Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 Aprendizagem formal, não formal, informal para língua inglesa com o uso de convergência de mídias Eliane Nascimento Pereira Izaura Maria Carelli Eloiza de Oliveira Universidade Estadual do Oeste do Universidade Estadual do Oeste do Universidade Estadual do Rio de Paraná-Campus Foz do Iguaçu Paraná-Campus Foz do Iguaçu Janeiro Av. Tarquínio Joslin dos Santos, Av. Tarquínio Joslin dos Santos, Rua São Francisco Xavier, 524 - 12° Andar Bloco F Sala 12.111 1300. CEP 85870-650. 1300. CEP 85870-650. CEP 20550-900 Foz do Iguaçu - PR - Brasil Foz do Iguaçu - PR- Brasil Maracanã - Rio de Janeiro Telefone: Telefone: 0055 (45) 3576-8100 Telefone: 0055 (45) 3576-8100 55 (21) 2334.2270 [email protected] [email protected] [email protected] ABSTRACT Descritor de Categorias e Assuntos Listening and speaking are essential skills in learning a foreign language for international tourism workers so that they can welcome and serve international tourists at an international standard of hospitality. This article aims at discussing a research which has been designing a methodology for an English for Specific Purpose program of for restaurant. Implementing and evaluating program for a restaurant staff mediated by different media: printed materials, applications for web and mobile devices, using media convergence and formal, non-formal and informal learning. The resources available in the program will be contextualized according to the socio-cultural reality of a touristic region: vocabulary and language functions actually used by restaurant staff in their daily activities with international tourists, thus providing hospitality. It aims at defining a program methodology which can be applied to other professionals and also to other languages. K.3.0 [Computers and Education]: General Termos Gerais Design, Human Factors, Languages. Palavras Chaves Programa de aprendizagem, língua inglesa, convergência de mídias. 1. INTRODUÇÃO Segundo dados do Benchmarking Travel & Tourism in Brazil1 realizado pela World Travel & Tourism Council (WTTC), o setor de turismo no Brasil em 2013, somando o impacto direto, indireto e induzido contribuiu com 9,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Em termos de empregos diretos e indiretos o setor gerou 8,6% dos empregos no Brasil em 2013, segundo a WTTC. O setor absorve mais pessoas em comparação com outros setores, como por exemplo, automobilístico, serviços financeiros, comunicações, entre outros. Tendo a perspectiva de crescimento para a próxima década de 5,8%, sendo 1% a mais que outros setores da economia, segundo a WTTC. RESUMO Para os profissionais que atuam no turismo internacional a compreensão oral e a fala são as habilidades essenciais em uma língua estrangeira para que os mesmos possam interagir com os turistas internacionais de forma hospitaleira e acolhedora. Este artigo irá apresentar a pesquisa que vem sendo desenvolvida que se dedica à elaboração, aplicação e avaliação de uma metodologia para um programa de aprendizagem de língua inglesa para fins específicos, voltado aos profissionais que atuam em restaurante mediado por diferentes mídias, isto é, a elaboração de materiais impressos, aplicativos para web e dispositivos móveis, numa convergência de mídias, seguindo a integração de aprendizagem formal, não formal e informal no contexto de trabalho. Os recursos disponibilizados no programa serão contextualizados de acordo com a realidade sociocultural de uma região turística, o vocabulário e as funções linguísticas efetivamente utilizadas pelos profissionais em sua atuação diária com os turistas estrangeiros, propiciando consequentemente a hospitalidade. Espera-se definir uma metodologia de programa que possa ser aplicada a outros profissionais como também outras línguas. As pesquisas resultantes da Copa do Mundo 2014 divulgadas na web, como por exemplo, G12, DataFolha3, Diário do Turismo4, UOL5, O GLOBO6, mostram que os turistas estrangeiros consideraram como maior ponto positivo a hospitalidade do povo brasileiro. Na literatura da área de turismo e hotelaria com frequência nos deparamos com o conceito de hospitalidade, que segundo Chon e Sparrowe [6] pode ser definido como “satisfazer e servir”. Castelli [4] define que: “o processo da hospitalidade está fortemente imbricado com o processo de comunicação... dificilmente se exerce a hospitalidade sem que haja, concomitantemente, uma excelente comunicação”. Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is granted without fee provided that copies are not made or distributed for profit or commercial advantage and that copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists, requires prior specific permission and/or a fee. XXXXXXXXXXXXX – As informações serão preenchidas no proceso de edição dos Anais. 1 http://goo.gl/KMGvTz http://goo.gl/H847RP 3 http://goo.gl/7mh7ia 4 http://goo.gl/yBIs21 5 http://goo.gl/hfGO4n 6 http://goo.gl/mIbaf8 2 599 Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 Logo, para Castelli [4] a hospitalidade é percebida pelo cliente especialmente pela comunicação, seja ela na forma verbal ou não. Desta forma, o Brasil deve definir estratégias para qualificar os profissionais da indústria do turismo para receber de forma adequada os turistas internacionais no que se refere a comunicação em língua estrangeira. Isto porque as pesquisas mostraram que uma das reclamações recorrentes dos turistas internacionais durante a Copa do Mundo 2014 foi que a população não se comunicava em uma língua estrangeira, inglês ou espanhol, ou quanto tentava fazê-lo não era compreensível e a falta de informações também em outro idioma em algumas cidades sede do mundial. Isto pode gerar uma falha no processo de hospitalidade, impactando diretamente na qualidade dos serviços prestados pelo setor de turismo e na venda de outros produtos turísticos, como por exemplo, visitas aos atrativos turísticos da região, serviços de alimentação e transporte. Em relação à comunicação busca-se qualificar os profissionais que exercem atividades de alto contato (ou linha de frente – front office), ou seja, atividades em que necessariamente o turista participa interagindo com o professional [3], delimitando o escopo de colaboradores que devem ter qualificação nesta área de comunicação. Este artigo irá apresentar a pesquisa que vem sendo desenvolvida, de forma interdisciplinar, que se dedica primeiramente à elaboração, aplicação e avaliação de uma metodologia para um programa de aprendizagem de língua inglesa para fins específicos, voltado aos profissionais que atuam em restaurante mediada por diferentes mídias, isto é, a elaboração de materiais utilizando as diversas tecnologias já desenvolvidas, de materiais impressos aos atuais dispositivos móveis, perpassando pela web, numa convergência de mídias, seguindo a integração de aprendizagem formal, não formal e informal no contexto de trabalho. Buscando contextualizar os recursos disponibilizados no programa de acordo com a realidade sociocultural da região de Foz do Iguaçu (cidade na qual inicialmente o programa piloto será realizado), o vocabulário, as funções linguísticas e agrupamentos semânticos da língua inglesa efetivamente utilizada pelos profissionais em sua atuação diária com os turistas estrangeiros, propiciando consequentemente a hospitalidade tão desejada pelos mesmos. O segundo ponto da pesquisa será a análise da metodologia proposta inicialmente para o programa, sob a ótica da Teoria da Atividade no que se refere aos aspectos de logística, motivação e política (em suas várias esferas, da empresa ao município). Tem-se o objetivo de redefinir as diretrizes do programa para que o mesmo se torne um modelo de referência no Brasil para aprendizagem de inglês voltado aos profissionais que atuam em restaurantes. As seções 3, 4 e 5 apresentam os temas que fundamentam a proposta do projeto que desenvolvemos para a qualificação dos profissionais do turismo no que tange a língua inglesa. Na seção 6 descrevemos a estrutura do programa inicialmente proposto e que será aplicado. E a seção 7 apresenta algumas considerações, o estado atual do projeto e propostas de trabalho futuro. 2. APRENDIZAGEM INFORMAL NO TRABALHO NÃO-FORMAL E CONTEXTO DE A educação formal, em alguns aspectos, não é suficiente para preparar um profissional para o mercado de trabalho. Por exemplo, ela não consegue acompanhar de forma rápida os avanços sociais, tecnológicos e econômicos do mundo de hoje e que são exigidos pelo mercado de trabalho. Isso pode impactar na aprendizagem dos profissionais, pois eles escolhem aprender o que esta diretamente relacionada com suas necessidades profissionais, segundo [17]. Outro aspecto que deve ser levado em consideração e que pode estabelecer uma barreira para qualificação profissional é o financeiro, pois os custos de cursos de curta ou longa duração, pós-graduações, sejam presenciais e/ou à distância para qualificar um profissional são algumas vezes elevados e em alguns casos o profissional fica ausente do seu local de trabalho por um determinado período e dependendo da empresa não é considerado viável. Além disso, conforme descrito na seção 2.1, a qualificação profissional, de diferentes formas, dentre elas se destaca a constituída no cotidiano diário do local de trabalho e fora dele. Por estes motivos pesquisas [17][22] estão sendo realizadas no sentido de compreender, definir estratégias, reconhecer e explorar o potencial da aprendizagem gerada e conduzida no local de trabalho. A Organisation for Economic Co-Operation and Development (OECD)[22] afirma que é necessário reconhecer que no cotidiano de atuação profissional as pessoas estão acumulando conhecimento, desenvolvendo habilidades, competências e experiências que possuem grande valor para o mercado de trabalho, como também, pode contribuir para a geração de novos conhecimentos que serão futuramente incluídos no conteúdo de educação formal. Nesse sentido há a ampliação dos tipos de aprendizagem chamadas não-formal e informal que estão alinhadas e focadas no que os profissionais tem interesse em aprender e ligadas as necessidades das empresas e do mercado de trabalho. Esses tipos de aprendizagem promovem a qualificação dos profissionais no próprio ambiente de trabalho, o que para as empresas torna-se mais atrativo. Além disso, a aprendizagem não-formal e informal pode auxiliar na solução de problemas como: motivação dos profissionais a aprenderem, a falta de qualificação para algumas categorias profissionais, a falta de qualificação formalmente certificadas, reestabelecer a auto confiança para que o profissional volte à aprendizagem formal [22]. Este projeto se baseia nas três categorias de aprendizagem, conceituadas da seguinte forma de acordo com a Werquin [22]: • Aprendizagem formal: ocorre em um ambiente organizado e estruturado, com objetivos, tempo e recursos explicitamente definidos. Sendo que ao final do processo uma validação e certificação são obtidas. • Aprendizagem não-formal: aprendizagem obtida por meio de atividades planejadas não estabelecendo explicitamente os objetivos, duração e recursos de apoio. • Aprendizagem informal: resulta de atividades diárias relacionadas ao cotidiano de trabalho, família ou lazer. Não é organizada ou estruturada em relação a objetivos, tempo ou recursos de apoio. A aprendizagem não-formal, conforme Figura 1, está inserida entre a aprendizagem formal e informal. A Figura 1 apresenta algumas características que podem ajudar a distinguir melhor os tipos de aprendizagem. 600 Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 Em se tratando da aprendizagem não-formal e informal é possível encontrar na literatura algumas condições que podem influenciar na aprendizagem dentro do ambiente de trabalho. Segundo Kyndt et al [17], por exemplo, definem as seguintes condições: feedback e aquisição de conhecimento, novos métodos para promover a aprendizagem e ferramentas de comunicação, capacitar pessoas para auxiliar no processo de aprendizagem, entre outros. Estas e outras condições podem auxiliar na identificação de estratégias, atividades, ferramentas e ambiente a qual a educação não-formal e informal pode acontecer. No projeto que estamos desenvolvendo tomaremos como base essas condições para definir a forma como se dará a aprendizagem não-formal e informal estabelecida no programa de aprendizagem de língua inglesa para os profissionais do turismo. • construir capacidades básicas e habilidades específicas; • usar o conhecimento prévio ou o conhecimento que os alunos possuem para situações de aprendizagem; • dar voz aos alunos, fazendo uso da linguagem significativa, permitindo aos alunos entender as razões da aprendizagem; • ajudar os alunos a desenvolver individualmente estratégias para a aprendizagem e promover uma mudança de hábitos de estudo. Para a abordagem ESP a análise de necessidades é o que norteia a aprendizagem. Dentre as diferentes formas de se estabelecer essas necessidades os autores Hutchinson & Waters[13] propõe a análise de necessidades da aprendizagem e da situação foco. Para realizar a análise de necessidades utilizaremos o levantamento das tarefas realizadas pelos profissionais, estabelecendo os objetivos e conteúdos ligados diretamente a sua atuação profissional diária. No caso deste projeto a aprendizagem será direcionada aos profissionais do setor de turismo, o que se deseja é desenvolver as habilidades de compreensão oral e fala, focados no contexto de uso da linguagem, ou seja, nas situações em que o profissional deve interagir com o turista internacional fornecendo ou recebendo informações ou questionamentos dos mesmos. Assim temos o contexto de uso de um conjunto de funções linguísticas e expressões próprias utilizadas pelos profissionais na execução das suas tarefas profissionais diárias, como também um vocabulário para expressar características socioculturais da região turística a qual ele está inserido. A análise de necessidades foi inicialmente realizada com base em múltiplas fontes, a saber, na literatura de análises de necessidades já realizadas para o público alvo[2], literatura da área de turismo e hotelaria utilizada para desenvolver as habilidades profissionais exigidas pela profissão[14][18][10] e em materiais da área de aprendizagem de inglês voltado ao público alvo[8][9][12][20]. 4. APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MEDIADA PELAS MÍDIAS Figura 1. Contínuo de aprendizagem do formal para o informal. Fonte [22] 3. ABORDAGEM DE ENSINO DE LÍNGUAS PARA FINS ESPECÍFICOS Considerando que não é de interesse do profissional e nem de sua empresa que o mesmo se torne proficiente em todas as habilidades linguísticas (ouvir, falar, escrever e ler), neste caso apenas as habilidades de ouvir e falar são essenciais para os profissionais do turismo, assim como, se faz necessária uma abordagem sensível às suas necessidades e realidade local. Logo, uma abordagem que se constitui adequada neste caso é o ensino de língua estrangeira denominado ensino de línguas para fins específico ou English for Specific Purpose (ESP). Segundo Celani [5] esta abordagem segue uma ou mais das características a seguir: • considerar as razões de aprendizagem dos alunos e as suas necessidades de aprendizagem; As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão permeando várias áreas das nossas vidas, sendo a educação uma delas. Diferentes pesquisas anualmente são realizadas no intuito de incorporar as TIC no processo de ensino e aprendizagem de diferentes disciplinas. O ensino de língua estrangeira é uma das áreas que vem sendo mediada pelas TIC. Com a evolução tecnológica e a rápida expansão do mercado dos dispositivos móveis, mais recentemente os smarthphones e tablets, propiciaram o surgimento de uma outra modalidade de aprendizagem mediada pelas tecnologias móveis. Denominada em inglês por mobile learning (m-learning) que de acordo com a Unesco [21] e Ally [1] envolve o uso de tecnologias móveis, sozinha ou combinada com outras TIC, para o acesso a aplicativos, informações e materiais para aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar. Sendo esta característica fator potencializador para o uso na educação continuada de profissionais, segundo Gu et al [11], face a sua flexibilidade de acesso a qualquer hora e em qualquer lugar. De acordo com a Unesco [21] o m-learning pode contribuir de forma expressiva no processo de ensino e aprendizagem, dentre as várias contribuições algumas são: ampliar o alcance e a equidade da educação; facilitar o aprendizado personalizado; fornecer 601 Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 feedback imediato e avaliação; garantir o uso produtivo do tempo nas salas de aula; construção de novas comunidades de aprendizes; conectar a aprendizagem formal e informal; minimizar a interrupção de ensino em áreas de conflito e desastres; auxiliar alunos com deficiência. para satisfazer e servir o turista da melhor forma possível, a fim de que o turista possa definir um alto padrão de qualidade do serviço adquirido, ver Figura 2. No contexto da aprendizagem de língua o uso dos dispositivos móveis é denominado Mobile Assisted Language Learning (MALL). Podendo apoiar na aquisição de vocabulário, gramática, para as práticas de leitura e pronúncia [15], ou seja, promover o desenvolvimento de diferentes habilidades linguísticas. O desenvolvimento de projetos de m-learning apresentam alguns desafios, como o custo e a conectividade limitada [19]. Elias[7] elenca outros fatores a serem considerados: variedade de dispositivos; velocidade de download e acesso limitado a Internet; tela de pequenas dimensões com uma baixa resolução, cor e contraste; difícil entrada de dados via texto e dispositivos com memória limitada. Figura 2. Ciclo da qualidade nos serviços prestados pelo turismo Na literatura encontramos o Universal Instructional Design (UID) que são princípios utilizados para os sistemas de gestão de aprendizagem. De acordo com Elias [7] estes princípios para o mlearning são: oferecer conteúdo no formato mais simples possível; fragmentar o conteúdo em pequenos pedaços; procurar maneiras originais de uso dos recursos multimídia dos dispositivos para compensar as limitações de hardware; manter a interface simples; usar sistemas de SMS disponíveis e outras tecnologias assistivas específicas para dispositivos móveis; estimular o uso de diferentes métodos de comunicação; enviar regularmente lembretes, pedidos, questionários e perguntas aos alunos, dentre outros. O PLITur propõe definir uma metodologia para promover a qualificação dos profissionais de alto contato para interagirem com o turista internacional por meio da aquisição das habilidades linguísticas de compreensão oral e fala em língua inglesa. Para isso estabelece três pilares para a definição do PLITur os tipos de aprendizagem (formal, não-formal e informal), abordagem de ensino de línguas para fins específicos e o uso da convergência de mídias mediar o processo de aprendizagem. Cada pilar deste foi apresentado nas seções 3, 4 e 5. Na seção 6.1 será detalhada a estruturação do PLITur. No programa desenvolvido, que será apresentado na seção5, a proposta é a integração de diferentes plataformas para apoiar o processo de aprendizagem formal, não-formal e informal de língua estrangeira pelos profissionais do turismo, por isso utilizamos o termo convergência de mídias, por se tratar do uso de computador, smartphones, tablets e material impresso, entre outros. Este conceito está baseado na definição de Jenkins [23]: “Por convergência refiro-mse ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação...” 5. PROGRAMA DE LÍNGUA INGLESA PARA O TURISMO (PLITur) A proposta do projeto PLITur fundamenta-se nas definições da literatura da área de turismo e hotelaria que estabelecem que a qualidade dos serviços prestados pelo setor de turismo é medida pela diferença entre a expectativa que o turista tinha quando comprou o serviço e a experiência que ele vivenciou ao usufruir do serviço. 5.1. Estrutura do PLITur O programa tem como objetivo promover a aprendizagem de inglês utilizando a abordagem de ensino de línguas para fins específicos para os profissionais de alto contado dos hotéis e restaurantes (recepcionistas e garçons, respectivamente) que atuam na cidade de Foz de Iguaçu/Paraná. Utilizamos o termo programa porque não se trata somente de um curso presencial nos moldes tradicionais, mas agrega objetos de aprendizagem contextualizados a realidade social, cultural e econômica da cidade de Foz do Iguaçu/Paraná e as necessidades dos profissionais, que vão de materiais e atividades impressas as digitais com o computador, Internet e dispositivos móveis (tablets e smartphones). A proposta inicial do programa (ver Figura 3) é composta por atividades classificadas como formais, não-formais e informais, seguindo os tipos de aprendizagem apresentadas na seção 2. O turista espera hospitalidade e acolhimento na experiência, ou seja, é necessário satisfazê-lo e servi-lo de acordo com a expectativa que ele tem. Nesse processo de satisfazer e servir é necessário que o profissional do turismo interaja de forma clara, objetivo e ao mesmo tempo acolhedora com o turista. Estes profissionais do turismo que realizam a interação direta e frequente com o turista são chamados de profissionais de alto contato. Sendo estas interações chamadas de momentos da verdade. Figura 3. Estrutura do PLITur. Portanto, no momento da verdade é fundamental que o profissional de alto contato tenha domínio da comunicação verbal 602 Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 5.1.1. Atividades formais Seguindo os moldes da educação formal, será oferecido um curso presencial aos profissionais que atuam na recepção de hotéis e como garçons em restaurantes. As turmas serão divididas pela atuação profissional e terão no máximo 15 profissionais com um professor. O conteúdo será apresentado no formato de histórias em quadrinhos (HQs), com diálogos pequenos e simples, conforme definido nas premissas do CEF “keep it simple and short”, sendo seus conteúdos referentes a situações do cotidiano de atuação do profissional. Como o foco do programa é a aquisição das habilidades de compreensão oral e fala, todo o conteúdo será inicialmente apresentado por meio da fala e de imagens que representem situações ou objetivos associados ao conteúdo e posteriormente na forma escrita. Como estratégia para conquistar autonomia de pronuncia os profissionais serão constantemente estimulados a usar o gráfico de fonética proposta por Adrian Underhill7 Antecipando a questão de alguns participantes que possam ter dificuldades com o uso dos dispositivos móveis ou computador para realizar atividades complementares ao curso presencial, será elaborada uma versão impressa do material apresentado em sala de aula e complementos para ser usada também em caso de dúvidas, há possibilidade de disponibilizar material em mídia CD e/ou DVD. No entanto, serão simplificados, pois essas mídias não possuem muitos recursos elaborados. 5.1.2. Atividades não-formais Como apresentado na seção 4, a aprendizagem de língua estrangeira vem sendo há algum tempo mediada pela tecnologia, que proporciona a possibilidade de desenvolvimento das quatro habilidades linguísticas. No contexto deste programa estaremos tratando apenas da compreensão oral e fala, para tanto, estão sendo desenvolvidos objetos de aprendizagem digitais que se classificam nas modalidades de MALL e CALL (ver Figura 5). Os recursos são agrupados em: “Anything else?: Inglês para restaurantes”, destinados para os garçons. O conteúdo dos objetos de aprendizagem digitais seguirá as mesmas 16 (dezesseis) unidades apresentadas no curso presencial. Figura 4. Gráfico fonético de Adrian Underhill Algumas questões serão frequentemente relembradas aos profissionais como, por exemplo, que não se devem transferir os sons do português para a língua inglesa, pois não são os mesmos, como no caso das vogais no português para o inglês e que a pronúncia de apenas um som de forma equivocada ou entonação pode comprometer a comunicação. O conteúdo do curso será dividido em 16 (dezesseis unidades), que correspondem às principais tarefas dos garçons, conforme seção 3. A cada unidade será apresentado um conjunto máximo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) novas palavras, sempre ligadas à atuação profissional, situações ou questões referentes à realidade social, econômica e cultural da região de Foz do Iguaçu. Durante o curso presencial serão apresentados aos participantes os objetos de aprendizagem digitais que podem ser utilizados para auxiliar na aprendizagem do vocabulário, expressões e pronúncia. Desta forma, o participante pode complementar seus estudos fora do contexto do curso presencial e em qualquer horário e local que desejar. Os objetos de aprendizagem serão apresentados na seção que segue. A carga horária para esta modalidade ainda será definida baseando-se no CEF e no conteúdo estabelecido como essencial. Como estratégia para que os participantes possam exercitar a fala será utilizada a dinâmica de grupo com encenação de diálogos entre os participantes. No início de cada aula serão recordados os assuntos da aula anterior, a fragmentação e o foco na fala e na compreensão oral serão recorrentes ao longo do curso presencial. 7 Figura 5. Propostas de MALL e CALL para o PLITur. As atividades na categoria MALL estão sendo desenvolvidas para a plataforma Android (smartphones e tablets), a escolha foi baseada essencialmente na sua grande popularização e os custos tanto para a aquisição de aparelhos que possuem esta plataforma como para o desenvolvimento das aplicações. Os aplicativos estão sendo sistematizados da seguinte forma: • Which word?: disponibiliza atividades para aquisição de vocabulário com exercícios que apresentam som e imagem, com respostas objetivas de múltipla escolha; • Which sound?:apresenta atividades para o desenvolvimento da pronúncia. • Which expression?: propõe atividades com som e imagem para o desenvolvimento da compreensão. http://www.macmillanenglish.com/pronunciation-skills/ 603 Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 5.1.3. Atividades informais As atividades informais serão definidas com a participação dos profissionais da empresa, elas podem estabelecer grupos de trabalhos, visitas de falantes nativos, definir horários específicos semanas para troca de experiências, entre outras. De acordo com o perfil do grupo de profissionais serão definidas atividades informais específicas incorporar uma rotina voltada para aprendizagem de inglês. [7] Elias, Tanya. Universal Instructional Design Principles for Mobile Learning. (2011) International Review on Research in Open and Distance Learning (IRRODL). Vol 2. No.2 [8] Escobar, Albina. English Around- Restaurants. (2012) São Paulo: Pearson Education. [9] Fenton, Linda. & Mclarty, Penny. & Pohl, Alison. & Stott, Trish. (2011) Welcome to Brazil – Level 2. Oxford: Oxford University Press. 6. CONCLUSÕES [10] Ferreira, Raquel Auzier. (2002) Treinamento de Garçom. Viçosa/MG: CPT. O programa esta em fase de validação do conteúdo baseado nas tarefas dos garçons. E desenvolvimento dos objetos de aprendizagem digitais. [11] Gu, X. & Gu, F. & Laffey, J.M. Designing a mobile system for lifelong learning on the move. (2011) In: Journal of Computer Assisted Learning, 27, 204–215. Espera-se ao final do projeto sistematizar uma metodologia para elaboração de programas para aprendizagem de língua estrangeira para fins específicos, destinado aos profissionais que atuam em restaurantes, utilizando a convergência se mídias para mediar o processo de aprendizagem e contextualizando o inglês à realidade sociocultural de Foz do Iguaçu, integrando a abordagem de línguas para fins específicos e convergências de mídias. Espera-se também contribuir de forma efetiva para que os profissionais da indústria do turismo se tornem proficientes nos níveis A1- A2 em inglês para que possam agregar qualidade na sua atuação profissional, desempenhando as tarefas diárias. Como trabalho futuro podemos destacar a utilização do programa alterando-se apenas a base de informações da realidade sociocultural da região turística a que se destina e o idioma. Com o intuito de revalidar o programa como modelo de referência para a aquisição de língua estrangeira para profissionais que atuam em restaurantes. 7. REFERÊNCIAS [1] Ally, Mohamed. Mobile learning: transforming the delivery of education and training. (2009) Published by AU Press (Issues in distance education), Athabasca University. [2] Amorim, Telma Pires Pacheco. Uma análise de necessidades comunicativas de profissionais do eixo tecnológico hospitalidade e lazer: subsídios para um programa de ensino de inglês baseado em tarefas. Dissertação. Florianópolis; 2011 [3] Caon, Mauro. Gestão estratégica de serviços de Hotelaria. (2008) São Paulo: Atlas. [4] Castelli, Geraldo. Hospitalidade: a inovação na gestão das organizações prestadoras de serviços. (2010) São Paulo: Saraiva. [5] Celani, Maria Antonieta Alba. When myth and reality meet: reflections on ESP in Brazil. (2008) English for Specific Purposes 27, pp 412-423. [6] Chon, Kye-Sung (Kaye). & Sparrowe, Raymond T. 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Manual de Serviços do Garçom. (2002) São Paulo: SENAC São Paulo, 4ª ed. [19] Palalas, A. Mobile-assisted language learning: designing for your students. (2011). In S. Thouësny & L. Bradley (Eds.), Second language teaching and learning with technology: views of emergent researchers (pp. 71-94). Dublin: Research-publishing.net. [20] Santos, Simone Portes. Table for two - English for restaurant and bar workers. (2012) São Paulo: Cambridge University Press. [21] Unesco. Policy guidelines for mobile learning. (2013) Published by United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. [22] Werquin, Patrick. Recognising Non-Formal and Informal Learning: outcomes, policies and practices. (2010) OECD Publishing. [23] Jenkins, Hery. Cultura da convergência. (2008) Alexandria, Susana(trad). São Paulo: Editora Aleph. 604