0 PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO Curso de Pedagogia Trabalho de Conclusão de Curso Dislexia: um desafio educacional Autor: Lucimeire Siqueira de Melo Gomes Orientadora: Profª MSc. Fabiola G. Baquero Brasília - DF 2014 LUCIMEIRE SIQUEIRA DE MELO GOMES DISLEXIA: UM DESAFIO EDUCACIONAL Artigo apresentado ao curso de graduação em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Pedagogia. Orientadora: Profª. MSc. Fabiola Gomide Baquero Brasília 2014 Artigo de autoria de Lucimeire Siqueira de Melo Gomes, intitulado Dislexia: um desafio educacional, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, em 04 de junho de 2014. _____________________________________________ Profª. MSc Fabíola Gomide Baquero Orientadora _________________________________________ Profª. MSc. Tatiana da Silva Portella Examinadora AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus que vem me iluminando nesta longa jornada. Agradeço a toda minha família pela paciência e compreensão, e por estarem sempre ao meu lado me incentivando e dando forças para realização desse sonho, ao meu esposo Adão por ter me incentivado mesmo diante de tantos obstáculos que passamos juntos, aos meus filhos Adam, Bianca e Iraides e genros Daniel e Paulo Henrique pela compreensão nos dias difíceis, e meus netos João Victor e Paulo Cesar por fazerem parte dessa história. Aos meus pais Bezeliel e Iraides por terem me dado estrutura e me ensinado a nunca desistir de minhas conquistas, meus irmãos e cunhados pela força e incentivo ao longo desses quatros anos, aos meus sobrinhos e amigos que me ajudou e me motivou dando-me força para prosseguir em frente. A professora e orientadora, Fabíola Gomide Baquero, pela dedicação e paciência no desenvolvimento dessa pesquisa e a todos os professores da Universidade Católica de Brasília pela dedicação e amizade durante esses anos. Agradecimento em especial aos pastores e amigos do Projeto Integral de Vida Pró- Vida ao qual faço parte com muito orgulho. Obrigada pelas experiências vividas, pela compreensão e apoio incondicional que, certamente, foram o diferencial durante todos os anos. Obrigada também as crianças e funcionários que fizeram parte deste processo de aprendizagem, me demonstrando a cada dia que havia feito à escolha certa. 4 DISLEXIA: UM DESAFIO EDUCACIONAL LUCIMEIRE SIQUEIRA DE MELO GOMES Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar as principais estratégias pedagógicas do professor no processo de ensino e aprendizagem da criança disléxica, buscando uma melhor compreensão. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2014 em instituição particular de ensino privado de séries iniciais de uma cidade administrativa do Distrito Federal. Para tal, este foi realizado em três partes: revisão bibliográfica sobre o tema identificando o conceito de dislexia, diagnóstico e formas de atuação do professor; pesquisa em campo, a partir da observação de uma sala de aula durante três dias; e discussão e análise da realidade escolar. Conclui-se a partir do caso estudado que a professora conhece teoricamente as formas de intervenção e de atuação com a criança disléxica, porém não explica porque tais atividades não foram e não são desenvolvidas com o aluno, pois a criança está matriculada há cinco anos na escola e ainda não foi alfabetizada. A escola demonstrou não estar preparada para receber de forma plena alunos com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou dislexias. Portanto, é evidente a inabilidade da educação brasileira em promover o ensino, subsidiando pessoas capacitadas, além de falhar em relação ao trabalho de parceria com a família. Palavras- chave: dislexia, alfabetização, educação infantil. INTRODUÇÃO No contexto escolar atual, verifica-se que há necessidade de uma análise detalhada do educador em seus trabalhos com crianças que apresentam suspeita de dislexia em sala de aula. Ao identificar situações de dislexia no início da vida escolar da criança, o professor pode prevenir desvios e consequentes perdas e frustrações, tanto do aluno perante a sociedade, quanto dos educadores. A dislexia é encontrada no cenário educativo, é um agravante na evolução do processo de aprendizagem das crianças nos quesitos leitura e escrita. Hoje em dia professores e educadores, de uma maneira geral, não podem mais desenvolver pautas apenas programáticas sem terem conhecimento sobre causas e obstáculos que têm inibido o desenvolvimento dos alunos. A importância desta discussão se aprofunda na premissa de que muitas crianças estão sendo diagnosticadas com dislexia no momento que vivem seu processo de alfabetização. Por isto, como futuros professores, devemos entender e compreender causas que originam dificuldades de aprendizagem e soluções das causas desta problemática. Diante disso, este trabalho pretende avaliar as estratégias pedagógicas, utilizadas pelo professor no processo de aprendizagem de crianças disléxicas, em processo de alfabetização de uma escola PARTICULAR do 5 DF. Vale ressaltar que consideraremos o processo de alfabetização os 03 (três) primeiros anos do ensino fundamental, ou seja, o 1º, 2º e 3º ano. Este trabalho apresenta três momentos de pesquisa: na primeira parte uma revisão bibliográfica sobre o tema identificando o conceito de dislexia, diagnóstico e formas de atuação do professor; em segundo a metodologia com pesquisa em campo, observação de uma sala de aula durante três dias; e por fim as conclusões a partir da discussão e análise da realidade escolar. O objetivo deste trabalho é investigar as principais estratégias pedagógicas do professor no processo de ensino e aprendizagem da criança disléxica, buscando uma melhor compreensão. Além de compreender as características da dislexia; observar o planejamento e as atividades aplicadas em sala, pelo professor com crianças disléxicas e avaliar a importância da pratica pedagógica do professor em relação ao aluno com dislexia. CONCEITUANDO A DISLEXIA: A dislexia está no meio social e é um enorme agravante da aprendizagem e socialização de crianças e jovens. Ela atrapalha o encadeamento da evolução natural, do processo, a qual a criança pertence e sinaliza necessidades diferenciadas no trato com esses alunos, onde são considerados preguiçosos, não tem interesse em aprender o conteúdo exposto pela professora. Entende-se conforme relatou Drouet que: Dislexia é uma alteração nos neurotransmissores cerebrais que impede uma criança de ler e compreender com a mesma facilidade com que as crianças da mesma faixa etária. Todo desenvolvimento da criança é normal, trata-se de um problema de base cognitiva que afeta as habilidades linguísticas associadas à leitura e à escrita. (DROUET, 2003, p. 137) A dislexia afeta a compreensão/ interpretação do texto lido; confundem algumas letras, a criança tem dificuldade de copiar do quadro ou livro; e com sérios erros ortográficos. Conforme o Professor Fernando Capovilla, a dislexia caracteriza-se por um distúrbio de leitura e escrita em crianças que são inteligentes, é de natureza hereditária (quinto e sétimo mês de gestação) ocorrem alterações anatômicas no cérebro que afetam o seu funcionamento. Por isso podemos identificar desde muito cedo algumas características da dislexia em bebês e crianças pequenas. Alguns sintomas e sinais na primeira infância podem ser observados e auxiliarem pais e professores a intervirem junto a essas crianças: 1 - Atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar; os pais e cuidadores devem prestar atenção neste desenvolvimento motor infantil. Devem observar a criança que apresenta dificuldade em movimentos mais amplos, que apresentam quedas constantes e que se desequilibram com facilidade. 2 - Atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras; a criança nos primeiros meses de vida ela começa a pronunciar pequenas palavras quando isso não acontece os pais devem ficar em alerta. 3 - Parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo; não consegue diferenciar as palavras que outras pessoas estão falando. 6 4 - Distúrbios do sono; quando a criança ou adulto tem dificuldades em adormecer seja por pouco tempo ou muito tempo em momentos inapropriados. A criança que tem sono agitado, ranger os dentes ao dormir, dorme de boca a aberta. 5 - Enurese noturna; quando a criança não tem controle na urina, isso pode ocorrer durante o sono e perdurar por longo tempo. 6 - Suscetibilidade às alergias e às infecções; ter uma saúde mais fragilizada respira pela boca, respirador buco nasal. 7 - Tendência à hiper ou a hipo atividade motora; possuem atividade psicomotora muito rápida ou muito lenta seja em qualquer estímulo. 8 - Chora muito e parece inquieta ou agitada com muita frequência; manifestações de comportamento a criança fica irritada por qualquer coisa. 9 - Dificuldades para aprender a andar de triciclo; a coordenação motora da criança é prejudicada, não tem equilíbrio. 10 - Dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares, com a dificuldade em aprender e desenvolver algumas atividades proposta pelo professor à criança se retrai e cria um mundo próprio se afastando dos colegas. O DIAGNÓSTICO DA CRIANÇA COM DISLEXIA: Após averbação desses comportamentos feitos pelo professor e partir das observações dos pais, cuidadores e professores do que foi descrito acima, segundo BORDER (1996), a dislexia pode ser diagnosticada dos seguintes modos: a) por processo de exclusão; b) indiretamente, à base de elementos neurológicos; c) diretamente, à base da frequência e persistência de certos erros na escrita e na leitura. Geralmente a criança é diagnosticada sendo disléxica nos primeiros anos da alfabetização, a observação do professor é de extrema importância nesse momento, ao observar a criança ele repassa para a direção da escola o que esta acontecendo e a mesma procura a família e logo em seguida a criança será encaminhada a um profissional que atua na área. É necessário que diagnóstico da dislexia seja precoce, isto é, os pais e educadores se preocupem em encontrar indícios de dislexia em crianças aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil, envolvendo as crianças de 4 a 5 anos de idade. Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem emocional, efetiva e lingüística. Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos antissociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva. Os pais, professores e educadores devem estar atentar a dois importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas nas aulas de leitura e escrita. (VICENTE MARTINS, 2001). A criança diagnosticada na época certa pode desenvolver sua capacidade de aprendizagem, quando a família faz parte desse desenvolvimento estimulando a criança a criar suas próprias histórias seja através da escrita ou desenho, para que assim o professor possa avaliar a criança conforme seu desenvolvimento. “ao mesmo tempo que refaz e registra a história do seu processo dinâmico de construção do conhecimento, sugere, encaminha, aponta possibilidades 7 da ação educativa para pais, educadores e para a própria criança. Diria até mesmo que apontar caminhos possíveis e necessários para trabalhar com ela é o essencial num relatório de avaliação, não como lições de atitudes à criança ou sugestões de procedimentos aos pais, mas sob a forma de atividades a oportunizar, materiais a lhe serem oferecidos, jogos, posturas pedagógicas alternativas na relação com ela.” (HOFFMANN,1996,p.53). AVALIAÇÃO DA CRIANÇA DISLÉXICA NO ESPAÇO EDUCACIONAL: Na escola um importante momento que auxilia o professor a perceber alguma característica do aluno disléxico é o momento da avaliação. Luckesi, 1997 traduz como enxergamos a avaliação “como se ela não estivesse a serviço de um modelo teórico de sociedade e de educação, como se ela fosse uma atividade neutra”, é nesse momento que não devemos deixar que a avaliação fosse posta de lado, porque iremos avaliar não só o aluno, mas se o que ensinamos fez a diferença no desenvolvimento educacional e social da criança. O conselho de classe na escola Pública ou Particular é de extrema importância, pois este é mais um momento que o docente irá avaliar o aluno, geralmente o conselho de classe acontece por bimestre, tendo a participação de todos os professores como um só objetivo: avaliar o educando não só no conteúdo, mais se houve alguma evolução no comportamento de certos alunos, de ano para ano. ”Simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos, para o programa de reeducação”. ( NOGUEIRA, Maria Ângela, Dislexia, 2000). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 34) reforça a respeito do tempo de aprendizagem de cada um quando diz: O que o aluno pode aprender em determinado momento da escolaridade depende das possibilidades delineadas pelas formas de pensamento de que dispõe naquela fase de desenvolvimento, dos conhecimentos que já construiu anteriormente e do ensino que recebe. Isto é, [...] a intervenção pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos conseguem realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se construir verdadeira ajuda educativa. FAMÍLIA E ESCOLA JUNTAS NUM SÓ PROPÓSITO: A participação dos responsáveis juntamente com a escola é muito importante para o bom desenvolvimento da criança, pois os alunos se sentem mais seguros. Ao refletir sobre questão de avaliação, no livro Pedagogia da Autonomia (2002) deixa claro que: O professor que pensar certo, deixar transparecer aos educando que uma das bonitezas de nossa maneira de estarem no mundo e com o mundo, como seres históricos, é capacidade de intervindo no mundo, conhecer o mundo. Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem historicidade. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro antes que foi novo e se fez velho e se "dispõe" a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. A " dodiscência " - docência- dicência - e 8 a pesquisa, indicotomizáveis, são assim práticas requeridas por estes momentos do ciclo gnosiológico. (PAULO FREIRE,2002, p.15) Ele acredita que o ser humano tem inteligência suficiente para desenvolver e criar sua própria ideia, o professor tem que saber ouvir o aluno, valorizar suas experiências, pois o educador não é aquele que executa e sim que mostra o caminho que o educando deve seguir e assim desenvolver seus conhecimentos não copiando o que já existe mais dando qualidade ao que já foi criado. A criança disléxica não pode ser discriminada ou rejeitada pelo professor ou colegas de turma por seu modo de falar ou escrever. Ao reconhecer que, precisamente porque nos tornamos seres capazes de observar, se comparar, de avaliar, de escolher, de decidir, de intervir, de romper, de optar, nos fizemos seres éticos e se abriu para nós a probabilidade de transgredir a ética, jamais poderia aceitar a transgressão como direito, mas como uma possibilidade. Possibilidade contra que devemos lutar e não diante da qual cruzar os braços. Daí a minha recusa rigorosa aos fatalismos quietistas que terminam por absorver as transgressões éticas em lugar de condená-las. .(PAULO FREIRE, 2002, P.62) Como relatou Paulo Freire, ao tornarmos seres pensantes viramos seres também capazes de criticar, e muitas vezes quebrar certas regras ao avaliarmos de forma errada o comportamento do aluno. Escola e família têm se mobilizado para um aprendizado acerca de metodologias que contribuam com as ações pertinentes para o trabalho com alunos disléxicos, pesquisando a nossa LDB, no capítulo III, inciso II (Brasil. 2005), verificamos que no art. 4º, há referência às necessidades especiais: O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito ao educando com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. É nesse momento que devemos perguntar se a criança disléxica é considerada como um aluno com necessidades especiais, pois sem o diagnóstico muitas crianças são consideradas preguiçosas ou sem limites e continuam seu processo escolar sem receber um atendimento educacional especializado. “posturas contrárias à constatação e registro de resultados alcançados pela criança a partir de ações dirigidas pelo professor, buscando, ao invés disso, ser coerente à dinâmica do seu processo de desenvolvimento, a partir do acompanhamento permanente da ação da criança e da confiança na evolução do seu pensamento. Tal postura avaliativa mediadora parte do princípio de que cada momento de sua vida representa uma etapa altamente significativa e precedente as próximas conquistas, devendo ser analisado no seu significado próprio e individual em termos de estágio evolutivo de pensamento, de suas relações interpessoais. E percebe-se, daí, a necessidade do educador abandonar listagens de comportamentos uniformes, padronizados, e buscar estratégias de acompanhamento da história que cada criança vai constituindo ao longo de sua descoberta do mundo. Acompanhamento no sentido de mediar a sua ação, favorecendolhe desafios, tempo, espaço e segurança em suas experiências.” (HOFFMANN, 1996, p. 24) Estudiosos aprofundam acerca desse distúrbio e consideram que a sensibilidade do problema pode ser trabalhada adotando algumas estratégias; 9 [...] a avaliação pode ser considerada como uma estratégia de ensino que permite reconhecer as teorias infantis e as hipóteses formuladas pelos alunos, os erros construtivos que cometem na resolução das tarefas e, em geral, os saberes previamente aprendidos. Tudo isto facilita as intervenções pedagógicas do docente, dado que possibilita a ajustar de estratégias didáticas às possibilidades de aprendizagem dos alunos e à complexidade do objeto de conhecimento (BOGGINO, 2009, p. 80). O professor deve respeitar e dar liberdade para que seus alunos com dificuldade no aprendizado amadureçam, não deixando que o mesmo seja excluído do grupo escolar, mas sim que aprendam a tomar suas próprias decisões, colocando em prática o que aprendeu com base no que foi ensinado e acima de tudo sabendo respeitar o próximo, trabalhar o lúdico através de desenhos estimuladores, criando assim uma ponte entre a criança e o mundo em que ela vive de forma positiva pode ser uma das estratégias de ensino. A qualificação do professor é de suma importância para superar a idéia de que o fracasso escolar é uma culpa exclusiva do aluno. O resultado do desempenho do aluno esta ligado ao que se chama de motivos intraescolares, o que suscita a responsabilidade do educador, do orientador educacional, e de outros profissionais que desenvolvem atividades dentro da escola. (TAVARES, 2009). Para a pesquisadora Tavares o professor tem forte influência no desenvolvimento da criança durante sua vida escolar, dando suporte para seu desenvolvimento, pois não existe uma fórmula para educar da mesma maneira todas as crianças, mas existem outras formas de incentivar a criança a superar suas dificuldades durante esse período do processo de aprendizagem. A participação da família é muito importante antes e durante o processo de alfabetização da criança com dislexia, pois os pais conhecem seus filhos melhor do que ninguém, também é deles a responsabilidade de ajudar a criança a ter uma vida social e familiar de qualidade, nesse meio tempo os pais tem que ter conhecimento entre os acontecimentos de casa e os da escola, fazendo um intercâmbio com as pessoas envolvidas durante esse processo. É importante que os pais focalizem sempre o que a criança faz melhor não enxergando somente seus erros, mas sempre o encorajando nos seus acertos, elogiando quando ele tentar fazer algo que considera difícil e não o deixando desistir quando se deparar com algum obstáculo. Pois apesar das dificuldades de aprendizagem, ele é inteligente e esperto, pode não ter habilidade para certas coisas, mas desenvolvem outras com facilidade. Pais e familiares precisam mostrar para a criança que estão interessados em ajudá-los em suas dificuldades, no seu desenvolvimento, nos seus erros e acertos, mostrando que na família ele encontrará compreensão, carinho, afeto e segurança, assim será capaz de evoluir e crescer de forma positiva. 10 MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa por meio de um estudo de caso. Este modelo de pesquisa permite compreender o fenômeno de forma mais aprofundada. Como o objetivo deste trabalho é qualitativo realizamos o estudo de caso observando uma sala de aula e a atuação da professora que tinha uma criança com dislexia, aplicamos um questionário de quatro perguntas com essa professora que atua na educação fundamental nos anos iniciais. Local: A pesquisa foi realizada numa escola PARTICULAR que atende crianças da educação infantil e educação fundamental nos anos iniciais, localizada em Samambaia Norte, tendo seu funcionamento nos dois turnos matutino e vespertino, com um total de 60 alunos, 04 professores e 02 apoios. A turma observada era do 3º ano com 18 alunos e faixa etária entre 08 e 11 anos. Procedimentos: As observações em sala de aula aconteceram no período de 31 de Março 01 e 02 de Abril de 2014 no período vespertino. As observações foram registradas no caderno de observação, e tiveram duração de 02 horas cada dia, com total de 08 horas. Além da observação foram realizadas conversas com a professora em sala de aula e no parquinho durante o recreio. A turma foi escolhida porque havia uma criança diagnosticada como disléxica. Como esta pesquisa pretende compreender quais as intervenções pedagógicas utilizadas pelos professores com crianças disléxicas, esta turma foi escolhida. Nos três dias de observação a turma, a criança e a professora, foram observadas nos seguintes aspectos: Desenvoltura da professora diante das necessidades da criança; Comportamento da criança diante das situações propostas; Entrosamento da criança com a turma e demais pessoas da escola; Aplicabilidade das atividades e possíveis intervenções; Atitudes do aluno durante as atividades propostas pela professora; Acessibilidade do aluno ao elenco pedagógico; Aproveitamento do aluno. Para o desenvolvimento da pesquisa houve a autorização da psicopedagoga responsável pelo acompanhamento da turma e da criança. Sujeito: uma criança de nove anos, de cor branca, do sexo masculino que se chama “P” (nome fictício), estuda na escola desde os quatro anos de idade, foi diagnosticada pela psicopedagoga que trabalha na escola como apoio do neuropediatra ainda no primeiro ano das séries iniciais (com 07 anos de idade). De acordo com a professora regente já com nove anos ainda não houve evolução considerável na leitura e na escrita, alguns números ele escreve espelhado. O início da investigação deu-se pelas informações de que há cinco anos a criança frequenta a escola sendo observada e acompanhada por profissionais como neurologista, psicopedagoga e pedagoga. Com a autorização da pedagoga a observação foi feita no fundo da sala para facilitar a observação de todos os movimentos ante as situações propostas. 11 RESULTADOS E DISCUSSÃO 01: BREVE REGISTRO DA HISTÓRIA DE VIDA DA CRIANÇA A criança vive com a mãe, em Samambaia norte, residência própria, com mais dois irmãos menores, de acordo com o relatório escolar da mãe, a criança o “P”, não é de brincar muito, sempre em seu canto sem atrapalhar, passa suas mãos na cabeça o tempo inteiro. O relatório psicopedagógico já sinaliza a dislexia e entraves na aprendizagem com atraso maturacional significativo. Para a psicopedagoga há pelo menos três anos o aluno deveria estar sendo acompanhado, por um profissional da área. No aspecto corporal, P tem consciência do seu próprio corpo. Quanto à lateralidade, obedeceu bem aos comandos mostrando domínio destro. Na orientação temporal, não há déficit demonstrando boa de tempo. O uso do quebracabeça utilizado para observar a noção espacial, demonstrou comportamento não adequado no encaixe das peças, por tentativa e erro com baixo desempenho e sinais de ansiedade ou dúvidas. Na área cognitiva demonstrou pouca evolução tanto nos comportamentos linguísticos como lógico matemático. No nível afetivo-social, demonstra necessidade de incentivos, o que sinaliza maior estímulo por parte da professora (demonstra timidez e/ou inibição). No aspecto pedagógico apresenta dificuldades próprias do seu nível de construção consideradas normais para sua idade e maturidade e quadro clínico mapeado, devendo ser considerado o seu processo de construção sinalizado como lento e inibido. Seu nível de construção é pré-silábico com variadas falhas no valor sonoro, não sendo percebida autonomia nas autocorreções e percepções espontâneas quanto a erros ou intervenção tanto da leitura quanto da escrita. A criança traz um histórico familiar estruturado, com boa participação dos responsáveis, vínculo paterno significativo e reforço psicoafetivo. P apresenta comportamento de se afastar dos outros e tal atitude pode estar relacionado mais pela timidez e não pelo diagnóstico de dislexia, ou como um mecanismo de defesa de se afastar de outras crianças em função de suas particularidades. Ele é sociável não é agressivo com os colegas, é observador, conversa pouco, demonstra carinho pela professora quando é incentivado a fazer as atividades, porém fica sempre na defensiva. A criança tem noção de espaço, em relação à leitura e escrita, escreve sempre as mesmas letras m, n, a, l, i, e mesmo com as intervenções da professora (P) e já estando no 3º ano ele ainda não foi totalmente alfabetizado, ele não faz correspondência entre letra e som, não consegue ler. Questionam-se quais intervenções em relação à leitura e escrita foram ofertadas para P, visto que estuda nesta escola desde os quatro anos de idade e foi diagnosticado aos sete anos. Para que serviu o diagnóstico? Apenas para rotular? Não ofereceu condições de uma melhoria no processo de aprendizagem da criança? Procurando responder a esses questionamentos, tentamos verificar a evolução do aluno durante este período na escola, foi relatado pela professora que faltou acompanhamento e providências por parte da família para melhor adequação do trabalho junto às necessidades do aluno, sua fala é de acordo com a idade, mais seu raciocínio para responder é muito lento, não foi alfabetizado de acordo com as séries, está no terceiro ano do ensino fundamental. 12 A compreensão da professora é de que a responsabilidade pela não aprendizagem é apenas da criança e de sua família, ela retira a escola da responsabilidade de cumprir a sua função, enquanto instituição educadora, formadora. A culpabilização da família exime a escola de cumprir o seu papel. Segundo a professora, em 2014 o processo de alfabetização de P ainda está em fase inicial, pois até o momento ele lê e escreve com dificuldades, porém os apoios estão mais bem dirigidos sinalizando mais possibilidades de ajuda e desenvolvimento e socialização da criança em sala de aula. O acompanhamento está sendo realizados de forma lúdica, com brincadeiras, recursos que promovem motivação para a interação do aluno e intervenções constantes da psicopedagoga sempre que é sinalizada pelo aluno ou a partir da percepção da educadora. Segundo a escola, a aceitação da família em receber o diagnóstico foi bastante tranquila, a direção da escola fez uma reunião convocando os pais para uma conversa explicou o que estava acontecendo com a criança, porém os pais não entenderam a gravidade do problema de seu filho, os pais são separados, o que de certa forma prejudicou o início das intervenções, mesmo sendo tranquilos não ajudaram para o desenvolvimento educacional da criança durante esse período, não há outro caso na família ou parentes, a criança para os pais é considerada normal, pois fala normal, o único problema para eles é que ele só não sabe escrever e ler. A escola por ser uma ponte entre a criança e a família deveria de forma positiva estimular o desenvolvimento na alfabetização dessa criança, buscando orientar os pais na hora de desenvolver as atividades que foram executadas em sala de aula, procurando assim estimular a criança a pensar em que atividade ele fez naquele dia, e em contrapartida a escola deve procurar, de forma positiva, buscar outras formas de aprendizagem, seja lúdica ou não, de incentivar a criança na leitura e escrita. O aluno é estimulado a fazer as atividades juntamente com as outras crianças, porém não aceita atividades que não foram escritas pela professora, ao ter acesso às atividades feitas pela criança como na produção de texto escreve poucas letras que são repetidas varias vezes, notei que “P” não utiliza toda folha somente a parte marcada pela professora. Em relação a sua fala, embora fale pouco e compassado, a criança não troca letras nas pronuncias e é bem lenta para conclusão de pensamentos (quando conclui), quando é questionado pela professora fica olhando as mãos como se quisesse fugir das perguntas. 02: AMBIENTE ESCOLAR E OBSERVAÇÕES REALIZADAS A escola esta situada em local de fácil acesso tem mural com avisos importantes na entrada. No turno matutino atende educação infantil e os anos iniciais e no turno vespertino atende sereis finais. Em relação à sala do 3º ano encontra-se em diferente organização, depende da aula que será realizada no dia, na sala estudam 18 alunos na faixa etária de 06 anos a 08 anos, as carteiras são organizadas de diferentes formas se é em grupo a sala é organizada com quatro cadeiras, mas a predominância é o formato U, pois dessa forma a professora visualiza todos os alunos é o relato feito pela professora. Durante as atividades desenvolvidas, observa-se que a sala tem janela, quadro de giz, murais, armários, mesa da professora tudo bem limpo e organizado. Em relação às atividades pedagógicas, não há separação de atividades, mas as atividades aplicadas são diversificadas considerando as sequenciais, falar o 13 nome das figuras em voz alta, ordem alfabética, quebra-cabeça, identificação e diferenciação de letras, relação funcional entre figuras, relação entre a letra destacada e a lista proposta, relação entre colunas (letras e figuras), identificação dos números propostos considerando a listagem. São atividades relacionadas ao conteúdo, que foi desenvolvido pela professora durante a aula. Durante as observações foram desenvolvidas atividades de pinturas, desenhos livres, onde cada criança criava seu próprio desenho, adição, produção de texto. 1º observação 31 de março 2014 faltaram 02 alunos, a sala tinha um total de 16 alunos, ao entrar na sala a professora cumprimenta as crianças com uma boa tarde e as crianças respondem com um sorriso no rosto, nesse dia a sala estava divida em grupos de quatro cadeiras. A atividade proposta era o de pintura de desenhos livres, cada criança desenhou um animal, foi distribuído papel A4 para cada criança, no meio ficou uma lata cheia de lápis de cor. O comando da professora foi que cada criança desenhasse um animal, estipulou vinte minutos para a turma desenhar e pintar seu desenho. Em relação a essa atividade, embora goste de desenhar, o aluno desenvolveu a atividade com liberdade com uma conduta isolada, sem preocupação com intervenções ou qualquer pedido de ajuda. Este desenho pode ser observado na figura 1 Figura 1. Desenho feito pelo aluno P em sala de aula Primeiro ele desenhou um carrinho e uma bola e apagou alguns minutos depois que percebeu que não era o que a professora havia solicitado, ele então desenhou um peixe pequeno no canto esquerdo da folha deixou o resto da folha em branco, não utilizou o lápis de cor. P estava sentado na primeira cadeira perto da professora, segurou o lápis com destreza, à atividade desse dia seria desenvolvida no primeiro momento, ele ficou somente no desenho. Não demonstrou motivação pela atividade, não quis colorir o desenho. Quando todos haviam terminado ele ainda estava desenhando. Logo depois a professora os levou para o parquinho, (P) brincou por pouco tempo com uma amiga, foi à mesma criança que a professora havia relatado que ele sempre conversava durante o tempo em que ficava junto com a turma. Não é de ficar muito tempo junto das outras crianças, gosta de procurar um cantinho menos frequentado e brinca sozinho, pega algum brinquedo que esteja ao seu alcance e 14 começa a brincar sorrir pouco quando vê alguma criança fazendo bagunça, quanto ao dever de casa, ela resolveu as atividades do dia à professora procura desenvolver em sala junto com a participação da turma, usa folha A4 com um desenho, nesse dia procurou usar material concreto para colagem (feijão), quando retornou para a sala depois que acalmou as crianças na volta do parquinho. 2º observação dia 01 de abril: No segundo dia estavam todos os alunos presentes, a sala estava em formato U, dessa forma a professora visualizava toda sala e o desenvolvimento das atividades proposta pela professora, à aula foi de matemática conteúdo trabalhado do dia adição e subtração, as crianças receberam uma folha já imprensa e “P” ficou esperando a professora entregar a dele, nesse momento a professora lhe entregou uma folha onde ela já havia armado as continhas, perguntei para ele se assim ficava mais fácil ele disse que sim, logo que pegou começou a fazer a atividade proposta, sabe somar mais não diferencia os sinais de adição (+) e subtração (-), como será observado na atividade. Figura 2. Atividade realizada pelo aluno P em sala de aula À professora distribuiu palitos de picolé, dessa forma ela trabalharia também a quantidade, a criança observada não utilizou o material, continuou a fazer a atividade sem mexer nos palitos, a professora nesse dia não utilizou o quadro. Podemos perceber que a criança compreende o comando de somar, porém não compreende o comando de subtrair. Apresenta espelhamento do número 5. Demorou muito tempo nesta atividade, as contas foram feitas para ele pela professora, as demais crianças receberam as atividades impressas. Depois da atividade feita, houve um momento de leitura cada criança escolhia um livro para ler. P escolheu um gibi da turma da Mônica, simplesmente folheou, olhando os desenhos, como na primeira observação a criança sentou-se na primeira cadeira. Não realizou leitura, nem silenciosa e nem tentou imaginar, inventar uma história. Na hora do lanche ele conversa com uma menina e quando a criança se afasta ele simplesmente fica olhando, com um sorriso disfarçado como se esperasse que retornasse, seu olhar é muito distante parece que não está naquele ambiente, os outros colegas tentam se aproximar mais ele não aceita a aproximação, a professora procura deixá-lo o mais relaxado possível, a criança como já foi relatado não é agressiva. 15 3º dia 02 de abril: A professora bem humorada recebe as crianças com um grande sorriso, cada criança logo procura sentar em seu devido lugar, “P” senta na primeira cadeira do lado da professora, ela entrega para ele uma folha onde está escrito o tema da atividade a ser desenvolvida, a atividade proposta do dia foi uma produção de texto, a professora propôs tema livre a partir da amostragem de figuras. A criança realiza produção de texto sem desenvoltura adequada para a idade, demonstrando dificuldade em formação de palavras, cometendo omissões e falhas no processo do amadurecimento da alfabetização, escreve seu nome porque decorou as letras, mas se perguntar que letra ele escreveu não sabe identificá-la, relato feito pela professora. Figura 3. Produção de texto realizado pelo aluno P em sala de aula Como observado na figura 3 não é possível realizar associação entre letra e som, e por isso o texto não faz sentido para nós adultos. Ao ser questionado sobre o que escreveu ele não soube responder. Observa-se também que P tem boa motricidade em relação ao uso do lápis, sua letra tem um bom contorno, porém não representa o seu pensamento e sua fala. O aluno é muito tímido, não busca relacionar-se, porém, não rejeita o convívio com a professora, nem demonstra dificuldade em aceitá-la. A professora demonstra muito carinho na hora de abordar a criança, o incentiva durante as atividades propostas do dia, a escrever ou desenhar, procurei me aproximar e puxar uma conversa, ao perceber que estava me aproximando à criança se encolheu e ficou olhando para baixo o tempo inteiro, perguntei seu nome ele respondeu, percebi que a insegurança em olhar uma pessoa no olho o deixa mais nervoso, é uma criança que não fala muito mais não há tristeza em seu semblante, ele não gosta de socializar com os outros colegas. Os materiais escolares são rigorosamente monitorados pela professora devido à falta de atenção e inibição do aluno na autonomia e cuidado com os mesmos. Ele chega coloca a mochila na sua cadeira, ao sentar-se deixa seu material perto da carteira, seu caderno e os seus livros são amassados nas pontas (orelhas) e sujos, os lápis são soltos dentro da mochila, tem estojo, porém, não utiliza, ao retira-los ficam espalhados encima da mesa. Ele não gosta de misturar seus materiais, perguntei o porquê ele me disse que a mãe dele brigava quando chegava em casa, porém, não parece haver um acompanhamento de adultos na arrumação do material. 16 3. ENTREVISTA COM A PROFESSORA Foi realizado no dia 14 de Abril de 2014, um questionário de quatro perguntas com a professora Sandra (nome fictício) que atua como pedagoga, é também especialista em educação infantil. Este questionário teve a intenção de investigar as ações de intervenção que a escola junto com a pedagoga realizaram com a criança ao longo destes 05 anos de escolarização. Serão apresentadas as perguntas e as respostas e no final uma discussão das mesmas. 01- Que tipo de ferramentas devem ser utilizada ao elaborar um planejamento para criança com dislexia nas séries iniciais? R: As ferramentas para o trabalho com a dislexia são inúmeras, e devem ser consideradas as que favoreçam maior campo para as testagens das hipóteses do conhecimento. Em alguns casos sugerem-se recursos como jogos de concentração, com formas e cores, contação de histórias, conversações de núcleo de interesse da criança e oficinas que envolvem atividades que contemplem percepções, orientações e execução de comandos. Exemplo: após a contação de histórias, devem-se retomar fatos, envolvendo diretamente a busca pela atenção e participação do aluno, como comentários e questionamentos (O que você acha? O que será que vai acontecer no final? Você já ouviu essa história?...). Nos jogos e recursos lúdicos deve-se favorecer a atuação coerente do aluno realizando intervenções informais e individuais. O letramento deve ser sempre consequência das situações propostas, mantendo-se apoiado pelo professor como facilitador da construção da escrita. 02- Como devemos avaliar uma criança diagnosticada disléxica, levando em consideração suas dificuldades no aprendizado? R: Toda avaliação independente do diferencial do aluno deveria ser realizada a partir da consideração das potencialidades na apropriação do conhecimento por ele, embora essa não seja a vivência testemunhada nas escolas de hoje. Para avaliarmos uma criança disléxica devemos compreender em primeiro lugar o processo ao qual está sinalizado por meio de sondagens e observações considerando progresso e apreensão demonstrada ao decorrer do trabalho. O ideal é um ambiente calmo, sem tumulto, com poucos alunos, sem elementos que provoquem distração ou dispersão, atividades dirigidas, curtas, legíveis e sempre com orientação do decente ou de um apoio direcionado para o trabalho com disléxico. 03- Em busca de um objetivo concreto como o professor pode de forma positiva avaliar o desenvolvimento dessa criança, através do lúdico? R:Por meio de desafios onde o aluno tenha condição de atuar, considerando sua maturidade, nível de construção de leitura e escrita. A partir dessas considerações o professor pode favorecer jogos, atividades pedagógicas como relação objetos números, cruzadinhas, quebra-cabeças, dominós, jogos de memória, e atividades que envolvam brinquedoteca. 17 A última pergunta estava relacionada à formação acadêmica e profissional. 04-Citar os pontos negativos e positivos, se a formação foi suficiente para lidar com esse tipo de caso? R: A formação acadêmica nunca traz todos os elementos necessários para nenhum tipo de trabalho no campo das situações diferenciais (especiais), porém, a partir das teorias e vivências construídas durante os estágios e dos depoimentos ouvidos e observados pode-se gerar mecanismos que favorecem a nutrição pedagógica daquilo que se pretende desenvolver em busca da melhoria no campo da apropriação da aprendizagem pelo aluno. As respostas evidenciam que a pedagoga conhece teoricamente as formas de intervenção e de atuação com a criança disléxica, porém não explica porque tais atividades não foram e não são desenvolvidas com P, junto com a direção e a família, pois a criança esta matriculada há cinco anos na escola e ainda não foi alfabetizada. Não percebemos uma evolução na aprendizagem da criança ao longo do tempo, mas um discurso politicamente correto de que a professora e a escola estão fazendo o que podem para auxiliar a aprendizagem de P, este discurso acaba por culpabilizar a família, exclusivamente pelo fracasso da criança em sua alfabetização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo de caso nos aponta grandes problemas da educação do nosso país. A escola não parece estar preparada para receber de forma plena alunos com dificuldades de aprendizagem, deficiências e neste caso em especial crianças com dislexia. Podemos pensar que as instituições de formação de professores não se preocupam com a preparação acadêmica destes docentes para lidar com este distúrbio, deficiências e problemáticas. Salienta-se que o sistema de formação acadêmica inclui uma prática superficial, pois têm a teoria, contudo na prática e a execução fica em segundo plano. A escola deve estar atenta às estratégias realizadas no ambiente escolar, como planejamentos, desenvolvimento de atividades que trabalham o cognitivo da criança e que envolve a família e a comunidade escolar, sugerindo atividades voltadas para as dificuldades de cada criança. O professor deverá auxiliar e identificar todas as variações relacionadas com a suspeita de dislexia no processo de alfabetização, porque a criança pode ser taxada como preguiçosa, e é nesta hora que o professor deve estimular na criança o aprendizado, buscando reconhecer até que ponto foi prejudicado. Pode-se concluir que o docente oferece à criança atividades de fácil aplicação facilitando seu trabalho e não atividades que promovam a aprendizagem da leitura e escrita do discente. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOGGINO, N.A avaliação como estratégia de ensino: avaliar processos e resultados. Revista de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. v.5, n. 9, 2009. p.80 Disponível em: <http://sisifo.fpce.ul.pt/?r=23&p=80 Acesso em: 20 de Abril de 2014 BORDER, Betty H. Processos normais relacionados à linguagem e à aprendizagem: a linguagem de sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996. BRASIL. Lei Darcy Ribeiro (1996). LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n.9.394, de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e legislação correlata. 3. Ed. Brasília: Câmera dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2005. CAPOVILA, Fernando. Entrevista com o prof. Fernando Capovila sobre Dislexia. Disponível em: <http://www.dislexia.com.br/sintomas.htm>. Acesso em 20 de fev. 2014. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. Dislexia. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2012/07/a-dislexia-na-visao-dopsicopedagogo.html>.Acesso em: 20 abr. 2014 DISLEXIA. Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia#Hist.C3.B3ria>. Acesso em: 18 nov. 2013 DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 2003. p.137. Disponível em:<http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/dislexia-e-alfabetização>. Acesso em: 15 abr. 2013. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários á prática educativa. 2002. HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre acriança. Porto Alegre: Mediação, 1996. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1997. p. 27 a 47. MARTINS, Vicente. "Como descobrir um disléxico". 2001. 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