BRUNO DA SILVA BRANDÃO GONÇALVES Estudo da organização funcional do sistema circadiano por meio de ferramentas computacionais e matemáticas Tese apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Doutor em Psicobiologia. Natal 2013 BRUNO DA SILVA BRANDÃO GONÇALVES Estudo da organização funcional do sistema circadiano por meio de ferramentas computacionais e matemáticas Tese apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Doutor em Psicobiologia. Orientador: Araujo Natal 2013 O John Fontenele Dedico este trabalho à memória da minha gatinha Natalina, que me abriu os olhos para o mundo fantástico dos gatos e de todos os animais. AGRADECIMENTOS Agradeço ao professor John que aceitou me orientar e com sua experiência me mostrou o quanto é interessante estudar os ritmos circadianos. Sem seu acolhimento e amizade não conseguiria terminar esse trabalho. Aos amigos do Labcrono que me ajudaram na discussão dos trabalhos e a entender um pouco mais dessa área tão nova pra mim que era a cronobiologia. A contribuição de todos foi muito importante para a minha formação e a execução desse trabalho. A todos os gatos que resgatei e que me possibilitaram conhecer um mundo diferente e único desses animais, em especial a Natalina, Gabriela, Princesa, Bela, Rapunzel, Tigrão, Nala, Valente e Linda. A minha família por ter me acompanhado mesmo de longe torcendo pelo meu sucesso e me ajudando sempre que preciso. A minha esposa Rafaela, pois sem ela nada disso teria sentido. Ao CNPq pelo apoio financeiro. RESUMO GONÇALVES, BSB. ESTUDO DA ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO SISTEMA CIRCADIANO POR MEIO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS E MATEMÁTICAS. TESE DE DOUTORADO EM PSICOBIOLOGIA, UFRN, 137 PÁGINAS, 2013. Os ritmos circadianos são variações em processos fisiológicos que auxiliam os seres vivos na adaptação aos ciclos ambientais. Esses ritmos são gerados e se sincronizam ao ciclo claro escuro por meio do núcleo supraquiasmático. A integridade da ritmicidade circadiana tem grande implicação na saúde dos seres humanos. Atualmente sabe-se que distúrbios nos ritmos circadianos estão relacionados com alguns problemas da atualidade como a obesidade, propensão a determinados tipos de câncer e transtornos mentais por exemplo. A ritmicidade circadiana pode ser estudada por meio de experimentos com modelos animais e diretamente nos seres humanos. Nesse trabalho utilizamos modelos computacionais para reunir resultados experimentais da literatura e explicar resultados de nosso laboratório. Outro foco desse trabalho foi na análise de dados de ritmos de atividade e repouso obtidos experimentalmente. Aqui fizemos uma revisão sobre o uso de variáveis utilizadas para analisar esses dados e por último propomos uma atualização na forma de calcular essas variáveis. Os nossos modelos foram capazes de reproduzir os principais resultados experimentais da literatura e nos forneceram explicações para resultados de experimentos realizados em nosso laboratório. As novas variáveis utilizadas para analisar o ritmo de atividade e repouso em humanos se mostraram mais eficiente para descrever a fragmentação e sincronização desse ritmo. Assim esse trabalho contribuiu aperfeiçoando as ferramentas existentes para o estudo da ritmicidade circadiana nos mamíferos. Palavras chaves: modelos matemáticos, ritmos circadianos, sistema de temporização circadiano, actimetria. ABSTRACT GONÇALVES, BSB. STUDY OF THE FUNCTIONAL ORGANIZATION OF THE CIRCADIAN SYSTEM THROUGH COMPUTER MODELING AND ANALYSIS MATHEMATICS. TESE DE DOUTORADO EM PSICOBIOLOGIA, UFRN, 137 PÁGINAS, 2013. Circadian rhythms are variations in physiological processes that help living beings to adapt to environmental cycles. These rhythms are generated and are synchronized to the dark light cycle through the suprachiasmatic nucleus. The integrity of circadian rhythmicity has great implication on human health. Currently it is known that disturbances in circadian rhythms are related to some problems of today such as obesity, propensity for certain types of cancer and mental disorders for example. The circadian rhythmicity can be studied through experiments with animal models and in humans directly. In this work we use computational models to gather experimental results from the literature and explain the results of our laboratory. Another focus of this study was to analyze data rhythms of activity and rest obtained experimentally. Here we made a review on the use of variables used to analyze these data and finally propose an update on how to calculate these variables. Our models were able to reproduce the main experimental results in the literature and provided explanations for the results of experiments performed in our laboratory. The new variables used to analyze the rhythm of activity and rest in humans were more efficient to describe the fragmentation and synchronization of this rhythm. Therefore, the work contributed improving existing tools for the study of circadian rhythms in mammals. Key words: mathematical models, circadian rhythms, circadian timing system, actigraphy. Sumário Lista de abreviaturas ..........................................................................................................1 Introdução Geral ................................................................................................................2 Objetivos............................................................................................................................ 6 Mathematical model of the interaction between the dorsal and ventral regions of the suprachiasmatic nucleus of rats ......................................................................................... 8 Efeito da interação do ciclo claro-escuro de 22 horas e o período endógeno na relação de fase entre os ritmos circadianos de atividade/repouso e temperatura central ............15 Os efeitos da luz no ritmo circadiano: um estudo computacional ..................................35 Um olhar sobre o uso das variáveis não-paramétricas em actimetria ............................. 57 Métodos não-paramétricos em actigrafia: Uma atualização............................................90 Discussão/Conclusão Geral ........................................................................................... 111 Referências .................................................................................................................... 115 Anexos ........................................................................................................................... 119 Lista de abreviaturas NSQ – Núcleo Supraquiasmático IS – Interdaily Stability – Estabilidade Interdiária IV – Intradaily Variability – Variabilitade intradiária M10 – 10 horas de maior atividade L5 – 5 horas de menor atividade STC – Sistema de Temporização Circadiana CE – Claro/Escuro EE – Escuro/Escuro ou Escuro Constante CC – Claro/Claro ou Claro Constante dm-NSQ – região dorsomedial do Núcleo Supraquiasmático vl-NSQ – região ventrolateral do Núcleo Supraquiasmático RHT – Retino-Hypothalamic Tract – Trato retino-hipotalâmico CV - Coeficiente de Variação fb - Frequencia de batimento 1 INTRODUÇÃO Os ritmos circadianos são oscilações em processos fisiológicos e comportamentais que ocorrem num período de 24 h. Essas oscilações estão presentes em todos os seres vivos desde as cianobactérias até os primatas. Os ritmos circadianos conferem aos seres vivos a capacidade de se antecipar às mudanças recorrentes que ocorrem diariamente no ambiente. O surgimento e evolução da ritmicidade circadiana deve estar relacionados a rotação da Terra. Essa teoria se baseia na alteração dos ritmos circadianos pelo ciclo claro-escuro. Experimentos mostram que os ritmos circadianos persistem mesmo quando os seres vivos são submetidos a condições sem pistas temporais, como por exemplo, com iluminação e temperatura constantes. Esses ritmos são gerados por um sistema endógeno que permite uma antecipação às mudanças ambientais como o ciclo claro e escuro, a disponibilidade de alimento, presença de parceiros, entre outros (Moore,1999). Esses sistemas são formados por um conjunto de osciladores e no presente trabalho será chamado de sistema de temporização circadiana (STC). Basicamente o STC é composto de três componentes: uma via que recebe a informação externa, um ou mais osciladores capazes de gerar os ritmos circadianos, sendo nos mamíferos o principal o núcleo supraquiasmático (NSQ) e uma via de saída que permite o controle fisiológico pelos ritmos circadianos. O principal agente ambiental capaz de sincronizar o STC é o ciclo claro-escuro e a via que recebe essa informação externa é formada pela retina e pelo trato retinohipotalâmico (Meijer et.al.,1986; Nakamura et.al.,2004). Sabemos que a iluminação na retina de ratos, hamster e camundongos altera a frequência dos potenciais de ação em alguns neurônios do NSQ (Meijer et.al.,1986;Nakamura et.al.,2004). Essa variação é acompanhada por mudanças na concentração intracelular de Ca2+ que promove ativação 2 de vias metabólicas intracelulares promovendo alterações na expressão de genes relógios nos neurônios do NSQ (para revisão ver Morse e Sassone-Corsi, 2002). A primeira evidência de que o NSQ fosse um oscilador circadiano foi por experimento com lesão, em que a sua lesão leva a uma perda na ritimicidade circadiana (Moore e Eichler, 1972; Stephan e Zucker, 1972). O transplante de tecido do NSQ em animais com lesões do NSQ e arrítmico provoca uma recuperação da Ritmicidade. Além disso, quando o transplante é feito com tecido do NSQ de animais mutantes para os lesionados, a recuperação na ritmicidade ocorre com um período em livre-curso semelhante ao do animal doador (Ralph et al., 1990; Sujino et al., 2003). A geração do ritmo ocorre nos neurônios do NSQ por meio da reação de transcrição e translação de genes relógios cuja duração é próxima de 24 horas (Reppert e Weaver, 2002). Esses processos geram mudanças na membrana neuronal variando a frequência de disparo neuronal, liberação de neurotransmissores e neuromoduladores que atingem regiões extra-NSQ. As conexões sinápticas do NSQ com outras regiões do cérebro foram evidenciadas pela técnica de injeção de traçadores retrógrados e anterógrados (para revisão ver Dibner et al.,2010). O NSQ tem suas eferências projetadas para: outros núcleos do hipotálamo, a rafe, o tálamo, a área pré-óptica e a glândula pineal, formando assim a saída dos ritmos circadianos. Essas estruturas são responsáveis pelo controle do ritmo de sono-vigilia, ingestão de água e alimento, liberação de hormônios, atenção e regulação da temperatura central (para revisão ver Saper et.al.,2005). O estudo da ritmicidade circadiana ocorre basicamente por meio de experimentos e modelos matemáticos que simulam situações experimentais. O presente trabalho foi dividido em três partes: (i) construção de modelos computacionais do NSQ de ratos a partir de resultados experimentais descritos na literatura; (ii) escrita de uma 3 análise crítica sobre o uso de variáveis não-paramétricas no estudo de actimetria em humanos e (iii) desenvolvimento de uma nova ferramenta de análise de dados de actimetria utilizando dados do ritmo de atividade/ repouso de humanos, ratos e saguis . A simulação computacional é uma ferramenta capaz de aglutinar os resultados experimentais e propor explicações e novas abordagens. Os modelos matemáticos que simulam oscilações circadianas podem estar associados a variáveis sem correlato experimental (Schwartz et. al.,2009; Kunz e Achermann,2003; Cardoso et.al.,2009; Oda e Friesen,2002 e Diez-Noguera,1994 ), a genes relógios fictícios (Scheper et. al.,1999; Gonze et. al.,2005; Ullner et.al.,2009) ou a genes relógios identificados experimentalmente como Per,Cry,Bmal e Clock por exemplo (Geier et. al.,2005, Bernard et. al.,2007). Com esses modelos é possível entender como acontece a interação da luz com o STC na expressão da ritmicidade circadiana. O ritmo de atividade e repouso é comumente estudado por meio da actimetria. O ajuste de uma função cosseno a esses dados fornece parâmetros que são utilizados no estudo da ritmicidade circadiana. Esses parâmetros descrevem a amplitude, mesor, acrofase e período do ritmo. Como o ritmo de atividade e repouso não apresenta exatamente um comportamento de uma função cossenoidal, outras variáveis de interesses têm sido estudadas e para isso novas metodologias foram desenvolvidas. Como essas variáveis não são associadas a parâmetros de uma função conhecida, elas são chamadas não paramétricas. Witting e colaboradores (1990) propuseram quatro variáveis não paramétricas: (IV) para medir a fragmentação do ritmo, IS que mede a sincronização ao ciclo claroescuro de 24 horas, (L5) que corresponde ao valor médio das 5 horas de menor atividade e (M10) que corresponde às 10 horas de maior atividade . A variabilidade intradiária (IV) é calculada como a razão da média da raiz quadrada da primeira 4 derivada do sinal pela variância populacional dos dados. Essa variável quantifica o nível de fragmentação do ritmo de atividade e repouso. Altos valores indicam a presença de despertares noturno e/ou sonolência diurna. A estabilidade interdiária (IS) é o valor para 24 horas do periodograma chi-quadrado normalizado. Essa variável quantifica o grau de sincronização ao zeitgeber externo de 24 horas. Baixos valores de L5 indicam um período de repouso eficiente. Altos valores de M10 indicam uma atividade intensa e regular. Quando comparados aos parâmetros de ajuste ao seno, as análises nãoparamétricos se mostraram mais eficientes para identificar mudanças no ritmo de atividade e repouso (Witting et.al.,1990; Van Someren et.al.,1997). Por isso acreditamos que eles devem ser melhores explorados e padronizados para que possamos avançar no conhecimento do sistema de temporização circadiano em humanos. 5 Objetivos: Geral Estudar a organização funcional do sistema circadiano utilizando ferramentas matemáticas. Específicos: Estudar a organização funcional do sistema circadiano com simulação matemática utilizando um modelo de interação entre dois osciladores. o Gonçalves BSB, Carneiro BTS, Silva CA, Fernandes DAC, Fortes FS, Ribeiro JMG, Cerqueira RC, Rolim SAM, Araújo JF. Mathematical model of the interaction between the dorsal and ventral regions of the suprachiasmatic nucleus of rats. Sleep Sci. 2010;3(1): 40–44. Estudar o controle dos ritmos circadianos pelo sistema circadiano durante a dissociação com simulação matemática comparando com resultados experimentais. o Gonçalves BSB, Carneiro BTS, Del Vechio KB, Ribeiro JMG, Araújo JF. Efeito da interação do ciclo claro-escuro de 22 horas e o período endógeno na relação de fase entre os ritmos circadianos de atividade/repouso e temperatura central (em preparação). Estudar a organização funcional do sistema circadiano com simulação matemática utilizando um modelo de dois conjuntos de osciladores. o Gonçalves BSB, Araújo JF. Os efeitos da luz no ritmo circadiano: um estudo computacional (em preparação). 6 Estudar o comportamento das variáveis não paramétricas de análise do ritmo de atividade e repouso em diferentes condições do sistema circadiano. o Gonçalves BSB, Adamowicz T, Louzada FM, Moreno CRC, Araujo JF. Um olhar sobre o uso das variáveis não-paramétricas em actimetria (em preparação). Estudar a organização funcional do sistema circadiano utilizando ferramentas não paramétricas para análise do ritmo de atividade e repouso. o Gonçalves BSB, Cavalcanti PRA, Tavares GR, Campos TF, Araújo JF. Métodos não-paramétricos em actigrafia: Uma atualização (em preparação). 7 Artigo 1 - Mathematical model of the interaction between the dorsal and ventral regions of the suprachiasmatic nucleus of rats. Autores: Bruno da Silva Brandão Gonçalves Breno Tercio Santos Carneiro Crhistiane Andressa da Silva Diego Alexandre da Cunha Fernandes Fabiano Santos Fortes João Miguel Gonçalves Ribeiro Rafaela Cobuci Cerqueira Sergio Arthuro Mota Rolim John Fontenele Araújo Periódico em que foi publicado: Sleep Science (Qualis B5). 8 9 10 11 12 13 Contribuição dos autores do Artigo 1: Bruno da Silva Brandão Gonçalves: Construção do modelo, execução das simulações, escrita do artigo. Breno Tercio Santos Carneiro: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. Crhistiane Andressa da Silva: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. Diego Alexandre da Cunha Fernandes: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. Fabiano Santos Fortes: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. João Miguel Gonçalves Ribeiro: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. Rafaela Cobuci Cerqueira: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. Sergio Arthuro Mota Rolim: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. John Fontenele Araújo: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. 14 Artigo 2 - Efeito da interação entre o ciclo claro-escuro de 22 horas e o período endógeno: implicações na amplitude e na relação de fase entre os ritmos circadianos Autores: Bruno da Silva Brandão Gonçalves Breno Tercio Santos Carneiro, Bruna Del Vechio Koike João Miguel Gonçalves Ribeiro John Fontenele Araújo Periódico ao qual será submetido: Chronobiology International 15 Artigo 2 - Efeito da interação do ciclo claro-escuro de 22 horas e o período endógeno na relação de fase entre os ritmos circadianos de atividade/repouso e temperatura central Autores: Bruno da Silva Brandão Gonçalves1,2, Breno Tercio Santos Carneiro1, Bruna Del Vechio Koike1, João Miguel Gonçalves Ribeiro1,John Fontenele Araújo1 1 – Departamento de Fisiologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte –UFRN, Natal (RN), Brasil. 2 – Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena, Barbacena (MG), Brasil Periódico ao qual será submetido: Chronobiology International 16 RESUMO Ratos submetidos a ciclos claro-escuro com o período de 22h apresentam dois componentes rítmicos com períodos diferentes (1320 e maior do que 1440 minutos) na atividade locomotora. Sugere-se que cada um desses componentes seja gerado por uma das duas regiões diferentes dos núcleos supraquiasmáticos. E a partir de simulações computacionais em conjunto com a análise de dados da atividade locomotora têm sido mostrado que esses componentes podem ser gerados por um único oscilador através de dois fenômenos: a modulação ou a superposição linear. Na superposição linear ocorre um fenômeno conhecido como batimento, que é o aparecimento de uma modulação lenta na amplitude da saída do oscilador. Um comportamento semelhante a esta modulação foi encontrado nos ritmos da atividade locomotora e de secreção de melatonina. Aqui nós mostramos essa modulação através da análise da variação na amplitude da temperatura central. Para isso comparamos o ritmo da temperatura central de animais submetidos ao ciclo CE de 22 horas com o grupo controle (expostos ao ciclo CE 24h). Além da variabilidade na amplitude da temperatura decorrente da superposição linear, nós encontramos uma maior instabilidade no ângulo de fase entre a atividade e a temperatura no grupo exposto ao ciclo CE de 22 horas. Esses resultados ajudam a discutir os efeitos da dessincronização interna que ocorre nos seres vivos, permitindo interpretar que ultrapassar o limite da sincronização pode acarretar diversas consequências para o organismo, provocando a quebra da ordem temporal interna levando ao surgimento de doenças. 17 1. INTRODUÇÃO Os ritmos circadianos são oscilações recorrentes de aproximadamente 24 horas, observadas desde o nível bioquímico até o cognitivo (Kondo et al., 1993; Campos et al., 2001; Wright et al., 2012). Esses ritmos são controlados por um sistema de temporização interno, e sincronizados por pistas ambientais (para revisão ver Schibler et al., 2003). Entende-se que o sistema de sincronização circadiana em mamíferos é composto de múltiplos osciladores arranjados de forma hierárquica, sendo o núcleo supraquiasmático (NSQ) do hipotálamo seu oscilador central (Ralph et. al., 1990, Schwartz, 2002). Estudos recentes mostram que os NSQs apresentam pelo menos duas regiões morfologicamente e funcionalmente distintas: região ventrolateral (vl-NSQ) e região dorsomedial (dm-NSQ) (4). A região vl-NSQ recebe diretamente a informação luminosa através do trato retino-hipotalâmico (RHT) (Moore e Lenn, 1972). Entre essas regiões do NSQ, há uma densa projeção de vl para dm com pouca inervação recíproca (Leak et. al., 1999), o que sugere que a região vl é sincronizada pelo ciclo claro-escuro e ajusta a fase de dm (Miyake et. al.,2000). Sob um regime de ciclo CE próximo ao limite inferior de sincronização, ratos apresentam dissociação do ritmo de atividade locomotora resultando na apresentação de dois componentes rítmicos: um deles sincronizado ao ciclo CE imposto e outro não sincronizado que segue num período maior que 24h (Campuzano e cols., 1998). A exposição dos animais a diferentes fotofases variando o período entre 22 e 23h gera uma gama de padrões de atividade locomotora diferentes, desde o arrastamento total do ritmo (ajustado ao ciclo claro/escuro imposto) até o ritmo em livre curso (expressão do componente endógeno), o que indica que o processo de sincronização do sistema de temporização circadiano pode ser gradualmente distribuído entre o componente 18 circadiano dependente de luz e o componente em livre curso, sugerindo que populações distintas de osciladores podem estar em diferentes níveis de (des) acoplamento (Cambras et al, 2004). Este mesmo efeito pode ser observado em outros ritmos circadianos, tais como o de temperatura central e o de sono-vigília (Campuzano et. al., 1998; Vilaplana et. al., 1997; Cambras et. al., 2007). Em um trabalho elegante analisando a expressão gênica de Per1 e Bmal1, de la Iglesia et al. (2004) mostraram a relação entre a expressão dos dois componentes rítmicos da atividade locomotora e as subdivisões do NSQ – vl e dm. O componente sincronizado ao CE mostrou-se associado à expressão gênica da região vl-NSQ e o componente com período maior que 24 h está associado à dm-NSQ. Utilizando um modelo matemático de dois osciladores acoplados, Schwartz et al. (2009) mostraram que o oscilador na região dm-NSQ apresenta uma coordenação relativa em ratos mantidos em CE de 22 h. Além disso, mostraram que a liberação de melatonina apresenta uma variação na sua amplitude que pode estar associada ao sinal de saída da região dm-NSQ. Em outras palavras, a atividade ocorre quando o animal deveria estar em repouso (misaligned phase). A estabilidade da relação de fase entre diferentes ritmos circadianos está reduzida. No presente trabalho, investigamos o comportamento da relação de fase entre dois ritmos dependentes do NSQ, o ritmo de atividade-repouso e o ritmo da temperatura central. Para isso utilizamos simulações computacionais e registros experimentais de ratos mantidos em ciclo CE simétricos de 24 e 22 horas. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Modelo computacional O modelo utilizado nesse trabalho foi descrito anteriormente pelo nosso grupo (2010) e simula dois osciladores, cada um representando duas regiões do NSQ 19 (Gonçalves et.al.,2010). O oscilador vl-NSQ recebe a informação luminosa e sua saída é projetada para o oscilador dm-NSQ. A saída utilizada para nossas análises será do oscilador dm-NSQ que simula a região dorsomedial. O modelo foi submetido ao ciclo claro-escuro (CE) de 24 horas (T24) e de 22 horas (T22) de forma semelhante aos experimentos. Cada oscilador foi descrito pelo modelo de Goodwin (1965) composto por três variáveis (X, Y e Z). Nesses osciladores a variável X representou a concentração de um gene relógio fictício, Y a proteína produzida por X e Z um inibidor da produção de X. No modelo adaptado por Gonçalves et al. (2010) a luz tinha o efeito de aumentar a taxa de produção do gene relógio X. Os parâmetros foram ajustados para que os períodos endógenos dos osciladores vl-NSQ e dm-NSQ fossem iguais a 24.25 e 24.4 horas, respectivamente. 2.2. Procedimentos experimentais Condições gerais Foram utilizados 18 ratos Wistar (2-4 meses de idade) no estudo. Os animais foram mantidos individualmente em gaiolas de polipropileno dentro de módulos de isolamento com controle do ciclo CE e da temperatura (23 ± 1°C). Água e ração (Labina, Purina®) foram disponibilizadas à vontade durante todos os experimentos. A atividade motora foi registrada através de sensores infravermelhos e a temperatura corporal através de sensores ibutton (Maxim Integrated Products, Inc.). Todos os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (projetos nºs. 026/2009, 021/2010, 038/2010). Este estudo foi realizado de acordo com os princípios éticos da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL). Procedimentos cirúrgicos 20 Os animais foram anestesiados por meio de injeções intraperitoneais de cetamina (100 mg/kg) e xilazina (10 mg/kg). Os sensores de temperatura foram inseridos na cavidade peritoneal através de uma incisão de aproximadamente um cm. Após a cirurgia, foram administradas gentamicina (0,1 ml) e dexametasona (0,1 ml) e os animais permaneceram em recuperação por pelo menos 10 dias até o início dos experimentos. Os mesmos procedimentos foram utilizados para retirar os sensores após o fim dos experimentos. Experimentos Um grupo de 10 ratos foi sincronizado em CE 12:12 por 18 dias (grupo T24) enquanto outro grupo de oito ratos foi submetido ao protocolo de dessincronização forçada (T22), que consistiu num ciclo CE 11:11 por 30 dias até apresentarem dissociação do ritmo de atividade locomotora. Este grupo foi registrado por mais 100 dias consecutivos para registro e avaliação do ritmo em dessincronização forçada. Análise de dados Os dados de temperatura foram registrados durante 28 dias, e para a análise foram filtrados utilizando uma média móvel com uma janela de 10 horas. A amplitude foi calculada como o valor máximo da temperatura subtraído pelo valor mínimo. Para cada animal foi calculado o coeficiente de variação (CV), definido como o desvio padrão das amplitudes diárias da temperatura por sua média. O CV é calculado para cada animal a partir das N amplitudes. Sendo N o número de dias registrados. O registro completo da atividade locomotora em T22 foi utilizado para calcularmos as frequências e períodos presentes no ritmo. Para esse cálculo utilizamos o periodograma Sokolove-Bushel (Sokolove e Bushel, 1978). O cálculo da frequência de batimento (fb) foi feito através da fórmula (f1-f2). Sendo f1 a frequência do zeitgeber (1/79200 Hz) e f2 a frequência do ritmo em livre curso. 21 3. RESULTADOS Uma inspeção visual dos actogramas e a geração de periodogramas a partir do registro de atividade e temperatura indicam que todos os animais sincronizaram ao ciclo CE de 24 horas (Figura 1). Todos os animais submetidos ao ciclo CE de 22 apresentaram dois componentes rítmicos de atividade locomotora:um com período médio de 1320 min e o outro de 1500±10 min (Figura 2). Avaliando o ritmo circadiano da temperatura, somente um animal apresentou dois componentes rítmicos e sete animais apresentaram um único componente rítmico em livre-curso com período de 1498±13. Figura 1 – Gráficos representativos dos registros experimentais de atividade locomotora, temperatura corporal e da simulação computacional em T24. 22 Figura 2 – Gráficos representativos dos registros experimentais de atividade locomotora, temperatura corporal e da simulação computacional em T22. A temperatura foi filtrada utilizando uma média móvel de 10 horas (figura 3A e 3B). Uma inspeção visual mostra que a variação na amplitude é menor em T24 quando comparado com T22 (figura 3). Esse resultado foi obtido nos registros experimentais (figura 3A e 3B) e nas simulações computacionais (figuras 3C e 3D). A partir desses valores calculamos o CV da amplitude da temperatura nas duas condições de CE. Em T24 o CV foi igual a 0.15±0.04 e em T22 a média foi igual a 0.30±0.04. O teste T mostrou que há uma diferença significante entre os dois grupos (p < 0.001). 23 Figura 3. Registros experimentais da temperatura central filtrada pelo método de média móvel em T24 (A) e em T22(B). Saída do oscilador dm-NSQ simulado em T24 (C) e em T22 (D). Tanto para os dados experimentais e computacionais a variação na amplitude da temperatura é menor em T24 (A e C) do que em T22 (B e D). Calculamos o ângulo de fase entre as acrofases do ritmo circadiano da temperatura central e do ritmo de atividade-repouso para cada período de 24 horas para ambos os grupos. A média e o desvio padrão do ângulo de fase foi igual a 1.21±0.36 h e 2.36±0.77 h para os ciclos CE de T24 e T22, respectivamente. O teste T mostrou que há uma diferença significante entre os dois grupos (p<0.001). A partir dos ângulos de fases dos animais calculamos a variância desses valores. Encontramos que para T24 a média das variâncias foi de 2.50±1.28 h e para T22 foi de 5.70± 2.34 h (p = 0.0019). 24 4. DISCUSSÃO Neste trabalho, pudemos observar que ratos submetidos ao protocolo de dessincronização forçada em ciclo CE simétrico de 22 horas, apresentam maior variação na amplitude diária quando comparada aos animais expostos ao ciclo CE de 24 horas, tanto no ritmo de atividade locomotora quanto do ritmo da temperatura central. O mesmo resultado foi encontrado na simulação matemática do modelo. Como acontece experimentalmente, em T24 ambos os osciladores sincronizaram ao estímulo externo confirmando a sincronização, ou o acoplamento, entre as duas regiões dos NSQs sob o ciclo CE de 24 horas. Por outro lado, a expressão de genes relógios durante o protocolo de dessincronização forçada (T22) mostra que o oscilador vl-NSQ sincroniza ao CE enquanto o dm-NSQ apresenta um período semelhante aos animais em livre curso. Em nossas simulações, o comportamento do oscilador vl-NSQ seguiu o achado experimental permanecendo sincronizado a luz. Quanto à região dmNSQ, os dois períodos encontrados na saída deste oscilador não foram encontrados nos dados de la Iglesia et al. (2004) devido à técnica utilizada. No referido trabalho, a expressão dos genes relógios foi analisada em um único dia para cada animal. Essa amostragem impossibilita a detecção de mais de um componente rítmico na expressão dos genes relógios no oscilador dm-NSQ. Granada et al. (2011) mostraram que um único oscilador é capaz de gerar diferentes componentes rítmicos e que isso deve ser uma explicação complementar para a dessincronização forçada. Para os autores um oscilador pode apresentar dois componentes espectrais independentes através da superposição linear de duas ondas. A primeira seria referente ao período endógeno do oscilador e a segunda dependente do ciclo CE. Se pensarmos que o dm-NSQ atua como principal saída do NSQ, o padrão observado na simulação de T22 seria devido ao seu período intrínseco somado a saída de vl-NSQ que está sincronizado ao ciclo CE de 22 horas. 25 A superposição linear de dois períodos gera um fenômeno chamado batimento que é típico de osciladores no limite de sincronização (Granada et al. 2011). O batimento gera uma modulação lenta na saída do oscilador com uma frequência igual à composição das frequências do zeitgeber e do oscilador. Os valores encontrados para o período dessa modulação na atividade foi próximo ao calculado, com um erro de 10+2%. A variação encontrada na amplitude da temperatura em T22 pode ser explicada por esse efeito de batimento e também ocorre no ritmo de secreção de melatonina (Schwartz et al., 2009). A compressão e descompressão na amplitude da curva de secreção de melatonina persistem em escuro constante. Com isso, é possível concluir que o ritmo de secreção de melatonina é controlado pelo oscilador dm-NSQ, cuja saída no modelo apresentou uma maior variação na amplitude. Assim foi descartada a hipótese de que a variação na concentração de melatonina é somente dependente do mascaramento pela luz. Figura 4. Influência do NSQ sobre os osciladores centrais e periféricos na construção dos ritmos circadianos. Em T22 a saída da região dm-NSQ simulada é apresentada em (A) com uma variação na amplitude tendo o seu máximo em 1 e o mínimo em 2. Essa variação altera a estabilidade na sincronização que ocorre entre os múltiplos osciladores 26 que formam o sistema de temporização circadiano (B), sendo que em 1 a sincronização do ritmo do NSQ é maior do que em 2. Quando a saída do dm-NSQ é baixa a diferença de fase entre os ritmos deve ser maior como demonstrado em (C). Com o nosso modelo computacional reproduzimos essas condições e encontramos essa variação na amplitude da saída de dm-NSQ em T22. O modelo computacional utilizado por Schwartz et al. (2009) apresentou resultados semelhantes aos nossos e como ambos os modelos não simulam o efeito inibitório da luz, reforçamos a ideia de que essa variação na amplitude dos ritmos tem uma relação com a saída do oscilador. A alta variabilidade na amplitude da saída do NSQ em T22 deve gerar uma instabilidade nas fases dos ritmos circadianos como temperatura central, ciclo sonovigília, liberação de hormônios e outros, dificultando a sincronização, como mostrado na figura 4. Acreditamos que quando a saída do NSQ é reduzida há uma perda na capacidade desse marcapasso em sincronizar os osciladores circadianos no regime CE de 22 horas (figura 4B). Da mesma forma a maior estabilidade na relação de fase dos ritmos em T24 se deve a pouca variação na amplitude da saída do NSQ, facilitando a sincronização do oscilador (a geração dos ritmos) com os osciladores periféricos. O sistema circadiano parece estar envolvido também na regulação de processos cognitivos (Tapp e Holloway, 1981; Valentinuzzi et al, 2008; Craig e McDonald, 2008; Loh et al., 2010). Especificamente, mostramos que os animais com dissociação do ritmo circadiano apresentam déficits de memória em um tipo específico de tarefa, a esquiva passiva (Neto et al., 2008). Talvez, a dessincronização circadiana ou o desalinhamento entre ritmos circadianos, ou seja, a desordem temporal interna, prejudique funções cognitivas e também a saúde numa forma geral, uma vez que várias evidências mostram que a dessincronização circadiana pode estar desenvolvimento de doenças (Martino et al., 2008; Preuss et al., 2008) 27 ligada ao Consequências da alteração/dessincronização circadiana têm sido reportadas também em seres humanos (Cho et al., 2000). Além disso, transtornos psiquiátricos, por exemplo, apresentam uma série de sintomas relacionados a distúrbios de ritmo, como a dessincronização do ciclo sono-vigília que é observada em praticamente 80% dos indivíduos acometidos (Maurizi et al., 2000). Os pacientes depressivos apresentam um avanço da fase do sono e acarretam uma relação de fase anormal com diversos outros ritmos, quase sempre resultando em um episódio depressivo (Wehr et al., 1979). Esses estudos, entre outros, mostram a estreita relação entre o sistema de temporização com graves transtornos como os psiquiátricos, ressaltando assim a relevância da ritmicidade circadiana na saúde e no bom funcionamento do organismo. Em alguns casos os seres humanos são submetidos a mudanças no ciclo CE que os colocam em seu limite de sincronização. As alterações fisiológicas que acontecem podem estar relacionadas à variação na saída do oscilador principal e na instabilidade de fase entre os ritmos circadianos. REFERÊNCIAS 1. Albus H, Vansteensel MJ, Michel S et al. A GABAergic mechanism is necessary for coupling dissociable ventral and dorsal regional oscillators within the circadian clock. Curr Biol 2005; 15:886–893. 2. Benedetti, F., Dallaspezia, S., Colombo, C., Pirovano, A., Marino, E., Smeraldi, E., 2008. A length polymorphism in the circadian clock gene Per3 influences age at onset of bipolar disorder. Neurosci.Lett. 445, 184–187. 3. 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John Fontenele Araújo: Discussão dos resultados, e escrita do artigo. 34 Artigo 3: Os efeitos da luz no núcleo supraquiasmático: um estudo computacional Bruno S. B. Gonçalves 1,2,3 & John F. Araujo 1,2 1. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, UFRN 2. Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica, UFRN 3. Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena Correspondence adress: P.o.Box 1506, Natal, RN, Brazil, 59078970 [email protected] Periódico ao qual será submetido: Journal of Biological Rhythms Resumo O ritmo circadiano em roedores é gerado por um sistema de temporização cujo componente principal é o núcleo supraquiasmático. Essa estrutura funciona como um grupo de osciladores e sua dinâmica temporal é alterada pela luz. Nesse trabalho simulamos um sistema de temporização circadiana com ênfase no efeito da luz sobre esse sistema. A partir das simulações foi possível reproduzir resultados semelhantes aos obtidos em experimentos com roedores como a regra Aschoff, a arritmicidade em claro constante de alta intensidade e a dissociação. Apresentamos aqui um modelo capaz de simular vários resultados experimentais que consideram que a luz altera a expressão de genes relógios e reduz o acoplamento entre os osciladores do núcleo supraquiasmático. Palavras chaves: núcleo supraquiasmático, sistema de temporização circadiana, modelo matemático 35 Introdução Quando submetidos a um ciclo claro-escuro (CE) com período de 24 horas, ratos e camundongos apresentam a fase ativa no escuro e essa sincronização ao ambiente externo permite uma antecipação às mudanças externas. Na condição de escuro constante os ritmos circadianos apresentam um período maior do que 24 horas e um pulso de luz pode alterar a expressão dos ritmos dependendo da fase em que for aplicado (Honma et.al.,1978;Sharma e Chandrashekaran,1997). Em ambientes com iluminação constante esses animais apresentam um ritmo em livre curso cujo período varia diretamente com a intensidade luminosa (Summer et.al.,1984, Mrosovsky,2003). A exposição prolongada a luz induz uma supressão e arritmicidade no ritmo circadiano da temperatura e atividade motora nesses animais (ratos: Depres-Brumer et.al.,1995,Chiesa et.al.,2010; camundongos: Ohta et. al,2005). Além disso, ratos mantidos num ciclo CE simétrico de 22 horas apresentam dois períodos na sua atividade locomotora (Campuzano et.al.,1997). Essas diferentes respostas são melhores compreendidas quando consideramos os dois efeitos da luz nos neurônios do NSQ: aumento da expressão de genes relógios e redução no acoplamento neuronal. Com relação à expressão gênica, o pico da expressão do gene Per1 é maior em condições de CE simétrico de 24 do que em condições de EE (Yan et. al. 1999). Em camundongos, um pulso de luz apresentado durante a condição de escuro constante eleva a concentração do RNA mensageiro de Per1 (mPer1) e altera a fase do oscilador genético (Shigeyoshi et. al. 1997). Além de alterar a dinâmica da expressão dos genes relógios a luz atua reduzindo o sincronismo entre os neurônios do NSQ. Ohta e colaboradores mostraram que os neurônios do NSQ de camundongos arrítmicos continuam expressando Per1 em luz constante, porém de forma dessincronizada (Ohta 36 et. al,2005). Brown e Piggins mostraram que em fotofases longas há uma maior diferença de fase entre os neurônios da região ventrolateral do NSQ (Browm e Piggins,2009). Esses trabalhos experimentais dão suporte para a criação de modelos matemáticos que considerem os diferentes efeitos da luz no NSQ. Diversos modelos matemáticos têm sido utilizados como ferramentas para se estudar as propriedades do sistema de temporização circadiana. Dentre eles destacamos: modelos cujo ritmo está associado a variáveis sem correlato experimental (Schwartz et. al.,2009; Kunz e Achermann,2003, Cardoso et.al.,2009, Oda e Friesen,2002 ); modelos cujas variáveis simulam genes relógios fictícios (Scheper et. al.,1999; Gonze et. al.,2005; Ullner et.al.,2009) e modelos que simulam genes relógios identificados experimentalmente como Per, Cry, Bmal e Clock (Geier et. al.,2005, Bernard et. al.,2007, Jun-Wei e Tian-Shou, 2009). A respeito dos efeitos da luz no mecanismo de acoplamento dos osciladores do NSQ há, entretanto, poucos trabalhos de modelagem, e destacamos dois que utilizam essa abordagem computacional. Diez-Noguera,1994 construiu um modelo multioscilatório em que a luz reduzia o acoplamento entre os neurônios (Diez-Noguera,1994) tornando possível reproduzir a sincronização ao CE, o livre curso em escuro constante, a arritmicidade em claro constante de alta intensidade e outros padrões complexos. Outro modelo que segue essa mesma abordagem estudou como um ruído pode recuperar a perda da ritmicidade resultante do aumento na luminosidade (Ullner et.al.,2009) e os autores mostraram que a presença de um ruído no acoplamento entre os osciladores aumentou o sincronismo entre eles. Na literatura não é do nosso conhecimento a existência de um modelo que simula simultaneamente o efeito da luz na velocidade dos osciladores e no acoplamento entre eles. Assim, o presente trabalho objetivou apresentar um modelo do NSQ que considera o acoplamento entre os neurônios de forma individual e entre as duas regiões 37 do NSQ (dorsomedial e ventrolateral). Aqui nós simulamos o efeito que a luz tem sobre a geração do ritmo dos osciladores e no acoplamento entre eles e com isso conseguimos avançar na criação de um modelo capaz de reproduzir os resultados experimentais mostrados anteriormente. Metodologia Modelo Matemático A entrada da luz no sistema circadiano ocorre através da região ventrolateral e esta projeta sua saída para os osciladores da região dorsomedial (Leak et. al.,1999;Morin et. al.,2006). Em nosso modelo nós utilizamos essa topologia (figura 1) e para representar o ritmo de atividade e repouso foi utilizada a saída da região dorsomedial (dm-NSQ). A saída da região ventrolateral (vl-NSQ) foi utilizada para compararmos os nossos resultados com achados experimentais. Cada região foi composta por 100 osciladores acoplados entre si. Figura 1 – Estrutura do modelo. O ciclo claro-escuro altera dois parâmetros do modelo, a expressão do mRNA do gene fictício (jv) nos osciladores da região vl-NSQ e o acoplamento entre eles (Qv). A saída global da região vl-NSQ sincroniza os osciladores 38 da região dm-NSQ aumentando a expressão do mRNA do gene fictício nos osciladores dessa região. O acoplamento entre esses osciladores é mantido fixo com o valor de Qd. A atividade locomotora foi calculada a partir da saída global da região dm-NSQ. Para simular o mecanismo molecular circadiano, adaptamos o modelo de Ullner e colaboradores (2009) com quatro variáveis (Ullner et.al.,2009). Nesse trabalho os autores se basearam no modelo de Goodwin, que é amplamente utilizado para descrever os osciladores circadianos (Ruoff et.al.,1999, Gonze et.al.,2005, Locke et.al.,2008, Gu et.al.,2009, Gu et.al.,2011). A variável X representa a concentração do mRNA de um dado gene relógio fictício; a variável Y representa a concentração da proteína produzida pelo gene X; Z corresponde a um inibidor da síntese de X no núcleo da célula e V é uma simplificação do acoplamento global, que no modelo atua de forma difusiva. Essas equações foram utilizadas para descrever cada oscilador utilizado nas simulações. Equações representativas das variáveis do modelo – Esse modelo foi utilizado para descrever o ritmo circadiano dos osciladores nas duas regiões do NSQ. Ullner e colaboradores definiram que (1) representa um gene fictício X que produz uma proteína Y descrita pela equação 2. Essa proteína fictícia ativa um fator descrito por (3) que inibe a produção de X. O acoplamento entre os neurônios é definido por V e é descrito pela equação (4). Na região vl-NSQ a luz afeta diretamente a concentração de X e 39 inversamente no acoplamento entre os neurônios. No dm-NSQ a expressão de X é afetada pela saída dos osciladores da região vl-NSQ. O acoplamento entre os neurônios do dm-NSQ foi mantido fixo. As constantes ax,y,z,v e bx,y,z,v correspondem respectivamente à produção e degradação das variáveis de X, Y, Z e V em ambas as regiões simuladas. A constante ‘d’ modula a força da influência do oscilador vl-NSQ sobre o dm-NSQ. Para simplificar a simulação, cada oscilador foi conectado de forma aleatória a outro do grupo distinto. Foi adicionado à equação 1 original (Ullner et.al., 2009) um termo ‘j’ incrementando o valor da constante de produção da variável X (ax). No caso dos osciladores da região vl-NSQ, a adição desse termo (jv) foi necessária para simular o efeito da luz sobre a expressão do gene relógio. Na região dm-NSQ o termo foi utilizado para acoplá-los aos osciladores da região dm-NSQ e na vl-NSQ esse termo foi associado à luz (jv = 0.156 para o escuro e jv = 0,27 para iluminação máxima). Na região dm-NSQ, “jd” foi associado à saída da vl-NSQ (jd = 0,2* Saída vl). O acoplamento entre os osciladores (‘Q’) de um mesmo grupo foi simulado de maneira diferente. Nos osciladores da região vl-NSQ, ‘Qv’ estava associado inversamente a luz, assim, quanto maior a intensidade luminosa menor foi o acoplamento. Já nos osciladores de dm-NSQ esse valor ‘Qd’ foi mantido fixo. A variável ‘G’ corresponde a média da variável ‘V’ de todos os osciladores daquela determinada região. Os valores das constantes foram ajustados para que o período em escuro constante do oscilador vl fosse igual a 24,25 h. Nessa condição, o período da saída de dm-NSQ foi igual a 24,4 h , quando desacoplado de vl-NSQ. Os valores de ‘bx’ foram 40 ajustados em 0,35 e 0,3225 para vl-NSQ e dm-NSQ, respectivamente. As outras constantes foram iguais, sendo: ax= ay = az = av = 0,7; by= bz= bv = 0,35. A saída global da região dm-NSQ foi calculada como o somatório de todos os osciladores cujas saídas foram iguais ou superiores a um limiar (Yth=0.35) dividido pelo número total de osciladores. Ciclo Claro-escuro O ciclo de iluminação utilizado na simulação foi do tipo onda quadrada simétrica. O período do ciclo variou de acordo com o protocolo e foi identificado por TXX, sendo XX o valor em horas do período. Périodo e amplitude da saída O período foi calculado através do periodograma descrito por Sokolove e Bushell, 1978. A amplitude foi calculada como a diferença entre o valor máximo e o mínimo da saída. Sincronismo entre os osciladores (separar para cada região) Para o cálculo do sincronismo entre os osciladores (Rsyn) de uma mesma região foram utilizadas as equações 5 e 6. Esse valor foi definido como a razão da variância da média da variável Y (síntese de proteína eq. 2) dos osciladores, pela média da variância de cada oscilador (Yi) da mesma região. (5) 41 (6) Equação 5 – O cálculo do sincronismo entre os osciladores de uma região (Rsyn) foi definido como a razão da variância da média dos osciladores pela média da variância de cada oscilador Protocolos de simulação Os protocolos utilizados nos permitiram reproduzir os resultados experimentais relatados na literatura. Calculamos a sincronização em T24 com o ciclo simétrico de claro-escuro com jv=0.156 para o escuro e jv=0.3 para o claro. O livre curso foi estudado ajustando o valor de jv em 0.3. A curva de resposta de fase foi construída simulando o escuro constante (jv=0.156) e aplicou-se um pulso de 1 hora de duração com jv=0.3 em diferentes fases. Para estudar o efeito tônico da luz modificamos a variável jv para simular desde o escuro constante até o nível máximo de iluminação. Isso nos permitiu identificar como a luz constante poderia afetar o período (regra de Aschoff), a amplitude do ritmo e o sincronismo entre os osciladores do NSQ. O limite de sincronização foi calculado variando o período do ciclo CE simétrico com jv=0.156 para o escuro e jv=0.3 para o claro. Para estudarmos o efeito da fotofase no acoplamento entre os osciladores da região vl-NSQ submetemos o modelo aos ciclos CE de 8:16 e 16:8. Resultados A sincronização do modelo foi estudada com o ciclo simétrico de CE com período de 24 horas. O escuro foi simulado com jv=0.156 e o claro com jv=0.3. Nessa condição a saída global da região dm-NSQ apresentou uma sincronização ao estímulo 42 externo (Figura 2). Quando o modelo foi submetido ao escuro constante a saída global apresentou um livre curso com período igual a 24.8 após o transiente. Figura 2 – Saída da região dm-NSQ durante um ciclo CE simétrico de 24 horas seguido da condição de escuro constante. Na condição de livre curso foi possível estudar a curva de resposta de fase do modelo. Para isso aplicamos pulsos de luz com 1 hora de duração em diferentes tempos circadianos (CT). Nós analisamos a mudança de fase da saída global da região dm-NSQ e calculamos a curva de resposta de fase do NSQ simulado (Figura 3). O CT10 corresponde ao pico da concentração da proteína relógio simulada. Pulsos de luz de uma hora de duração aplicados entre CT5 e CT15 atrasaram a fase do oscilador, enquanto nas outras regiões houve um avanço na fase do oscilador. 43 Figura 3 – Curva de resposta de fase da saída da atividade locomotora do NSQ simulado. Ambas as regiões vl e dm apresentaram a mesma curva de resposta de fase. Neste trabalho, além do efeito fásico da luz também estudamos o seu efeito tônico (Figura 4). Durante o escuro constante (jv=0.156) o período foi igual a 24.8 horas e um aumento na intensidade luminosa para jv=0.2 elevou o período para 24.85 h. Houve uma arritmicidade quando submetemos o modelo a uma iluminação com alta intensidade (jv=0.3) por mais de 100 dias de simulação. 44 Figura 4 – Efeito tônico da luz sobre a atividade locomotora simulada. Actograma da saída da região dm-NSQ durante três condições: escuro constante (jv=0.156), baixa iluminação (jv=0.2) e máximo de iluminação (jv =0.3). Avaliamos o comportamento do modelo em diferentes intensidades de luz com jv variando de 0.156 (escuro constante) até 0.3 (iluminação máxima). Nessa análise simulamos a regra de Aschoff (figura 5 A e B) e a arritmicidade durante iluminação constante (figura 5 C). 45 Figura 5 – Efeito quantitativo tônico da luz sobre diferentes características do sistema. (A) Período do ritmo em livre curso, (B) amplitude e (C) Sincronismo entre os osciladores da região dm-NSQ. Simulamos ciclos CE com diferentes períodos e identificamos os limites de sincronização da região dm-NSQ (figura 6). A sincronização aconteceu quando o período do ciclo CE estava entre 23 e 29 horas. Dois períodos apareceram quando o ciclo CE estava a 22 horas e para valores menores observou-se o livre curso com um único período. A região vl-NSQ se manteve sincronizada a todos os ciclos CE simulados. 46 Figura 6 – Limite de sincronização das regiões vl-NSQ e dm-NSQ. Variamos a fotofase do ciclo CE de 24 horas no modelo e verificamos o efeito sobre os osciladores da região vl-NSQ. Quando a fase de claro foi igual a 8 horas os osciladores apresentaram uma acrofase mais próxima (figura 7A) e um índice de sincronização igual a 0.9970. Ao aumentar a fotofase para 16 horas houve uma redução no acoplamento entre os osciladores (figura 7B) e o índice de sincronização foi igual a 0.9892. Figura 7 – Variação da fotofase com ciclo CE igual a 24 horas. (A) 8 horas de duração de claro, cada linha corresponde a saída de um oscilador da região vl-NSQ. (B) 16 horas de duração do claro. 47 Discussão O modelo apresentado foi capaz de simular a sincronização em T24, o livre curso em escuro constante, o efeito fásico da luz, os efeitos tônicos da luz como o descrito pela regra de Aschoff, perda da ritmicidade em claro constante, os limites de sincronização e o efeito de diferentes fotofases. Além disso, foi possível reproduzir os achados experimentais referentes aos efeitos de diferentes fotofases sobre a região ventrolateral do NSQ simulado. Aqui nós incluímos os múltiplos osciladores existentes em cada região, o aumento e a diminuição na expressão dos genes e no acoplamento entre os osciladores pela luz respectivamente. Essas novas características fisiológicas permitiram a reprodução de mais resultados experimentais em comparação ao nosso modelo proposto anteriormente (Gonçalves et.al., 2010). A sincronização em T24 e o livre curso em escuro constante são propriedades básicas dos osciladores circadianos e foram simulados em nosso modelo. Experimentalmente essas são as primeiras propriedades estudadas na ritmicidade circadiana dos seres vivos. Essas propriedades também são simuladas nos modelos computacionais (Kunz e Achermann,2003, Cardoso et.al.,2009, Oda e Friesen,2002 Scheper et. al.,1999; Gonze et. al.,2005;Geier et. al.,2005, Bernard et. al.,2007, JunWei e Tian-Shou, 2009 Diez-Noguera,1994). O nosso modelo respondeu com avanços e atrasos para pulsos de luz aplicados em diferentes fases da oscilação durante a condição de escuro constante. Assim foi possível construir a curva de resposta de fase do NSQ simulado. A curva de resposta de fase do modelo proposto não apresentou uma região sem mudança de fase (“deadzone”) durante o dia subjetivo. Esse resultado é encontrado em vários modelos que simulam o STC simplificado (Geier et. al.,2005,Bodenstein et.al., 2012). Para incluir a 48 “dead-zone” em seu modelo Geier e cols (2005) simularam um filtro na entrada da luz (Geier et. al.,2005). Segundo esses autores, não se conhece o mecanismo biológico desse filtro que modifica a sensibilidade do oscilador a entrada luminosa, todavia podemos supor que este seja um processo realizada na complexas rede neuronal retiniana. Como o enfoque da nossa proposta foi a funcionalidade do NSQ, nos limitamos a ignorar o efeito de alguns componentes externos, como a retina, por exemplo. Em condição de iluminação constante, os resultados na simulação do nosso modelo seguiu a regra Aschoff, para animais noturnos, sendo os resultados semelhantes a achados experimentais (Mrosovsky, 2002). Em nosso modelo a luz aumentou o tempo necessário para que uma oscilação ocorresse, e com isso a intensidade luminosa estava diretamente relacionada com o período em livre curso dos osciladores. Como a luz aumenta a velocidade dos osciladores alguns modelos adicionam a luz como um termo nas equações diferenciais (Gonze et.al.,2005;Ullner et.al.,2009; Gu et.al.,2012). Ullner e cols (2009) discutem sobre essa limitação no modelo utilizado pois impossibilita a simulação da iluminação constante e retira esse termo da equação. Em nosso trabalho a luz foi incluída como aumentando o valor da variável responsável pela velocidade dos osciladores. O efeito é semelhante, porém a limitação descrita por Ullner e cols (2009) desaparece. Schroder e cols (2012) utilizam a mesma abordagem do nosso trabalho e têm resultados semelhantes conseguindo mostrar que em iluminação constante o período endógeno é maior do que em escuro constante (Schroder et.al.,2012) . Durante a iluminação de alta intensidade houve uma perda na ritmicidade e os osciladores continuaram expressando seu ritmo, porém de forma dessincronizada. Esses achados corroboram com os resultados experimentais de Eastman e Rechtschaffen, 1983; Depres-Brummer,1995; Ohta et. al,2005 e Chiesa et. al.,2010. Nós observamos 49 uma redução na amplitude da saída da região dm-NSQ que está relacionada a diminuição no sincronismo entre os osciladores da região vl-NSQ. Essa diminuição deve dificultar uma saída coerente de elevada amplitude. Quando simulamos o modelo fazendo uma variação entre 23 e 29 horas no período do ciclo CE, a saída mostrou um ritmo sincronizado com o ciclo CE externo, sugerindo que estes seriam os valores para o limite de sincronização do nosso modelo. Dados experimentais mostram que ratos sincronizam seu ritmo de atividade locomotora a ciclos diferentes de 24 horas (Cambras et.al.,2000). Quando o período do ciclo CE externo foi igual a 22 horas, a saída do nosso modelo apresentou dois períodos. O primeiro igual a 1320 min, ou seja, o mesmo do ciclo externo e o outro igual a 1450 min, próximo ao período da saída do modelo em livre curso. Este resultado da simulação é semelhante ao observado em ratos que em T22 apresentam dois períodos em sua atividade locomotora quando colocados em gaiolas menores (Campuzano et.al.,1997). Este padrão em que dois componentes são detectados é chamado de dissociação. Na dissociação, além do aparecimento de dois componentes rítmicos com períodos diferentes, foi demonstrado experimentalmente que também há uma separação na expressão de genes nas duas regiões do NSQ, vl-NSQ e dm-NSQ (de la Iglesia et. al.,2004). Foi exatamente esta evidência experimental que mostrou a necessidade de se simular no mínimo dois osciladores, ou duas regiões multioscilatórias, e que uma, vlNSQ, seria fundamental na sincronização com o ciclo claro-escuro e a outra, dm-NSQ, responsável pela saída do sistema circadiano. Entretanto, o trabalho computacional de Granada et al. (2011) mostrou ser possível gerar dois períodos na saída de um único oscilador. Cada região do NSQ tem uma função específica na organização funcional do sistema circadiano. Ao simularmos somente a região vl-NSQ seria necessário reduzir a 50 amplitude da entrada do ciclo CE para podermos reproduzir uma saída com dois períodos durante o T22. Nesse caso nosso modelo funcional estaria incompleto pois não teríamos uma região sincronizada ao ciclo CE externo como mostrado experimentalmente (de la Iglesia et. al.,2004). E da mesma forma teríamos um modelo incompleto se simulássemos somente a região dm-NSQ. Esses resultados nos indicam que a região vl-NSQ atua como um filtro do ciclo CE para a região dm-NSQ com uma função de saída do NSQ. Na literatura existem modelos que consideram as subdivisões do NSQ (Bernard et. al.,2007,Schwartz et. al.,2009, Gonçalves et.al.,2010) mas não simulam todos os resultados experimentais aqui mostrados. Bernard e cols construíram um modelo com dois grupos de múltiplos osciladores, mas não consideraram o efeito da luz no acoplamento entre os osciladores (Bernard et. al.,2007). Assim não foi possível simular a arritmicidade em claro constante. Schwartz e cols, (2009) simularam a dissociação com um modelo composto por dois osciladores, cada um representando uma subdivisão do NSQ (Schwartz et. al.,2009). Essa abordagem não permite simular a arritmicidade em claro constante. De forma semelhante o nosso modelo proposto anteriormente apresenta a mesma limitação (Gonçalves et.al.,2010). Noguchi e cols (2004) mostraram que o período do ritmo de liberação de AVP na região dm-NSQ é menor do que em vl-NSQ (Noguchi et.al.,2004). Essas diferenças foram incorporadas em nosso modelo alterando os valores da constante bx para ambas as regiões simuladas. Dessa forma quando dm-NSQ esta desconectado de vl-NSQ os períodos em livre cursos eram diferentes. A região dm-NSQ apresenta o mesmo período de vl-NSQ quando estas regiões se encontram conectadas. Experimentalmente foi encontrado que quando as duas regiões estão conectadas o período delas é o mesmo da 51 região vl-NSQ (Noguchi et.al.,2004). Esse resultado sugere que a região vl-NSQ sincroniza dm-NSQ da mesma forma que simulamos em nosso modelo. Nosso modelo foi capaz de simular a redução no acoplamento entre os osciladores da região vl-NSQ com o aumento na fotofase. A reprodução desse resultado experimental foi possível pois consideramos as subdivisões principais do NSQ (Leak et.al.,1999 e Moore et.al.,2002) e o efeito distinto da luz sobre elas (Browm e Piggins,2009). Ao nosso conhecimento não existe um modelo computacional capaz de simular todos esses achados experimentais simultaneamente. Acreditamos que por considerarmos o NSQ dividido em duas regiões foi possível simular a dissociação em T22 de forma semelhante a outros modelos (Bernard et. al.,2007, Schwartz et. al.,2009 e Gonçalves et.al.,2010). Em nosso modelo a luz reduz o acoplamento entre os osciladores da região vl-NSQ e isso nos permitiu simular a arritmicidade em claro constante. De forma semelhante Ullner e cols (2009) simularam a arritmicidade ao considerar a redução no acoplamento pela luz, porém os autores não consideraram o efeito da luz na velocidade dos osciladores (Ullner et.al., 2009). Esse efeito foi incluído em nosso modelo e nos permitiu reproduzir a regra Aschoff no NSQ simulado. Dessa forma propomos que ao simular o NSQ os novos modelos devem considerar a natureza multioscilatória dessa região e os diferentes efeitos da luz na sua funcionalidade. Referências 1. Bernard S, Gonze D, Cajavec B, Herzel H, Kramer A. Synchronization-induced rhythmicity of circadian oscillators in the suprachiasmatic nucleus. PLoS Computational Biology. 2007; 3(4):e68. 52 2. Bodenstein C, Gosak M, Schuster S, Marhl M, Perc M. Modeling the seasonal adaptation of circadian clocks by changes in the network structure of the suprachiasmatic nucleus. PLoS Computational Biology. 2012;8(9):e1002697. 3. Brown TM, Piggins HD. Spatiotemporal heterogeneity in the electrical activity of suprachiasmatic nuclei neurons and their response to photoperiod. Journal of Biological Rhythms 2009;24: 44-54. 4. Campuzano A, Vilaplana J, Cambras T, Dıez-Noguera A. 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Gonçalves Taísa Adamowicz Fernando Mazilli Louzada Claudia Roberta de Castro Moreno John F. Araujo Periódico: Chronobiology International 57 Artigo 4: Um olhar sobre o uso das variáveis não-paramétricas em actimetria Bruno da Silva Brandão Gonçalves, Taísa Adamowicz, Fernando Mazilli Louzada, Claudia Roberta de Castro Moreno, John Fontenele Araujo Resumo A actimetria é uma técnica e o seu uso tem sido focado na avaliação do sono, porém os dados obtidos com este método refletem características do ritmo de atividade e repouso. Variáveis não paramétricas têm sido largamente utilizadas na análise desse ritmo em substituição a métodos de análises paramétricos como o COSINOR. Com essas variáveis é possível medir a estabilidade, fragmentação e amplitude do ritmo de atividade e repouso. Além disso, é possível quantificar a eficiência da vigília e do repouso de forma separada. Essas variáveis são utilizadas em estudos que analisam o efeito da idade, de doenças e de seus respectivos tratamentos na ritmicidade circadiana em humanos. Nesse estudo, fizemos uma análise dos principais resultados dos artigos publicados e elaboramos um modelo funcional de interação entre os diversos componentes envolvidos na geração do ritmo circadiano de atividade e repouso. As variáveis não paramétricas nos possibilitam inferir as principais características dos ritmos circadianos como sincronização a um zeitgeber, a amplitude e robustez. Palavras chave: circadiano, homeostático, modelo funcional, sono, fragmentação, sincronização, amplitude, atividade e repouso. 58 Introdução Nas últimas duas décadas a actimetria tem se destacado nas áreas de pesquisa do sono e na Medicina do sono. A proporção de pesquisas publicadas com actimetria em relação à polissonografia mudou de 1:10 para 1:4 em menos de vinte anos (SADEH, 2011). Além do uso na pesquisa sobre sono a actimetria é utilizada para registrar o ritmo de atividade e repouso. Existem basicamente dois tipos de variáveis para caracterizar esse ritmo: as baseadas em parâmetros de uma função conhecida, o cosseno e outras conhecidas como não paramétricas. O ajuste de uma função cosseno a um registro de atividade e repouso fornece parâmetros que são utilizados no estudo da ritmicidade circadiana. Os parâmetros determinados são o MESOR, a amplitude, a acrofase e significância de um período determinado, sendo o método conhecido como COSINOR(Nelson et.al.,1979). Como o ritmo de atividade e repouso não apresenta exatamente um comportamento de uma função senoidal, outras variáveis foram propostas (Witting et.al.,1990). Por não se relacionarem aos parâmetros obtidos pelo ajuste à função cosseno essas variáveis foram chamadas de não-paramétricas. São elas: variabilidade intradiária (IV), estabilidade interdiária (IS), menor atividade durante 5 horas seguidas (L5) e maior atividade durante 10 horas consecutivas (M10). Ao contrário do COSINOR, esta metodologia não supõe que o ritmo de atividade e repouso tenha um comportamento semelhante ao de uma onda senoidal. A variabilidade intradiária (IV) nos informa sobre a fragmentação de um ritmo. Seu cálculo é baseado na primeira derivada do dado de actimetria amostrado a cada hora (equação 1). A primeira derivada é formada por meio da diferença do elemento posterior (i) pelo anterior (i-1) do dado bruto. A partir da primeira derivada é calculada a média quadrática e o resultado é normalizado pela variância populacional do dado bruto amostrado a cada hora. 59 (1) A estabilidade interdiária (IS), que nos informa sobre a sincronização do ritmo ao ciclo claro-escuro, é calculada a partir do perfil médio de 24 horas (equação 2). N corresponde ao número total de dados, p é o número de dados por dia (nesse caso igual a 24), Xm é a média de todos os dados, Xh corresponde a cada hora do perfil médio e Xi representa cada dado horário do dado bruto. (2) Quando comparados aos parâmetros de uma função cosseno ajustada aos dados, os valores não paramétricos se mostram mais eficientes para identificar alterações no ritmo de atividade e repouso (Witting et.al.,1990,Van Someren et.al.,1996, ZorzonaMoreno et.al.,2011). Nesta revisão apresentaremos a utilização de variáveis nãoparamétricas utilizando três categorias de estudos: os que comparam pessoas de diferentes idades e pessoas com doenças neurodegenerativas comparadas a controle saudáveis (tabela 1); os que fazem associações entre as variáveis não-paramétricas com outras medidas , como a qualidade de vida (tabela 2); e os que analisam o efeito de intervenções na rotina dos indivíduos, tais como exposição a luz, atividade física etc (tabela 3). Intradaily variability (IV) Uma das principais deficiências do método de ajuste de uma função cossenoidal, denominado método COSINOR, é sua incapacidade de detectar a fragmentação do ritmo de atividade e repouso. Esta fragmentação é decorrente de alterações importantes 60 do ritmo de atividade e repouso, como a sonolência diurna e ou despertares noturnos. Alterações essas que são marcadores dos efeitos da idade e de doenças do sistema nervoso central no ciclo sono e vigília (Huang et.al.,2002). Durante a ontogenese, a consolidação do ritmo de atividade e repouso ocorre durante os primeiros meses de vida, com uma redução na fragmentação deste ritmo (Zorzona-Moreno et.al.,2011). Um estudo realizado com actimetria identificou menor variabilidade intradiária aos seis meses de idade quando comparada aos 15 dias de vida (Zorzona-Moreno et.al.,2011). Esta consolidação do ritmo de atividade e repouso é decorrente do amadurecimento do sistema de temporização circadiano (STC). A funcionalidade do STC depende da integridade de seus neurônios dos núcleos supra-quiasmáticos (NSQ) e de suas projeções para regiões hipotalâmicas. Tem sido demonstrado que em pessoas idosas, o número de neurônios nos NSQs é reduzido (Swaab et.al.,1985, Swaab et.al.,1994, Zhou et.al., 1995), o que provocaria uma redução no acoplamento entre os osciladores neurais e uma deficiência no processo de sincronização. Isto reduziria a coincidência das fases entre os osciladores neurais, reduzindo a força da indução da fase do sono ou da vigília. Com isso, alguns neurônios ativariam núcleos responsáveis pela vigília enquanto o organismo está preparado para o sono, gerando despertares noturnos. Huang e colaboradores estudaram sujeitos entre 20 anos e 92 anos e mostraram que os mais velhos apresentam valores de IV mais altos, ou seja , maior fragmentação do ritmo e uma pior eficiência no sono (Huang et.al.,2002). Além da degeneração neuronal que acontece durante o envelhecimento, os distúrbios no SNC, tal como o Alzheimer, podem acelerar esse processo em que há uma redução no número de neurônios nos NSQs e em outras regiões cerebrais (Swaab et.al.,1985, Zhou et.al., 1995). Isso deve influenciar diretamente na expressão do ritmo 61 de atividade e repouso nesse grupo. Witting e cols encontraram um maior valor de IV para os pacientes com Alzheimer em relação ao controle. Hatfield e cols dividiram os pacientes com Alzheimer em dois grupos, leve e moderado. Somente o grupo com Alzheimer moderado mostrou uma variabilidade intradiária maior do que o grupo controle (Hatfield et.al., 2004). Um ritmo fragmentado está relacionado à degeneração do sistema de temporização circadiano (STC) e isso deve influenciar a qualidade de vida do sujeito. Um exemplo disso são os achados de correlação negativa entre IV e parâmetros indicadores de saúde. Por exemplo, maiores valores de IV foram correlacionados com pior qualidade do sono (Bromundt et.al.,2011), menor amplitude do ciclo sono e vigília, (Witting et.al., 1990, Van Someren et.al., 1996), e pior desempenho cognitivo e motor, além de menor interação social (Oosterman et.al., 1995, Carvalho-Bos et.al., 2007). A variável IV também tem sido utilizada para avaliação de estratégias terapêuticas, como exposição à luz intensa e programa de exercício físico (Van Someren et.al., 1997a ,Van Someren et.al., 1997b). O efeito da terapia com luz intensa durante duas horas por dia na redução da fragmentação do ritmo de atividade e repouso, em pacientes com demência, foi detectado pela redução nos valores de IV (Van Someren et.al.,1997a). Já os valores de IV foram reduzidos após a prática de atividade física, durante três meses em idosos saudáveis, demonstrando uma redução na fragmentação do ritmo de atividade e repouso (Van Someren et.al., 1997b). Os autores sugerem que essa redução está relacionada principalmente ao efeito do exercício na estrutura do sono, e que a redução nos valores de IV representa uma maior consolidação do sono. Interdaily stability (IS) Valores elevados de IS indicam que o sujeito está bem sincronizado ao zeitgeber de 24 horas. Isso deve indicar um bom funcionamento dos componentes do STC ligados 62 à sincronização fótica e não fótica. Essa sincronização pode ser influenciada pela idade, distúrbios neuronais e no estilo de vida (Campbell et.al., 1988, Oosterman et.al., 2009, Huang et.al., 2002). Em relação à idade, a sincronização ao zeitgeber aumenta com o amadurecimento do sistema de temporização circadiano (Zorzona-Moreno et.al.,2011). Crianças com seis meses de idade apresentam um IS maior do que aquelas com 15 dias de vida (Zorzona-Moreno et.al.,2011). Quanto ao envelhecimento não foi possível encontrar essa diferença quando voluntários foram agrupados de acordo com sua idade (Huang et.al.,2002). Pacientes com transtorno bipolar têm seu ritmo atividade e repouso menos estável (<IS) e mais fragmentado (>IV) que os controles (Jones et.al.,2005). Outro transtorno mental avaliado – a doença de Parkinson – per si, não foi um fator suficiente para dessincronizar os pacientes. Entretanto, quando os pacientes foram divididos em dois grupos, com e sem alucinações, os autores observaram que o grupo controle apresentou maior IS do que os pacientes com alucinações (Whitehead et.al.,2008). Pacientes com síndrome de Asperger apresentaram menor sincronização (<IS) com o ambiente externo (Hare et.al.,2006). Os pesquisadores acreditam que fatores sociais podem estar relacionados a essa redução. A exposição à luz e a chegada dessa informação até os NSQs são responsáveis pela sincronização as pistas fóticas. Pacientes com Alzheimer se expõem menos à luz natural do que indivíduos controle (24). Além disso, há uma degeneração na retina e no nervo óptico desses pacientes (25,26). Van Someren e cols (1996) dividiram o grupo de pacientes com Alzheimer segundo o inicio da doença, antes (pré-senil) ou depois (senil) dos 65 anos e o local em que vivem, em casa ou institucionalizado (Van Someren et.al.,1996). Esse estudo mostrou que a sincronização ao claro/escuro natural é menor 63 nos pacientes senis institucionalizados. Hatfield e cols estudaram um grupo de pacientes vivendo em casa com cuidadores, subdividindo em doença de Alzheimer leve e moderada (Hatfield et.al.,2004). Comparando a um grupo controle, os pacientes com a doença moderada apresentaram um ritmo menos sincronizado, ou seja, com valores de IS mais baixos (Hatfield et.al.,2004). Em indivíduos cegos, as pistas sociais foram suficientes para que não se encontrasse diferença entre os grupos quanto a variável IS (Lazreg et.al.,2011). Um estudo realizado com enfermeiras que trabalhavam em turnos alternantes e outras em turno fixo diurno demonstrou um baixo nível de sincronização do ritmo de atividade e repouso ao ciclo claro e escuro nas enfermeiras que trabalham em turnos alternantes (Rea et.al.,2008). Para aquelas que trabalhavam somente durante o dia, a média de IS foi de 0.66 enquanto para o outro grupo a média foi muito menor, igual a 0.25. A estabilidade do ritmo medida por IS parece apresentar uma relação direta com medidas de qualidade de vida. Pacientes com maior índice de sincronização (IS) apresentam maior atividade diurna medida por M10 e menor atividade noturna medida por L5 (Witting et.al.,1990, Van Someren et.al.,1996). Mulheres idosas com demência e com maior índice de IS apresentam um menor comprometimento no funcionamento cognitivo (Carvalho-Boss et.al.,2007). Em um estudo com pacientes com esquizofrenia aqueles com maior IS apresentaram um menor índice de sonolência diurna (Bromundt et.al.,2011). Uma melhor sincronização pode ser alcançada com mudanças na rotina diária como o aumento na intensidade de luz durante o dia. O aumento na intensidade da luz eleva os valores de IS de pacientes com Alzheimer (Van Someren et.al.,1996). A 64 variável IS se mostrou mais eficiente do que o COSINOR em detectar o aumento na sincronização após o uso da luz de alta intensidade (Van Someren et.al.,1999). Como as séries temporais de registro do ritmo de atividade e repouso utilizando a actimetria apresentam durações diferentes nos diversos estudos publicados, avaliamos o efeito da duração do registro no cálculo de IS. Para isso, criamos uma função seno com período igual a 24.5 h e duração de 100 dias. O valor de IS foi calculado em fragmentos dessa função com duração que variou entre 1 e 100 dias (Figura 1). Para dois dias de duração o valor de IS foi igual a 0.9854, muito próximo do máximo (igual a 1). Com sete dias de duração o valor calculado foi de 0.7684, e para 14 dias foi de 0.2455. Isso nos mostra a sensibilidade dessa variável à duração do registro. Figura 1 – Comportamento de IS calculado para duas senoides de 24.5 e 25 horas com diferentes durações em dias. Há uma queda no valor de IS com o aumento do tamanho da série temporal. Para a senoide com período de 25 horas essa queda é mais acentuada do que na função seno com período igual a 24.5 h. Least active the 5-hour period or night-time activity (L5) Uma variável não-paramétrica para medida da fase de repouso é a soma da atividade durante as 5 horas consecutivas menos ativas (L5). Um valor baixo para L5 indica sono com poucos despertares e ritmo menos fragmentado. Como discutido anteriormente em relação à IV, a degeneração do sistema de temporização circadiano decorrente do envelhecimento pode aumentar os valores de L5 (Huang et.al.,2002). 65 Uma evidência disso é que existe uma correlação inversa entre L5 e a concentração de neurotensina no NSQ (Harper et.al.,2008). Pacientes com Alzheimer apresentam uma atividade noturna mais intensa do que no grupo controle (Harper et.al.,2004). Pacientes com Parkinson apresentam fragmentação de sono e aqueles que apresentam alucinações tem o valor de L5 maior do que aqueles que não apresentam (Whitehead et.al.,2008). A primeira descrição de L5 diz que: “L5 were computed by averaging the ... 5 lowest hourly means” e “L5 represents movement-activity during sleep plus nighttime arousals” (Witting et.al.,1990). Por não haver uma descrição explícita, acreditamos que esse valor foi calculado em todo o registro que nesse estudo foi de 3.75 a 7 dias. Nesse caso, se em um dos dias registrados o individuo estiver sob efeito de algum medicamento ou privado de sono, o valor de L5 pode ser mascarado. Por essa razão propomos que esse valor deva ser calculado para cada dia. Outros estudos calculam o valor de L5 no perfil médio (Van Someren 1997a,Huang et.al.,2002, van Uitert et.al.,2011), dessa forma quanto menor L5 mais regular é o repouso. Numa situação em que o sujeito tem um repouso eficiente, porém com episódios de sono irregulares (livre-curso por ex) o seu valor de L5 será alto. Assim propomos que L5 seja calculado de duas formas: para cada dia (L5m) e no perfil médio de 24 horas (L5pm). No primeiro caso, a informação será em relação à qualidade do repouso e no segundo quanto à regularidade desse repouso. Assim teremos duas novas variáveis distintas. Most active 10-hour period or daytime activity (M10) A redução na amplitude do ritmo de atividade e repouso pode se relacionar à redução na capacidade motora ou na dificuldade do STC em concentrar a atividade numa fase. Assim, espera-se que baixos valores de M10 estejam relacionados a uma dificuldade motora, redução da prática de exercícios ou à degeneração do STC. 66 O valor de M10 em pacientes com Alzheimer institucionalizados é menor do que o grupo controle e pacientes que residem em casa (Van Someren et.al.,1996). Pacientes em estágio terminal de Alzheimer com corpúsculos de Lewy têm uma atividade diária reduzida comparados com aqueles que não apresentam (Harper et.al.,2004). Pacientes em estágio pouco severo da doença não apresentam uma diferença nessa variável quando comparados ao grupo controle (Hatfield et.al.,2004). Porém, quando a doença é mais severa, há uma redução significante na atividade diária. Assim espera-se que valores elevados de M10 estejam relacionados com uma boa qualidade de vida. Análises de correlação e regressão indicam que há uma associação entre a amplitude do ritmo e a função cortical (Oosterman et.al.,2008,Carvalho-Boss et.al.,2007; ver tabela 2). A integridade do córtex frontal influencia o valor de M10 (Oosterman et.al.,2008). O desempenho em tarefas cognitivas, funcionais, comportamentais e estados emocionais é menor em pacientes com um ritmo de baixa amplitude (Carvalho-Boss et.al.,2007). A discussão feita para L5 quanto ao cálculo diário e ao perfil médio de 24 horas é válida para M10. Por essa razão também propomos que M10 seja calculado de duas formas: para cada dia (M10m) e no perfil médio de 24 horas (M10pm). No primeiro caso a informação será em relação à intensidade da atividade diária e no segundo à regularidade dessa atividade. Amplitude do ritmo Diferentes fórmulas são utilizadas para calcular a amplitude do ritmo a partir das variáveis M10 e L5. Segundo Witting e colaboradores utilizar a diferença entre M10 e L5 não acrescentaria mais informações do que o próprio valor de M10 (Witting et.al.,1990). Por essa razão, o grupo se limitou a utilizar o M10 como uma aproximação adequada da amplitude. 67 Em outro estudo, essa variável, chamada AMP, foi calculada como a diferença entre M10 e L5, porém ambas variáveis foram obtidas a partir do perfil médio de 24 horas (Van Someren et.al.,1997a,Huang et.al.,2002,Oosterman et.al.,2009). Nesse caso, o valor calculado de AMP não era normalizado, assim como M10 e L5. Devido a isso, outra variável foi criada, a amplitude relativa (RA). Esta foi calculada como a diferença de M10 e L5 dividida por M10+L5 (Carvalho-Boss et.al.,2007,Zorzona-Moreno et.al.,2011,Van Someren et.al., 1999,Ortiz-Tudela et.al.,2010). Nesse caso a RA foi calculada considerando o perfil médio de 24 horas. Outra forma utilizada para normalizar a amplitude é dividindo a diferença entre M10 e L5 pela média de cada dia (Anderson et.al.,2009). A amplitude relativa do ritmo, medida por RA, aumenta com a maturação do sistema nervoso central (Zorzona-Moreno et.al.,2011). Isso pode estar relacionado ao aumento das conexões entre os neurônios dos NSQs e a eficiência das sinapses para outras regiões hipotalâmicas. Em indivíduos idosos, a dificuldade locomotora reduz os índices de M10 e a menor eficiência no sono aumenta os valores de L5 (Huang et.al.,2002). Isso leva a uma redução nos valores da amplitude medidos pela variável AMP definida anteriormente. Esse índice não-paramétrico merece estudos mais detalhados devido a sua relação com a qualidade de vida do individuo. Carvalho-Bos et.al., mostrou que a AR se correlaciona inversamente com a dificuldade funcional, distúrbios do humor e perda de interações sociais (Carvalho-Boss et.al.,2007). Além disso, em um estudo que avaliou associações entre doenças cardiovasculares (CVD) e ritmo atividade e repouso foi verificado que os portadores de CVDs apresentaram valores de amplitude mais baixos que os indivíduos saudáveis (Paudel et.al., 2011). Indivíduos com valores elevados de 68 AMP apresentam melhor desempenho em testes de função cognitiva (Oosterman et.al.,2009). No presente estudo apresentamos basicamente duas formas de se calcular a amplitude do ritmo, uma normalizada e outra não. A vantagem da normalização é poder comparar resultados de diferentes modelos de actimetro. Por essa razão o que vamos discutir a seguir vale para AR. A discussão feita para L5 e M10 quanto ao cálculo diário ou no perfil médio de 24 horas vale também para AR. Por essa razão também propomos que AR seja calculado de duas formas: para cada dia (ARm) e no perfil médio de 24 horas (ARpm). No primeiro caso a informação será em relação à amplitude para cada dia e no segundo quanto à regularidade do ritmo. Em relação à regularidade IS já se propõe fazer esse tipo de análise, portanto teríamos uma informação redundante. Sugerimos que testes devem ser feitos para analisar a sensibilidade das variáveis em se medir a regularidade. O que as essas variáveis nos dizem? Valores elevados de IV são encontrados em idosos e em pacientes com doença de Alzheimer, sugerindo que o IV representa um aumento na fragmentação do ritmo (Huang et.al.,2002,Swab et.al.,1985,Zhou et.al.,1995), associado a uma degeneração do sistema de temporização circadiana que pode significar uma redução no número de neurônios no NSQ (Figura 2). Como consequência, esses indivíduos apresentam um sono pouco eficiente (Bromundt et.al.,2011) levando a uma redução no desempenho cognitivo (Oosterman et.al.,2009). Além disso, valores altos de IV estão associados a uma redução em M10 e menores valores de IS (Figura 3). 69 Figura 2 – Diagrama esquemático da relação do sistema de temporização circadiana do ritmo de atividade e repouso com as variáveis não-paramétricas. A sincronização com o mundo externo é medida por IS que está relacionada com as entradas no principal oscilador circadiano sincronizado pelo ciclo claro-escuro. A degeneração desse oscilador tem efeito principalmente na fragmentação do ritmo, medida por IV, e na amplitude de sua saída que controla os ritmos circadianos. Quando esse controle se perde há uma redução na atividade motora e uma fragmentação no ciclo sono e vigilia. Com isso há um aumento nos valores de L5, que registra a atividade durante o repouso. Por outro lado a redução na atividade motora e no controle do NSQ sobre o sistema motor ocasiona uma redução no valor de M10. 70 Figura 3 – Associações entre os dados não-paramétricos e dados comportamentais. Um ritmo bem sincronizado ao claro/escuro exterior se associa com bons resultados no humor, memória e aumento na amplitude do ritmo medido por M10. A fragmentação do ritmo calculado por IV está associada a uma redução na cognição, memória, eficiência do sono, sincronização ao claro/escuro externo e atividade motora. A estabilidade do ritmo medida por IS depende da exposição ao ciclo claro e escuro, da integridade do sistema retina/trato retinohipotalâmico, da presença de sincronizadores sociais e da prática de atividade física (Figura 2). Pacientes com Alzheimer apresentam valores baixos de IS, pois além de se exporem menos à luz natural, apresentam uma degeneração na retina e no nervo óptico (Campbell et.al.,1988,Hinton et.al.,1986,Guo et.al.,2010). O tratamento com luz artificial tem um efeito positivo no aumento da sincronização medida por IS (Van Someren et.al.,1997a). A redução de IS pode estar ligada à dificuldade na sincronização à pistas sociais como acontece com pacientes com Parkinson e síndrome de Asperger (Whitehead 71 et.al.,2008,Hare et.al.,2006). Existe uma associação entre a amplitude da atividade diária com IS (Witting et.al.,1990,Van Someren et.al.,1996). A variável L5 é uma medida da atividade noturna e também corresponde a capacidade de se manter um repouso consolidado. Um aumento no valor de L5 significa a presença de movimentos no período de repouso, indicando um sono fragmentado por despertares. No idoso e nas doenças neurodegenerativas, em que encontramos altos valores de L5, a dificuldade em manter um episódio de sono consolidado está relacionada a uma degeneração dos núcleos reguladores do ciclo sono e vigília, podendo também ter influência de alterações funcionais no STC (Figura 2). A intensidade da atividade durante a vigília é decorrente de vários fatores, entre eles a ativação cortical promovida pelo mesencéfalo (Sistema Ativador Reticular Ascendente) e também deve estar relacionada à capacidade do STC em concentrar a atividade motora numa fase, além da integridade do sistema motor (Figura 2). Indivíduos com Alzheimer, que apresentam uma redução no processo de ativação cortical e na funcionalidade do STC apresentaram menores valores para M10 (Witting et.al.,1990,Van Someren et.al.,1996,Hatfield et.al.,2004, Harper et.al.,2004). Já, idosos com acidente vascular encefálico que tiveram o cortéx motor comprometido apresentaram também baixos valores de M10 quando comparados ao grupo controle (dados não publicados). É sugerido que amplitudes mais baixas do ritmo atividade e repouso podem alertar para a presença de alguns transtornos mentais, tais como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e Síndrome de Asperger (Hare et.al.,2006,Van Veen et.al.,2010). Em doenças degenerativas, tais como Alzheimer e Parkinson os valores de AMP ou RA devem piorar com o agravamento da doença, achado que evidencia a perda da consolidação desse ritmo (Hatfield et.al.,2004,Whitehead et.al.,2008). Além disso, 72 Groups N Age (mean)./ Days in register Ref Location Comparision parece haver uma influência ambiental sobre a amplitude do ritmo de atividade e repouso, visto que pacientes com a mesma doença, internados em instituições diferentes, apresentaram valores diferentes de RA (Van Someren et.al.,1996,Song et.al.,2009). Em geral, os estudos mostram que quanto menos estável e mais fragmentado o ritmo atividade e repouso dos indivíduos, pior se encontra sua saúde. Com o intuito de recuperar a qualidade de vida dos pacientes, alguns estudos buscaram evidenciar efeitos de terapia com uso de luz intensa ou eletroestimulação transcutânea (TENS), e a atividade física, entretanto, até o momento poucos efeitos foram mostrados com essas estratégias (Van Someren et.al.,1997a,Van Someren et.al.,1997b, Scherder et.al.,1999,Sloane et.al.,2007). Portanto, faz-se necessário desenvolver mais estudos sobre outros tratamentos que possam auxiliar esses pacientes a ajustarem seu ritmo atividade e repouso, ainda que parcialmente. O uso de variáveis baseadas nos parâmetros do COSINOR não responde a algumas questões referentes ao ritmo de atividade e repouso, como por exemplo, a fragmentação. Com as variáveis não paramétricas é possível inferir as principais características dos ritmos circadianos: sincronização a um zeitgeber (IS), amplitude (M10,L5 e RA) e robustez ou fragmentação (IV). 73 Control (C) 8 72.8 / 3 Massachusetts Institute of Technology’s Clinical Research IS NS IV NS AD < C* M10 LBD < AD* Center Alzheimer Disease( AD) 23 71.5/ 3 E. N. Rogers Memorial Veterans L5 AD > C* RA NS IS NS Harper et.al.,2004 Harvard Cooperative Project on Aging and the Lewy body dementia (LBD) Young controls (YC) 9 68.7 / 3 E. N. Rogers Memorial Veterans Hospital in Bedford, MA 4m 29-55 / 2w 3.75 - 7 Netherlands Institute for Brain Research AD > OC * IV 2m 71-85 / 11w 3.75 - 7 NU > OC * AD < OC ** M10 SU < OC * 10 w 71-86 / AD Nonusers (NU) 5 3.75 – 7 L5 NS the Valerius Klinick in Amsterdam RA NC IS SI< all other groups * 7 72/ Controls (C) 11 m 3.75 – 7 74 1996 AD Sedative users (SU) Residing at [2] AD patients (AD) 2m Witting et.al.,1990 Old controls (OC) Friends and relatives of the young group Van Somere n et.al.,19 96 lzheimer disease (AD) Hospital in Bedford, MA Senile in instituition (SI) 8w 3.75 – 7 4m 78/ IV NS M10 SI< all other groups * 4w 3.75 – 7 3m 86/ L5 NS 13 w 3.75 – 7 RA NC IS MoAD < C * IV MoAD > C* M10 MoAD < C* L5 NS RA MoAD < C IS NS IV NS M10 NS L5 NS RA NC IS NS 10 m 71.8 / 9w 28 Control (C) MRC Cognition and Brain Sciences Unit 67.3/ Mild AD (MiAD) 13 Moderate AD (MoAD) 14 28 69.5/ 28 10 m 66.8/ 1w 28 12 m 63.9 / 1w 28 FTD FTD with anormal MRI (FTDA) 64.4/ 6 28 63.3/ 7 28 Age 9m Young (Y) 9w 24/ Ageassociate d Frontotemporal dementia (FTD) Controls (C) FTD with normal MRI (FTDN) Addenbrooke's Hospital Memory Clinic Hatfield et.al.,2004 (SH) 60/ 5 Elderly volunteers Addenbrookes Hospital memory clinic who fulfilled the National Institute of Neurological and Communicative Students of Anhui Medical University 75 Anderson et.al.,2009 Senile in home 2m Huang et.al.,200 2 Presenile in home (PH) OST > Y *** Middle-Age (MA) 7m 42 / 8w 5 Volunteers were residents in the city of Hefei IV OST > MA *** O > Y *** O > MA *** M10 10 m 68/ 10 w 5 Old (O) Hefei Retired House, P.R. China NC OST > Y ** OST > MA ** L5 O > Y ** O > MA ** 6m 83 / 6w 5 Oldest (OST) Hefei Retired House, P.R. China RA NC 6m>3m* 5m 15 days (15d) 0.0411/3 IS 6m>1m* 5w 6m<3m* 5m 1 month (1m) 0.0821/3 5w 5m 3 months (3m) 0.2465/3 5w Babies from maternity unit of the IV Virgen de la Arrixaca Universitary Hospital M10 6m<1m* 6m<15d* NS 6m>1m* 5m 6 months (6m) Zorzona-Moreno et.al.,2011 6m>15d* 6m>15d* 0.4931/3 RA 5w 3m>1m* Bipolar Disorder 46.89/ 5m IS C > BD * IV BD > C * Pennine 7 Control (C) 14 w Care NHS Trust 76 Jones et.al.,2005 3m>15d* Bipolar Disorder (BD) Control (C) 5m 44.37/ 14 w 7 29 70.90/ M10 NC L5 NC RA NS IS PDnH > PDH IV PD > C 50 23 PD patients with hallucinations (PDH) 27 Adults with Asperger Syndrome (AS) 71.82/ 7 Movement Disorder clinics in Northwest England 75.11/ M10 L5 PDnH < PDH RA PDnH > PDH IS C > AS** IV NS M10 NC L5 NC RA C > AS *** 7 18 10 30.8/ 7 46.89/7 Hare et.al.,2006 Neurotypical adults (C) 73.36/ 7 PD patients without hallucinations (PDnH) C > D* 12 m Patients of the Haukeland University Hospital, Sandviken 20 m Depression (D) IS 42.8 / 14 C < S* C < S+C** C > D* IV C > S* 3w C > S+C** 77 2010 38.2/14 20 w [33] Control (C) Berle et.al.,2010 Schizophrenia x Depression Asperger Syndrome Parkinson Parkinson’s Disease (PD) Whitehead et.al.,2008 7 13 m NC 46.7 /14 10 w Schizophrenia treated with clozapine (S+C) NC 43.3 L5 Schizophrenia NS Institution A 48.9 4w (For profit) 85.6/ 4-7 RA institutionalized IS A<B older adults with IV NS dementia Dementia Institution B 6w (Not for profit) ADHD-noSOI 26 boys 8.2 / 7 7 girls ADHD + SOI (children) ADHD-SOI 8.8 / 7 21 girls Control (C) ADHD + SOI 66 boys 12 m 12 w 29.1 / 7 children by seven Community Mental Health Institutions, three pediatric departments of non-academic hospitals and children who were recruited through advertisements in magazines in Program Adult M10 NS L5 A>B RA A<B IS NS IV NS M10 NC L5 NS RA NC IS C < AnS** ADHD patients, Netherlands AS < AnS*** IV 78 C < ADHD* Song et.al.,2009 treated with other antipsychotics (S+OA) Van der Heijden et.al.,2005 (S) M10 Van Veen et.al.,2010 Schizophrenia ADHD-noSOI 4 m (AnS) 5w 30.0 / 7 ADHD-SOI (AS) 28.2 / 7 17 m M10 NC L5 NC AMP C > ADHD*** 14 w C > AS*** AS < AnS** Tabela 1 – Estudos que utilizam as variáveis não paramétricas da actimetria para comparar diferentes grupos. m=man, w=woman, (*) p < =0,05, (**) p <= 0,01 e (***) p<= 0,001. 79 Ref Age IS IV Age: 29-86 Young and old controls and old patients with Alzheimer Group of 34 patients with Alzheimer's disease, including presenile and senile patients living at home or in a nursing home, as well as in 11 healthy controls. - IV *** Pearson´s correlations + M10 *** - M10 *** - L5 ** + M10 *** Backward stepwise regression Pearson productmoment correlation procedure + Senile onset * - M10 *** + MMSE ** + light exposure * - Sleep efficiency *** L5 RA Huang et.al.,2002 N: 31 M10 Witting et.al.,1990 Methods Van Someren et.al., 1996 Groups characteristics - Amplitude *** + Nighttime activity *** 80 + PSQI* Age: 28-56 N: 14 Pearson´s correlations - Fragmentation index* +Mean nap time ** - PSQI* - PSQI** -Mean nap time ** Bromundt et.al.,2011 + Sleep efficiency* IQ of 98.9 ± 13.4 MMSE of 27.9 ± 1.6. Pearson´s correlations 7 days of actigraphy recording -Mental speed *** +Mental speed ** -Memory *** +Memory * -Executive function *** +Executive function *** Male patients (n = 19) residing at the E. N. Rogers Memorial (ENRM) Veterans Administration (VA) - Vasopressin*** Pearson´s correlations 81 Neurotensin * + Neurotensin *** Harper et.al., 2008 N: 144 Oosterman et.al.,2009 Age: 69.5 ± 8.5 Eighty-seven women aged 85.5 ± 5.9 years (mean± standard deviation) were studied while living in assisted care facilities at 12 different homes for the elderly in The Netherlands Pearson´s correlations and Multiple regression analysis - Frontal DWMH* (frontal DWMH was the sole predictor of IS)* (Age entered as a significant predictor of IV)* - Frontal DWMH** (frontal DWMH predicted M10)** (frontal DWMH was the only significant predictor of AMP)* + MMSE* Pearson´s correlations + UPDRS-IV* + Age* - UPDRS-III* - UPDRS 21* + MMSE * + FAST* - FAST*** Pearson´s correlations +NI-ADL** - FAST*** - FAST*** - NIADL*** - NIADL*** - NI-ADL*** - FAST* - CSDD* + CSDD* - CSDD*** - CSDD*** - CSDD*** - MOSES** + MOSES* - MOSES*** MOSES*** MOSES*** Tabela 2 – Métodos que correlacionam variáveis não paramétricas com outras variáveis obtidas nos respectivos estudos. (*) p < =0,05, (**) p <= 0,01 e (***) p<= 0,001 82 Whitehead et.al.,2008 Control participants were 31 healthy older adults and 77 patients diagnosed with idiopathic PD -Occiptal PVH* Carvalho-Boos et.al.,2007 Participants were recruited in cooperation with the Sint Lucas Andreas Hospital in Amsterdam. N=135. A minimum of 5 days of actigraphy recording Oosterman et.al., 2008 -Occiptal PVH* Groups Patients description Age (mean) / N / Treatment duration (days)/ description Ref Comparison Bright Light treatment Treatment (T) Patients with dementia clinically diagnosed as probable Alzheimer's disease, multi-infarct dementia, dementia associated with alcoholism, or normal pressure hydrocephalus. 4 / light intensity was 1136+89 lux IS T > B1 ** IV T < B1 ** M10 NC L5 NC RA NC IS NS IV NS 79/22/5 2 hours/day Baseline 2 (B2) Light morning LM (7–11 a.m.) Light evening LE (4–8 p.m.) Older adults with dementia. Participants were recruited from two sites: two units (22 beds) in a North Carolina (NC) psychiatric facility and Not calculated/ 66 / 7 83 21 / Three intervention lighting patterns were studied: morning (7–11 a.m.), evening (4–8 p.m.) and all-day (7 a.m. to 8 p.m.). Light intensity was Sloane et.al.,2007 Baseline 1 (B1) Van Someren et.al.,1997 Days in register Treatment (T) Pre Patients who met the NINCDS– ADRDA criteria for probable AD, and the stage 6 criteria of the Global Deterioration Scale 81.7 /8/ /4 Healthy elderly males were admitted to a fitness training program Post 73 / 10 / 14 Follow-up 84 Experimental group were treated with an electrostimulator generating electrical impulses in bursts of trains [9–11] on two electrodes placed on patient’s back between Th1 and Th5 Supervised indoor aerobic activities such as running, jogging, and ball games for 3 months (from the end of March to the beginning of June), three times 1.5 h a week, at around noon. M10 NS L5 NS RA NS IS T > PB ** IV NS M10 NC L5 NC RA NS IS NS IV Pre>Pos RA NS Scherder et.al.,1999 TENS Pooled Baseline (PB) 2495+179 lux in NC and 2641+ 259 in OR Van Someren et.al.,1997b Light all-day LAD (7 a.m. to 8 p.m.) a self-contained, 24-bed unit in a dementia-specific residential care facility in Oregon (OR). Week 1 (w1) Week 2 (w2) Seventeen patients (13 f, 4 m) with the fall-winter type of SAD and 17 sex- and age-matched healthy subjects IS IV Seasonal Affective Week 3 (w3) WINKLER et.al.,2005 Control (C) Week 4 (w4) Seasonal Affective 36.9/34/28 28 / 10,000lux for 1.5h between 7:00am-9:00am M10 L5 Disorder (SAD) Week 1 (w1) Week 2 (w2) RA SAD (w1) < C (w1) Disorder Week 3 (w3) Week 4 (w4) Tabela 3 – Estudos que utilizam intervenções para alterar a ritmicidade circadiana. p < =0,05, (**) p <= 0,01 e (***) p<= 0,001 85 86 Referências 1. Anderson KN, Hatfield C, Kipps C, Hastings M, Hodges JR. Disrupted sleep and circadian patterns in frontotemporal dementia. 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Chronobiol Int. 2011;28(4):3307. 90 Artigo 5 - Nonparametric Methods in Actigraphy: An Update. Bruno da Silva Brandão Gonçalves 1,3,4 , Paula R. A. Cavalcanti 2, Gracilene R. Tavares 2, Tania F. Campos 2 & John F. Araujo 1,2,3 1. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, UFRN. Natal,RN,Brazil 2. Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, UFRN. Natal,RN,Brazil 3. Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica, UFRN. Natal,RN,Brazil Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena. 4. Barbacena,MG,Brazil Correspondence adress: P.o.Box 1506, Natal, RN, Brazil, 59078970 – [email protected] Periódico ao qual será submetido: Plos One. Resumo A ritmicidade circadiana em humanos pode ser estudada por meio da actimetria e este tipo de registro está em constante atualização. A metodologia de análise dos dados actigráficos deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico e novas variáveis podem ser desenvolvidas. Nosso objetivo foi estudar o comportamento de duas variáveis utilizadas para descrever dados de actimetria e propor uma atualização na forma de calcular a fragmentação do ritmo de atividade e repouso. Para isso utilizamos dados simulados e registros de actimetria em humanos, ratos e saguis utilizando três sistemas de registro diferentes. Nossos resultados mostraram que o cálculo da sincronização depende do tamanho da amostra e que a forma proposta de calcular a fragmentação do ritmo se mostrou mais sensível do que aquela tradicional. Assim 91 propomos uma atualização no modo de calcular a fragmentação do ritmo com mais duas variáveis que podem ser utilizadas. Palavras chaves: actimetria, fragmentação, sincronização, amplitude, atividade e repouso. Introdução O ritmo de atividade e repouso em humanos é comumente estudado por meio da actimetria. O ajuste de uma função cosseno aos dados actigráficos fornece parâmetros que são utilizados no estudo da ritmicidade circadiana. Esses parâmetros descrevem a amplitude, mesor, acrofase e período do ritmo. Entretanto, o ritmo de atividade e repouso não apresenta exatamente um comportamento de uma função cossenoidal, dessa forma outras variáveis têm sido estudadas e novas metodologias têm sido desenvolvidas. Como essas variáveis não são associadas a parâmetros de uma função conhecida, elas são chamadas não-paramétricas. Em 1990 tais variáveis não-paramétricas foram propostas pela primeira vez por Witting e colaboradores que estudavam o efeito da idade e da doença de Alzheimer no ritmo de atividade e repouso (Witting et.al.,1990). Estas variáveis mensuram as principais características do ritmo circadiano de atividade e repouso: a fragmentação do ritmo (IV), a sincronização ao ciclo claro-escuro de 24 horas (IS), o valor das 5 horas de menor atividade, ou atividade noturna (L5) e as 10 horas de maior atividade, ou atividade diurna (M10). Desde a criação dessas variáveis não-paramétricas, a fragmentação e sincronização do ritmo são medidos pelo IV e IS, respectivamente. O IV quantifica a 92 freqüência de transições entre atividade e repouso a cada hora (Witting et.al.,1990, Van Someren et.al.,1996, Van Someren et.al.,1999). Altos valores de IV indicam ocorrências de episódios de sonos diurnos e/ou despertares noturnos. Já o IS quantifica a sincronização do ritmo ao zeitgeiber de 24 horas. Em diversos distúrbios do sono ocorre uma incapacidade de manter um episódio de sono ou vigília estável, que é observado por sua fragmentação. Por isso, trabalhos têm mostrado que a medida do IV é uma excelente variável que serve como marcador destas alterações no ciclo sono-vigília. Por meio desta medida observou-se que sujeitos mais idosos apresentam valores elevados de IV, ou seja, um ritmo de atividade e repouso mais fragmentado (Huang et.al.,2002). Também foi encontrado que em pacientes com Alzheimer o valor de IV é maior do que o grupo controle (Witting et.al.,1990,Hatfield et.al.,2004).O envelhecimento e a doença de Alzheimer são fatores que contribuem para a degeneração do núcleo supraquiasmático (Swaab et.al.,1985,Zhou et.al.,1995) o que deve explicar a fragmentação do ritmo. Além disso, foi demonstrado que valores elevados de IV, que significam um ritmo fragmentado, estão associados a uma pior qualidade do sono (Bromundt et.al.,2011), a déficits cognitivos (Oosterman et.al.,2009) e a uma amplitude reduzida do ritmo (Witting et.al.,1990,Van Someren et.al.,1996). Altos valores de IS indicam que o sujeito está bem sincronizado ao zeitgeber de 24 horas. Isso deve indicar um bom funcionamento dos componentes do sistema de temporização circadiano (STC) ligados às sincronizações fóticas e não fóticas. Essa sincronização pode ser influenciada pela idade, distúrbios neuronais e estilo de vida. Em relação à idade, a sincronização ao zeitgeber aumenta com o amadurecimento do STC (Zorzona-Moreno et.al.,2011). A estabilidade do ritmo medida por IS apresenta uma relação direta com medidas de qualidade de vida. Estudos mostram que IS se relaciona 93 diretamente com a amplitude do ritmo e exposição à luz (Witting et.al.,1990,Van Someren et.al.,1996), pontuação no Mini Mental State Examination (Carvalho-Boss et.al.,2007) e a qualidade do sono (Bromundt et.al.,2011). Um ritmo bem sincronizado está associado à menor fragmentação, menor atividade noturna e menores índices que medem disfunções cognitiva, comportamental e emocional (Witting et.al.,1990,Carvalho-Boss et.al.,2007). Uma melhor sincronização pode ser alcançada com mudanças na rotina diária. Nos trabalhos supracitados o método de cálculo da fragmentação e estabilidade do ritmo utiliza intervalos de uma hora. Entretanto, novos modelos de actímetros vem sendo desenvolvidos e, com o aumento na capacidade de armazenagem destes instrumentos, a limitação da taxa de amostragem foi superada, de forma que os atuais actímetros registram dados a cada minuto ou segundo, podendo calcular a fragmentação do ritmo em intervalos diferentes de uma hora. Por esta razão, propomos uma nova forma de quantificar a fragmentação e sincronização do ritmo de atividade e repouso a partir do comportamento das variáveis IV e IS em intervalos de amostragem de 1 a 60 minutos, estudando séries temporais simuladas com comportamento conhecido e registros de atividade e repouso de humanos e animais experimentais utilizando três diferentes equipamentos. Metodologia No presente trabalho utilizamos séries temporais criadas artificialmente, com comportamento conhecido, e dados obtidos experimentalmente. Os dados simulados foram utilizados para verificar o comportamento e a robustez da nova metodologia. Os registros de atividade e repouso experimentais foram obtidos utilizando três diferentes equipamentos e em modelos humanos e animais. 94 Séries simuladas Utilizamos dois tipos de séries temporais: valores aleatórios com distribuição normal, média igual a 1 e diferentes variâncias; uma senoide com amplitude igual a 1 e cujos valores negativos foram substituído por zeros. A duração dessas séries foi de 60 ciclos de 1440 minutos, simulando assim 60 dias com uma taxa de amostragem de 1 minuto. A partir desses dois tipos de séries temporais foram criados três conjuntos utilizados em nossas análises. O primeiro foi composto de uma senóide com período igual a 1440 minutos multiplicada por um ruído com diferentes variâncias. O segundo foi semelhante ao primeiro porém a média do ruído variou a cada 30 minutos com uma variação 0.05. O terceiro conjunto foi formado por senoides com período de 480, 1440, 1470 e 1500 minutos. Dados experimentais Nossos dados foram obtidos por três sistemas diferentes: (i) um actímetro Actiwatch®-16, da Mini Mitter que registrou a variação na aceleração nos três eixos numa frequencia de 32 Hz e armazenou o valor acumulado a cada minuto, (ii) um actímetro Tempatilumi, da CE eletrônica que registrou a variação na aceleração que ocorria a cada minuto, (iii) sensores de movimento infravermelho que registrava a atividade locomotora e armazenava o total de movimentos a cada 5 minutos. Os três sistemas foram utilizados para verificar o comportamento das variáveis IV e IS com o método proposto para análise nos dados obtidos por equipamentos diferentes. Além disso, utilizamos dois modelos animais distintos, o rato e o sagui sendo o primeiro um animal noturno e polifásico e o segundo um animal diurno e bifásico. 95 O Actiwatch foi utilizado para registrar a atividade locomotora em dois grupos: (i) 24 idosos saudáveis e (ii) 52 idosos com Acidente Vascular Encefálico (55-75 anos). Com o Tempatilumi registramos a atividade motora de 26 idosos diagnosticados com Doença de Parkinson (42-76 anos) e 24 jovens saudáveis (18-23 anos). A atividade motora de seis ratos e oito saguis foi registrada utilizando o sistema de sensores enquanto eles permaneciam em gaiolas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e conduzido de acordo com os critérios estabelecidos pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Análise dos dados Dos dados experimentais de actimetria foram calculadas quatro variáveis nãoparamétricas: IS, IV, M10 e L5 (Witting et.al.,1990). Em nosso trabalho modificamos a forma de calcular o IV e o IS. A fragmentação (IV) foi calculada como a razão da média quadrática da primeira derivada do dado e sua variância populacional (Equação 1). O IV foi calculado para intervalos reamostrados entre 1 e 60 minutos. O IV calculado tradicionalmente a cada hora foi chamado de IV60. A partir do perfil de IV calculamos dois parâmetros de interesse: (i) média dos IV para cada intervalo de amostragem (IVm); (ii) IV para intervalo igual a 60 minutos (IV60). A normalização existente no calculo de IV pode tornar esse índice insensível a grandes variações na amplitude dos dados. Para comprovar isso utilizamos as duas séries temporais formadas por ruídos simples, com variância igual a 0.05 e 0.5. Calculamos o IS de duas maneiras, a tradicional com os dados amostrados em 60 minutos (IS60) e a média de IS para os intervalos de amostragens divisores de 1440 96 compreendidos entre 1 e 60 minutos (ISm). Os intervalos foram: 1,2,3,4,5,6,8,9,10,12,15,16,18,20, 24,30,32,36,40, 45,48 e 60 min. Nós utilizamos dados simulados de diversos tamanhos para verificar o comportamento da variável IS. A análise foi realizada em duas funções seno, uma com período igual a 1470 e outra com 1500 minutos. E nesses dados calculamos o IS simulando diferentes tamanhos de registros. Resultados Dados simulados A primeira análise foi realizada utilizando dois grupos de dados randômicos com distribuição normal. Ambos os grupos tinham média igual 1 porém o primeiro com variância igual a 0.05 e o outro igual a 0.5. O cálculo do IV (figura 1.A) mostrou uma independência da amplitude do ruído e da taxa de amostragem, pois em nenhuma amostragem houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (n=100). Para cada grupo de série temporal simulada foi calculado o IV, ou seja para a função senóide pura retificada, senóide com o ruído simples e a senóide com o ruído composto (Figura 1.B). Para todos os intervalos de IV calculados, a série temporal com ruído composto mostrou os maiores valores, enquanto que a série com a senóide pura mostrou os menores valores de IV. Uma elevação em 30 minutos foi observada no perfil de IV do ruído composto. Para avaliarmos o efeito do ruído nos valores de IV, alteramos o valor da variância de 0 a 2 do ruído modulado pela senóide e calculamos IVm e IVerro. Ao 97 aumentarmos o valor da variância do ruído, também aumentamos o valor do IVmédio e do IVerro (Figura 1C). Inserir Figura 1 As variáveis não paramétricas também foram calculadas para as funções seno de diferentes período, igual a 8, 24 e 24.5 h (tabela 1). O perfil de IV para sin 24 e sin 24,5 apresentaram uma similaridade e diferiram do perfil para o sin8 (figura 2.A). Para avaliação da estabilidade do ritmo de atividade e repouso, o calculo da variável IS60 e ISm foi feito para séries de mesma amplitude, mas com diferentes períodos e diferentes durações. Os valores de IS60 e ISm foi igual a 1 para sin8 e sin24 enquanto as outras variáveis tiveram valores diferentes, e isto é explicado porque 8 h é multiplo de 24h. As funções sin24 e sin24.5 tiveram valores de IS diferentes, embora as outras variáveis tiveram valores próximos. Além disso, o valor de IS60 para sin24.5, sin de 25 reduziu com o aumento do trecho analisado, sugerindo que o valor de IS60 depende do tamanho da série temporal analisada (figura 2.B) Inserir Figura 2 Inserir Tabela 1 Dados experimentais Os resultados com o Actiwatch mostram que os pacientes com Acidente Vascular Encefálico (AVE) apresentam uma atividade reduzida quando comparada ao grupo controle (tabela 2). Analisando o IVm encontramos que o ritmo dos pacientes é mais fragmentado. Quando utilizamos o IV60 não encontramos diferença significativa entre os grupos (teste T de Student). O perfil de IV foi calculado para o grupo controle e pacientes com AVE (Figura 3 A). Em todos os intervalos, a média de IV foi maior para 98 o grupo paciente. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para diferentes intervalos (teste T de Student) (Figura 3 B). Inserir Figura 3 Inserir Tabela 2 Quando analisamos os dados do Tempatilumi verificamos que os idosos com Parkinson apresentam uma atividade reduzida quando comparados aos jovens (tabela 3). O ritmo dos idosos foi mais fragmentado quando analisamos as variáveis IVm, IVerror e IV60. Quanto à sincronização encontramos uma tendência (p=0.0583) entre os grupos, sendo os jovens mais sincronizados ao zeitgeiber de 24 h. O perfil de IV foi calculado para os grupos (Figura 4A). Em todos os intervalos, a média de IV foi maior para o grupo paciente. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para diferentes intervalos (Figura 4 B). Inserir Tabela 3 Inserir Figura 4 Ao analisar os dados dos animais com o sistema de sensores infravermelho encontramos que o ritmo dos ratos se mostra mais fragmentado somente nos intervalos 15, 20, 25 , 30 e 35 (figura 5A). Os ratos apresentaram valores maiores para M10 e L5 quando comparados aos saguis. Inserir Tabela 4 Inserir Figura 5 Discussão 99 O principal achado desse trabalho foi tornar as variáveis não-paramétricas mais eficientes na detecção da fragmentação e sincronização do ciclo sono-vigília. A análise nos dados simulados mostrou a capacidade dessa metodologia em detectar fragmentação em intervalos conhecidos. Além disso, o cálculo da estabilidade interdiária utilizando outras reamostragens torna essa metodologia mais sensível. Quanto ao tamanho da série temporal, nós mostramos que é preciso ter cuidado ao se utilizar o índice de estabilidade interdiária. A proposta clássica para o cálculo do IV com amostragem de 60 minutos não permitiu detectar a fragmentação do ritmo nos pacientes com AVC. Por meio da nossa nova proposta de cálculo mostramos que o ritmo desses pacientes são mais fragmentados do que o grupo controle, quando utilizamos outras taxas de amostragem. Como em outros trabalhos (Van Someren et.al.,1996), o uso da variável IV60 não foi eficiente para detectar diferenças na fragmentação do sono nos dois grupos. Ao utilizarmos somente o IV calculado para 60 minutos perdemos a sensibilidade para determinarmos a fragmentação do ritmo. O método aqui apresentado se mostra mais sensível quando a análise é feita em todo o perfil. Além disso, com o cálculo de IVm e IVerro observamos diferenças estatísticas significativas entre os grupos, com p-value de IV60 aproximadamente 14 vezes maior do que o calculado para IVm e IVerro. Essa maior sensibilidade deve encorajar a utilização desses novos parâmetros. Além disso, não existem relatos mostrando que o IV calculado em dados amostrados a cada hora seja a melhor forma de se identificar fragmentação no ritmo. O perfil de IV nos dados obtidos pelo Tempatilumi mostrou uma maior fragmentação nos intervalos de amostragem de 1-8 minutos. Esse padrão é semelhante ao que acontece com o perfil do ruído+sin24. Provavelmente isso acontece devido a metodologia de registro desse equipamento. O Tempatilumi mede a aceleração nos três 100 eixos num instante e um minuto depois repete o procedimento e registra a variação da aceleração. Assim os movimentos que acontecem entre uma medição e outra são ignorados. Isso deve criar um tipo de ruído que é modulado pelo ritmo circadiano, como o dado simulado. No caso dos registros com os animais a fragmentação calculada hora a hora não mostrou uma diferença significante entre o ritmo de ratos e saguis. Nem as novas variáveis IVm não identificaram uma diferença significante na fragmentação, somente uma tendência (ambos com p-value igual a 0.0628). Porém para os intervalos de amostragem de 15 a 35 a fragmentação no ritmo dos ratos foi maior do que nos saguis. Isto talvez seja explicado pela alternância entre as fases de sono do rato, que ocorrem com períodos de 15 a 35 minutos (Araujo et.al.,1996a, ,Araujo et.al.,1996b). A análise feita com dados simulados nos mostrou a robustez do método proposto. Os ruídos, mesmo com amplitudes diferentes, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. A análise do ruído composto nos mostrou ser possível identificar um pico diferenciado no intervalo conhecido de 30 minutos. A senóide pura apresentou os menores valores de IV. Ao aumentarmos a amplitude do ruído modulado pela senóide houve um acréscimo em IV. Assim como Van Someren et. al. encontramos valores de IV próximos a dois para os dados randômicos (Van Someren et.al.,1996). A robustez do método foi mostrada com as análises feitas nos dados simulados. Os dados randômicos com amplitudes diferentes apresentaram alto IV em todos os intervalos e sem diferença estatística. Isso pode ser explicado pela equação de IV onde o denominador é composto pela variância da população do dado. 101 A senóide pura mostrou o menor IV, pois a variação entre as medidas foi pequena. Ortiz-Tudela et. al. também encontraram IV60 próximo a zero para a onda senoidal (Ortiz-Tudela et.al.,2010). Os valores de IV crescem à medida que aumentamos o ruído multiplicado à senóide. Ortiz-Tudela et. al. calcularam IV igual a zero para a onda senoidal que aumenta com a inserção de um ruído (Ortiz-Tudela et.al.,2010). Nosso estudo sobre a variável que calcula a sincronização ao ciclo CE de 24 h mostrou que o valor de IS depende do tamanho da amostra. Em dados simulados encontramos que essa dependência é maior a medida que o período em livre curso é mais próximo de 1440 minutos. Esse achado vale para os dados simulados e experimentais. O IS é calculado dividindo o dado em partes com duração de 1440 minutos (período do ciclo CE externo) e por essa razão utilizamos os valores divisores de 1440 para o cálculo do IS médio. Nossos dados mostraram que em todos os estudos o valor do ISm é mais sensível podendo até mostrar uma diferença significante que o IS60 não mostrava. Propomos aqui utilizar uma ferramenta mais sensível e que pode trazer mais informações sobre o ritmo da atividade e repouso em humanos. Nos dados experimentais do grupo com AVE não encontramos diferenças significantes quando utilizamos o IV60, assim como muitos trabalhos não conseguiram responder suas perguntas utilizando esse mesmo parâmetro. Com essa nova ferramenta é possível identificar de forma mais sensível a fragmentação e sincronização do ritmo circadiano. No presente trabalho utilizamos séries temporais criadas artificialmente, com comportamento conhecido, e dados obtidos experimentalmente. Os dados simulados nos permitiram verificar o comportamento e a robustez da nova metodologia. Os registros 102 de atividade e repouso experimentais foram obtidos utilizando três diferentes equipamentos e em diferentes modelos humanos e animais. Isso nos permitiu verificar a universalidade e limitações dessa metodologia nos diferentes equipamentos utilizados. Nossos resultados nos levaram a propor novas variáveis, tais como: média dos IV para cada intervalo de amostragem (Ivm) e a média de IS para os intervalos de amostragens divisores de 1440 compreendidos entre 1 e 60 minutos (ISm). E isso pode representar mais um método para detectar alterações no ritmo circadiano Referências 1. Araujo J F, Marques N. (1996a) Circadian And Ultradian Rhythms Of Drinking Behavior Of Albino Rats Maintained In Constant Darkness. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. 29: 1369-1372. 2. Araujo JF, Marques N. (1996b) Ultradian Rhythms In Albino Rats During The Light Phase. 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Legendas das figuras Figura 1 – Cálculo da fragmentação de dados simulados: (A) Perfil do IV calculado para dados distribuidos randomicamente com variâncias iguais a 0.05 e 0.5; (B) IV calcuado para três tipos de sinais simulados, senoide pura, senoide com ruído simples e senoide mais ruído composto; (C) Análise do comportamento dos parâmetros IVerro e IVm para diferentes intensidades de ruídos modulados por uma senoide e (D) Perfil médio de IV calculado para um grupo de idosos com AVC e outro grupo controle. Figura 2 – Cálculo da fragmentação e da estabilidade do ritmo em senoides com diferentes períodos de dados simulados: (A) Perfil do IV calculado para as três senoides com período de 8,24 e 24.5 h; (B) Comportamento de IS para duas senoides de 24.5 e 25h com diferentes durações em dias. Figura 3 – (A) Cálculo do perfil de IV dos dados do grupo controle e de pacientes com AVC. (B) Nível da diferença estatitisca entre os grupos controle. Para cada reamostragem foram calculados os valores de IV dos dois grupos e através do teste T bicaudal foi obtido o valor de P. 105 Figura 4 – (A) Cálculo do perfil de IV dos dados de jovens e idosos com Parkinson. (B) Nível da diferença estatitisca entre os grupos. Para cada reamostragem foram calculados os valores de IV dos dois grupos e através do teste T bicaudal foi obtido o valor de p. Figura 5 – (A) Cálculo do perfil de IV de ratos e saguis. (B) Nível da diferença estatística entre os grupos. Para cada reamostragem foram calculados os valores de IV dos dois grupos e através do teste T bicaudal foi obtido o valor de p. A B 106 107 Tabelas Tabela 1 – Valores das variáveis não-paramétricas para as três senóides com período igual a 24, 24.5 e 8 h. Variável T = 24 T=24.5 T=8 IS60 1 0.5517 1 ISm 1 0.5518 1 IV60 0.0680 0.0658 0.5835 IVm 0.0233 0.0225 0.2033 M10 1043.8 1049.7 709.6933 L5 21.2004 20.361 160.3758 Tabela 2 – Valores das variáveis não-paramétricas para o grupo controle e pacientes com AVC Control AVE p-value IS60 0.6381(0.0907) 0.6182(0.1442) 0.5361 ISm 0.5267(0.0822) 0.4940(0.1142) 0.2119 IV60 0.8162 (0.2090) 0.9190(0.2649) 0.0983 IVm 0.6648(0.1626) 0.7834(0.1769) 0.0068 * M10 3.438e5 (1.098e5) 2.466e5(1.203e5) 4.0341e-13 * 108 L5 10805(7769) 10564(833.06) 0.7894 Tabela 3 – Valores das variáveis não-paramétricas para o grupo Jovem e Idosos com Parkinson Jovem Idoso+Parkinson p-value IS60 0.5498(0.1287) 0.4871 (0.1053) 0.0647 ISm 0.4254(0.1028) 0.3688(0.0812) 0.0349 IV60 0.6069 (0.6069) 0.7336(0.0435) <0.0001 IVm 0.5970(0.0683) 0.7182(0.0288) <0.0001 M10 76148(7015) 68800 (1011) <0.0001 L5 5781(883.67) 5936 (688.92) 0.4891 Tabela 4 – Valores das variáveis não-paramétricas para ratos e saguis Sagui Rato p-value IS60 0.6111(0.1529) 0.4455(0.1435) 0.0781 ISm 0.5067(0.1436) 0.3529(0.1061) 0.0643 IV60 0.8571(0.3275) 0.9834(0.3259) 0.5121 IVm 0.6951(0.2052) 0.9198(0.1613) 0.0628 109 IVerror 0.6694(0.2052) 0.8941(0.1613) 0.0628 M10 5041(1737.4) 12132(5463.2) <0.01 L5 0.6656(0.8381) 823.433(529.5) <0.01 110 Contribuição dos autores: Bruno S. B. Gonçalves: Desenvolvimento da metodologia, análise dos dados e escrita do artigo. Paula R. A. Cavalcanti: Análise e coleta dos dados e escrita do artigo. Gracilene R. Tavares: Análise e coleta dos dados e escrita do artigo. Tania F Campos: Análise e coleta dos dados e escrita do artigo. John F. Araujo: Análise e coleta dos dados e escrita do artigo. 111 DISCUSSÃO GERAL Neste trabalho foi possível apresentar dois modelos computacionais e a utilização de um deles para explicar resultados experimentais do nosso laboratório. Além disso, foi apresentada uma revisão sobre a utilização das variáveis nãoparamétricas na análise de dados de actimetria e por último uma atualização na forma de calcular essas variáveis. O primeiro modelo computacional publicado na revista “Sleep Science” (Gonçalves et.al.,2010) é limitado pois considera o NSQ composto apenas por dois osciladores. Outra limitação é ignorar o efeito da luz sobre o acoplamento dos múltiplos osciladores existentes no NSQ. Mesmo com essa simplificação foi possível reproduzir dados experimentais da literatura e com esse modelo explicamos nossos dados experimentais apresentados no segundo artigo. No segundo artigo mostramos a instabilidade na relação de fase entre os ritmos circadianos de atividade e repouso e da temperatura central durante a desincronização forçada em T22. Utilizando nosso modelo simplificado propomos que essa instabilidade está relacionada a um processo de batimento que ocorre em osciladores no limite de sincronização (Granada et.al.,2011). O resultado do batimento é uma variabilidade na amplitude da saída do oscilador (Granada et.al.,2010). Acreditamos que isso deve variar a sincronização entre os osciladores centrais e periféricos controlados pelo NSQ. Essa variabilidade na amplitude da saída do oscilador foi encontrada também no ritmo circadiano de secreção de melatonina (Schwartz et al., 2009). Espera-se que com a apresentação desse trabalho outros autores reanalisem seus dados para buscar essa instabilidade de fase entre os ritmos circadianos registrados como no caso da secreção 112 de melatonina (Schwartz et. al., 2009), ciclo sono-vigilia e temperatura central (Cambras et.al.,2007). No terceiro artigo apresentamos um outro modelo mais completo que o anterior. Nesse caso foi possível reproduzir os principais resultados obtidos experimentalmente com ratos e camundongos. Isso foi possível porque o modelo considerou as duas subdivisões do NSQ e os dois efeitos da luz sobre os neurônios dessa estrutura. Ao considerarmos as duas subdivisões do NSQ, a região ventrolateral e a dorsomedial foi possível simular o efeito da dissociação em ciclos CE menores do que 24 horas. Granada e colaboradores mostraram ser possível obter uma saída com dois períodos utilizando somente um oscilador (Granada et.al.,2011). Porém a dissociação é um pouco mais complexa do que esse efeito, nela as duas regiões atuam de maneira distintas (de la Iglesia et. al.,2004). Com a simplificação perde-se o efeito que cada região atuando separadamente tem sobre estruturas distintas. Além da simplificação estrutural os modelos matemáticos têm utilizado ou somente o efeito da luz na dinâmica dos osciladores (Scheper et. al.,1999; Oda e Friesen,2002; Kunz e Achermann,2003; Geier et. al.,2005;Gonze et. al.,2005; Bernard et. al.,2007;Schwartz et. al.,2009; Cardoso et.al.,2009; Ullner et.al.,2009; Jun-Wei e Tian-Shou, 2009) ou somente o efeito da luz no acoplamento entre eles (DiezNoguera,1994;Ullner et.al.,2009). Aqui o modelo apresentado utiliza de forma simultânea os dois efeitos da luz no STC. Com isso conseguimos reproduzir a sincronização, o livre curso em escuro constante, o efeito fásico da luz, a regra Aschoff e a arritmicidade em claro constante de longa duração. Quanto a análise dos dados de actimetria apresentamos aqui uma revisão que mostra a utilização de variáveis não-paramétricas. Propomos um modelo funcional 113 composto pelos componentes do sistema de temporização circadiano. Nesse modelo apresentamos como cada variável não-paramétrica é alterada pelos componentes do STC. A variável que quantifica a fragmentação (IV) se relaciona principalmente com o componente homeostático apresentado por Borbély em 1982 (Borbély, 1982), e com a integridade do NSQ. A estabilidade do ritmo medida por IS está ligada principalmente às entradas para o NSQ e também a integridade da retina e do trato retino-hipotalâmico. Nessa perspectiva acreditamos que essas variáveis podem ser utilizadas para estudar melhor o modelo de controle homeostático e circadiano proposto por Borbély (Borbély, 1982). A fragmentação do ciclo atividade e repouso medida por IV deve estar relacionada com o componente homeostático e a variável IS ao componente circadiano. No último artigo propomos mudanças na forma de calcular a fragmentação e a sincronização do ritmo. Isso permitiu encontrar diferenças significantes que não foram encontradas utilizando as metodologias atuais. Esse trabalho contribui para o avanço no cálculo da fragmentação do ritmo, pois aproveita o aprimoramento tecnológico dos novos actimetros. Todos os trabalhos têm utilizado a mesma fórmula a 20 anos que considera o registro a cada 1 hora (Witting et.al.,1990; Van Someren et.al.,1996; Van Someren et.al.,1999;Hatfield et.al.,2004;Bromundt et.al.,2011). Ao consideramos a amostragem a cada minuto feita pelos actímetros atuais podemos calcular com mais sensibilidade a fragmentação do ritmo utilizando a variabilidade intradiária (do inglês, intradaily variability ou IV). Nessa perspectiva o presente trabalho se insere na Cronobiologia atualizando a forma de construir modelos matemáticos do NSQ de roedores e na análise de dados de actimetria. Com essa proposta de simulação computacional diferenciada poderão surgir modelos mais completos contribuindo com novas interpretações para resultados experimentais. E com essa nova metodologia de análise pode ser possível através de 114 uma revisão dos dados ser encontradas diferenças estatísticas que antes eram somente tendências. 115 Referências 1. Bernard S, Gonze D, Cajavec B, Herzel H, Kramer A. Synchronizationinduced rhythmicity of circadian oscillators in the suprachiasmatic nucleus. PLoS Computational Biology. 2007; 3(4):e68. 2. Borbély AA. A two process model of sleep regulation. Hum Neurobiol. 1982;1(3):195-204. 3. Bromundt V, Köster M, Georgiev-Kill A, Opwis K, Wirz-Justice A, Stoppe G, Cajochen C. Sleep-wake cycles and cognitive functioning in schizophrenia. Br J Psychiatry. 2011;198(4):269-76. 4. Cambras T, Weller JR, Anglès-Pujoràs M, Lee ML, Christopher A, DíezNoguera A, Krueger JM, de la Iglesia HO. Circadian desynchronization of core body temperature and sleep stages in the rat. Proc Natl Acad Sci U S A. 2007;104(18):7634-9. Epub 2007 Apr 23. 5. Cardoso FR, de Oliveira Cruz FA, Silva D, Cortez CM. Computational modeling of synchronization process of the circadian timing system of mammals. Biology Cybernitcs. 2009;100(5):385-93. 6. de la Iglesia HO, Cambras T, Schwartz WJ, Dı A. Forced Desynchronization of Dual Circadian Oscillators within the Rat Suprachiasmatic Nucleus. Current. 2004;14(Ld):796-800. 7. Dibner C, Schibler U, Albrecht U. The mammalian circadian timing system: organization and coordination of central and peripheral clocks. Annu Rev Physiol. 2010;72:517-549. 8. Diez-Noguera A. A functional model of the circadian system based on the degree of intercommunication in a complex system. American Journal Physiology. 1994; 267:R1118-R1135. 116 9. Geier F, Becker-Weimann S, Kramer A, Herzel H. Entrainment in a model of the mammalian circadian oscillator. Journal of biological rhythms. 2005;20(1):83-93. 10. Gonçalves BSB, Carneiro BTS, Silva CA, Fernandes DAC, Fortes FS, Ribeiro JMG, Cerqueira RC, Rolim SAM, Araújo JF. Mathematical model of the interaction between the dorsal and ventral regions of the suprachiasmatic nucleus of rats. Sleep Sci. 2010;3(1): 40–44. 11. Gonze D, Bernard S, Waltermann C, Kramer A, Herzel H. Spontaneous synchronization of coupled circadian oscillators. Biophysical Journal. 2005,89: 120–129. 12. Granada AE, Cambras T, Díez-Noguera A, Herzel H. Circadian desynchronization. Interface Focus. 2011;1(1):153-66. Epub 2010. 13. Hatfield CF, Herbert J, van Someren EJ, Hodges JR, Hastings MH. Disrupted daily activity/rest cycles in relation to daily cortisol rhythms of home-dwelling patients with early Alzheimer's dementia. Brain. 2004;127(Pt5):1061-74. 14. Kunz H, Achermann P. Simulation of circadian rhythm generation in the suprachiasmatic nucleus with locally coupled self-sustained oscillators. 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Stephan FK, Zucker I. Circadian rhythms in drinking behavior and locomotor activity of rats are eliminated by hypothalamic lesions. Proc Natl Acad Sci U S A. 1972;69(6):1583-1586. 28. Sujino M, Masumoto KH, Yamaguchi S, van der Horst GT, Okamura H, Inouye ST. Suprachiasmatic nucleus grafts restore circadian behavioral rhythms of genetically arrhythmic mice. Curr Biol. 2003;13(8):664-668. 29. Ullner E, Buceta J, Dıez-Noguera A, Garcıa-Ojalvo J. Noise-induced coherence in multicellular circadian clocks. Biophysical Journal. 2009;96: 3573–3581 30. Van Someren EJ, Hagebeuk EE, Lijzenga C, et al. Circadian rest-activity rhythm disturbances in Alzheimer's disease. Biol Psychiatry 1996;40:259-70. 31. Van Someren EJ, Kessler A, Mirmiran M, Swaab DF. Indirect bright light improves circadian rest-activity rhythm disturbances in demented patients. Biol Psychiatry. 1997;41(9):955-63. 32. Van Someren EJ, Swaab DF, Colenda CC, Cohen W, McCall WV, Rosenquist PB. 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Only Englishlanguage manuscripts are considered. Manuscripts should be compiled in the following order: Title page containing running head, Abstract with keywords; Main text; Acknowledgments (if applicable); Declaration of Interest statement (mandatory); References; Appendices (if applicable); Tables with captions; Figures; and Figure captions. Title Page Provide a title page with your submission, including in it the manuscript title and names (first and last) and affiliations of all authors. Authors’ names should be spelled out without their degrees. Clearly designate the corresponding author and his/her full contact information, including postal address, phone number, and email address. Please include the running head of no more than 50 characters. Authors may provide names, addresses, and email addresses of up to 4 referees for the review of their manuscript. Those referees should not have published any paper in the last three (3) years with any of the co-authors. Authors may also submit a list of up to two (2) scientists not to be solicited to peer review their manuscript due to perceived potential bias or competition. Abstract with keywords All articles should start with an abstract of no more than 500 words as a single continuous paragraph. The abstract should not contain any subtitle, e.g., aim, methods etc.). The abstract must be factual and sufficiently comprehensive. Abbreviations, unless first defined, and general statements (e.g., the significance of the results is discussed) should be avoided. At least 5 keywords not included in the title should be included with the abstract to assist indexers in cross-indexing the article. Separate keywords with commas. Main Text Original articles The body of original articles should include the following distinct sections: 120 Introduction: This section should state the background and purpose, including hypotheses tested, of the study plus references to relevant published works. Materials and Methods: The methods, mechanisms, and procedures must be specified in sufficient detail to allow others to reproduce the results. Statistical methods should be described in appropriate detail to enable a knowledgeable reader with access to the original data to verify the reported results. Chronobiology International requires that studies involving animals/humans be approved by an institutional review board, in accordance with approved published guidelines, prior to conducting the research and publishing the findings. This approval should be explicitly stated in the methods section. Please also see the section on Ethics and Consent. Results: Results should be presented concisely and accurately and on the basis of their statistical significance. Discussion: This section should discuss the findings in relation to the background literature as well as their implications, including possibilities for future research. The limitations of the study methods in relation to the findings and generalizations also should be discussed. Review Articles The body of a review article should be a comprehensive, scholarly evidence-based review of the literature, accompanied by critical analysis and leading to reasonable conclusions. Wherever appropriate, details of the literature search methodology should be provided, i.e., the databases searched, the search terms and inclusive dates, and any selectivity criteria imposed. Wherever possible, use primary resources, avoiding “Data on File”, “Poster”, or other unpublished references. Authors of review articles are expected to address the basic tenets for quality chronobiology research, including subject synchronizer schedules, time or season of year of studies, time (circadian or other biological period) of treatment, etc., as well as the nature of the analysis of the time series data of the investigations reviewed. Short Communications Short Communications are brief and preliminary reports of significant new findings. They, including title, short abstract of 100 words or less, keywords, and references, must not exceed 5000 words. Because Short Communications are brief by definition, figures and tables, though not prohibited, should be used sparingly. Please note that the average figure or table will take up at least 1/8 page space in print. Letters to the Editor Letters to the Editor will be considered for publication subject to editor approval, providing that the content relates to articles published in the journal. Letters should be received less than six months after publication of the original work in question. Pending editor approval, letters will be submitted to the author of the original paper in order that a reply be published simultaneously. Letters to the Editor should be fewer than 1000 words. Commentaries All commentary topics must be checked with the editor prior to submission. Commentaries should be knowledge-based or consensus-type articles (e.g., working group statement) of short length, generally less than 5000 words, expressing objective 121 opinions, experiences or perspectives on an important area related to Chronobiology International. Acknowledgments section Please see here under Ethics and Consent for information about this section. In short, the Acknowledgments section details special thanks, personal assistance, and dedications. Acknowledgments should be included in a separate headed section at the end of the manuscript, preceding the Declaration of Interest Section. Declaration of Interest section Please see here under Ethics and Consent for expectations regarding this section. The Declaration of Interest section should disclose any financial, consulting, and personal relationships with people or organizations that could be perceived by readers as influencing (biasing) the author’s work. Within this section also belongs disclosure of scientific writing assistance (use of an agency or freelance writer), grant support and numbers (including NIH/Wellcome-funded papers), and statements of employment. All declarations of interest must be outlined under the heading “Declaration of Interest” in a section before the references (and, if there is an Acknowledgments section, following that). Citations and References Citation in the text should follow the “(Name, Year)” style. If different works are cited of the same first author, without co-workers, published in the same year, they should be separately designated by a, b, c, etc., after the year of publication. The same consideration applies to publications of the same year cited by the same first and same second authors, or the same first author with more than 2 additional authors, cited in the text as et al. and published in the same year. Variations in the (Name, Year) citation format to accommodate more complex situations can be found below: Citation with 2 authors: (Williams & Pilditch, 1997) Citation with 3 or more authors: (Gracey et al., 2008) 2 or more works cited: (Gracey et al., 2008; Kim at al., 2003; Saurel et al., 2007) Citation to multiple works by same single author published in different years: (Smith, 1998, 2010) Citation to multiple works by same first author with two or more additional, whether the same or different, co-authors published in the same and different years: (Portaluppi et al., 2001a, 2001b, 2008) All references should be gathered and placed at the end of the text. References are to be listed in alphabetical order in the Reference section by surname in the case of single and dual authored publications. Publications with more than two authors, as et al, are to be ordered by the surname of the first author according to the year of publication, starting with the earliest date. Each reference must list every author, et al is not acceptable. For all references, a period is placed at the end of the author list, with the year of publication shown in parentheses and placement of a period thereafter. Under ordinary circumstance, only the first word only of title is capitalized; the end of the title is punctuated by a period. Examples: Chapter in a book: Monk TH. (1992). Chronobiology of mental performance. In Touitou Y, Haus E (Eds). Biological rhythms in clinical and laboratory medicine. Berlin: Springer Verlag, pp. 280-213. 122 Book: Reinberg A, Labrecque G, Smolensky MH. (1991). Chronobiologie et chronothérapeutique [Chronobiology and Chronotherapeutics]. Paris: Flammarion. Journal article: When referencing a journal, use the accepted abbreviated title in italics, followed by a period. State the volume, but not the issue number, followed the first and last pages, followed by a period. Cajochen C, Munch M, Knoblauch V, Blatter K, Wirz-Justice A. (2006). Age-related changes in the circadian and homeostatic regulation of human sleep. Chronobiol Int. 23:461-474. Journal article in press: Martinez-Nicolas A, Ortiz-Tudela E, Madrid JA, Rol, MA. (Year). Crosstalk between environmental light and internal time in humans. Chronobiol Int. (in press) Supplement: American Diabetes Association. (2010). Standards of medical care in diabetes – 2010. Diabetes Care. 33(Suppl 1): S11-S61. Journal article published online ahead of print: Sakima A, Ohshiro K, Nakada S, Yamazoto M, Kohagura K, Nakamoto M, Tana T, Ohya Y. (2011). Switching Therapy from Variable-Dose Multiple Pill to Fixed-Dose Single-Pill Combinations of Angiotensin II Receptor Blockers and Thiazides for Hypertension. Clin Exp Hypertens. Advance online publication. doi: 10.3109/10641963.2010.549260. Appendices Supplementary material can be made available by the publisher as online only content, linked to the online article. Please query the editor regarding the possibility of including online-only supplementary material with the article. Supplementary material is defined as supporting material that cannot be included in the printed version for reasons of space, and that is not essential for inclusion in the full text of the manuscript, but would nevertheless benefit the reader. It should not be essential to understanding the conclusions of the paper, but should contain data that are additional or complementary and directly relevant to the article content. Examples of supplementary material may include more detailed methods, extended data sets/data analysis, tables, or additional figures. All supplementary material should be submitted with the article through Scholar One’s Manuscript Central portal, and clearly labelled “Supplementary Material”. Ensure that reference is made to the supplementary material in the submitted article’s text. Tables Lines of data should not be numbered. Tables should be grouped at the end of the manuscript on separate pages. When referring to tables in the text, please use Arabic numbers (rather than Roman numerals). If the tables are in Microsoft Word format, they can be submitted at the end of the text in the same file as the text. However, if they are in formats other than Microsoft Word, such as in Excel, the tables should be submitted separately. Footnotes to tables should be typed directly below the table and be indicated by the following symbols: * (asterisk or star), † (dagger), ‡ (double dagger), ¶ (paragraph mark), § (section mark), || (parallels), # (number sign). Figures and Illustrations Illustrations (line drawings, halftones, photos, photomicrographs, etc.) should be submitted as digital files for highest quality reproduction and should follow these guidelines: 123 300 dpi or higher EPS, JPG, TIFF, PowerPoint, or PSD format only All illustrations should be submitted as separate files, not embedded in the text Legends or captions for figures should be listed on a separate page, double spaced For information on submitting animations, movie files, and sound files, or for any additional information including indexes and calendars, please click here. For information on color figure charges, please see Production and Proofs. Statistical Notes All articles reporting on clinical trials should conform to the CONSORT statement. Details can be found by visiting http://www.consort-statement.org/.These studies should contain details of the study population and setting; subject selection (inclusion/exclusion criteria); methods of randomization and blinding; and efficacy and safety measures. In the Methods section of the paper, the study design and statistical analyses should be described, along with justification for the choice of analysis and sample size given. Statistical methods used to compare groups for primary outcomes should specify what type of confidence interval was employed, and any additional methods for analyses (subgroup, adjusted) should be reflected as well. In the Results section, the sample size of each data point should be shown in figures or provided in figure captions and/or tables, with p-values and confidence intervals quoted for both significant and nonsignificant findings. 124 ANEXO 2 - REGRAS DO PERÍODICO JOURNAL OF BIOLOGICAL RHYTHMS Regras do periodic (retirado de http://www.sagepub.com/journalsProdDesc.nav?prodId=Journal200933#tabview= manuscriptSubmission): One electronic copy of each paper should be submitted to the Editor as an attachment to an e-mail. The text and each figure or table should be in separate files. Manuscript pages should be 6.5 inches wide, 9 inches long, and double spaced throughout. Hard copies of text and/or illustrations may be used in special circumstances. There are no publication charges except for circumstances requiring special printing, color reproduction, or unusual length and number of illustrations; in these cases, the publisher will provide cost information before the paper is accepted. Manuscripts should be written clearly and concisely and should conform generally to the Council of Science Editors Style Manual (Scientific Style and Format: The CSE Manual for Authors, Editors, and Publishers, 7th ed.). “Letters” should be limited to a total of 2000 words and a few figure panels or equivalent-sized tables. Their format differs from those of regular papers. Consult previously published Letters or the Editor for further information. Supplementary Online Material may be submitted for ancillary but necessary information. It should be submitted as a pdf file, with the article title, authors, and "Supplementary Online Material" on the first page, followed by text, figures, and tables along with captions. Number figures and tables S1, S2, etc. Supplementary material will appear online exactly as submitted and can be viewed at http://jbr.sagepub.com/supplemental. Regular manuscripts should consist of the following: A Title page, including the authors' names, the title and a short running title, and the institution(s) (with all words spelled out in full) from which the paper emanates. If current addresses are different, then these should be indicated in a footnote. Also include the name, mailing address, phone and fax numbers, and e-mail address of the person to whom correspondence and proofs should be sent. Number the pages, illustrations, and tables. A succinct Abstract, not exceeding 350 words, in a form acceptable to most abstracting services, followed by six to eight key words. An Introduction that provides a brief review of relevant background material and indicates the purpose of the study. A Materials and Methods section that provides sufficient information for qualified investigators to reproduce the work in similar fashion. Reference to published procedures by appropriate succinct summary and citation is encouraged but should not replace adequate methodological description. The Journal of Biological Rhythms endorses the Declaration of Helsinki and the U.S. National Institutes of Health Guide for the Care and Use of Laboratory Animals. It will be assumed that authors have conscientiously followed principles and practices in accord with these documents in experiments involving human subjects and experimental animals. A Results section that provides a concise description of the findings with appropriate reference to illustrations and tables. A Discussion section that includes a summary of the main findings (not data), their relation to other published work, and a statement of their significance. 125 References should be double spaced and listed sequentially in alphabetical order according to the name of the first author with (a) a full list of authors, (b) date, (c) full title of the paper, (d) journal titles abbreviated as per Index Medicus, (e) volume number, and (f) first and last pages. Only papers published or in press may be included in the reference list. Papers should be cited in the text by author(s) and date. o Examples Aschoff J (1965) Response curves in circadian periodicity. In Circadian Clocks, J Aschoff, ed, pp 95-111, North-Holland, Amsterdam. Pittendrigh CS and Daan S (1976) A functional analysis of circadian pacemakers in nocturnal rodents. I. The stability and liability of spontaneous frequency. J Comp Physiol A 106:223-252. Richter CP (1965) Biological Clocks in Medicine and Psychiatry, Charles C Thomas, Springfield, IL. Aschoff J (1965) Response curves in circadian periodicity. In , J Aschoff, ed, pp 95111, North-Holland, Amsterdam.Pittendrigh CS and Daan S (1976) A functional analysis of circadian pacemakers in nocturnal rodents. I. The stability and liability of spontaneous frequency. J Comp Physiol A 106:223-252.Richter CP (1965), Charles C Thomas, Springfield, IL. Tables and illustrations should be submitted in a form suitable for direct reproduction when possible, with all labels, axes, and inserts proportionately large enough to remain readily legible upon reduction in size. Place each numbered figure and table in a separate file. Charges for color figures are $800.00 for the first figure and $200.00 for each additional page. A list of figure legends should follow the references and be the last section in the text. A brief title and description of each illustration should be included. These should be typed consecutively on the same page(s). Abbreviations should be introduced in parentheses after the first occurrence of the term being abbreviated. Use standard metric units wherever possible. should be submitted in a form suitable for direct reproduction when possible, with all labels, axes, and inserts proportionately large enough to remain readily legible upon reduction in size. Place each numbered figure and table in a separate file. Charges for color figures are $800.00 for the first figure and $200.00 for each additional page. Submission of a manuscript implies concurrence of all listed authors and assurance that no similar paper has been submitted for publication elsewhere. Manuscripts are evaluated on their merit and suitability for publication by the editors with the assistance of selected referees. 126 ANEXO 3 : REGRAS PERIÓDICO PLOSONE Regras do periódico (retirado de http://www.plosone.org/static/guidelines.action) : 1. Format Requirements PLOS ONE does not consider presubmission inquiries. All submissions should be prepared with the following files: Cover letter Manuscript, including tables and figure legends Figures (guidelines for preparing figures can be found at the Figure and Table Guidelines) Prior to submission, authors who believe their manuscripts would benefit from professional editing are encouraged to use language-editing and copyediting services. Obtaining this service is the responsibility of the author, and should be done before initial submission. These services can be found on the web using search terms like "scientific editing service" or "manuscript editing service." Submissions are not copyedited before publication. Submissions that do not meet the PLOS ONE Publication Criterion for language standards may be rejected. Cover Letter You should supply an approximately one page cover letter that: Concisely summarizes why your paper is a valuable addition to the scientific literature Briefly relates your study to previously published work Specifies the type of article you are submitting (for example, research article, systematic review, meta-analysis, clinical trial) Describes any prior interactions with PLOS regarding the submitted manuscript Suggests appropriate PLOS ONE Academic Editors to handle your manuscript (view a complete listing of our academic editors) Lists any recommended or opposed reviewers Your cover letter should not include requests to reduce or waive publication fees. Should your manuscript be accepted, you will have the opportunity to include your requests at that time. See PLOS ONE Editorial Policy for more information regarding publication fees. Manuscript Organization PLOS ONE considers manuscripts of any length. There are no explicit restrictions for the number of words, figures, or the length of the supporting information, although we encourage a concise and accessible writing style. We will not consider monographs. All manuscripts should include line numbers and page numbers. Manuscripts should begin with the ordered sections: Title Authors Affiliations Abstract Introduction and end with the sections of: Acknowledgments References Figure Legends Tables 127 Figures should not be included in the main manuscript file. Each figure must be prepared and submitted as an individual file. Find more information about preparing figures here. The title, authors, and affiliations should all be included on a title page as the first page of the manuscript file. There are no explicit requirements for section organization between these beginning and ending sections. Articles may be organized in different ways and with different section titles, according to the authors' preference. In most cases, internal sections include: Materials and Methods Results Discussion Conclusions (optional) PLOS ONE has no specific requirements for the order of these sections, and in some cases it may be appropriate to combine sections. Guidelines for individual sections can be found below. Abbreviations should be kept to a minimum and defined upon first use in the text. Nonstandard abbreviations should not be used unless they appear at least three times in the text. Standardized nomenclature should be used as appropriate, including appropriate usage of species names and SI units. Manuscript File Type Requirements Authors may submit their manuscript files in Word (as .doc or .docx), LaTeX (as .pdf), or RTF format. Only RTF and .doc files can be used during the production process. LaTeX Submissions. If you would like to submit your manuscript using LaTeX, you must author your article using the PLOS ONE LaTeX template and BibTeX style sheet. Articles prepared in LaTeX may be submitted in PDF format for use during the review process. After acceptance, however, .tex files and formatting information will be required as a zipped file. Please consult our LaTeX guidelines for a list of what will be required. Submissions with equations. If your manuscript is or will be in .docx format and contains equations, you must follow the instructions below to make sure that your equations are editable when the file enters production. If you have not yet composed your article, you can ensure that the equations in your .docx file remain editable in .doc by enabling "Compatibility Mode" before you begin. To do this, open a new document and save as Word 97-2003 (*.doc). Several features of Word 2007/10 will now be inactive, including the built-in equation editing tool. You can insert equations in one of the two ways listed below. If you have already composed your article as .docx and used its built-in equation editing tool, your equations will become images when the file is saved down to .doc. To resolve this problem, re-key your equations in one of the two following ways. 1. Use MathType to create the equation (recommended) 2. Go to Insert > Object > Microsoft Equation 3.0 and create the equation If, when saving your final document, you see a message saying "Equations will be converted to images," your equations are no longer editable and PLoS will not be able to accept your file. 2. Guidelines for Standard Sections Title Manuscripts must be submitted with both a full title and a short title, which will appear at the top of the PDF upon publication if accepted. Only the full title should be included 128 in the manuscript file; the short title will be entered during the online submission process. The full title must be 150 characters or fewer. It should be specific, descriptive, concise, and comprehensible to readers outside the subject field. Avoid abbreviations if possible. Where appropriate, authors should include the species or model system used (for biological papers) or type of study design (for clinical papers). Examples: Impact of Cigarette Smoke Exposure on Innate Immunity: A Caenorhabditis elegans Model Solar Drinking Water Disinfection (SODIS) to Reduce Childhood Diarrhoea in Rural Bolivia: A Cluster-Randomized, Controlled Trial The short title must be 50 characters or fewer and should state the topic of the paper. Authors and Affiliations All author names should be listed in the following order: First names (or initials, if used), Middle names (or initials, if used), and Last names (surname, family name) Each author should list an associated department, university, or organizational affiliation and its location, including city, state/province (if applicable), and country. If the article has been submitted on behalf of a consortium, all author names and affiliations should be listed at the end of the article. This information cannot be changed after initial submission, so please ensure that it is correct. To qualify for authorship, a researcher should contribute to all of the following: 1. Conception and design of the work, acquisition of data, or analysis and interpretation of data 2. Drafting the article or revising it critically for important intellectual content 3. Final approval of the version to be published All persons designated as authors should qualify for authorship, and all those who qualify should be listed. Each author must have participated sufficiently in the work to take public responsibility for appropriate portions of the content. Those who contributed to the work but do not qualify for authorship should be listed in the acknowledgements. When a large group or center has conducted the work, the author list should include the individuals whose contributions meet the criteria defined above, as well as the group name. One author should be designated as the corresponding author, and his or her email address or other contact information should be included on the manuscript cover page. This information will be published with the article if accepted. See the PLOS ONE Editorial Policy regarding authorship criteria for more information. Abstract The abstract should: Describe the main objective(s) of the study Explain how the study was done, including any model organisms used, without methodological detail Summarize the most important results and their significance Not exceed 300 words Abstracts should not include: Citations Abbreviations, if possible 129 Introduction The introduction should: Provide background that puts the manuscript into context and allows readers outside the field to understand the purpose and significance of the study Define the problem addressed and why it is important Include a brief review of the key literature Note any relevant controversies or disagreements in the field Conclude with a brief statement of the overall aim of the work and a comment about whether that aim was achieved Materials and Methods This section should provide enough detail to allow suitably skilled investigators to fully replicate your study. Specific information and/or protocols for new methods should be included in detail. If materials, methods, and protocols are well established, authors may cite articles where those protocols are described in detail, but the submission should include sufficient information to be understood independent of these references. We encourage authors to submit detailed protocols for newer or less well-established methods as Supporting Information. These are published online only, but are linked to the article and are fully searchable. Further information about formatting Supporting Information files, can be found here. Methods sections of papers on research using human or animal subjects and/or tissue or field sampling must include required ethics statements. See the Reporting Guidelines for human research, clinical trials, animal research, and observational and field studies for more information. Methods sections of papers with data that should be deposited in a publicly available database should specify where the data have been deposited and provide the relevant accession numbers and version numbers, if appropriate. Accession numbers should be provided in parentheses after the entity on first use. If the accession numbers have not yet been obtained at the time of submission, please state that they will be provided during review. They must be provided prior to publication. Methods sections of papers using cell lines must state the origin of the cell lines used. See the Reporting Guidelines for cell line research for more information. Methods sections of papers adding new taxon names to the literature must follow the Reporting Guidelines below for a new zoological taxon, botanical taxon, or fungal taxon. Results, Discussion, and Conclusions These sections may all be separate, or may be combined to create a mixed Results/Discussion section (commonly labeled "Results and Discussion") or a mixed Discussion/Conclusions section (commonly labeled "Discussion"). These sections may be further divided into subsections, each with a concise subheading, as appropriate. These sections have no word limit, but the language should be clear and concise. Together, these sections should describe the results of the experiments, the interpretation of these results, and the conclusions that can be drawn. Authors should explain how the results relate to the hypothesis presented as the basis of the study and provide a succinct explanation of the implications of the findings, particularly in relation to previous related studies and potential future directions for research. PLOS ONE editorial decisions do not rely on perceived significance or impact, so authors should avoid overstating their conclusions. See the PLOS ONE Publication Criteria for more information. 130 Acknowledgements People who contributed to the work but do not fit the PLOS ONE authorship criteria should be listed in the acknowledgments, along with their contributions. You must ensure that anyone named in the acknowledgments agrees to being so named. Funding sources should not be included in the acknowledgments, or anywhere in the manuscript file. You will provide this information during the manuscript submission process. References Only published or accepted manuscripts should be included in the reference list. Manuscripts that have been submitted but not yet accepted should not be cited. Limited citation of unpublished work should be included in the body of the text only as “unpublished data.” References must be listed at the end of the manuscript and numbered in the order that they appear in the text. In the text, citations should be indicated by the reference number in brackets. Journal name abbreviations should be those found in the NCBI databases. A number of reference software companies supply PLOS style files (e.g., Reference Manager, EndNote). Proper formatting of the references is crucial; some examples are shown below. Published papers. Hou WR, Hou YL, Wu GF, Song Y, Su XL, et al. (2011) cDNA, genomic sequence cloning and overexpression of ribosomal protein gene L9 (rpL9) of the giant panda (Ailuropoda melanoleuca). Genet Mol Res 10: 1576-1588. Note: Use of a DOI number for the full-text article is acceptable as an alternative to or in addition to traditional volume and page numbers. Accepted, unpublished papers. Same as above, but “In press” appears instead of the page numbers. Electronic journal articles. Huynen MMTE, Martens P, Hilderlink HBM (2005) The health impacts of globalisation: a conceptual framework. Global Health 1: 14. Available: http://www.globalizationandhealth.com/content/1/1/14. Accessed 25 January 2012. Books. Bates B (1992) Bargaining for life: A social history of tuberculosis. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. 435 p. Book chapters Hansen B (1991) New York City epidemics and history for the public. In: Harden VA, Risse GB, editors. AIDS and the historian. Bethesda: National Institutes of Health. pp. 21-28. Tables Tables should be included at the end of the manuscript. All tables should have a concise title. Footnotes can be used to explain abbreviations. Citations should be indicated using the same style as outlined above. Tables occupying more than one printed page should be avoided, if possible. Larger tables can be published as Supporting Information. Please ensure that table formatting conforms to our Guidelines for table preparation. Figure Legends Figures should not be included in the manuscript file, but figure legends should be. Guidelines for preparing figures can be found here.Figure legends should describe the key messages of a figure. Legends should have a short title of 15 words or less. The full legend should have a description of the figure and allow readers to understand the figure without referring to the text. The legend itself should be succinct, avoid lengthy descriptions of methods, and define all non-standard symbols and abbreviations. Further information about figure legends can be found in the Figure Guidelines. 131