Cerdocyon thous (Graxaim do mato) MEIO BIÓTICO III. MEIO BIÓTICO 1. PROGRAMA DE MONITORAMENTO E RESGATE DA ICTIOFAUNA 1.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido Neste trimestre foram realizadas as atividades de resgate durante o desvio do rio, na UHE 14 de Julho; e durante a parada de revisão contratual da unidade geradora 01 da UHE Monte Claro, nas estruturas da casa de força e, quando necessário, na alça de vazão reduzida dessa usina. 1.1.1. Resgate da Ictiofauna Durante o Desvio do Rio – UHE 14 de Julho Em 26 de janeiro foi iniciado o processo de desvio do rio das Antas, para a construção do barramento da UHE 14 de Julho. O rio foi desviado para um canal lateral ( canal de desvio) passando por dentro do vertedouro já parcialmente concluído. Em decorrência deste desvio, ocorre a formação de um trecho em que a água permanece acumulada em poças (trecho de resgate). Neste trecho a ictiofauna fica retida e o resgate dos indivíduos deve ser realizado o mais rápido possível, a fim de evitar a mortandade em função da depleção do oxigênio dissolvido na água e aumento excessivo da temperatura. A seguir são descritos os métodos e as atividades realizadas no trecho de resgate, desde a abertura do canal do desvio. 1.1.1.1. Materiais e métodos A metodologia utilizada para o resgate da ictiofauna no desvio do rio é descrita nos itens a seguir. Trecho de Resgate O trecho do rio das Antas onde foi realizado o resgate da ictiofauna era caracterizado por uma zona de rápidas, com substrato formado por lajes e matacões. A profundidade média do trecho não ultrapassava de dois metros. Por essas características, somado à declividade do terreno, o trecho também apresentava forte velocidade da corrente. Na figura 1 é apresentado um croqui do trecho de resgate. CR/C/RM/030/037/2007 141 Figura 1. Croqui do trecho do rio das Antas em que foi realizado o desvio do rio e resgate da ictiofauna. Onde: 1) ensecadeira de montante; 2) trecho onde foi realizado o resgate; e 3) canal de desvio. Aparelhos de Pesca e Materiais Utilizados Para a realização do resgate foram utilizadas as seguintes artes de pesca: − puçás; − redes de arrasto, em diferentes dimensões; − tarrafas, de diferentes malhagens. As tarrafas foram operadas nas poças restantes, enquanto os puçás desempenharam papel auxiliar na coleta dos peixes em geral. Devido às características do leito do rio, as redes de arrasto foram operadas basicamente para evitar a migração dos peixes entre as poças formadas. Os peixes salvos foram dispostos em baldes com água, e a soltura foi realizada em trechos livres do rio das Antas, tanto à montante quanto à jusante do trecho. CR/C/RM/030/037/2007 142 1.1.1.2. Resultados e Discussão Em 26 de janeiro o rio das Antas já se apresentava parcialmente seccionado por uma ensecadeira a montante da entrada do canal de desvio (ver figura 2). O canal de desvio também estava fechado a montante por uma ensecadeira. Figura 2. Rio das Antas antes de ser desviado, já apresentando a ensecadeira de enrocamento de montante do canal do rio parcialmente construída. A partir das 11 horas do dia 26 foi aberta a ensecadeira de montante do canal de desvio (figura 3), e a água passou a encher o canal de desvio (figura 4). Como não houve redução drástica da vazão no canal do rio das Antas, haja vista que a infiltração pela ensecadeira de montante garantia a manutenção do nível da água no trecho de resgate, não foi verificada a formação de poças que possibilitasse a execução de resgate. CR/C/RM/030/037/2007 143 Figura 3. Abertura da ensecadeira a montante do canal de desvio. Figura 4. Enchimento do canal de desvio. CR/C/RM/030/037/2007 144 No dia 27 de janeiro parte do rio já passava pelo canal de desvio (figura 5), havendo uma redução gradual do nível na calha do rio a jusante da ensecadeira. As margens do rio foram vistoriadas e não foi verificada a formação de poças. Figura 5. Fechamento completo do enrocamento na ensecadeira de montante, e passagem de parte do rio pelo canal de desvio. Durante a manhã do dia 28 de janeiro a ensecadeira de montante foi selada com argila, reduzindo o a vazão do rio pela calha (figura 6). Entretanto não houve a formação de grandes poças, sendo realizado a busca e resgate dos peixes entre as pedras da margem. CR/C/RM/030/037/2007 145 Figura 6. Selamento da ensecadeira de montante, com redução da vazão a jusante. Entretanto não houve formação de grandes poças. No final do dia 29, com a finalização das ensecadeiras de montante e jusante, foi iniciado o bombeamento da água. Como o resgate da ictiofauna não pode ser realizado no período noturno, devido a problemas de visibilidade, acompanhou-se o bombeamento até as 0:30 h do dia 30, quando o biólogo responsável verificou que o nível havia atingido a cota limite para a não ocorrência de mortalidade de peixes. As 6:00 do mesmo dia, o trabalho da equipe de resgate teve início, permanecendo até o anoitecer. As figuras 7 a 13 ilustram as atividades realizadas neste dia. CR/C/RM/030/037/2007 146 Figura 7. Atividade de resgate após o bombeamento parcial da água. Figura 8. Tarrafa lançada no trecho de resgate. CR/C/RM/030/037/2007 147 Figura 9. Rede de arrasto operada na entrada de jusante da área de resgate. Figura 10. Tarrafa lançada na área de resgate. CR/C/RM/030/037/2007 148 Figura 11. Indivíduo de Eigenmannia virescens (Sternopygidae) resgatado, também conhecido popularmente por tuvira ou peixe-espada. Figura 12. As espécies de cascudo foram as mais abundantes durante o resgate. CR/C/RM/030/037/2007 149 Figura 13. Soltura dos peixes resgatados no trecho à jusante. Nos dias 30, 31 de janeiro e 1º de fevereiro, bombas menores foram instaladas nas poças restantes. Em cada poça o bombeamento iniciava quando a equipe de resgate estava presente e o resgate era realizado junto à redução do nível da coluna d’água. Assim obtevese uma grande redução do número de peixes mortos. As fotos nas figuras 14 a 16 ilustram a atividade. CR/C/RM/030/037/2007 150 Figura 14. Resgate sendo realizado junto à drenagem das poças. Detalhe para a bomba instalada na porção mais baixa do terreno. Figura 15. Resgate sendo realizado junto à drenagem das poças. Em primeiro plano a retirada dos peixes das tarrafas. CR/C/RM/030/037/2007 151 Figura 16. Equipe de resgate nas entre as pedras. Local de grande ocorrência de cascudos. As espécies mais abundantes, registradas durante o resgate, encontram-se listadas na tabela 1. O resgate não contemplou coleta e fixação de material para posterior identificação ao laboratório, e, dessa maneira, muitos indivíduos não puderam ser identificados em nível específico. Tabela 1. Lista de espécies mais abundantes registradas durante o resgate. Nome popular Pintado Família Espécie Pimelodidae Pimelodus maculatus Pimelodidae Pimelodus nigribarbis Heptapteridae Rhamdella ariarcha Jundiá Heptapteridae Rhamdia quelen Muçum Synbranchidae Synbranchus marmoratus Tuvira Sternopygidae Eigenmannia virescens Mandi CR/C/RM/030/037/2007 152 Nome popular Violas Família Loricariidae; subfamília Loricariinae Espécie diversas espécies Aspredinidae Cascudos Callichthyidae diversas espécies Loricariidae Lambari Characidae diversas espécies Cichlidae diversas espécies Tambicu Cará 1.1.1.3. Considerações Finais Devido às características morfológicas do leito do rio das Antas, no trecho de desvio, foi registrada a ocorrência principalmente de espécies associadas ao substrato, como os cascudos, jundiás, violas e muçuns. Também foram resgatados três indivíduos de quelônios. Ao final estima-se que tenham sido salvos aproximadamente 8.400 indivíduos. Esse cálculo constitui uma estimativa, haja vista que, em alguns momentos, não houve tempo para realizar a contagem dos peixes sob pena de haver morte de indivíduos. Desses 8.400 indivíduos, apenas cerca de 200 estavam mortos, o que evidencia o sucesso do resgate durante o desvio do rio. 1.1.2. Resgate de peixes nas dependências da casa de força da UHE Monte Claro durante a parada de revisão contratual de 8.000 horas da unidade geradora 01 Sempre que ocorrer parada de turbina com esgotamento total da máquina, é imprescindível efetuar o resgate de ictiofauna em três locais, a saber: na caixa espiral e túnel de sucção da unidade geradora, e no poço de esgotamento da usina. Durante a parada, foi efetuado o esgate de ictiofauna nas dependências da Casa de Força. No dia 30 de janeiro foi realizado o resgate de peixes na caixa espiral da UG01 da UHE Monte Claro (Figura 17), por ocasião da parada de revisão contratual das 8.000 horas. Para que seja evitada a mortandade de peixes, é realizado o resgate através da utilização de artes de pesca, e sua devolução ao ambiente natural (leito do rio) o mais rápido possível. Foram resgatados aproximadamente 8 kg de peixes, sendo 02 lambaris, 02 cascudos e em torno de 50 mandis. CR/C/RM/030/037/2007 153 Figura 17 .Vistoria na caixa espiral. Em fevereiro, foram realizados resgates nos dias 3, 4 e 5, salvando-se em torno de 180 Kg de peixes no tubo de sucção (Figura 18), e no dia 10, onde foram resgatados ao redor de 15 Kg de peixes no poço de esgotamento (Figura 19). A ordem decrescente de abundância das espécies resgatadas foi: pintado (97%), cascudo (2%), lambari, jundiá e peixe-espada (1%). Os peixes encontrados mortos foram enterrados. Figura 18. Arrastão no túnel de sucção. CR/C/RM/030/037/2007 154 Figura 19. Resgate no poço de esgotamento. No dia 20 de março, foi realizado novamente o resgate na caixa espiral da unidade geradora 1. Na ocasião, houve drenagem da caixa para implementação de uma manutenção de emergência. Foi resgatado um pintado vivo, não se constatando a presença de peixes mortos. 1.1.3. Resgate de peixes na alça de vazão reduzida da UHE Monte Claro Foram realizadas duas campanhas de resgate de peixes na alça de vazão da UHE Monte Claro. A primeira foi realizada no dia 28/02/2007 e a segunda em 10/03/2007. No dia 28 de fevereiro, as atividades foram executadas com uma vazão de 18,90 m 3/s. Percorreu-se com bote o trecho de 9 km da alça de vazão reduzida, efetuando-se as devidas paradas e vistorias nos locais passíveis de haver aprisionamento de peixes. Foram resgatados e devolvidos ao rio em torno de 110 peixes, totalizando um peso aproximado de 5 Kg. A ordem decrescente de abundância das espécies resgatadas foi: birus (+/- 60), lambaris (+/- 40), cascudos (08) e grumatãs (02). Durante a operação, foram encontrados 26 peixes mortos, predominantemente lambaris, os quais foram enterrados na margem do rio. Os peixes vivos encontrados estavam em duas poças situadas a aproximadamente 250 m a jusante do barramento. A seguir, são apresentadas algumas figuras que identificam estas atividades. CR/C/RM/030/037/2007 155 Figura 20. Inspeção das poças d'água formadas pela diminuição da vazão. Figura 21. Salvamento de peixes com uso de tarrafa. CR/C/RM/030/037/2007 156 Figura 22. Exemplares encontrados mortos sendo enterrados às margens do rio. No dia 10 de março foi realizado novo resgate da ictiofauna na alça de vazão reduzida, sendo as atividades executadas também com uma vazão de 18,90 m3/s. Foram resgatados vivos e devolvidos ao rio 13 mandis, 8 cascudos e aproximadamente 30 lambaris. Durante a operação, foram encontrados em torno de 30 peixes mortos, predominantemente lambaris e mandis. Os peixes mortos foram enterrados na margem do rio. Os peixes vivos retidos foram encontrados nas imediações da foz do rio Burati. No dia 22 do mesmo mês realizou-se novamente o resgate de peixes na alça de vazão reduzida. Foram resgatados vivos e devolvidos ao rio 12 lambaris e 03 cascudos, não sendo encontrados peixes mortos. 1.2. Atividades previstas para o próximo trimestre Estão previstas para os meses de abril a junho as seguintes atividades: − elaboração e fechamento do Plano de Trabalho de monitoramento a ser executado para as UHEs Castro Alves, 14 de Julho e Monte Claro; − as atividades de resgate de ictiofauna na alça de vazão reduzida das UHE Monte Claro, quando do rebaixamento da vazão vertida. 1.3. Conclusões As atividades do Programa de Monitoramento da Ictiofauna estão sendo realizadas de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental. CR/C/RM/030/037/2007 157 2. PROGRAMA DE SALVAMENTO, RESGATE E MONITORAMENTO DA FAUNA Este Programa é executado pela Biolaw Consultoria Ambiental, sob a coordenação do biólogo MsC Adriano Cunha, com acompanhamento da Ceran e da ABG Engenharia e Meio Ambiente. 2.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos No primeiro trimestre de 2007 foi encaminhado ao IBAMA o Projeto de Resgate de Fauna para o desmatamento do reservatório da UHE Castro Alves. À Ceran foi entregue o relatório final referente à campanha de monitoramento pósenchimento da UHE Monte Claro, coordenada pelo Biólogo Msc. Adriano Cunha. 2.1.1. Monitoramento da Fauna Terrestre no Período Pós-Enchimento da UHE Monte Claro Neste trimestre foi realizada a campanha de monitoramento de fauna no período pósenchimento da UHE Monte Claro. Após a realização da campanha foi dado início à compilação de dados de campo e elaboração de relatório, o qual foi entregue no mês de março. A seguir são apresentados os resultados da referida campanha de monitoramento. 2.1.1.1. Materiais e Métodos O monitoramento da fauna terrestre ocorrente no entorno do reservatório foi realizado entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. As amostragens foram concentradas nas margens do reservatório e na área de preservação permanente, principalmente nas cercanias das coordenadas UTM 22J 456396 / 6788576 (P1), 451306 / 6788604 (P43), 453919 / 6790001 (P44), 456414 / 6787732 (P46) e 449916 / 6789222 (P47). A figura 1, a seguir, apresenta a distribuição e a localização dos pontos de amostragem. CR/C/RM/030/037/2007 158 Figura 1 - Pontos de amostragem (a hachura azul indica a área do reservatório). CR/C/RM/030/037/2007 159 As coordenadas geográficas dos pontos de amostragem foram obtidas pela utilização de aparelhos GPS (Global Positioning System) modelo Garmin V. Todos os pontos apresentados neste relatório encontram-se no sistema de coordenadas UTM (Universal Transverse Mercator) zona 22J, datum Córrego Alegre. Durante o período de amostragens as temperaturas médias na região variaram entre 20ºC e 24ºC (fonte: INMET) e durante um dos dias houve chuva. Para cada grupo de fauna avaliado (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) foram utilizadas metodologias específicas e esforço amostral condizente com as necessidades. Para uma melhor amostragem dos ambientes ribeirinhos, foram efetuados deslocamentos embarcados ao longo do reservatório durante todos os dias de estudo. A seguir, são detalhados os métodos utilizados para cada grupo faunístico. Anfíbios O monitoramento da fauna de anfíbios foi realizado com base em duas metodologias amplamente utilizadas, descritas em HEYER et al. (1994). De acordo com o método de censo por encontros visuais (visual encounter survey), realiza-se uma busca ativa por indivíduos em fase larval ou adulta, durante um determinado período de tempo, em todos os microambientes potencialmente ocupados por esses animais. Tal metodologia foi aplicada durante o dia e à noite em trilhas que cortam as matas, em arroios que deságuam no reservatório, ao longo da linha férrea que acompanha o mesmo e em locais próximos às suas margens. As áreas foram percorridas aleatoriamente e a busca consistiu em revirar troncos, pedras e outros objetos que pudessem ser utilizados pelos anfíbios como abrigo; em visitar corpos d’água na procura por adultos ou girinos; em vasculhar a serrapilheira acumulada no interior das matas e em procurar indivíduos no interior de bromélias e gravatás. De acordo com a outra metodologia, denominada de método das transecções auditivas (audio strip transect), um trecho pré-definido da área estudada é percorrido e são registradas as espécies em atividade de vocalização. Como a maioria das espécies de anuros tem sua atividade de vocalização concentrada nas primeiras horas da noite, esse foi o período utilizado em tal metodologia. As margens do reservatório, alguns arroios e poças d’água foram amostrados e as espécies encontradas foram registradas. A nomenclatura e a classificação das espécies foram baseadas em FROST et al. (2006), FROST (2006) e FAIVOVICH et al. (2005). Répteis A metodologia utilizada para o monitoramento da fauna de répteis consistiu na busca visual ativa ao longo das margens do reservatório e das áreas de preservação permanente. Durante as amostragens, prováveis abrigos – pedras, troncos caídos, fendas de rochas, entulhos – foram verificados em busca de animais entocados. Foram realizadas transecções aleatórias, principalmente no ambiente terrestre, tendo sido mais freqüentes nas regiões de mata ciliar. O ambiente aquático foi amostrado através de observações com a utilização de binóculo (Olympus 8X42) realizadas da margem e através de buscas embarcadas. Adicionalmente, alguns moradores e trabalhadores da região foram questionados quanto à presença de répteis no local. Além disso, com o fim de encontrar possíveis répteis atropelados, foram verificadas as estradas durante os deslocamentos até a área. A bibliografia consultada para auxiliar na identificação dos animais foi LEMA (2002) e MARQUES et al. (2001). CR/C/RM/030/037/2007 160 Aves A área de estudo foi amostrada qualitativa e quantitativamente. As amostragens quantitativas consistiram de pontos de contagem e de transectos a pé ou embarcados. Durante esta campanha repetiram-se os pontos realizados na campanha de monitoramento realizada durante o inverno de 2006 (BIOLAW, 2006). Cada ponto de contagem consiste em um ponto fixo no centro de um círculo imaginário com raio de 25 m, com uma distância mínima entre um ponto e outro de 200 m. Em cada ponto, todos os indivíduos visualizados e/ou ouvidos dentro deste círculo durante um período de 10 min foram identificados e contabilizados (HUTTO et al., 1986; BIBBY et al., 2000). As contagens foram conduzidas pela manhã, sendo iniciadas aproximadamente 15 minutos após o nascer do sol. A abundância de cada espécie foi calculada através do Índice Pontual de Abundância (IPA), que é igual ao número de contatos obtidos dividido pelo número de pontos de contagem (ALEIXO & VIELLIARD, 1995). A tabela 1 apresenta os pontos de escuta amostrados. Para a amostragem de aves noturnas e rapinantes foram realizados quatro transectos percorridos a pé (tabela 2). Cada transecto noturno teve duração de 2 horas, resultando em um esforço amostral de 4 horas, tendo inicio aproximadamente uma hora após o poente. A amostragem de rapinantes correspondeu a dois transectos com 1,5 horas de duração cada, percorridos no final da manhã, período no qual a presença de correntes térmicas ascendentes torna as espécies planadoras mais conspícuas. Uma vez que há um forte interesse em avaliar o impacto da formação do reservatório sobre as espécies de hábitos ribeirinhos, foram realizadas contagens embarcadas junto às margens do lago. Foi realizada uma contagem embarcada totalizando uma hora de esforço amostral durante a qual foram registrados todos os indivíduos que utilizavam as margens e/ou o espelho d’água do lago. Tabela 1. Pontos de escuta de aves na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. Ponto de Escuta Coordenadas UTM 22 J P2 450135 / 6789290 P3 450329 / 6789249 P4 450590 / 6789196 P5 450779 / 6789109 P6 450925 / 6789053 P7 451139 / 6788951 P8 451327 / 6788855 P9 451545 / 6788745 P10 451831 / 6788595 P11 452048 / 6788494 P12 452273 / 6788444 P13 452535 / 6788438 P14 452773 / 6788519 P15 452971 / 6788704 CR/C/RM/030/037/2007 161 Ponto de Escuta Coordenadas UTM 22 J P16 453126 / 6788919 P17 453241 / 6789146 P18 453367 / 6789376 P19 453417 / 6789633 P20 453392 / 6789896 P21 453239 / 6790139 P22 453197 / 6790390 P23 453232 / 6790638 P24 453386 / 6790914 P25 453559 / 6791062 P26 456169 / 6787934 P27 456299 / 6787766 P28 456398 / 6787611 P29 456433 / 6787449 P30 456500 / 6787245 P31 456602 / 6787058 P32 456696 / 6786863 P33 456725 / 6786653 P34 456780 / 6786415 Tabela 2. Pontos iniciais e finais dos transectos realizados para amostragem de aves de rapina diurnas (rapinantes) e de aves noturnas na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. Transecto Ponto Inicial Coordenadas UTM 22J Ponto Final Coordenadas UTM 22J Noturno 1 P35 456169 / 6787934 P36 456780 / 6786415 Noturno 2 P37 450135 / 6789290 P38 451831 / 6788595 Rapinantes 1 P39 453559 / 6791062 P40 451545 / 6788745 Rapinantes 2 P41 456780 / 6786415 P42 456169 / 6787934 Para as espécies registradas nos transectos e nas contagens embarcadas foi calculada a abundância relativa (AR = número de contatos/esforço amostral em horas). Registros ocasionais (ad libitum) foram realizados durante todo o período do levantamento (26 horas de esforço amostral). CR/C/RM/030/037/2007 162 As comparações estatísticas entre os IPA das diferentes campanhas foram realizadas utilizando-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney, considerando-se α = 0,05 como nível de significância (ZAR, 1999). O teste foi realizado com auxílio do software Biostat 2.0 (AYRES & AYRES, 2000). Para evitar a influência da sazonalidade, foram desconsideradas as espécies migratórias nas análises estatísticas. A taxonomia e os nomes vulgares das aves listadas seguiram o COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2005), e espécies ameaçadas de extinção foram consideradas nos níveis regional (MARQUES et al., 2002), nacional (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003) e global (IUCN, 2006). Mamíferos Para o monitoramento da fauna de mamíferos não-voadores priorizou-se a amostragem por pontos (tabela 3). No entanto, o uso de outros locais por esses animais não foi desprezado e também foi monitorado. Como os mamíferos apresentam uma variação muito grande de tamanho corporal, hábitos de vida e preferências de hábitat, mostrou-se necessária a utilização de metodologias específicas para diferentes grupos de espécies (VOSS & EMMONS, 1996). Dessa forma, foram escolhidos três métodos para a obtenção de registros: - - - armadilhamento com gaiolas de arame galvanizado modelo Tomahawk (dimensões 30x18x18cm e 22x9x9cm, figura 2) e caixas de metal modelo Sherman (dimensões 30x8x8cm e 22x8x8cm) para captura de pequenos mamíferos não-voadores (roedores e marsupiais), com um esforço total de 407 armadilhas-24h. Desconsiderando-se as armadilhas desarmadas por intempéries ou por outros animais, o esforço efetivo foi de 396 armadilhas-24h, sendo 197 no ponto P43 (de um total de 203) e 199 no ponto P44 (de um total de 204). As armadilhas eram revisadas uma vez ao dia; armadilhamento com câmaras fotográficas com sensor de movimento para registros de mamíferos de médio e grande porte, com um esforço total de oito armadilhas-24h, sendo uma no ponto P43, quatro no ponto P44 e três no ponto P45. As câmaras eram revisadas uma vez ao dia; observações diretas e de vestígios através de transecções não-lineares diurnas e noturnas, totalizando um esforço de cerca de 23 horas de observações, sendo seis horas no ponto P43, seis horas no ponto P44, uma hora no ponto P45 e dez horas distribuídas por outros locais. CR/C/RM/030/037/2007 163 Tabela 3. Pontos de amostragem de mamíferos na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007 (E = margem esquerda, D = margem direita, G = gaiola, AF = armadilha fotográfica, T = transecção). Ponto de amostragem Margem Coordenadas UTM 22 J Método utilizado P43 E 451306 / 6788604 G, AF, T P44 E 453919 / 6790001 G, AF, T P45 D 453491 / 6789916 AF, T Figura 2. Armadilha do tipo gaiola para captura de pequenos mamíferos nãovoadores. 2.1.1.2. Resultados e Discussão Anfíbios Ao longo das amostragens foram registradas sete espécies de anfíbios anuros, pertencentes a cinco famílias (tabela 4): Chaunus ictericus, da família Bufonidae; Hypsiboas faber, da família Hylidae; Physalaemus lisei e Physalaemus cuvieri, da família Leiuperidae; Leptodactylus gracilis e Leptodactylus plaumanni, da família Leptodactylidae e Lithobates catesbeianus, da família Ranidae. CR/C/RM/030/037/2007 164 Em recente trabalho de revisão taxonômica do grupo de anfíbios, FROST et al. (2006) alteraram a alocação genérica de diversas espécies ocorrentes no Brasil. Dentre as alterações propostas, encontra-se a alocação de espécies do gênero Bufo no gênero Chaunus e de espécies do gênero Rana no gênero Lithobates. Dessa forma, foram alterados os nomes científicos de algumas espécies de anfíbios bastante conhecidas no Rio Grande do Sul, como o sapo-cururu (Bufo ictericus = Chaunus ictericus) e a rã-touro (Rana catesbeiana = Lithobates catesbeianus). O sapo-cururu (Chaunus ictericus) apresenta ampla distribuição geográfica no Rio Grande do Sul e é um dos anfíbios mais conhecidos por leigos. Adapta-se com facilidade a ambientes alterados e pode ser comumente encontrado próximo a habitações humanas. Na presente amostragem, diversos indivíduos foram encontrados escondidos embaixo de pedras ou deslocando-se no interior das matas durante a noite. O sapo-ferreiro (Hypsiboas faber), apesar de popularmente ser chamado de sapo, é uma perereca de grande porte e que se encontra amplamente distribuída no sul e sudeste brasileiros e em algumas regiões da Argentina e do Paraguai (KWET & DI- BERNARDO, 1999). Normalmente vive sobre árvores, mas durante a atividade reprodutiva é encontrado em coleções de água parada, onde os machos constroem “ninhos” em locais próximos às margens. Durante as amostragens, dois machos de sapo-ferreiro foram registrados vocalizando em uma área alagada formada na margem do reservatório, em local próximo às coordenadas 456414 / 6787732 (ponto P46). Além disso, um indivíduo (figura 3) foi encontrado durante a noite em um córrego que deságua no reservatório. Três machos da rã-cachorro (Physalaemus cuvieri) foram registrados vocalizando durante uma noite, no mesmo local em que vocalizavam os machos de sapo-ferreiro (P46). A rãmosquito (Physalaemus lisei), por sua vez, foi registrada em diversas poças formadas em antigas estradas que cortam as matas e ao longo do paredão rochoso que acompanha os trilhos da ferrovia. Foram encontrados cinco machos vocalizando, muitas desovas e girinos. Essa espécie tem distribuição geográfica restrita ao sul do Brasil (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), onde habita áreas florestadas úmidas. Freqüentemente é encontrada em florestas secundárias ou zonas de transição entre florestas e áreas abertas (KWET & DIBERNARDO, 1999). Figura 3. Indivíduo de sapo-ferreiro (Hypsiboas faber) encontrado na área de influência da UHE Monte Claro. CR/C/RM/030/037/2007 165 Um interessante registro realizado durante a presente campanha foi o encontro, no mesmo local (coordenadas 449916 / 6789222, ponto P47), de duas espécies crípticas pertencentes à família Leptodactylidae: a rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) e a rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni). Espécies crípticas são morfologicamente indistinguíveis e, no caso dessas duas rãs, o único caractere seguro de diferenciação em campo é o canto dos machos, bastante diferente entre as duas espécies. A rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) distribui-se pelo Uruguai, Paraguai, Bolívia, norte da Argentina e região subtropical do Brasil, podendo ser encontrada em zonas alagadiças e em pastiçais úmidos com vegetação (LOEBMANN, 2005). Os machos vocalizam escondidos em covas subterrâneas que escavam no solo, mesmo local onde é realizada a desova. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, a rã-saltadora pode ser encontrada em locais com intenso impacto urbano. A rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni), por sua vez, pode ser encontrada no nordeste da Argentina e no sul do Brasil, nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Neste, está restrita às regiões do Alto Uruguai, Campos de Cima da Serra e Encosta Inferior do Nordeste (DEIQUES, 2007), podendo ser encontrada tanto em áreas abertas quanto florestadas. Da mesma forma que a rã-saltadora, os machos dessa espécie vocalizam escondidos em câmaras reprodutivas construídas em locais úmidos. Machos de ambas as espécies foram registrados em atividade de vocalização no início da noite, após chuva fraca, em um local bastante alterado (área de reflorestamento), próximo ao barramento (P47). Aproximadamente dez machos da rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni) vocalizavam em um local pouco úmido com vegetação baixa e algumas pedras espalhadas. A cerca de 30 metros, em local mais úmido e com vegetação mais alta, cerca de sete machos da rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) foram registrados enquanto vocalizavam. Adicionalmente ao registro das duas espécies ocorrendo no mesmo local, cerca de cinco machos da rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni) foram encontrados vocalizando em áreas úmidas formadas ao longo do paredão rochoso que acompanha a ferrovia. Das espécies registradas neste monitoramento merece especial atenção a rã-touro (Lithobates catesbeianus [=Rana catesbeiana]), uma espécie exótica, originária dos Estados Unidos, e com potencial invasor agressivo. Devido ao sabor de sua carne, apreciada como iguaria, durante muito tempo foi introduzida (acidental ou propositadamente) em diversas regiões do mundo. No Rio Grande do Sul, foi introduzida em 1935 de forma voluntária, com o objetivo de consolidar a ranicultura no Brasil, a partir da importação de 300 casais da espécie. Trata-se de um anfíbio de grande porte, generalista em sua dieta, com grande capacidade reprodutiva e comportamento agressivo. Quando solta no ambiente, a rã-touro apresenta alta capacidade adaptativa. Em função da sua atividade predatória, essa espécie costuma causar um grande dano nas áreas em que invade. Além da competição direta com anfíbios nativos, indivíduos adultos são responsáveis por níveis significantes de predação de espécies nativas de anuros e répteis. Os girinos, por sua vez, podem causar impactos sobre algas bentônicas, prejudicando a estrutura das comunidades aquáticas (INSTITUTO HÓRUS & THE NATURE CONSERVANCY, 2005). Por causa da sua capacidade de sobrepujar espécies nativas, as espécies invasoras vêm sendo consideradas uma das maiores ameaças à biodiversidade no mundo, ficando atrás apenas da destruição e descaracterização do hábitat. Para se ter uma idéia, no Rio Grande do Sul, cerca de 9% das espécies de fauna ameaçadas são afetadas pela introdução de espécies exóticas (FONTANA et al., 2003). A rã-touro apresenta preferência por corpos d’água lênticos, sendo que o reservatório, associado a porções de água parada de alguns arroios da região, constituem-se em CR/C/RM/030/037/2007 166 ambientes potenciais para sua ocupação. Na atual campanha, um indivíduo adulto foi encontrado em um arroio que deságua no reservatório (ponto P45) e um macho foi registrado vocalizando no lago, em local próximo à ponte férrea. Tabela 4 - Espécies de anfíbios anuros registradas na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007 (RA=registro auditivo, RV=registro visual). FAMÍLIA / Espécie Nome comum Tipo de registro sapo-cururu RV sapo-ferreiro RA, RV Physalaemus cuvieri rã-cachorro RA Physalaemus lisei rã-mosquito RA, RV Leptodactylus gracilis rã-saltadora RA Leptodactylus plaumanni rã-do-banhado RA, RV rã-touro RA, RV BUFONIDAE Chaunus ictericus HYLIDAE Hypsiboas faber LEIUPERIDAE LEPTODACTYLIDAE RANIDAE Lithobates catesbeianus Répteis Durante as amostragens foram registradas três espécies de répteis (tabela 5): o lagarto-dopapo-amarelo (Tupinambis merianae), a serpente muçurana-parda (Clelia rustica) e a jararaca (Bothrops jararaca). Segundo CABRERA (1998), cinco espécies de quelônios são de possível ocorrência na região, sendo todos pertencentes à subordem Pleurodira: o cágado-de-barbelas (Phrynops hilarii), os cágados-de-ferradura (Phrynops geoffroanus e Phrynops williamsi), o cágadopreto (Acanthochelys spixii) e o cágado-de-pescoço-comprido (Hydromedusa tectifera). A única espécie da subordem Sauria registrada foi o lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae), pertencente à família Teiidae. Esse lagarto é generalista quanto ao tipo de ambiente que habita, ocorrendo em formações abertas, formações de transição e formações florestais (PÉRES & COLLI, 2003). Indivíduos dessa espécie podem atingir quase dois metros de comprimento e defendem-se quando acuados, enfrentando com mordidas e chibatadas com a cauda. Por vezes, assumem postura bipedal para enfrentamento, abrindo a boca e inflando o pescoço (LEMA, 1994). São onívoros, apresentando uma dieta variada que inclui invertebrados, vertebrados, ovos e diversos tipos de frutos (PRESCH, 1973; SAZIMA & HADDAD, 1992). CASTRO & GALETTI (2004) atentam para importância desse lagarto nos ecossistemas tropicais e temperados quanto ao seu mutualismo com espécies botânicas, atuando como um eficiente dispersor de sementes. As boas condições climáticas facilitaram a observação direta de diversos indivíduos do lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae, figura 4), que foram encontrados diversas vezes durante o período de amostragem nas estradas de acesso, nas margens do rio e no interior das áreas florestais. CR/C/RM/030/037/2007 167 Também foi encontrada uma mandíbula do lagarto-do-papo-amarelo na ferrovia que acompanha o reservatório. A abundância na quantidade de registros dessa espécie pode indicar que ela não tenha sido prejudicada pela formação do reservatório. No entanto, por ser uma espécie relativamente comum e com ampla distribuição, já era esperado que os impactos sobre ela não seriam significativos. Além disso, há relatos de que esse lagarto é um bom nadador (ACHAVAL & LANGUTH, 1972), sendo possível que muitos indivíduos consigam atravessar o lago. Dessa forma, a presença do reservatório não necessariamente representa uma barreira geográfica a essa espécie. Figura 4. Indivíduo de lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae) assoalhando em cima de rocha na margem do rio das Antas. As duas serpentes registradas foram encontradas atropeladas em vias de acesso à área, ambas durante o período noturno. A jararaca (Bothrops jararaca) foi encontrada em local fora da área de influência direta da usina (coordenadas 457504 / 6789600, P48). Entretanto, considerando-se a proximidade do ponto de registro, as características do local em estudo e dos hábitos dessa serpente, é bastante viável supor que ela ocorra na área de influência do reservatório. A muçurana-parda (Clelia rustica), por sua vez, foi encontrada atropelada dentro do canteiro de obras da UHE Castro Alves (P1. A jararaca (Bothrops jararaca) ocorre do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul e é o viperídeo mais comum das formações florestais das regiões sudeste e sul do Brasil, sendo a principal causadora de acidentes ofídicos em uma vasta área geográfica (CARDOSO et. al., 2003). Essa espécie é silvícola, embora ocasionalmente utilize formações abertas para forragear, inclusive em áreas urbanas e suburbanas (CARDOSO et. al., 2003; LEMA, 2002), e predominantemente terrícola, apesar de também poder ser encontrada sobre a vegetação (SAZIMA & HADDAD, 1992). Portanto, com relação a outros viperídeos, essa espécie pode apresentar uma vantagem adaptativa em ambientes antropizados, pois é mais generalista quanto à escolha do hábitat. CR/C/RM/030/037/2007 168 A outra serpente registrada em campo foi a muçurana-parda (Clelia rustica), um colubrídeo opistóglifo da subfamília Xenodontinae (LEMA, 2002). Essa muçurana é predominantemente campícola e se alimenta principalmente de serpentes, lagartos e roedores, que são subjugados por constrição (PINTO & LEMA, 2002). Sua distribuição geográfica se estende desde o sul dos estados de Minas Gerais e Rio de janeiro até o Uruguai e a Argentina (DEIQUES et. al., 2007). A presença dessa serpente no local pode estar relacionada com os eventos de supressão da vegetação, que ocasiona um aumento na disponibilidade de áreas abertas, e pode acabar favorecendo espécies campícolas ou generalistas, em detrimento de outras silvícolas. Segundo RODRIGUES (2005), a principal ameaça às comunidades de répteis no Brasil é a destruição do hábitat, sendo que a implantação de aproveitamentos hidrelétricos pode gerar esse tipo de impacto, devido sobretudo à supressão das áreas inundadas e desmatadas. Nesses casos, os indivíduos que conseguem escapar nem sempre encontram condições favoráveis a sua sobrevivência nas áreas remanescentes. Segundo MARINHO-FILHO (1999), esses locais podem ficar superpovoados com a chegada de animais provenientes das regiões mais baixas, uma vez que já apresentavam comunidades estabelecidas. Além disso, outra possibilidade é que as áreas remanescentes apresentem composição florística muito divergente daquela observada nas regiões alagadas, podendo, as espécies imigrantes, sofrer exclusão competitiva. Dessa forma, as modificações na estrutura das comunidades resultantes do impacto causado pela construção de uma UHE podem alterar diretamente a composição da herpetofauna no entorno das áreas alagadas. Os impactos resultantes desse tipo de empreendimentos atuam mais fortemente sobre a fauna aquática de répteis, uma vez que as maiores alterações ocorrem em seu hábitat, e sobre os répteis silvícolas, que são mais sensíveis a modificações no microambiente. Tabela 5. Espécies de répteis registradas na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. FAMÍLIA / Espécie Nome comum TEIIDAE Tupinambis merianae lagarto-do-papo-amarelo COLUBRIDAE Clelia rustica muçurana-parda VIPERIDAE Bothrops jararaca jararaca Aves Durante esta campanha foram registradas ao menos 107 espécies de aves (tabela 6), sendo que algumas delas, como o pato-do-mato (Cairina moschata), a garça-brancapequena (Egretta thula), a coruja-listrada (Strix hylophila), o besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) e o joão-de-barro (Furnarius rufus), são registros novos para a área. Com esses novos registros, a riqueza da avifauna encontrada na área da UHE Monte Claro, após o enchimento do reservatório, passa a ser de 138 espécies. A diminuição de novos registros de espécies ao longo das campanhas de monitoramento sugere que, embora a assíntota não tenha sido atingida, boa parte da riqueza da região provavelmente já foi registrada (figura 5). CR/C/RM/030/037/2007 169 Faz-se uma ressalva quanto ao registro do pato-do-mato (Cairina moschata) por serem indivíduos oriundos de cativeiro (plumagem quase inteiramente branca). Contudo, a presença dessa espécie exemplifica uma das possíveis conseqüências da alteração de um ambiente lótico (rio) em lêntico (lago), devido à formação de barramentos: a colonização por espécies de ambientes lacustres (PANDEY, 1993). Embora sejam indivíduos domesticados (possivelmente ferais), é possível que outras espécies de anatídeos venham a colonizar esse ambiente futuramente. 150 145 Riqueza 140 135 130 125 120 115 110 EIA 1ªC 2ªC 3ªC Campanhas Figura 5. Curva de acumulação de espécies registradas ao longo das campanhas realizadas na UHE Monte Claro. Um total de 59 espécies foi registrado através do método de pontos de contagem, sendo que a curva de suficiência amostral, a despeito de um pequeno acréscimo de espécies no final, tendeu a se estabilizar (figura 6). A abundância registrada em pontos de contagem foi de 10,48 indivíduos/ponto (tabela 6), inferior àquela registrada em BIOLAW (2006a), que foi de 13,56 indivíduos/ponto. Número de espécies 70 60 50 40 30 20 10 0 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 Pontos de contagem Figura 6. Curva de acumulação de espécies registradas em pontos de contagem na UHE Monte Claro durante a campanha realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. CR/C/RM/030/037/2007 170 Comparando-se as duas campanhas (BIOLAW, 2006a e a atual), não houve variação estatisticamente significativa (N=73; U=2290,5; p=0,14), porém avaliando-se apenas as seis espécies mais abundantes (desconsiderando-se a juruviara que é migratória), nota-se que são três as espécies presentes em ambas as campanhas e que, com exceção do beija-florde-topete (Stephanoxis lalandi) e do pichororé (Synallaxis ruficapilla), os IPA da presente campanha foram inferiores aos encontrados em BIOLAW (2006a)(figura 7). Algumas espécies, como os parulídeos (Parula pitiayumi, Basileuterus culicivorus, Basileuterus leucobhlepahrus) tiveram uma redução considerável no IPA, o que ocorreu de uma maneira geral na avifauna. a) 2006 b) 2007 Slal Bcul Sruf Bleu Ccau Ppit Slal Ppit Pplu Bcul Tsul 0 0,2 0,4 0,6 IPA 0,8 1 1,2 Tcae 0 inv/06 ver/07 0,2 0,4 0,6 IPA 0,8 1 1,2 Figura 7. Índices pontuais de abundancia das seis espécies mais abundantes (desconsiderando-se espécies migratórias) registradas em pontos de contagem em a) inverno/2006 (BIOLAW, 2006a) e b) verão/2007 (presente campanha). Bcul = Basileuterus culicivorus; Bleu = Basileuterus leucoblepharus; Ppit = Parula pitiayumi; Slal = Stephanoxis lalandi; Pplu = Poecilotriccus plumbeiceps; Tsul = Tolmomyias sulphurescens; Sruf = Synallaxis ruficapilla; Ccau = Chiroxiphia caudata; Tcae = Thamnophilus caerulescens. Um dos impactos esperados decorrentes da construção de usinas hidrelétricas é o deslocamento dos indivíduos para os remanescentes não alagados, resultando em uma concentração de indivíduos nesses locais (WILLIS & ONIKI, 1988). Embora haja a necessidade de estudos a médio/longo prazo para poder se chegar a estimativas mais seguras, a diminuição no IPA registrado durante esta campanha em relação à passada (BIOLAW, 2006a) sugere uma possível concentração de indivíduos com a formação do lago e uma posterior redução, tendendo a uma estabilização em valores anteriores a esse evento. Porém, como ressaltado anteriormente, os dados obtidos até o momento permitem que sejam feitas apenas especulações sobre os resultados, suas causas e tendências. Sete espécies foram registradas durante o transecto embarcado, resultando em uma abundância relativa de 26 indivíduos/hora (tabela 7). Duas das espécies registradas, o carrapateiro (Milvago chimachima) e o suiriri (Tyrannus melancholicus) não são dependentes de ambientes ribeirinhos e os registros correspondem a indivíduos empoleirados em árvores parcialmente submersas. O mesmo ocorre com o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), embora o mesmo possa ser encontrado pescando próximo à água (SICK, 1997). Considerando-se apenas as espécies típicas de ambientes aquáticos, quando comparadas à abundância relativa registrada em BIOLAW (2006a), percebe-se um aumento considerável de 6,67 indivíduo/hora para 18 indivíduos/hora na atual campanha, CR/C/RM/030/037/2007 171 resultante unicamente da abundância relativa da andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis, figura 8), que é uma espécie migratória e gregária (tabela 6). Figura 8. Andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis) empoleirada em uma árvore parcialmente submersa pela formação do reservatório da UHE Monte Claro. Das seis espécies de aves de rapina diurnas registradas durante esta campanha, cinco foram registradas durante os transectos de contagem (tabela 7). O sovi (Ictinia plumbea) foi a espécie mais abundante (figura 9). Essa espécie é residente de verão no Estado e é considerada incomum (BELTON, 1994), embora seja freqüente a observação de grupos com mais de quatro indivíduos planando sobre matas (obs.pess.). Em relação a BIOLAW (2006a), na atual campanha ocorreu uma diminuição nas abundâncias relativas dos rapinantes (de 9,33 indivíduo/hora para 7,67 indivíduo/hora). Flutuações nas abundâncias de rapinantes, quando censados priorizando-se registro de espécies planadoras, podem ser resultantes da presença/ausência de condições climáticas para o planeio ou da agregação de um número maior ou menor de indivíduos, não significando, necessariamente, variações populacionais. Durante uma das transecções, as condições meteorológicas (céu encoberto e temperaturas mais amenas) podem ter acabado influenciando na abundância de espécies registradas. Segundo o relato de um morador local, há uma espécie de “...gavião grande, branco com a parte superior escura, meio manchada e que faz um assovio fino...” que ocorre nas porções mais altas, na região do Município de Nova Roma do Sul. A descrição do porte e da coloração, bem como da vocalização, sugerem um gavião-pombo-branco (Leucopternis polionotus). Essa espécie encontra-se ameaçada no Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002) e foi registrada recentemente em região próxima, no rio da Prata (BIOLAW, 2003). Outra espécie com descrição similar é o gavião-de-cauda-branca (Buteo albicaudatus), porém a vocalização e o comportamento de vôo são menos similares à descrição do morador. Nenhuma dessas espécies foi registrada anteriormente na UHE Monte Claro e somente novas campanhas poderão vir a confirmar ou não sua presença na área. CR/C/RM/030/037/2007 172 Figura 9. a) indivíduo adulto de sovi (Ictinia plumbea) b) jovem de sovi (Ictinia plumbea). Durante esta campanha houve um acréscimo considerável de espécies noturnas em relação a BIOLAW (2006a) - seis versus uma espécie. Para a coruja-listrada (Strix hylophila), este foi o primeiro registro para a área da UHE Monte Claro. Essa espécie é citada como quase ameaçada mundialmente (IUCN, 2006), embora seja comum no Rio Grande do Sul (BELTON, 1994). Das demais espécies, a corujinha-do-mato (Megascops choliba), considerada escassa na escarpa do planalto (BELTON, 1994), foi a de maior abundancia relativa (AR = 1 individuo/hora), similar ao registrado na campanha passada (AR = 1,33 individuo/hora). A abundância relativa das espécies noturnas foi similar em ambas as campanhas (inverno/2006 [BIOLAW, 2006a] = 1,33 indivíduo/hora; verão/2007 [presente campanha] = 1,5 indivíduo/hora) (tabela 6). De modo geral, a avifauna registrada é composta, em sua maioria, por espécies comuns no Estado e de hábitats predominantemente florestais (tabela 6). A ausência de espécies de Psittacidae (papagaios, tirivas) e a baixa riqueza de pica-paus (Picidae) e arapaçus (Dendrocolaptidae) sugerem um grau considerável de alteração ambiental na região em que o empreendimento está inserido. Embora a área contenha regiões florestadas em bom estado, o histórico de uso da região associado à contínua supressão de habitat, seja pelo desmatamento para fins urbanos, agropastoris ou, como na atualidade, para construções de usinas hidrelétricas, tende a impactar de maneira negativa as espécies que ainda residem na bacia do rio das Antas. A forma com que as áreas remanescentes e, principalmente, as áreas de preservação junto aos empreendimentos vêm sendo e serão manejadas no futuro terá papel fundamental na manutenção da avifauna local. É muito importante a manutenção de um corredor florestal junto ao rio das Antas e seus tributários, uma vez que áreas contínuas de matas conservadas são de grande importância, não apenas por fornecerem condições de sustentação de espécies sensíveis à fragmentação e alteração do hábitat, mas também por colaborarem para a manutenção da riqueza e da diversidade da avifauna em formações secundárias (ALEIXO, 1999; ALEIXO, 2001). CR/C/RM/030/037/2007 173 Tabela 6. Espécies de aves registradas na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. Taxonomia e nomes populares seguem COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2005). Hábitat preferencial da espécie segue PARKER et al. (1996). O status populacional segue BELTON (1994) e o status de ocorrência segue BENCKE (2001). N = número de indivíduos. IPA = índice pontual de abundância. Legenda: * novos registros para área da UHE Monte Claro. 1 espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002). 2 espécies quase ameaçadas de extinção mundialmente (IUCN, 2006). Hábitat: F=floresta; N=áreas abertas; A=ambientes aquáticos; a letra E no final de cada sigla representa hábitat alterado ou borda. Status: C = comum ou abundante; I = incomum; E = escasso; R = raro. Ocorrência: R = residente; M = migratório. FAMÍLIA / Espécie Nome comum N IPA Ocasional Hábitat Status Ocorrência TINAMIDAE Crypturellus obsoletus inhambuguaçu x F C R Crypturellus tataupa inhambu-chintã x FE C R pato-do-mato x A I R biguatinga x A I R Butorides striata socozinho x A C M Syrigma sibilatrix maria-faceira x N C R Egretta thula* graça-branca-pequena x A A R Cathartes aura urubu-de-cabeçavermelha x FE C R Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta x F C R Ictinia plumbea sovi x F I M Rupornis magnirostris gavião-carijó x F C R 0,03 x N C R ANATIDAE Cairina moschata1* ANHINGIDAE Anhinga anhinga ARDEIDAE CATHARTIDAE ACCIPITRIDAE FALCONIDAE Milvago chimachima carrapateiro 1 Micrastur ruficollis falcão-caburé x F I R saracura-do-mato x F C R quero-quero x N C R pomba-de-bando x N C R RALLIDAE Aramides saracura CHARADRIIDAE Vanellus chilensis COLUMBIDAE Zenaida auriculata CR/C/RM/030/037/2007 174 FAMÍLIA / Espécie Nome comum N IPA Ocasional Hábitat Status Ocorrência Leptotila sp. juriti 2 0,06 x F R Leptotila verreauxi juriti-pupu 6 0,18 x F C R Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira x F C R alma-de-gato x F E R coruja-da-igreja x N I R Megascops choliba corujinha-do-mato x F E R Strix hylophila*2 corujinha-listrada F C R urutau FE C M x F C M CUCULIDAE Piaya cayana TYTONIDAE Tyto alba STRIGIDAE NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus CAPRIMULGIDAE Lurocalis semitorquatus tuju TROCHILIDAE Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete 33 1,00 x F C R Chlorostilbon lucidus* besourinho-de-bicovermelho 1 0,03 NF C R Thalurania glaucopis beija-flor-de-frontevioleta 3 0,09 F C R Leucochloris albicollis beija-flor-de-papobranco FE C R x TROGONIDAE 4 0,12 x F C R Ceryle torquatus martim-pescador-grande x A I R Chloroceryle amazona martim-pescador-verde x A I R Chloroceryle americana martim-pescadorpequeno x A I R tucano-de-bico-verde x F E R Trogon surrucura surucuá-variado ALCEDINIDAE RAMPHATIDAE Ramphastos dicolorus PICIDAE CR/C/RM/030/037/2007 175 FAMÍLIA / Espécie Nome comum N IPA OcasionalHábitat Status Ocorrência Picumnus temminckii pica-pau-anão-decoleira 5 0,15 x F I-C R Veniliornis spilogaster picapauzinho-verdecarijó 3 0,09 x F C R Piculus aurulentus2 pica-pau-dourado x F I R Celeus flavescens pica-pau-de-cabeçaamarela x F C R Batara cinerea matracão x F I R Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora x F C R Thamnophilus caerulescens choca-da-mata 13 0,39 x FE C R Dysithamnus mentalis choquinha-lisa 3 0,09 x F I R Drymophila malura choquinha-carijó 3 0,09 x F C R chupa-dente 3 0,09 x F C R 3 0,09 x F C R 2 0,06 x F E R x F I R 0,12 x F C R x F I R 0,03 x F THAMNOPHILIDAE CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata FORMICARIIDAE Chamaeza campanisona tovaca-campainha Chamaeza ruficauda tovaca-de-rabovermelho SCLERURIDAE Sclerurus scansor vira-folha DENDROCOLAPTIDAE Sittasomous griseicapillusarapaçu-verde Dendrocolpates platyrostris 4 arapaçu-de-grande arapaçu-escamoso-doLepidocolaptes falcinellus 1 sul R arapaçu-rajado 1 0,03 x F I R Furnarius rufus* joão-de-barro 1 0,03 x N A R Synallaxis ruficapilla picochoré 22 0,67 x F C R Xiphorhynchus fuscus FURNARIIDAE CR/C/RM/030/037/2007 176 FAMÍLIA / Espécie Nome comum N IPA Ocasional Hábitat Status Ocorrência Synallaxis cinerascens pi-puí 1 0,03 x F C R Cranioleuca obsoleta arredio-oliváceo 1 0,03 F C R Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete 9 0,27 x F C R Lochmias nematura joão-porca x F C R Xenops rutilans bico-virado-carijó 1 0,03 F C R Poecilotriccus plumbeiceps tororó 9 0,27 x FE C R Phyllomyias virescens piolhinho-verdoso 2 0,06 x F R R Myiopagis viridicata guaravaca-de-cristaalaranjada 2 0,06 x F I M Elaenia parvirostris guaravaca-de-bico-curto1 0,03 x F A M Elaenia mesoleuca tuque 0,33 x F A M x F C R x NA I R x F C R TYRANNIDAE 11 Camptostoma obsoletum risadinha Serpophaga nigricans joão-pobre Serpophaga subcristata alegrinho Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato 3 0,09 x F C R Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelhapreta 4 0,12 x F C R Lathrotriccus euleri enferrujado 2 0,06 x F C M Myiophobus fasciatus filipe 1 0,03 x N C M Pitangus sulphuratus bem-te-vi FE A R Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado x 2 0,06 x F C M Megarynchus pitangua neinei 8 0,24 x FE C M Empidonomus varius peitica 5 0,15 x FE C M 10 0,30 x FE C M N C M Tyrannus melancholicus suiriri Tyrannus savana tesourinha x Myiarchus swainsoni irrê 2 0,06 x FE tangará 17 0,52 x F C-I R flautim 11 0,33 x F C R x F E R FE C-A M M PIPRIDAE Chiroxiphia caudata TITYRIDAE Schiffornis virescens Pachyramphus castaneuscaneleiro Pachyramphus polychopterus CR/C/RM/030/037/2007 caneleiro-preto 10 0,30 x 177 FAMÍLIA / Espécie Nome comum N IPA Ocasional Hábitat Status Ocorrência VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis pitiguari 5 0,15 x F C R Vireo olivaceus juruviara 14 0,42 x F I M andorinha-doméstica7 grande 0,21 x N C M andorinha-pequena-dePygochelidon cyanoleuca 3 casa 0,09 x N C R HIRUNDINIDAE Progne chalybea andorinha-serradora 1 0,03 x N I M corruíra 4 0,12 x N C R Turdus sp sabiá 2 0,06 F Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 2 0,06 x FE C R 8 0,24 x F C R x F C R FE C R Stelgidopteryx ruficollis TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus TURDIDAE Turdus amaurochalinus sabiá-poca Turdus albicollis sabiá-de-coleira THRAUPIDAE Tachyphonus coronatus tiê-preto 3 0,09 x Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento x F C R Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade x F C-A R Hemithraupis guira papo-preto x F C R EMBEREZIDAE Zonotrichia capensis tico-tico 3 0,09 x N C R Poospiza lateralis quete 3 0,09 x FE C R Sicalis flaveola canário-da-terraverdadeiro x N A-C R x N C-A R 0,09 x F x F I R Sporophila caerulescens coleirinho CARDINALIDAE 3 Saltator sp. Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro Saltator maxillosus bico-grosso Cyanocompsa brissonii azulão 4 0,12 FE I R 3 0,09 F C R 15 0,45 x F C R PARULIDAE Parula pitiayumi CR/C/RM/030/037/2007 mariquita 178 N IPA OcasionalHábitat Status Ocorrência Geothlypis aequinoctialis 1 0,03 NA Basileuterus culicivorus pula-pula 13 0,39 x F C R Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assoviador 11 0,33 x F C R tecelão 5 0,15 x F C R x N C-A R 0,30 x F I R FAMÍLIA / Espécie Nome comum R ICTERIDAE Cacicus chrysopterus FRINGILIDAE Carduelis magellanica pintassilgo Euphonia chalybea2 cais-cais 10 NI 2 Tabela 7. Espécies registradas durante os transectos embarcado (TB), noturno (TN) e de aves de rapina (TR) realizados na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007 (NI = número de indivíduos; AR = abundancia relativa). FAMÍLIA / Espécie Nome comum TB TN NI AR NI AR TR NI AR ARDEIDAE Butorides striata socozinho 3 3 CATHARTIDAE Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha 3 1 Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta 5 1.67 Ictinia plumbea sovi 7 2.33 Rupornis magnirostris gavião-carijó 5 1.67 3 1 ACCIPITRIDAE FALCONIDAE Milvago chimachima carrapateiro 1 1 STRIGIDAE Megascops choliba corujinha-do-mato 4 1 Strix hylophila corujinha-listrada 1 0.25 urutau 1 0.25 NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus ALCEDINIDAE Ceryle torquatus CR/C/RM/030/037/2007 martim-pescador-grande 2 2 179 FAMÍLIA / Espécie Nome comum TB martim-pescador-pequeno 2 2 Pitangus sulphuratus bem-te-vi 1 1 Tyrannus melancholicus suiriri 2 2 andorinha-serradora 11 11 Chloroceryle americana TN TR TYRANNIDAE HIRUNDINIDAE Stelgidopteryx ruficollis Não Identificado 4 4 Mamíferos Durante o período de amostragem foram registradas em campo pelo menos 11 espécies de mamíferos silvestres não-voadores, pertencentes a nove diferentes famílias (tabela 8). Dentre os pequenos mamíferos não-voadores, foram capturadas duas espécies de roedores sigmodontíneos –Akodon paranaensis e Oligoryzomys nigripes, com um sucesso de captura total de apenas 1,77%, sendo que o ponto P43 apresentou 2,03% de sucesso e o ponto P44, 1,51%. A espécie com maior número de capturas foi Oligoryzomys nigripes (cinco), sendo duas no ponto P43 e três no ponto P44. Akodon paranaensis foi capturado duas vezes, apenas no ponto P43. Essa espécie de Akodon foi recentemente descrita (CHRISTOFF et al., 2000), e ocorre em áreas de floresta com araucária e campos dos três estados do sul do Brasil (CHRISTOFF et al., 2000; PEDÓ, 2005). De acordo com BONVICINO et al. (2002), Oligoryzomys nigripes é uma espécie comum, abundante e que ocorre tanto em hábitats conservados quanto alterados. Daquelas espécies registradas em campo, pelo menos duas encontram-se ameaçadas de extinção no Estado do Rio Grande do Sul: um roedor, a cutia (Dasyprocta azarae), classificada como “vulnerável” (CHRISTOFF, 2003) e pelo menos uma espécie de ungulado, o veado-virá (Mazama gouazoubira), também classificado como “vulnerável” (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003). Como a diferenciação dos rastros das espécies dentro do gênero Mazama é imprecisa, não se descarta a ocorrência de outras duas espécies desse gênero na região: o veado-pardo (Mazama americana) e o veado-poca (Mazama nana), classificados como “em perigo” e “criticamente em perigo”, respectivamente (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003). A cutia (Dasyprocta azarae) foi registrada através de rastros encontrados na floresta ripária localizada na margem direita do rio das Antas (tabela 8). A distribuição da espécie no Rio Grande do Sul, inferida a partir dos registros disponíveis, permite supor que esteja associada a regiões de florestas ombrófilas e estacionais (CHRISTOFF, 2003). As principais ameaças à espécie, em nível regional, são a destruição e a descaracterização de seu hábitat, além da caça predatória, ainda comum em vários lugares (CHRISTOFF, 2003). Considerando-se que a cutia é uma espécie bastante visada pelos caçadores, já que a sua carne é muito apreciada. Única espécie de ungulado com ocorrência confirmada durante a campanha de monitoramento, o veado-virá (Mazama gouazoubira) foi identificado através de um registro fotográfico (figura 10) realizado na margem direita do rio da Prata (tabela 8). Essa espécie utiliza diversos tipos de hábitat, como interior e bordas de florestas, savanas, vassourais, beiras de lagoas, banhados e outros tipos de vegetação aberta (STALLINGS, 1984; REDFORD & EISENBERG, 1992; LIMA BORGES & TOMÁS, 2004), sendo, inclusive, observado em pastagens, plantações e reflorestamentos (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003; obs. pess.). Por isso, mais do que o desmatamento e a expansão agrícola, a caça é a CR/C/RM/030/037/2007 180 maior ameaça à espécie, agravada pela baixa taxa reprodutiva da espécie, que é de um ou, esporadicamente, dois filhotes por ano (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003). Figura 10. Indivíduo de veado-virá (Mazama gouazoubira) registrado em área de floresta ripária da margem direita do rio das Antas, na área de influência da UHE Monte Claro. As transecções não-lineares realizadas em trilhas e estradas existentes no entorno do reservatório possibilitaram o registro de outras sete espécies de mamíferos não-voadores, que não se encontram ameaçadas de extinção. Duas delas, a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e o mão-pelada (Procyon cancrivorus), normalmente são encontradas próximas a ambientes ribeirinhos (ALHO et al., 1987; TOMAZZONI et al., 2000; DÍAZ & BARQUEZ, 2002). Vestígios de capivara foram encontrados em três diferentes pontos (tabela 8) distribuídos em ambas as margens do reservatório, enquanto que o mão-pelada foi registrado apenas através de partes de esqueletos encontrados em dois pontos da linha férrea localizada na margem direita dos rios das Antas e da Prata. O gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) foi registrado através de armadilhamento fotográfico, no ponto P45 (figura 11). Vestígios confirmando a presença do tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) foram encontrados em apenas um ponto (tabela 8), localizado na margem direita do reservatório. Além do mão-pelada, outras três espécies de carnívoros foram registradas: o graxaim-domato (Cerdocyon thous), o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) e o furão (Galictis cuja), sendo que as duas últimas não haviam sido constatadas em campo nos monitoramentos anteriores (BIOLAW, 2005a e 2006a). Rastros de ambas as espécies de graxains foram encontrados em alguns pontos localizados na margem direita do reservatório, assim como a mandíbula quase completa de um indivíduo de graxaim-docampo (tabela 8). O avistamento de três indivíduos de furão na trilha íngreme, localizada no ponto P43, confirmou a presença de uma população dessa espécie de difícil detecção nas florestas que margeiam o reservatório da usina. CR/C/RM/030/037/2007 181 Figura 11. Indivíduo de gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) registrado através de armadilha fotográfica em área de floresta ripária do rio das Antas (ponto P45), na área de influência da UHE Monte Claro. De forma complementar ao monitoramento da fauna de mamíferos-não-voadores, foi colhido o relato do barqueiro que acompanhou o monitoramento e que freqüenta o local seguidamente. Assim como constou nos relatórios anteriores, foram relatadas várias espécies com ocorrência potencial para a região do reservatório da UHE Monte Claro, mas que ainda não puderam ser registradas em campo. Dentre elas, destacam-se algumas espécies ameaçadas de extinção em território gaúcho, como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), a paca (Cuniculus paca) e a irara (Eira barbara). À exceção da primeira espécie, as outras duas foram registradas em monitoramentos realizados nas áreas de influência da UHE Castro Alves (irara) e da UHE 14 de Julho (paca), que estão localizados, respectivamente, à montante e à jusante da UHE Monte Claro (BIOLAW, 2006b e 2005c). São espécies estritamente florestais e que apresentam em comum a perda e fragmentação de seus hábitats como ameaças a sua sobrevivência (CHRISTOFF, 2003; INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003; OLIVEIRA & VILELLA, 2003). No caso particular da paca, a caça ilegal representa uma ameaça adicional bastante importante à espécie, já que ela possui a reputação de excelente “carne de caça” (HOSKEN, 1999, obs. pess.), idéia que vem de longa data, já que IHERING (1893) considerava a paca “a nossa melhor caça do matto (sic)”. Apesar do insucesso na procura por vestígios da presença de lontra (Lontra longicaudis), sendo que foram encontradas apenas tocas abandonadas, acredita-se, também com base nos relatos do barqueiro e de alguns pescadores, que ainda subsista uma população da espécie na área do reservatório. De hábito semi-aquático, tem preferência por cursos d’água rápidos e com pouca turbidez (EMMONS, 1990), ocupando também mangues, estuários e deltas de rios e até açudes e lagos artificiais. O impacto do represamento de rios para a geração de energia elétrica sobre as populações de lontras ainda não foi avaliado, mas há a preocupação de que existam efeitos negativos sobre o deslocamento e a migração dos animais ao longo da bacia atingida, além do impacto associado ao aumento de densidade humana e à alteração do hábitat nesses empreendimentos (CHEHÉBAR, 1990). As maiores ameaças à espécie são a poluição das águas e suas margens, a destruição da vegetação ripária e a alta densidade populacional humana (FONSECA et al., CR/C/RM/030/037/2007 182 1994; IBAMA, 1997). Por isso, torna-se fundamental a conservação das matas ciliares e outros hábitats ribeirinhos através da efetiva aplicação da legislação que versa sobre as áreas de preservação permanente (Código Florestal – lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965). Em comparação com os dois monitoramentos realizados anteriormente na área do reservatório (BIOLAW 2006a e 2005a), e desconsiderando-se os registros obtidos através de relatos, quatro novas espécies foram registradas em campo na atual campanha: uma espécie de rato-do-mato (Akodon paranaensis), o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), o furão (Galictis cuja) e o veado-virá (Mazama gouazoubira). Apesar de estar sendo considerada um novo registro, cabe salientar que é bastante provável que a espécie de rato-do-mato Akodon paranaensis já tenha sido registrada nos levantamentos anteriores, já que há grande similaridade morfológica desta com outra do mesmo gênero (Akodon montensis), comumente registrada nos levantamentos anteriores. Os registros de graxaim-do-campo e de furão são conseqüência da sucessão de campanhas de amostragem, que apontam espécies menos comuns e de difícil detecção (como é o caso do furão), à medida que elas vão sendo realizadas. Já o registro de veadovirá (Mazama gouazoubira) deve-se ao refinamento na identificação da espécie dentro do gênero – o que é praticamente impossível através dos rastros – e que foi realizada com o auxílio de registros fotográficos de um indivíduo avistado na linha férrea localizada na margem direita do rio das Antas/ rio da Prata (Felipe Zílio, comunic. pess.). O aparecimento de novos registros demonstra que o número total de espécies para a área ainda representa uma subestimativa. Essa conclusão também é corroborada pelo baixo número de espécies encontradas durante o presente monitoramento, que é conseqüência das difíceis condições de acesso à informação em campo, que por sua vez, é causada pelo terreno acidentado, pelo pequeno número de trilhas existentes e pelo solo pedregoso que dificulta a impressão de rastros. Ainda assim, foi possível constatar a ocorrência de, pelo menos, duas espécies da fauna de mamíferos não-voadores ameaçadas de extinção em nível estadual. Se considerarmos os relatórios de monitoramento anteriores, são, pelo menos, cinco espécies classificadas com algum grau de ameaça. São espécies particularmente sensíveis a perturbações que ocorrem na paisagem, o que é um indicativo do grau de conservação que ainda se observa na área. CR/C/RM/030/037/2007 183 Tabela 8. Espécies de mamíferos silvestres não-voadores registradas na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. FAMÍLIA / Espécie Nome comum Tipo de registro Local de registro Status DIDELPHIDAE OD P45 NA tatu-galinha V * NA Akodon paranaensis rato-do-mato OD P43 NA Oligoryzomys nigripes camundongo-do-mato OD P43, P44 NA capivara V P43, * NA cutia V * VU Cerdocyon thous graxaim-do-mato V * NA Lycalopex gymnocercus graxaim-do-campo V, † * NA furão OD P43 NA † * NA OD * VU Didelphis albiventris gambá-de-orelha-branca DASYPODIDAE Dasypus novemcinctus CRICETIDAE CAVIIDAE Hydrochoerus hydrochaeris DASYPROCTIDAE Dasyprocta azarae CANIDAE MUSTELIDAE Galictis cuja PROCYONIDAE Procyon cancrivorus mão-pelada CERVIDAE Mazama gouazoubira veado-virá Mazama sp. veado OD, V * VU-CR3 Tipo de registro: OD = observação direta (inclui capturas com gaiolas e armadilhamento fotográfico), V = vestígio (rastros, fezes, tocas), † = carcaça, esqueleto. Local do registro: P43 = ponto 43 (coordenadas UTM: 22J 451306/ 6788604), P44 = ponto 44 (coordenadas UTM: 22J 453919/ 6790001), P45 = ponto 45 (coordenadas UTM: 22J 453491/ 6789916). Categoria de ameaça no RS1: NA = não ameaçado, VU = vulnerável, EP = em perigo, CR = criticamente em perigo. 1 De acordo com FONTANA et al. (2003). 2 Ordenamento e nomenclatura taxonômica segundo WILSON & REEDER (2005). 3 As categorias de ameaça das espécies de Mazama que podem ocorrer na região variam de “vulnerável” (M. gouazoubira), “em perigo” (M. americana), a “criticamente em perigo” (M. nana), espécies relacionadas aos vestígios encontrados, mas sem confirmação em nível de espécie. * Registros fora do ponto de amostragem (em coordenadas UTM 22J): Dasypus novemcinctus: 456483/ 6787341 (rastros); Hydrochoerus hydrochaeris: 453134/ 6788578, 450446/ 6789069 (fezes), 456599/ 6787032 (rastros); Dasyprocta azarae: 456731/ 6786653 (rastros); Cerdocyon thous: 456185/ 6787940, 456483/ 6787341 (rastros); Lycalopex gymnocercus: 453386/ 6790914 (mandíbula), 456752/ 6786495 (rastros); Procyon cancrivorus: 452909/ 6788628, 452053/ 6788524 (esqueleto); Mazama gouazoubira: 453332/ 6790849 (avistamento de um indivíduo); Mazama sp.: 450925/ 6789053 (avistamento de um indivíduo); 456406/ 6787734, 456185/ 6787940 (rastros). CR/C/RM/030/037/2007 184 2.1.1.3. Conclusões As três campanhas de monitoramento da fauna terrestre realizadas após o enchimento do reservatório da UHE Monte Claro (BIOLAW, 2006a, 2005a e o presente documento) ainda não foram capazes de agregar um volume de dados suficiente para caracterizar com precisão a situação ambiental da área. Entretanto, a sucessão de campanhas em diferentes épocas do ano (outono, inverno e verão) vem permitindo que espécies menos comuns e de difícil detecção sejam registradas em campo. Considerando-se apenas as campanhas de monitoramento realizadas após o enchimento do reservatório, já foram registradas em campo na área de influência da UHE Monte Claro nove espécies de anfíbios, quatro de répteis, 138 de aves e 27 de mamíferos. Com relação aos anfíbios e répteis, conforme já era esperado, a presente campanha (realizada durante o verão) teve resultados bem mais expressivos do que as anteriores. Com relação aos mamíferos, puderam ser registradas algumas espécies menos comuns e de difícil observação em campo, como o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) e o furão (Galictis cuja). 2.1.1.3. Recomendações Anfíbios No âmbito deste programa de monitoramento, devem ser implementadas ações visando o acompanhamento específico da rã-das-pedras no trecho de vazão reduzida da UHE Monte Claro, único local da área de influência direta desta UHE onde ainda pode ser encontrada. Répteis Recomenda-se a utilização de armadilhas não-letais para a captura de quelônios na área do reservatório. Somente a utilização de uma metodologia mais específica poderia confirmar o possível declínio populacional desses animais relatado por moradores locais durante as amostragens. Aves Salienta-se a importância da continuidade da utilização de métodos específicos para amostrar quantitativamente aves ribeirinhas e rapinantes (diurnos e noturnos), uma vez que essas espécies dificilmente são detectadas através de outros métodos quantitativos usualmente utilizados em levantamentos avifaunísticos. Da mesma forma, recomenda-se a continuidade do monitoramento da avifauna buscando identificar quaisquer alterações na estrutura da comunidade e/ou populações, identificando as possíveis causas e relacionando-as com seus hábitos, requisitos ambientais e impactos do empreendimento. 2.2. Atividades previstas para o próximo trimestre Estão previstas para o próximo trimestre as seguintes atividades: − campanha de monitoramento pré-enchimento da UHE 14 de Julho; − resgate de fauna durante o desmatamento do reservatório da UHE Castro Alves; − elaboração do projeto, para aprovação pelo Ibama de resgate da fauna no desmatamento e enchimento do reservatório da UHE 14 de Julho. 2.3. Conclusões As atividades do Programa de Salvamento, Resgate e Monitoramento de fauna estão sendo realizadas de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental. CR/C/RM/030/037/2007 185 3. PROGRAMA DE SALVAMENTO, MONITORAMENTO E RESGATE DA FLORA 3.1.Descrição dos trabalhos desenvolvidos Neste relatório são descritos os trabalhos desenvolvidos no primeiro trimestre de 2007, referentes ao Programa de Salvamento, Monitoramento e Resgate da Flora na área de abrangância do complexo CERAN. 3.1.1. Atividades de Resgate de Epífitas No primeiro trimestre de 2007 não houve desmatamento no Complexo, não havendo necessidade de relocação de epífitas e transplantes de espécies imunes ao corte. 3.1.2. Atividades de Monitoramento 3.1.2.1. Monitoramento dos Afloramentos Rochosos Em vistoria realizada no mês de janeiro aos afloramentos rochosos da futura alça de vazão reduzida da UHE Castro Alves, verificou-se a presença de frutos em um grupo de indivíduos da espécie Callisthene inundata. Entretanto os frutos não se apresentavam maduros e por isso não foram coletados. Os locais onde existiam frutos foram marcados para posterior coleta e semeadura. 3.1.2.2. Monitoramento das Encostas Florestais No dia 13 de fevereiro foi realizado monitoramento de parcelas em encostas florestais, localizadas às margens do reservatório da UHE Monte Claro, enquanto no dia 28 foi realizado monitoramento das epífitas relocadas por ocasião de desmatamento na mesma usina. O anexo 1 apresenta a lista de espécies das parcelas 06 e 07, e o registro de floração/frutificação em fevereiro de 2007. 3.1.3. Coleta de Propágulos de Espécies Endêmicas Durante o mês de março foi realizada coleta de propágulos da espécie endêmica Callisthene inundata, nos afloramentos rochosos do Complexo. As sementes coletadas foram encaminhadas ao viveiro da CERAN em Nova Roma do Sul para semeadura. Também foi realizada a limpeza dos indivíduos de Dickia sp. transplantados para a APP do reservatório. Observou-se que a maioria dos indivíduos estava parcialmente danificada, possivelmente pelo consumo por capivaras. 3.2. Atividades para próximo período Para o próximo trimestre estão previstas as seguintes atividades: - coleta de propágulos das espécies endêmicas dos afloramentos rochosos; CR/C/RM/030/037/2007 186 - acompanhamento do desmatamento da bacia de inundação do reservatório da UHE Castro Alves, com a execução do resgate e relocação das epífitas, marcação e transplante das espécies florestais imunes ao corte. - continuação do monitoramento das encostas florestais e afloramentos rochosos. 3.3. Conclusões O Programa está sendo executado conforme o estabelecido no PBA, com algumas alterações de cronograma, por readequação das atividades ao cronograma das obras. 3.4. Anexo Anexo 1 – Espécies Levantadas nas Parcelas 6 e 7 Instaladas para Monitoramento das Encostas Florestais CR/C/RM/030/037/2007 187 ANEXO 1 Espécies Levantadas nas Parcelas 6 e 7 Instaladas para Monitoramento das Encostas Florestais CR/C/RM/030/037/2007 188 NÚM. ESESNOME POPULAR 161 Farinha seca 162 Açoita-cavalo 163 Crabreúva 163 Aguaí 165 Angico vermelho 166 Açoita-cavalo 167 Açoita-cavalo 168 Açoita-cavalo 169 Açoita-cavalo 170 Pau-ervilha 171 Pau-ervilha 172 Laranjeira-do-mato 173 Cabreúva 174 Camboatá vermelho 175 Sincho 176 Farinha seca 177 Laranjeira-do-mato 178 Laranjeira-do-mato 179 Laranjeira-do-mato 180 Angico vermelho 181 Angico vermelho 182 Farinha seca 183 Laranjeira-do-mato 184 Pau-ervilha 185 Laranjeira-do-mato 186 Catiguá 187 Aguaí 188 Laranjeira-do-mato 189 Cabreúva 190 Laranjeira-do-mato CR/C/RM/030/037/2007 PARCELA 06; Data: 15/03/2006 Coordenadas UTM: 00453478/678881 NOME CIENTÏFICO CAP PS Sn Lc Lonchocarpus campestris 95 1 1 1 Luehea divaricata 30 1 1 1 Myrocarpus frondosus 40 1 1 1 Chysophyllum marginatum 22 2 2 2 Parapipdenia rigida 24 1 1 1 Luehea divaricata 81 1 1 1 Luehea divaricata 29 2 3 2 Luehea divaricata 69 1 1 1 Luehea divaricata 41 2 3 2 Trichilia elegans 20 3 1 4 Trichilia elegans 22 2 1 1 Actinostemon concolor 15 3 1 5 Myrocarpus frondosus 89 1 1 1 Cupania vernalis 80 1 1 1 Sorocea bonplandii 17 3 1 4 Lonchocarpus campestris 14 2 1 2 Actinostemon concolor 19 3 3 5 Actinostemon concolor 33 2 1 2 Actinostemon concolor 16 3 1 3 Parapipdenia rigida 35 1 1 1 Parapipdenia rigida 36 1 1 1 Lonchocarpus campestris 13 3 1 4 Actinostemon concolor 16 3 1 3 Trichilia elegans 12 1 1 3 Actinostemon concolor 20 2 1 4 Trichilia catigua 24 3 4 4 Chysophyllum marginatum 63 1 2 2 Actinostemon concolor 11 3 2 5 Myrocarpus frondosus 79 1 1 1 Actinostemon concolor 14 3 1 5 V 1 1 1 2 1 2 4 1 4 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 3 2 2 1 1 FLOR. FRUTIF. OBS. Ripsallis 189 NÚM. ESESNOME POPULAR NOME CIENTÏFICO CAP PS Sn 191 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 18 1 1 192 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 25 2 2 193 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 13 3 1 194 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 12 3 2 195 Pau-ervilha Trichilia elegans 13 2 1 196 Guajuvira Patagonula americana 127 1 1 197 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 20 2 1 198 Catiguá Trichilia catigua 39 1 1 199 Pau-ervilha Trichilia elegans 17 2 1 200 Pau-ervilha Trichilia elegans 20 2 1 201 Catiguá Trichilia catigua 18 3 1 202 Aguaí Chysophyllum marginatum 15 3 1 203 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 20 3 1 204 Carvalho Roupala brasiliensis 40 1 1 205 Cabreúva Myrocarpus frondosus 24 2 1 206 Laranjeira-do-mato Actinostemon concolor 20 3 1 207 Dasiphum (?) Em confirmação 16 1 3 208 Camboatá vermelho Cupania vernalis 89 1 1 209 Catiguá Trichilia catigua 11 1 1 210 Pau-ervilha Trichilia elegans 18 2 1 211 Guajuvira Patagonula americana 59 1 1 212 Pau-ervilha Trichilia elegans 14 2 1 213 Chal-chal Allophylus edulis 40 2 3 214 Cabreúva Myrocarpus frondosus 19 2 1 215 Camboatá vermelho Cupania vernalis 13 1 1 216 Chal-chal Allophylus edulis 28 2 1 217 Guajuvira Patagonula americana 43 1 1 218 Catiguá Trichilia catigua 24 2 1 219 Pau-ervilha Trichilia elegans 10 2 1 220 Pau-ervilha Trichilia elegans 13 2 1 CAP: Circunferência à altura do peito. PS: Posição Fitossociológica. Lc: Liberação da Copa. V: Vitalidade. FRUT: Presença de Frutos. CR/C/RM/030/037/2007 Lc 1 3 4 5 3 1 2 1 2 2 5 5 5 1 2 3 4 1 5 3 1 2 2 2 1 2 1 1 3 3 V 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 3 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 FLOR. FRUTIF. OBS. Bromeliaceae Bromeliaceae Sn: Sanidade. FLOR: Em Floração. 190 PA NÚM. ESESNOME POPULAR 161 Farinha seca 162 Açoita-cavalo 163 Crabreúva 163 Aguaí 165 Angico vermelho 166 Açoita-cavalo 167 Açoita-cavalo 168 Açoita-cavalo 169 Açoita-cavalo 170 Pau-ervilha 171 Pau-ervilha 172 Laranjeira-do-mato 173 Cabreúva 174 Camboatá vermelho 175 Sincho 176 Farinha seca 177 Laranjeira-do-mato 178 Laranjeira-do-mato 179 Laranjeira-do-mato 180 Angico vermelho 181 Angico vermelho 182 Farinha seca 183 Laranjeira-do-mato 184 Pau-ervilha 185 Laranjeira-do-mato 186 Catiguá CR/C/RM/030/037/2007 PARCELA 06; Data: 13/02/2007 Coordenadas UTM: 00453478/678881 NOME CIENTÏFICO CAP PS Sn Lc Lonchocarpus campestris 97 1 1 1 Luehea divaricata 31 1 1 1 Myrocarpus frondosus 61 1 1 1 Chysophyllum marginatum 24 2 2 3 Parapipdenia rigida 26 1 1 1 Luehea divaricata 81 1 1 1 Luehea divaricata 29 2 3 3 Luehea divaricata 72 1 1 1 Luehea divaricata 41,5 2 1 2 Trichilia elegans 22 2 1 3 Trichilia elegans 23 2 1 1 Actinostemon concolor 15 3 1 4 Myrocarpus frondosus 91 1 1 1 Cupania vernalis 73 1 1 1 Sorocea bonplandii 17 2 1 3 Lonchocarpus campestris 14,5 2 1 2 Actinostemon concolor 20 3 1 4 Actinostemon concolor 33 2 1 3 Actinostemon concolor 16 2 1 3 Parapipdenia rigida 36 1 1 1 Parapipdenia rigida 37 1 1 1 Lonchocarpus campestris 13 2 1 1 Actinostemon concolor 17 2 2 2 Trichilia elegans 12 2 1 2 Actinostemon concolor 20 3 1 4 Trichilia catigua 24 3 1 2 V 1 1 1 3 1 2 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 2 1 2 2 FLOR. FRUTIF. OBS. Ripsallis 191 NÚM. ESESNOME POPULAR 187 Aguaí 188 Laranjeira-do-mato 189 Cabreúva 190 Laranjeira-do-mato 191 Laranjeira-do-mato 192 Laranjeira-do-mato 193 Laranjeira-do-mato 194 Laranjeira-do-mato 195 Pau-ervilha 196 Guajuvira 197 Laranjeira-do-mato 198 Catiguá 199 Pau-ervilha 200 Pau-ervilha 201 Catiguá 202 Aguaí 203 Laranjeira-do-mato 204 Carvalho 205 Cabreúva 206 Laranjeira-do-mato 207 Dasiphum (?) 208 Camboatá vermelho 209 Catiguá 210 Pau-ervilha 211 Guajuvira 212 Pau-ervilha 213 Chal-chal 214 Cabreúva 215 Camboatá vermelho 216 Chal-chal 217 Guajuvira 218 Catiguá 219 Pau-ervilha CR/C/RM/030/037/2007 NOME CIENTÏFICO Chysophyllum marginatum Actinostemon concolor Myrocarpus frondosus Actinostemon concolor Actinostemon concolor Actinostemon concolor Actinostemon concolor Actinostemon concolor Trichilia elegans Patagonula americana Actinostemon concolor Trichilia catigua Trichilia elegans Trichilia elegans Trichilia catigua Chysophyllum marginatum Actinostemon concolor Roupala brasiliensis Myrocarpus frondosus Actinostemon concolor Em confirmação Cupania vernalis Trichilia catigua Trichilia elegans Patagonula americana Trichilia elegans Allophylus edulis Myrocarpus frondosus Cupania vernalis Allophylus edulis Patagonula americana Trichilia catigua Trichilia elegans CAP 63 11 81 14 19 25 13,5 12,5 13 129 22 41 17 21 PS 1 3 1 3 2 2 3 3 3 1 2 1 2 2 Sn 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 Lc 1 4 1 3 2 3 3 4 3 1 3 1 2 2 V 1 1 1 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1 16 20 41 24,5 20 16 91 3 3 1 2 3 3 1 1 1 1 1 1 2 1 4 4 1 2 3 4 1 1 1 1 2 1 3 1 19 62 15 41 19 13 28,5 47 25 10 2 1 3 2 2 3 2 1 1 3 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 3 1 4 3 3 3 2 1 1 3 2 1 2 3 2 1 1 1 1 1 FLOR. FRUTIF. OBS. Bromeliaceae MORTA Bromeliaceae Não encontrada 192 NÚM. ESESNOME POPULAR NOME CIENTÏFICO CAP PS Sn 220 Pau-ervilha Trichilia elegans 14 3 1 CAP: Circunferência à altura do peito. PS: Posição Fitossociológica. Lc: Liberação da Copa. V: Vitalidade. FRUT: Presença de Frutos. NÚM. ESESESPÉCIE 221 Guajuvira 222 Chal-chal 223 Angico vermelho 224 Chal-chal 225 Aguaí 227 Açoita cavalo 228 229 Chal-chal 230 Camboatá 231 Chal-chal 232 Chal-chal 233 Aguaí 234 Chal-chal 235 Chal-chal 236 Chal-chal 237 Chal-chal 238 Chal-chal 239 Guajuvira 240 Chal-chal 241 Pau-ervilha 242 Angico vermelho 243 Chal-chal 244 Chal-chal CR/C/RM/030/037/2007 Lc 4 PARCELA 07, Data 15/03/2006 Coodenadas UTM: 00453478/678881 NOME CIENTÍFICO CAP PS Sn Lc Patagonula americana 51 1 1 1 Allophylus edulis 59 1 1 1 Parapipdenia rigida 12 1 1 1 Allophylus edulis 52 11 1 1 Chysophyllum marginatum 15 3 1 2 Açoita cavalo 21 Machaerium paraguariensis 31 2 4 3 Allophylus edulis 13 3 1 3 Cupania vernalis 55 1 1 1 Allophylus edulis 29 1 1 1 Allophylus edulis 34 2 3 2 Chysophyllum marginatum 33 1 1 2 Allophylus edulis 34 1 4 3 Allophylus edulis 47 1 1 1 Allophylus edulis 30 2 2 2 Allophylus edulis 28 1 1 1 Allophylus edulis 20 2 2 2 Patagonula americana 55 1 1 1 Allophylus edulis 44 1 1 1 Trichilia elegans 16 3 1 3 Parapipdenia rigida 25 1 1 1 Allophylus edulis 15 2 1 1 Allophylus edulis 26 2 1 1 V 1 FLOR. FRUTIF. OBS. Sn: Sanidade. FLOR: Em Floração. V 1 1 1 1 1 3 1 1 1 3 1 3 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 FLOR. ñ ñ ñ FRUTIF. ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ OBS. 193 NÚM. ESESESPÉCIE NOME CIENTÍFICO CAP PS 245 Aguaí Chysophyllum marginatum 10 3 246 Chal-chal Allophylus edulis 38 1 247 Guajuvira Patagonula americana 99 1 248 Chal-chal Allophylus edulis 20 2 249 Chal-chal Allophylus edulis 20 2 250 Chal-chal Allophylus edulis 25 1 251 Sp1 11 3 252 Chal-chal Allophylus edulis 17 2 253 Chal-chal Allophylus edulis 53 1 254 Chal-chal Allophylus edulis 25 1 255 Chal-chal Allophylus edulis 25 1 256 Chal-chal Allophylus edulis 24 2 257 Açoita-cavalo Luehea divaricata 68 1 258 Aguaí Chysophyllum marginatum 34 1 259 Chal-chal Allophylus edulis 36 1 260 Chal-chal Allophylus edulis 22 2 261 Açoita-cavalo Luehea divaricata 32 1 262 Angico Parapipdenia rigida 11 1 263 Sp2 32 1 264 Pau-ervilha Trichilia elegans 11 3 265 Camboatá Cupania vernalis 23 2 266 Chal-chal Allophylus edulis 29 1 268 Pau-ervilha Trichilia elegans 105 3 270 Sp3 14 3 271 Açoita-cavalo Luehea divaricata 16 3 272 Guajuvira Patagonula americana 70 1 CAP: Circunferência à altura do peito. PS: Posição Fitossociológica. Lc: Liberação da Copa. V: Vitalidade. FRUT: Presença de Frutos. CR/C/RM/030/037/2007 Sn 1 1 1 2 2 4 1 1 1 1 1 2 1 1 1 3 4 1 1 1 2 1 1 1 1 1 Lc 1 2 1 2 1 1 4 1 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 4 2 1 2 3 3 1 V 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 3 1 1 1 2 1 1 1 1 1 FLOR. ñ ñ FRUTIF. ñ ñ OBS. Moraceae Sn: Sanidade FLOR: Em Floração. 194 NÚM. ESESESPÉCIE 221 Guajuvira 222 Chal-chal 223 Angico vermelho 224 Chal-chal 225 Aguaí 227 Açoita cavalo 228 229 Chal-chal 230 Camboatá 231 Chal-chal 232 Chal-chal 233 Aguaí 234 Chal-chal 235 Chal-chal 236 Chal-chal 237 Chal-chal 238 Chal-chal 239 Guajuvira 240 Chal-chal 241 Pau-ervilha 242 Angico vermelho 243 Chal-chal 244 Chal-chal 245 Aguaí 246 Chal-chal 247 Guajuvira 248 Chal-chal 249 Chal-chal 250 Chal-chal CR/C/RM/030/037/2007 PARCELA 07, Data 13/02/2007 Coodenadas UTM: 00453478/678881 NOME CIENTÍFICO CAP PS Sn Lc Patagonula americana 52 1 1 1 Allophylus edulis 62 1 1 1 Parapipdenia rigida 12 2 1 2 Allophylus edulis Chysophyllum marginatum Açoita cavalo Machaerium paraguariensis 33 1 1 1 Allophylus edulis 14 1 2 3 Cupania vernalis 56 1 1 1 Allophylus edulis 49 1 1 1 Allophylus edulis 40 1 2 1 Chysophyllum marginatum 34 2 1 2 Allophylus edulis 63 1 1 1 Allophylus edulis 49 1 1 1 Allophylus edulis 30 2 2 2 Allophylus edulis 31 1 1 1 Allophylus edulis 21,5 1 2 1 Patagonula americana 57 1 1 1 Allophylus edulis 44 1 1 1 Trichilia elegans 27 3 1 3 Parapipdenia rigida 26 1 1 1 Allophylus edulis 15 2 1 2 Allophylus edulis 26 1 2 1 Chysophyllum marginatum 11 3 1 2 Allophylus edulis 40 2 1 1 Patagonula americana 100 1 3 1 Allophylus edulis 21 2 2 3 Allophylus edulis Allophylus edulis 25 2 4 2 V 1 1 1 FLOR. ñ ñ ñ FRUTIF. ñ ñ ñ OBS. Não encontrada Não encontrada Não encontrada 1 2 1 1 2 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ ñ 3 196 NÚM. ESESESPÉCIE NOME CIENTÍFICO CAP PS Sn 251 Sp1 11 3 1 252 Chal-chal Allophylus edulis 18 2 1 253 Chal-chal Allophylus edulis 55 1 1 254 Chal-chal Allophylus edulis 27 1 1 255 Chal-chal Allophylus edulis 25 2 1 256 Chal-chal Allophylus edulis 24 2 1 257 Açoita-cavalo Luehea divaricata 69 1 1 258 Aguaí Chysophyllum marginatum 35 1 1 259 Chal-chal Allophylus edulis 37 1 1 260 Chal-chal Allophylus edulis 23 2 2 261 Açoita-cavalo Luehea divaricata 33 1 1 262 Angico Parapipdenia rigida 13 2 1 263 Sp2 36 2 2 264 Pau-ervilha Trichilia elegans 12 3 1 265 Camboatá Cupania vernalis 24 2 1 266 Chal-chal Allophylus edulis 31 1 1 268 Pau-ervilha Trichilia elegans 11 3 1 270 Sp3 14 3 1 271 Açoita-cavalo Luehea divaricata 16 2 1 272 Guajuvira Patagonula americana 50 1 1 CAP: Circunferência à altura do peito. PS: Posição Fitossociológica. Lc: Liberação da Copa. V: Vitalidade. FRUT: Presença de Frutos. CR/C/RM/030/037/2007 Lc 3 2 1 2 1 2 1 1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2 1 1 V 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 FLOR. FRUTIF. OBS. Moraceae Sn: Sanidade FLOR: Em Floração. 197 4. PROGRAMA DE CONTROLE DA PROLIFERAÇÃO DE MACRÓFITAS 4.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos Neste trimestre foram realizadas as atividades de monitoramento da proliferação de macrófitas no reservatório da UHE Monte Claro, de acordo com o estabelecido no PBA. 4.1.1. Monitoramento pela Equipe da Operação da UHE Monte Claro No período correspondente a esse relatório, foram realizadas vistorias pela equipe de meio ambiente nos dias 09 e 25 de janeiro, 13 e 28 de fevereiro, e 16 e 27 de março, não sendo identificados focos de macrófitas aquáticas com potencial invasor. 4.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre No próximo trimestre está previsto o início das atividades de levantamento de focos de macrófitas aquáticas com risco potencial de proliferação, na bacia de contribuição do reservatório da UHE Castro Alves. O trabalho será realizado pelo Professor Albano Schwarzbold. 4.3. Conclusões As atividades do Programa de Controle de Proliferação de Macrófitas estão sendo realizadas de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental. CR/C/RM/030/037/2007 197 5. PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO 5.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos No primeiro trimestre de 2007 foram doadas 202 mudas de No primeiro trimestre deste ano foram doadas 202 mudas de espécies florestais nativas produzidas no viveiro da Ceran., e foram distribuídas entre agricultores e a Prefeitura Municipal de Nova Roma do Sul. As mudas foram as seguintes: Espécie Quantidade aguaí-da-serra 02 angico-vermelho (Parapiptadenia rígida) 05 araticum (Rollinia sp.) 15 caliandra (Calliandra tweedii) 10 camboatá-vermelho (Cupania vernalis) 05 canela-do-brejo (Machaerium glabrum) 05 canjerana (Cabralea canjerana) 16 carobas (Jacaranda micrantha), 13 cedro (Cedrela fissilis) 16 louro (Cordia trichotoma) 14 guamirim 17 ingá (Inga semialata) 19 jerivá (Syagrus romanzoffiana) 30 murta (Blepharocalyx salicifolius) 15 palmito (Euterpe edulis) 20 No período houve continuidade das atividades rotineiras do viveiro da Ceran, em Nova Roma do Sul.. 5.1.1. Atividades do Viveiro de Nova Roma do Sul Nos meses de janeiro e março não foram realizadas semeaduras. Já no mês de fevereiro foram semeadas as seguintes espécies: - angico-vermelho (Parapiptadenia rígida), - ariticum (Rollinia sp.), - canjerana (Cabralea canjerana), - capororoca (Myrsine umbelata), - chal-chal (Allophyllus edulis), CR/C/RM/030/037/2007 198 - corticeira-da-serra (Erythrina falcata), - figueira (Fícus sp.), - guajuvira - pitangueira (Eugenia uniflora), - tarumã (Vitex megapotamica). Foi realizada a repicagem de 9.129 mudas, sendo: - 2648 araçás-vermelhos (Psidium cattleyanum), - 40 araticuns (Rollinia sp.), - 30 camboatá-vermelho (Cupania vernalis), - 1.828 carobas (Jacaranda micrantha), - 808 catiguás-morcego (Trichlia claussenii), - 62 cedros (Cedrela fissilis) , - 361 figueiras (Ficus sp), - 213 guabiju (Myrcianthes pungens), - 450 guavirova - 470 ingás (Inga semialata), - 1.280 ipês-brancos (Tabebuia alba) , - 420 murta (Blepharocalyx salicifolius), - 117 sete-capotes (Campomanesia guazumifolia), - 324 tarumã - 40 tarumãs-espinho (Citharexylum montevidense). Também foi realizado o enchimento de 4.200 saquinhos de terra para a repicagem. 5.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre No próximo trimestre será dada continuidade para a produção de mudas no viveiro em Nova Roma do Sul. Também será elaborado o Projeto de Reflorestamento das APPs das UHEs Castro Alves e 14 de Julho. 5.3. Conclusões O Programa de Reflorestamento é realizado em cumprimento as exigências de reposição florestal e segue o cronograma de obras das usinas do Complexo. CR/C/RM/030/037/2007 199 6. PROGRAMA DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIOS 6.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos Durante o primeiro trimestre de 2007 foi realizado o planejamento do desmatamento do reservatório da UHE Castro Alves, com início previsto para o mês de maio. Como não há benfeitorias na área de alague da UHE Castro Alves, não será necessária a realização de desinfecção nas glebas a serem inundadas. 6.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre Além do início do desmatamento da UHE Castro Alves, no próximo trimestre será apresentado a Fepam o relatório da simulação da qualidade da água para os cenários de desmatamento do reservatório da UHE 14 de Julho. 6.3. Conclusões As atividades do Programa de Limpeza dos Reservatórios estão sendo realizadas de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental. CR/C/RM/030/037/2007 200