alta prevalência do HPV e a freqüência de múltiplos genótipos nessa população. O DNA HPV foi detectado por SPF10 PCR primer set e tipado por HPV-LiPA que permite a identificação de 25 genótipos diferentes. O DNA HPV foi detectado em 98% das amostras e tendo sido observada alta prevalência de múltiplos genótipos (78,9% dos casos). O HPV-6 foi o genótipo mais prevalente (39.2%) seguido pelo HPV-51 (31.9%), HPV-11 (26%), HPV-18 (24%) e o HPV-16 (22.5%). Em outro estudo no mesmo ano, Levi e colaboradores analisaram também na cidade de São Paulo 265 amostras de escovado cervical de mulheres soropositivas para HIV-1. Foi realizado o teste de Captura Híbrida para detecção do DNA HPV encontrado em 64.5% das amostras. A importância da análise de DNA HPV em amostras soropositivas para HIV-1 e, principalmente em gestantes soropositivas para HIV-1, está diretamente relacionada a imunossupressão que o HIV causa. Ahdieh em 2001 analisou a prevalência e a persistência do HPV em mulheres não grávidas soropositivas para HIV-1 e soronegativas para HIV-1. Utilizando PCR com primers MY09/MY11 foi detectado o DNA HPV nos primeiros seis meses de estudo com persistência de 67.7% nas amostras soropositivas para HIV-1 e 47.4% de persistência nas amostras soronegativas para HIV-1. Trinta e seis meses após a detecção inicial, ao serem reanalisadas, as amostras soropositivas para HIV-1 apresentavam uma persistência tipo específica de 45.2% de DNA e as HIV-1 soronegativas de apenas 14.8%. Dessa forma os dados mostram que a persistência acumulativa do DNA HPV está claramente associada tanto com a infecção por HIV como a imunossupressão que o HIV causa. Em 2003 Cerqueira e colaboradores encontraram na região central do Brasil, variantes dos tipos 53, 58 e 66. O importante achado desse estudo em relação aos tipos de HPV que foram detectados em nossa análise é referente aos isolados Bsb-61 e Bsb-63. São isolados que apresentam 98% de similaridade com o HPV-53 e aparentemente são específicos do Brasil. Após a análise por seqüenciamento observamos infecção sugerindo múltiplos genótipos do HPV em 6 amostras. A amostra IFF 20 apresentou o isolado Bsb 63, isolado Bsb 61 e HPV-53 que como descrito anteriormente são isolados que apresentam 98% de similaridade com o HPV-53. Na amostra HUGG 60, analisada em 54 nosso estudo, ocorreu o mesmo fato, o tipo MM4 foi detectado junto com um isolado similar ao MM4 o IS887. Na amostra HUPE 52 foram detectados dois tipos diferentes o HPV-61 e o HPVA61, sugerindo uma infecção múltipla e mista já que essa amostra é soropositiva para HIV-1. A amostra HUPE 53 apresentou dois tipos, LVX160 e AE1 e um isolado CY08410, também sugerindo infecção múltipla. A amostra HUPE 81 apresentou, além de dois tipos, o LVX160 e o AE1, dois isolados o CY08-410 e o SDL 105 o que sugere infecção múltipla e infecção mista por HIV-1. A amostra HUPE 85 apresentou 1 tipo, HPV-16 do leste Asiático e um isolado o CY07-118. A infecção múltipla, citada anteriormente, foi sugerida uma vez que muitos desses isolados ainda estão sendo estudados para avaliação e confirmação do tipo de origem ou a possibilidade de serem considerados novos tipos. Levi e colaboradores em 2004, estudaram a presença de múltiplos genótipos de HPV em amostras cervicais de mulheres infectadas por HIV. O autor analisou 255 mulheres HIV soropositivas por Captura Híbrida para presença de DNA do HPV e, para tipagem foi realizado seqüenciamento da região L1. O DNA do HPV foi detctado em 87% das amostras. Sessenta pacientes estavam infectadas por apenas um tipo de HPV, 47 por dois tipos, 41 por três tipos, 36 por quatro tipos e 39 amostras infectadas por mais de quatro tipos. Cuschieri e colaboradores em 2004, analisaram 3444 amostras de citologia líquida de mulheres não grávidas por PCR com primers GP5+/GP6+. Vinte por cento das amostras foram reativas para DNA HPV, sendo encontrado múltiplos genótipos em 43.3% das amostras reativas para HPV. McLaughlin-Drubin e Meyers em 2004 realizaram testes in vitro para observar se é possível a infecção por dois tipos de HPV numa mesma célula do hospedeiro. Eles concluíram que tipos que se apresentam em posições próximas na classificação filogenéticas não se desenvolvem bem em conjunto pois precisam dos mesmos substratos produzidos pela célula e irão competir por eles, não permitindo uma replicação viral persistente de um dos dois tipos. Segundo esse estudo a infecção múltipla in vitro foi possível quando os dois tipos não eram próximos na classificação 55 filogenética, pois não havia competição pelos substratos celulares e os dois mantinham um nível alto de replicação viral. De acordo com esses dados, foi observada uma prevalência do tipo 16 nas amostras analisadas, sendo importante ressaltar que muitos desses estudos foram realizados em amostras que já apresentavam alterações citológicas severas associadas ao câncer cervical. Em nosso estudo analisamos amostras independente dos resultados citológicos. observamos um número maior do HPV-16 em , entretanto, em proporções diferentes dos dados da literatura. Também observamos um maior número do tipo 53. Foi encontrada grande variabilidade de tipos e isolados dificultando a detecção de um mesmo tipo em um número maior de amostras. A grande variabilidade de tipos encontrados em nosso estudo, deveu-se ao uso da técnica de seqüenciamento da região L1 utilizando os primers MY09 e MY11 que permitiram detectar mais de 25 tipos diferentes de HPV genital. O seqüenciamento não restringiu a possibilidade da detecção de novos tipos ou isoformas. Os trabalhos citados nesta discussão utilizaram técnicas com sondas e enzimas de restrição que restringem a detecção de diferentes tipos, isolados, por exemplo, não são detectados por essas técnicas. A metodologia utilizando sondas e enzimas de restrição é pouco sensível para detecção de tipos incomuns como o Xc, LVX160, 35H, AE1, A61 que foram detectados em nosso estudo. Não foi encontrada na literatura informações que possam elucidar as nove amostras seqüenciadas como Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23. Informações pessoais não descartam a hipótese dessas amostras serem DNA HPV reativo, uma vez que ao analisarmos a amostra HUPE 85 em um primeiro ensaio encontramos resultado pelo seqüenciamento, de Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23. Em uma segunda análise, a mesma amostra de DNA foi amplificada novamente e por seqüenciamento foi detectado DNA HPV-16. As amostras consideradas como infecção produtiva, apresentavam no momento da coleta, lesões clínicas visíveis indicativas de infecção por HPV. As amostras consideradas infecção latente por HPV não apresentavam, no momento da coleta, lesões clínicas visíveis sugestivas de infecção por HPV. 56 Algumas amostras apresentaram grau de homologia, percentual de identificação por seqüenciamento, abaixo do que se considera fidedigno. As análises sugeriram, como perspectivas de estudo, avaliação das mesmas amostras por amplificação de outra região do genoma viral para que sejam confirmados os resultados de detecção. A tipagem pode ser confirmada por outras metodologias como RFLP, ou pelo seqüenciamento de regiões complementares do genoma viral analisando-se comparativamente todos os resultados e definindo se o grau de homologia entre amostras IFF08 (85%), HUGG 39 (94%), HUGG46 (94%), HUGG 63 (90%), HUPE 81 (94%) está mantido. As análises devem ser realizadas com o objetivo de detectar as possibilidades da existência de novos tipos ou isolados. 57 CONCLUSÃO VI– Conclusão ¾ Das 196 amostras analisadas 56 (28.6%) foram reativas para DNA do HPV por PCR. - Das 158 amostras soronegativas para HIV-1 analisadas, 38 (24.1%) foram reativas para DNA do HPV por PCR. - Das 38 amostras soropositivas para HIV-1 analisadas, 18 (47.4%) foram reativas para DNA do HPV por PCR. ¾ Em 10 amostras analisadas foi detectada infecção produtiva por HPV, sendo três amostras soronegativas para HIV-1 e sete soropositivas para HIV-1. ¾ Em 46 amostras foi detectada infecção latente, sendo 11 (18%) amostras soropositivas para HIV-1 e 35 (92%) amostras soronegativas para HIV-1. ¾ O seqüenciamento de DNA detectou e identificou o tipo específico de HPV em 38 (67,8%) amostras das 56 analisadas. - Dezesseis das 18 amostras soropositivas para HIV-1 o DNA do HPV foi tipado por seqüenciamento. Nas duas restantes não foi possível a tipagem, sendo detectado, em uma das amostras HPV gene maior do capsídeo com 98% de homologia e na outra, DNA humano identificado como Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23. - Em duas amostras soropositivas para HIV-1 (HUPE 49 e HUPE 81) a infecção por mais de um tipo de HPV foi sugerida. - Em 21 amostras de 38 soronegativas para HIV-1 o DNA do HPV foi tipado por seqüenciamento de DNA. - No total de 17 amostras o seqüenciamento não determinou o tipo de DNA HPV, sendo em oito amostras devido à baixa concentração de DNA HPV; em 8 amostras foi detectado DNA humano - Homo Sapiens BAC clone RP11-420A23 58 e a amostra HUGG 53 foi detectado HPV L1 gene sendo o tipo de HPV indeterminado. - Em sete das 21 amostras soronegativas para HIV-1 o seqüenciamento do DNA do HPV sugeriu a infecção por mais de um tipo de HPV. ¾ Foram detectados, por seqüenciamento de DNA 21 tipos diferentes, doze isolados e um subtipo de HPV. Doze tipos e sete isolados de alto risco, seis tipos e um subtipo de baixo risco e três tipos e cinco isolados de risco desconhecido. - Nas amostras soropositivas para HIV-1 foram encontrados tipos de HPV de alto risco em 10 amostras, em cinco amostras tipos de baixo risco e em três amostras tipos de risco desconhecido. - Nas amostras soronegativas para HIV-1, 10 amostras foram tipadas como alto risco, cinco amostras como baixo risco e cinco amostras como risco desconhecido. - Os tipos de alto risco mais presentes em nossa casuística foram: HPV 58 isolado IS068 em três amostras, HPV 53 em quatro amostras e HPV 16 do leste asiático em cinco amostras. - O tipo de baixo risco mais freqüente em nossa casuística foi o HPV 61 em quatro amostras. 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VI – Referências Ahdieh L, Klein RS, Burk R, Cu-Uvin S, Schuman P, Duerr A, Safaeian M, Astemborski J, Daniel R, Shah K. 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