ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Inf KLAITON ALEXANDRO SANT’ANNA COTA UMA PROPOSTA DE FUNCIONAMENTO DO CENTRO DE CONTROLE E COORDENAÇÃO COM MONITORAMENTO DE IMAGENS PARA OS GRANDES EVENTOS (Linha de Pesquisa Doutrina Militar) Rio de Janeiro 2015 Maj Inf KLAITON ALEXANDRO SANT’ANNA COTA UMA PROPOSTA DE FUNCIONAMENTO DO CENTRO DE CONTROLE E COORDENAÇÃO COM MONITORAMENTO DE IMAGENS PARA OS GRANDES EVENTOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Maj Lampert Rio de Janeiro 2015 C843p, Exército, Escola de Comando e Estado-Maior. Uma proposta de funcionamento do centro de controle e coordenação com monitoramento de imagens para os grandes eventos. 42 f. : il ; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 41 1. Monitoramento de imagens. 2. Vigilância. 3. Grandes Eventos. I. Título. CDD 355.2 Maj Inf KLAITON ALEXANDRO SANT’ANNA COTA Uma proposta de funcionamento do centro de controle e coordenação com monitoramento de imagens para os grandes eventos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em 09 de março de 2015. COMISSÃO AVALIADORA _____________________________________________ LAMPERT – Ten Cel Inf – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército _________________________________ TÚLIO ENDRES – Maj Cav – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ____________________________________________________ JOSÉ EUCLIDES OLIVEIRA DE ARAUJO – Maj Com – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército À minha esposa, meus filhos e meus pais, fontes de inspiração e exemplo. AGRADECIMENTOS À Deus, pelo dom da vida, felicidade, tranquilidade e saúde. À minha família, pelo apoio, incentivo, carinho e compreensão em todos os momentos, sendo fundamentais no sucesso da conclusão deste trabalho. Aos meus pais, pela minha educação e formação, me mostrando a importância da dedicação, do trabalho árduo e da disciplina, como fontes prementes do sucesso pessoal. Ao Exército Brasileiro, pela oportunidade em realizar um trabalho monográfico, de modo a ampliar o conhecimento profissional. Ao meu orientador, não apenas pela orientação, como também pelo incentivo e confiança demonstrados em várias oportunidades. A Empresa Fox Quality Security Serviços de Segurança Ltda – EPP por ter contribuído com informações técnicas para a formação do arcabouço deste trabalho. “[...] a persistência de entraves à paz mundial requer a atualização permanente e o reaparelhamento progressivo das nossas Forças Armadas, com ênfase no desenvolvimento da indústria de defesa, visando à redução da dependência tecnológica e à superação das restrições unilaterais de acesso às tecnologias sensíveis”. (Política de Defesa Nacional) “Hoje, muito mais do que ontem, as Forças Armadas existem antes para dissuadir do que para fazer a guerra. Mais importante do que vencer a guerra, é evitá-la. Não se trata apenas de ter, mas de ter e ser. Ter a capacidade de dissuadir e ser competente para exercê-la”. (Roberto Sarmento de Figueiredo Lopes) RESUMO Esta pesquisa tem por objetivo estudar uma proposta de implantação de centro de coordenação e controle por monitoramento de imagens e sistemas inteligentes que poderão ajudar o Exército Brasileiro durante os Grandes Eventos (Copa da FIFA 2014 e Jogos Olímpicos 2016), que irão acontecer a partir de 2014 no Brasil. São ferramentas e soluções tecnológicas de última geração que podem proporcionar gerenciamento complementar, em tempo real, das atividades e eventos. Como a instalação de sistema vigilância eletrônica composto por câmeras de CFTV (Circuito Fechado de Televisão), sistemas de controle de acesso de pessoal e veicular em áreas restritas ou de circulação próxima dos eventos, visando a supervisão e controle dessas áreas, consideradas importantes e estratégicas, que possam influenciar no bom andamento das atividades. Além do mais, verificar a potencialidade de integrar órgãos de segurança pública no Estado Brasileiro. A premissa do sistema de segurança é garantir a integração entre todos os subsistemas, de forma a proporcionar maior controle aos órgãos que irão trabalhar na segurança dos Grandes Eventos. O desafio é encontrar os melhores programas e equipamentos de monitoramento, gerenciamento de imagens e de controle em tempo real das atividades envolvidas durante a realização dos Grandes Eventos. Para isso, foi feito uma investigação bibliográfica do assunto e uma entrevista com militares que comandaram Unidades Militares de Comunicações do Exército Brasileiro que tem como uma de suas missões instalarem e operarem um Centro de Comando e Controle para uma Brigada ou Divisão de Exército. Palavras-chave: indústria de defesa; soberania; cenário político internacional. RESEÑA Esta investigación tiene como objetivo estudiar la propuesta de despliegue de la coordinación y el control central de las imágenes de vigilancia y sistemas inteligentes que podrían ayudar al Ejército de Brasil durante los grandes eventos (2014 Copa Mundial de la FIFA 2016 y Juegos Olímpicos), lo que va a pasar a partir de 2014 en Brasil. Son herramientas y soluciones tecnológicas de vanguardia que pueden proporcionar gestión adicional, en tiempo real, las actividades y eventos. Desde la instalación del sistema de vigilancia electrónica que consta de cámaras de CCTV (Circuito Cerrado de Televisión), sistemas de control de acceso y el personal de las áreas de movimiento o próximos eventos vehiculares restringidas, con el objetivo de la supervisión y control de estas áreas consideradas importantes y estratégicas que puede afectar a la buena marcha de las actividades. Además, verificar la capacidad de integrar los órganos de seguridad pública en el Estado brasileño. La premisa del sistema de seguridad es garantizar la integración de todos los subsistemas, para proporcionar mayores organismos de control que van a trabajar en la seguridad de Grandes Eventos. El desafío es encontrar los mejores programas y los equipos de vigilancia, gestión de imagen y control en tiempo real de las actividades involucradas en la ejecución de grandes eventos. Para ello, hicimos una búsqueda en la literatura sobre el tema y una entrevista con las unidades militares que comandaron Militar del Ejército brasileño de Comunicaciones, que tiene como una de sus misiones para instalar y operar un Centro de Mando y Control para una brigada o división del ejército. Palabras clave: Despliegue de la coordinación y control; Grandes Eventos; tiempo real. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CFTV Circuito Fechado de Televisão e Vídeo EB Exército Brasileiro FIFA Federação Internacional de Futebol Bda Inf L Brigada de Infantaria Leve DVR Gravador Digital de Vídeo PESCM14 CICC Planejamento Estratégico de Segurança para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 Centro Integrado de Comando e Controle DCC Doutrina de Comando e Controle CCC Centro de Comando e Controle Senasp Secretaria Nacional de Segurança Pública SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12 2 METODOLOGIA...................................................................................... 13 3 BREVE HISTÓRICO DE SISTEMA DE VIGILÂNCIA............................. 15 3.1 OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA NO BRASIL......................................... 15 3.2 OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA NO MUNDO......................................... 16 4 AS CÂMERAS DE SEGUANÇA DE SISTEMA DE MONITORAMENTO. 18 4.1 CÂMERAS DE VIGILÂNCIA.................................................................... 18 5 A IMPORTÂNCIA DA INTEROPERABILIDADE NOS SISTEMAS........ 23 5.1 CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE DO RJ.............. 27 6 O CONCEITO DA OPERACIONALIDADE DO SISTEMA....................... 33 7 CONCLUSÃO.......................................................................................... 38 8 REFERÊNCIAS........................................................................................ 41 12 1 INTRODUÇÃO O presente estudo pretende integrar as características dos equipamentos de monitoramento e de gerenciamento de imagens presentes no mercado brasileiro e as informações existentes de um centro de comando e controle empregado pelo Exército Brasileiro, com a finalidade de apresentar uma proposta de um Centro de Coordenação e Controle de monitoramento de imagens e informações, com o intuito de ser empregado nos Grandes Eventos que ocorrerão no Brasil, a partir de 2014, como por exemplo, a Copa do Mundo de Futebol que ocorrerá em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Uma das premissas básicas é a capacidade de interoperabilidade dos sistemas e equipamentos escolhidos para formação desse Centro de Coordenação e Controle. Entende-se sobre interoperabilidade a capacidade de sistemas, unidade ou forças intercambiarem serviços ou informações ou aceitá-los de outros sistemas, unidades ou forças e, também, de empregar esses serviços ou informações sem o comprometimento de suas funcionalidades. (BRASIL, 2007, p.140). O tema escolhido foi devido a experiência vivida no comando da Companhia de Comando da 11ª Brigado de Infantaria Leve (Cia C 11ª Bda Inf L), nos anos de 2012 e 2013, onde foi montado um Posto de Comando Principal Móvel, em um veículo tipo VAN, embarcando várias tecnologias de monitoramento de imagens, em tempo real, e integrando outros sistemas de controle de acesso de pessoas e veículos. Espera-se desse estudo uma orientação fundamentada com informações atualizadas de tecnologias para que sejam montadas células de coordenação e controle que poderão complementar as atividades militares de segurança durante os Grandes Eventos. O grande problema encontrado na construção desse Posto de Comando Móvel foi exatamente a interoperabilidade dos sistemas, ou seja, equipamentos que passem informações e imagens para o sistema da VAN e, também, de obter acesso a outros sistemas dos órgãos públicos presentes nas localidades. Nesse sentido, com a proximidade dos Grandes Eventos, surgiu a necessidade de se obter um centro de coordenação e controle capaz de obter imagens e informações, em tempo real, para apoiarem as tomadas de decisões dos grandes comandos em operações de grande vulto. 13 2 METODOLOGIA Quanto à natureza, o presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do tipo aplicada, por ter por objetivo gerar conhecimentos para aplicação práticas na determinação de uma proposta de um centro de monitoramento de imagens e informações. Quanto à forma de abordagem da pesquisa, serão utilizados os conceitos da modalidade qualitativa. A pesquisa qualitativa, segundo MINAYO (2002) se preocupa, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, trabalha-se com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. A pesquisa em questão apresenta características predominantemente qualitativas, na medida em que fazer uma proposta de um centro de operações de controle de imagens baseado em estudo de fontes primárias. Quanto ao objetivo geral, aplicar-se-á o conceito de pesquisa descritiva, segundo GIL (2002), o pesquisador deve se preocupar com a ação prática, contribuindo de forma significativa para o funcionamento do objetivo final a que se quer alcançar. Como delimitação do universo a ser estudado, serão considerados equipamentos e sistemas existentes no mercado brasileiro que possam realizar as operações desejadas e tendo uma interoperabilidade entre eles. Além disso, será realizado um questionário com militares de comunicações que comandaram unidades envolvidas na montagem de um Posto de Comando de Brigada. Para coletar dados, serão utilizados procedimentos técnicos, segundo GIL (2002), como a pesquisa bibliográfica e documental. O foco estará voltado para a busca de fontes primárias, além de todos os documentos produzidos após utilização de alguns sistemas similares. Esses procedimentos acabarão permitindo a descrição de produtos tecnológicos de última geração, e estruturando um modelo de centro de coordenação e controle. 14 Segundo MINAYO (2002, p. 26), “[...] o trabalho de campo que consiste no recorte empírico da construção teórica elaborada no momento. Esta etapa combina entrevistas, observações, levantamentos de material documental, bibliográfico, instrucional, etc.” Dentro dessa idéia, MINAYO (2002, p. 59) considera a observação participante, enquanto procedimento técnico, para coletar dados, evidenciando o contato direto entre o pesquisador com as informações a serem pesquisadas dos diversos setores ligados ao assunto. Para o embasamento teórico e a obtenção de tendências mais claras usou-se o levantamento documental, mencionado por MINAYO (2002), do que já se tem no mercado brasileiro. Além disso, tal técnica permite nortear o caminho a percorrer na busca do melhor entendimento dos sistemas de monitoramento de câmeras. A pesquisa será encerrada após a observação participante e a coleta documental de tecnologias atuais que estão direcionados para a contribuição da conclusão dessa pesquisa, com previsão de encerramento em dezembro de 2014. As conclusões decorrentes das pesquisas bibliográficas e documental permitirão estabelecer a existência de sistemas que possam interagir entre si, mantendo um canal de ligação de informações, em tempo real, necessárias para complementar o sistema de segurança que será empregado nos Grandes Eventos. Primeiramente, todo o material da pesquisa bibliográfica será analisado e interpretado. Dessa forma, será identificada a sequência a ser seguida para ser atingida o cerne dessa pesquisa, dentro de uma linha do tempo coerente com todo o processo. Num segundo momento, serão feitas interações e conclusões parciais que ajudarão a chegar a uma conclusão da existência de um sistema que tenha interoperabilidade com outros sistemas de outros órgãos de segurança. Com isso, será buscado uma estrutura ideal de trabalho de um centro de coordenação de controle por imagens. De posse de todos os dados, por fim, será montado uma conclusão de um sistema com equipamentos de monitoramento de imagens e informações que possam ser utilizados dentro de uma estrutura militar, com a intenção de ser empregado nos eventos dos Grandes Jogos. 15 3 BREVE DESCRIÇÃO DO CAMINHO PERCORRIDO DOS SISTEMAS DE MONITORAMENTO 3.1 OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA NO BRASIL Os sistemas eletrônicos de tecnologia inteligente utilizam as câmeras de vigilância, assim como muitas das denominadas “novas tecnologias”, apresentam-se não como opções, mas como medidas cotidianas na busca de segurança. O aumento da utilização desses sistemas eletrônicos de vigilância, geralmente definidos como um recurso para inibir assaltos, evitar depredações e identificar criminosos, é um fenômeno cada vez mais recorrente no mundo, de tal forma que hoje em dia é difícil percorrer ruas, praças, parques, shoppings, aeroportos ou outras áreas de circulação pública, sem se deparar com esses sistemas. Desde que me interessei por esse tema em 2012, ocasião em que preparava um projeto de segurança para a Companhia de Comando da 11ª Bda Inf L, em Campinas, encontrei inúmeros anúncios na mídia de que novos projetos para a inserção desses equipamentos estão sendo implementados no Brasil, seja em espaços fechados, como shoppings, ou abertos, como praças e ruas. Motivado por esse contexto, a presente pesquisa, agora em 2014, procurou analisar como se deu o processo de inserção das câmeras de monitoramento de imagens para segurança em espaços públicos e fechados, mais especificamente, nas cidades de São Paulo, a partir das experiências vividas e de verificar alguns sistemas em funcionamento. Os sistemas de monitoramento por imagens são recentes. Autores como Paul Virilio e Andrès Vitalis (1998), dentre muitos outros, afirmam, referindo-se à realidade européia, que os primeiros sistemas de vídeo vigilância foram instalados no início da década de 1970 com objetivo de controlar o tráfego, combater assaltos a bancos e a estabelecimentos comerciais de luxo. Ao longo dos anos 1980, esses sistemas se multiplicaram nos transportes coletivos, no comércio, em locais de trabalho e prédios públicos e, na década de 1990, nos estádios, em vias públicas e ruas de algumas cidades. “A introdução ao texto de Vitalis e Virilio (1998) afirma que, nessa época, existiriam na França um milhão de sistemas de câmeras de vigilância de 16 circuito fechado e, aproximadamente, 150 mil instalações em lugares públicos. Em muitos países, o cenário não é muito diferente. O sistema londrino de câmeras de monitoramento, por exemplo, é frequentemente citado como sendo aquele que tem mais câmeras e que serve como exemplo para a implantação desse sistema em outras cidades do mundo. No Reino Unido, existem 4,25 milhões de circuitos fechados de televisão, de acordo com os dados de 2004, da Associação da Indústria de Segurança Britânica (BSIAS, sigla em inglês) e da Embaixada Britânica no Brasil. A associação também estima que “o mercado de segurança do Reino Unido tenha gerado £4.4 bilhões em 2002, com destaque para serviços de segurança física (£1.79 bi); sistemas de segurança (£660m); circuito fechado de câmeras (£440m) e controle de acesso (£288m)”. Em solo brasileiro, o sistema de monitoramento por imagens em áreas públicas é um fenômeno recente, que se iniciou e se consolidou nos últimos 20 anos aproximadamente. Nesse período, o mercado de sistema de monitoramento de imagens através de Circuito Fechado de Televisão e Vídeo (CFTV), firmou-se como altamente lucrativo e em crescente expansão. Empresários e comerciantes do setor de segurança privada no Brasil estimavam em 2002, que havia um milhão de câmeras instaladas apenas no estado de São Paulo, e a ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica), realizou um levantamento sobre as vendas de sistemas eletrônicos indicando um faturamento, apenas para essa fatia do mercado, de 150 milhões de dólares em 1998, e 215 milhões de dólares em 20002. Iniciado o levantamento bibliográfico para a pesquisa, observou-se que, a amplitude dessa aceleração de crescimento vertiginoso sobre sistemas de monitoramento por imagens, não foi acompanhado pelas pesquisas brasileiras, por debates e publicações sobre o assunto. A grande maioria dos equipamentos são importados, diminuindo ainda mais a amplitude do estudo. A acelerada proliferação do fenômeno, a atualidade do tema e a escassez de bibliografia brasileira abordandoo mais diretamente foram dificuldades, na mesma medida em que também aumentaram a curiosidade e instigaram essa pesquisa. 3.2 OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA NO MUNDO Os sistemas de vigilância surgiram na grande maioria dos países para se antepor as atividades criminosas, uma maneira de precaver aos ataques e de obter mais informações para uma futura investigação. 17 Nos Estados Unidos da América (EUA), o aumento do emprego desse sistema foi devido ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 nesse país. A partir desse momento, a vigilância eletrônica se tornou uma verdadeira febre mundial, surgindo inúmeras tecnologias com o fim de monitorar todos os movimentos de uma cidade. Segundo o Jornal Folha de São Paulo (2002), em uma reportagem de um ano após o atentado, a disseminação da tecnologia de vigilância teve um crescimento vertiginoso, principalmente nas cidades de Washington e New York, principais alvos dos terroristas. Nesse contexto, houve uma severidade na entrada de turistas pelos aeroportos internacionais e um controle mais cerrado nos bancos financeiros, metrôs, praças públicas, avenidas principais, prédios, bares. Em todas as esquinas se viam uma câmera instalada. De imediato, meses depois do atentado, foram instaladas mais de 400 câmeras nas ruas de Washington. Em New York, foram instaladas mais de 6.000 câmeras de segurança. Nas fronteiras dos EUA foi instalado um muro virtual, onde é controlado a entrada de imigrantes, esse foi o ápice em tecnologia de vigilância. Esse projeto custou em torno de 2,1 bilhões de dólares, contendo câmeras, sensores de movimento, câmeras inteligentes, software de gerenciamento de imagens e outras tecnologias de monitoramento. Ainda, segundo a Folha de São Paulo (2007), a cidade de Londres é uma das cidades mais vigiadas do mundo, por ter espalhadas em suas ruas mais de 4,2 milhões de câmeras. No Reino Unido, há uma câmera para cada 14 habitantes. Em um estudo do Escritório de Comissariado de Informações Britânico mostrou que cada habitante é monitorado, em média, por 300 câmeras diariamente, em áreas públicas ou privadas. Estima-se que a grande quantidade de câmeras na cidade de Londres foi para lutar contra as ações terroristas do IRA, dez anos antes dos atentados contra os EUA. A grande quantidade de câmeras nas cidades é difícil de não ser notada, elas estão mais concentradas nas estações de metrô, estacionamentos, locais públicos, prédios públicos, monumentos e outros. É comum em Londres a instalação de câmeras em locais bem visíveis, para exatamente por medo a algum infrator e como para proteger as câmeras de possíveis ataques de vandalismo. Em todas as partes, podem ser observados cartazes informativos da existência de câmeras, da constante vigilância. 18 4 AS CÂMERAS DE SEGURANÇA DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO 4.1 CÂMERAS DE VIGILÂNCIA As informações técnicas contidas nesse capítulo foram cedidas para esse autor pela forma de entrevista com o Sr RICARDO LOPES, empresário da Empresa Fox Quality Serviços de Segurança Ltda, Campinas-SP. O sistema de monitoramento é composto pelas câmeras de segurança ou câmeras de vigilância que são dispositivos comuns utilizados pela grande maioria dos órgãos de segurança pública, como por exemplo, as vistas nos semáforos, no controle de trânsito de uma cidade ou dentro dos setores financeiros, para controle de entrada de pessoas. Essas câmeras são dispositivos de vídeo que capturam imagens e as transmitem para um circuito fechado de televisão, passando por uma central de monitoramento, na qual as imagens geradas são transmitidas em tempo real nos monitores, nessa central de monitoramento existem pessoas capacitadas para acompanharem e analisarem as imagens. As câmeras podem ser analógicas ou digitais. Em um sistema analógico, as imagens são capturadas e transmitidas para fitas de vídeo, estas devem ser trocadas com grande periodicidade. Além disso, a qualidade das imagens é bem pequena em comparação com as digitais. As câmeras analógicas têm uma qualidade máxima de 704 x 480 pixels (4CIF). As câmeras analógicas projetam as imagens sobre um chip sensor (CCD63), e a convertem em impulsos elétricos gerando assim o sinal de vídeo. Quanto maior a intensidade de luz em determinado ponto do chip, maior a voltagem produzida, ou seja, existe uma analogia direta entre o brilho da imagem e a voltagem que se produz, por isso o sinal é dito analógico. Os suportes para armazenagem nesse sistema são, em geral, as fitas de vídeo caseiro VHS ou utilizadas para televisão, as super VHS, ambas têm espaço mais limitado quando comparadas ao suporte digital. No sistema analógico, as imagens estão suscetíveis às variações de voltagem, que são gravadas diretamente na fita e sofrem interferências ou perdas, tanto na transmissão, como na gravação e em possíveis cópias de fitas. __________________ Entrevista concedida ao autor em 23 de novembro de 2014. 19 As câmeras digitais ou câmeras em sistema de rede são as tecnologias mais utilizadas ultimamente, pois elas proporcionam uma qualidade maior de definição de imagens, trazendo resultados importantes para a área de segurança. O sistema digital oferece muitas vantagens quando comparamos com as analógicas, tais como, o acesso remoto, a alta qualidade de imagens, gerenciamento de eventos e vídeos inteligentes, integração fácil com preparação de futuras mudanças, maiores escalabilidade, flexibilidade e economia. A acessibilidade remota traz conforto e flexibilidade para quem possui um sistema digital. As câmeras podem ser configuradas para serem acessadas remotamente, possibilitando aos usuários mais um ponto de acesso com segurança, podendo ver as imagens em tempo real e as já gravadas. Esse acesso pode ser feito praticamente de qualquer parte do mundo, necessitando somente de acesso a rede internacional de computadores. As câmeras digitais proporcionam uma qualidade incomparável com as mesmas imagens fornecidas das analógicas. Com uma câmera digital as imagens são dez vezes melhores do que as cedidas pela analógica. Elas transmitem imagens de alta resolução de HDTV (720 x 1080 pixels) e pode chegar até 2560 x 1920 pixels. Com isso, um sistema digital pode proporcionar uma vigilância mais ampla ou obter uma imagem altamente detalhada para atender a requisitos de identificação mais exigentes. Além disso, as imagens geradas são digitalizadas uma única vez e permanecem digitais, não precisando serem transformadas, processos esses que geram a perda de qualidade. As imagens podem ser armazenadas e acessadas mais facilmente do que no processo analógico. As câmeras que trabalham em uma rede digital pode ter gerenciamento de eventos e vídeos inteligentes, esses recursos internos proporcionam uma melhor análise de imagens e elimina a perda de tempo na qual o operador tem que gastar várias horas para analisar uma grande quantidade de imagens. Esses recursos incluem detecção de movimento, alarme de detecção de áudio, funções de gerenciamento de alarme e eventos, alarme ativo contra adulteração, todas essas medidas permitem que as câmeras analisem constantemente as entradas para detectar um evento e determinar qual será a ação de reação, com isso, o controlador receberá notificações de alarme ou avisos. O usuário pode configurar essas funções 20 de gerenciamento de imagens diretamente na interface do produto ou através de um software de gerenciamento. As câmeras digitais que são configuradas em uma rede e que tenham padrões abertos podem ser facilmente integradas a sistemas informatizados e na internet. Como exemplo, as câmeras digitais podem serem integradas em um software de gerenciamento de placas de automóveis, de reconhecimentos faciais e muitos outros gerenciamentos que atualmente o mercado está necessitando. As redes de câmeras digitais proporcionam escalabilidade e flexibilidade ao modo que elas permitem sempre atualizações e aumento de qualidade do sistema, além disso, elas permitem que um número grande de câmeras seja acessado no mesmo instante de qualquer lugar do mundo, através da internet, ou seja, um acesso remoto, longe do local onde as câmeras estão instaladas. Essa flexibilidade permite transmissão de imagens em tempo real, no momento em que a cena está ocorrendo, o usuário poderá estar assistindo na sua própria casa, no trabalho, em sua viagem através de um computador, de um smartphone ou de um tablet com acesso à internet. Um sistema de monitoramento por imagens digital proporciona muita economia em sua instalação ao se comparar com a infraestrutura necessária para instalar um sistema analógico. Muitas vezes, uma estrutura de internet já existe no local, facilitando e economizando na instalação do sistema digital. As redes IP e internets sem fio via wireless são alternativas muito econômicas, em vez de utilizar uma grande quantidade de cabo coaxial na instalação. 4.2 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DE UM SISTEMA DE SEGURANÇA O sistema de segurança deverá proporcionar de forma automática a integração dos diversos dispositivos instalados (intrusão, CFTV, acionamento de portas e cancelas, controle de ronda, etc.) além do envio de alarmes sonoros ou visuais à Central de Coordenação e Controle, além de registrar os atos através de imagens ou relatórios, de forma a tornar verdadeiramente eficiente a detecção e a solução do evento. O sistema deverá funcionar (gravar, transmitir imagens, gerar alarmes, etc.) por detecção de movimento sem a necessidade de instalar sensores adicionais nas 21 câmeras, enviando imagens com alarme, instantaneamente, para a Central de Monitoramento. Uma análise prévia dos locais onde serão instalados os sistemas deverá definir as configurações do funcionamento do alarme sonoro (sirene), alarme visual (luz de emergência) e demais recursos dos equipamentos de alarme de intrusão e controle de acesso. O sistema de segurança deverá ser composto pelos sistemas descritos abaixo variando apenas o quantitativo dos equipamentos em função das dimensões de cada instalação ou área a ser monitorada e de suas particularidades: CFTV - Monitoramento da Área Externa – Câmeras móveis tipo Dome, com zoom ótico mínimo de 26x, instaladas em postes e interligadas através de fibra óptica, localizadas em áreas estratégicas e em quantidade suficiente para permitir abranger toda a área desportiva. Junto às câmeras deverão ser instaladas caixas para instalação ao tempo, para acomodação de equipamentos auxiliares, no-break, terminadores de fibra óptica e todos os demais acessórios necessários para o perfeito funcionamento. A gravação, controle e gravação das imagens deverá ser feita na Central de Monitoramento; CFTV Interno em prédios: Deverá ser um sistema local composto por gravador digital de vídeo (DVR) e câmeras fixas ou móveis, internas e/ou externas, dispostas em locais estrategicamente definidos de forma a abranger as principais áreas da edificação. A gravação das imagens deverá ser feita no local bem como a visualização de todas as câmeras em um monitor local, mas o sistema deverá ser interligado à rede de segurança através do cabo de fibra óptica de forma a permitir o acesso remoto para visualização e gravação pela Central de Coordenação e Controle. Deverá ser considerada a criação de rotinas de back-up das imagens gravadas em cada prédio utilizando meios físicos ou a própria rede para transmissão dos dados, de forma a manter registros na Central; Alarme de Intrusão: Central de alarme do tipo industrial que deverá gerenciar os dispositivos de detecção de intrusão e que possua facilidades para agregação na mesma central de dispositivos que permitam a detecção de incêndio, controle de acesso, controle de ronda, botões de pânico e acionamento de cargas diversas em um só sistema compartilhando teclado, sirenes e saídas de alarme. Deverá possuir áreas programáveis com participações, saídas programáveis para integração com 22 outros sistemas, deverá permitir histórico das ocorrências e garantir a comunicação com a central de monitoramento por no mínimo 2 (dois) caminhos distintos. Deverão ser utilizados sensores de infravermelho inteligentes, com níveis distintos de detecção, imunes a insetos, imunes a pequenos animais e com fio. A central deverá permitir a programação individual de cada saída de alarme e relés em função do tipo de sinal na entrada de forma a permitir ações distintas para cada combinação de atuação de sensores; Controle de Acesso Pessoal à área restrita: Para acionamento de portas específicas em cada prédio através de leitoras de cartão e/ou biométricos e fechaduras elétricas. Deverá fazer o registro do usuário e hora do acesso devendo ainda ser possível o envio de alerta de acesso à Central de Coordenação e Controle; Controle de Acesso de Veículos: Constituído por barreiras tipo cancelas automáticas acionadas através de cartões de proximidade ou emissão de tickets de acesso. Deverá ser feito o registro do usuário, do horário de entrada e saída e permitir o controle de abertura e fechamento a partir da Central de Coordenação e Controle; Alarme de Incêndio: Para locais desportivos onde existe possibilidade de ocorrência de incêndio devido aos tipos de materiais manipulados ou armazenados deverão ser instalados sensores de fumaça especifico para cada tipo de risco devendo ser interligado à central única de alarme de intrusão, incêndio e controle de acesso; Botões de Pânico: Acionadores com fio que poderão ser instalados em local oculto, porém de fácil acesso que permita a sinalização sonora à Central de Coordenação e Controle e à vigilância local. Deverá ser interligado à mesma central e possuir tratamento específico do sinal; Controle de Ronda na cidade Olímpica: O controle deverá ser provido pela mesma central e deverá ser constituído por dispositivos de recepção de sinal através de botão ou cartão distribuídos pelos prédios e que deverão ser acionados em sequência e horários previamente definidos pela ronda noturna responsável pela vigilância do local. Caso o acionamento não seja feito conforme estipulado deverá ser registrado e enviado um sinal à central de Coordenação e Controle que tomará as medidas descritas no procedimento de segurança; Central de Coordenação e Controle: Deverá ser localizada em área dotada de segurança física e preparada para abrigar os operadores do sistema de vigilância de 23 cada órgão de segurança e defesa pública. A esta central será convergida todos os sinais do sistema de CFTV e alarme de todos os prédios sendo estes sinais identificados, armazenados e monitorados 24 horas por dia, 7 dias por semana por operadores adequadamente preparados para analisar as ocorrências e tomar as decisões baseadas em procedimentos padrões treinados e coordenados pelas Forças Armadas. 5 A IMPORTÂNCIA DA INTEROPERABILIDADE NOS SISTEMAS Sistemas integrados de controle e coordenação através de gerenciamento de imagens vêm sendo montado em todo o mundo, principalmente, para o controle de eventos com grande concentração de pessoas, surgindo como uma solução a mais e necessária para o bom andamento da segurança pública. Outro ponto importante está no surgimento de várias empresas nacionais e internacionais competindo nesse mercado de tecnologias inteligentes que promovem segurança e defesa, no qual empresas de diversos países tentam vender aos governos de diferentes partes do mundo produtos e sistemas cada vez mais caros, complexos e pretensamente eficazes. Por último, as empresas desse ramo veem com grande importância o fechamento de contratos em grandes cidades, podendo, com isso, servir como vitrine e propaganda da sua empresa e do seu produto de segurança por câmeras e monitoramento feito por um centro de controle. Segundo Bruno de Vasconcelos Cardoso - Professor Adjunto de Sociologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil fez com que sistemas integrados de comando e controle fossem instalados nas doze cidades-sede, através de contratos com diferentes empresas de tecnologia de defesa e segurança, de diversas nacionalidades. Para estas, dificilmente a situação poderia ter sido mais apropriada, pois os próprios documentos e resoluções tanto do Ministério da Justiça quanto da Defesa apresentavam a adoção do modelo de C² e a construção de Centros de Comando e Controle (ou Centros Integrados de Comando e Controle, como agora vêm sendo nomeados) como, mais até do que um horizonte almejado, uma precondição para que os Estados recebessem verba federal para segurança pública. A argumentação oficial para tal quadro, gira em torno do plano de “integração” (ou de “atuação integrada”) de todas as instituições responsáveis pela segurança no país. 24 Uma forma de perceber bem isso é a análise do “Planejamento Estratégico de Segurança para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014” (PESCM14), elaborado pela Secretaria Extraordinária de Segurança em Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça. Mesmo uma leitura superficial do documento deixa patente a importância destacada, quase obsessiva, dada à integração institucional como horizonte de operacionalidade desejado pelos responsáveis pela segurança dos megaeventos, e como principal legado deixado por estes para a área em questão. O compartilhamento interinstitucional das informações e a coordenação da atuação e integração das diferentes instituições é o novo paradigma almejado. É o que podemos observar nos trechos abaixo: Os esforços devem ser direcionados à efetiva integração das instituições brasileiras, e dessas com a Gerência Geral de Segurança do Comitê Organizador da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, pois, como se sabe, a ausência de integração entre os diversos órgãos é um dos grandes fatores que obstaculizam a redução dos índices de criminalidade e desperdiçam recursos públicos. Todo o escopo do planejamento estratégico para a segurança pública durante a Copa do Mundo objetiva à integração das instituições, com consequentes resultados na forma de utilização de recursos humanos, materiais e financeiros (PESCM14, p. 13). O aperfeiçoamento da integração e o desenvolvimento de canais de comunicação e protocolos de relacionamento (a fim de garantir um fluxo de informações que devem ser compartilhadas) têm como meta a concretização da integração entre as instituições de Segurança Pública. Independentemente de quaisquer outras ferramentas administrativas e operacionais colocadas à disposição dos órgãos, a integração definitiva das instituições será o maior de todos os legados e, certamente, justifica a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. (PESCM14, p. 22) A ideia da interoperabilidade dos sistemas favorece a comunicação entre as forças de segurança pública envolvidas na segurança de um megaevento, trazendo mais cooperação entre elas e menos divergências entres as instituições coincide com o discurso da cúpula da segurança pública no Rio de Janeiro. No jornal O Globo do dia 08/12/2012, por exemplo, em uma reportagem sobre o CICC, é reproduzida uma declaração do Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que reforça a importância de integrar as instituições de segurança, afirmando ser esse também o legado que gostaria de deixar de sua gestão: “O legado que queremos deixar será a integração de todas as forças de segurança. Isto é um processo tão difícil como ocupar o Alemão” (O GLOBO, 2012). Tamanha importância e insistência não são injustificadas. Um exemplo paradigmático pode ser retirado do trabalho de campo que realizei em 2008 25 acompanhando o cotidiano de serviço do sistema de videovigilância do Estado do Rio de Janeiro (Cardoso, 2010). Ficaram então evidentes as dificuldades operacionais relacionadas à falta de integração (ou à fragmentação) entre as diferentes instituições e setores institucionais que compunham o sistema, mesmo quando localizados dentro da mesma sala. O maior problema de funcionamento daquele COBAT dizia respeito à fragmentação descoordenada do trabalho. Na mesa dos operadores ficam alguns telefones, para a comunicação com o CCC, a Comtex e os supervisores da Assegura, compondo com a câmera que monitora constantemente a sala de operações, o sistema de vigilância aos próprios vigilantes. As informações mais importantes para o monitoramento, entretanto, não passam por esses telefones nem pela mesa dos operadores, só chegando a eles através dos policiais despachadores. E como pude perceber diversas vezes, estes nem sempre as repassam para os responsáveis diretos pelo monitoramento. Foi Saulo quem primeiro me alertou para essa questão, com sua insistência em reclamar da fragmentação do seu trabalho. Era ele quem tinha que operar as câmeras e ver as coisas, mas não era ele quem passava, ou recebia, as informações aos agentes nas ruas. Da mesma forma, quando há uma perseguição ou a captura de alguma imagem imediatamente utilizável para policiais que estão nas ruas, são os operadores que comandam as câmeras, mas a comunicação por rádio é feita pelos policiais. A estrutura do trabalho de monitoramento estabelece uma separação definitiva entre olhos de um lado e ouvidos e boca do outro (Cardoso, 2010; 185). Dessa forma pode-se verificar que os desafios da interoperabilidade não estão somente nos equipamentos, mas também nos operadores pertencentes a várias instituições, com todas as suas vaidades contidas nelas, constituindo assim esse desafio para que seja atingida a situação de integração almejada. O reiterado discurso oficial indica que a maneira ideal de atingir esse objetivo é através, principalmente, da combinação entre arquitetura e sistemas tecnológicos/informáticos. Poderíamos então dizer que a aposta da segurança pública brasileira, tendo como incentivo, diretriz e horizonte a realização próxima de megaeventos no país, recai naquilo que Mitchell (1995 apud Duarte e Firmino, 2010, p. 104) chama de arquitetura recombinante, termo usado para “reforçar a ideia de um espaço existente sendo (conceitualmente) diluído por novos paradigmas e recombinado com novos elementos das tecnologias da informação e comunicação. Isso fica evidenciado se tivermos em conta que o principal pilar desse movimento de integração institucional através da modernização tecnológica é a construção dos Centros de Coordenação e Controle por gerenciamento de imagens, como podemos ver no PESCM14: Os Centros de Comando e Controle não podem ser pensados apenas fisicamente, como instalações tecnológicas de última geração. Eles são, 26 antes de tudo, um arcabouço de procedimentos, protocolos e comunicações previamente estabelecidos, treinados e integrados (PESCM14, pp. 34-35). Na estrutura de segurança pública, os Centros de Comando e Controle são de crucial importância. Eles foram pensados de maneira a cobrir toda a necessidade operacional, seja ela internacional, nacional, regional ou local, assim como toda a atividade de Inteligência. Os Centros de Comando e Controle e a capacitação dos recursos humanos dos órgãos envolvidos formam a coluna cervical do sistema de segurança para os Grandes Eventos (PESCM14, p. 35). Os Centros de Coordenação e Controle com monitoramento de imagens são elemento básico da “Doutrina Militar de Comando e Controle do Exército Brasileiro – MD31-D-03”, adotada oficialmente pelo Ministério da Defesa através de Portaria Normativa de 29 de dezembro de 2006. No documento elaborado pelo ministério, o princípio de comando e controle é apresentado como: Ciência e arte que trata do funcionamento de uma cadeia de comando e, nessa concepção, envolve, basicamente, três componentes: a) a autoridade legitimamente investida apoiada por uma organização da qual emanam as decisões que materializam o exercício do comando e para onde fluem as informações necessárias ao exercício do controle; b) a sistemática de um processo decisório que permite a formulação de ordens, estabelece o fluxo de informações e assegura mecanismos destinados à garantia do cumprimento pleno das ordens; e c) a estrutura, incluindo pessoal, equipamento, doutrina e tecnologia necessários para a autoridade acompanhar o desenvolvimento das operações (DMCC, 2006, p. 13). Samatas (2011) aponta como a adoção do Comando e Controle nas Olimpíadas de Atenas, primeira cidade a sediar uma Olimpíada após o 11 de setembro de 2001, representou então uma novidade, tendo posteriormente sido naturalizada como modelo de ação securitária para as cidades que receberiam eventos semelhantes – formou-se um padrão. No manual da “Doutrina de Comando e Controle” (DCC), o horizonte de atuação num modelo de rede flexível é afirmado diretamente, em termos bem próximos aos apresentados por Castells (2010), ao se referir à estrutura dominante da nova economia em rede: A Guerra Centrada em Redes (GCR) é uma forma de atuar na guerra com a visão específica oriunda da era da informação. Caracteriza-se pelo estabelecimento de um ambiente de compartilhamento da consciência situacional, de modo a contribuir para a obtenção da superioridade de informação e da iniciativa, mesmo que os elementos da força estejam dispersos geograficamente. É um conceito novo e que deverá ser acompanhado e aplicado nas oportunidades cabíveis de acordo com as possibilidades das Forças Armadas (DCC, 2006, p. 47). 27 O sistema deverá ter capacidade para ser reconfigurado rapidamente e para responder a uma iminente mudança de ambiente. A Flexibilidade poderá ser obtida por projetos de sistemas inteligentes e pela possibilidade de utilização de instalações fixas, móveis e transportáveis. Para atender a esse princípio, a estrutura (...) deverá ser capaz de agregar ou incorporar produtos e conceitos derivados de inovações tecnológicas, além de adequar-se às condições impostas por reestruturações administrativas ou às alterações nos quadros político e estratégico (DCC, 2006, p. 19). Uma malha de informação provida por meios tecnológicos não é uma pessoa, uma coisa física ou território que podem serem articulados facilmente. Essa malha de informação é formada por conexões estabelecidas entre pontos que devem ser relativamente similares tecnologicamente: mesmo com diferentes graus de conhecimento, interesse e atuação, todas as partes devem ser capazes de se comunicar sem grandes distorções através de uma mesma linguagem tecnológica. Entretanto, a escolha e o estabelecimento dessa linguagem comum, ou dos padrões de conduta, dos softwares utilizados, das estratégias de atuação, de monitoramento, mostram-se sempre como um dos principais desafios no estabelecimento de zonas tecnológicas de ação coordenada. Ações comandadas e controladas de forma integrada, apoiando-se nas técnicas de C2, proporcionam uma rápida e precisa formação de consciência situacional, permitindo aos responsáveis um uso mais racional e objetivo dos meios disponíveis e, sem dúvida, uma resposta mais rápida e precisa às demandas que se apresentam (Mendes Afonso e Santos da Silva, 2013, p. 11). 5.1 CENTRO INTEGRADO DO RIO DE JANEIRO (CICC) Para Vasconcelos (2014), no caso específico do Rio de Janeiro, a construção do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) estava inicialmente prevista para ser concluída no final de 2010, porém esta sofreu atraso de dois anos e meio, e considerável acréscimo dos gastos. A inauguração oficial foi realizada em 31/05/2013, ainda sem que o prédio estivesse operando de forma completa. Em publicação de janeiro de 2012, o governador do Estado apresenta a obra como “um projeto essencial para a segurança pública”, afirmando que sua inauguração ocorreria em breve e que o CICC “abrigará um dos mais modernos sistemas de atendimento e monitoramento do mundo”. Ainda para Vasconcelos (2014), a principal novidade do CICC, em seu espaço físico estarão representadas as diversas instituições oficiais responsáveis pela 28 segurança pública e “defesa social”: SAMU, Corpo de Bombeiros, CET-Rio, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, Defesa Civil, Instituto Estadual de Ambiente e as polícias civil e militar (ver figura 1 para a distribuição espacial). Na ocorrência de crises a serem gerenciadas, ou durante a realização dos grandes eventos, na sala preparada para esse intuito também estariam presentes representantes da Polícia Federal, da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e das Forças Armadas. Figura 1: Planta baixa do segundo pavimento do CICC do Rio de Janeiro Fonte: RIO DE JANEIRO, [2010] (Apud Coli (2011)). O Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), do Rio de Janeiro – RJ, foi concebido como um aperfeiçoamento estrategicamente planejado do Centro de Comando e Controle (CCC), ponto nevrálgico do sistema de vídeo monitoramento da Secretaria de Segurança, que, desde 2005, a Polícia Militar opera na região metropolitana da capital (Rio de Janeiro, Niterói e Baixada Fluminense). O CCC era localizado na torre da Central do Brasil, espaço que, embora tivesse sido adaptado ao seu funcionamento, contava com limitações estruturais de difícil transposição para a inevitável expansão do sistema de câmeras, e para a realização de um trabalho mais integrado e coordenado com outras instituições públicas implicadas na segurança. Um exemplo paradigmático é que um centro de gerenciamento de crises, presente no 29 projeto original do CCC, mas não concretizado, é parte importante do projeto do CICC, sendo ressaltado o papel central que desempenhará durante a realização de grandes eventos como aponta Vasconcelos, (2014, p.11). A transposição para um novo prédio, construído especificamente para tal função, pretende proporcionar uma oportunidade ímpar para a elaboração, e posterior execução, de uma planificação definida e de longa duração para esse modelo de atuação em segurança pública (ao menos é o que afirmam os discursos oficiais). A transformação trazida pelo conceito de integração, que constitui a principal diferença entre os dois centros, fica evidenciada na comparação das diretrizes ligadas ao espaço físico destinados ao seu funcionamento. No CCC, o sistema de videovigilância era operado basicamente pela PM, com maior conexão com o Corpo de Bombeiros, instituição com a qual havia, ao menos, um canal de comunicação institucional direto (por rádio). E, pelas dimensões do espaço disponível, a incorporação de outras instituições mostrava-se inviável. Além disso, por se tratar de um prédio bastante antigo (de 1943), nem sempre era possível a instalação da infraestrutura tecnológica necessária para os planos de modernização. É o que Horan (2000 apud Duarte e Firmino, 2010, p. 109) chama de adaptative design, “onde o espaço é adaptado para inclusão de infraestrutura, equipamentos e novas práticas devido às TICs” – sendo a construção de um novo prédio, que já levaria em conta tanto os sistemas informáticos e de comunicação previstos, quanto a presença de todas as instituições que se deseja integrar, um caso de “transformative design”, onde especificações técnicas e novas práticas de uso das TICs são “incorporadas, infiltradas e recombinadas com os elementos tradicionais da arquitetura”. Como apontam Duarte e Firmino (2010, p. 109) A denominação de design ou espaços recombinantes proposta por Horan direciona as discussões para uma diferenciação entre espaços tradicionais adaptados e espaços conceitualmente novos onde a cibernética já estaria afetando os processos de concepção, construção e uso dos lugares. Em outras palavras, a classificação de Horan serve para verificar o nível de simbiose entre elementos tradicionais do espaço (tijolos e argamassa) e os elementos telemáticos (redes, bits e bytes). O CICC contém, em uma construção, o modelo do que deve ser a atuação das forças de segurança. A planta baixa do segundo pavimento do CICC do Rio de Janeiro, apresentado na figura 1, indica o papel da arquitetura na integração das diferentes instituições, todas localizadas em uma mesma ala do prédio, lado a lado. Transformações arquitetônicas semelhantes não são novidade, tendo seguido diferentes preceitos em diferentes épocas. O exemplo mais significativo é 30 provavelmente o Panóptico, projeto de Jeremy Bentham (2000), cuja análise posteriormente foi retomada por Foucault (2003) como exemplo paradigmático do planejamento disciplinar. A similaridade com o princípio panóptico advém menos do trabalho de vigilância e observação, e mais da tentativa de conformação das atividades humana e institucional através do planejamento arquitetural (a arquitetura é pensada como artifício para reformar o comportamento e a sujeitar os indivíduos). Nesse sentido, esses centros, ao reunir todos os elementos constitutivos do comando e controle, são construídos para estabilizar materialmente, tornar durável (Latour, 1998) uma determinada rede sociotécnica, preconizada pelos princípios de uma doutrina de atuação militar (Walker, Stanton, Salmon e Jenkins, 2009). Os documentos através dos quais essa doutrina é especificada, que preconizam conexões, comportamentos e interações, também fazem, obviamente, parte da rede sociotécnica construída e estabilizada com a construção do prédio e sua distribuição espacial interna. Entretanto, embora a influência do espaço físico seja amplamente ressaltada, em iniciativas contemporâneas baseadas na modernização tecnológica, a integração e coordenação devem passar principalmente pelas tecnologias de comunicação e pela circulação de informações, além da mera concentração de pessoas. Assim, o estabelecimento de uma zona tecnológica (Barry, 2001) é fundamental para que o projeto do Centro de Controle e Coordenação com monitoramento de imagens para os grandes eventos, e a política de ação integrada/coordenada em segurança, possam fazer uso dos meios técnicos que lhes são oferecidos. Como no Centro Integrado funcionarão oito forças diferentes, quatro estaduais, uma federal e três municipais, nós desenvolvemos também um software de atendimento e despacho, chamado de Teleatendimento Integrado de Demandas Emergenciais (TIDE). O TIDE funcionará dentro do próprio CICC, porque nós vamos levar para o Centro Integrado os teleatendimentos de emergência, como o 190, que é o atendimento da polícia; o 193, do Corpo de Bombeiros; e o 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Este é, com certeza, um trabalho de integração e inovação. (...) Com a integração de todos esses órgãos e, mais do que isso, com a integração através do software de TIDE36, passaremos a ter um banco de dados único. (...) todas as demandas emergenciais vão convergir para um local comum. A partir daí, esperamos tirar muitos dados estratégicos para, de alguma maneira, retroalimentar a inteligência para análise e estudos futuros (Novaes, 2012, p. 28). A mesma integração buscada dentro de um sistema de Coordenação e Controle para as instituições envolvidas, também deverá ser alvo nos equipamentos comprados, pois como já foi abordado, várias são as empresas interessadas em 31 prestar esse serviço, principalmente, um serviço que atenderá aos grandes eventos que ocorrerão no Brasil, foco principal nas Olimpíadas de 2016. Nesse sentido, a busca por equipamentos tecnológicos que ajudam a interoperabilidade entre as instituições são aspecto altamente relevante para o bom funcionamento desse sistema tecnológico. Esse sistema tecnológico deverá estar relacionado diretamente com o Sistema Nacional de Informação, condição necessária para o repasse de recursos federais aos Estados. O recebimento de recursos da União estará condicionado à participação de cada ente federativo envolvido no “Sistema Nacional de Informações”. Como suporte, a União lhes oferecerá treinamento e capacitação de seus recursos humanos. O objetivo dessa vinculação é a viabilização de um plano nacional de combate à violência, a partir dos registros realizados no Sistema Nacional de Informação (PESCM14, p. 33). Outra grande preocupação que os membros da comissão criadora do Centro de Coordenação e Controle com monitoramento de imagens deve ter é com a manutenção do sistema criado. Esse centro tecnológico é um processo que demanda constante manutenção e atualização. Para isso, uma equipe que fará a contratação deverá ter grande atenção e apoio jurídico para elaboração de um contrato de manutenção e atualização do sistema. Essa manutenção não é um simples meio de resolver problemas e imprevistos, mas sim como um meio de constante atualização tecnológica, pois é sabido que a cada ano os sistemas informatizados do Mundo se modernizam, apresentando novidades e soluções tecnológicos, então, para isso, o sistema deverá ser implantado com abertura para atualizações e modernizações, além das manutenções preditivas e preventivas. O investimento inicial em aquisição e instalação de aparelhos, câmeras, computadores e redes, acaba representando, em pouco tempo, apenas uma parcela reduzida dos gastos em modernização, devido aos elevados custos do aperfeiçoamento pessoal, manutenção e da quase sempre inevitável expansão dos sistemas. Nesse sentido, afirma Novaes: um dos nossos maiores desafios é o processo de aquisição, por exemplo, de um software, que é difícil visualizar ou mensurar. Para nós, essa questão é bastante complicada. Afinal, precisamos manter a tecnologia atualizada e equilibrar o orçamento e a velocidade nos processos licitatórios (Novaes, 2012, p.28). Além da preocupação com a integração dos sistemas por meios tecnológicos adequados e com a integração das instituições envolvidas no monitoramento das imagens, surge a necessidade de proteção das informações, do seu trânsito na rede 32 mundial de computadores, pois é sabido que esses meios podem sofrer com as ameaças de invasão ou boicote de sistema promovidos pelos hackerismo e ciberataques. Com isso, o sistema deverá ser aberto o suficiente para a comunicabilidade entre as instituições e equipamentos, mas deverá ser fechado o necessário para manter a integridade das informações que ali transitam o dia todo, minimizando a vulnerabilidade do aparato tecnológico diante das principais ameaças externas existentes atualmente. A integração dos sistemas de informações não significará a abertura completa dos bancos dados de cada uma das instituições e não colocará em risco a preservação de informações sigilosas. Caso uma consulta realizada por uma força policial apresente resultado positivo para a existência de um registro criminal em outra unidade da federação, a Instituição interessada deverá checar o conteúdo da informação junto àquela que inseriu os dados no sistema, a fim de obter os dados intercambiáveis (PESCM14, p. 33). A integração desse sistema é buscada com a tecnologia adequada, mas para que o sistema funcione bem e de forma coerente com o objetivo a ser alcançado, ou seja, a obtenção de informações que geram segurança, será necessária a presença do Homem. É colocada demasiada ênfase na tecnologia em si, enquanto os homens que interagem de modo direto com o sistema tecnológico são tratados como intermediários, ou seja, como elementos neutros, necessário apenas para fazer funcionar o sistema, quando na prática agem como mediadores, que “transformam, traduzem, distorcem e modificam o sentido ou elementos que devem transportar” (Latour, 2007, p. 58). Os operadores do sistema são imprescindíveis para o funcionamento adequado do sistema, fazendo parte integrante da tecnologia empregada. O ser humano como valorosas armas no desempenho do monitoramento. No entanto, sem os objetos técnicos, esse olhar maldoso nada veria além das paredes da sala e da movimentação dos colegas, e teriam que guardar as imagens apenas na memória (humana). Já as câmeras e o aparato tecnológico que as sustentam, são louvadas pelas amplas possibilidades de deslocamento espacial e de eternização do visualizado, fatores responsáveis pela especificidade da vigilância eletrônica. Contudo, estes apenas captam informações, que codificam e transmitem em linguagem numérica, cuja recomposição em imagens e em cenas depende dos mediadores humanos, seu olhar e sua capacidade interpretativa. A relação (negligenciada) entre os dois tipos de elementos – pessoas e tecnologia - é o âmago da videovigilância, mas também sua parte mais problemática, e menos levada em conta. Ao manterem na penumbra a relação entre os elementos humanos e máquinas é possível, estratégica e discursivamente, que as vantagens do sistema sejam enaltecidas e ressaltadas, enquanto suas fraquezas são mascaradas (Cardoso, 2010; 231-232). 33 No caso da integração institucional, haverá um pertencimento simultâneo a uma instituição de segurança específica, de estrutura burocrática, hierárquica e vertical, e a um sistema integrado de segurança, com características estruturais mais próximas de uma rede horizontal e flexível (Castells, 2010), como aparece com frequência nos textos sobre os princípios de comando e controle. Cresce de importância a centralidade de comando nesse tipo de sistema de Coordenação e Controle, facilitando os acessos das informações e os tramites que ela irá passar no Sistema Nacional de Informação. 6 O CONCEITO DA OPERACIONALIDADE DO SISTEMA O conceito operacional define como a atuação dos órgãos e instituições integrantes de um Centro de Coordenação e Controle com monitoramento de imagens poderá ser organizado para o trabalho conjunto, prevendo competências e atribuições específicas para cada um. Dentro dessa organização que irá promover a segurança dos Grandes Eventos no Brasil, deverá ser fornecido um entendimento da funcionalidade dos órgãos e instituições, garantindo para isso, o cumprimento correto e imediato das medidas necessárias para uma possível ameaça ao evento. Nesse sentido, cresce de importância a atuação do Exército Brasileiro na coordenação dessa atividade. Como membro coordenador das atividades de segurança nos Grandes Eventos, será responsável por conduzir e coordenar todas as atividades envolvidas na segurança, para isso terá a sua disposição dentro do Centro de Coordenação e Controle vários órgãos de segurança pública, já citados no capítulo anterior. As medidas a serem definidas em um conceito operacional de atuação nesta magnitude, envolvendo tantos órgãos, em todos os níveis federativos, constituem fator preponderante para a coordenação e controle de todas as atividades dos órgãos de maneira harmônica para se obter prontas respostas às possíveis ameaças que surgirem. Ao Ministério da Defesa, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública, caberá, além de outras atribuições de cunho não operacional, a coordenação do 34 Centro de Coordenação e Controle com monitoramento de imagens, criando canais de comunicação direta com os órgãos de segurança pública. Também ao Ministério da Defesa, através das Forças Armadas e com o apoio do Departamento de Polícia Federal, caberá realizar ações de antiterrorismo e contra terrorismo; operações de varredura, de prevenção antibombas, contramedidas, investigação e perícia pós explosão que se fizerem eventualmente necessárias nas praças desportivas, nos locais de hospedagem, nos eventos oficiais e nos treinamentos; gerenciar crises em ocorrências com reféns que envolvam pessoas diretamente relacionadas com o evento Jogos Olímpicos; atender as ocorrências e/ou atentados com artefatos explosivos e/ou incendiários, bem como, agentes químicos, radiológicos, bacteriológicos ou nucleares; executar a segurança das delegações esportivas e das autoridades que o protocolo prevê; realizar as ações de polícia marítima e de fronteiras; estabelecer delegacias fixas e/ou móveis (sistema móvel integrado de polícia judiciária) nas regiões de interesse, dentro de suas atribuições legais; formatar a grade curricular dos cursos de formação da segurança privada; autorizar o funcionamento das escolas de formação dos profissionais da segurança privada, que atuarão nas Praças Desportivas; e controlar e fiscalizar os profissionais de segurança privada, quando da atuação nas Praças Desportivas (Senasp, 2013). Igualmente ao Ministério da Defesa incumbirá, através das Forças Armadas e com o apoio do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, fortalecer o controle das divisas dos Estados e dos limites dos Municípios-sede dos Jogos Olímpicos, no âmbito das rodovias federais; realizar as ações de segurança, controle e socorro aeromóvel nas rodovias federais; realizar, no âmbito das rodovias federais, a escolta das delegações e dignitários para os locais de hospedagem, embarque, treinamento, competição, não-competição e pontos turísticos; disponibilizar equipes de batedores para atuarem em caso de deslocamentos emergências nas rodovias federais; e apoiar os entes federados, quando solicitado, na realização de escoltas e operações de batedores (Senasp, 2013). Ao Ministério da Defesa, através das Forças Armadas, caberá apoiar, quando solicitado pelos órgãos da União ou de unidades da Federação, na prevenção e/ou restabelecimento da ordem, na realização de escoltas e batedores, bem como em caso de atentados, catástrofes ou sinistros em geral que superem a capacidade 35 operativa dos Estados, bem como manter homens em condições de atuarem em todo o território nacional quando acionado, em curto tempo de emprego. À Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos de 2016, caberá exercer a função dirigente estratégica de segurança pública e inteligência em âmbito estadual; interagir com a respectiva Secretaria Estadual de Defesa Civil para coordenação das ações preventivas e para elaboração dos planos de contingência necessários; exercer a coordenação dos Centros de Comando de Controle Regional, Local e móveis, proporcionando a integração entre estes; elaborar o Plano de Ações de Segurança Pública Estadual para o período 2013 a 2016; coordenar, através do órgão central de inteligência, as ações de gestão e produção do conhecimento que nortearão o Plano de Ações de Segurança Pública Estadual; definir, em consonância com as diretrizes do Governo Federal, o emprego da aviação de segurança pública; e interagir com os órgãos de controle de trânsito municipais e estaduais, permitindo participação ativa dos mesmos durante o processo de planejamento, execução e avaliação das operações (Senasp, 2013). Às Polícias Civis caberá exercer as funções de polícia judiciária, com exceção das militares e as de atribuição própria da União; instalar Delegacias Especiais nas regiões de interesse e nos locais de competição; instalar Delegacia Especial de atendimento aos turistas nas cidades-sede dos jogos de futebol; realizar monitoramento criminal específico voltado às regiões próximas às praças desportivas, bem como aos locais de hospedagem, de eventos e de treinamentos; e promover ações preventivas e judiciárias, em articulação com a pasta penitenciária, com vistas ao monitoramento dos estabelecimentos prisionais e delegacias de polícia concentradoras de presos (Senasp, 2013). Às Polícias Técnico-científicas realizarão perícia técnico-científica na sua área de competência e em sua circunscrição; apoiar a realização de investigação e perícia pós explosão que se fizerem necessárias nas praças desportivas, bem como nos locais de hospedagem, de eventos oficiais e de treinamentos; e estabelecer os padrões de softwares e hardwares necessários à implantação dos sistemas de identificação facial e de movimentos suspeitos (Senasp, 2013). As missões das Polícia Militares serão as de realizar policiamento ostensivo, visando à preservação e/ou restabelecimento da ordem pública; controlar as divisas 36 dos Estados e dos limites dos Municípios-sede, exceto no caso de rodovias federais; gerenciar as ocorrências com reféns, desde que não envolvam dignitários, dirigentes e atletas sob a proteção do Departamento de Polícia Federal; realizar ações de controle de distúrbios civis; realizar, nas rodovias estaduais e nas áreas urbanas, a escolta das delegações e dignitários para os locais de hospedagem, embarque, treinamento, competição, não-competição e pontos turísticos; apoiar a realização das operações de varredura, de prevenção antibombas, contramedidas que se fizerem necessárias nas praças desportivas, locais de hospedagem, eventos oficiais e treinamentos; efetuar ações de primeira resposta contra terrorista; fortalecer o policiamento ostensivo nas áreas externas das praças desportivas, locais de hospedagem, eventos e treinamentos; fortalecer o policiamento ostensivo nos corredores viários de acesso às praças desportivas, áreas de eventos oficiais, treinamentos e hospedagem; fortalecer o policiamento ostensivo nos pontos turísticos das cidades; ocupar e conter áreas de violência conflagradas através do exercício do policiamento de proximidades; estabelecer perímetro de segurança nas áreas externas dos pontos sensíveis e críticos, e, em especial, nos sistemas de telecomunicações, de fornecimento de energia, iluminação, gás e abastecimento de água, e correlatos; e fortalecer o policiamento ostensivo nas proximidades de redes ferroviárias, terminais rodoviários e entorno dos aeroportos (Senasp, 2013). Aos Corpos de Bombeiros Militares caberá adotar medidas de prevenção, preparação e resposta relacionadas às Praças Desportivas, local de hospedagem e eventos oficiais; prover capacidade operativa compatível para executar operações de busca, salvamento e resgate; fiscalizar as praças desportivas no que tange ao cumprimento da Legislação Estadual, Municipal e parâmetros definidos pelo Comitê Olímpico Internacional, referente a incêndio, capacidade e pânico; realizar perícias em operações próprias dos Corpos de Bombeiros, bem como em ações integradas com outros órgãos, sem prejuízo das atribuições específicas; ampliar a capacidade de resposta a emergências nas unidades federativas; e interagir com os órgãos municipais de atendimento a urgências e emergências médicas (Senasp, 2013). Às Secretarias de Estado de Defesa Civil caberá gerenciar os Desastres, englobando os planos de contingências relacionados com os locais de Jogos da Copa do Mundo; interagir com a Defesa Civil Municipal no cumprimento de suas atribuições; cooperar nas operações com produtos perigosos, inclusive, adotando as providências 37 cabíveis à interface com outros órgãos às ações envolvendo agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares; definir a integração e reação diante das diversas contingências e eventos críticos possíveis; atuar em conexão com as Secretarias de Saúde Estadual e Municipal, para garantir que as estratégias de reação a emergência dos Jogos Olímpicos de 2016 sejam coordenadas com hospitais e outros órgãos de atendimento médico; estabelecer contínuo contato com os órgãos de meteorologia visando um real conhecimento da possibilidade da ocorrência de um evento e a sua amplitude, possibilitando a tomada de medidas pertinentes, objetivando a anulação ou a minimização de seus efeitos (Senasp, 2013). Às Defesas Civis Municipais caberá monitorar as áreas de interesse com emprego de equipes operacionais; intensificar realização de vistorias técnicas em locais de interesse que possam oferecer riscos, providenciando, se for o caso, a interdição das áreas; monitorar na rede municipal de saúde a quantidade de leitos disponíveis para o atendimento de vítimas; acionar os órgãos municipais e de apoio com vista à adoção de medidas pertinentes a instalação de abrigos provisórios, se for o caso; e interagir com a Secretaria de Estado de Defesa Civil (Senasp, 2013). Às Guardas Municipais fortalecer as ações de guarda e segurança do patrimônio público municipal; prevenir e/ou reprimir o comércio ambulante ilegal nas imediações dos perímetros de segurança; e auxiliar a realização de operações de trânsito (Senasp, 2013). Dessa forma, pode-se ter uma ideia e um ponto inicial de planejamento de como será feito a organização e a coordenação desse centro de controle para os Grandes Eventos do Brasil, que são compostos por vários órgãos de segurança e de defesa pública. 7 CONCLUSÃO Ao chegar ao fim desse trabalho que trata de eventos que ainda estão para acontecer, embora o planejamento para atender os Grandes Eventos do Brasil já tenha começado com bastante antecedência, não se pode chegar a conclusões certas e concretas, o que se pode ser feito é algumas considerações finais que podem ajudar a contribuir com o planejamento desse mega evento ou a incentivar a continuidade da 38 pesquisa sobre o assunto em pauta. Esse foi o objetivo desse trabalho, contribuir para a tomada de decisões pelas instituições e órgãos envolvidos no planejamento desse evento. Com o auxílio da bibliografia relativa à segurança nos megaeventos esportivos, principalmente, na última década, e da análise do planejamento estratégico de segurança para a Copa de 2014. Com base nessas informações e fontes, me interesso por um aspecto que vem sendo apontado como central no “legado” a ser deixado por esses megaeventos, e que justificaria, ao menos parcialmente, os grandes investimentos realizados no campo da segurança: a integração institucional, a ser realizada por meio de um processo de modernização tecnológica. Dessa forma, cresce de importância o verdadeiro entendimento do funcionamento de um Centro de Controle e Coordenação com monitoramento de imagens, com tudo o que esse sistema pode oferecer para a segurança da população e, mais importante, após a Olimpíada de 2016, esse legado vai permanecer para a cidade e o exemplo poderá se tornar um meio operante de combate à violência em todo o território nacional. Outro aspecto que deve ser ressaltado é o amadurecimento da interoperabilidade entre os órgãos de segurança pública e com as Forças Armadas brasileira. Um Centro de Controle e Coordenação com monitoramento de imagens demonstra ser capaz de reunir vários órgãos e instituições que vão contribuir de forma integrada para a melhoria da capacidade de resposta para as possíveis ameaças que surgirem nos Grandes Eventos, com isso, as respostas serão mais rápidas e coordenadas que poderão proporcionar racionalização dos esforços e melhor qualidade na prestação de serviços. A agilidade dos processos por meio dos sistemas tecnológicos proporciona, ao mesmo tempo, demandas aceleradas e possibilidades de respostas ágeis, graças a interoperabilidade dos sistemas e equipamentos, contribuindo para a economia de esforços e materiais, além de fornecer ferramentas para que o Estado passe a fazer frente às demandas atuais, cada vez mais inteligentes e rápidas. Esse modelo de sistema integrado visa convergir esforços dos órgãos e instituições de segurança em um único ambiente com soluções tecnológicas 39 inteligentes e avançadas que poderão proporcionar uma maior segurança para eventos de grande porte, durante e após o período desses jogos. Nesse sistema de integração proposto, onde deve ocorrer interação e cooperação entre os órgãos e instituições ali instaladas para atuarem de forma conjunta, verticalizada e hierarquizada dentro do Centro de Controle e Coordenação, verifica-se a necessidade de um comando único, segundo o qual órgãos com capacidade de atuação em casos específicos possam conduzir suas ações com melhor qualidade e de forma mais coordenada. Uma das vantagens desse sistema é integrar, em um mesmo espaço, todas as demandas de segurança em um único centro, facilitando dessa forma as tomadas de decisão. A integração de sistemas e órgãos traria benefícios em agilidade de informações, troca de banco de dados e inteligência. Tópicos essenciais para o gerenciamento adequado de qualquer grande evento, onde envolve o aspecto segurança. Pode-se concluir que o Centro de Controle e Coordenação com monitoramento de imagens para os Grande Eventos pode constituir uma ferramenta de grande importância para a atuação integrada dos diversos órgãos e instituições, graças à interoperabilidade dos sistemas e equipamentos tecnológicos, para as questões relacionadas com a segurança, durante e após os Grandes Eventos do Brasil, podendo se tornar um novo conceito de atendimento à sociedade, no quesito segurança, através do compartilhamento de serviços, de dados, de informações que o sistema pode proporcionar. 40 ____________________________________________ KLAITON ALEXANDRO SANT’ANNA COTA – Maj Inf Aluno CCEM 2º ano REFERÊNCIAS BENTHAM, Jeremy. “O Panóptico”; in SILVA, Tomaz Tadeu (org.): O Panóptico/ Jeremy Bentham. Belo Horizonte: Autêntica. 2000 [1787]. BIENENSTEIN, G.; MASCARENHAS, G.; SÁNCHEZ, F. 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