Cerdocyon thous (Graxaim do mato)
MEIO BIÓTICO
III. MEIO BIÓTICO
1. PROGRAMA DE MONITORAMENTO E RESGATE DA ICTIOFAUNA
1.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
Neste trimestre foram realizadas as atividades de resgate durante o desvio do rio, na UHE
14 de Julho; e durante a parada de revisão contratual da unidade geradora 01 da UHE
Monte Claro, nas estruturas da casa de força e, quando necessário, na alça de vazão
reduzida dessa usina.
1.1.1. Resgate da Ictiofauna Durante o Desvio do Rio – UHE 14 de Julho
Em 26 de janeiro foi iniciado o processo de desvio do rio das Antas, para a construção do
barramento da UHE 14 de Julho. O rio foi desviado para um canal lateral ( canal de desvio)
passando por dentro do vertedouro já parcialmente concluído.
Em decorrência deste desvio, ocorre a formação de um trecho em que a água permanece
acumulada em poças (trecho de resgate). Neste trecho a ictiofauna fica retida e o resgate
dos indivíduos deve ser realizado o mais rápido possível, a fim de evitar a mortandade em
função da depleção do oxigênio dissolvido na água e aumento excessivo da temperatura.
A seguir são descritos os métodos e as atividades realizadas no trecho de resgate, desde a
abertura do canal do desvio.
1.1.1.1. Materiais e métodos
A metodologia utilizada para o resgate da ictiofauna no desvio do rio é descrita nos itens a
seguir.
Trecho de Resgate
O trecho do rio das Antas onde foi realizado o resgate da ictiofauna era caracterizado por
uma zona de rápidas, com substrato formado por lajes e matacões. A profundidade média do
trecho não ultrapassava de dois metros. Por essas características, somado à declividade do
terreno, o trecho também apresentava forte velocidade da corrente. Na figura 1 é
apresentado um croqui do trecho de resgate.
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Figura 1. Croqui do trecho do rio das Antas em que foi realizado o
desvio do rio e resgate da ictiofauna. Onde: 1) ensecadeira de
montante; 2) trecho onde foi realizado o resgate; e 3) canal de desvio.
Aparelhos de Pesca e Materiais Utilizados
Para a realização do resgate foram utilizadas as seguintes artes de pesca:
−
puçás;
−
redes de arrasto, em diferentes dimensões;
−
tarrafas, de diferentes malhagens.
As tarrafas foram operadas nas poças restantes, enquanto os puçás desempenharam papel
auxiliar na coleta dos peixes em geral. Devido às características do leito do rio, as redes de
arrasto foram operadas basicamente para evitar a migração dos peixes entre as poças
formadas.
Os peixes salvos foram dispostos em baldes com água, e a soltura foi realizada em trechos
livres do rio das Antas, tanto à montante quanto à jusante do trecho.
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1.1.1.2. Resultados e Discussão
Em 26 de janeiro o rio das Antas já se apresentava parcialmente seccionado por uma
ensecadeira a montante da entrada do canal de desvio (ver figura 2). O canal de desvio
também estava fechado a montante por uma ensecadeira.
Figura 2. Rio das Antas antes de ser desviado, já apresentando a ensecadeira de
enrocamento de montante do canal do rio parcialmente construída.
A partir das 11 horas do dia 26 foi aberta a ensecadeira de montante do canal de desvio
(figura 3), e a água passou a encher o canal de desvio (figura 4). Como não houve redução
drástica da vazão no canal do rio das Antas, haja vista que a infiltração pela ensecadeira de
montante garantia a manutenção do nível da água no trecho de resgate, não foi verificada a
formação de poças que possibilitasse a execução de resgate.
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Figura 3. Abertura da ensecadeira a montante do canal de desvio.
Figura 4. Enchimento do canal de desvio.
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No dia 27 de janeiro parte do rio já passava pelo canal de desvio (figura 5), havendo uma
redução gradual do nível na calha do rio a jusante da ensecadeira. As margens do rio foram
vistoriadas e não foi verificada a formação de poças.
Figura 5. Fechamento completo do enrocamento na ensecadeira de montante, e
passagem de parte do rio pelo canal de desvio.
Durante a manhã do dia 28 de janeiro a ensecadeira de montante foi selada com argila,
reduzindo o a vazão do rio pela calha (figura 6). Entretanto não houve a formação de
grandes poças, sendo realizado a busca e resgate dos peixes entre as pedras da margem.
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Figura 6. Selamento da ensecadeira de montante, com redução da vazão a jusante.
Entretanto não houve formação de grandes poças.
No final do dia 29, com a finalização das ensecadeiras de montante e jusante, foi iniciado o
bombeamento da água. Como o resgate da ictiofauna não pode ser realizado no período
noturno, devido a problemas de visibilidade, acompanhou-se o bombeamento até as 0:30 h
do dia 30, quando o biólogo responsável verificou que o nível havia atingido a cota limite
para a não ocorrência de mortalidade de peixes. As 6:00 do mesmo dia, o trabalho da equipe
de resgate teve início, permanecendo até o anoitecer. As figuras 7 a 13 ilustram as
atividades realizadas neste dia.
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Figura 7. Atividade de resgate após o bombeamento parcial da água.
Figura 8. Tarrafa lançada no trecho de resgate.
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Figura 9. Rede de arrasto operada na entrada de jusante da área de resgate.
Figura 10. Tarrafa lançada na área de resgate.
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Figura 11. Indivíduo de Eigenmannia virescens (Sternopygidae) resgatado, também
conhecido popularmente por tuvira ou peixe-espada.
Figura 12. As espécies de cascudo foram as mais abundantes durante o resgate.
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Figura 13. Soltura dos peixes resgatados no trecho à jusante.
Nos dias 30, 31 de janeiro e 1º de fevereiro, bombas menores foram instaladas nas poças
restantes. Em cada poça o bombeamento iniciava quando a equipe de resgate estava
presente e o resgate era realizado junto à redução do nível da coluna d’água. Assim obtevese uma grande redução do número de peixes mortos. As fotos nas figuras 14 a 16 ilustram a
atividade.
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Figura 14. Resgate sendo realizado junto à drenagem das poças. Detalhe para a
bomba instalada na porção mais baixa do terreno.
Figura 15. Resgate sendo realizado junto à drenagem das poças. Em primeiro plano a
retirada dos peixes das tarrafas.
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Figura 16. Equipe de resgate nas entre as pedras. Local de grande ocorrência de
cascudos.
As espécies mais abundantes, registradas durante o resgate, encontram-se listadas na
tabela 1. O resgate não contemplou coleta e fixação de material para posterior identificação
ao laboratório, e, dessa maneira, muitos indivíduos não puderam ser identificados em nível
específico.
Tabela 1. Lista de espécies mais abundantes registradas durante o resgate.
Nome popular
Pintado
Família
Espécie
Pimelodidae
Pimelodus maculatus
Pimelodidae
Pimelodus nigribarbis
Heptapteridae
Rhamdella ariarcha
Jundiá
Heptapteridae
Rhamdia quelen
Muçum
Synbranchidae
Synbranchus marmoratus
Tuvira
Sternopygidae
Eigenmannia virescens
Mandi
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Nome popular
Violas
Família
Loricariidae; subfamília Loricariinae
Espécie
diversas espécies
Aspredinidae
Cascudos
Callichthyidae
diversas espécies
Loricariidae
Lambari
Characidae
diversas espécies
Cichlidae
diversas espécies
Tambicu
Cará
1.1.1.3. Considerações Finais
Devido às características morfológicas do leito do rio das Antas, no trecho de desvio, foi
registrada a ocorrência principalmente de espécies associadas ao substrato, como os
cascudos, jundiás, violas e muçuns. Também foram resgatados três indivíduos de quelônios.
Ao final estima-se que tenham sido salvos aproximadamente 8.400 indivíduos. Esse cálculo
constitui uma estimativa, haja vista que, em alguns momentos, não houve tempo para
realizar a contagem dos peixes sob pena de haver morte de indivíduos. Desses 8.400
indivíduos, apenas cerca de 200 estavam mortos, o que evidencia o sucesso do resgate
durante o desvio do rio.
1.1.2. Resgate de peixes nas dependências da casa de força da UHE Monte Claro
durante a parada de revisão contratual de 8.000 horas da unidade geradora 01
Sempre que ocorrer parada de turbina com esgotamento total da máquina, é imprescindível
efetuar o resgate de ictiofauna em três locais, a saber: na caixa espiral e túnel de sucção da
unidade geradora, e no poço de esgotamento da usina. Durante a parada, foi efetuado o
esgate de ictiofauna nas dependências da Casa de Força. No dia 30 de janeiro foi realizado
o resgate de peixes na caixa espiral da UG01 da UHE Monte Claro (Figura 17), por ocasião
da parada de revisão contratual das 8.000 horas. Para que seja evitada a mortandade de
peixes, é realizado o resgate através da utilização de artes de pesca, e sua devolução ao
ambiente natural (leito do rio) o mais rápido possível. Foram resgatados aproximadamente 8
kg de peixes, sendo 02 lambaris, 02 cascudos e em torno de 50 mandis.
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Figura 17 .Vistoria na caixa espiral.
Em fevereiro, foram realizados resgates nos dias 3, 4 e 5, salvando-se em torno de 180 Kg
de peixes no tubo de sucção (Figura 18), e no dia 10, onde foram resgatados ao redor de 15
Kg de peixes no poço de esgotamento (Figura 19). A ordem decrescente de abundância das
espécies resgatadas foi: pintado (97%), cascudo (2%), lambari, jundiá e peixe-espada (1%).
Os peixes encontrados mortos foram enterrados.
Figura 18. Arrastão no túnel de sucção.
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Figura 19. Resgate no poço de esgotamento.
No dia 20 de março, foi realizado novamente o resgate na caixa espiral da unidade geradora
1. Na ocasião, houve drenagem da caixa para implementação de uma manutenção de
emergência. Foi resgatado um pintado vivo, não se constatando a presença de peixes
mortos.
1.1.3. Resgate de peixes na alça de vazão reduzida da UHE Monte Claro
Foram realizadas duas campanhas de resgate de peixes na alça de vazão da UHE Monte
Claro. A primeira foi realizada no dia 28/02/2007 e a segunda em 10/03/2007.
No dia 28 de fevereiro, as atividades foram executadas com uma vazão de 18,90 m 3/s.
Percorreu-se com bote o trecho de 9 km da alça de vazão reduzida, efetuando-se as devidas
paradas e vistorias nos locais passíveis de haver aprisionamento de peixes. Foram
resgatados e devolvidos ao rio em torno de 110 peixes, totalizando um peso aproximado de
5 Kg. A ordem decrescente de abundância das espécies resgatadas foi: birus (+/- 60),
lambaris (+/- 40), cascudos (08) e grumatãs (02). Durante a operação, foram encontrados 26
peixes mortos, predominantemente lambaris, os quais foram enterrados na margem do rio.
Os peixes vivos encontrados estavam em duas poças situadas a aproximadamente 250 m a
jusante do barramento.
A seguir, são apresentadas algumas figuras que identificam estas atividades.
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Figura 20. Inspeção das poças d'água formadas pela diminuição da vazão.
Figura 21. Salvamento de peixes com uso de tarrafa.
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Figura 22. Exemplares encontrados mortos sendo enterrados às margens do rio.
No dia 10 de março foi realizado novo resgate da ictiofauna na alça de vazão reduzida,
sendo as atividades executadas também com uma vazão de 18,90 m3/s. Foram resgatados
vivos e devolvidos ao rio 13 mandis, 8 cascudos e aproximadamente 30 lambaris. Durante a
operação, foram encontrados em torno de 30 peixes mortos, predominantemente lambaris e
mandis. Os peixes mortos foram enterrados na margem do rio. Os peixes vivos retidos foram
encontrados nas imediações da foz do rio Burati. No dia 22 do mesmo mês realizou-se
novamente o resgate de peixes na alça de vazão reduzida. Foram resgatados vivos e
devolvidos ao rio 12 lambaris e 03 cascudos, não sendo encontrados peixes mortos.
1.2. Atividades previstas para o próximo trimestre
Estão previstas para os meses de abril a junho as seguintes atividades:
− elaboração e fechamento do Plano de Trabalho de monitoramento a ser
executado para as UHEs Castro Alves, 14 de Julho e Monte Claro;
− as atividades de resgate de ictiofauna na alça de vazão reduzida das UHE Monte
Claro, quando do rebaixamento da vazão vertida.
1.3. Conclusões
As atividades do Programa de Monitoramento da Ictiofauna estão sendo realizadas de
acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental.
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157
2. PROGRAMA DE SALVAMENTO, RESGATE E MONITORAMENTO DA
FAUNA
Este Programa é executado pela Biolaw Consultoria Ambiental, sob a coordenação do
biólogo MsC Adriano Cunha, com acompanhamento da Ceran e da ABG Engenharia e
Meio Ambiente.
2.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos
No primeiro trimestre de 2007 foi encaminhado ao IBAMA o Projeto de Resgate de Fauna
para o desmatamento do reservatório da UHE Castro Alves.
À Ceran foi entregue o relatório final referente à campanha de monitoramento pósenchimento da UHE Monte Claro, coordenada pelo Biólogo Msc. Adriano Cunha.
2.1.1. Monitoramento da Fauna Terrestre no Período Pós-Enchimento da UHE
Monte Claro
Neste trimestre foi realizada a campanha de monitoramento de fauna no período pósenchimento da UHE Monte Claro. Após a realização da campanha foi dado início à
compilação de dados de campo e elaboração de relatório, o qual foi entregue no mês de
março.
A seguir são apresentados os resultados da referida campanha de monitoramento.
2.1.1.1. Materiais e Métodos
O monitoramento da fauna terrestre ocorrente no entorno do reservatório foi realizado entre
os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007. As amostragens foram concentradas nas
margens do reservatório e na área de preservação permanente, principalmente nas
cercanias das coordenadas UTM 22J 456396 / 6788576 (P1), 451306 / 6788604 (P43),
453919 / 6790001 (P44), 456414 / 6787732 (P46) e 449916 / 6789222 (P47).
A figura 1, a seguir, apresenta a distribuição e a localização dos pontos de amostragem.
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158
Figura 1 - Pontos de amostragem (a hachura azul indica a área do reservatório).
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159
As coordenadas geográficas dos pontos de amostragem foram obtidas pela utilização de
aparelhos GPS (Global Positioning System) modelo Garmin V. Todos os pontos
apresentados neste relatório encontram-se no sistema de coordenadas UTM (Universal
Transverse Mercator) zona 22J, datum Córrego Alegre.
Durante o período de amostragens as temperaturas médias na região variaram entre 20ºC
e 24ºC (fonte: INMET) e durante um dos dias houve chuva.
Para cada grupo de fauna avaliado (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) foram utilizadas
metodologias específicas e esforço amostral condizente com as necessidades. Para uma
melhor amostragem dos ambientes ribeirinhos, foram efetuados deslocamentos
embarcados ao longo do reservatório durante todos os dias de estudo. A seguir, são
detalhados os métodos utilizados para cada grupo faunístico.
Anfíbios
O monitoramento da fauna de anfíbios foi realizado com base em duas metodologias
amplamente utilizadas, descritas em HEYER et al. (1994). De acordo com o método de
censo por encontros visuais (visual encounter survey), realiza-se uma busca ativa por
indivíduos em fase larval ou adulta, durante um determinado período de tempo, em todos
os microambientes potencialmente ocupados por esses animais. Tal metodologia foi
aplicada durante o dia e à noite em trilhas que cortam as matas, em arroios que deságuam
no reservatório, ao longo da linha férrea que acompanha o mesmo e em locais próximos às
suas margens. As áreas foram percorridas aleatoriamente e a busca consistiu em revirar
troncos, pedras e outros objetos que pudessem ser utilizados pelos anfíbios como abrigo;
em visitar corpos d’água na procura por adultos ou girinos; em vasculhar a serrapilheira
acumulada no interior das matas e em procurar indivíduos no interior de bromélias e
gravatás.
De acordo com a outra metodologia, denominada de método das transecções auditivas
(audio strip transect), um trecho pré-definido da área estudada é percorrido e são
registradas as espécies em atividade de vocalização. Como a maioria das espécies de
anuros tem sua atividade de vocalização concentrada nas primeiras horas da noite, esse foi
o período utilizado em tal metodologia. As margens do reservatório, alguns arroios e poças
d’água foram amostrados e as espécies encontradas foram registradas.
A nomenclatura e a classificação das espécies foram baseadas em FROST et al. (2006),
FROST (2006) e FAIVOVICH et al. (2005).
Répteis
A metodologia utilizada para o monitoramento da fauna de répteis consistiu na busca visual
ativa ao longo das margens do reservatório e das áreas de preservação permanente.
Durante as amostragens, prováveis abrigos – pedras, troncos caídos, fendas de rochas,
entulhos – foram verificados em busca de animais entocados. Foram realizadas
transecções aleatórias, principalmente no ambiente terrestre, tendo sido mais freqüentes
nas regiões de mata ciliar. O ambiente aquático foi amostrado através de observações com
a utilização de binóculo (Olympus 8X42) realizadas da margem e através de buscas
embarcadas. Adicionalmente, alguns moradores e trabalhadores da região foram
questionados quanto à presença de répteis no local. Além disso, com o fim de encontrar
possíveis répteis atropelados, foram verificadas as estradas durante os deslocamentos até
a área. A bibliografia consultada para auxiliar na identificação dos animais foi LEMA (2002)
e MARQUES et al. (2001).
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160
Aves
A área de estudo foi amostrada qualitativa e quantitativamente. As amostragens
quantitativas consistiram de pontos de contagem e de transectos a pé ou embarcados.
Durante esta campanha repetiram-se os pontos realizados na campanha de monitoramento
realizada durante o inverno de 2006 (BIOLAW, 2006).
Cada ponto de contagem consiste em um ponto fixo no centro de um círculo imaginário
com raio de 25 m, com uma distância mínima entre um ponto e outro de 200 m. Em cada
ponto, todos os indivíduos visualizados e/ou ouvidos dentro deste círculo durante um
período de 10 min foram identificados e contabilizados (HUTTO et al., 1986; BIBBY et al.,
2000). As contagens foram conduzidas pela manhã, sendo iniciadas aproximadamente 15
minutos após o nascer do sol. A abundância de cada espécie foi calculada através do
Índice Pontual de Abundância (IPA), que é igual ao número de contatos obtidos dividido
pelo número de pontos de contagem (ALEIXO & VIELLIARD, 1995). A tabela 1 apresenta
os pontos de escuta amostrados.
Para a amostragem de aves noturnas e rapinantes foram realizados quatro transectos
percorridos a pé (tabela 2). Cada transecto noturno teve duração de 2 horas, resultando em
um esforço amostral de 4 horas, tendo inicio aproximadamente uma hora após o poente.
A amostragem de rapinantes correspondeu a dois transectos com 1,5 horas de duração
cada, percorridos no final da manhã, período no qual a presença de correntes térmicas
ascendentes torna as espécies planadoras mais conspícuas.
Uma vez que há um forte interesse em avaliar o impacto da formação do reservatório sobre
as espécies de hábitos ribeirinhos, foram realizadas contagens embarcadas junto às
margens do lago. Foi realizada uma contagem embarcada totalizando uma hora de esforço
amostral durante a qual foram registrados todos os indivíduos que utilizavam as margens
e/ou o espelho d’água do lago.
Tabela 1. Pontos de escuta de aves na área de influência do reservatório da UHE Monte
Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de
janeiro e 2 de fevereiro de 2007.
Ponto de Escuta
Coordenadas UTM 22 J
P2
450135 / 6789290
P3
450329 / 6789249
P4
450590 / 6789196
P5
450779 / 6789109
P6
450925 / 6789053
P7
451139 / 6788951
P8
451327 / 6788855
P9
451545 / 6788745
P10
451831 / 6788595
P11
452048 / 6788494
P12
452273 / 6788444
P13
452535 / 6788438
P14
452773 / 6788519
P15
452971 / 6788704
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Ponto de Escuta
Coordenadas UTM 22 J
P16
453126 / 6788919
P17
453241 / 6789146
P18
453367 / 6789376
P19
453417 / 6789633
P20
453392 / 6789896
P21
453239 / 6790139
P22
453197 / 6790390
P23
453232 / 6790638
P24
453386 / 6790914
P25
453559 / 6791062
P26
456169 / 6787934
P27
456299 / 6787766
P28
456398 / 6787611
P29
456433 / 6787449
P30
456500 / 6787245
P31
456602 / 6787058
P32
456696 / 6786863
P33
456725 / 6786653
P34
456780 / 6786415
Tabela 2. Pontos iniciais e finais dos transectos realizados para amostragem de aves de
rapina diurnas (rapinantes) e de aves noturnas na área de influência do reservatório da UHE
Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de
janeiro e 2 de fevereiro de 2007.
Transecto
Ponto Inicial Coordenadas UTM 22J Ponto Final
Coordenadas UTM 22J
Noturno 1
P35
456169 / 6787934
P36
456780 / 6786415
Noturno 2
P37
450135 / 6789290
P38
451831 / 6788595
Rapinantes 1
P39
453559 / 6791062
P40
451545 / 6788745
Rapinantes 2
P41
456780 / 6786415
P42
456169 / 6787934
Para as espécies registradas nos transectos e nas contagens embarcadas foi calculada a
abundância relativa (AR = número de contatos/esforço amostral em horas). Registros
ocasionais (ad libitum) foram realizados durante todo o período do levantamento (26 horas
de esforço amostral).
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As comparações estatísticas entre os IPA das diferentes campanhas foram realizadas
utilizando-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney, considerando-se α = 0,05 como
nível de significância (ZAR, 1999). O teste foi realizado com auxílio do software Biostat 2.0
(AYRES & AYRES, 2000). Para evitar a influência da sazonalidade, foram desconsideradas
as espécies migratórias nas análises estatísticas.
A taxonomia e os nomes vulgares das aves listadas seguiram o COMITÊ BRASILEIRO DE
REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2005), e espécies ameaçadas de extinção foram
consideradas nos níveis regional (MARQUES et al., 2002), nacional (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2003) e global (IUCN, 2006).
Mamíferos
Para o monitoramento da fauna de mamíferos não-voadores priorizou-se a amostragem por
pontos (tabela 3). No entanto, o uso de outros locais por esses animais não foi desprezado
e também foi monitorado.
Como os mamíferos apresentam uma variação muito grande de tamanho corporal, hábitos
de vida e preferências de hábitat, mostrou-se necessária a utilização de metodologias
específicas para diferentes grupos de espécies (VOSS & EMMONS, 1996). Dessa forma,
foram escolhidos três métodos para a obtenção de registros:
-
-
-
armadilhamento com gaiolas de arame galvanizado modelo Tomahawk
(dimensões 30x18x18cm e 22x9x9cm, figura 2) e caixas de metal modelo
Sherman (dimensões 30x8x8cm e 22x8x8cm) para captura de pequenos
mamíferos não-voadores (roedores e marsupiais), com um esforço total de 407
armadilhas-24h. Desconsiderando-se as armadilhas desarmadas por
intempéries ou por outros animais, o esforço efetivo foi de 396 armadilhas-24h,
sendo 197 no ponto P43 (de um total de 203) e 199 no ponto P44 (de um total
de 204). As armadilhas eram revisadas uma vez ao dia;
armadilhamento com câmaras fotográficas com sensor de movimento para
registros de mamíferos de médio e grande porte, com um esforço total de oito
armadilhas-24h, sendo uma no ponto P43, quatro no ponto P44 e três no ponto
P45. As câmaras eram revisadas uma vez ao dia;
observações diretas e de vestígios através de transecções não-lineares diurnas
e noturnas, totalizando um esforço de cerca de 23 horas de observações, sendo
seis horas no ponto P43, seis horas no ponto P44, uma hora no ponto P45 e dez
horas distribuídas por outros locais.
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163
Tabela 3. Pontos de amostragem de mamíferos na área de influência do reservatório da
UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias
29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007 (E = margem esquerda, D = margem direita, G = gaiola,
AF = armadilha fotográfica, T = transecção).
Ponto de amostragem
Margem
Coordenadas UTM 22 J
Método utilizado
P43
E
451306 / 6788604
G, AF, T
P44
E
453919 / 6790001
G, AF, T
P45
D
453491 / 6789916
AF, T
Figura 2. Armadilha do tipo gaiola para captura de pequenos mamíferos nãovoadores.
2.1.1.2. Resultados e Discussão
Anfíbios
Ao longo das amostragens foram registradas sete espécies de anfíbios anuros,
pertencentes a cinco famílias (tabela 4): Chaunus ictericus, da família Bufonidae;
Hypsiboas faber, da família Hylidae; Physalaemus lisei e Physalaemus cuvieri, da família
Leiuperidae; Leptodactylus gracilis e Leptodactylus plaumanni, da família Leptodactylidae e
Lithobates catesbeianus, da família Ranidae.
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Em recente trabalho de revisão taxonômica do grupo de anfíbios, FROST et al. (2006)
alteraram a alocação genérica de diversas espécies ocorrentes no Brasil. Dentre as
alterações propostas, encontra-se a alocação de espécies do gênero Bufo no gênero
Chaunus e de espécies do gênero Rana no gênero Lithobates. Dessa forma, foram
alterados os nomes científicos de algumas espécies de anfíbios bastante conhecidas no
Rio Grande do Sul, como o sapo-cururu (Bufo ictericus = Chaunus ictericus) e a rã-touro
(Rana catesbeiana = Lithobates catesbeianus).
O sapo-cururu (Chaunus ictericus) apresenta ampla distribuição geográfica no Rio Grande
do Sul e é um dos anfíbios mais conhecidos por leigos. Adapta-se com facilidade a
ambientes alterados e pode ser comumente encontrado próximo a habitações humanas. Na
presente amostragem, diversos indivíduos foram encontrados escondidos embaixo de
pedras ou deslocando-se no interior das matas durante a noite.
O sapo-ferreiro (Hypsiboas faber), apesar de popularmente ser chamado de sapo, é uma
perereca de grande porte e que se encontra amplamente distribuída no sul e sudeste
brasileiros e em algumas regiões da Argentina e do Paraguai (KWET & DI- BERNARDO,
1999). Normalmente vive sobre árvores, mas durante a atividade reprodutiva é encontrado
em coleções de água parada, onde os machos constroem “ninhos” em locais próximos às
margens. Durante as amostragens, dois machos de sapo-ferreiro foram registrados
vocalizando em uma área alagada formada na margem do reservatório, em local próximo
às coordenadas 456414 / 6787732 (ponto P46). Além disso, um indivíduo (figura 3) foi
encontrado durante a noite em um córrego que deságua no reservatório.
Três machos da rã-cachorro (Physalaemus cuvieri) foram registrados vocalizando durante
uma noite, no mesmo local em que vocalizavam os machos de sapo-ferreiro (P46). A rãmosquito (Physalaemus lisei), por sua vez, foi registrada em diversas poças formadas em
antigas estradas que cortam as matas e ao longo do paredão rochoso que acompanha os
trilhos da ferrovia. Foram encontrados cinco machos vocalizando, muitas desovas e girinos.
Essa espécie tem distribuição geográfica restrita ao sul do Brasil (Rio Grande do Sul e
Santa Catarina), onde habita áreas florestadas úmidas. Freqüentemente é encontrada em
florestas secundárias ou zonas de transição entre florestas e áreas abertas (KWET & DIBERNARDO, 1999).
Figura 3. Indivíduo de sapo-ferreiro (Hypsiboas faber) encontrado na área de
influência da UHE Monte Claro.
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165
Um interessante registro realizado durante a presente campanha foi o encontro, no mesmo
local (coordenadas 449916 / 6789222, ponto P47), de duas espécies crípticas pertencentes
à família Leptodactylidae: a rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) e a rã-do-banhado
(Leptodactylus plaumanni). Espécies crípticas são morfologicamente indistinguíveis e, no
caso dessas duas rãs, o único caractere seguro de diferenciação em campo é o canto dos
machos, bastante diferente entre as duas espécies.
A rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) distribui-se pelo Uruguai, Paraguai, Bolívia, norte da
Argentina e região subtropical do Brasil, podendo ser encontrada em zonas alagadiças e
em pastiçais úmidos com vegetação (LOEBMANN, 2005). Os machos vocalizam
escondidos em covas subterrâneas que escavam no solo, mesmo local onde é realizada a
desova. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, a rã-saltadora pode ser encontrada em
locais com intenso impacto urbano.
A rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni), por sua vez, pode ser encontrada no nordeste
da Argentina e no sul do Brasil, nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Neste, está restrita às regiões do Alto Uruguai, Campos de Cima da Serra e Encosta
Inferior do Nordeste (DEIQUES, 2007), podendo ser encontrada tanto em áreas abertas
quanto florestadas. Da mesma forma que a rã-saltadora, os machos dessa espécie
vocalizam escondidos em câmaras reprodutivas construídas em locais úmidos.
Machos de ambas as espécies foram registrados em atividade de vocalização no início da
noite, após chuva fraca, em um local bastante alterado (área de reflorestamento), próximo
ao barramento (P47). Aproximadamente dez machos da rã-do-banhado (Leptodactylus
plaumanni) vocalizavam em um local pouco úmido com vegetação baixa e algumas pedras
espalhadas. A cerca de 30 metros, em local mais úmido e com vegetação mais alta, cerca
de sete machos da rã-saltadora (Leptodactylus gracilis) foram registrados enquanto
vocalizavam.
Adicionalmente ao registro das duas espécies ocorrendo no mesmo local, cerca de cinco
machos da rã-do-banhado (Leptodactylus plaumanni) foram encontrados vocalizando em
áreas úmidas formadas ao longo do paredão rochoso que acompanha a ferrovia.
Das espécies registradas neste monitoramento merece especial atenção a rã-touro
(Lithobates catesbeianus [=Rana catesbeiana]), uma espécie exótica, originária dos
Estados Unidos, e com potencial invasor agressivo. Devido ao sabor de sua carne,
apreciada como iguaria, durante muito tempo foi introduzida (acidental ou
propositadamente) em diversas regiões do mundo. No Rio Grande do Sul, foi introduzida
em 1935 de forma voluntária, com o objetivo de consolidar a ranicultura no Brasil, a partir
da importação de 300 casais da espécie. Trata-se de um anfíbio de grande porte,
generalista em sua dieta, com grande capacidade reprodutiva e comportamento agressivo.
Quando solta no ambiente, a rã-touro apresenta alta capacidade adaptativa. Em função da
sua atividade predatória, essa espécie costuma causar um grande dano nas áreas em que
invade. Além da competição direta com anfíbios nativos, indivíduos adultos são
responsáveis por níveis significantes de predação de espécies nativas de anuros e répteis.
Os girinos, por sua vez, podem causar impactos sobre algas bentônicas, prejudicando a
estrutura das comunidades aquáticas (INSTITUTO HÓRUS & THE NATURE
CONSERVANCY, 2005).
Por causa da sua capacidade de sobrepujar espécies nativas, as espécies invasoras vêm
sendo consideradas uma das maiores ameaças à biodiversidade no mundo, ficando atrás
apenas da destruição e descaracterização do hábitat. Para se ter uma idéia, no Rio Grande
do Sul, cerca de 9% das espécies de fauna ameaçadas são afetadas pela introdução de
espécies exóticas (FONTANA et al., 2003).
A rã-touro apresenta preferência por corpos d’água lênticos, sendo que o reservatório,
associado a porções de água parada de alguns arroios da região, constituem-se em
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ambientes potenciais para sua ocupação. Na atual campanha, um indivíduo adulto foi
encontrado em um arroio que deságua no reservatório (ponto P45) e um macho foi
registrado vocalizando no lago, em local próximo à ponte férrea.
Tabela 4 - Espécies de anfíbios anuros registradas na área de influência do reservatório da
UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias
29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007 (RA=registro auditivo, RV=registro visual).
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
Tipo de registro
sapo-cururu
RV
sapo-ferreiro
RA, RV
Physalaemus cuvieri
rã-cachorro
RA
Physalaemus lisei
rã-mosquito
RA, RV
Leptodactylus gracilis
rã-saltadora
RA
Leptodactylus plaumanni
rã-do-banhado
RA, RV
rã-touro
RA, RV
BUFONIDAE
Chaunus ictericus
HYLIDAE
Hypsiboas faber
LEIUPERIDAE
LEPTODACTYLIDAE
RANIDAE
Lithobates catesbeianus
Répteis
Durante as amostragens foram registradas três espécies de répteis (tabela 5): o lagarto-dopapo-amarelo (Tupinambis merianae), a serpente muçurana-parda (Clelia rustica) e a
jararaca (Bothrops jararaca).
Segundo CABRERA (1998), cinco espécies de quelônios são de possível ocorrência na
região, sendo todos pertencentes à subordem Pleurodira: o cágado-de-barbelas (Phrynops
hilarii), os cágados-de-ferradura (Phrynops geoffroanus e Phrynops williamsi), o cágadopreto (Acanthochelys spixii) e o cágado-de-pescoço-comprido (Hydromedusa tectifera).
A única espécie da subordem Sauria registrada foi o lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis
merianae), pertencente à família Teiidae. Esse lagarto é generalista quanto ao tipo de
ambiente que habita, ocorrendo em formações abertas, formações de transição e
formações florestais (PÉRES & COLLI, 2003). Indivíduos dessa espécie podem atingir
quase dois metros de comprimento e defendem-se quando acuados, enfrentando com
mordidas e chibatadas com a cauda. Por vezes, assumem postura bipedal para
enfrentamento, abrindo a boca e inflando o pescoço (LEMA, 1994). São onívoros,
apresentando uma dieta variada que inclui invertebrados, vertebrados, ovos e diversos
tipos de frutos (PRESCH, 1973; SAZIMA & HADDAD, 1992). CASTRO & GALETTI (2004)
atentam para importância desse lagarto nos ecossistemas tropicais e temperados quanto
ao seu mutualismo com espécies botânicas, atuando como um eficiente dispersor de
sementes.
As boas condições climáticas facilitaram a observação direta de diversos indivíduos do
lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae, figura 4), que foram encontrados diversas
vezes durante o período de amostragem nas estradas de acesso, nas margens do rio e no
interior das áreas florestais.
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167
Também foi encontrada uma mandíbula do lagarto-do-papo-amarelo na ferrovia que
acompanha o reservatório. A abundância na quantidade de registros dessa espécie pode
indicar que ela não tenha sido prejudicada pela formação do reservatório. No entanto, por
ser uma espécie relativamente comum e com ampla distribuição, já era esperado que os
impactos sobre ela não seriam significativos. Além disso, há relatos de que esse lagarto é
um bom nadador (ACHAVAL & LANGUTH, 1972), sendo possível que muitos indivíduos
consigam atravessar o lago. Dessa forma, a presença do reservatório não necessariamente
representa uma barreira geográfica a essa espécie.
Figura 4. Indivíduo de lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae)
assoalhando em cima de rocha na margem do rio das Antas.
As duas serpentes registradas foram encontradas atropeladas em vias de acesso à área,
ambas durante o período noturno. A jararaca (Bothrops jararaca) foi encontrada em local
fora da área de influência direta da usina (coordenadas 457504 / 6789600, P48).
Entretanto, considerando-se a proximidade do ponto de registro, as características do local
em estudo e dos hábitos dessa serpente, é bastante viável supor que ela ocorra na área de
influência do reservatório. A muçurana-parda (Clelia rustica), por sua vez, foi encontrada
atropelada dentro do canteiro de obras da UHE Castro Alves (P1.
A jararaca (Bothrops jararaca) ocorre do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul e é o
viperídeo mais comum das formações florestais das regiões sudeste e sul do Brasil, sendo
a principal causadora de acidentes ofídicos em uma vasta área geográfica (CARDOSO et.
al., 2003). Essa espécie é silvícola, embora ocasionalmente utilize formações abertas para
forragear, inclusive em áreas urbanas e suburbanas (CARDOSO et. al., 2003; LEMA,
2002), e predominantemente terrícola, apesar de também poder ser encontrada sobre a
vegetação (SAZIMA & HADDAD, 1992). Portanto, com relação a outros viperídeos, essa
espécie pode apresentar uma vantagem adaptativa em ambientes antropizados, pois é
mais generalista quanto à escolha do hábitat.
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A outra serpente registrada em campo foi a muçurana-parda (Clelia rustica), um colubrídeo
opistóglifo da subfamília Xenodontinae (LEMA, 2002). Essa muçurana é
predominantemente campícola e se alimenta principalmente de serpentes, lagartos e
roedores, que são subjugados por constrição (PINTO & LEMA, 2002). Sua distribuição
geográfica se estende desde o sul dos estados de Minas Gerais e Rio de janeiro até o
Uruguai e a Argentina (DEIQUES et. al., 2007). A presença dessa serpente no local pode
estar relacionada com os eventos de supressão da vegetação, que ocasiona um aumento
na disponibilidade de áreas abertas, e pode acabar favorecendo espécies campícolas ou
generalistas, em detrimento de outras silvícolas.
Segundo RODRIGUES (2005), a principal ameaça às comunidades de répteis no Brasil é a
destruição do hábitat, sendo que a implantação de aproveitamentos hidrelétricos pode gerar
esse tipo de impacto, devido sobretudo à supressão das áreas inundadas e desmatadas.
Nesses casos, os indivíduos que conseguem escapar nem sempre encontram condições
favoráveis a sua sobrevivência nas áreas remanescentes. Segundo MARINHO-FILHO
(1999), esses locais podem ficar superpovoados com a chegada de animais provenientes
das regiões mais baixas, uma vez que já apresentavam comunidades estabelecidas. Além
disso, outra possibilidade é que as áreas remanescentes apresentem composição florística
muito divergente daquela observada nas regiões alagadas, podendo, as espécies
imigrantes, sofrer exclusão competitiva.
Dessa forma, as modificações na estrutura das comunidades resultantes do impacto
causado pela construção de uma UHE podem alterar diretamente a composição da
herpetofauna no entorno das áreas alagadas. Os impactos resultantes desse tipo de
empreendimentos atuam mais fortemente sobre a fauna aquática de répteis, uma vez que
as maiores alterações ocorrem em seu hábitat, e sobre os répteis silvícolas, que são mais
sensíveis a modificações no microambiente.
Tabela 5. Espécies de répteis registradas na área de influência do reservatório da UHE
Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de
janeiro e 2 de fevereiro de 2007.
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
TEIIDAE
Tupinambis merianae
lagarto-do-papo-amarelo
COLUBRIDAE
Clelia rustica
muçurana-parda
VIPERIDAE
Bothrops jararaca
jararaca
Aves
Durante esta campanha foram registradas ao menos 107 espécies de aves (tabela 6),
sendo que algumas delas, como o pato-do-mato (Cairina moschata), a garça-brancapequena (Egretta thula), a coruja-listrada (Strix hylophila), o besourinho-de-bico-vermelho
(Chlorostilbon lucidus) e o joão-de-barro (Furnarius rufus), são registros novos para a área.
Com esses novos registros, a riqueza da avifauna encontrada na área da UHE Monte
Claro, após o enchimento do reservatório, passa a ser de 138 espécies. A diminuição de
novos registros de espécies ao longo das campanhas de monitoramento sugere que,
embora a assíntota não tenha sido atingida, boa parte da riqueza da região provavelmente
já foi registrada (figura 5).
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Faz-se uma ressalva quanto ao registro do pato-do-mato (Cairina moschata) por serem
indivíduos oriundos de cativeiro (plumagem quase inteiramente branca). Contudo, a
presença dessa espécie exemplifica uma das possíveis conseqüências da alteração de um
ambiente lótico (rio) em lêntico (lago), devido à formação de barramentos: a colonização
por espécies de ambientes lacustres (PANDEY, 1993). Embora sejam indivíduos
domesticados (possivelmente ferais), é possível que outras espécies de anatídeos venham
a colonizar esse ambiente futuramente.
150
145
Riqueza
140
135
130
125
120
115
110
EIA
1ªC
2ªC
3ªC
Campanhas
Figura 5. Curva de acumulação de espécies registradas ao longo das campanhas
realizadas na UHE Monte Claro.
Um total de 59 espécies foi registrado através do método de pontos de contagem, sendo
que a curva de suficiência amostral, a despeito de um pequeno acréscimo de espécies no
final, tendeu a se estabilizar (figura 6). A abundância registrada em pontos de contagem foi
de 10,48 indivíduos/ponto (tabela 6), inferior àquela registrada em BIOLAW (2006a), que foi
de 13,56 indivíduos/ponto.
Número de espécies
70
60
50
40
30
20
10
0
1
4
7
10
13
16
19
22
25
28
31
Pontos de contagem
Figura 6. Curva de acumulação de espécies registradas em pontos de contagem na
UHE Monte Claro durante a campanha realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de
fevereiro de 2007.
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170
Comparando-se as duas campanhas (BIOLAW, 2006a e a atual), não houve variação
estatisticamente significativa (N=73; U=2290,5; p=0,14), porém avaliando-se apenas as seis
espécies mais abundantes (desconsiderando-se a juruviara que é migratória), nota-se que
são três as espécies presentes em ambas as campanhas e que, com exceção do beija-florde-topete (Stephanoxis lalandi) e do pichororé (Synallaxis ruficapilla), os IPA da presente
campanha foram inferiores aos encontrados em BIOLAW (2006a)(figura 7). Algumas
espécies, como os parulídeos (Parula pitiayumi, Basileuterus culicivorus, Basileuterus
leucobhlepahrus) tiveram uma redução considerável no IPA, o que ocorreu de uma maneira
geral na avifauna.
a) 2006
b) 2007
Slal
Bcul
Sruf
Bleu
Ccau
Ppit
Slal
Ppit
Pplu
Bcul
Tsul
0
0,2
0,4
0,6
IPA
0,8
1
1,2
Tcae
0
inv/06
ver/07
0,2
0,4
0,6
IPA
0,8
1
1,2
Figura 7. Índices pontuais de abundancia das seis espécies mais abundantes
(desconsiderando-se espécies migratórias) registradas em pontos de contagem em a)
inverno/2006 (BIOLAW, 2006a) e b) verão/2007 (presente campanha). Bcul = Basileuterus
culicivorus; Bleu = Basileuterus leucoblepharus; Ppit = Parula pitiayumi; Slal = Stephanoxis
lalandi; Pplu = Poecilotriccus plumbeiceps; Tsul = Tolmomyias sulphurescens; Sruf =
Synallaxis ruficapilla; Ccau = Chiroxiphia caudata; Tcae = Thamnophilus caerulescens.
Um dos impactos esperados decorrentes da construção de usinas hidrelétricas é o
deslocamento dos indivíduos para os remanescentes não alagados, resultando em uma
concentração de indivíduos nesses locais (WILLIS & ONIKI, 1988). Embora haja a
necessidade de estudos a médio/longo prazo para poder se chegar a estimativas mais
seguras, a diminuição no IPA registrado durante esta campanha em relação à passada
(BIOLAW, 2006a) sugere uma possível concentração de indivíduos com a formação do lago
e uma posterior redução, tendendo a uma estabilização em valores anteriores a esse
evento. Porém, como ressaltado anteriormente, os dados obtidos até o momento permitem
que sejam feitas apenas especulações sobre os resultados, suas causas e tendências.
Sete espécies foram registradas durante o transecto embarcado, resultando em uma
abundância relativa de 26 indivíduos/hora (tabela 7). Duas das espécies registradas, o
carrapateiro (Milvago chimachima) e o suiriri (Tyrannus melancholicus) não são
dependentes de ambientes ribeirinhos e os registros correspondem a indivíduos
empoleirados em árvores parcialmente submersas. O mesmo ocorre com o bem-te-vi
(Pitangus sulphuratus), embora o mesmo possa ser encontrado pescando próximo à água
(SICK, 1997). Considerando-se apenas as espécies típicas de ambientes aquáticos,
quando comparadas à abundância relativa registrada em BIOLAW (2006a), percebe-se um
aumento considerável de 6,67 indivíduo/hora para 18 indivíduos/hora na atual campanha,
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171
resultante unicamente da abundância relativa da andorinha-serradora (Stelgidopteryx
ruficollis, figura 8), que é uma espécie migratória e gregária (tabela 6).
Figura 8. Andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis) empoleirada em uma árvore
parcialmente submersa pela formação do reservatório da UHE Monte Claro.
Das seis espécies de aves de rapina diurnas registradas durante esta campanha, cinco
foram registradas durante os transectos de contagem (tabela 7). O sovi (Ictinia plumbea) foi
a espécie mais abundante (figura 9). Essa espécie é residente de verão no Estado e é
considerada incomum (BELTON, 1994), embora seja freqüente a observação de grupos
com mais de quatro indivíduos planando sobre matas (obs.pess.). Em relação a BIOLAW
(2006a), na atual campanha ocorreu uma diminuição nas abundâncias relativas dos
rapinantes (de 9,33 indivíduo/hora para 7,67 indivíduo/hora). Flutuações nas abundâncias
de rapinantes, quando censados priorizando-se registro de espécies planadoras, podem ser
resultantes da presença/ausência de condições climáticas para o planeio ou da agregação
de um número maior ou menor de indivíduos, não significando, necessariamente, variações
populacionais. Durante uma das transecções, as condições meteorológicas (céu encoberto
e temperaturas mais amenas) podem ter acabado influenciando na abundância de espécies
registradas.
Segundo o relato de um morador local, há uma espécie de “...gavião grande, branco com a
parte superior escura, meio manchada e que faz um assovio fino...” que ocorre nas porções
mais altas, na região do Município de Nova Roma do Sul. A descrição do porte e da
coloração, bem como da vocalização, sugerem um gavião-pombo-branco (Leucopternis
polionotus). Essa espécie encontra-se ameaçada no Rio Grande do Sul (MARQUES et al.,
2002) e foi registrada recentemente em região próxima, no rio da Prata (BIOLAW, 2003).
Outra espécie com descrição similar é o gavião-de-cauda-branca (Buteo albicaudatus),
porém a vocalização e o comportamento de vôo são menos similares à descrição do
morador. Nenhuma dessas espécies foi registrada anteriormente na UHE Monte Claro e
somente novas campanhas poderão vir a confirmar ou não sua presença na área.
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Figura 9. a) indivíduo adulto de sovi (Ictinia plumbea) b) jovem de sovi (Ictinia plumbea).
Durante esta campanha houve um acréscimo considerável de espécies noturnas em
relação a BIOLAW (2006a) - seis versus uma espécie. Para a coruja-listrada (Strix
hylophila), este foi o primeiro registro para a área da UHE Monte Claro. Essa espécie é
citada como quase ameaçada mundialmente (IUCN, 2006), embora seja comum no Rio
Grande do Sul (BELTON, 1994). Das demais espécies, a corujinha-do-mato (Megascops
choliba), considerada escassa na escarpa do planalto (BELTON, 1994), foi a de maior
abundancia relativa (AR = 1 individuo/hora), similar ao registrado na campanha passada
(AR = 1,33 individuo/hora). A abundância relativa das espécies noturnas foi similar em
ambas as campanhas (inverno/2006 [BIOLAW, 2006a] = 1,33 indivíduo/hora; verão/2007
[presente campanha] = 1,5 indivíduo/hora) (tabela 6).
De modo geral, a avifauna registrada é composta, em sua maioria, por espécies comuns no
Estado e de hábitats predominantemente florestais (tabela 6). A ausência de espécies de
Psittacidae (papagaios, tirivas) e a baixa riqueza de pica-paus (Picidae) e arapaçus
(Dendrocolaptidae) sugerem um grau considerável de alteração ambiental na região em
que o empreendimento está inserido. Embora a área contenha regiões florestadas em bom
estado, o histórico de uso da região associado à contínua supressão de habitat, seja pelo
desmatamento para fins urbanos, agropastoris ou, como na atualidade, para construções
de usinas hidrelétricas, tende a impactar de maneira negativa as espécies que ainda
residem na bacia do rio das Antas. A forma com que as áreas remanescentes e,
principalmente, as áreas de preservação junto aos empreendimentos vêm sendo e serão
manejadas no futuro terá papel fundamental na manutenção da avifauna local.
É muito importante a manutenção de um corredor florestal junto ao rio das Antas e seus
tributários, uma vez que áreas contínuas de matas conservadas são de grande importância,
não apenas por fornecerem condições de sustentação de espécies sensíveis à
fragmentação e alteração do hábitat, mas também por colaborarem para a manutenção da
riqueza e da diversidade da avifauna em formações secundárias (ALEIXO, 1999; ALEIXO,
2001).
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173
Tabela 6. Espécies de aves registradas na área de influência do reservatório da UHE Monte
Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro
e 2 de fevereiro de 2007. Taxonomia e nomes populares seguem COMITÊ BRASILEIRO DE
REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2005). Hábitat preferencial da espécie segue PARKER et al.
(1996). O status populacional segue BELTON (1994) e o status de ocorrência segue
BENCKE (2001). N = número de indivíduos. IPA = índice pontual de abundância.
Legenda: * novos registros para área da UHE Monte Claro. 1 espécies ameaçadas de extinção no
Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002). 2 espécies quase ameaçadas de extinção
mundialmente (IUCN, 2006). Hábitat: F=floresta; N=áreas abertas; A=ambientes aquáticos; a letra
E no final de cada sigla representa hábitat alterado ou borda. Status: C = comum ou abundante; I
= incomum; E = escasso; R = raro. Ocorrência: R = residente; M = migratório.
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
N
IPA
Ocasional Hábitat Status Ocorrência
TINAMIDAE
Crypturellus obsoletus
inhambuguaçu
x
F
C
R
Crypturellus tataupa
inhambu-chintã
x
FE
C
R
pato-do-mato
x
A
I
R
biguatinga
x
A
I
R
Butorides striata
socozinho
x
A
C
M
Syrigma sibilatrix
maria-faceira
x
N
C
R
Egretta thula*
graça-branca-pequena
x
A
A
R
Cathartes aura
urubu-de-cabeçavermelha
x
FE
C
R
Coragyps atratus
urubu-de-cabeça-preta
x
F
C
R
Ictinia plumbea
sovi
x
F
I
M
Rupornis magnirostris
gavião-carijó
x
F
C
R
0,03 x
N
C
R
ANATIDAE
Cairina moschata1*
ANHINGIDAE
Anhinga anhinga
ARDEIDAE
CATHARTIDAE
ACCIPITRIDAE
FALCONIDAE
Milvago chimachima
carrapateiro
1
Micrastur ruficollis
falcão-caburé
x
F
I
R
saracura-do-mato
x
F
C
R
quero-quero
x
N
C
R
pomba-de-bando
x
N
C
R
RALLIDAE
Aramides saracura
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
COLUMBIDAE
Zenaida auriculata
CR/C/RM/030/037/2007
174
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
N
IPA
Ocasional Hábitat Status Ocorrência
Leptotila sp.
juriti
2
0,06 x
F
R
Leptotila verreauxi
juriti-pupu
6
0,18 x
F
C
R
Leptotila rufaxilla
juriti-gemedeira
x
F
C
R
alma-de-gato
x
F
E
R
coruja-da-igreja
x
N
I
R
Megascops choliba
corujinha-do-mato
x
F
E
R
Strix hylophila*2
corujinha-listrada
F
C
R
urutau
FE
C
M
x
F
C
M
CUCULIDAE
Piaya cayana
TYTONIDAE
Tyto alba
STRIGIDAE
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus
CAPRIMULGIDAE
Lurocalis semitorquatus tuju
TROCHILIDAE
Stephanoxis lalandi
beija-flor-de-topete
33
1,00 x
F
C
R
Chlorostilbon lucidus*
besourinho-de-bicovermelho
1
0,03
NF
C
R
Thalurania glaucopis
beija-flor-de-frontevioleta
3
0,09
F
C
R
Leucochloris albicollis
beija-flor-de-papobranco
FE
C
R
x
TROGONIDAE
4
0,12 x
F
C
R
Ceryle torquatus
martim-pescador-grande
x
A
I
R
Chloroceryle amazona
martim-pescador-verde
x
A
I
R
Chloroceryle americana
martim-pescadorpequeno
x
A
I
R
tucano-de-bico-verde
x
F
E
R
Trogon surrucura
surucuá-variado
ALCEDINIDAE
RAMPHATIDAE
Ramphastos dicolorus
PICIDAE
CR/C/RM/030/037/2007
175
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
N
IPA OcasionalHábitat Status Ocorrência
Picumnus temminckii
pica-pau-anão-decoleira
5
0,15 x
F
I-C
R
Veniliornis spilogaster
picapauzinho-verdecarijó
3
0,09 x
F
C
R
Piculus aurulentus2
pica-pau-dourado
x
F
I
R
Celeus flavescens
pica-pau-de-cabeçaamarela
x
F
C
R
Batara cinerea
matracão
x
F
I
R
Mackenziaena leachii
borralhara-assobiadora
x
F
C
R
Thamnophilus
caerulescens
choca-da-mata
13
0,39 x
FE
C
R
Dysithamnus mentalis
choquinha-lisa
3
0,09 x
F
I
R
Drymophila malura
choquinha-carijó
3
0,09 x
F
C
R
chupa-dente
3
0,09 x
F
C
R
3
0,09 x
F
C
R
2
0,06 x
F
E
R
x
F
I
R
0,12 x
F
C
R
x
F
I
R
0,03 x
F
THAMNOPHILIDAE
CONOPOPHAGIDAE
Conopophaga lineata
FORMICARIIDAE
Chamaeza campanisona tovaca-campainha
Chamaeza ruficauda
tovaca-de-rabovermelho
SCLERURIDAE
Sclerurus scansor
vira-folha
DENDROCOLAPTIDAE
Sittasomous griseicapillusarapaçu-verde
Dendrocolpates
platyrostris
4
arapaçu-de-grande
arapaçu-escamoso-doLepidocolaptes falcinellus
1
sul
R
arapaçu-rajado
1
0,03 x
F
I
R
Furnarius rufus*
joão-de-barro
1
0,03 x
N
A
R
Synallaxis ruficapilla
picochoré
22
0,67 x
F
C
R
Xiphorhynchus fuscus
FURNARIIDAE
CR/C/RM/030/037/2007
176
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
N
IPA
Ocasional Hábitat Status Ocorrência
Synallaxis cinerascens
pi-puí
1
0,03 x
F
C
R
Cranioleuca obsoleta
arredio-oliváceo
1
0,03
F
C
R
Syndactyla
rufosuperciliata
trepador-quiete
9
0,27 x
F
C
R
Lochmias nematura
joão-porca
x
F
C
R
Xenops rutilans
bico-virado-carijó
1
0,03
F
C
R
Poecilotriccus
plumbeiceps
tororó
9
0,27 x
FE
C
R
Phyllomyias virescens
piolhinho-verdoso
2
0,06 x
F
R
R
Myiopagis viridicata
guaravaca-de-cristaalaranjada
2
0,06 x
F
I
M
Elaenia parvirostris
guaravaca-de-bico-curto1
0,03 x
F
A
M
Elaenia mesoleuca
tuque
0,33 x
F
A
M
x
F
C
R
x
NA
I
R
x
F
C
R
TYRANNIDAE
11
Camptostoma obsoletum risadinha
Serpophaga nigricans
joão-pobre
Serpophaga subcristata alegrinho
Phylloscartes ventralis
borboletinha-do-mato
3
0,09 x
F
C
R
Tolmomyias
sulphurescens
bico-chato-de-orelhapreta
4
0,12 x
F
C
R
Lathrotriccus euleri
enferrujado
2
0,06 x
F
C
M
Myiophobus fasciatus
filipe
1
0,03 x
N
C
M
Pitangus sulphuratus
bem-te-vi
FE
A
R
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado
x
2
0,06 x
F
C
M
Megarynchus pitangua
neinei
8
0,24 x
FE
C
M
Empidonomus varius
peitica
5
0,15 x
FE
C
M
10
0,30 x
FE
C
M
N
C
M
Tyrannus melancholicus suiriri
Tyrannus savana
tesourinha
x
Myiarchus swainsoni
irrê
2
0,06 x
FE
tangará
17
0,52 x
F
C-I
R
flautim
11
0,33 x
F
C
R
x
F
E
R
FE
C-A
M
M
PIPRIDAE
Chiroxiphia caudata
TITYRIDAE
Schiffornis virescens
Pachyramphus castaneuscaneleiro
Pachyramphus
polychopterus
CR/C/RM/030/037/2007
caneleiro-preto
10
0,30 x
177
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
N
IPA
Ocasional Hábitat Status Ocorrência
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis
pitiguari
5
0,15 x
F
C
R
Vireo olivaceus
juruviara
14
0,42 x
F
I
M
andorinha-doméstica7
grande
0,21 x
N
C
M
andorinha-pequena-dePygochelidon cyanoleuca
3
casa
0,09 x
N
C
R
HIRUNDINIDAE
Progne chalybea
andorinha-serradora
1
0,03 x
N
I
M
corruíra
4
0,12 x
N
C
R
Turdus sp
sabiá
2
0,06
F
Turdus rufiventris
sabiá-laranjeira
2
0,06 x
FE
C
R
8
0,24 x
F
C
R
x
F
C
R
FE
C
R
Stelgidopteryx ruficollis
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus
TURDIDAE
Turdus amaurochalinus sabiá-poca
Turdus albicollis
sabiá-de-coleira
THRAUPIDAE
Tachyphonus coronatus tiê-preto
3
0,09 x
Thraupis sayaca
sanhaçu-cinzento
x
F
C
R
Stephanophorus
diadematus
sanhaçu-frade
x
F
C-A
R
Hemithraupis guira
papo-preto
x
F
C
R
EMBEREZIDAE
Zonotrichia capensis
tico-tico
3
0,09 x
N
C
R
Poospiza lateralis
quete
3
0,09 x
FE
C
R
Sicalis flaveola
canário-da-terraverdadeiro
x
N
A-C
R
x
N
C-A
R
0,09 x
F
x
F
I
R
Sporophila caerulescens coleirinho
CARDINALIDAE
3
Saltator sp.
Saltator similis
trinca-ferro-verdadeiro
Saltator maxillosus
bico-grosso
Cyanocompsa brissonii azulão
4
0,12
FE
I
R
3
0,09
F
C
R
15
0,45 x
F
C
R
PARULIDAE
Parula pitiayumi
CR/C/RM/030/037/2007
mariquita
178
N
IPA OcasionalHábitat Status Ocorrência
Geothlypis aequinoctialis
1
0,03
NA
Basileuterus culicivorus pula-pula
13
0,39 x
F
C
R
Basileuterus
leucoblepharus
pula-pula-assoviador
11
0,33 x
F
C
R
tecelão
5
0,15 x
F
C
R
x
N
C-A
R
0,30 x
F
I
R
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
R
ICTERIDAE
Cacicus chrysopterus
FRINGILIDAE
Carduelis magellanica
pintassilgo
Euphonia chalybea2
cais-cais
10
NI
2
Tabela 7. Espécies registradas durante os transectos embarcado (TB), noturno (TN) e de
aves de rapina (TR) realizados na área de influência do reservatório da UHE Monte Claro
durante a campanha de monitoramento da fauna realizada entre os dias 29 de janeiro e 2 de
fevereiro de 2007 (NI = número de indivíduos; AR = abundancia relativa).
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
TB
TN
NI AR NI AR
TR
NI
AR
ARDEIDAE
Butorides striata
socozinho
3
3
CATHARTIDAE
Cathartes aura
urubu-de-cabeça-vermelha
3
1
Coragyps atratus
urubu-de-cabeça-preta
5
1.67
Ictinia plumbea
sovi
7
2.33
Rupornis magnirostris
gavião-carijó
5
1.67
3
1
ACCIPITRIDAE
FALCONIDAE
Milvago chimachima
carrapateiro
1
1
STRIGIDAE
Megascops choliba
corujinha-do-mato
4 1
Strix hylophila
corujinha-listrada
1 0.25
urutau
1 0.25
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus
ALCEDINIDAE
Ceryle torquatus
CR/C/RM/030/037/2007
martim-pescador-grande
2
2
179
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
TB
martim-pescador-pequeno 2
2
Pitangus sulphuratus
bem-te-vi
1
1
Tyrannus melancholicus
suiriri
2
2
andorinha-serradora
11 11
Chloroceryle americana
TN
TR
TYRANNIDAE
HIRUNDINIDAE
Stelgidopteryx ruficollis
Não Identificado
4
4
Mamíferos
Durante o período de amostragem foram registradas em campo pelo menos 11 espécies de
mamíferos silvestres não-voadores, pertencentes a nove diferentes famílias (tabela 8).
Dentre os pequenos mamíferos não-voadores, foram capturadas duas espécies de
roedores sigmodontíneos –Akodon paranaensis e Oligoryzomys nigripes, com um sucesso
de captura total de apenas 1,77%, sendo que o ponto P43 apresentou 2,03% de sucesso e
o ponto P44, 1,51%. A espécie com maior número de capturas foi Oligoryzomys nigripes
(cinco), sendo duas no ponto P43 e três no ponto P44. Akodon paranaensis foi capturado
duas vezes, apenas no ponto P43. Essa espécie de Akodon foi recentemente descrita
(CHRISTOFF et al., 2000), e ocorre em áreas de floresta com araucária e campos dos três
estados do sul do Brasil (CHRISTOFF et al., 2000; PEDÓ, 2005). De acordo com
BONVICINO et al. (2002), Oligoryzomys nigripes é uma espécie comum, abundante e que
ocorre tanto em hábitats conservados quanto alterados.
Daquelas espécies registradas em campo, pelo menos duas encontram-se ameaçadas de
extinção no Estado do Rio Grande do Sul: um roedor, a cutia (Dasyprocta azarae),
classificada como “vulnerável” (CHRISTOFF, 2003) e pelo menos uma espécie de
ungulado, o veado-virá (Mazama gouazoubira), também classificado como “vulnerável”
(MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003). Como a diferenciação dos rastros das espécies
dentro do gênero Mazama é imprecisa, não se descarta a ocorrência de outras duas
espécies desse gênero na região: o veado-pardo (Mazama americana) e o veado-poca
(Mazama nana), classificados como “em perigo” e “criticamente em perigo”,
respectivamente (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003).
A cutia (Dasyprocta azarae) foi registrada através de rastros encontrados na floresta ripária
localizada na margem direita do rio das Antas (tabela 8). A distribuição da espécie no Rio
Grande do Sul, inferida a partir dos registros disponíveis, permite supor que esteja
associada a regiões de florestas ombrófilas e estacionais (CHRISTOFF, 2003). As
principais ameaças à espécie, em nível regional, são a destruição e a descaracterização de
seu hábitat, além da caça predatória, ainda comum em vários lugares (CHRISTOFF, 2003).
Considerando-se que a cutia é uma espécie bastante visada pelos caçadores, já que a sua
carne é muito apreciada.
Única espécie de ungulado com ocorrência confirmada durante a campanha de
monitoramento, o veado-virá (Mazama gouazoubira) foi identificado através de um registro
fotográfico (figura 10) realizado na margem direita do rio da Prata (tabela 8). Essa espécie
utiliza diversos tipos de hábitat, como interior e bordas de florestas, savanas, vassourais,
beiras de lagoas, banhados e outros tipos de vegetação aberta (STALLINGS, 1984;
REDFORD & EISENBERG, 1992; LIMA BORGES & TOMÁS, 2004), sendo, inclusive,
observado em pastagens, plantações e reflorestamentos (MÄHLER JR. & SCHNEIDER,
2003; obs. pess.). Por isso, mais do que o desmatamento e a expansão agrícola, a caça é a
CR/C/RM/030/037/2007
180
maior ameaça à espécie, agravada pela baixa taxa reprodutiva da espécie, que é de um ou,
esporadicamente, dois filhotes por ano (MÄHLER JR. & SCHNEIDER, 2003).
Figura 10. Indivíduo de veado-virá (Mazama gouazoubira) registrado em área de floresta
ripária da margem direita do rio das Antas, na área de influência da UHE Monte Claro.
As transecções não-lineares realizadas em trilhas e estradas existentes no entorno do
reservatório possibilitaram o registro de outras sete espécies de mamíferos não-voadores,
que não se encontram ameaçadas de extinção. Duas delas, a capivara (Hydrochoerus
hydrochaeris) e o mão-pelada (Procyon cancrivorus), normalmente são encontradas
próximas a ambientes ribeirinhos (ALHO et al., 1987; TOMAZZONI et al., 2000; DÍAZ &
BARQUEZ, 2002).
Vestígios de capivara foram encontrados em três diferentes pontos (tabela 8) distribuídos
em ambas as margens do reservatório, enquanto que o mão-pelada foi registrado apenas
através de partes de esqueletos encontrados em dois pontos da linha férrea localizada na
margem direita dos rios das Antas e da Prata.
O gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) foi registrado através de armadilhamento
fotográfico, no ponto P45 (figura 11). Vestígios confirmando a presença do tatu-galinha
(Dasypus novemcinctus) foram encontrados em apenas um ponto (tabela 8), localizado na
margem direita do reservatório.
Além do mão-pelada, outras três espécies de carnívoros foram registradas: o graxaim-domato (Cerdocyon thous), o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) e o furão (Galictis
cuja), sendo que as duas últimas não haviam sido constatadas em campo nos
monitoramentos anteriores (BIOLAW, 2005a e 2006a). Rastros de ambas as espécies de
graxains foram encontrados em alguns pontos localizados na margem direita do
reservatório, assim como a mandíbula quase completa de um indivíduo de graxaim-docampo (tabela 8). O avistamento de três indivíduos de furão na trilha íngreme, localizada no
ponto P43, confirmou a presença de uma população dessa espécie de difícil detecção nas
florestas que margeiam o reservatório da usina.
CR/C/RM/030/037/2007
181
Figura 11. Indivíduo de gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) registrado através
de armadilha fotográfica em área de floresta ripária do rio das Antas (ponto P45), na área de
influência da UHE Monte Claro.
De forma complementar ao monitoramento da fauna de mamíferos-não-voadores, foi
colhido o relato do barqueiro que acompanhou o monitoramento e que freqüenta o local
seguidamente.
Assim como constou nos relatórios anteriores, foram relatadas várias espécies com
ocorrência potencial para a região do reservatório da UHE Monte Claro, mas que ainda não
puderam ser registradas em campo. Dentre elas, destacam-se algumas espécies
ameaçadas de extinção em território gaúcho, como o tamanduá-mirim (Tamandua
tetradactyla), a paca (Cuniculus paca) e a irara (Eira barbara). À exceção da primeira
espécie, as outras duas foram registradas em monitoramentos realizados nas áreas de
influência da UHE Castro Alves (irara) e da UHE 14 de Julho (paca), que estão localizados,
respectivamente, à montante e à jusante da UHE Monte Claro (BIOLAW, 2006b e 2005c).
São espécies estritamente florestais e que apresentam em comum a perda e fragmentação
de seus hábitats como ameaças a sua sobrevivência (CHRISTOFF, 2003; INDRUSIAK &
EIZIRIK, 2003; OLIVEIRA & VILELLA, 2003). No caso particular da paca, a caça ilegal
representa uma ameaça adicional bastante importante à espécie, já que ela possui a
reputação de excelente “carne de caça” (HOSKEN, 1999, obs. pess.), idéia que vem de
longa data, já que IHERING (1893) considerava a paca “a nossa melhor caça do matto
(sic)”.
Apesar do insucesso na procura por vestígios da presença de lontra (Lontra longicaudis),
sendo que foram encontradas apenas tocas abandonadas, acredita-se, também com base
nos relatos do barqueiro e de alguns pescadores, que ainda subsista uma população da
espécie na área do reservatório. De hábito semi-aquático, tem preferência por cursos
d’água rápidos e com pouca turbidez (EMMONS, 1990), ocupando também mangues,
estuários e deltas de rios e até açudes e lagos artificiais. O impacto do represamento de
rios para a geração de energia elétrica sobre as populações de lontras ainda não foi
avaliado, mas há a preocupação de que existam efeitos negativos sobre o deslocamento e
a migração dos animais ao longo da bacia atingida, além do impacto associado ao aumento
de densidade humana e à alteração do hábitat nesses empreendimentos (CHEHÉBAR,
1990). As maiores ameaças à espécie são a poluição das águas e suas margens, a
destruição da vegetação ripária e a alta densidade populacional humana (FONSECA et al.,
CR/C/RM/030/037/2007
182
1994; IBAMA, 1997). Por isso, torna-se fundamental a conservação das matas ciliares e
outros hábitats ribeirinhos através da efetiva aplicação da legislação que versa sobre as
áreas de preservação permanente (Código Florestal – lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965).
Em comparação com os dois monitoramentos realizados anteriormente na área do
reservatório (BIOLAW 2006a e 2005a), e desconsiderando-se os registros obtidos através
de relatos, quatro novas espécies foram registradas em campo na atual campanha: uma
espécie de rato-do-mato (Akodon paranaensis), o graxaim-do-campo (Lycalopex
gymnocercus), o furão (Galictis cuja) e o veado-virá (Mazama gouazoubira). Apesar de
estar sendo considerada um novo registro, cabe salientar que é bastante provável que a
espécie de rato-do-mato Akodon paranaensis já tenha sido registrada nos levantamentos
anteriores, já que há grande similaridade morfológica desta com outra do mesmo gênero
(Akodon montensis), comumente registrada nos levantamentos anteriores.
Os registros de graxaim-do-campo e de furão são conseqüência da sucessão de
campanhas de amostragem, que apontam espécies menos comuns e de difícil detecção
(como é o caso do furão), à medida que elas vão sendo realizadas. Já o registro de veadovirá (Mazama gouazoubira) deve-se ao refinamento na identificação da espécie dentro do
gênero – o que é praticamente impossível através dos rastros – e que foi realizada com o
auxílio de registros fotográficos de um indivíduo avistado na linha férrea localizada na
margem direita do rio das Antas/ rio da Prata (Felipe Zílio, comunic. pess.).
O aparecimento de novos registros demonstra que o número total de espécies para a área
ainda representa uma subestimativa. Essa conclusão também é corroborada pelo baixo
número de espécies encontradas durante o presente monitoramento, que é conseqüência
das difíceis condições de acesso à informação em campo, que por sua vez, é causada pelo
terreno acidentado, pelo pequeno número de trilhas existentes e pelo solo pedregoso que
dificulta a impressão de rastros. Ainda assim, foi possível constatar a ocorrência de, pelo
menos, duas espécies da fauna de mamíferos não-voadores ameaçadas de extinção em
nível estadual. Se considerarmos os relatórios de monitoramento anteriores, são, pelo
menos, cinco espécies classificadas com algum grau de ameaça. São espécies
particularmente sensíveis a perturbações que ocorrem na paisagem, o que é um indicativo
do grau de conservação que ainda se observa na área.
CR/C/RM/030/037/2007
183
Tabela 8. Espécies de mamíferos silvestres não-voadores registradas na área de influência do
reservatório da UHE Monte Claro durante a campanha de monitoramento da fauna realizada
entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2007.
FAMÍLIA / Espécie
Nome comum
Tipo de registro
Local de registro
Status
DIDELPHIDAE
OD
P45
NA
tatu-galinha
V
*
NA
Akodon paranaensis
rato-do-mato
OD
P43
NA
Oligoryzomys nigripes
camundongo-do-mato
OD
P43, P44
NA
capivara
V
P43, *
NA
cutia
V
*
VU
Cerdocyon thous
graxaim-do-mato
V
*
NA
Lycalopex gymnocercus
graxaim-do-campo
V, †
*
NA
furão
OD
P43
NA
†
*
NA
OD
*
VU
Didelphis albiventris
gambá-de-orelha-branca
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus
CRICETIDAE
CAVIIDAE
Hydrochoerus hydrochaeris
DASYPROCTIDAE
Dasyprocta azarae
CANIDAE
MUSTELIDAE
Galictis cuja
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus
mão-pelada
CERVIDAE
Mazama gouazoubira
veado-virá
Mazama sp.
veado
OD, V
*
VU-CR3
Tipo de registro: OD = observação direta (inclui capturas com gaiolas e armadilhamento
fotográfico), V = vestígio (rastros, fezes, tocas), † = carcaça, esqueleto. Local do registro: P43
= ponto 43 (coordenadas UTM: 22J 451306/ 6788604), P44 = ponto 44 (coordenadas UTM: 22J
453919/ 6790001), P45 = ponto 45 (coordenadas UTM: 22J 453491/ 6789916). Categoria de
ameaça no RS1: NA = não ameaçado, VU = vulnerável, EP = em perigo, CR = criticamente em
perigo.
1
De acordo com FONTANA et al. (2003).
2
Ordenamento e nomenclatura taxonômica segundo WILSON & REEDER (2005).
3
As categorias de ameaça das espécies de Mazama que podem ocorrer na região variam de
“vulnerável” (M. gouazoubira), “em perigo” (M. americana), a “criticamente em perigo” (M. nana),
espécies relacionadas aos vestígios encontrados, mas sem confirmação em nível de espécie.
* Registros fora do ponto de amostragem (em coordenadas UTM 22J):
Dasypus novemcinctus: 456483/ 6787341 (rastros);
Hydrochoerus hydrochaeris: 453134/ 6788578, 450446/ 6789069 (fezes), 456599/ 6787032
(rastros);
Dasyprocta azarae: 456731/ 6786653 (rastros);
Cerdocyon thous: 456185/ 6787940, 456483/ 6787341 (rastros);
Lycalopex gymnocercus: 453386/ 6790914 (mandíbula), 456752/ 6786495 (rastros);
Procyon cancrivorus: 452909/ 6788628, 452053/ 6788524 (esqueleto);
Mazama gouazoubira: 453332/ 6790849 (avistamento de um indivíduo);
Mazama sp.: 450925/ 6789053 (avistamento de um indivíduo); 456406/ 6787734, 456185/
6787940 (rastros).
CR/C/RM/030/037/2007
184
2.1.1.3. Conclusões
As três campanhas de monitoramento da fauna terrestre realizadas após o enchimento do
reservatório da UHE Monte Claro (BIOLAW, 2006a, 2005a e o presente documento) ainda
não foram capazes de agregar um volume de dados suficiente para caracterizar com
precisão a situação ambiental da área. Entretanto, a sucessão de campanhas em diferentes
épocas do ano (outono, inverno e verão) vem permitindo que espécies menos comuns e de
difícil detecção sejam registradas em campo.
Considerando-se apenas as campanhas de monitoramento realizadas após o enchimento
do reservatório, já foram registradas em campo na área de influência da UHE Monte Claro
nove espécies de anfíbios, quatro de répteis, 138 de aves e 27 de mamíferos. Com relação
aos anfíbios e répteis, conforme já era esperado, a presente campanha (realizada durante o
verão) teve resultados bem mais expressivos do que as anteriores. Com relação aos
mamíferos, puderam ser registradas algumas espécies menos comuns e de difícil
observação em campo, como o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) e o furão
(Galictis cuja).
2.1.1.3. Recomendações
Anfíbios
No âmbito deste programa de monitoramento, devem ser implementadas ações visando o
acompanhamento específico da rã-das-pedras no trecho de vazão reduzida da UHE Monte
Claro, único local da área de influência direta desta UHE onde ainda pode ser encontrada.
Répteis
Recomenda-se a utilização de armadilhas não-letais para a captura de quelônios na área
do reservatório. Somente a utilização de uma metodologia mais específica poderia
confirmar o possível declínio populacional desses animais relatado por moradores locais
durante as amostragens.
Aves
Salienta-se a importância da continuidade da utilização de métodos específicos para
amostrar quantitativamente aves ribeirinhas e rapinantes (diurnos e noturnos), uma vez que
essas espécies dificilmente são detectadas através de outros métodos quantitativos
usualmente utilizados em levantamentos avifaunísticos. Da mesma forma, recomenda-se a
continuidade do monitoramento da avifauna buscando identificar quaisquer alterações na
estrutura da comunidade e/ou populações, identificando as possíveis causas e
relacionando-as com seus hábitos, requisitos ambientais e impactos do empreendimento.
2.2. Atividades previstas para o próximo trimestre
Estão previstas para o próximo trimestre as seguintes atividades:
−
campanha de monitoramento pré-enchimento da UHE 14 de Julho;
− resgate de fauna durante o desmatamento do reservatório da UHE Castro Alves;
−
elaboração do projeto, para aprovação pelo Ibama de resgate da fauna no
desmatamento e enchimento do reservatório da UHE 14 de Julho.
2.3. Conclusões
As atividades do Programa de Salvamento, Resgate e Monitoramento de fauna estão
sendo realizadas de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental.
CR/C/RM/030/037/2007
185
3. PROGRAMA DE SALVAMENTO, MONITORAMENTO E RESGATE DA FLORA
3.1.Descrição dos trabalhos desenvolvidos
Neste relatório são descritos os trabalhos desenvolvidos no primeiro trimestre de 2007,
referentes ao Programa de Salvamento, Monitoramento e Resgate da Flora na área de
abrangância do complexo CERAN.
3.1.1. Atividades de Resgate de Epífitas
No primeiro trimestre de 2007 não houve desmatamento no Complexo, não havendo
necessidade de relocação de epífitas e transplantes de espécies imunes ao corte.
3.1.2. Atividades de Monitoramento
3.1.2.1. Monitoramento dos Afloramentos Rochosos
Em vistoria realizada no mês de janeiro aos afloramentos rochosos da futura alça de vazão
reduzida da UHE Castro Alves, verificou-se a presença de frutos em um grupo de indivíduos
da espécie Callisthene inundata.
Entretanto os frutos não se apresentavam maduros e por isso não foram coletados. Os
locais onde existiam frutos foram marcados para posterior coleta e semeadura.
3.1.2.2. Monitoramento das Encostas Florestais
No dia 13 de fevereiro foi realizado monitoramento de parcelas em encostas florestais,
localizadas às margens do reservatório da UHE Monte Claro, enquanto no dia 28 foi
realizado monitoramento das epífitas relocadas por ocasião de desmatamento na mesma
usina.
O anexo 1 apresenta a lista de espécies das parcelas 06 e 07, e o registro de
floração/frutificação em fevereiro de 2007.
3.1.3. Coleta de Propágulos de Espécies Endêmicas
Durante o mês de março foi realizada coleta de propágulos da espécie endêmica
Callisthene inundata, nos afloramentos rochosos do Complexo. As sementes coletadas
foram encaminhadas ao viveiro da CERAN em Nova Roma do Sul para semeadura.
Também foi realizada a limpeza dos indivíduos de Dickia sp. transplantados para a APP do
reservatório. Observou-se que a maioria dos indivíduos estava parcialmente danificada,
possivelmente pelo consumo por capivaras.
3.2. Atividades para próximo período
Para o próximo trimestre estão previstas as seguintes atividades:
- coleta de propágulos das espécies endêmicas dos afloramentos rochosos;
CR/C/RM/030/037/2007
186
- acompanhamento do desmatamento da bacia de inundação do reservatório da UHE Castro
Alves, com a execução do resgate e relocação das epífitas, marcação e transplante das
espécies florestais imunes ao corte.
- continuação do monitoramento das encostas florestais e afloramentos rochosos.
3.3. Conclusões
O Programa está sendo executado conforme o estabelecido no PBA, com algumas
alterações de cronograma, por readequação das atividades ao cronograma das obras.
3.4. Anexo
Anexo 1 – Espécies Levantadas nas Parcelas 6 e 7 Instaladas para Monitoramento das
Encostas Florestais
CR/C/RM/030/037/2007
187
ANEXO 1
Espécies Levantadas nas Parcelas 6 e 7 Instaladas para Monitoramento das
Encostas Florestais
CR/C/RM/030/037/2007
188
NÚM.
ESESNOME POPULAR
161
Farinha seca
162
Açoita-cavalo
163
Crabreúva
163
Aguaí
165
Angico vermelho
166
Açoita-cavalo
167
Açoita-cavalo
168
Açoita-cavalo
169
Açoita-cavalo
170
Pau-ervilha
171
Pau-ervilha
172
Laranjeira-do-mato
173
Cabreúva
174
Camboatá vermelho
175
Sincho
176
Farinha seca
177
Laranjeira-do-mato
178
Laranjeira-do-mato
179
Laranjeira-do-mato
180
Angico vermelho
181
Angico vermelho
182
Farinha seca
183
Laranjeira-do-mato
184
Pau-ervilha
185
Laranjeira-do-mato
186
Catiguá
187
Aguaí
188
Laranjeira-do-mato
189
Cabreúva
190
Laranjeira-do-mato
CR/C/RM/030/037/2007
PARCELA 06; Data: 15/03/2006
Coordenadas UTM: 00453478/678881
NOME CIENTÏFICO
CAP
PS
Sn
Lc
Lonchocarpus campestris
95
1
1
1
Luehea divaricata
30
1
1
1
Myrocarpus frondosus
40
1
1
1
Chysophyllum marginatum
22
2
2
2
Parapipdenia rigida
24
1
1
1
Luehea divaricata
81
1
1
1
Luehea divaricata
29
2
3
2
Luehea divaricata
69
1
1
1
Luehea divaricata
41
2
3
2
Trichilia elegans 20
3
1
4
Trichilia elegans
22
2
1
1
Actinostemon concolor
15
3
1
5
Myrocarpus frondosus
89
1
1
1
Cupania vernalis
80
1
1
1
Sorocea bonplandii
17
3
1
4
Lonchocarpus campestris
14
2
1
2
Actinostemon concolor
19
3
3
5
Actinostemon concolor
33
2
1
2
Actinostemon concolor
16
3
1
3
Parapipdenia rigida
35
1
1
1
Parapipdenia rigida
36
1
1
1
Lonchocarpus campestris
13
3
1
4
Actinostemon concolor
16
3
1
3
Trichilia elegans
12
1
1
3
Actinostemon concolor
20
2
1
4
Trichilia catigua
24
3
4
4
Chysophyllum marginatum
63
1
2
2
Actinostemon concolor
11
3
2
5
Myrocarpus frondosus
79
1
1
1
Actinostemon concolor
14
3
1
5
V
1
1
1
2
1
2
4
1
4
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
3
2
2
1
1
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Ripsallis
189
NÚM.
ESESNOME POPULAR
NOME CIENTÏFICO
CAP
PS
Sn
191
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
18
1
1
192
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
25
2
2
193
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
13
3
1
194
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
12
3
2
195
Pau-ervilha
Trichilia elegans
13
2
1
196
Guajuvira
Patagonula americana
127
1
1
197
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
20
2
1
198
Catiguá
Trichilia catigua
39
1
1
199
Pau-ervilha
Trichilia elegans
17
2
1
200
Pau-ervilha
Trichilia elegans
20
2
1
201
Catiguá
Trichilia catigua
18
3
1
202
Aguaí
Chysophyllum marginatum
15
3
1
203
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
20
3
1
204
Carvalho
Roupala brasiliensis
40
1
1
205
Cabreúva
Myrocarpus frondosus
24
2
1
206
Laranjeira-do-mato
Actinostemon concolor
20
3
1
207
Dasiphum (?)
Em confirmação
16
1
3
208
Camboatá vermelho
Cupania vernalis
89
1
1
209
Catiguá
Trichilia catigua
11
1
1
210
Pau-ervilha
Trichilia elegans
18
2
1
211
Guajuvira
Patagonula americana
59
1
1
212
Pau-ervilha
Trichilia elegans
14
2
1
213
Chal-chal
Allophylus edulis
40
2
3
214
Cabreúva
Myrocarpus frondosus
19
2
1
215
Camboatá vermelho
Cupania vernalis
13
1
1
216
Chal-chal
Allophylus edulis
28
2
1
217
Guajuvira
Patagonula americana
43
1
1
218
Catiguá
Trichilia catigua
24
2
1
219
Pau-ervilha
Trichilia elegans
10
2
1
220
Pau-ervilha
Trichilia elegans
13
2
1
CAP: Circunferência à altura do peito.
PS: Posição Fitossociológica.
Lc: Liberação da Copa.
V: Vitalidade.
FRUT: Presença de Frutos.
CR/C/RM/030/037/2007
Lc
1
3
4
5
3
1
2
1
2
2
5
5
5
1
2
3
4
1
5
3
1
2
2
2
1
2
1
1
3
3
V
1
1
1
2
2
1
1
1
1
1
2
2
2
1
1
1
1
1
3
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Sn: Sanidade.
FLOR: Em Floração.
190
PA
NÚM.
ESESNOME POPULAR
161
Farinha seca
162
Açoita-cavalo
163
Crabreúva
163
Aguaí
165
Angico vermelho
166
Açoita-cavalo
167
Açoita-cavalo
168
Açoita-cavalo
169
Açoita-cavalo
170
Pau-ervilha
171
Pau-ervilha
172
Laranjeira-do-mato
173
Cabreúva
174
Camboatá vermelho
175
Sincho
176
Farinha seca
177
Laranjeira-do-mato
178
Laranjeira-do-mato
179
Laranjeira-do-mato
180
Angico vermelho
181
Angico vermelho
182
Farinha seca
183
Laranjeira-do-mato
184
Pau-ervilha
185
Laranjeira-do-mato
186
Catiguá
CR/C/RM/030/037/2007
PARCELA 06; Data: 13/02/2007
Coordenadas UTM: 00453478/678881
NOME CIENTÏFICO
CAP
PS
Sn
Lc
Lonchocarpus campestris
97
1
1
1
Luehea divaricata
31
1
1
1
Myrocarpus frondosus
61
1
1
1
Chysophyllum marginatum
24
2
2
3
Parapipdenia rigida
26
1
1
1
Luehea divaricata
81
1
1
1
Luehea divaricata
29
2
3
3
Luehea divaricata
72
1
1
1
Luehea divaricata
41,5
2
1
2
Trichilia elegans 22
2
1
3
Trichilia elegans
23
2
1
1
Actinostemon concolor
15
3
1
4
Myrocarpus frondosus
91
1
1
1
Cupania vernalis
73
1
1
1
Sorocea bonplandii
17
2
1
3
Lonchocarpus campestris
14,5
2
1
2
Actinostemon concolor
20
3
1
4
Actinostemon concolor
33
2
1
3
Actinostemon concolor
16
2
1
3
Parapipdenia rigida
36
1
1
1
Parapipdenia rigida
37
1
1
1
Lonchocarpus campestris
13
2
1
1
Actinostemon concolor
17
2
2
2
Trichilia elegans
12
2
1
2
Actinostemon concolor
20
3
1
4
Trichilia catigua
24
3
1
2
V
1
1
1
3
1
2
3
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
2
1
2
2
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Ripsallis
191
NÚM.
ESESNOME POPULAR
187
Aguaí
188
Laranjeira-do-mato
189
Cabreúva
190
Laranjeira-do-mato
191
Laranjeira-do-mato
192
Laranjeira-do-mato
193
Laranjeira-do-mato
194
Laranjeira-do-mato
195
Pau-ervilha
196
Guajuvira
197
Laranjeira-do-mato
198
Catiguá
199
Pau-ervilha
200
Pau-ervilha
201
Catiguá
202
Aguaí
203
Laranjeira-do-mato
204
Carvalho
205
Cabreúva
206
Laranjeira-do-mato
207
Dasiphum (?)
208
Camboatá vermelho
209
Catiguá
210
Pau-ervilha
211
Guajuvira
212
Pau-ervilha
213
Chal-chal
214
Cabreúva
215
Camboatá vermelho
216
Chal-chal
217
Guajuvira
218
Catiguá
219
Pau-ervilha
CR/C/RM/030/037/2007
NOME CIENTÏFICO
Chysophyllum marginatum
Actinostemon concolor
Myrocarpus frondosus
Actinostemon concolor
Actinostemon concolor
Actinostemon concolor
Actinostemon concolor
Actinostemon concolor
Trichilia elegans
Patagonula americana
Actinostemon concolor
Trichilia catigua
Trichilia elegans
Trichilia elegans
Trichilia catigua
Chysophyllum marginatum
Actinostemon concolor
Roupala brasiliensis
Myrocarpus frondosus
Actinostemon concolor
Em confirmação
Cupania vernalis
Trichilia catigua
Trichilia elegans
Patagonula americana
Trichilia elegans
Allophylus edulis
Myrocarpus frondosus
Cupania vernalis
Allophylus edulis
Patagonula americana
Trichilia catigua
Trichilia elegans
CAP
63
11
81
14
19
25
13,5
12,5
13
129
22
41
17
21
PS
1
3
1
3
2
2
3
3
3
1
2
1
2
2
Sn
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
Lc
1
4
1
3
2
3
3
4
3
1
3
1
2
2
V
1
1
1
1
1
3
2
1
1
1
1
1
1
1
16
20
41
24,5
20
16
91
3
3
1
2
3
3
1
1
1
1
1
1
2
1
4
4
1
2
3
4
1
1
1
1
2
1
3
1
19
62
15
41
19
13
28,5
47
25
10
2
1
3
2
2
3
2
1
1
3
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
3
1
4
3
3
3
2
1
1
3
2
1
2
3
2
1
1
1
1
1
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Bromeliaceae
MORTA
Bromeliaceae
Não encontrada
192
NÚM.
ESESNOME POPULAR
NOME CIENTÏFICO
CAP
PS
Sn
220
Pau-ervilha
Trichilia elegans
14
3
1
CAP: Circunferência à altura do peito.
PS: Posição Fitossociológica.
Lc: Liberação da Copa.
V: Vitalidade.
FRUT: Presença de Frutos.
NÚM.
ESESESPÉCIE
221
Guajuvira
222
Chal-chal
223
Angico vermelho
224
Chal-chal
225
Aguaí
227
Açoita cavalo
228
229
Chal-chal
230
Camboatá
231
Chal-chal
232
Chal-chal
233
Aguaí
234
Chal-chal
235
Chal-chal
236
Chal-chal
237
Chal-chal
238
Chal-chal
239
Guajuvira
240
Chal-chal
241
Pau-ervilha
242
Angico vermelho
243
Chal-chal
244
Chal-chal
CR/C/RM/030/037/2007
Lc
4
PARCELA 07, Data 15/03/2006
Coodenadas UTM: 00453478/678881
NOME CIENTÍFICO
CAP
PS
Sn
Lc
Patagonula americana
51
1
1
1
Allophylus edulis
59
1
1
1
Parapipdenia rigida
12
1
1
1
Allophylus edulis
52
11
1
1
Chysophyllum marginatum
15
3
1
2
Açoita cavalo
21
Machaerium paraguariensis
31
2
4
3
Allophylus edulis
13
3
1
3
Cupania vernalis
55
1
1
1
Allophylus edulis
29
1
1
1
Allophylus edulis
34
2
3
2
Chysophyllum marginatum
33
1
1
2
Allophylus edulis
34
1
4
3
Allophylus edulis
47
1
1
1
Allophylus edulis
30
2
2
2
Allophylus edulis
28
1
1
1
Allophylus edulis
20
2
2
2
Patagonula americana
55
1
1
1
Allophylus edulis
44
1
1
1
Trichilia elegans
16
3
1
3
Parapipdenia rigida
25
1
1
1
Allophylus edulis
15
2
1
1
Allophylus edulis
26
2
1
1
V
1
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Sn: Sanidade.
FLOR: Em Floração.
V
1
1
1
1
1
3
1
1
1
3
1
3
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
FLOR.
ñ
ñ
ñ
FRUTIF.
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
OBS.
193
NÚM.
ESESESPÉCIE
NOME CIENTÍFICO
CAP
PS
245
Aguaí
Chysophyllum marginatum
10
3
246
Chal-chal
Allophylus edulis
38
1
247
Guajuvira
Patagonula americana
99
1
248
Chal-chal
Allophylus edulis
20
2
249
Chal-chal
Allophylus edulis
20
2
250
Chal-chal
Allophylus edulis
25
1
251
Sp1
11
3
252
Chal-chal
Allophylus edulis
17
2
253
Chal-chal
Allophylus edulis
53
1
254
Chal-chal
Allophylus edulis
25
1
255
Chal-chal
Allophylus edulis
25
1
256
Chal-chal
Allophylus edulis
24
2
257
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
68
1
258
Aguaí
Chysophyllum marginatum
34
1
259
Chal-chal
Allophylus edulis
36
1
260
Chal-chal
Allophylus edulis
22
2
261
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
32
1
262
Angico
Parapipdenia rigida
11
1
263
Sp2
32
1
264
Pau-ervilha
Trichilia elegans
11
3
265
Camboatá
Cupania vernalis
23
2
266
Chal-chal
Allophylus edulis
29
1
268
Pau-ervilha
Trichilia elegans
105
3
270
Sp3
14
3
271
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
16
3
272
Guajuvira
Patagonula americana
70
1
CAP: Circunferência à altura do peito.
PS: Posição Fitossociológica.
Lc: Liberação da Copa.
V: Vitalidade.
FRUT: Presença de Frutos.
CR/C/RM/030/037/2007
Sn
1
1
1
2
2
4
1
1
1
1
1
2
1
1
1
3
4
1
1
1
2
1
1
1
1
1
Lc
1
2
1
2
1
1
4
1
1
2
1
2
1
2
2
2
2
2
2
4
2
1
2
3
3
1
V
1
1
1
1
1
3
1
1
1
1
1
2
1
1
1
2
3
1
1
1
2
1
1
1
1
1
FLOR.
ñ
ñ
FRUTIF.
ñ
ñ
OBS.
Moraceae
Sn: Sanidade
FLOR: Em Floração.
194
NÚM.
ESESESPÉCIE
221
Guajuvira
222
Chal-chal
223
Angico vermelho
224
Chal-chal
225
Aguaí
227
Açoita cavalo
228
229
Chal-chal
230
Camboatá
231
Chal-chal
232
Chal-chal
233
Aguaí
234
Chal-chal
235
Chal-chal
236
Chal-chal
237
Chal-chal
238
Chal-chal
239
Guajuvira
240
Chal-chal
241
Pau-ervilha
242
Angico vermelho
243
Chal-chal
244
Chal-chal
245
Aguaí
246
Chal-chal
247
Guajuvira
248
Chal-chal
249
Chal-chal
250
Chal-chal
CR/C/RM/030/037/2007
PARCELA 07, Data 13/02/2007
Coodenadas UTM: 00453478/678881
NOME CIENTÍFICO
CAP
PS
Sn
Lc
Patagonula americana
52
1
1
1
Allophylus edulis
62
1
1
1
Parapipdenia rigida
12
2
1
2
Allophylus edulis
Chysophyllum marginatum
Açoita cavalo
Machaerium paraguariensis
33
1
1
1
Allophylus edulis
14
1
2
3
Cupania vernalis
56
1
1
1
Allophylus edulis
49
1
1
1
Allophylus edulis
40
1
2
1
Chysophyllum marginatum
34
2
1
2
Allophylus edulis
63
1
1
1
Allophylus edulis
49
1
1
1
Allophylus edulis
30
2
2
2
Allophylus edulis
31
1
1
1
Allophylus edulis
21,5
1
2
1
Patagonula americana
57
1
1
1
Allophylus edulis
44
1
1
1
Trichilia elegans
27
3
1
3
Parapipdenia rigida
26
1
1
1
Allophylus edulis
15
2
1
2
Allophylus edulis
26
1
2
1
Chysophyllum marginatum
11
3
1
2
Allophylus edulis
40
2
1
1
Patagonula americana
100
1
3
1
Allophylus edulis
21
2
2
3
Allophylus edulis
Allophylus edulis
25
2
4
2
V
1
1
1
FLOR.
ñ
ñ
ñ
FRUTIF.
ñ
ñ
ñ
OBS.
Não encontrada
Não encontrada
Não encontrada
1
2
1
1
2
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
ñ
3
196
NÚM.
ESESESPÉCIE
NOME CIENTÍFICO
CAP
PS
Sn
251
Sp1
11
3
1
252
Chal-chal
Allophylus edulis
18
2
1
253
Chal-chal
Allophylus edulis
55
1
1
254
Chal-chal
Allophylus edulis
27
1
1
255
Chal-chal
Allophylus edulis
25
2
1
256
Chal-chal
Allophylus edulis
24
2
1
257
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
69
1
1
258
Aguaí
Chysophyllum marginatum
35
1
1
259
Chal-chal
Allophylus edulis
37
1
1
260
Chal-chal
Allophylus edulis
23
2
2
261
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
33
1
1
262
Angico
Parapipdenia rigida
13
2
1
263
Sp2
36
2
2
264
Pau-ervilha
Trichilia elegans
12
3
1
265
Camboatá
Cupania vernalis
24
2
1
266
Chal-chal
Allophylus edulis
31
1
1
268
Pau-ervilha
Trichilia elegans
11
3
1
270
Sp3
14
3
1
271
Açoita-cavalo
Luehea divaricata
16
2
1
272
Guajuvira
Patagonula americana
50
1
1
CAP: Circunferência à altura do peito.
PS: Posição Fitossociológica.
Lc: Liberação da Copa.
V: Vitalidade.
FRUT: Presença de Frutos.
CR/C/RM/030/037/2007
Lc
3
2
1
2
1
2
1
1
1
2
1
2
2
2
2
1
2
2
1
1
V
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
FLOR.
FRUTIF.
OBS.
Moraceae
Sn: Sanidade
FLOR: Em Floração.
197
4. PROGRAMA DE CONTROLE DA PROLIFERAÇÃO DE MACRÓFITAS
4.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos
Neste trimestre foram realizadas as atividades de monitoramento da proliferação de
macrófitas no reservatório da UHE Monte Claro, de acordo com o estabelecido no PBA.
4.1.1. Monitoramento pela Equipe da Operação da UHE Monte Claro
No período correspondente a esse relatório, foram realizadas vistorias pela equipe de meio
ambiente nos dias 09 e 25 de janeiro, 13 e 28 de fevereiro, e 16 e 27 de março, não sendo
identificados focos de macrófitas aquáticas com potencial invasor.
4.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
No próximo trimestre está previsto o início das atividades de levantamento de focos de
macrófitas aquáticas com risco potencial de proliferação, na bacia de contribuição do
reservatório da UHE Castro Alves. O trabalho será realizado pelo Professor Albano
Schwarzbold.
4.3. Conclusões
As atividades do Programa de Controle de Proliferação de Macrófitas estão sendo realizadas
de acordo com o previsto no Plano Básico Ambiental.
CR/C/RM/030/037/2007
197
5. PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO
5.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos
No primeiro trimestre de 2007 foram doadas 202 mudas de
No primeiro trimestre deste ano foram doadas 202 mudas de espécies florestais nativas
produzidas no viveiro da Ceran., e foram distribuídas entre agricultores e a Prefeitura
Municipal de Nova Roma do Sul. As mudas foram as seguintes:
Espécie
Quantidade
aguaí-da-serra
02
angico-vermelho (Parapiptadenia rígida)
05
araticum (Rollinia sp.)
15
caliandra (Calliandra tweedii)
10
camboatá-vermelho (Cupania vernalis)
05
canela-do-brejo (Machaerium glabrum)
05
canjerana (Cabralea canjerana)
16
carobas (Jacaranda micrantha),
13
cedro (Cedrela fissilis)
16
louro (Cordia trichotoma)
14
guamirim
17
ingá (Inga semialata)
19
jerivá (Syagrus romanzoffiana)
30
murta (Blepharocalyx salicifolius)
15
palmito (Euterpe edulis)
20
No período houve continuidade das atividades rotineiras do viveiro da Ceran, em Nova
Roma do Sul..
5.1.1. Atividades do Viveiro de Nova Roma do Sul
Nos meses de janeiro e março não foram realizadas semeaduras. Já no mês de fevereiro
foram semeadas as seguintes espécies:
- angico-vermelho (Parapiptadenia rígida),
- ariticum (Rollinia sp.),
- canjerana (Cabralea canjerana),
- capororoca (Myrsine umbelata),
- chal-chal (Allophyllus edulis),
CR/C/RM/030/037/2007
198
- corticeira-da-serra (Erythrina falcata),
- figueira (Fícus sp.),
- guajuvira
- pitangueira (Eugenia uniflora),
- tarumã (Vitex megapotamica).
Foi realizada a repicagem de 9.129 mudas, sendo:
- 2648 araçás-vermelhos (Psidium cattleyanum),
- 40 araticuns (Rollinia sp.),
- 30 camboatá-vermelho (Cupania vernalis),
- 1.828 carobas (Jacaranda micrantha),
- 808 catiguás-morcego (Trichlia claussenii),
- 62 cedros (Cedrela fissilis) ,
- 361 figueiras (Ficus sp),
- 213 guabiju (Myrcianthes pungens),
- 450 guavirova
- 470 ingás (Inga semialata),
- 1.280 ipês-brancos (Tabebuia alba) ,
- 420 murta (Blepharocalyx salicifolius),
- 117 sete-capotes (Campomanesia guazumifolia),
- 324 tarumã
- 40 tarumãs-espinho (Citharexylum montevidense).
Também foi realizado o enchimento de 4.200 saquinhos de terra para a repicagem.
5.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
No próximo trimestre será dada continuidade para a produção de mudas no viveiro em Nova
Roma do Sul.
Também será elaborado o Projeto de Reflorestamento das APPs das UHEs Castro Alves e
14 de Julho.
5.3. Conclusões
O Programa de Reflorestamento é realizado em cumprimento as exigências de reposição
florestal e segue o cronograma de obras das usinas do Complexo.
CR/C/RM/030/037/2007
199
6. PROGRAMA DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIOS
6.1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos
Durante o primeiro trimestre de 2007 foi realizado o planejamento do desmatamento do
reservatório da UHE Castro Alves, com início previsto para o mês de maio.
Como não há benfeitorias na área de alague da UHE Castro Alves, não será necessária a
realização de desinfecção nas glebas a serem inundadas.
6.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Além do início do desmatamento da UHE Castro Alves, no próximo trimestre será
apresentado a Fepam o relatório da simulação da qualidade da água para os cenários de
desmatamento do reservatório da UHE 14 de Julho.
6.3. Conclusões
As atividades do Programa de Limpeza dos Reservatórios estão sendo realizadas de acordo
com o previsto no Plano Básico Ambiental.
CR/C/RM/030/037/2007
200
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