PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Welington Mrad Joaquim ENSINANDO A TEORIA DA RELATIVIDADE POR MEIO DE UM SISTEMA HIPERMÍDIA Belo Horizonte 2013 Welington Mrad Joaquim ENSINANDO A TEORIA DA RELATIVIDADE POR MEIO DE UM SISTEMA HIPERMÍDIA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientadora: Adriana Gomes Dickman Belo Horizonte 2013 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais J62e Joaquim, Welington Mrad Ensinando a teoria da relatividade por meio de um sistema hipermídia / Welington Mrad Joaquim. Belo Horizonte, 2013. 98f.: il. Orientadora: Adriana Gomes Dickman Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. 1. Relatividade (Física) – Estudo e ensino. 2. Multimídia interativa. 3. Ensino médio. I. Dickman, Adriana Gomes. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 530.12 À minha noiva Liciane, companheira que esteve sempre ao meu lado em todos os momentos, pelo seu amor, carinho e compreensão. À minha Tia Vanda Rocha, que me apoiou durante toda a vida. Ao Isaac Newton, que deixa meus dias mais amenos. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus por me permitir chegar até aqui, sempre guiando meus passos perante todas as situações. A todas as amizades feitas durante o curso de mestrado. Aos professores do curso de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, pelos grandes ensinamentos, que foram cruciais para ampliar ainda mais meus horizontes e crescer como docente. À diretora Marta Beatriz Queiroz Fabri, à coordenadora Cássia Mara Ferreira e aos alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora das Dores de Uberaba /MG pela oportunidade de realizar esse projeto dentro da estrutura Física daquela renomada instituição de ensino. À Universidade de Uberaba por incentivar seus profissionais a sempre buscarem novos desafios e qualificações. À orientadora Prof.ª Dra. Adriana Gomes Dickman pelo apoio, incentivo, dedicação e por confiar em mim para a execução desse trabalho. Enfim, meus sinceros agradecimentos a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que eu atingisse esse objetivo. “Tudo deveria se tornar o mais simples possível, mas não simplificado." Albert Einstein RESUMO Neste trabalho foi elaborado um sistema hipermídia constituído de textos, simulações computacionais, vídeos, imagens, atividades e hiperlinks para o ensino da Teoria da Relatividade na disciplina de Física, de acordo com a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel. Foi selecionado o tópico da Física Moderna, Teoria da Relatividade de Einstein, por ser de fundamental relevância aos inúmeros avanços tecnológicos presentes na vida cotidiana. O produto educacional consiste das seguintes etapas: pré-teste, organizadores prévios, aplicação do hipermídia e dos organizadores explicativos, pós-teste e avaliação final do curso pelos alunos. Todas essas etapas correlacionam o sujeito e o uso de sistemas hipermídias à teoria da aprendizagem significativa. As atividades foram aplicadas a estudantes do terceiro ano do ensino médio do Colégio Nossa Senhora das Dores de Uberaba/MG. Os resultados mostram que a maioria dos alunos compreendeu os conceitos gerais relacionados ao tema ao participarem das atividades propostas. Acredita-se que o uso de sistemas hipermídias contribuiu significantemente para estes resultados, contribuindo ainda para que os estudantes compreendessem como essa teoria está intimamente relacionada às explicações de fenômenos presente em suas realidades. Por conseguinte, este produto pode ser aplicado a qualquer aluno com conhecimentos em nível de terceiro ano do Ensino Médio e com disposição para aprender de forma significativa. Palavras-chave: aprendizagem significativa, sistemas hipermídias, teoria da relatividade, ensino médio. ABSTRACT In this work we developed a hypermedia system consisting of texts, computer simulations, videos, pictures, hyperlinks and activities for teaching the theory of relativity in introductory physics, according to Ausubel´s theory of meaningful learning. We chose the topic of Modern Physics, Einstein's Theory of Relativity, to be a theory that was of fundamental importance to numerous technological advances present in everyday life. The educational product consists of the following steps: pre-test, advance organizers, application of hypermedia and expository organizers, post-test and final evaluation of the course by the students. In all these stages we correlate the subject and use of hypermedia systems with the theory of meaningful learning. The activities were applied to students of the last year of High school of the Nossa Senhora das Dores School in Uberaba / MG. Our results show that most students understand the general concepts related to the topic by participating in the activities proposed. We believe that the use of hypermedia systems contributed significantly to these results, further contributing to the students to understand how this theory is closely related to explanations of phenomena present in their realities. Therefore, this product can be applied to any student with knowledge level compatible with the last year of High school and with a willingness to learn meaningfully. Keywords: meaningful learning, hypermedia systems, theory of relativity, high school students. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tela inicial da Hipermídia........................................................................................ 40 Figura 2 - Texto sobre os 100 anos da teoria de Einstein. Esse texto foi retirado da Revista Veja cujo hiperlink do hipermídia remete diretamente à reportagem da revista (Tópico Relatividade de Einstein, Figura 3 - Exemplo de uma atividade proposta na hipermídia. Tópico Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de ver o mundo, quadro 5, em que o aluno deve discorrer sobre dilatação do tempo e explicar de onde ela vem. ............................................................. 42 Figura 4 - Exemplo de um vídeo disponibilizado na hipermídia. Reporta a biografia de Albert Einstein (Tópico Relatividade de Einstein, quadro 1). ............................................................. 42 Figura 5 - Simulação com o intuito de se analisar diferentes referenciais. Tópico Relatividade na Física Clássica, quadro 3. .................................................................................................... 43 Figura 6 - Simulação com o intuito de se analisar diferentes referenciais, diferentes velocidades e análise do que acontece com o tempo. Tópico Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de ver o mundo, quadro 5. .................................................................. 43 Figura 7- Charge ilustrativa sobre a relação massa e energia. Tópico E=mc2,......................... 44 Figura 8 - Imagem de uma pintura de Salvador Dali. Intitulada “A persistência da Memória”, retrata a dilatação. Pode-se observar que o relógio “derretendo” dá uma impressão de ser uma concepção artística da relatividade do tempo (Tópico Relatividade na Física Clássica, quadro 1). .................................................................................................................................................. 44 Figura 9- Exemplo de curiosidades sobre a Teoria da Relatividade Geral com suas aplicações no dia-a-dia. Tópico Teoria da Relatividade Geral, quadro 4. O visitante seleciona o hiperlink o qual o direciona para o texto em questão. ............................................................................. 45 Figura 10 - Uma cena do vídeo A Sinfonia Inacabada de Einstein. Nesse trecho discute-se a afirmação de Albert Einstein que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados. Para Einstein, o tempo não existe de fato; não existe um tempo real ou absoluto, como afirmava Isaac Newton. “O tempo é relativo e não pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda parte”. ................................................................................................ 58 Figura 11 - Mapa conceitual 1: Relatividade na Física Clássica. ............................................. 60 Figura 12 - Mapa conceitual 2: Experimento de Michelson – Morley. .................................... 60 Figura 13 - Mapa conceitual 3: Relatividade de Einstein. ....................................................... 61 Figura 14 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 2 do pré-teste. ........................... 74 Figura 15 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 2 do pós-teste. .......................... 74 Figura 16 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 3 do pré-teste. ........................... 75 Figura 17 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 3 do pós-teste ........................... 75 Figura 18 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 4 do pré-teste. ........................... 76 Figura 19 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 4 do pré-teste. ........................... 77 Figura 20 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 5 do pré-teste. ........................... 78 Figura 21 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 5 do pós-teste. .......................... 78 Figura 22 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 6 do pré-teste. ........................... 79 Figura 23 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 6 do pós-teste. .......................... 80 Figura 24 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 7 do pré-teste. ........................... 81 Figura 25 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 7 do pós-teste. .......................... 82 Figura 26 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 8 do pré-teste. ........................... 83 Figura 27 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 8 do pós-teste. .......................... 84 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Notas de física dos alunos voluntários no primeiro e segundo anos do EM ..... 68 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação NTICs – Novas Tecnologias da Informação e Comunicação FMC- Física Moderna e Contemporânea EM- Ensino Médio PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais CD – Compact disc - Disco Compacto DVD - Digital Versatile Disc - Disco Digital Versátil KCC- Kit para Construção de Circuitos PhET – Physics Education Thechnology - Tecnologia no Ensino de Física PCNEM - Parâmetros Curriculares Nacionais para Ensino Médio GPS - Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global PHP- (Hypertext Preprocessor)- Pré-processador de Hipertexto HTML- (HyperText Markup Language) - Linguagem de Marcação de Hipertexto MySQL- (My Structured Query Language) – Linguagem de Consulta Estruturada UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 O ensino de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio ............................... 14 1.2 Recursos computacionais e o ensino de Física Moderna Contemporânea no Ensino Médio.................................................................................................................................. 15 1.3 Ferramentas computacionais utilizadas para o ensino de Física ................................. 18 1.3.1 Simulação Computacional ............................................................................................. 19 1.3.2 Animação computacional ............................................................................................... 20 1.3.3 Hipertexto........................................................................................................................ 21 1.3.4 Hipermídia ...................................................................................................................... 21 1.4 Nossa proposta .................................................................................................................. 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 25 2.1 A aprendizagem significativa segundo Ausubel ............................................................. 25 2.2 Mapas conceituais ............................................................................................................. 29 2.3 O ensino de Física baseado na Teoria de Ausubel e mediada pelos softwares computacionais ................................................................................................................... 31 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 33 3.1 Escolha do conteúdo ......................................................................................................... 33 3.2 Elaboração da Sequência de Atividades ......................................................................... 34 3.2.1 Pré – teste ........................................................................................................................ 35 3.2.2 Organizadores Prévios .................................................................................................... 37 3.2.3 Elaboração da Hipermídia ............................................................................................ 38 3.2.4 Organizadores Explicativos (mapas conceituais) .......................................................... 47 3.2.5 Pós-teste e avaliação do curso pelos alunos .................................................................. 48 3.3 Produto Educacional ........................................................................................................ 49 3.3.1 Etapa 1: PRÉ-TESTE .................................................................................................... 50 3.3.2 Etapa 2: ORGANIZADORES PRÉVIOS ...................................................................... 53 3.3.2.1 Textos ........................................................................................................................... 53 3.2.2.2 Vídeos........................................................................................................................... 58 3.3.3 Etapa 3: UTILIZAÇÃO DA HIPERMÍDIA .................................................................. 59 3.3.4 Etapa 4: ORGANIZADORES EXPLICATIVOS .......................................................... 59 3.3.5 Etapa 5: PÓS-TESTE E AVALIAÇÃO DO CURSO ..................................................... 61 4 APLICAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL E RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS ................................................................................................................ 67 4.1 Características da população........................................................................................... 67 4.2 Cronograma de aplicação do curso ................................................................................. 69 4.3 Análise dos Resultados ..................................................................................................... 71 4.3.1 Identificação de subsunçores ......................................................................................... 71 4.3.2 Análise comparativa do Pré- e Pós-teste ........................................................................ 73 4.3.3 Análise da questão presente somente no pós-teste ........................................................ 85 4.4 Interpretação dos Resultados .......................................................................................... 86 4.5 Análise da avaliação do curso pelos alunos .................................................................... 87 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 90 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 94 12 1 INTRODUÇÃO O avanço tecnológico tem modificado, sobremaneira, os aspectos sociais, possibilitando uma maior comunicação e rapidez na troca de informações. Aliado a isso, contribui na modernização e aperfeiçoamento de equipamentos e recursos nas mais diversas áreas do conhecimento. Para Schaff (1990), os avanços com relação à informatização teriam influências sobre vários setores da sociedade, inclusive na área educacional, motivo este, que requer uma melhor compreensão quanto à sua utilização. A inserção dos computadores e da informática, segundo o autor, traz como consequência o surgimento e avanço de novas tecnologias, inovações e contribui para novas descobertas em vários seguimentos. A internet, um produto da Guerra Fria (1945-1991), conectou o mundo através das redes de computadores e contribuiu para que a informação fosse veiculada de modo praticamente instantâneo. Impulsionada a partir de 1996 no Brasil, a internet vem interferindo, sobremaneira, no âmbito educacional, entretanto, não se pode afirmar que seu acesso está disponível para todos, embora haja um crescimento exponencial em sua utilização pela população brasileira. Com o surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs ou NTICs), o aprendizado passa a ter em mãos uma gama de ferramentas que potencializam a interatividade e a colaboração. Surge, nesse novo cenário, a Web 2.0, uma segunda geração de softwares, recursos e serviços da internet que têm como finalidade dinamizar, colaborar e reorganizar os conteúdos da informação. (MOREIRA; DIAS, 2009). O computador e a internet provocam um fascínio em seus usuários graças às inúmeras possibilidades de uso e, essa atração, pode ser favorável às práticas educativas. Simulação computacional, vídeos, animações, hipertexto e hipermídia podem auxiliar o professor a veicular os conteúdos e tornar a aprendizagem mais prazerosa e, até mesmo, menos penosa. Dessa forma, computador e a internet passam a ser ferramentas presentes no cotidiano dos estudantes e professores e podem ser fortes aliados na busca da aprendizagem e dinamicidade das aulas. Programas educacionais em diversos países, inclusive no Brasil, privilegiam a inserção da internet nas escolas e o uso dos computadores no âmbito escolar torna-se indispensável. O ensino brasileiro passou a contar com o suporte do computador em torno dos anos 70 do século XX (MORAES, 1997). A partir de 1987, universidades e escolas públicas passariam a implantar softwares educativos a fim de incrementar o ensino. (MORAES, 1993). Dessa 13 forma, a educação no Brasil tem buscado novos rumos em direção à formação de um novo cidadão e profissional, com perfil crítico e participativo na sociedade. (MEDEIROS, MEDEIROS, 2002). O uso e as possibilidades atuais da informática na educação são muito inferiores às previsões ensejadas nos anos 80 do século XX. Professores pouco capacitados e falta de políticas públicas com projetos consistentes e deficiências de verbas são considerados os principais motivos que protelam a expansão do uso da informática na educação. Observa-se que nas últimas duas décadas, em termos de políticas públicas, o aperfeiçoamento de professores, aquisição de equipamentos e recursos pelas escolas e transformações nas questões administrativas e pedagógicas caminham lentamente. (VALENTE, ALMEIDA, 1997). Os avanços tecnológicos têm proporcionado certo desequilíbrio e, até mesmo, ultrapassado a prática docente, fazendo com que o professor se sinta como um principiante quanto à utilização do computador nas práticas educativas. Faz-se necessário que a formação dos professores ofereça condições para que construam seu conhecimento quanto aos recursos tecnológicos, mas que também consigam integrar o computador em suas práticas pedagógicas e consigam vencer dificuldades de ordem administrativa e pedagógica. (VALENTE, ALMEIDA, 1997). A criação de ambientes de aprendizagem, em que o aprendiz é responsável pela construção de seu conhecimento, independente da ação do professor, ainda não são práticas totalmente transformadoras e enraizadas encontradas, a ponto de se dizer que houve, de fato, uma transformação relevante no processo educacional como o concluído por Valente e Almeida no final dos anos 90 do século XX. Se o computador passar a fazer parte de um processo de desenvolvimento coerente no âmbito educacional, podem ser construídas novas possibilidades de trabalho, fornecendo ao professor novas vivências entre elas novas situações, problemas, desafios e responsabilidades. (PAPERT, 1980). O educador que possui recursos tecnológicos, à sua disposição, tem maiores chances de compreender o comportamento dos educandos e, dessa forma, pode agir de modo mais efetivo no processo de ensino-aprendizagem; aliado a isso, na informatização do processo tradicional de ensino a construção do conhecimento pelo aluno é mediada pelo computador e esse processo não lhes exige conhecimentos técnicos sofisticados. (VALENTE, 1999). 14 1.1 O ensino de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio Os avanços científicos e tecnológicos têm despertado a atenção dos jovens quanto aos mais variados temas. A Física tem contribuído significativamente com desenvolvimento tecnológico em diversas áreas, principalmente nos campos da Medicina e das Engenharias. Todavia, o ensino de ciências, particularmente o ensino de Física Moderna e Contemporânea (FMC) no Ensino médio (EM), não tem acompanhado tal desenvolvimento. Dessa forma, há um distanciamento das reais necessidades dos alunos em relação ao estudo de conhecimentos científicos atualizados. A falta de atualização do conteúdo do atual currículo de Física e as informações relacionadas aos avanços e descobertas científicas na área da Física, adquiridas pelos alunos através da mídia escrita e falada, são fatores que contribuem para essa defasagem. (OLIVEIRA; VIANNA; GERBASSI, 2007). Esses mesmos autores ainda concluem que há uma lacuna no ensino de Física, cujo currículo desatualizado resulta em uma prática pedagógica que não está inserida na realidade do aluno. Essa realidade faz com que o aluno não consiga compreender a importância de estudar essa disciplina, a qual, na maioria dos casos, é baseada em fórmulas e equações matemáticas, sem contextualizações com seu papel histórico, cultural e social. Pesquisas nessa área têm proposto a inserção de um ensino de Física mais contextualizado e atual, ressaltando a necessidade de reformulação curricular e de trabalhar os conceitos de FMC no EM. (OSTERMANN; MOREIRA, 2000; OSTERMANN; CAVALCANTI, 2001). Ostermann e Moreira (2000) apud Oliveira, Vianna e Gerbassi (2007) ressaltam as razões para a introdução de conceitos de FMC no EM que se explicam pelas suas finalidades: despertar a curiosidade dos alunos quanto ao assunto; conceber a Física como um empreendimento humano e trabalhar temas quase nunca explorados em aulas como a teoria do big bang, dos buracos negros, nanotecnologia, etc. Ainda evidenciam que o ensino desses temas atuais pode colaborar para que os alunos desenvolvam uma visão mais coerente da Física e do trabalho científico, ultrapassando a visão linear dos livros e aulas didáticas. Ostermann e Moreira (2000) ainda elaboraram uma lista consensual, realizada entre físicos, pesquisadores em ensino de Física e professores de Física do EM, sobre quais tópicos de FMC deveriam ser abordados no EM com a intenção de atualizar o currículo de Física. Os itens mais importantes na opinião dos entrevistados foram o efeito fotoelétrico, átomo de Bohr, leis de conservação, radioatividade, forças fundamentais, dualidade onda-partícula, fissão e fusão nuclear, origem do universo, raios-X, metais e isolantes, semicondutores, laser, 15 supercondutores, partículas elementares, relatividade restrita, big bang, estrutura molecular e fibras ópticas. (OSTERMANN; MOREIRA, 2000 apud OLIVEIRA; VIANNA; GERBASSI, 2007). No Brasil, os tópicos de FMC ainda são, realmente, pouco abordados. Tal fato se deve às falhas na formação de professores; à infraestrutura deficiente das escolas e à carência de materiais didáticos adequados para a abordagem destes temas, dentre outros limitantes. Os recursos da informática são poucos explorados, e estes têm potencial para ampliar o acesso e processamento das informações, contribuindo também para a redução da exclusão digital. (PEREIRA; AGUIAR, 2007). E ainda, a utilização de modernas tecnologias da informação para o ensino de Física, por si só, não concebe um ensino de qualidade, se a concepção de ensinar ainda se mantiver atrelada ao ensino tradicional de sempre. Há necessidade de mudanças pedagógicas nessa área com o intuito de criar uma perspectiva crítica nos alunos quanto à ciência, à tecnologia, assim como nas consequências sociais advindas delas. 1.2 Recursos computacionais e o ensino de Física Moderna Contemporânea no Ensino Médio Percebe-se certa rejeição pela disciplina Física por uma considerável parcela dos estudantes e, aqueles que possuem certa afeição pela mesma, atribuem-na devido aos seus cálculos matemáticos. (PEREIRA et al., 2007; RICARDO; FREIRE, 2007). Pereira et al. (2007) acreditam que há várias causas pelo desafeto que a disciplina provoca entre os discentes, que variam desde dificuldades individuais de aprendizagem até como a forma que o professor coordena as situações de aprendizagem, desmotivando o aluno a compreender e aplicar a Física no seu dia-a-dia. A preparação da aula é um momento crucial e é nesse momento que o professor não deve apenas ensinar fórmulas e leis e aplicar exercícios para que o aluno consiga aprovação. Entretanto, essa realidade é reconhecida pela maioria dos professores da disciplina Física. (VILLANI, 1984). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e, mais atualmente, os PCN+ de Física têm demonstrado certa preocupação em transformar o ensino para além do tratamento baseado apenas no conteúdo. Os fundamentos e teorias da Física são abstratos em quase sua maioria e quando o assunto é FMC, isso se torna ainda mais complexo. A Física moderna trabalha teorias surgidas no começo do século passado, como a Mecânica Quântica de Bohr e a Teoria da Relatividade de Einstein, as consequências científicas decorrentes e todas as teorias posteriores, incluindo a reestruturação do entendimento de noções de tempo, espaço, trajetória, localidade, medidas, simultaneidade e causalidade. 16 A utilização de recursos computacionais não garante um ensino de qualidade, porém seu uso orientado e racional, direcionado pelas capacidades e pelas limitações, pode contribuir para o sucesso da aprendizagem, uma vez que, educar é algo de tamanha complexidade e cada vez mais requer alternativas pedagógicas diversas. (PIETROCOLA; BROCKINTON, 2003). Fiolhais e Trindade (2003) se dizem a favor do computador no ensino de Física e Ciências Exatas, uma vez que reconhecem as limitações e dificuldades dos alunos e acreditam que os computadores podem proporcionar medidas significativas na aprendizagem. Os PCN propõem o uso dos meios tecnológicos para o aprendizado e compreensão da Física como sendo parte do cotidiano da sociedade, quando expõem a necessidade do aluno em compreender os avanços tecnológicos na medicina, agricultura, indústria e na área de comunicações, com o uso dos microcomputadores e diversas mídias como CDs e DVDs. (BRASIL, 2002). Alves (2001) acredita na reinvenção da escola baseada na associação às novas tendências tecnológicas e em uma conexão entre essas duas vertentes sociais a fim de acompanhar as mudanças e transformações do mundo. Para Toniato, Ferreira e Ferracioli (2006), o computador e as simulações de Física formam um “laboratório” no processo de ensino e aprendizagem. A formação básica do estudante se finda com o último ano do EM, etapa essa de suma importância para o aluno que deve compreender sua inserção no espaço e na sociedade e ser responsável pelo seu conhecimento. A FMC entra nesse contexto de modo a integrar e explicar as novas tecnologias presentes no cotidiano desse aluno. Diversas pesquisas têm evidenciado o potencial do uso das tecnologias para as práticas educacionais, procurando formular e avaliar propostas que possam ser inseridas na realidade escolar. Vários pesquisadores questionam as dificuldades do ensino das Ciências Exatas no currículo do EM, como o ensino de Física, mais notadamente a FMC, que praticamente é deixada de lado nesse nível de ensino, sendo mais trabalhada em cursos de graduação específicos. Essa renovação do pensamento dos educadores aliada às tecnologias disponíveis podem dar novos rumos ao ensino de FMC para os alunos do EM. Autores como Sales e Vasconcelos (2008) e Levin (2007) acreditam que a melhor metodologia para inserção da FMC no EM seja pela sua visão histórica e utilização de recursos tecnológicos. Sales e Vasconcelos (2008) aplicaram um objeto de aprendizagem (OA) para alunos do EM, para o ensino do efeito fotoelétrico e o cálculo da constante de Planck (h), resultando em uma aprendizagem significativa do fenômeno. Machado e Nardi (2005) analisaram a metodologia empregada na estruturação de um 17 sistema hipermídia para o ensino de tópicos de FMC no EM, cujos conceitos foram selecionados tendo como referência a lista de 18 tópicos elaborada por Ostermann e Moreira (2000). Levando-se em consideração os princípios de aprendizagem de Ausubel e os estudos em Educação para a Ciência, envolvendo a opinião de físicos, pesquisadores no ensino de Física e professores de Física do EM. Mais tarde, em 2007, esses mesmos autores descreveram as características e a potencialidade de um sistema hipermídia construído com a finalidade de apoiar o ensino e a aprendizagem de tópicos de Física Moderna em escolas de nível médio. O sistema hipermídia foi produzido e validado embasados nos Fundamentos e princípios ausubelianos de ensino, nos estudos relativos à inserção da Física Moderna no EM, nas discussões promovidas no âmbito do movimento Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente, em considerações quanto ao papel pedagógico da História e da Filosofia da Ciência e em orientações para a implementação e validação de sistemas hipermídia. (MACHADO; NARDI, 2007). Pesquisadores de Ensino de Física, licenciandos de Física e estudantes do terceiro ano do EM avaliaram esse recurso didático, que foi considerado fator de motivação dos estudantes; cuja diversidade de elementos de mídia auxiliou-os na fixação e atenção sobre o conteúdo, favorecendo a visualização e interpretação dos fenômenos, como também de conteúdos procedimentais e atitudinais. A estruturação do hipertexto em conformidade com princípios ausubelianos ajudou no desenvolvimento de subsunçores1 apoiando a aprendizagem de novos conteúdos. Garcia e Dickman (2005) construíram e avaliaram o uso de uma simulação sobre o efeito fotoelétrico por alunos do curso de Engenharia de Controle e Automação, que apresentaram uma maior disposição para participar de atividades extraclasses, além de um entendimento melhor e mais detalhado do fenômeno. Cardoso e Dickman (2012) propuseram a elaboração de uma sequência de atividades apoiadas no uso de simulações computacionais para o ensino do efeito fotoelétrico, através de cinco etapas baseadas na interpretação da Teoria de aprendizagem significativa de Ausubel, enfocando a organização da estrutura dos conceitos. A sequência de etapas foi composta pelo pré-teste; organizadores prévios; aplicação da simulação com roteiro de estudo; organizador explicativo e teste final. A sequência foi aplicada a alunos do EM de uma escola particular. Os 1 “Subsunçor (ideia-âncora) - Ideia (conceito ou proposição) mais ampla que funciona como subordinador de outros conceitos na estrutura cognitiva e como ancoradouro no processo de assimilação. Como resultado dessa interação (ancoragem), o próprio subsunçor é modificado e diferenciado.” (MOREIRA; MANSINI, 1982, p. 104). 18 autores consideraram a sequência elaborada como um material potencialmente significativo para o ensino do tema em questão, uma vez que, houve um entendimento dos alunos em relação aos conceitos relacionados ao tema trabalhado, apoiados em um índice de acerto maior que 67% para a maioria das questões. Macêdo, Andrade e Dickman (2012) relataram o processo de elaboração e aplicação de um roteiro de atividades, desenvolvidas com base nos momentos pedagógicos de Delizoicov: Problematização inicial, Organização do conhecimento e Aplicação do conhecimento. As atividades foram preparadas para orientar professores do EM, quanto ao uso de simulações computacionais para o ensino de temas relacionados ao ensino do Eletromagnetismo, através do uso de simulações Kit para Construção de Circuitos (KCC) e Laboratório de Eletromagnetismo, desenvolvidas pelo projeto Tecnologia no Ensino de Física (PhET) da Universidade do Colorado. O roteiro para trabalhar o tópico “Condutores e isolantes” foi aplicado em uma turma do terceiro ano do EM. A partir da análise dos dados, obtidos por meio da aplicação de um questionário pré- e pós-teste, conclui-se que a aula baseada no simulador computacional promoveu uma mudança conceitual nos alunos, permitindo a assimilação das diferenças básicas entre materiais que são condutores ou isolantes. 1.3 Ferramentas computacionais utilizadas para o ensino de Física A informática tem estado presente em nosso cotidiano e de forma gradual, o computador vem se tornando um aparelho corriqueiro em no meio social. Todas as áreas fazendo vêm inserindo este instrumento em suas atividades e consequentemente todos terão que aprender a conviver com ele tanto na vida pessoal quanto na profissional.(ROCHA, 2008). A informática também contribui no processo de ensino-aprendizagem, viabilizando várias formas de o aluno reelaborar as informações de modo ativo e criativo ao expressar reflexões pessoais. (GUTIERREZ, 1978). Lucena (1994) acredita que a utilização do computador no ensino pode colaborar na formação e construção do conhecimento e desenvolvimento da capacidade cognitiva e lógica do aluno, uma vez que, proporciona melhor preparação física e mental para fazer uso da tecnologia disponível em seu cotidiano, na medida em que compreende as capacidades e limitações dessa máquina. Ainda, segundo Machado (2006): 19 A habilidade de lidar com as tecnologias da informação predispõe o aluno a continuar o processo educacional após o período escolar, pelo resto de sua vida, ao permitir a aquisição de novos conhecimentos a partir dos meios de comunicação com os quais este estará constantemente em contato. Na utilização da informática na educação, desempenha papel fundamental o software educacional, programa de computador desenvolvido para atender a objetivos pedagógicos previamente estabelecidos. O software educacional deve instigar as habilidades cognitivas dos alunos, auxiliando-os a desenvolver seu conhecimento e a transferi-lo para a resolução de novos problemas (MACHADO, 2006, p. 109). Para Ribeiro e Greca (2003), há vários usos possíveis para as potencialidades da utilização das novas tecnologias no campo educacional. As ferramentas computacionais para o ensino de Física são classificadas mediante seus princípios de uso em: ferramentas para aquisição e manipulação de dados; multimídia, baseados em conceitos de hipermídia, apresentando informações de forma estruturada e, usualmente, gráficas; os micromundos e simulações, em que os primeiros são programas completos que promovem simulações de uma vasta gama de processos e os segundos, são programas menores, com modelos de um sistema ou processo voltado para a sua visualização; ferramentas de modelização que são programas que permitem ao usuário construção de sua própria simulação e, as ferramentas da Web, que trabalham a capacidade de intercomunicação do computador, com o uso de todos os programas anteriormente mencionados. A seguir são discutidos os vários tipos de recursos computacionais e como ocorre sua utilização no ensino de Física. 1.3.1 Simulação Computacional Simulação computacional é uma operação ilustrativa, realizada por programas de computador, de uma determinada situação ou fenômeno. Simulações podem ilustrar várias situações dentro de um mesmo fenômeno, pois oferece interatividade ao usuário, graças a suas variáveis. (FIOLHAIS; TRINDADE 2003). Simulação computacional pode ser ainda entendida como uma ferramenta para tomada de decisão, em que modelos de um sistema real podem ser detalhados e experimentados prevendo respostas, mediante a mudanças em sua estrutura ambiente ou condições de contorno. (HARREL et al,. 2002). Esses softwares ilustram certos fenômenos, sendo um recurso extremamente interessante e atraente para o ensino de Física, cujos conceitos e teorias são considerados mais difíceis de trabalhar, uma vez que são apoiados em situações abstratas. (FIOLHAIS; 20 TRINDADE, 2003). O modelo de simulação é utilizado para prever o comportamento de um sistema, investigando uma variedade de questões, e ainda, testar mudanças que, por ventura, possam ocorrer nesse sistema com a finalidade de prever os impactos em seu comportamento. (MIYAGI, 2004). Para Brighenti (2006), uma simulação é um recurso que pode contribuir para análises mais elaboradas a respeito da dinâmica de um sistema, promovendo uma interpretação mais detalhada e abrangente do sistema estudado, porém não substitui o trabalho de interpretação humana. Simulações bem elaboradas atraem a atenção do aluno pelos recursos visuais das imagens representativas, ou seja, os modelos dos fenômenos físicos, que ajudam o professor a tornar suas aulas mais atraentes, promovendo o entusiasmo do aluno. (LOPES; FEITOSA, 2009). Porém, Medeiros e Medeiros (2002) advertem que uma animação está baseada em uma modelagem do real e se não for clara, pode causar danos de grandes proporções. 1.3.2 Animação computacional O emprego, em computadores, de técnicas matemáticas com finalidade de assemelhar um processo ou operação do mundo real é chamado animação computacional, ou seja, é a construção de um modelo computacional que correspondente a uma situação real. (MACÊDO, 2009). Entretanto, animações se diferenciam das simulações no que tange à interatividade; dessa forma, os alunos não possuem a oportunidade de explorar formas e resultados de um mesmo fenômeno, como nas simulações. Por isso, simulações abrangem (contêm) animações. (LOPES; FEITOSA, 2009). Animações podem ser consideradas promissoras no processo ensino-aprendizagem de Ciências Naturais, um de modo geral, e particularmente no ensino de Física. (HALLOUN, 1996; VEIT; TEODORO, 2002). Ainda de acordo com DAVIES, 2002 apud SANTOS; ALVES; MORET, 2006: [...] simulações e animações oferecem um potencial sem limites para permitir que os estudantes entendam os princípios teóricos das Ciências Naturais, a ponto de serem chamados de Laboratórios Virtuais. Essa ferramenta pedagógica é de grande valia para o aumento da percepção do aluno, pois pode incorporar a um só momento diversas mídias: escrita, visual e sonora. E desse modo potencializa as possibilidades pedagógicas da interação professor-aluno. (DAVIES, 2002 apud SANTOS; ALVES; MORET, 2006, p.5). 21 1.3.3 Hipertexto O texto é sequencial, ou seja, é definido por uma única sequência linear de caracteres, seja impresso ou digital. Já o hipertexto se organiza de forma que suporta o acesso não sequencial e seus dados são armazenados em uma rede de nós, cujas conexões se dão por meio de ligações. Essa característica provê, ao hipertexto, uma ferramenta natural para o desenvolvimento de mapas conceituais, contribuindo como mais um recurso no âmbito educacional. (GAINES; SHAW, 1995). A estrutura do hipertexto pode propiciar uma aprendizagem por descoberta, uma vez que, sua aplicação em ambientes onde o aluno possui liberdade de ação e toma iniciativas é adequada à sua utilização. O aprendiz, nesses ambientes, controla a escolha do caminho a percorrer, participando ativamente e, consequentemente, possui maior responsabilidade sobre o processo de aprendizagem. (MARQUES et al., 2003; AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Freitas (2005) acredita que a utilização apenas do hipertexto, no processo de ensino e aprendizagem, não garante resultados positivos, contudo, o uso de forma mais consistente dessa ferramenta, em associação a conceitos pedagógicos consolidados, pode se tornar mais uma opção na difusão de informações e conhecimento. O ensino de Física pode se valer do hipertexto para alavancar grandes resultados na construção do saber. Esse recurso permite acessar, de forma ilimitada e aleatória, outros textos, sem sequências ou regras definidas graças a um processo não linear e não hierarquizado. (FACHINETTO, 2005). 1.3.4 Hipermídia O termo hipermídia relaciona-se aos conceitos de hipertexto e de multimídia; esta última compreende a reunião de vários meios de comunicação como textos, imagens, sons, animações e vídeos para configurar uma informação. (REZENDE; COLA, 2004). Para Soares (2006), hipermídia é a associação de múltiplas mídias e de hipertexto com a finalidade de exibir informações; alia texto, imagem e som em um mesmo recurso computacional, proporcionando um ambiente de aprendizado dinâmico graças aos recursos audiovisuais e funcionais, atraindo a atenção dos alunos. Para Marchionini (1988) apud Rezende e Cola (2004), há uma clara relação entre hipertexto e hipermídia: 22 Hipertexto é a representação eletrônica do texto que se apropria do acesso randômico dos computadores para interromper a seqüência linear e estática impressa no papel, enquanto hipermídia é a representação e acesso não lineares aos vários meios de representação de informações. (MARCHIONINI, 1988, apud REZENDE; COLA, 2004 p. 8). Muitos educadores têm sido atraídos, desde o final da década de 80 do século XX, pelo uso de hipermídias enquanto materiais educativos. Para Marchionini (1988) apud Rezende e Cola, (2004), há duas características da hipermídia que são relevantes para a educação: (i) o armazenamento de grande quantidade de informações representadas sob os mais diversos meios, permitindo que conteúdos extensos e variados sejam agrupados e disponibilizados aos estudantes; e (ii) o alto nível de controle do sistema pelo usuário, o que torna constante a tomada de decisões e a avaliação de progressos, permitindo o desenvolvimento de habilidades e a escolha de objetivos por parte deste. (MARCHIONINI, 1988, apud REZENDE; COLA, 2004 p. 9). Spiro e colaboradores (SPIRO; JEHNG, 1990; SPIRO et al., 1991), no início dos anos 90, desenvolveram pressupostos teóricos sobre a flexibilidade cognitiva, cujo conceito é a base teórica dos sistemas hipermídias de aprendizagem. (REZENDE; COLA, 2004). Para Rezende e Cola (2004), flexibilidade cognitiva é: [...] é a capacidade de reestruturar o próprio conhecimento para responder às necessidades dessas situações, tanto em função da forma como se representa o conhecimento, como dos processos que operam nas representações mentais realizadas. (REZENDE; COLA, 2004, p. 3). Para favorecer a flexibilidade cognitiva, o tema trabalhado deve ser fragmentado em pequenas partes, destacando aspectos que poderiam se perder no todo, sendo cada parte analisada segundo diferentes perspectivas. (SPIRO; JEHNG, 1990). Esses autores caracterizaram a chamada desconstrução de conceitos, processo este que representa o conteúdo que é exposto mediante vários tipos de representação e dividido em pequenas unidades, corroborando, assim, para a aprendizagem. Ainda para Rezende e Cola (2004): A incorporação de elementos da TFC no planejamento de sistemas hipermídia de aprendizagem pode ajudar no delineamento de características relacionadas ao desenvolvimento de representações flexíveis do conhecimento e promoção da aprendizagem de conceitos complexos em níveis instrucionais avançados. (REZENDE; COLA, 2004, p. 4). Dessa forma, sistemas hipermídia possibilitam relacionar conceitos, representações e 23 aplicações, mediante adição de sons, imagens, gráficos e movimentos, facilitando, assim, o estabelecimento de conexões entre os temas estudados pelos alunos. Como resultado, tem-se uma rede de conhecimentos que tende a ser mais rica e forte que a obtida com materiais tradicionais somente. (BABBITT; USNICK, 1993). Um sistema hipermídia adequadamente estruturado pode ser utilizado para aumentar o desempenho dos alunos, enquanto sistema de aprendizagem; podendo proporcionar uma forma de instigar e desenvolver habilidades cognitivas de ordem superior. (PAOLUCCI, 1998). As características de um sistema hipermídia podem contribuir para a geração de propostas educacionais e pedagógicas compatíveis com o conceito e princípios da aprendizagem significativa derivados da teoria ausubeliana. 1.4 Nossa proposta Nogueira et al., (2000) ao analisarem softwares educacionais disponíveis no mercado, observaram que são estáticos e independentes das concepções do usuário, apresentam simulações de situações-problema ou apenas avaliam acertos e erros do aluno ao responder questões objetivas. Dessa forma, esses softwares são utilizados por todo tipo de aluno, com diferentes graus de desenvolvimento cognitivo e de concepções sobre o tema trabalhado e, ainda, esses recursos não conseguem lidar com questões subjetivas, relacionadas com a própria linguagem, concepção e nível cognitivo do aluno. Para Moreira (1983) e Ausubel (1968) as novas informações devem fazer sentido para o indivíduo, relacionando-se com os elementos cognitivos pré-existentes para que ocorra uma aprendizagem significativa e ainda, indivíduos diferentes possuem subsunçores diferentes na estrutura cognitiva. Dessa forma, as informações e sua introdução também devem ser diferentes para que ocorra a aprendizagem significativa sobre um determinado assunto. Ausubel ainda salienta outro ponto relevante: a linguagem como um recurso facilitador importante para a ocorrência da aprendizagem significativa. (MOREIRA, 1983). As informações serão assimiladas de forma eficaz pelo aprendiz se forem trabalhadas numa linguagem que lhes faça sentido. Por conseguinte, esses softwares educacionais estáticos, disponíveis no mercado, não atendem aos pré-requisitos fundamentais para que ocorra uma aprendizagem significativa, uma vez que, sua arquitetura não é suficientemente flexível para formar conceitos a partir de subsunçores diferentes. Associado a isso, a linguagem sobre a qual esses softwares são estruturados; não a linguagem computacional, mas a terminologia que utilizam para nomear 24 os conceitos envolvidos no processo, não se assemelha à linguagem do aprendiz. Diante disso, uma das limitações imposta pelo uso do computador, no âmbito educacional, seja a comunicação entre o aluno usuário e a máquina, ou seja, entre aluno e interface. (NOGUEIRA, et al., 2000). O presente trabalho propõe um sistema hipermídia para o ensino da Teoria da Relatividade para o último ano do EM, utilizando-se das tecnologias da informação, fundamentando-se nos princípios de ensino e aprendizagem de Ausubel e nos estudos quanto ao desenvolvimento e aplicação da hipermídia educativa no ensino de FMC. Acredita-se que o ensino de FMC no EM pode ser facilitado por meio do uso de tecnologias e recursos computacionais que auxiliam na visualização de fenômenos e situações que antes não poderiam ser totalmente mostrados e visualizados nas aulas tradicionais. No capítulo dois apresenta-se o referencial teórico utilizado na construção do produto educacional, tendo como fundamentação a teoria Ausubeliana e o ensino de Física mediado pelas ferramentas computacionais. No capítulo três tem-se a estrutura metodológica da pesquisa, baseada na elaboração da hipermídia e nos instrumentos de verificação do conhecimento dos alunos. No quarto capítulo apresentam-se a aplicação do produto para alunos do último ano do EM de uma escola da rede particular de Uberaba/MG, além da interpretação dos resultados, das atividades realizadas pelos alunos e da metodologia desenvolvida na aplicação da hipermídia. Finalmente, tem-se o quinto capítulo com as considerações finais nas quais são avaliados os objetivos da proposta e os resultados alcançados com a metodologia. 25 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Seguindo esta linha de trabalho, apresentam-se aqui as bases teóricas que apoiam a metodologia adotada para utilização de um sistema hipermídia, desenvolvido para trabalhar o tema Teoria da Relatividade, com alunos do último ano do EM, de uma escola da rede particular de Uberaba/MG. 2.1 A aprendizagem significativa segundo Ausubel David Paul Ausubel, graduado e Ph.D. em Psicologia, escreveu várias obras sobre o processo de aprendizagem. Em seu livro Educational Psychology: a cognitive view (1968) introduziu “A Teoria da Aprendizagem Significativa”, a qual versa sobre os processos de aquisição dos conhecimentos divididos em três eixos principais: psicomotor, afetivo e cognitivo. A aprendizagem cognitiva resulta em um armazenamento organizado de informações, formando um complexo que é a “estrutura cognitiva”. (MOREIRA; MASINI, 2001). Segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980), a aprendizagem significativa ocorre quando se tem a aquisição de novos conceitos relacionados a conhecimentos prévios, ou seja, já estabelecidos na estrutura cognitiva do indivíduo, produto de experiências diárias ou instrução formal anterior. Os conhecimentos prévios são os “ancoradouros” no processo de assimilação. (MOREIRA; MASINI, 2001). Dessa forma, a aprendizagem é o produto da interação entre conhecimentos prévios e novos conceitos. Ausubel define a estrutura cognitiva como uma união de ideias, proposições e definições com significados próprios, de cada indivíduo, dispostos como uma rede de conexões organizada, entre os elementos mais comuns e inclusivos e os elementos mais específicos, menos inclusivos. São os chamados subsunçores ou os elementos âncoras que são utilizados de maneira consciente pela memória a fim de realizar interação de significados com as novas informações que se quer aprender. Os subsunçores relacionam-se com os novos conceitos facilitando a construção de novos significados e compreensão, sem, contudo, perderem seus significados individuais. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003). Entretanto, a estrutura cognitiva vai sofrendo transformações à medida que ocorre o processamento entre os conceitos pré-existentes e os novos conceitos. Há uma diferenciação em que os conceitos pré-existentes se tornam mais específicos, detalhados ou abrangentes e permitem a incorporação de um novo conceito à estrutura cognitiva, ampliando-a e formando uma nova rede de subsunçores estáveis. Dessa forma, os conceitos mais específicos são 26 ligados aos mais gerais a partir de uma construção de significados elaborados de forma subjetiva (não literal), em que a estrutura cognitiva apresenta um constante processo de reorganização. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003). É a chamada estrutura hierárquica inclusiva e decrescente. (MOREIRA; MASINI, 2001). Em um processo oposto, Ausubel indica que a Aprendizagem Mecânica ou Automática ocorre quando as novas informações são incluídas na estrutura cognitiva, porém sem quaisquer interações com os conceitos pré-existentes como, por exemplo, a memorização de fórmulas ou conceitos, bem característicos no ensino-aprendizagem de Física (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003), e a aprendizagem de última hora, aquela das vésperas de avaliações e que são esquecidas logo em seguida à realização das mesmas. (MOREIRA, 1999 apud CARDOSO, 2003). Porém, a aprendizagem mecânica nem sempre é totalmente desprovida de alguma interação com os conceitos pré-existentes. O que diferencia é a não construção, intencional ou não, de um novo significado como resultado da possível interação, uma vez que, a nova informação é armazenada de forma literal, arbitrária e não substantiva; desse modo, a aprendizagem significativa e mecânica, não são necessariamente processos dicotômicos. Em algumas situações, como na ausência completa de elementos subsunçores, há necessidade de introduzir elementos de forma mecânica a fim de que assumam papéis de elementos âncora para novos conhecimentos. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003). A aprendizagem mecânica, com a memorização de fórmulas, trata de retenção mecânica e estanque, com ausência de significados em relação aos conceitos prévios estabelecidos na estrutura cognitiva do estudante e não está relacionada aos subsunçores; consequentemente, os conceitos ficam armazenados de forma arbitrária, diferentemente da aprendizagem significativa, a qual é construída por meio de “pontes” entre subsunçores e conhecimentos subsequentes. (AUSUBEL, 1982, apud CARDOSO, 2003). (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Para Azevedo (2010), de acordo com Ausubel, para que a aprendizagem mecânica venha a ser significativa, é relevante que alunos e professores trabalhem para que isso ocorra. O aluno deve estar receptivo à aprendizagem e o professor deve reconhecer quais os meios que facilitam esse tipo de aprendizagem. Os tipos de aprendizagens caracterizadas por Ausubel não são exclusivos de sua teoria, entretanto, estão fortemente centrados no referencial do conceito de aprendizagem significativa. As aprendizagens por descoberta e por recepção podem ter uma interpretação tanto significativa como mecânica. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003). Nas palavras de Ausubel: 27 Por exemplo, um conhecimento que pode ser descoberto a partir do desenvolvimento de atividades logicamente construídas (as antigas instruções programadas ou uma atividade experimental organizada passo-a-passo, por exemplo) a ponto de ser admitido na estrutura cognitiva de forma, praticamente, mecânica; por outro lado o conhecimento pode ser descoberto (ou redescoberto) a partir de situações problemas (técnica de problemas) onde o aluno seja desafiado ao desenvolvimento de elaborações e construções sucessivas com ajuda de alguns recursos disponíveis (materiais, informações, equipamentos [...]) e de sua bagagem cognitiva a fim de estender seu domínio conceitual de forma significativa. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003, p. 25). A aprendizagem de um conteúdo pode ser realizada de forma significativa tanto por descoberta quanto por recepção. Para Moreira, A aprendizagem só é significativa quando a nova informação a ser aprendida mantém ligações de elaboração e transformação de significados com os subsunçores relevantes presentes na estrutura cognitiva de forma subjetiva. No entanto, uma informação que seja apresentada já em sua forma final, pronta ou acabada pode também ser assimilada de forma significativa sem que seja, necessariamente, descoberta. É o caso da interpretação e utilização de uma lei Física, se em sua análise forem identificados seus conceitos fundamentais, e possibilidades de construir inter-relações com outros conceitos subsunçores adequados, portanto, já presentes na estrutura conceitual do aprendiz. (MOREIRA, 1999). O processo de (re)descoberta, para Ausubel, deve prevalecer na fase inicial da escolarização, uma vez que o aprendizado é obtido preponderantemente por meios indutivos, simbólicos, ou seja, utilização de signos concretos e/ou empíricos. A maturação cognitiva é caracterizada pelo enriquecimento da estrutura cognitiva que passa a compor relações entre elementos existentes e novos elementos, possibilitando que a aprendizagem significativa por recepção seja possível e tão lógica quanto a por descoberta; situação esta que reflete bem o que acontece em sala de aula em diferentes níveis de escolaridade. Porém, deve-se lembrar também que o aprendizado possibilitado pelas experiências particulares do cotidiano, ou seja, extra-sala, ocorre quase que naturalmente, na maioria dos casos por descoberta por meio de relações o meio material e humano. (AUSUBEL, 1980 apud CARDOSO, 2003). A natureza do material a ser apreendido e da estrutura cognitiva do indivíduo são dois aspectos relevantes para que a aprendizagem significativa se estabeleça. Quanto à natureza das informações a serem apreendidas, estas necessitam ser potencialmente significativas, ou seja, devem possuir significados lógicos. Para que ocorram construções lógicas, a natureza da estrutura cognitiva deve conter elementos subsunçores específicos e adequados. Dessa forma, a natureza da informação pré-existente na estrutura cognitiva e a forma como são apresentados os novos conteúdos definir-se-ão a possibilidade de construção de um novo 28 significado lógico. O professor, como intermediador desse processo, tem papel relevante na maneira como ocorrerá a apresentação e a qualidade dos conteúdos, cujas ferramentas e estratégias pedagógicas utilizadas permearão a relação da nova informação com o aprendiz. Há também outros fatores relevantes para a ocorrência de uma aprendizagem significativa como a disposição, interesse e motivação por parte do aprendiz, permitindo-lhe que perceba sua evolução ou transformação e, consequentemente, estará mais motivado a buscar novos significados e aprendizados. (AUSUBEL, 1982, apud CARDOSO, 2003). Quando os elementos específicos se mostrarem importantes para a emergência de um novo conhecimento tornam-se subsunçores, ou seja, à medida que passarem a representar uma nova informação, proposição ou ideia lógica, caracteriza-se uma aprendizagem subordinada, a qual se divide em derivativa e correlativa. A aprendizagem subordinada derivativa é dependente da nova informação que será assimilada, a qual é representada por um exemplo mais específico de um elemento importante desta estrutura, ou ainda, representa uma aplicação ou uma ilustração de um elemento subsunçor mais geral. Contudo, a apreensão de uma nova informação é geralmente verificada pela aprendizagem subordinada correlativa, em que a interação entre a nova informação e o elemento subsunçor se dá com “modificação, (re)elaboração ou extensão deste último” e de outros conceitos também presentes na estrutura cognitiva do aprendiz. (AUSUBEL, 1982, apud CARDOSO, 2003). Há ainda, para Ausubel, outra forma de aprendizagem chamada superordenada, na qual a nova informação possui características mais gerais que os conceitos prévios existentes na estrutura conceitual do aprendiz, ou seja, estes conceitos estariam subordinados hierarquicamente ao novo conceito e, este último, superordenado em relação aos conceitos subsunçores. (AUSUBEL, 1982, apud CARDOSO, 2003). O processo em que o conceito integrador constituído permite que os significados se tornem mais precisos e específicos é chamado de diferenciação progressiva da estrutura cognitiva. À medida que os conceitos se tornam mais diferenciados mais a hierarquia conceitual se constitui e ainda, se o processo for contínuo e progressivo, um conceito pode sempre ser mais aprofundado e diferenciado nas interações subsequentes, dependendo da intensidade e interesse que são atribuídos ao estudo. (AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1980, apud CARDOSO, 2003). A reconciliação integrativa ou integradora é uma diferenciação progressiva mais profunda, em outras palavras, é outro processo relevante que caracteriza a aprendizagem significativa em que há a constituição de “ressignificações de elementos conceituais já existentes na estrutura cognitiva em diferentes hierarquias ou em níveis distantes de uma 29 mesma hierarquia”. (AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1980, apud CARDOSO, 2003). Ausubel, Novak e Hanesian (1980) ainda apoiam a ideia de que o aprendiz seja parte ativa no processo de aquisição do conhecimento. De acordo com os autores, é necessário a utilização de materiais potencialmente significativos e da participação ativa do aprendiz no processo ensino- aprendizagem; ou seja, o aluno deve manifestar interesse em relacionar conceitos prévios com as novas informações. Neste trabalho, os conceitos prévios como espaço, tempo, massa e velocidade, concebidos num primeiro momento pelo aluno, são os subsunçores para a compreensão da Teoria da Relatividade. A principal estratégia para Ausubel, Novak e Hanesian (1980) na organização da estrutura cognitiva do aprendiz está na utilização de organizadores prévios, que possuem a função de organizar e estruturar os subsunçores presentes na estrutura cognitiva do estudante. A aprendizagem proposta por Ausubel, Novak e Hanesian (1980) ocorre realmente e de forma significativa, quando os novos conceitos se tornam claros e precisos, diferenciados e intransferíveis na estrutura cognitiva do aprendiz e, para identificação de uma aprendizagem significativa, faz-se necessário o uso de testes diversos dos utilizados em exames convencionais e testes de vestibulares, aos quais o aluno já teve acesso, ou seja, de forma mecânica, por memorização. Para Moreira e Mansini (2001), seria interessante colocar o aluno frente a situações em que este possa diferenciar ideias relacionadas, porém não idênticas; identificar elementos de um conceito ou proposição de uma lista que também contenha elementos de outros conceitos e proposições semelhantes. Ainda, propor um exercício de aprendizagem que seja dependente de outro, ou seja, que não possa ser executado sem o domínio do anterior. 2.2 Mapas conceituais Para Moreira e Masini (2001), mapas conceituais “[...] são diagramas bidimensionais mostrando relações hierárquicas entre conceitos de uma disciplina e que derivam sua existência da própria estrutura da disciplina”. (MOREIRA; MASINI, 2001, p. 51). Mas deve ser utilizado quando o aluno já possui certo conhecimento e familiaridade com o assunto. (MOREIRA; MASINI, 2001). O professor deve apresentar aos alunos um mapa conceitual para dado conteúdo segundo os significados que ele atribui aos conceitos e aos graus de significância entre eles. Não se deve esperar que o aluno apresente na avaliação o mapa conceitual “correto” de um 30 dado conteúdo. O aluno apresentará o seu mapa e o importante não é se esse mapa está correto ou não, mas se este evidencia quais relações o aluno é capaz de fazer naquele momento. A intenção do professor ao ensinar é obter do aluno certos significados que são corretos e relevantes em relação à matéria ensinada e que serão, posteriormente, compartilhados por outros usuários. Os mapas conceituais são recursos valiosos para a consecução desse objetivo, fornecendo informação sobre a forma como está sendo realizada essa construção. Contudo, esses mapas de conceitos, tanto do aluno como do professor, têm significados peculiares. Os dois mapas poderão transmitir o bom entendimento da matéria sem glorificar um ou outro, porém, ao avaliar os mapas conceituais dos alunos, é preciso cuidado ao considerar “tudo” como correto na intenção de ajudar, pois alguns mapas são pobres e transmitem falta de compreensão. (MOREIRA, 1998). Segundo Moreira (1998), quando o professor apresentar para o aluno um mapa conceitual correto de um conteúdo, ou quando exigir desse aluno um mapa correto, estará promovendo uma aprendizagem mecânica em detrimento da significativa. Mapas conceituais estão sujeitos a constantes modificações no curso no qual a aprendizagem significativa é o objetivo. Se a aprendizagem é significativa, a estrutura cognitiva está em constante reorganização por diferenciação progressiva e reconciliação integrativa e, consequentemente, os mapas traçados hoje sobre um determinado conteúdo, certamente serão diferentes no futuro. Contudo depreende-se de forma fácil que mapas conceituais são instrumentos diferenciados e que requerem avaliação essencialmente qualitativa. O professor deve interpretar as informações passadas pelo aluno com a finalidade de verificar se houve aprendizagem significativa. As explicações dadas pelos alunos sejam orais ou escritas, a respeito do mapa, auxiliará bastante na tarefa do professor nesse sentido. Para Moreira (1982), a ideia que se tem com relação aos mapas conceituais é que se trata de um recurso instrucional de pouca utilidade, pois são pessoais e de complicada quantificação. Mapas conceituais muitas vezes podem não ser atrativos sequer para professores, que preferem ter a segurança de ensinar o conteúdo sem margens para interpretações pessoais, nem para os alunos que têm o hábito de memorizar o que foi ensinado para fazerem as avaliações da disciplina. Não há muito espaço, no ensino tradicional, para a aprendizagem significativa e os mapas conceituais que revelam outra direção, exigindo outro enfoque ao ensino e à aprendizagem. Neste trabalho, os mapas conceituais serão utilizados como organizadores explicativos 31 do conteúdo discutido. 2.3 O ensino de Física baseado na Teoria de Ausubel e mediada pelos softwares computacionais O uso de software computacional pode contribuir, sobremaneira, para o aumento da estrutura cognitiva do aluno. Simulações computacionais, animações e hipermídias colaboram para a diversificação das tradicionais aulas de Física. A tradicional aula do professor, que utiliza o quadro-negro, o Datashow e as apresentações em ppt, os exercícios de livros didáticos e apostilas, não deve ser excluída em detrimento do uso de softwares computacionais, mas sim que esses sejam aliados do aprendizado. Roteiros de aulas podem ser elaborados mediante a estrutura da teoria de Ausubel, Novak e Hanesian (1980), com recursos audiovisuais, textos, questionários e avaliações. É necessário retirar a imagem do aluno memorizador de fórmulas e dos exercícios trabalhados usualmente. Esse tipo de aluno não possui subsunçores em sua estrutura cognitiva que o leve a um raciocínio para solucionar exercícios mais elaborados e que exigem raciocínio lógico. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para Ensino Médio (PCNEM) sugerem competências e habilidades a serem desenvolvidas durante o EM para o ensino de Física que compreendem Ciência e Tecnologia na Atualidade e Ciência e Tecnologia na História, a fim de que o aluno, ao final do EM, tenha compreendido a relação da Física com o seu cotidiano, sua relação com a tecnologia e seus fatos históricos e cronológicos; como também o ensino de informática que deve trabalhar o papel da informática na vida sociocultural e seu reconhecimento como ferramenta para novas estratégias de aprendizagem e conhecimentos interdisciplinares (BRASIL, 2000). Dessa forma a utilização de recursos computacionais é justificada pelos PCN como ferramentas pedagógicas. Moreira e Masini (2001) acentuam que para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), os símbolos e imagens produzidos por recursos da informática podem proporcionar ganhos cognitivos em diferentes níveis. Por outro lado, alunos com dificuldades de abstração podem se utilizar desses recursos de forma positiva. (TAVARES, 2008). É na fase escolar que jovens e adultos, quando alunos, atingem o estágio operacionalconcreto, quando há aquisição de conceitos com um nível maior de abstração. É nesse momento que o estudante apreende novos significados conceituais, porém é quando entra em contato com os atributos dos conceitos estabelecidos em sua estrutura cognitiva e relaciona 32 estes atributos às ideias mais importantes. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Ausubel propõe que uma aprendizagem tenha um ambiente interativo, conduzindo o aluno de forma que este se sinta parte integrante e ativa desse aprendizado, cujo material seja potencialmente significativo, tanto lógica quanto psicologicamente. (AZEVEDO, 2010). O uso de software computacional contribui para a interação aluno-conteúdo, mas também aluno-professor. A organização prévia e hierarquizada são pré-requisitos para que o aluno consiga essa estrutura cognitiva entre subsunçores e a nova informação a ser incorporada. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Dessa forma, Ausubel indica o uso dos organizadores prévios, que são utilizados para facilitar o estabelecimento de uma disposição significativa da aprendizagem. (AZEVEDO, 2010). Um organizador prévio é um recurso utilizado antes do material propriamente dito, pode ser um vídeo, um texto explicativo, um filme sobre o conteúdo a ser trabalhado, etc. Há ainda, como forma de inserção de novos conceitos, o uso de organizadores explicativos, como por exemplo, os mapas conceituais que definem a hierarquização dos conceitos do conteúdo estudado, normalmente indo do aspecto mais amplo para o mais específico. O produto proposto neste trabalho foi elaborado de acordo com a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, Novak e Hanesian (1980), mediada pela tecnologia, no caso um sistema hipermídia, associado aos meios tradicionais de ministrar aula, e dividido nas etapas: Pré-teste; Organizadores Prévios; Aplicação do sistema hipermídia; Organizadores explicativos (mapas conceituais) e Pós-teste. Essas etapas foram elaboradas de acordo com a interpretação da proposta de Ausubel para aquisição de conhecimento significativo, uma vez que busca interligar o conteúdo e aplicação de um sistema hipermídia aos subsunçores presentes na estrutura cognitiva do aprendiz. 33 3 METODOLOGIA Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada em cada uma das etapas da pesquisa, organizadas de acordo com a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel. Neste trabalho foi desenvolvida uma hipermídia que trabalha a Teoria da relatividade e que ao mesmo tempo seja autoexplicativo, ou seja, o próprio aluno pode realizar as atividades sem um roteiro de aula pré-definido. As etapas da pesquisa consistem na elaboração e aplicação de um pré-teste com questões sobre Teoria da relatividade; utilização de organizadores prévios, no caso, textos e vídeo utilizados para introdução do tema com os alunos; elaboração e utilização de uma hipermídia dotada de características que pudessem favorecer a aprendizagem significativa de conceitos sobre relatividade; elaboração dos organizadores explicativos (mapas conceituais) utilizados concomitantemente à aplicação da hipermídia; elaboração e aplicação do pós-teste e a avaliação do curso pelos alunos. 3.1 Escolha do conteúdo Levando-se em consideração as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTCIs) presentes em nossa realidade e que podem ser utilizadas no meio educacional, e as propostas de conteúdo para o currículo do EM, presentes nos PCN, procede-se à escolha do tema para esse trabalho: a Teoria da relatividade de Einstein, cujo conteúdo é a base para a explicação de fenômenos da Física, como também o funcionamento de certos equipamentos eletrônicos. Este tema é contemplado nos 18 tópicos indicados por Ostermann e Moreira (2000), que devem ser abordados no EM. Há grandes mudanças rondando a sociedade, as quais vêm promovendo grandes reflexões, principalmente ao que tange à educação. Nesse âmbito os parâmetros curriculares têm exigido um currículo que proporcione ao aluno uma vida em sociedade, uma atividade produtiva e uma experiência subjetiva (BRASIL, 2002). Entende-se que conhecimento e entendimento de fatos presentes na realidade do aprendiz devem ser trabalhados no EM, contribuindo para a formação de um cidadão crítico, apto a questionar e compreender os efeitos da evolução tecnológica no seu cotidiano. O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um aparelho que está cada vez mais presente em nosso cotidiano, em automóveis, navios, aviões, e em alguns celulares modernos, substituindo a antiga bússola e fornecendo, com precisão, nossa posição, contribuindo para 34 evitar grandes desastres. O GPS utiliza mecanismos dependentes de 24 satélites ao redor da Terra para a determinação da posição, que se não fossem pelas correções relativísticas, as medidas poderiam ter um erro de localização de até onze quilômetros (MÁXIMO; ALVARENGA, 2000). A Teoria da relatividade provocou várias transformações em conceitos básicos e também permitiu a compreensão de fatos ainda inexplicáveis até o momento, sendo uma revolução para o século XX. O físico alemão Albert Einstein, nascido em Ulm, foi o responsável pela criação dessa teoria, como também explicou corretamente o efeito fotoelétrico, e derivou a relação massa-energia que possibilitou o desenvolvimento da bomba atômica, alterando irremediavelmente os rumos da política, economia e história mundiais. A Teoria da Relatividade é composta por duas teorias: a Relatividade Restrita, que aborda eventos em relação aos referenciais inerciais e a Relatividade Geral que estuda fenômenos do ponto de vista não inercial (EINSTEIN, 1999; tradução de PEREIRA, C.A). Estas teorias foram propostas em tempos diferentes, contribuindo para elucidar que os movimentos no Universo são relativos e não absolutos como se acreditavam. A teoria da relatividade foi elaborada por Einstein tendo como base dois importantes postulados: O Postulado da Relatividade e o Postulado da Constância da Velocidade da Luz. De acordo com o primeiro postulado, as leis da Física são sempre as mesmas em todos os sistemas de referência inercial, e com o segundo, a velocidade da luz no vácuo é a mesma, c = 300.000 km/s, independente do referencial inercial. (EINSTEIN; INFELD, 1938). 3.2 Elaboração da Sequência de Atividades Neste trabalho, foi elaborada uma hipermídia, acentada no site Física Atual, o qual está disponível em http://www.fisicatual.com.br. A hipermídia foi desenvolvida utilizando a linguagem de programação PHP (Hypertext Preprocessor), pré-processador de hipertexto, que é uma linguagem de scrip open source (de código aberto), de uso geral, bastante utilizada para o desenvolvimento de aplicações embutíveis no HTML ( HyperText Markup Language), uma linguagem de marcação para produção de páginas na Web. Além da linguagem PHP, também foi utilizada a linguagem JavaScript, uma linguagem de programação interpretada, incorporada a um documento HTML. (TONSIG, 2012). A área de interação exclusiva com os seus usuários, localiza-se no endereço http://fisicatual.com.br/hipermidia, cujo conteúdo é gerenciado pelo administrador do sistema, o qual pode inserir, excluir e editar os quadros e tópicos. Quadros são telas em que o 35 administrador insere o conteúdo relacionado ao tópico. O sistema suporta textos, vídeos, imagens, animações em Flash. Os dados são armazenados no banco de dados MySQL, um sistema de gerenciamento de banco de dados que utiliza a linguagem SQL como interface (Structured Query Language), ou seja, linguagem de consulta estruturada, e o servidor escolhido foi o Linux (sistema operacional) para realizar interações no browser (navegador) do usuário, bem como controlar as atividades. Todo o conteúdo do site está sob a linguagem de marcação HTML. (TONSIG, 2012). A hipermídia composta por onze tópicos com textos e atividades, direcionada a alunos do terceiro ano do EM, visando à assimilação de conceitos de Física moderna, mais especificamente, a Teoria da relatividade, tendo como embasamento a teoria da aprendizagem significativa. Desse modo, acredita-se que o aluno poderá construir ativamente seu aprendizado e adquirir novos conceitos de forma clara e substancial. O material instrucional elaborado, na forma de textos e vídeos, tem como função promover ou estimular subsunçores existentes na estrutura cognitiva dos alunos. Pressupõe-se que se saiba qual o grau de instrução dos estudantes ou se conheça os conceitos prévios presentes na estrutura cognitiva destes, garantindo existência de subsunçores que irão se relacionar com os novos conceitos, assim como do interesse e da disposição do estudante para aprender coisas novas. Detalha-se, nas subseções seguintes, o processo de elaboração de cada etapa da sequência de atividades que compõe o produto desta dissertação. As etapas do produto são: pré-teste (subseção 3.3.1), organizadores prévios (subseção 3.3.2), utilização da hipermídia (subseção 3.3.3), organizadores explicativos (mapas conceituais) (subseção 3.3.4), pós-teste e avaliação do curso (subseção 3.3.5). 3.2.1 Pré – teste Foi elaborado um pré-teste com o objetivo de identificar os conhecimentos prévios de cada aluno sobre a teoria da relatividade e conceitos relacionados. O pré-teste deve ser aplicado antes de o aluno ter qualquer contato com o novo material sobre o tema em questão. É necessário conhecer a estrutura cognitiva do aluno para facilitar a aquisição de novos conhecimentos e, dessa forma, o pré-teste deve ser fundamentado na teoria de Ausubel. Se o aluno tiver conceitos formados em sua estrutura cognitiva sobre o tema proposto, identifica-se a presença de subsunçores, ou seja, conceitos prévios necessários para o entendimento da teoria da relatividade. Esses conceitos serão relacionados a novos conceitos 36 quando o estudante fizer uso da hipermídia navegando pelos onze tópicos sequenciais que o constituem. Se o aluno não tiver subsunçores necessários para a inserção do assunto em questão, o material instrucional deverá fornecer fundamentação teórica destes conceitos necessários à introdução do tema. Nesse caso, são apresentados os organizadores prévios que têm função de introduzir ou realçar os subsunçores na estrutura cognitiva dos alunos. O pré-teste, mostrado na subseção 3.3.1, consiste de dez questões, sendo seis discursivas e quatro objetivas, cuja finalidade é identificar os conceitos necessários para que os alunos compreendam o assunto que será abordado. A primeira pergunta questiona o aluno quanto ao seu conhecimento sobre a Relatividade restrita, e qual meio de informação lhe promoveu isso. A segunda questão verifica se o aluno conhece o valor da velocidade da luz. A terceira questão investiga se o estudante percebe o limite de validade das leis de Newton, perante eventos com velocidades próximas à da luz. A quarta questão (adaptada de Prof. Mário2) verifica se aluno compreende a constância da velocidade da luz. A quinta e a sexta questão, adaptadas do vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, verificam se o aluno compreende o conceito de composição de velocidade na concepção da mecânica clássica e da mecânica relativística (postulado sobre a constância da velocidade da luz). A sétima questão verifica se o aluno compreende a ideia de referencial inercial. A oitava questão verifica se o aluno compreende que o valor da massa de um corpo aumenta quando a sua velocidade aumentar para valores próximos ao da velocidade da luz. A nona questão verifica se o aluno é capaz de citar alguma aplicabilidade da relatividade no dia-a-dia. A décima questão investiga se o aluno já ouviu falar e compreende a famosa equação de Einstein (E=mc2) e em caso afirmativo, qual meio de informação lhe proporcionou isso, além de questioná-lo o que entende por essa equação. Essas questões foram retiradas na íntegra de concursos vestibulares, elaboradas pelo próprio autor e/ou adaptadas de atividades de livros didáticos, levando-se em consideração conceitos necessários para compreender a teoria da relatividade. Para este trabalho, optou-se por aplicar questões contextualizadas, não trabalhadas com os alunos anteriormente e que mantinham uma sequência, de maneira que o aluno compreenda o porquê de cada conteúdo dentro do tema relatividade. 2 Prof. Mário João Martins Pimenta é Professor Auxiliar do Instituto Superior Técnico (Mecânica e Ondas) da Universidade Técnica de Lisboa/Portugal. 37 3.2.2 Organizadores Prévios Após a aplicação do pré-teste, procede-se à apresentação dos organizadores prévios, cuja função é evidenciar os subsunçores existentes na estrutura cognitiva do aluno, assim como estimular a lembrança de situações presentes no cotidiano que justifiquem o porquê da aprendizagem desse conteúdo. Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980) os organizadores prévios devem possuir conceitos amplos e inclusivos a fim de atender à grande quantidade de subsunçores encontrados no pré-teste. Diante disso, inserem-se de forma geral e gradual conceitos básicos sobre a teoria da relatividade. Nesse primeiro momento o aluno receberá dois textos presentes na Folha de São Paulo Especial de 05 de junho de 2005: o primeiro texto “As maiores evidências da teoria que desbanca Newton e o senso comum” de autoria de Salvador Nogueira, disponível em http://goo.gl/iAupBa, discute a parte histórica das teorias de Albert Einstein, questionando Newton e o senso comum daquela época, exibindo comprovações matemáticas quanto às múltiplas órbitas de Mercúrio e a elevação do cientista a mito e gênio; o segundo texto “Como um examinador de patentes falido estremeceu os alicerces da Física”, por Marcelo Gleiser, disponível em http://goo.gl/PGcm2G, também trabalha a história da elaboração das teorias de Einstein, porém de forma mais detalhada, trazendo uma sequência cronológica das principais publicações de Einstein que revolucionaram a ciência, como por exemplo, o fato de a luz ser uma onda eletromagnética e poder ser quantificada, indo contra os ensinamentos da época; a inexistência do éter, ou a luz não precisa de meio material para propagar, consequência imediata da ideia de Einstein, que chamou de princípio da constância da velocidade da luz; e derivação da famosa fórmula E = mc2, matéria contém energia e energia pode gerar matéria. Obedecendo à ordem de inclusividade de conceitos, após a aplicação dos textos comentados, o aluno assistirá a um vídeo intitulado “Sinfonia Inacabada de Einstein”, Coprodução BBC-The Science Channel, dublada e legendada em português com duração de 49 minutos, que pode ser visualizado acessando o endereço eletrônico: : http://goo.gl/XZSyVs. No marco do aniversário de 100 anos da Teoria da Relatividade de Einstein e do descobrimento da equação E=mc2, este documentário mostra a história de como sua mais famosa descoberta passou de simples símbolo num caderno de notas a uma arma de destruição em massa. Foi mostrado no documentário o que significa realmente a equação E =mc2, como foi a sua descoberta, e como ela revelou que o universo possui um imenso poder. E ainda conta a história de como Einstein passou os últimos anos de sua vida tentando produzir uma teoria que desabonaria muitos de seus trabalhos anteriores. Foi uma luta que 38 durou até o dia de sua morte, mostrando o conflito entre o Einstein racional, científico e objetivo, contra um sonhador, que acreditava que um dia encontraria a forma de ler a mente de Deus. Acredita-se que a leitura dos textos, exibição do vídeo e discussão do conteúdo proporcionarão subsunçores relevantes para compreensão e utilização do hipermídia a ser apresentado e utilizado. 3.2.3 Elaboração da Hipermídia Há três condições necessárias para que ocorra a aprendizagem significativa de acordo com Tavares (2008): apresentar um material instrucional com conteúdo adequado e estruturado de maneira lógica; um conhecimento organizado e relacionável existente na estrutura cognitiva do aprendiz e uma vontade e disposição de relacionar o novo conhecimento com aquele já existente por parte do aprendiz. Assim, o produto desta pesquisa é uma hipermídia com textos, vídeos, simulações, imagens para o uso de professores, como também de alunos do terceiro ano do EM. Esse material de apoio de fácil utilização e bastante ilustrativo, contempla o tema da Teoria da Relatividade de Einstein. A ideia inicial que motivou a elaboração deste produto foi justamente conseguir mostrar, com o uso da hipermídia, fenômenos e eventos explicados pela Física e que são de difícil imaginação e visualização durante as aulas convencionais, e tendo em mente algumas dificuldades encontradas pelos professores como falta de material específico e de tempo para pesquisas em fontes menos dinâmicas como livros e artigos. A construção da hipermídia foi realizada ao longo de um período de dez meses (agosto de 2012 a maio de 2013), quando sua primeira versão foi implementada. A versão final foi obtida após a realização de ajustes sugeridos na análise dos dados do pré-teste, como a inserção dos tópicos Teoria da Relatividade Geral e das referências utilizadas para compor a hipermídia. Houve também, uma melhora na acessibilidade e uso do produto, como quando o usuário da hipermídia está navegando em um tópico ou um quadro de um determinado tópico, o título desse tópico, situado no menu esquerdo, fica destacado em negrito, assim como a numeração dos quadros de cada tópico, para que o usuário possa se situar melhor. A inserção de mais vídeos educativos e simulações também foi repensada na fase de ajustes, contribuindo para o enriquecimento dos conteúdos. Artigos, gráficos, charges, imagens, simulações, vídeos e atividades foram 39 selecionados de acordo com os requisitos de uma aprendizagem significativa, pelo fato de serem considerados importantes para a compreensão e a contextualização dos conteúdos. Os textos do material foram extraídos de livros acadêmicos e de sites da internet, como se pode verificar nas referências da hipermídia. As atividades foram elaboradas e adaptadas para contemplar o referencial teórico. Essa metodologia teve como objetivo possibilitar a construção de conhecimentos com base na teoria ausubeliana, acreditando-se que a hipermídia possibilita a construção dessa aprendizagem mediante os vários recursos disponíveis, os fenômenos observados, a intertextualidade e as atividades propostas sobre os fenômenos. A hipermídia foi organizada em onze módulos/tópicos, reunindo textos por áreas afins e relacionados entre si por meio de links. Cada tópico foi dividido em quadros ou telas enumerados, exibidos no final da primeira tela do tópico para que o visitante possa navegar com facilidade. Os tópicos da Hipermídia elaborados são: a) Nossa proposta: mostra o objetivo do hipermídia, ou seja, uma introdução ao módulo e uma visão inicial do assunto; b) Introdução ao estudo da relatividade: abrange a ideia de verificar se o aluno conhece ou já ouviu falar sobre relatividade em seu meio; c) Relatividade na Física clássica: reúne as ideias de Galileu e Newton sobre relatividade dentro da Física clássica e ainda mostra a biografia dos mesmos; d) O éter e a experiência de Michelson Morley: congrega os experimentos feitos com o intuito de provar a existência do éter, deste modo contemplando o desenvolvimento histórico da Ciência; e) As transformações de Lorentz: descreve como as medidas de espaço e tempo entre dois observadores se alteram em cada sistema de referência; f) Relatividade de Einstein: compreende os postulados da teoria da Relatividade restrita e ainda apresenta a biografia deste grande físico chamado Albert Einstein; g) Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de se ver o mundo: abrange os efeitos que ocorrem devido aos dois postulados de Einstein, dilatação do tempo; contração da distância; h) E = mc2: congrega os conceitos de momento linear clássico e relativístico; Energia relativística; Relação entre momento linear e energia; Fissão Nuclear; Fusão Nuclear; 40 i) A utilidade da teoria da relatividade no dia a dia: engloba a utilidade, no dia-adia, de alguns produtos tecnológicos que têm como base de seu funcionamento a Teoria da relatividade; j) Teoria da relatividade geral: compreende as ideias básicas da Teoria da relatividade geral e suas aplicabilidades; k) Referências: referências do material utilizado na composição de todo o hipermídia, como os textos, links, vídeos, simulações, imagens, etc. A figura 1 ilustra a tela de abertura da Hipermídia que contém os ícones cuja ativação conduz ao menu introdutório de cada tópico. Possui um layout simples com duas interfaces em que o visitante é convidado a explorar o ambiente mediante a escolha de um tópico no menu a sua esquerda e como ilustração tem-se a figura de Albert Einstein o criador da Teoria da Relatividade. Figura 1 - Tela inicial da Hipermídia Fonte: Elaborado pelo autor Temas e conteúdos que os alunos necessitam compreender para a aquisição de conhecimento do assunto proposto foram selecionados cuidadosamente. Há na hipermídia fontes como livros didáticos e revistas de divulgação científica, que foram compilados, adaptados ou utilizados na íntegra. A hipermídia é caracterizada por uma intertextualidade, ou seja, abordagem de um mesmo conteúdo em diferentes textos. Os onze tópicos da hipermídia apresentam, além das explicações sobre Teoria da Relatividade, imagens que explicam e ilustram o tema, assim como simulações de fenômenos 41 e vídeos. Em várias páginas há links para acessar vídeos que têm relação com os temas apresentados e que foram selecionados por representarem ou explicarem de forma concreta e lúdica os conteúdos trabalhados. A hipermídia possui os seguintes recursos: Textos: há vários links e resumos compilados de livros didáticos como forma de auxiliar o professor na preparação de suas aulas. A hipermídia por si só já é autoexplicativa, sugerindo que o visitante explore bastante os textos disponibilizados neste material. Reúne também textos e materiais que possam enriquecer e contextualizar o tema proposto, como exemplificado na figura 2; Figura 2 - Texto sobre os 100 anos da teoria de Einstein. Esse texto foi retirado da Revista Veja cujo hiperlink do hipermídia remete diretamente à reportagem da revista (Tópico Relatividade de Einstein, quadro 1) Fonte: Revista Veja, Edição 1915 de 27 de junho de 2005. Atividades: aparecem em todos os tópicos, podendo ser trabalhadas com os alunos, realizando uma revisão e contextualização dos conteúdos trabalhados. A figura 3 ilustra um exemplo de atividade proposta; 42 Figura 3 - Exemplo de uma atividade proposta na hipermídia. Tópico Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de ver o mundo, quadro 5, em que o aluno deve discorrer sobre dilatação do tempo e explicar de onde ela vem. Fonte: Elaborado pelo autor. Vídeos: a hipermídia disponibiliza vários vídeos, sendo que cada tópico trabalhado possui pelo menos um vídeo sobre o tema proposto que pode enriquecer, ressignificar e favorecer o aprendizado e compreensão por parte do aluno. A maioria dos vídeos tem como fonte o www.youtube.com nos idiomas português e inglês. Na figura 4 é mostrado um vídeo disponibilizado na hipermídia; Figura 4 - Exemplo de um vídeo disponibilizado na hipermídia. Reporta a biografia de Albert Einstein (Tópico Relatividade de Einstein, quadro 1). Fonte: http://www.youtube.com/embed/rNmw8EZokO4. Animações, imagens e charges: foram utilizadas na hipermídia com o objetivo de ilustrar e esquematizar conceitos e fenômenos como, por exemplo, a simulação que mostra o movimento de uma bola em um trem que se move em relação a Terra, figura 5; simulação 43 sobre dilatação do tempo, figura 6; charge sobre a relação massa e energia, figura 7; imagem de uma pintura de Salvador Dali, mostrada na figura 8, sugerindo a relatividade do tempo, entre outros. Figura 5 - Simulação com o intuito de se analisar diferentes referenciais. Tópico Relatividade na Física Clássica, quadro 3. Fonte: http://goo.gl/qKNcRh Figura 6 - Simulação com o intuito de se analisar diferentes referenciais, diferentes velocidades e análise do que acontece com o tempo. Tópico Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de ver o mundo, quadro 5. Fonte: http://goo.gl/RcK0S1 44 Figura 7- Charge ilustrativa sobre a relação massa e energia. Tópico E=mc2, quadro 3. Fonte: http://mob77.photobucket.com/albums/j76/j_rosario/einstein.jpg?t=1242306642 Figura 8 - Imagem de uma pintura de Salvador Dali. Intitulada “A persistência da Memória”, retrata a dilatação. Pode-se observar que o relógio “derretendo” dá uma impressão de ser uma concepção artística da relatividade do tempo (Tópico Relatividade na Física Clássica, quadro 1). 45 Curiosidades: podem ser encontradas com a denominação “Saiba Mais” como também incorporadas aos vídeos e artigos que acompanham alguns tópicos, com o objetivo de ampliar os conceitos estudados. Na figura 9 é mostrado um destes momentos; Figura 9- Exemplo de curiosidades sobre a Teoria da Relatividade Geral com suas aplicações no dia-a-dia. Tópico Teoria da Relatividade Geral, quadro 4. O visitante seleciona o hiperlink o qual o direciona para o texto em questão. Fontes: http://goo.gl/dv8snP e http://goo.gl/vj1Uri Referências: Trazem sites, vídeos, imagens e livros que foram previamente consultados, disponibilizando, para professores e alunos, diferentes fontes de pesquisa. - Imagens e charges: http://homemdespedacado.files.wordpress.com/2012/08/relogio-dali.jpg http://files.revistavitanaturalis.com/200010885-89e7f8ae20/Galileo-Galilei.jpg http://goo.gl/p84v9i http://www.moonmentum.com/blog/wp-content/uploads/2013/02/lorentz.jpg http://goo.gl/UcxMV5 http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/02/piloto-aviao-comercial.jpg http://goo.gl/yfAuBA http://www.spacetimesociety.org/images/hminkowski.jpg http://goo.gl/V9OBwf http://goo.gl/NPiJSj http://mob77.photobucket.com/albums/j76/j_rosario/einstein.jpg?t=1242306642 http://fisicamoderna.blog.uol.com.br http://goo.gl/UIB0jd - Simulações: http://goo.gl/oEd0SP http://goo.gl/8IcSeG http://goo.gl/RcK0S1 http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano/conteudos/view/espaco-tempo_view.html http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/nuclear-fission http://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/exibi-animacao.shtml?181_einstein.swf 46 - Sites: http://efisica.if.usp.br/mecanica/basico/referenciais/intro/ http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/isaac-newton/isaac-newton-1.php http://goo.gl/f4XbC1 http://cmup.fc.up.pt/cmup/relatividade/RR/node3.html http://www.physik.uni-augsburg.de/annalen/history/einstein-papers/1905_17_891-921.pdf http://www.grupoescolar.com/pesquisa/hendrik-antoon-lorentz-1853--1928.html http://veja.abril.com.br/270705/p_096.html http://www.observatorio.ufmg.br/pas19.htm http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/velocidade-da-luz/velocidade-da-luz-1.php http://www.ebah.com.br/content/ABAAABXhgAL/conceito-espaco-tempo-albert-ainstein http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermann_Minkowski http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/o_paradoxo_dos_gemeos.html http://www.sat.cnpm.embrapa.br/conteudo/gps.htm http://www.ibge.gov.br/home/ http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u344720.shtml http://www.fisica.net/relatividade/sincrofasotron.php http://www.brasilescola.com/fisica/lei-gravitacao-universal.htm http://www.astrofisica.8m.com/espaco_curvo.htm http://plato.if.usp.br/~fma0374d/aula11/node3.html http://g1.globo.com/oscar-niemeyer/platb/ http://www.observatorio.ufmg.br/pas16.htm -Vídeos: http://www.youtube.com/watch?v=tSzU6n9HEmg http://www.youtube.com/watch?v=tSzU6n9HEmg http://www.youtube.com/watch?v=Z8K3gcHQiqk http://www.youtube.com/watch?v=Ta5DRmKHa-U&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=WvhXxV1IJB8&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=rNmw8EZokO4&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=ZrAJN6tvHMs http://www.youtube.com/watch?v=MGC7KUB2vsE http://www.youtube.com/watch?v=Bso1ebtq_xo http://www.youtube.com/watch?v=2xcSAJlA-W0 http://www.youtube.com/watch?v=gKwUZHUDkVM&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=heGW7PB6j9o&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=PtXf5MYsqpE http://www.youtube.com/watch?v=p2p7LkTtPUI -Livros: 47 CHERMAN, A. Sobre os ombros de gigantes: uma história da física. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. FAGUNDES, H. V. Teoria da Relatividade: No nível matemático do ensino médio. 1. ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2009. HELOU; GALTER e NEWTON. Tópicos de Física, v3, 16ª ed. São Paulo. Editora Saraiva. LESCHE, B. “Teoria da Relatividade”. Editora Livraria da Física, 2005. São Paulo. MÁXIMO, A.; ALVARENGA, B. Física (Ensino Médio), v.3, 1ª ed. São Paulo. Editora Moderna. RAMALHO, NICOLAU, TOLEDO. Os Fundamentos da Física, v.3, 7ª ed. São Paulo. Editora Moderna. OLIVEIRA, I. S. Física Moderna: para iniciados, interessados e aficionados, v.1. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2005. PIRES, A.S.T. Evolução das ideias da física. 2ª ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011. RUSSELL, B. ABC da Relatividade. Tradução de Giasone Rebuá. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966. Mediante todo o material consultado e a elaboração e organização sequencial dos tópicos da hipermídia, acredita-se que essa ferramenta possa contribuir para a aprendizagem significativa com a contextualização e enriquecimento dos conteúdos. 3.2.4 Organizadores Explicativos (mapas conceituais) À medida que os alunos utilizam a hipermídia e apresentam dúvidas quanto aos tópicos do menu, devem ser apresentados os organizadores explicativos que se encontram na subseção 3.3.4, sendo representados por três mapas conceituais sobre os tópicos Relatividade na Física Clássica, Experimento de Michelson-Morley e Relatividade de Einstein. O mapa conceitual foi originalmente baseado na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel e foi desenvolvido por Joseph Novak, servindo para organizar e representar o conhecimento. O mapa conceitual é constituído por representações gráficas semelhantes a diagramas, apresentando relações entre conceitos ligados por palavras. Sua estrutura vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos e são utilizados para ordenar hierarquicamente os conteúdos de ensino, de modo a oferecer estímulos adequados para um aprendizado sistematizado em conteúdo significativo para o aluno. 48 Para construção e estruturação de conceitos presentes no mapa conceitual deve-se ter inicialmente conceitos mais gerais e inclusivos e, por meio da diferenciação progressiva, diminuir gradualmente o grau de inclusividade, tornando-os mais específicos. (AUSUBEL NOVAK; HANESIAN, 1980). Para Ausubel deve-se discutir e comentar o organizador explicativo com os alunos, uma vez que, cada um possui uma estrutura cognitiva singular que leva à construção de relações entre conceitos novos e subsunçores de modo diferente, sendo necessária uma explicação das relações que foram ilustradas no mapa conceitual. Para a criação dos três mapas conceituais foi utilizado o programa CMAP TOOLS, que é uma ferramenta dedicada à confecção desses recursos e disponível gratuitamente em http://cmaptools.softonic.com.br/ 3.2.5 Pós-teste e avaliação do curso pelos alunos O último encontro, em que as atividades são finalizadas, ocorre com a aplicação do pós-teste e de uma avaliação do curso pelos alunos. O pós-teste, exemplificado na seção 3.3.5, consiste de nove questões, sendo as de nº 2,3,4,5,6,7,8 e 9 idênticas às aplicadas no pré-teste, sem, contudo, comunicar aos alunos dessa repetição. Esse questionário tem o intuito de avaliar o desempenho dos alunos mediante acerto ou erro nas questões fechadas e avaliar da interpretação das suas respostas das questões abertas. A primeira questão do pré-teste que questiona se o aluno já ouviu falar de relatividade, não aparece no pós-teste, pois nesse momento, após o desenvolvimento do curso o aluno já deve ter uma noção do tema, sendo, portanto, trocada por uma questão que propõe avaliar se o aluno compreende a relação de medidas de velocidade, a comparação da velocidade da luz com a do som e também quanto à proporcionalidade, ou seja a velocidade da luz é muito superior à velocidade do som, a primeira com 300.000 Km/s e o som com aproximadamente 340 m/s (1224 Km/h). A repetição da maioria das questões do pré-teste no pós-teste se dá devido ao fato de verificar se houve assimilação do conteúdo, se houve melhora no aproveitamento por parte do aluno após a aplicação dos organizadores prévios, utilização da hipermídia concomitante com a introdução dos organizadores explicativos. As questões propostas no pós-teste têm o objetivo de identificar se o estudante consegue estabelecer relações entre os conceitos prévios e os novos conceitos apresentados; se houve modificação de algum subsunçor, alterando assim, sua estrutura cognitiva. 49 Finalmente, após a realização do pós-teste, o aluno realiza uma avaliação do curso quanto ao tempo e ritmo das atividades, conteúdo, material didático, exercícios, interação com os colegas e intervenções do professor. Esta avaliação é mostrada na subseção 3.3.5. O questionário de avaliação é composto por questões de múltipla escolha que oferecem opções pré-estabelecidas para que os alunos justifiquem suas respostas. Por exemplo, sobre o ritmo de estudo exigido pelo curso, os alunos podem escolher “sim”; “sim, mediante grande esforço”; “não, poderia ser mais rápido”; “não, poderia ser mais lento”. No final do instrumento, abre-se um espaço par que o aluno faça comentários, sugestões, elogios ou críticas sobre a hipermídia. 3.3 Produto Educacional Apresenta-se nesta seção o produto desta dissertação constituído pelos testes/questionários, textos e vídeo que os alunos utilizarão para se orientarem na sequência de atividades e manuseio da hipermídia, cuja sequência buscou fornecer ao aluno condições de aprendizagem progressiva e ativação de subsunçores sobre o tema proposto para estudo, tendo como base fundamental a teoria de aprendizagem significativa de Ausubel. 50 3.3.1 Etapa 1: PRÉ-TESTE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática PRÉ-TESTE Aluno: ___________________________________________________ Prof. Welington Mrad Joaquim 1. 1) Responda: a) Você já ouviu falar sobre relatividade restrita? ( ) Sim ( ) Não b) Em caso afirmativo, onde? ( ) Escola ( ) Livros didáticos ( ) Revistas ( ) Internet ( ) TV ( ) Outros. Especifique _____________________________________ c) Explique com suas palavras o que você entende por relatividade restrita. d) As perguntas abaixo estão relacionadas com este assunto, pedimos a sua contribuição respondendo-as, mesmo que nunca tenha ouvido falar sobre Relatividade. Dados para as questões 2 e 3: Nos aceleradores circulares de partículas, também chamados de cíclotrons, o feixe de partículas percorre trajetórias circulares por várias vezes antes de colidir com o alvo. Em cada volta, as partículas são mais aceleradas, devido à presença de campos elétricos que dão novos impulsos às partículas. Nesse caso, ímãs gigantes são utilizados para manter o feixe de partículas em sua trajetória circular. Agora imaginem um elétron que está se movendo, nesse acelerador de partículas, com uma velocidade de 3x105 m/s: Fonte:http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/fisica/fisica_de_particulas/aceleradores_de_particulas/acelerador_de_particulas 2) Qual é a porcentagem da velocidade da luz que esse valor representa? 3) Você acha que as leis de Newton podem ser usadas, com êxito, no estudo do movimento desse elétron? Explique sua resposta. 4) (Questão adaptada do Prof. Mário João Martins Pimenta) Um acelerador linear, com cerca de 3 km de 51 comprimento, é capaz de acelerar um elétron até uma velocidade v = 0,999c. Uma pessoa ao tomar conhecimento de que recentemente, na Europa, foi construído um acelerador chamado LHC, com comprimento cerca de 10 vezes maior do que o acelerador linear, concluiu, então, que no LHC um elétron poderá atingir uma velocidade vLHC = 10 x 0,999c = 9,99c, onde c seria a velocidade da luz. Você concorda com essa conclusão? Por quê? Texto para as questões 5 e 6: (UFMG – adaptada) Observe a figura: Paulo Sérgio, viajando em sua nave, aproxima-se de uma plataforma espacial, com velocidade de 0,7 c, em que c é a velocidade da luz. Para se comunicar com Paulo Sérgio, Priscila, que está na plataforma, envia um pulso luminoso em direção à nave. Com base nessas informações é correto afirmar que a velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio: 2. 5) De acordo com a Mecânica Clássica, é igual a: a) 0,7 c. b) 1,0 c. c) 0,3 c. d) 1,7 c. 3. 6) De acordo com a Mecânica Relativística, é igual a: a) 0,7 c. b) 1,0 c. c) 0,3 c. d) 1,7 c. 4. 7) (UEL-PR) A teoria da Relatividade Restrita, proposta por Albert Einstein (1879 – 1955) em 1905, é revolucionária porque mudou as ideias sobre o espaço e o tempo, mas em perfeito acordo com os resultados experimentais. Ela é aplicada, entretanto, somente a referenciais inerciais. Em 1915, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade, válida não só para referenciais inerciais, mas também para referenciais não-inerciais. 52 Sobre os referenciais inerciais, considere as seguintes afirmativas: I. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade constante. II. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade variável. III. Observadores em referenciais inerciais diferentes medem a mesma aceleração para o movimento de uma partícula. Assinale a alternativa correta: a) Apenas a afirmativa I é verdadeira. b) Apenas a afirmativas II é verdadeira. c) As afirmativas I e II são verdadeiras. d) As afirmativas II e III são verdadeiras. e) As afirmativas I e III são verdadeiras. 8) (UFL-MG- adaptada) Quando aceleramos um elétron até que ele atinja uma velocidade v = 0,5 c, em que c é a velocidade da luz, o que acontece com a massa? a) Não sofre nenhuma alteração b) Aumenta c) Diminui d) Diminui e depois aumenta. 9) Responda: a) a) Você conhece alguma aplicação no dia-a-dia da relatividade de Einstein? ( ) Sim ( ) Não b) b) Em caso afirmativo, qual? 10) Responda: a) Você já viu em algum lugar esta equação E = mc2, chamada de equação de Einstein? ( Não b) Em caso afirmativo, onde? ( ) Camisetas ( ) Escola ( ) Livros didáticos ( ) Revistas ( ) Internet ( ) TV ( ) Outros. Especifique________________________ c) O que você entende por esta equação? ) Sim ( ) 53 3.3.2 Etapa 2: ORGANIZADORES PRÉVIOS 3.3.2.1 Textos O texto a seguir foi retirado do link: http://goo.gl/iAupBa A primeira comprovação convincente da relatividade geral veio com a observação de um eclipse solar, feita no Brasil e na África, em 1919; desde então, nenhum experimento ou observação foi capaz de refutar a teoria. As maiores evidências da teoria que desbanca Newton e o senso comum Salvador Nogueira Da reportagem local Uma teoria que desafia o senso comum de todas as maneiras possíveis exige, claro, comprovações. Einstein só se deu por contente com a relatividade geral quando ela ofereceu uma explicação para algo que a gravitação de Isaac Newton não conseguia esclarecer. De fato, construir uma teoria que se conforme aos fatos já estabelecidos e inexplicados é bem mais fácil do que sair por aí prevendo novos fenômenos. Mas o gênio alemão fez as duas coisas. A ideia de que uma teoria completa da relatividade teria de incluir a gravitação já estava em sua mente desde o princípio. Ela teria de explicar tudo o que Newton já explicava e ir além. Por isso, Einstein brincou com a matemática até que a teoria explicasse um fenômeno gravitacional estranho, que a Física newtoniana não conseguia esclarecer - a precessão do periélio do planeta Mercúrio, ou seja, o ritmo com que o ponto em que ele faz sua aproximação máxima do Sol em sua órbita avança após múltiplas órbitas. Houve até quem cogitasse a existência de um planeta desconhecido, que influísse gravitacionalmente na órbita de Mercúrio. Mas, em 1915, Einstein tinha uma versão da relatividade que explicava isso, dispensando o planeta-fantasma. Para o físico alemão, era prova suficiente de que sua teoria estava correta. Claro, como a missão era derrubar um gigante como Isaac Newton, seus colegas pediram mais. Queriam algo que fosse previsto pela relatividade, mas não tivesse sido observado antes - impedindo Einstein de "adaptar" a matemática da teoria com base na observação. A oportunidade viria com um eclipse solar. Segundo Newton, raios de luz, que não têm massa, não teriam sua trajetória afetada pela gravidade. Para Einstein, um raio de luz passando de raspão por um corpo maciço seria levemente desviado no meio do caminho. Ao observar um eclipse solar, quando a Lua se interpõe entre o Sol e a Terra e o céu fica escuro, os cientistas poderiam ver as estrelas. Comparando a imagem à de uma noite estrelada, poderiam verificar se, ao passar de raspão pelo Sol, a luz das estrelas ao fundo teria sido desviada por ele, no ângulo previsto pela teoria. Em 29 de maio de 1919, surgiu a oportunidade ideal. Duas equipes chefiadas pelo respeitado astrônomo britânico Arthur Eddington - desde aquela época um entusiasta da relatividade - foram à ilha de Príncipe, na África, e a Sobral, no Ceará, para fazer chapas 54 fotográficas durante o eclipse. Os resultados, apresentados pelo próprio Eddington, confirmaram a teoria de Einstein e elevaram o físico alemão, da noite para o dia, ao status de gênio e mito - o homem que derrubou Newton de seu pedestal intocável, após mais de três séculos. Ao visitar o Brasil, em 1925, Einstein reconheceu o papel do país na confirmação de sua principal teoria. "O problema que minha mente formulou foi respondido pelo luminoso céu do Brasil", disse a um jornalista. Os detratores da relatividade apontam até hoje, com uma certa razão, que Eddington "escolheu", de forma parcial, atribuindo-lhes "melhor qualidade", apenas os dados que confirmavam a teoria de Einstein. Mas hoje, depois de inúmeras comprovações, já não há mais dúvida de que o físico alemão estava mesmo correto. Experimentos com relógios atômicos de altíssima precisão a bordo de aviões, por exemplo, já demonstraram que o tempo passa mais devagar mais perto do centro da Terra. Graças à teoria de Einstein, hoje podemos desenvolver sistemas de GPS (Satélites de Posicionamento Global), cujos relógios em órbita se mantenham em sincronia com os em terra. O fenômeno do desvio dos raios de luz, usado no eclipse, também foi confirmado com exatidão em outros fenômenos mais bizarros - as lentes gravitacionais. É como se um corpo muito maciço agisse como uma lente sobre a luz que vem de um outro objeto, ainda mais distante, atrás dele, amplificando-o. Esse fenômeno ajuda no estudo de galáxias muito distantes e até mesmo na detecção de planetas fora do Sistema Solar. A teoria da relatividade geral também previu objetos bizarros, como os buracos negros - astros tão densos que nem a luz consegue escapar de sua atração gravitacional. Os cientistas até hoje estão atrás de imagens da borda de um buraco negro. Ninguém conseguiu, mas há razão de sobra para dizer que a teoria acertou, mais uma vez. Astrônomos já observaram, por exemplo, estrelas girando rapidamente em torno de pontos aparentemente vazios, denunciando a presença desses vorazes engolidores de matéria e energia. Finalmente, Einstein também previu a existência de ondas gravitacionais - marolas no tecido do espaço e do tempo causadas pelo movimento acelerado de corpos maciços. Ninguém nunca as viu diretamente, mas os físicos têm esperança de, no futuro, detectar até mesmo o eco gravitacional do Big Bang, explosão que teria dado origem ao cosmo. Como se vê, a boa e velha relatividade ainda dá muito pano para manga. Um segundo texto utilizado como organizador prévio foi retirado de: http://goo.gl/PGcm2G O ano milagroso Avesso à autoridade quando jovem, Einstein desafiou a intuição e a ciência estabelecida para produzir, há cem anos, três artigos que reinventaram luz, tempo, espaço e a natureza da matéria. Como um examinador de patentes falido estremeceu os alicerces da Física Reprodução 55 Albert Einstein, em fotografia feita provavelmente em 1905 Marcelo Gleiser Colunista da Folha Em 1905, um obscuro físico de 26 anos, dividindo seu tempo entre a filha recém-nascida e um emprego como examinador de patentes de terceira classe em Berna, na Suíça, publicou uma série de artigos que revolucionaram a Física. São cem anos desde o "ano miraculoso" de Einstein e 50 desde a sua morte. Em 2005, o Ano Mundial da Física, o mundo celebra a vida e obra desse homem que simboliza a imagem do "gênio" na cultura popular, eleito pela revista "Time" o "homem do século". É irônico que o nome Einstein invoque a visão de um velho bonachão e excêntrico, de cabelos brancos despenteados, rosto enrugado e olhos melancólicos, completamente diferente do jovem de 26 anos determinado a deixar sua marca na ciência. Este é o Einstein que nos interessa, amante de longas discussões em bares com amigos, entusiasta da música, charmoso e bem-apessoado, rebelde e irreverente. Uma das características da personalidade de Einstein era sua aversão à autoridade imposta. Um de seus professores de ensino médio previu que "Herr Einstein não vai dar em nada". Einstein recebeu seu diploma pelo Instituto de Tecnologia de Zurique em 1900 e apenas em 1902 conseguiu sua posição como examinador de patentes. Durante noites mal-dormidas e intervalos em seu trabalho, Einstein iria arquitetar a nova Física do século 20. Se a atitude iconoclasta prejudicou sua busca por uma posição acadêmica, foi imprescindível para a sua ciência: o jovem Einstein estava determinado a injetar sangue novo na Física, mesmo que isso significasse criticar a venerável estrutura da ciência de seus dias. A ciência em crise As duas últimas décadas do século 19 foram difíceis para os físicos. Uma após outra, descobertas experimentais questionavam o saber da época. Três delas estão diretamente ligadas aos artigos que Einstein publicou em 1905. Em 1887, o grande físico alemão Heinrich Hertz mostrou que a luz era uma onda eletromagnética, conforme havia previsto James Maxwell. Ficou claro também que a luz visível representa apenas uma pequena fração do amplo espectro de ondas eletromagnéticas. Outras incluem a radiação infravermelha, a ultravioleta e os raios X. Se toda onda é a propagação de uma perturbação através de um meio material - as ondas do mar propagam-se na água, as de som, no ar-, a luz também deveria ter o seu meio. Maxwell e outros sugeriram que a luz fosse ondulações no éter, um meio invisível que permearia todo o cosmo. Se o éter existe, deveria ser detectável. Em 1887, os americanos Albert Michelson e Edward Morley desenharam um experimento para demonstrar a existência do éter. A idéia era simples: imagine que você esteja em um carro conversível em um dia sem vento. Se o carro não anda, você não sente nada. Quando o carro começa a se mover, você sente o vento contra. Quanto maior a velocidade do carro, mais forte o vento. Se você atirar uma bola contra o vento, sua velocidade será afetada por ele: quanto maior ela for, 56 menor a velocidade da bola. No experimento de 1887, o carro era a Terra e a bola, um raio de luz. Se o éter existe, quando a luz apontar na direção do movimento da Terra em torno do Sol, sua velocidade será menor do que na direção perpendicular ou em qualquer outra. Para a surpresa de todos, o experimento não detectou qualquer diferença nas duas direções. A velocidade de propagação da luz era a mesma, cerca de 300 mil quilômetros por segundo. Será que o éter não existe? Ou será que a teoria da luz como onda está errada? No mesmo ano em que mostrou que a luz é uma onda eletromagnética, Hertz descobriu outro efeito intrigante: certos tipos de luz podem fazer faíscas elétricas saltarem de placas metálicas. Hertz inicialmente achou que apenas a luz ultravioleta poderia causar o efeito, que mais tarde ficou conhecido como efeito fotoelétrico. Por exemplo, luz amarela ou vermelha, de freqüências menores do que as da azul e ultravioleta, não provocam faíscas. Vários cientistas tentaram inutilmente explicá-lo usando a teoria de Maxwell. Mais uma vez, o laboratório passava a perna nas teorias da época. A solução que Einstein propôs para resolver o mistério, a única que considerou "revolucionária" em sua vida, lhe valeu o Prêmio Nobel de 1921. O terceiro desafio para os físicos veio da botânica. Em 1827, o inglês Robert Brown observou que grãos de pólen boiando em água movimentam-se em um misterioso ziguezague como se estivessem sendo quicados por forças invisíveis. Brown chegou a suspeitar que seu achado tinha algo a ver com o enigma da vida. Mas suas suspeitas iniciais foram rapidamente desfeitas quando observou que grãos de matéria inanimada, incluindo pedaços minúsculos de diversas rochas e até amostras provenientes da Esfinge egípcia, dançavam tão animadamente quanto os grãos de pólen. Dois padres franceses sugeriram que o ziguezaguear tinha algo a ver com a natureza atômica da matéria, mas nada de concreto foi proposto. Na época, não se aceitava que a matéria fosse feita de átomos. Alguns desconfiavam que átomos existiam, mas outros, como o influente Ernst Mach, alegavam que, sendo a Física uma ciência empírica, apenas aquilo que pode ser medido e detectado pode existir. Como átomos não podiam ser vistos, sua existência não poderia ser confirmada. A razão do "movimento browniano" continuou desconhecida. O 1º ARTIGO: PACOTES DE LUZ No dia 17 de março de 1905, o prestigioso periódico "Annalen der Physik" (Anais da Física) recebeu um manuscrito com um título peculiar: "Sobre um ponto de vista heurístico concernindo a geração e conversão de luz". Segundo o Aurélio, "heurístico" é um conjunto de regras que visa à resolução de um problema. A essa definição deve-se adicionar que as regras não têm uma justificativa; são, no senso coloquial, um "chute". Qual foi o chute de Einstein? Que a luz não se comporta sempre como onda; sob certas condições, pode ser vista como sendo composta por pequenos pacotes, ou "quanta", o plural de quantum (do latim "indivisível"). O conceito de quantum é familiar; por exemplo, o quantum do sistema monetário brasileiro é o centavo. Com a luz ocorre o mesmo. Cada cor, cada freqüência tem o seu quantum, que mais tarde ficou conhecido como fóton. Quando átomos absorvem ou emitem luz, o fazem absorvendo ou emitindo fótons. Einstein teve a coragem de aplicar à luz a idéia de quantum, proposta cinco anos antes por Max Planck para explicar como átomos recebem ou emitem energia. Sua explicação do efeito fotoelétrico era simples: imagine uma mesa com bolas de tênis espalhadas pela sua superfície. As bolas de tênis são os elétrons na placa metálica. O fóton seria outra bola, atirada contra a superfície. Fótons com energias altas o bastante podem arrancar um elétron da placa. Ao perder um elétron - de carga negativa -, a placa fica com uma carga positiva, explicando sua eletrificação. Se a bola for atirada com pouca energia, não poderá arrancar outra da mesa. Isso é o que ocorre com a luz amarela ou vermelha. Já os fótons ultravioleta, cheios de energia, colidem com os elétrons, atirando-os longe. Com sua idéia, Einstein propõe a quantização da luz, indo contra os ensinamentos da época. A luz passou a ser tanto onda como partícula, sua natureza uma testemunha da bizarra natureza do mundo do 57 muito pequeno. O 2º ARTIGO: ÁTOMOS SÃO REAIS O segundo artigo, recebido pelos "Anais da Física" no dia 11 de maio, tratava do movimento browniano. Mais uma vez, Einstein propõe uma solução iconoclasta. Segundo ele, o ziguezaguear das partículas de pólen e outras se dava devido a constantes colisões com as moléculas do líquido. Einstein obteve uma fórmula em que calculava a variação da posição da partícula em suspensão em função do tempo, mostrando como ela dependia do tamanho da partícula e da temperatura e viscosidade do líquido. Seu argumento era baseado explicitamente na existência real das moléculas do líquido e na taxa de colisão entre elas e as partículas em suspensão. Em 1908, o francês Jean Perrin confirma espetacularmente a fórmula de Einstein e a existência de um mundo invisível repleto de moléculas e átomos em colisão constante. O 3º ARTIGO: A RELATIVIDADE Quando garoto, com 16 anos, Einstein teve uma das suas muitas visões criativas: o que veria se pudesse cavalgar ao lado de uma onda de luz? Essa pergunta, baseada na questão do movimento relativo (dele e da onda), fermentou durante dez anos em sua cabeça. Quando a onda não é de luz, a coisa é simples: se tivermos a mesma velocidade, veremos a onda estática, como é do conhecimento de todo surfista. Mas o eletromagnetismo de Maxwell proibia isso. O que fazer? Abandonar a sólida teoria de Maxwell parecia inviável. Einstein novamente propõe algo extraordinário: a luz é diferente de tudo o que existe. Nada pode viajar mais rápido do que ela. E ela tem sempre a mesma velocidade, independente da velocidade de sua fonte. Como assim, pergunta o leitor? E a história do éter? A conseqüência imediata da idéia de Einstein, que chamou de princípio da constância da velocidade da luz, é que o éter não existe: a luz não precisa de meio material para ondular. Einstein foi além. Para falar de movimento, a mudança da posição de um objeto no espaço, é preciso definir tempo e espaço. Na época, todos aceitavam os conceitos newtonianos de espaço - a arena inerte onde as coisas acontecem - e de tempo - sempre fluindo igual para todos. Einstein mostrou que dois observadores em movimento relativo discordam do que seja um metro ou um segundo: objetos encolhem na direção de seu movimento e o tempo passa mais devagar. Quanto mais rápida a velocidade do objeto, menor ele parece; quanto mais rápido o relógio, maior o intervalo entre um tique e um taque. Não vemos carros encolhendo nas ruas ou relógios atrasados após uma viagem porque os efeitos previstos por Einstein só são perceptíveis a velocidades próximas à da luz. É comum falar que a teoria da relatividade diz que "tudo é relativo". Na verdade, a teoria é baseada em um absoluto - a velocidade da luz. O que é relativo é nossa percepção da realidade. Einstein deu maleabilidade ao espaço e ao tempo, destruindo sua rigidez. Fez com a Física, o que Picasso e Braque fizeram com a pintura. O primeiro artigo sobre relatividade foi recebido pelos "Anais da Física" no dia 30 de junho. Em 27 de setembro Einstein envia outro, onde deriva sua famosa fórmula E=mc2: matéria contém energia (e muita, devido à enorme velocidade da luz, o c da fórmula) e energia pode gerar matéria. Uma conseqüência disso é que processos nucleares podem converter matéria em quantidades enormes de energia. Esse é o princípio da geração de energia do Sol ou da fissão nuclear das bombas atômicas. Toda grande descoberta tem um lado luz e um lado sombra. Qualquer um desses resultados traria glória imortal ao seu autor. Que tenham sido propostos no mesmo ano pela mesma pessoa é mesmo algo meio miraculoso. Einstein redirecionou a Física de sua época. Um de seus ídolos era Michael Faraday, o pioneiro cujos experimentos permitiram a Maxwell obter as equações do eletromagnetismo. Faraday escreveu que "nada é tão maravilhoso que não possa existir, se admitido pelas leis da natureza". Einstein foi o mago que nos permitiu vislumbrar algumas dessas maravilhas. 58 3.2.2.2 Vídeos Link para acessar o vídeo utilizado como um organizador prévio: http://goo.gl/XZSyVs O documentário, intitulado Einstein - Sinfonia Inacabada (Einstein's Unfinished Symphony) assinala o ano de 2005 em que se comemoram os 50 anos da morte desse renomado cientista e o centenário da publicação da sua Teoria da Relatividade. Nascido em Ulm, na Alemanha, em 14 de Março de 1879, e faleceu no dia 18 de Abril de 1955, em Princeton, nos Estados Unidos. O filme documental esclarece o telespectador sobre a descoberta da Teoria da Relatividade Geral e acompanha também, de forma fictícia, os últimos dois dias de vida de Einstein, enquanto lutava por terminar sua última grande teoria. A vida do maior cientista de nossa Era findava-se, mas mesmo no leito de morte ele continuava a trabalhar naquela que esperava vir a se tornar a sua teoria mais grandiosa. Há cerca de trinta anos que ele trabalhava nesta última teoria. Sua odisséia começou em Berna, em 1905, quando começou a fazer fantásticas descobertas e a escrever artigos científicos, procurando respostas para perguntas que nunca teriam ocorrido à maioria das pessoas. Nesse mesmo ano começou a redigir as ideias científicas mais extraordinárias sobre a natureza do Universo. Era o início da Teoria da Relatividade Restrita que revolucionaria o modo como todos viam o tempo. Antes se pensava que a passagem do tempo era imutável, mas Einstein descobriu que o tempo não era imutável e que dependia da velocidade a que se viajava. O cientista acreditava que a velocidade da luz é que era sempre constante, o que seria ainda mais bizarro, pois a única maneira, segundo as leis da Física, de a velocidade da luz ser sempre a mesma é todo o resto mudar de acordo com a velocidade, incluindo, dessa forma, o tempo. Ou seja, a passagem do tempo era relativa e não mais constante como todos pensavam. Figura 10 - Uma cena do vídeo A Sinfonia Inacabada de Einstein. Nesse trecho discute-se a afirmação de Albert Einstein que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados. Para Einstein, o tempo não existe de fato; não existe um tempo real ou absoluto, como afirmava Isaac Newton. “O tempo é relativo e não pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda parte”. 59 Fonte: http://goo.gl/XZSyVs 3.3.3 Etapa 3: UTILIZAÇÃO DA HIPERMÍDIA Link para acessar a hipermídia: www.fisicatual.com.br/hipermidia O próximo passo é a utilização da hipermída propriamente dita. O objetivo da utilização de um sistema hipermídia é proporcionar ao aluno, através da interatividade com as diversas mídias disponíveis, melhor compreensão da teoria da relatividade e seus efeitos sobre o cotidiano. A interatividade faz com que o estudante compreenda situações que, trabalhadas pelo método convencional, são de difícil visualização e que com os recursos da hipermídia como imagens, vídeos, simulações, esquemas e textos contextualizados podem ajudar na construção de uma aprendizagem significativa. Busca-se criar um sistema com um layout simples, com duas interfaces de fácil navegabilidade e autoexplicativo, de forma que proporcione um maior conforto e facilidade de utilização. Os alunos devem acessar a sequência de tópicos descrita na subseção 3.2.3, pois essa sequência foi elaborada buscando inserir gradualmente os conteúdos que compõem o tema, assim como, introduzir em ordem cronológica as teorias que historicamente precederam a teoria de Einstein. 3.3.4 Etapa 4: ORGANIZADORES EXPLICATIVOS Foram utilizados três mapas conceituais para facilitar o aprendizado dos discentes. O primeiro mapa conceitual, exposto na figura 11, explica que Galileu e Newton, principais cientista da Mecânica Clássica, acreditavam que as grandezas espaço, massa e tempo eram absolutos. O objetivo da Mecânica Clássica é descrever o movimento geral de uma partícula quando são conhecidas sua posição, velocidade inicial e as forças que atuam sobre ela. Todo referencial que esteja se movendo com velocidade constante em relação a um referencial inercial também é um referencial inercial e as Leis de Newton são invariantes em todos os referenciais inerciais. Na relatividade de Newton, a massa e a aceleração da partícula não dependem do sistema de referência adotado, resultando em que a força resultante também será independente do referencial na qual é medida, portanto, as leis da Mecânica não se modificam quando verificadas em relação a sistemas de referência inerciais. (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2002). 60 Figura 11 - Mapa conceitual 1: Relatividade na Física Clássica. Fonte: Elaborado pelo autor. O segundo mapa conceitual, exposto na figura 12, contribui para explicar o experimento de Michelson – Morley. Na metade do século XIX, muitos físicos acreditavam que todas as formas de movimento ondulatório necessitavam de um meio, através do qual se propagariam as ondas eletromagnéticas, era o chamado “éter luminífero”. Em 1887, dois cientistas, o alemão Albert Abraham Michelson e o norte-americano Edward Williams Morley, utilizaram um aparelho, o interferômetro de Michelson, utilizado para medir um comprimento de onda com alta precisão, com o intuito de detectar o movimento da Terra através desse éter. Porém, o éter nunca foi detectado e seu conceito foi abandonado posteriormente, em 1905, quando Eintein postulou que a velocidade de propagação da luz é sempre a mesma (300.000 km/s), para qualquer observador. Dessa forma, esse resultado negativo contribuiu para os fundamentos da teoria especial da relatividade. (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2002; YOUNG; FREEDMAN, 2008) Figura 12 - Mapa conceitual 2: Experimento de Michelson – Morley. Elaborado pelo autor. 61 Finalmente, utilizou-se um terceiro mapa conceitual, exposto na figura 13, para explicar a Teoria da Relatividade de Einstein e sua subdivisão em Restrita e Geral. A Relatividade Restrita é uma teoria publicada em 1905 por Einstein que substitui os conceitos independentes de espaço e tempo da Teoria de Newton pela ideia de que espaço e tempo estão entrelaçados. Surge daí dois postulados: as leis da Física são sempre as mesmas em todos os sistemas de referência inercial e que a luz tem velocidade constante igual a c em relação a qualquer sistema de coordenadas inercial. De acordo com essa teoria o tempo não passa igualmente para todos, ou seja, perde seu status de grandeza universal e absoluta e passa a ser uma grandeza dependente da origem e dos eixos espaciais coordenados de um referencial específico. (EINSTEIN, 1982; 1999). Cerca de dez anos após a publicação dessa teoria, Einstein publicou a Teoria da Relatividade Geral em que os efeitos da gravitação são integrados, surgindo a noção de espaço-tempo curvo. Essa teoria, publicada em 1915, é a generalização da Teoria da gravitação de Newton e que leva em consideração as ideias descobertas na Teoria da Relatividade Restrita sobre o espaço e o tempo e propõe a generalização do princípio da relatividade do movimento para sistemas dentro de campos gravitacionais. As profundas implicações no nosso conhecimento do espaço-tempo levaram a várias conclusões, entre elas, à de que a matéria (energia) curva o espaço e o tempo à sua volta, ou seja, a gravitação é um efeito da geometria do espaço-tempo. (EINSTEIN, 1982; 1999). Figura 13 - Mapa conceitual 3: Relatividade de Einstein. Fonte: Elaborado pelo autor 3.3.5 Etapa 5: PÓS-TESTE E AVALIAÇÃO DO CURSO Nesse encontro os alunos realizam o Pós-Teste e a Avaliação de Curso, conforme exemplificado a seguir: 62 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática Pós-Teste Aluno: ___________________________________________________ Prof. Welington Mrad Joaquim 1) O recorde de velocidade em aviões foi batido recentemente pelo caça norte americano X-43 atingindo a incrível marca de 7700 km/h! Dizemos que ele é um Mach 7, ou seja, voa com uma velocidade 7 vezes maior que a velocidade do som! Em comparação com a luz, podemos dizer que o avião tem uma velocidade alta ou baixa? Explique. Dados para as questões 2 e 3: As perguntas abaixo estão relacionadas com este assunto, pedimos a sua contribuição respondendo-as, mesmo que nunca tenha ouvido falar sobre Relatividade. Dados para as questões 2 e 3: Nos aceleradores circulares de partículas, também chamados de cíclotrons, o feixe de partículas percorre trajetórias circulares por várias vezes antes de colidir com o alvo. Em cada volta, as partículas são mais aceleradas, devido à presença de campos elétricos que dão novos impulsos às partículas. Nesse caso, ímãs gigantes são utilizados para manter o feixe de partículas em sua trajetória circular. Agora imaginem um elétron que está se movendo, nesse acelerador de partículas, com uma velocidade de 3x105 m/s: Fonte:http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/fisica/fisica_de_particulas/aceleradores_de_particulas/acelerador_de_particulas 2) Qual é a porcentagem da velocidade da luz que esse valor representa? 1) 3) Você acha que as leis de Newton podem ser usadas, com êxito, no estudo do movimento desse elétron? Explique sua resposta. 63 4) (Questão adaptada do Prof. Mário João Martins Pimenta) Um acelerador linear, com cerca de 3 km de comprimento, é capaz de acelerar um elétron até uma velocidade v = 0,999c. Uma pessoa ao tomar conhecimento de que recentemente, na Europa, foi construído um acelerador chamado LHC, com comprimento cerca de 10 vezes maior do que o acelerador linear, concluiu, então, que no LHC um elétron poderá atingir uma velocidade vLHC = 10 x 0,999c = 9,99c, onde c seria a velocidade da luz. Você concorda com essa conclusão? Por quê? Texto para as questões 5 e 6: (UFMG – adaptada) Observe a figura: Paulo Sérgio, viajando em sua nave, aproxima-se de uma plataforma espacial, com velocidade de 0,7 c, em que c é a velocidade da luz. Para se comunicar com Paulo Sérgio, Priscila, que está na plataforma, envia um pulso luminoso em direção à nave. Com base nessas informações é correto afirmar que a velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio: 2) 5) De acordo com a Mecânica Clássica, é igual a: a) 0,7 c. b) 1,0 c. c) 0,3 c. d) 1,7 c. 3) 6) De acordo com a Mecânica Relativística, é igual a: a) 0,7 c. b) 1,0 c. c) 0,3 c. 64 d) 1,7 c. 4) 7) (UEL-PR) A teoria da Relatividade Restrita, proposta por Albert Einstein (1879 – 1955) em 1905, é revolucionária porque mudou as ideias sobre o espaço e o tempo, mas em perfeito acordo com os resultados experimentais. Ela é aplicada, entretanto, somente a referenciais inerciais. Em 1915, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade, válida não só para referenciais inerciais, mas também para referenciais não-inerciais. 5) Sobre os referenciais inerciais, considere as seguintes afirmativas: I. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade constante. II. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade variável. III. Observadores em referenciais inerciais diferentes medem a mesma aceleração para o movimento de uma partícula. Assinale a alternativa correta: a) Apenas a afirmativa I é verdadeira. b) Apenas a afirmativas II é verdadeira. c) As afirmativas I e II são verdadeiras. d) As afirmativas II e III são verdadeiras. e) As afirmativas I e III são verdadeiras. 8) (UFL-MG- adaptada) Quando aceleramos um elétron até que ele atinja uma velocidade v = 0,5 c, em que c é a velocidade da luz, o que acontece com a massa? a) Não sofre nenhuma alteração b) Aumenta c) Diminui d) Diminui e depois aumenta. 9) Responda: a) Você conhece alguma aplicação no dia-a-dia da relatividade de Einstein? ( ) Sim ( ) Não b) Em caso afirmativo, qual? 65 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática AVALIACAO DO CURSO Prof. Welington Mrad Joaquim Avaliação do curso sobre relatividade 1 - O tempo previsto para a realização das atividades no curso foi suficiente? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não, poderia ser menor ( ) Não, poderia aumentar Tempo exigido pelo curso 2 - O ritmo de estudo exigido pelo curso sobre relatividade foi adequado ao seu ritmo de aprendizagem? ( ) Sim ( ) Sim, mediante grande esforço ( ) Não, poderia ser mais rápido ( ) Não, poderia ser mais lento 1 - Classifique os conteúdos abordados durante o curso, com a proposta do mesmo: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo 2 - Classifique a maneira como os conteúdos são abordados, se facilitaram a aprendizagem dos conceitos relacionados com o tema relatividade: ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 3- Classifique a abrangência e clareza dos materiais didáticos disponibilizados: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo Conteúdo, Atividades e 4 - Classifique a quantidade das atividades: Material Didático. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo 5 - Classifique a qualidade das atividades: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo 6 - Você faria outro curso como este? ( ) Sim ( ) Não Justifique. ______________________________________________ ______________________________________________ _____________________________________________ 66 Interação e Relação ensino x aprendizagem 1 - Como você considera a interação com os colegas que fizeram o curso, durante o mesmo? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo 2 – As intervenções feita pelo professor favoreceu a sua aprendizagem dos assuntos tratados no curso? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 3- O formato do curso favoreceu sua aprendizagem? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 4. Que atividade você mais gostou na hipermídia? _____________________________________________ Use este espaço para fazer sugestões, elogios e críticas gerais sobre a hipermídia. 67 4 APLICAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL E RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS Neste capítulo é discutida a aplicação do produto educacional propriamente dito e apresenta-se a análise dos resultados obtidos por meio dos questionários de avaliação. As atividades foram aplicadas para alunos do EM do Colégio Nossa Senhora das Dores - CNSD, da cidade de Uberaba – MG, entre alunos das turmas de terceiro ano. Foi elaborada uma lista de alunos que voluntariamente desejariam participar das atividades. Antecipadamente foi explicado aos alunos que o desempenho nessas atividades não agregaria nenhum tipo de vantagem quanto a notas e estrutura de avaliação do colégio e que as atividades seriam aplicadas em horários distintos dos horários das aulas determinados pelo colégio. Os alunos apresentaram um bom comportamento perante as atividades, realizando as tarefas que lhes foram pedidas e participando das discussões, contribuindo assim com o processo de construção e aquisição de conhecimentos. Ao final das etapas do projeto, procurou-se analisar os resultados do pré-teste e do pós-teste, de forma a agrupar os alunos em categorias de classificação de acordo com os resultados e indicar os pontos positivos e negativos da aplicação do produto e das atividades. O fato de não haver pontos extras para quem participasse das atividades do projeto ajudou a identificar aqueles alunos que realmente apresentavam uma pré-disposição voluntária para aprender, contribuindo, consequentemente, para identificação de aspectos positivos e negativos da pesquisa. A aplicação dos organizadores prévios (textos e vídeo), a aplicação da hipermídia, a explanação dos organizadores explicativos e aplicação do pós-teste e da avaliação do curso pelos alunos foram registradas por meio de fotografia (câmera fotográfica), assim como, ao final da realização do pré-teste, pós-teste e da avaliação do curso, essas atividades impressas foram recolhidas pelo avaliador como prova documental da participação dos alunos. As atividades descritas foram desenvolvidas em sala de aula convencional e em laboratório de informática do Colégio CNSD de Uberaba/MG. 4.1 Características da população Alunos do terceiro ano do ensino médio, do Colégio CNDS de Uberaba/MG, foram convidados a participarem do curso após uma explanação de como seria realizado e a divisão dos encontros, para a realização das atividades em horário extra, em encontros de 1h30min a 68 2h30min, conforme observado no cronograma na seção 4.2, em local fornecido pela própria escola. Dezenove alunos voluntariamente se inscreveram no curso. Como forma de explicitar o aproveitamento desses alunos ao longo do EM, é exposto na tabela 1 as notas de física do primeiro e segundo anos obtidas pelos alunos e suas respectivas médias. Para fins de preservação da identidade de cada aluno opta-se por nomeá-los pela letra E (ESTUDANTE) seguida da numeração 1, 2, 3,...19. Tabela 1- Notas de física dos alunos voluntários no primeiro e segundo anos do EM NOTAS DE FÍSICA ALUNOS E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 1ª SÉRIE DO EM 75% 72% 74% 90% 75% 65% 75% 65% 74% 64% 74% 84% 97% 71% 81% 69% 61% 62% 70% 2ª SÉRIE DO EM 70% 61% 60% 76% 74% 64% 80% 68% 68% 63% 70% 76% 96% 69% 64% 60% 60% 60% 60% MÉDIA 72,5% 66,5% 67,0% 83,0% 74,5% 64,5% 77,5% 66,5% 71,0% 63,5% 72,0% 80,0% 96,5% 70,0% 72,5% 69,5% 60,5% 61,0% 65,0% Fonte: Elaborado pelo autor. Percebe-se pela tabela 1, que a amostra é composta por dez alunos medianos, com média entre 60 e 70%, sete alunos bons, com média entre 70 e 80%, e apenas dois alunos excelentes com média entre 80 e 100%. 69 4.2 Cronograma de aplicação do curso Os encontros foram previamente estabelecidos em sala de aula: data e horários foram estipulados entre alunos e professor para a aplicação das atividades. Todas as atividades foram realizadas em salas de aula ou laboratórios de informática, disponibilizados pela escola onde os alunos avaliados estudam. - Encontro 1: Realizado em uma sala de aula convencional. Data 08/04/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação do Pré-teste. - Encontro 2: Realizado em uma sala de aula convencional. Data 25/04/2013; Duração: 15:00 às 17:30. Aplicação dos organizadores prévios: dois textos impressos e um vídeo de 49 minutos transmitido pelos recursos audiovisuais do colégio. - Encontro 3: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 26/04/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópicos 1 e 2 - Nossa Proposta e Introdução ao Estudo da Relatividade respectivamente. - Encontro 4: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 29/04/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópico 3 - Relatividade na Física Clássica. - Encontro 5: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 06/05/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópico 4 - O éter e a experiência de Michelson-Morley. - Encontro 6: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 08/05/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópico 5 - As Transformações de Lorentz. 70 - Encontro 7: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 13/05/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópicos 6 e 7- Relatividade de Einstein e Coisas estranhas que ocorrem com essa nova maneira de ver o mundo respectivamente. - Encontro 8: Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 20/05/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópicos 8 e 9 - E = mc2 e A utilidade da Teoria da Relatividade no dia-a-dia respectivamente. - Encontro 9- Realizado em uma sala de informática com 23 computadores com acesso à internet. Data 20/05/2013; Duração: 15:00 às 16:30. Aplicação da Hipermídia: Tópico 10 - Teoria da Relatividade Geral. - Encontro 10- Realizado em uma sala de aula convencional fornecida pela escola. Data 05/06/2013; Duração: 15:00 às 17:00. Aplicação do Pós-Teste e da Avaliação do Curso aos pelos alunos. É importante observar que ao longo dos encontros 3 ao 9 quando surgia dúvidas por parte do alunos ao utilizarem os tópicos da hipermídia era apresentado um organizador explicativo no formato de mapa conceitual (seção 3.3.4) que os direcionavam ao entendimento dos temas, questões ou atividades. Dos dezenove alunos que se inscreveram para participar no curso, quatro, denominados aqui como E14, E16, E18 e E19, participaram apenas do encontro 1 (aplicação do pré-teste), pois participariam de uma Olímpiada Municipal Esportiva que coincidiria com alguns encontros e por isso foram considerados como desistentes. Dessa forma não avaliamos seus questionários uma vez que não estavam presentes em todas as demais atividades. Diante disso, analisamos os testes dos outros quinze alunos que participaram de todas as etapas propostas durante o curso (100% de presença). 71 4.3 Análise dos Resultados O pré-teste consistiu de dez questões e o pós-teste, de nove. Sendo que as questões 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 são idênticas tanto no pré-teste quanto no pós-teste, como forma de verificar se houve aprendizado significativo após o uso dos organizadores prévios, da hipermídia e dos mapas conceituais. Dessa forma, avaliam-se aqui as questões do pré- e pós-teste, além de fazer um paralelo comparando se houve diferença ou não no desempenho dos alunos após a aplicação das atividades. 4.3.1 Identificação de subsunçores A primeira e a décima questões do pré-teste têm como objetivo identificar os subsunçores dos alunos em relação ao tema discutido. Desta maneira, apresenta-se sua análise separadamente das demais questões. A primeira questão do pré-teste consiste de três itens. Os dois primeiros buscam identificar se o aluno já ouviu falar sobre relatividade restrita, e em caso afirmativo onde esta informação foi obtida. Todos os alunos responderam que nunca ouviram falar sobre o tema relatividade restrita, por conseguinte, não responderam ao segundo item. Entretanto, cinco alunos responderam ao terceiro item que solicita o que seria a relatividade restrita. A seguir apresenta-se uma análise das respostas.. Os alunos E4 e E6, responderam que “A relatividade relaciona-se com o movimento dos corpos e da posição dos objetos. No caso da restrita irá considerar apenas um determinado movimento em relação ao(s) objeto(s) em questão” e “Deve ser uma movimentação de partículas, restrita em determinado espaço”, respectivamente. Observa-se que os alunos têm noção de movimento e posição, mas não são capazes de definir a teoria da realtividade quanto aos referenciais inerciais. Eles tentam relacionar a palavra restrita a algum tipo de restrição ao movimento dos corpos. Para os alunos E9 e E13, relatividade restrita é uma “Teoria proposta por Einstein que falava sobre o espaço e tempo relativo à objetos inertes” e “A relatividade foi uma teoria desenvolvida por Einstein, que postula a equação E=mc2, referente à conversão de massa em energia e que possibilita o desenvolvimento de estudos da energia nuclear”, respectivamente. Os alunos apresentam alguns subsunçores quanto à teoria de Einstein, um deles cita a equação E=mc2, a relação massa e energia, e os efeitos que essa teoria provocou em novas descobertas científicas. Porém, não respondem de forma correta ao questionado quanto ao fato de todas as 72 leis da física assumirem, a partir dessa teoria, a mesma forma em todos os referenciais inerciais e ainda, que, em qualquer referencial inercial, a velocidade da luz no vácuo c é sempre a mesma, seja emitida por um corpo em movimento retilíneo e uniforme ou mesmo em repouso. O aluno E15, cita em sua resposta, que “Relatividade restrita é o estudo da relação de algumas partículas tem com alguns vetores”. O aluno associa partículas com vetores da cinemática, sem especificar qualquer relação entre eles, desta maneira, não consegue definir a teoria da relatividade restrita. Observa-se que os alunos possuem subsunçores concebidos no primeiro ano do ensino médio, quando estudam cinemática e dinâmica dos corpos, apresentando conceitos de movimento, velocidade, aceleração, massa, energia, porém não conseguem compreender suas relações quanto à teoria da relatividade restrita. Assim, os alunos apresentam subsunçores mal definidos sobre essa teoria e possuem muita dificuldade ao estabelecer relações corretas quanto aos termos utilizados para cada situação. Na análise da décima questão todos os alunos afirmaram que já ouviram falar da equação de Einstein, E=mc2. Escola, Livros didáticos, Internet, TV foram apontados como os meios onde os alunos já viram essa fórmula. Quanto ao item da questão que pergunta o que o aluno entende por esta equação, dez alunos (67%) deixaram-na em branco, ou seja, uma indicação de que não sabiam o significado da equação. Outros cinco alunos (37%) responderam-na conforme as repostas a seguir:. Nas respostas dos alunos E4, E5, E8 e E15, as afirmações são vagas, como se repetissem as informações contidas literalmente na equação, ou sua origem. Como por exemplo, na resposta de E4: “Esta é a equação da Teoria Geral da Relatividade proposta por Einstein”; de E5 que diz “Energia em relação à massa e a velocidade da luz”, ou de E15, “Essa equação é a base para o entendimento de vários outros conceitos da física”. Na resposta de E13, “Que uma quantidade de massa pode ser convertida em energia. Ao ser multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz, obtém-se a quantidade de energia gerada”, percebe-se que este aluno apresenta conhecimentos prévios (subsunçores) sobre essa famosa equação de Einstein, já evidenciados na resposta dada à primeira questão, que corresponde à teoria da equivalência massa-energia, ou seja, que qualquer massa possui uma energia associada e vice-versa e que na relatividade especial, não na geral como o aluno E4 citou em sua resposta. Essa relação é expressa pela equação de equivalência massa-energia E = mc2, onde E = energia; m = massa e c = a velocidade da luz no vácuo. Nesta equação, o 73 valor da velocidade da luz no vácuo realiza a conversão de quilogramas para joules, uma vez que as grandezas de massa e energia são diferentes. 4.3.2 Análise comparativa do Pré- e Pós-teste Nesta seção são apresentadas e analisadas as respostas das questões de número 2 a 9, presentes tanto no pré quanto no pós-teste, dos 15 estudantes que participaram do curso até o final. Após cada questão, há um gráfico de porcentagem contendo os resultados (acerto, erro ou não fez/em branco) para o pré e para o pós-teste, para facilitar a comparação das ideias expressas. Para as questões 2 e 3 considera-se a seguinte situação: Nos aceleradores circulares de partículas, também chamados de cíclotrons, o feixe de partículas percorre trajetórias circulares por várias vezes antes de colidir com o alvo. Em cada volta, as partículas são mais aceleradas, devido à presença de campos elétricos que dão novos impulsos às partículas. Nesse caso, ímãs gigantes são utilizados para manter o feixe de partículas em sua trajetória circular. Agora imaginem um elétron que está se movendo, nesse acelerador de partículas, com uma velocidade de 3x105 m/s. Assim, na questão 2 pergunta-se qual é a porcentagem da velocidade da luz que esse valor representa. Para responder a essa questão o aluno não precisa compreender nenhum conceito do grande enunciado, pois o importante aqui é que esse aluno saiba que a velocidade da luz no vácuo é c = 300.000 Km/s e calcular a razão entre c e a velocidade com que o elétron está se movendo no acelerador de partículas, exigindo que seja capaz de lidar com potência de dez, converter unidades de medidas e resolver regra de três. Realizando o cálculo obtém-se que esse valor representa 0,1% da velocidade da luz. Considera-se acerto para essa questão quem respondesse de maneira semelhante: dividindo a velocidade do elétron de 3x105m/s pela velocidade da luz 3x108m/s, onde tem-se 1/1000= 0,001 x 100% = 0,1% ou também quem fizesse regra de três, como o aluno E7, “3x108m/s – 100% 3x105m/s - X, com X=0,1%”. Qualquer cálculo que tivesse como resposta valor diferente de 0,1% seria considerado errado, assim como o respondido por E5 no préteste: “ V=3.105m/s; logo, 3.105.9.10-19 = 27.10-14”. Nitidamente, observa-se que o aluno desconhece o valor correto da velocidade da luz. Vale ainda mencionar que o aluno E7 foi o único que acertou a questão nos dois testes. Os gráficos das figuras 14 e 15 mostram a porcentagem contendo o aproveitamento da turma em relação a esta questão para o pré e pós-teste, respectivamente. 74 Figura 14 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 2 do pré-teste. Pré-teste Acertou 7% Não fez ( em branco) 53% Errou 40% Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 15 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 2 do pós-teste. Pós-teste Não fez ( em branco) 0% Errou 7% Acertou 93% Fonte: Elaborado pelo autor. Acredita-se que o grande número de questões em branco e erradas no pré-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 14, pode estar relacionado à falta de conhecimento quanto ao valor da velocidade da luz, ou talvez o enunciado sobre os aceleradores de partículas possa ter confundido os alunos acreditando que a questão era bem mais complexa. Após a aplicação dos organizadores prévios, do uso da hipermídia e dos mapas conceituais, a porcentagem de acertos foi significativamente superior no pós-teste como pode ser observado no gráfico da figura 15, demonstrando que houve assimilação do conhecimento. Na questão 3, em que questiona-se se as leis de Newton podem ser usadas, com êxito, no estudo do movimento desse elétron, esperava-se que o aluno respondesse que não, uma vez que a velocidade do elétron aproxima-se da velocidade da luz, e nesse caso as leis de Newton são falhas, ou seja, não descrevem o movimento de corpos em altas velocidades. A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagem contendo o aproveitamento da turma das figuras 75 16 e 17, respectivamente. Figura 16 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 3 do pré-teste. Pré-teste Acertou 0% Não fez ( em branco) 20% Errou 80% Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 17 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 3 do pós-teste Pós-teste Não fez ( em branco) 0% Errou 33% Acertou 67% Fonte: Elaborado pelo autor. Acredita-se que o grande número de erros e abstenções no pré-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 16, relaciona-se ao fato dos alunos trazerem conhecimentos prévios sobre a mecânica de Newton, trabalhadas nos anos iniciais do EM, mas desconhecem o fato que as leis de Newton não funcionam para altas velocidades, como as próximas ao valor da velocidade da luz. Como pode ser observado na resposta de E4, “Sim, pois as três leis de Newton são relacionadas ao movimento dos corpos e se aplicariam no estudo do movimento dos elétrons”, que conhece as três leis de Newton, mas desconhece essa não aplicabilidade em altas velocidades. Esta resposta foi considerada errada. Após a aplicação dos organizadores prévios, do uso da hipermídia e dos mapas conceituais, a porcentagem de acertos foi superior no pós-teste como pode ser observado no 76 gráfico da figura 17, demonstrando que houve aprendizagem significativa da maioria dos alunos. Acredita-se que o tópico da hipermídia que explica os postulados da relatividade restrita possa ter colaborado para o aumento dos acertos nessa questão. A resposta de E13 explicita de forma consistente a melhora das respostas a esse questionamento: “Não, segundo Newton os elétrons poderiam atingir qualquer valor de velocidade, tendo valores da velocidade maiores que o da luz, o que não ocorrem na realidade de acordo com os estudos de Einstein sobre a teoria da relatividade”. A questão 4 apresentou o seguinte enunciado: Um acelerador linear, com cerca de 3 km de comprimento, é capaz de acelerar um elétron até uma velocidade v = 0,999c. Uma pessoa ao tomar conhecimento de que recentemente, na Europa, foi construído um acelerador chamado LHC, com comprimento cerca de 10 vezes maior do que o acelerador linear, concluiu, então, que no LHC um elétron poderá atingir uma velocidade v LHC = 10 x 0,999c = 9,99c, onde c seria a velocidade da luz. Você concorda com essa conclusão? Por quê? Esperava-se que os alunos respondessem que não, pois nenhum corpo consegue atingir velocidades maiores que c, que é a velocidade da luz, sendo um dos postulados da relatividade restrita. A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagem nas figuras 18 e 19 contendo o aproveitamento da turma. Figura 18 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 4 do pré-teste. Pré-teste Acertou 7% Não fez ( em branco) 33% Errou 60% Fonte: Elaborado pelo autor. 77 Figura 19 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 4 do pré-teste. Pós-teste Não fez ( em branco) 0% Errou 7% Acertou 93% Fonte: Elaborado pelo autor. Acredita-se que o grande número de erros e abstenções no pré-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 18, relaciona-se novamente ao fato dos alunos trazerem conhecimentos prévios sobre a mecânica de Newton, trabalhadas nos anos iniciais do EM, mas desconhecem os postulados de Einstein da teoria da relatividade restrita. Porém uma minoria de 7% dos alunos possui conhecimentos sobre o assunto, conforme pode ser observado na resposta de E6 que consegue com desenvoltura explicar porque discorda do enunciado da questão, “Não, pois a velocidade da luz é 3x108 m/s e nada é mais rápido que a luz”. Um exemplo de resposta considerada errada pode ser verificado pelo discorrido por E5: “Sim. A velocidade é dez vezes maior em relação à luz, com d=3Km; V=0,999c; d=30Km e VLHC=9,99c”.O aluno desconhece completamente o postulado de Einstein que nenhum corpo pode atingir velocidade maior que a da luz. No pós-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 19, houve um considerável aproveitamento na assimilação de conceitos pelos alunos. Acredita-se que o tópico da hipermídia sobre os postulados da relatividade restrita possa ter colaborado também para o aumento dos acertos nessa questão. A resposta de E4 explicita de forma consistente a melhora das respostas a esse questionamento: “Não concordo, segundo a teoria dos estudos de Einstein sobre a teoria da relatividade, seria impossível que um corpo ultrapassasse a velocidade de um c, por essa ser a velocidade da luz. 9,99c > 1c, logo a situação é irreal”. Nas questões 5 e 6 é apresentada a seguinte situação: Paulo Sérgio, viajando em sua nave, aproxima-se de uma plataforma espacial, com velocidade de 0,7 c, em que c é a velocidade da luz. Para se comunicar com Paulo Sérgio, Priscila, que está na plataforma, envia um pulso luminoso em direção à nave. Na questão 5, pede-se com base nessas informações, se é correto afirmar que a 78 velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio, de acordo com a Mecânica Clássica, é igual a: a) 0,7 c; b) 1,0 c; c) 0,3 c; d) 1,7 c. Para responder a essa questão o aluno deve conhecer o conceito de velocidade relativa da mecânica clássica, em que a velocidade de um corpo varia de acordo com o referencial. A velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio é 0,7c + 1c =1,7c, pois neste contexto a velocidade do objeto pode atingir velocidades superiores à da luz. A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagens nas figuras 20 e 21 contendo o aproveitamento da turma. Figura 20 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 5 do pré-teste. Pré-teste acertou 7% Não fez ( em branco) 46% errou 47% Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 21 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 5 do pós-teste. Não fez Pós-teste ( em branco) 0% errou 13% acertou 87% Fonte: Elaborado pelo autor Acredita-se que o grande número de erros e abstenções no pré-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 20, relaciona-se talvez ao fato dos alunos não compreenderem o enunciado ou não se lembrarem de relacionar o exercício ao cálculo de velocidade relativa, 79 ou seja, possuem subsunçores não definidos sobre o assunto advindos dos anos iniciais do ensino médio, concebidos nas aulas de mecânica. A letra (a)0,7c foi a alternativa mais marcada pelos estudantes, que consideraram somente a velocidade de Paulo na nave e esqueceram que a velocidade do pulso luminoso enviado por Priscila (c), seria somado à velocidade da nave de Paulo(0,7c), e que assim Paulo conceberia a medida do pulso luminoso como 1,7c de acordo com a mecânica clássica. Já no pós-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 21, houve um considerável aumento dos acertos (87%), pois nessa fase os alunos já viram as diferenças entre as leis da mecânica clássica e das teorias de Einstein aplicadas à relatividade, principalmente com o estudo dos tópicos da hipermídia: relatividade na física clássica, que reúne as ideias de Galileu e Newton sobre relatividade dentro da física clássica e a relatividade de Einstein, que compreende os postulados da teoria da relatividade restrita. Na questão 6, pergunta-se, se é correto afirmar que a velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio, de acordo com a Mecânica Relativística, é igual a: a) 0,7 c; b) 1,0 c; c) 0,3 c; d) 1,7 c. De acordo com a mecânica relativística que postula que nenhum corpo viaja com velocidade superior à velocidade da luz, essa questão contrapõe o esperado na questão 5, em que o aluno deveria aplicar as leis da mecânica clássica. Nessa questão a velocidade do pulso medida por Paulo Sérgio somente poderia ser igual a c, ou seja, poderia ser, no máximo, igual à velocidade da luz e não superior de acordo com a relatividade de Einstein. Logo a resposta correta é letra (b). A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagem nas figuras 22 e 23 contendo o aproveitamento da turma. Figura 22 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 6 do pré-teste. Pré-teste acertou 0% errou 53% Não fez ( em branco) 47% Fonte: Elaborado pelo autor. 80 Figura 23 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 6 do pós-teste. Não fez Pós-teste ( em branco) 0% errou 20% acertou 80% Fonte: Elaborado pelo autor. Houve um grande número de erros e abstenções no pré-teste para essa questão como pode ser observado no gráfico da figura 22. Percebe-se que os alunos não compreenderam o paralelo que o enunciado das questões 5 e 6 quis fazer ao comparar a velocidade relativa na mecânica clássica e na relativística e ainda, conforme observado nas questões anteriores, em que os alunos tiveram a mesma dificuldade ao discorrerem sobre o fato de que um corpo não pode assumir velocidade superior à da luz, semelhante posicionamento era esperado nessa questão. No pós-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 23, houve um considerável aumento dos acertos (80%), pois nessa fase os alunos já viram as diferenças das leis da mecânica clássica e das teorias de Einstein aplicadas à relatividade, principalmente com o trabalho nos tópicos da hipermídia Relatividade na física clássica e da Relatividade de Einstein. Na questão 7 foi apresentado o seguinte enunciado: A teoria da Relatividade Restrita, proposta por Albert Einstein (1879 – 1955) em 1905, é revolucionária porque mudou as ideias sobre o espaço e o tempo, mas em perfeito acordo com os resultados experimentais. Ela é aplicada, entretanto, somente a referenciais inerciais. Em 1915, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade, válida não só para referenciais inerciais, mas também para referenciais não-inerciais. Sobre os referenciais inerciais, considere as seguintes afirmativas: I. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade constante. II. São referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade variável. III. Observadores em referenciais inerciais diferentes medem a mesma aceleração para o movimento de uma partícula. 81 Pedindo-se para assinalar a alternativa correta: a) Apenas a afirmativa I é verdadeira; b) Apenas a afirmativas II é verdadeira; c) As afirmativas I e II são verdadeiras; d) As afirmativas II e III são verdadeiras; e) As afirmativas I e III são verdadeiras. Para solucionar essa questão, o aluno deveria ter conhecimentos prévios de referenciais inerciais, movimento, aceleração e velocidade. A teoria da relatividade restrita, válida para referencias inerciais e não-inerciais, não precisa ser totalmente compreendida pelo aluno para responder à questão, bastaria que o aluno soubesse sobre os referenciais inerciais para responder letra (e), ou seja, as frases I e III estão corretas, pois referenciais inerciais se movem, uns em relação aos outros, com velocidade constante e observadores em referenciais inerciais diferentes medem a mesma aceleração para o movimento de uma partícula. A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré-teste e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagem nas figuras 24 e 25 contendo o aproveitamento da turma. Figura 24 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 7 do pré-teste. Pré-teste acertou Não fez 7% ( em branco) 13% errou 80% Fonte: Elaborado pelo autor. 82 Figura 25 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 7 do pós-teste. Não fez ( em branco) 0% Pós-teste acertou 33% errou 67% Fonte: Elaborado pelo autor. Essa questão, que exigia dos alunos uma maior compreensão do significado de referenciais inerciais, não apresentou uma melhora significativa na margem de acerto quando comparada às outras questões, porém pode-se observar que os alunos obtiveram 33% de acertos no pós-teste (figura 25) comparados à 7% de acertos no pré-teste (figura 24) e o número de questões em branco diminuiu de 13% do pré-teste (figura 24) para 0% do pós-teste (figura 25). O aluno E7 foi o único que acertou essa questão no pré-teste, porém no pós-teste ele errou, demonstrando que esses conceitos ainda não estão bem e elaborados pela turma. Observamos uma nítida má definição de subsunçores, quanto ao tema em questão, pois os alunos ainda mantiveram grande porcentagem de erro mesmo após o uso dao hipermídia e da aplicação dos organizadores prévios e explicativos. O assunto “referenciais inerciais” foi trabalhado na hipermídia no tópico 3Relatividade na Física Clássica no encontro de nº 4, no quadro 4 da hipermídia em que o aluno tinha acesso a um hiperlink que levava a um texto presente em efisica.if.usp.br/ mecanica/básico/referenciais/intro, em que inicialmente se lê o significado de referenciais inerciais e obtém-se exemplos de referenciais não-inerciais também. O texto simples e direto ajudaria na compreensão desses conceitos e ainda, acreditava-se que esse aluno já possuía subsunçores quanto ao tema, uma vez que, esse assunto é abordado no primeiro ano do ensino médio nos conceitos iniciais da mecânica. O mapa conceitual, exemplificado na figura 13 e explicado pelo professor durante o encontro, seria também um importante objeto que pudesse facilitar a compreensão do assunto, pois durante a explanação desse organizador explicativo foi abordado que a relatividade restrita de Einstein estava intimamente ligada com os referenciais inerciais, como observado no primeiro e o segundo postulado dessa teoria. Porém 83 como obervado pelos gráficos de desempenho, não houve uma melhora significativa do aproveitamento, talvez convenha aumentar o tempo de uso da hipermída quanto a esse tema, introduzir questões e trabalhá-las juntamente com os alunos, utilizar mais simulações, animações e vídeos que consigam explicar de forma mais simples esse conceitos. A resposta mais marcada tanto no pré-teste quanto no pós-teste foi a letra (a) que não está totalmente errada, porém a resposta correta é letra (e) que enumera as assertivas I e III, a letra (a) somente aponta a assertiva I como correta. A assertiva III explica que observadores em referenciais inerciais diferentes medem a mesma aceleração para o movimento de uma partícula. Talvez os alunos desconsiderassem essa resposta por fazerem confusão com a palavra aceleração, uma vez que, há um exemplo dado na hipermídia que diz que “ Um ônibus em movimento acelerado não é um referencial inercial e sim um referencial nãoinercial”. A questão 8 apresentou o seguinte enunciado: Quando aceleramos um elétron até que ele atinja uma velocidade v = 0,5 c, em que c é a velocidade da luz, o que acontece com a massa? a) Não sofre nenhuma alteração; b) Aumenta; c) Diminui; d) Diminui e depois aumenta. A resposta a essa questão é letra (b) aumenta, pois à medida que a velocidade de um corpo aumenta sua massa também aumenta e ainda, quando a velocidade do corpo tende à velocidade da luz, sua massa tende ao infinito, sendo uma consequência da teoria da relatividade restrita de Einstein. A análise das respostas dos estudantes a essa questão, no pré e pós-teste, foram transcritas para os gráficos de porcentagem nas figuras 26 e 27 contendo o aproveitamento da turma. Figura 26 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 8 do pré-teste. Pré-teste Não fez acertou ( em branco) 7% 13% errou 80% Fonte: Elaborado pelo autor. 84 Figura 27 - Gráfico mostrando o resultado para a questão nº 8 do pós-teste. Pós-teste Não fez ( em branco) 0% errou 0% acertou 100% Fonte: Elaborado pelo autor. Acredita-se que o grande número de erros e abstenções no pré-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 26, relaciona-se ao fato de muitos alunos não possuírem subsunçores bem definidos sobre a relação entre massa, velocidade e energia e da aplicabilidade da equação E=mc2. Apenas o aluno E12 conseguiu responder a essa questão de forma correta, possuindo subsunçores, sobre o tema em questão, já previamente definidos em anos iniciais do EM, ou já vistos em outros meios como TV, livros didáticos, internet, entre outros. A resposta mais marcada para essa questão, no pré-teste, foi a letra (a) não sofre nenhuma alteração, ou seja, a maioria dos alunos acreditavam que não há relação entre velocidade e massa, desconhecendo que quando aumenta a velocidade do corpo, sua massa não se mantém constante, mas aumenta e o aumento da massa é tanto mais acentuado quanto mais próximo a velocidade do corpo estiver da velocidade da luz c . No pós-teste, como pode ser observado no gráfico da figura 27, houve 100% de acertos, observa-se que houve uma maior compreensão do tema abordado durante o curso em que os alunos compreenderam uma consequência da teoria da relatividade restrita que à medida que a velocidade de um corpo aumenta sua massa também aumenta e ainda, quando a velocidade do corpo tende à velocidade da luz, sua massa tende ao infinito. Na questão 9 foi perguntado aos alunos se eles conhecem alguma aplicação da relatividade de Einstein no dia-a-dia. No pré-teste, 80% dos alunos relataram não conhecer alguma aplicabilidade da teoria da relatividade e 20% dos estudantes responderam que conheciam alguma aplicação no dia-a-dia da relatividade de Einstein, conforme a resposta de E4: “É usado em cálculos astronômicos e na física em geral para determinar a relatividade”. O aluno apresenta subsunçores mal definidos quanto ao tema, pois não consegue explicar de 85 forma aprofundada a pergunta, pois deve ter visto ou ouvido falar algo sobre o assunto em algum meio de comunicação, ou livro ou até mesmo na escola, sobre astronomia e teoria da relatividade, mas ainda não possui conceito formado significativo. Nas respostas de E5 e E13: “Luz, lua, massa de um objeto, gravidade” e “Estudos de energia atômica; coalisor de partículas”, respectivamente observa-se que os alunos ligam o tema relatividade a conceitos como luz e massa, talvez órbitas, quando cita a palavra lua e a gravidade, ou bomba atômica e energia, sugerindo talvez o acelerador de partículas, mas ainda não possuem um conceito formado significativo. Após a aplicação dos organizadores prévios, do uso da hipermídia e dos mapas conceituais, os alunos responderam essa mesma questão no pós-teste e passa-se a ter o seguinte resultado: 27% ainda não conseguiram citar aplicabilidades no dia-a-dia para essa teoria, enquanto que outros 73 % conseguiram enumerar de forma correta algumas aplicabilidades como pode ser observado em algumas respostas transcrita: “ GPS, fissão nuclear” (E6); “Bombas atômicas, força gravitacional dos planetas, curvatura das órbitas, explicar a aceleração de partículas” (E7); “Estudos de energia nuclear, com uso para a fissão e fusão nuclear, desenvolvimento do GPS (Global Positional System)” (E13). 4.3.3 Análise da questão presente somente no pós-teste Nessa seção avalia-se a questão de nº 1 presente somente no pós-teste, uma vez que nesse momento, após os alunos terem passados por todas as etapas do curso e estarem finalizando as atividades, teoricamente já é possível esperar uma melhor compreensão quanto aos valores de velocidade da luz e do som, fazer comparativos entre elas e definir proporções. No enunciado desta questão é dito que “O recorde de velocidade em aviões foi batido recentemente pelo caça norte americano X-43 atingindo a incrível marca de 7700 km/h! Dizemos que ele é um Mach 7, ou seja, voa com uma velocidade 7 vezes maior que a velocidade do som! Em comparação com a luz, podemos dizer que o avião tem uma velocidade alta ou baixa? Explique. Para responder a essa questão o aluno deve ter noção que a velocidade da luz é muito superior a do som, deve saber fazer comparações, realizar proporção e saber usar as unidades de medida de comprimento e tempo. Logo, a resposta é simples: Se a velocidade do caça é 7 vezes maior que a do som, divide-se 7700 km/h por 7, onde temos que a velocidade do som é igual a 1100 Km/h. Sendo a velocidade da luz de 3 x 105 km/s, já se conclui que a velocidade do caça é bem menor que a velocidade da luz que atinge a marca de 3 x 10 5 km em um 86 segundo e o caça atinge 7700 Km em uma hora. Não há necessidade de realizar cálculos para se observar essa diferença, apenas se atentar às unidades horas e segundos. Nessa questão 100% dos alunos conseguiram responder corretamente o que foi solicitado, comparando de forma clara as velocidades do caça e da luz. Eles compreenderam que a velocidade do som é muito menor que a da luz e esse fato corrobora para que se conclua que houve uma maior segurança ao comparar velocidades. Algumas respostas de alunos escolhidos de forma aleatória são apresentadas para que se possa apreciar esse resultado positivo. “Obtém uma velocidade baixa, porque a marca em que o avião atinge é menor que a velocidade máxima da luz em Km/s”. (Resposta de E2) “Baixa, pois a velocidade da luz é de 3 x 108 m/s, sendo a maior velocidade descrita e presenciada no universo e nada pode superá-la.” (Resposta de E4) “Baixa. A velocidade do som é de 330 m/s, enquanto que da luz é de 3 x 10 8 m/s, um valor muito maior quando comparado à velocidade do som.” (Resposta de E13) 4.4 Interpretação dos Resultados Nesta seção interpretam-se os resultados obtidos através da análise dos dados do pósteste, realizando, quando pertinente, um paralelo com os resultados obtidos no pré-teste. De maneira geral, pode-se afirmar que, durante a aplicação das atividades do curso, foi observado um grande comprometimento dos alunos e envolvimento nas atividades propostas. Houve pontualidade nas horas marcadas e um grande interesse pelo tema trabalhado nas etapas do curso. Como não havia nenhuma recompensa, como pontos extras, entende-se que a dedicação por parte dos alunos pode ser interpretada com uma postura consciente e de comprometimento com o aprendizado, o que nas palavras de Ausubel significa pré-disposição à aprendizagem. De acordo com os resultados, nas duas questões presentes somente no pré-teste (nº1 e nº10) observa-se que os alunos apresentaram conhecimento sobre o tema de forma mal definida e pouca noção da teoria da relatividade. Muitos já ouviram falar da famosa equação de Einstein, seja em livros didáticos, na TV, na escola, na internet ou em outros meios de comunicação, mas não conseguiram explicar de forma clara sua aplicabilidade, apresentando subsunçores mal definidos ou ausentes. Quanto às questões repetidas tanto no pré-teste quanto no pós-teste (de n° 2 a 9), observa-se que houve uma melhora significativa (valores em porcentagem) com relação aos conceitos trabalhados durante o curso. Os alunos conseguiram responder as questões de forma mais segura e com conhecimento, exceto pela questão de n°7 sobre referenciais inerciais, em 87 que conclui-se que alguns subsunçores mal definidos ou, até mesmo, ausentes trazidos dos anos iniciais do EM devem ser melhor estimulados e desenvolvidos como conceitos de referenciais inerciais e movimento relativo. É importante ressaltar que, ainda assim, cerca de 33% dos alunos conseguiram assimilar os conceitos trabalhados após as atividades do curso. Um exame da questão de n°1 presente somente no pós-teste, em que 100% dos alunos conseguiram respondê-la de forma satisfatória, sugestiona o entendimento que, após a realização de todas as etapas do curso, eles conseguiram assimilar a diferença entre velocidade do som e da luz e que nenhum corpo pode possuir maior velocidade que a da luz, como descrito na teoria de Einstein. Portanto, apresentando subsunçores bem definidos quanto à proporcionalidade, potência de dez, conversão e comparação de medidas de tempo e espaço. Várias questões do pré-teste foram respondidas por apenas um aluno. Uma análise do desempenho individual de cada aluno mostrou que os alunos E6 (64,5%), E7 (77,5%), E12 (80,0%) E e15 (72,5%), com suas respectivas médias de aproveitamento mostradas em parênteses, acertaram as questões. Observa-se há uma heterogeneidade nesta amostra, constituída por alunos medianos e bons. Uma comparação dos resultados obtidos no pré-teste com o pós-teste indica que o material apresentado e a discussão realizada durante as etapas do curso sanaram muitas deficiências constatadas em relação à teoria de Einstein e à mecânica clássica. No pós-teste os alunos já se mostraram mais familiarizados com a história de Einstein e Newton e com suas teorias. Porém, conclui-se que ainda há necessidade de se trabalhar melhor as atividades desenvolvidas, podendo modificá-las de modo a oferecer maior tempo de uso da hipermídia e mais oportunidades para explorar as teorias mencionadas, com exercícios diferentes daqueles apresentados no pré-teste e pós-teste, com o intuito de potencializar a aprendizagem de forma significativa. 4.5 Análise da avaliação do curso pelos alunos A avaliação do curso pelos alunos, exemplificada na seção 3.3.5, foi aplicada no último encontro, após a aplicação do pós-teste, com o intuito de verificar o grau de satisfação dos alunos quanto ao Tempo exigido pelo curso; Conteúdo, atividades e material didático e quanto à Interação e relação ensino x aprendizagem. Todos dos quinze alunos que finalizaram o curso, responderam a esse questionário. Foi solicitado que não se identificassem durante as 88 respostas, pois assim poderiam expressar suas críticas e elogios sem ficarem apreensivos quanto às suas reais opiniões quanto ao curso. Em relação ao tempo previsto para realização das atividades, 80% dos alunos responderam que foi suficiente e 20% acreditaram que poderia ser maior. Quanto ao ritmo de estudo exigido pelo curso sobre relatividade e sua adequação ao ritmo de aprendizagem, 60% acreditou ser adequado, 20% acreditou que deveria ser mais lento e outros 20% acredita que para conseguir aprendizagem com o ritmo do curso, seria necessário grande esforço. Quanto ao conteúdo, atividades e material didático, 80% dos alunos classificaram os conteúdos abordados durante o curso como ótimo e 20% como bom. Quanto à maneira como os conteúdos foram abordados, 73% dos alunos acreditam que facilitaram a aprendizagem dos conceitos relacionados com o tema relatividade, contra 27% que acreditam que facilitaram o aprendizado apenas parcialmente. Quanto à abrangência e clareza dos materiais didáticos disponibilizados, 60% os classificaram como ótimo e 40% como bom. Quanto à quantidade das atividades propostas 73% acreditaram serem ótimas, 20% como bom e 7% como regulares. Em relação à qualidade das atividades, 87% dos alunos as classificaram como ótimas e 13% como boas. Quando questionados quanto a participarem de outro curso como este, a resposta foi unânime: 100% fariam novamente. Como justificativa, a maioria respondeu por achar o tema interessante e principalmente por correlacioná-lo às questões do dia-a-dia. Algumas justificativas selecionadas aleatoriamente afirmam que: “Porque houve ampliação do meu conhecimento, sem falar na variedade de meios que podemos utilizar como aprendizado.” “Pois acrescenta conhecimentos que além de interessantes, são úteis para o dia-adia.” “O curso é excelente para apreendermos partes importantes da física, além de instigar nossa curiosidade e vontade de apreender sobre os temas abordados.” “Me interessei pela física moderna e gostaria de aprofundar nas descobertas de Einstein.” Quanto a Interação e relação ensino x aprendizagem, 67% acreditaram que houve uma ótima interação com os colegas que fizeram o curso e 33% classificaram essa interação como boa. Em relação às interações feitas pelo professor, 100% dos alunos acreditaram que estas favoreceram a aprendizagem dos assuntos tratados no curso. Quanto ao formato do curso, 93% acreditaram que favoreceu a aprendizagem e 7% dos alunos acharam que o formato ajudou apenas parcialmente na aprendizagem. 89 Quando questionados sobre a atividade que mais gostaram no curso, 40% dos estudantes apreciaram os vídeos presentes no hipermídia, outros 40% indicaram as simulações como preferidas, 7% indicaram as atividades desenvolvidas, ou seja, da aplicabilidade e 13% não marcaram preferência alguma. Foram solicitadas aos alunos sugestões, elogios e críticas gerais sobre a hipermídia. Nesse contexto, 60% elogiaram o produto e sua aplicabilidade; 20% apreciaram o produto, porém acreditaram que há uma necessidade de trabalhá-lo por um tempo maior para um melhor aproveitamento e outros 20% não teceram nem elogios, nem críticas e/ou sugestões. Abaixo segue alguns exemplos de respostas dos alunos: “ Foi muito bom o curso, a hipermídia muito criativa e fez despertar o interesse pela física moderna de Einstein.” “ Ter mais tempo; as atividades foram excelentes e o aprendizado foi ótimo.” “Deveríamos ter aprofundado mais nos temas. Contudo, foi um excelente curso! Parabéns pela iniciativa”. 90 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso das novas tecnologias em educação pode contribuir para o processo de aprendizagem na medida em que ajudam, de forma mais prática e visual, no desenvolvimento de temas com conteúdos abstratos e de difícil visualização. As hipermídias constituídas de textos, vídeos, hipertextos, simulações, hiperlinks representam alguns desses avanços tecnológicos que vêm contribuindo com a prática educacional da atualidade. As tradicionais aulas ministradas pelo professor, único detentor do conhecimento, ao aluno, que teria que absorver esse saber passivamente, vem se tornando obsoletas frente a uma gama de informações disponíveis em vários meios de comunicação como a TV, o rádio, os computadores e a internet, onde este aluno passa a ser parte ativa na construção do seu conhecimento. Foi mediante essa evolução na maneira de pensar e de se comportar da sociedade atual que se elaborou essa proposta para a inserção de alguns recursos das tecnologias digitais no Ensino de Física. Construiu-se um sistema hipermídia com a finalidade de proporcionar uma maior interação dos alunos com os conteúdos, fornecendo-lhes meios para que possam compreender teorias e fenômenos físicos. A escolha do tema dessa dissertação surgiu por entender-se que o processo educacional tem passado por reformulações e atualizações, e que o uso de tecnologias a favor da educação, como as hipermídias, podem contribuir para a construção do conhecimento do aluno. O objetivo desta dissertação é oferecer aos professores e alunos uma forma alternativa para o ensino e aprendizagem de conceitos físicos, no nosso caso a teoria da relatividade de Einstein, utilizando-se de hipermídias. As atividades propostas e suas aplicações foram baseadas na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel. Todo o material: pré-teste, organizadores prévios, hipermídia e organizadores explicativos, pós-teste e avaliação do curso pelos alunos, foi preparado com o objetivo de verificar os conhecimentos prévios dos alunos e de forma gradual introduzir novos conceitos. Houve certa facilidade em conceber um material que fosse utilizado como organizadores prévios, como os textos e o vídeo para o tema proposto, uma vez que há documentários e matérias disponíveis em fontes variadas sobre Einstein, suas teorias e biografia. E ainda enfatiza-se que vários fenômenos e tecnologias atuais são fundamentados em princípios da Física Moderna e Contemporânea. A sequência de atividades trabalhada na estrutura deste trabalho demonstra que o uso de organizadores prévios, como textos e vídeos foi considerada, pela maioria dos alunos, 91 como uma aula tradicional, porém com a aplicação da hipermídia, em que o aluno tinha um ambiente repleto de simulações, atividades, hiperlinks, notou-se, por parte doa alunos, uma disposição e curiosidade para testar os recursos da hipermídia. Em acordo com nossos resultados, Machado e Nardi (2006) usaram o computador para demonstrações de fenômenos da Física Moderna, ressaltando que o computador e sistemas hipermídias podem motivar os alunos, por apresentarem uma maior facilidade de visualização de fenômenos abstratos, contribuindo assim para a formação de novos conceitos ligados à estrutura cognitiva do estudante. Mais tarde, Cardoso (2011) utilizou simulações para explicar o efeito fotoelétrico e verificou semelhantes resultados quanto à facilitação do aprendizado com relação a fenômenos físicos. As respostas do pós-teste indicam que houve entendimento, por boa parte dos alunos, de grande parte dos conceitos referentes ao tema trabalhado. Após a aplicação das atividades houve um ganho gradual de inclusividade dos conceitos, como pode ser observado com a melhora no aproveitamento das questões 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 9 presentes tanto no pré-teste quanto no pós-teste. Ao final do curso, a maioria dos alunos já conseguia avaliar e comparar velocidades com o valor da velocidade da luz; diferenças da mecânica clássica e relativística; a relação massa, energia e velocidade através do entendimento da equação E=mc2; as aplicabilidades da teoria da relatividade de Einstein presentes no cotidiano, cuja análise do desempenho pode ser apreciada nos gráficos da seção 4.3.2. A utilização da hipermídia foi relevante para esse resultado e pode-se ter reprodutibilidade desse produto, com possibilidade de sucesso, se aplicado a qualquer aluno em nível de conhecimento do terceiro ano do ensino médio. O aluno em questão deveria ter, antes da aplicação das atividades, compreensão de certos conhecimentos prévios sobre o assunto: referenciais, energia, massa e velocidade. A aplicação do pré-teste e do pós-teste, os organizadores prévios, uso da hipermídia juntamente com a aplicação dos organizadores explicativos objetiva proporcionar uma ordenação ou uma reestruturação da estrutura cognitiva do aluno de forma que construa conceitos mais inclusivos. Com a aplicação do pós-teste, quase idêntico ao pré-teste, propôs-se verificar se os conceitos diretamente relacionados ao tema, teoria da relatividade e suas implicações, foram compreendidos pelos alunos, ou seja, se houve uma aprendizagem significativa mediante a aplicação de organizadores prévios, uso da hipermídia e organizadores explicativos. Os conceitos relacionados a seguir foram trabalhados tanto no pré-teste quanto no pósteste como forma de verificar se o estudante conseguiu elaborá-los e relacioná-los a situações 92 cotidianas: - Operações com potência de dez e porcentagem; - Relação massa e energia; - Mecânica Clássica e Mecânica Relativística; - Teoria da relatividade restrita e geral; - Sistemas referenciais, velocidade variável e velocidade constante; - Aceleração, movimentos, frequência; - Partículas, elétrons, velocidade da luz. Como resultado da análise dos dados do pós-teste observou-se que das sete questões repetidas tanto no pré-teste quanto no pós-teste, seis tiveram significativa melhora nos acertos, conforme observado nos gráficos de aproveitamento, acontecimento este que pode dar a oportunidade de considerar nosso produto como um material potencialmente significativo. A questão sete, que exigia dos alunos uma maior compreensão do significado de referenciais inerciais, não apresentou uma melhora significativa na margem de acerto quando comparada às outras questões, porém comparado ao pré-teste, pode-se observar que os alunos tiveram 33% de acertos no pós-teste comparados à 7% de acertos do pré-teste e a abstenção (questões em branco) diminuiu de 13% do pré-teste para 0% do pós-teste. Sugere-se uma melhoria na hipermídia com agregação de mais simulações, atividades e materiais que possam trabalhar mais profundamente esse tema, de modo a melhorar ainda mais a compreensão dos alunos sobre teoria da relatividade restrita, geral e o comportamento dos referenciais inerciais. A inserção de organizadores prévios e explicativos, mais detalhados, principalmente com relação aos referenciais inerciais e não-inerciais, pode contribuir para a melhoria da compreensão por parte dos alunos e tornar o conteúdo mais atrativo. Para Ausubel; Novak; Hanesian (1980) uma aprendizagem efetiva e significativa pode ficar retida no cognitivo por muito tempo quando comparada com os conhecimentos que são adquiridos pelos métodos convencionais, dessa forma, sugere-se, para trabalhos subsequentes, a exploração de hipermídias com outros temas da física que devem ser trabalhados no ensino médio e que sejam utilizados também por um maior tempo, de forma a observar e mensurar se houve retenção de conhecimento durante esse período. No processo de ensino-aprendizagem a relevância do professor deve ser repensada em se tratando da aquisição de conhecimentos, da elaboração do material didático e instrucional, da construção da hipermídia e sua organização estrutural, além das explicações frente a dúvidas e questionamentos quanto ao conteúdo. Aliado a isso, a pré-disposição do educando 93 em apreender e participar da construção desse conhecimento, a utilização de sistemas hipermídias como ferramenta educacional, porém não única, mas agregada a outros recursos utilizados pelo professor devem ser também considerados conjuntamente. Finalizando, a hipermídia criada e utilizada nesse trabalho possui flexibilidade na exploração do material fornecido, característica diversa de softwares educacionais estáticos, disponíveis no mercado. A hipermídia fornece ao usuário ferramentas que facilitam a navegação não somente de forma linear, mas de forma interativa, permitindo-o explorar livremente as páginas com conteúdos representados por diferentes mídias interligadas, cujo controle da interação vai de acordo com sues interesses e objetivos. 94 REFERÊNCIAS ALVES, R. L. G; SILVA. J. B. Educação e Cibercultura. In: BARRETO, E. S. (Org.). A escola e as tecnologias inteligentes. Salvador: EDUFBA, 2001. p. 12-18. AUSUBEL, D.P. Educational Psychology: A Cognitive View. New York, Holt, Rinehart and Winston, 1968. AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Tradução Eva Nick et al. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 625 p. AZEVEDO, R. L. Utilização de organizadores prévios para aprendizagem significativa do magnetismo e do eletromagnetismo. 2010. 185 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2010. BABBITT, B. C.; USNICK, V. Hypermedia: a vehicle for connections. Arithmetic Teacher, [S.l.], p. 430-432, Apr. 1993. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Linguagens, códigos e suas tecnologias: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais – PCNS+. Brasília, 2002. BRIGHENTI, J. R. N. Simulação e otimização de uma linha de manufatura em fase de projeto. 2006. 113 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Itajubá, Curso de Engenharia de Produção. CARDOSO, S. O. O; DICKMAN, A. G. Simulação computacional aliada à teoria da aprendizagem significativa: uma ferramenta para ensino e aprendizagem do efeito fotoelétrico. Cad. Bras. Ens. Fís., Florianópolis, v. 29, n. Esp. 2, p. 891-934, out. 2012. CARDOSO, S. O. O. Ensinando o efeito fotoelétrico por meio de simulações computacionais: elaboração de roteiro de aula de acordo com teoria da aprendizagem significativa. 2011. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Curso de Ensino de Ciências e Matemática, Belo Horizonte. CARDOSO, N. L. A utilização do software educacional de simulação e modelagem “Interactive Physics” como instrumento de promoção da aprendizagem significativa de conceitos de Física: uma investigação pedagógica a partir da proposição de situações-problema. 2003. 111 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Ciência da Computação, Florianópolis. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/~edla/orientacoes/CardosoNelson.PDF>. Acesso em: 29 set. 2012 EINSTEIN, A. A teoria da relatividade especial e geral. Tradução C. A. Pereira. Revisão Técnica de I. C. Moreira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999. EINSTEIN, A.; INFELD, L. A evolução da Física. Rio de Janeiro: Zahar, 1938. EINSTEIN, A. Notas autobiográficas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. FACHINETTO, E. A. O hipertexto e as práticas de leitura. Rev. Letra Magna, [S. l.], ano 2, n. 3, 2º sem. 2005. 95 FIOLHAIS, C.; TRINDADE, J. Física no computador: o computador como uma ferramenta no ensino e na aprendizagem das ciências Físicas. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 25, n. 3, p. 259-72, set. 2003. FREITAS, H. R. B. de. Desenvolvimento de hipertexto sobre eletromagnetismo baseado na proposta de ensino do GREF e em mapas conceituais. 2005. 54 f. Monografia (Graduação) - Curso de Licenciatura em Física, Departamento de Instituto de Física, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://hugo.eti.br/monografia/ufrj2005_hugo_projeto.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012. GAINES, B. R.; SHAW, M. L. G. Concept maps as hypermidia components. 1995. Disponível em: <http://ksi.cpsc.ucalgary.ca/ articles/ConceptMaps/CM.html>. Acesso em: 28 set. 2012. GARCIA, C. P.; DICKMAN, A. G. Ensino do efeito fotoelétrico em Engenharia: um papel para as simulações computacionais. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, 16, 2005, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: SBF, 2005. p.1-5. GAVIRA, M. O. de. Simulação computacional como uma ferramenta de aquisição de conhecimento. 2003.163f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de Produção, São Carlos. GUTIERREZ, F. Linguagem total: uma pedagogia dos meios de comunicação. São Paulo: Summus, 1978. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física I. Rio de Janeiro: LTC, 2002. HARREL, C. R. et al. Simulação: otimizando os sistemas. 2. ed. São Paulo: Belge Engenharia e Sistemas Ltda, IMAM, 2002. HALLOUN, I. Schematic Modeling for Meaningful Learning for Physics. Journal of Research in Science Teaching , 33, Issue 9 (1996). LEVIN, E. Conceitos e métodos da física moderna numa perspectiva histórica. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 29, n. 3, p. 305-6, 2007. LOPES, R.; FEITOSA, E. Applets como recursos pedagógicos no ensino de Física: aplicação em cinemática. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, 18, 2009, Vitória. Atas... São Paulo: SBF, 2009. p.1-12. MACÊDO, J. A.; ANDRADE, I. S. F.; DICKMAN, A. G. Simulações computacionais como ferramentas para o ensino de conceitos básicos de eletricidade. Cad. Bras. Ens. Fís., Florianópolis, v. 29, p. 562-613, 2012. MACÊDO, J. A. Simulações computacionais como ferramenta auxiliar ao ensino de conceitos básicos de eletromagnetismo: elaboração de um roteiro de atividades para professores do ensino médio. 2009. 137 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Belo Horizonte. 96 MACHADO, D. I. Construção de conceitos de Física moderna e sobre a natureza da ciência com o suporte da hipermídia fotoelétrico por meio de simulações computacionais. 2006. 300 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências da UNESP, Curso de Educação para a Ciência, Bauru. MACHADO, D. I.; NARDI, R. Construção e validação de um sistema hipermídia para o ensino de Física Moderna. Rev. electrón. enseñ. cien., Ourense, v. 6, n. 1, 2007. MACHADO, D. I.; NARDI, R. Uma proposta de ensino de Física Moderna utilizando a hipermídia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN LA DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS: EDUCACIÓN CIENTÍFICA PARA LA CIUDADANIA, 7., 2005, Barcelona. Actas... Barcelona: Universidad Autónoma de Barcelona, 2005. v. 23. MARCHIONINI, G. Hypermedia and learning: feedom and chaos. Educ. technol., [S.l.], v. 28, n. 11, p. 8-12, Nov. 1988. MARQUES, B. R. et al. Tecnologias para ambientes colaborativos de ensino hipermídia. Disponível em: <http://www.decom.fee.unicamp.br/~leonimer/ hipermidia.html>. Acesso em: 7 abr. 2003. MÁXIMO, R. L. A.; ALVARENGA, A. B. Curso de Física. São Paulo: Scipione, 2000. v. 3. MEDEIROS, A.; MEDEIROS, C. F. Possibilidades e limitações das simulações computacionais no ensino da Física. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 24, n. 2, jun. 2002. MIYAGI, P. E. Introdução à simulação discreta. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos, 2004. MORAES, M. C. Informática educativa no Brasil: um pouco de história. Em Aberto, Brasília, ano 12, n. 57, jan./mar. 1993. MORAES, M. C. Informática educativa no Brasil: uma história vivida, algumas lições aprendidas. Rev. bras. inform. educ., São Paulo, v. 1, n. 1, 1997. MOREIRA, M. A. Uma abordagem cognitivista ao ensino da Física. Porto Alegre: Editora de Universidade, 1983. MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Cadernos do Aplicação, Rio Grande do Sul, v. 2, n. 11, p.143-156, 1998. Disponível em: <http://moreira.if.ufrgs.br>. Acesso em: 20 set. 2012. MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, c1999. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Editora Moraes, 1982. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Centauro, 2001. 97 MOREIRA, D. R.; DIAS, M. S. WEB 2.0 – a web social. Revista CEPPG, nº 20, 1/2009, ISSN 1517-8471, p.196-208. NOGUEIRA, J. S, RINALDI, C. F.; JOSIMAR M.; PAULO, S. R. de. Utilização do Computador como Instrumento de Ensino: uma perspectiva de aprendizagem significativa. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 22, n. 4 (517-522). São Paulo: 2000. OLIVEIRA, F. F.; VIANNA, D. M; GERBASSI, R.S. Física moderna no ensino médio: o que dizem os professores. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 3, p. 447-454, 2007. OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. Um pôster para ensinar Física de Partículas na escola. Física na Escola, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 13-18, maio. 2001. OSTERMANN, F.; MOREIRA, M. A. Atualização do currículo de Física na escola de nível médio: um estudo desta problemática na perspectiva de uma experiência em sala de aula e da formação inicial de professores. In: VII ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, Florianópolis, 2000. PAPERT, S. Mindstorms: children, computers and powerful ideas. New York: Basic Books, 1980. PAOLUCCI, R. The effects of cognitive style and knowledge structure on performance using a hypermedia learning system. J. Educ. Multimedia Hypermedia, [S.l.], v. 7, n. 2-3, p. 12350, 1998. PEREIRA, A. S. et al. Um estudo exploratório das concepções dos alunos sobre a Física do ensino médio. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, 17, 2007, São Luis. Anais... São Paulo: SBF, 2007. p.1-12. PIETROCOLA, M.; BROCKINTON, G. Recursos computacionais disponíveis na internet para o ensino de Física moderna e contemporânea. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 3, 2003, Bauru. Atas... Bauru: ABRAPEC, 2003. REZENDE, F.; COLA, C. S. D. Hipermídia na educação: flexibilidade cognitiva, interdisciplinaridade e complexidade. Ens., pesqui. educ. ciênc., Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p.111, 2004. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=12 9517 775003>. Acesso em: 20 set. 2012. RIBEIRO, A. A.; GRECA, I. M. Simulações computacionais e ferramentas de modelização em educação química: uma revisão de literatura publicada. Quím. Nova, Rio Grande do Sul, v. 26, n. 4, p. 542-549, 2003. RICARDO, E. C.; FREIRE, J. C. A. A concepção dos alunos de Física do ensino médio: um estudo exploratório. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 29, n. 2, p. 251-66, 2007. ROCHA, S. S.D. O uso do computador na Educação: a Informática Educativa, jun/2008. Disponível em <http://softwarelivrenaeducacao.blogspot.com/2008/06/ artigo-o-uso-docomputadorna-educao.html>. Acesso em 26/03/2013. SALES, G. L.; VASCONCELOS, F. H. L. Atividades de modelagem exploratória aplicada ao ensino de Física moderna com a utilização do objeto de aprendizagem pato quântico. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 30, n. 3, p. 3501, 2008. 98 SANTOS, G. H.; ALVES, L. ; MORET, M. A. Modellus: Animações interativas mediando a aprendizagem significativa dos conceitos de física no ensino médio. Revista científica da escola de administração do exército, v. 2, p. 88-108, 2006. SCHAFF, A. A Sociedade Informática (as consequências sociais da segunda Revolução Industrial). 4. ed. São Paulo: Universidade Estadual Paulista: Brasiliense, 1990. SPIRO, R. J.; JEHNG, J. C. Cognitive flexibility and hypertext: theory and technology for the nonlinear and multidimensional traversal of complex subject matter. In: NIX, D.; SPIRO, R. (Ed.). Cognition, education and multimedia: explorations in high technology. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 1990. p. 163-205. SPIRO, R. J. et al. Cognitive flexibility, constructivism and hypertext: random access instruction for advanced knowledge acquisition in illustructured domains. Educ. Technol., [S.l.], p. 24-33, May, 1991. SOARES, D. G. E. Hipermídia na educação: uma aprendizagem diferente da convencional. In: JORNADA DE PESQUISA, ULBRA , Santa Maria, 2006. TAVARES, R. Animações interativas e mapas conceituais: uma proposta para facilitar a aprendizagem significativa em ciências. Ciênc. cogn., Paraíba, v. 13, n. 2, p. 99-108, 2008. TONIATO, D. J.; FERREIRA, B. L.; FERRACIOLI, L. Tecnologia no ensino de Física: uma revisão do XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, 10, 2006, Londrina. Anais... São Paulo: SBF, 2006. p.1-11. TONSIG, S. L. Aplicações na Nuvem - como construir com HTML5, Javascript, CSS, PHP e MySQL Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2012 VALENTE, J. A. Informática na educação: uma questão técnica ou pedagógica? Pátio, Porto Alegre, Ano 3, n. 9, p. 21-3, 1999. VALENTE, J. A; ALMEIDA, F. J. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Rev. Bras. Inform. Educ., Florianópolis, n. 1, 1997. VEIT, E.A.; TEODORO, V.D. Modelagem no Ensino/Aprendizagem de Física e os Novos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Rev. Bras. Ens. Fis. 24, 87-90 (2002). VILLANI, A. Reflexões sobre o ensino de Física no Brasil: práticas, conteúdos e pressupostos. Rev. Bras. Ens. Fís., São Paulo, v. 6, p. 76-95, 1984. YOUNG, H. D.; Freedman, R.A. Sears e Zemansky, Física IV: Ótica e Física Moderna. 12.ed. São Paulo: Addison Wesley, p. 99-101, 2008.