\ MAIS DE 22 ANOS DO INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL (19/04/83 A 24/06/05) Introdução Até à publicação do seu regulamento interno, em Junho de 2005, o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) foi regido, pelo menos em parte, pela lei orgânica de Abril de 1983. O presente documento, em circulação desde Fevereiro passado, pretende enquadrar os planos de actividades elaborados com base na nova estrutura organizativa. Para perspectivar o funcionamento desta nova estrutura, e dar maior visibilidade ao trabalho de cerca de cem cientistas, na sua grande maioria investigadores do quadro, convém conhecer a história do IICT durante estes mais de 22 anos. Assim, um relatório internacional de avaliação – de que o actual Ministro da tutela tomou a iniciativa vai para dez anos pelo - notou que desvalorizávamos a crescente interdisciplinaridade dos estudos sobre desenvolvimento. A lei orgânica de 2003 reduziu de forma drástica as chefias e, em 2004, os responsáveis pelos ex-centros aceitaram prescindir dos seus poderes. Como se vê no Quadro 1, passaram de oito para três, identificando-se outras tantas competências nucleares, no “Desenvolvimento Sustentável e Segurança Alimentar”, “Memórias e Identidades” e no “Acesso e Preservação do Património”), congruentes aliás com a estrutura recomendada no mesmo relatório internacional de avaliação. Este documento está dividido em quatro partes, além desta introdução e de uma conclusão que sustenta o plano de actividades em elaboração. A parte I descreve a transição para a interdisciplinariedade entre 1983 e 2004, registando uma evolução durante a qual as despesas com pessoal quadruplicaram apesar de o número de funcionários ter caído para cerca de metade. O Quadro 2 completa a correspondência das chefias constante do Quadro 1 através da correspondência entre antigos centros e programas para 2005. O 2 número da segunda coluna do Quadro 2 refere-se à ordem de apresentação das estruturas correntes nas partes II, III e IV (respectivamente Departamento de Ciências Naturais DCN, Departamento de Ciências Humanas DCH e Direcção de Serviços de Apoio DSA), mencionando-se ainda o número referido na primeira coluna quando as unidades são descritas abaixo (por exemplo, descreve-se o programa nº 7 antes dos ex-centros nº 9, 17 e 18). Também se incluem na primeira coluna algumas moradas mais emblemáticas para sugerir a direcção da concentração geográfica em curso. Na Parte II, constata-se que 4 programas e 17 projectos integram investigadores provenientes de 14 ex-centros, na Parte III vê-se que 3 programas e 7 projectos incluem investigadores de 7 ex-centros, enquanto na parte IV se descrevem os três serviços abertos ao publico. QUADRO 1 – CHEFIAS E COMPETÊNCIAS NUCLEARES DL nº 160/83 (Nº DE CENTROS, Nº DE MORADAS) DL 297/2003 (SIGLA) COMPETÊNCIAS NUCLEARES (SIGLA) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS (DCN) Departamento de Ciências da Terra (3, 3) DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL E SEGURANÇA ALIMENTAR (SUST) Departamento de Ciências de Engenharia Geográfica (3,3) Departamento de Ciências Biológicas (2,2) Departamento de Ciências Agrárias (7,7) Departamento de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas (5,4) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS (DCH) MEMÓRIAS E IDENTIDADES (MEM) Departamento de Ciências Etnológicas e Etnomuseológicas (2,1) Direcção de Serviços de Administração (1,1) DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO (DSA) ACESSO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO (PAT) Direcção de Serviços de Planeamento e Relações Externas (2,2) Ao contrário da estrutura antiga, a nova quer-se flexível e, como tal, susceptível de ser alterada e adaptada ao plano anual de actividades, de forma a assegurar uma constante emergência de programas e projectos com relevância 3 estratégica no quadro da investigação científica para as regiões tropicais e que, ao mesmo tempo, correspondam às exigências da cooperação para o desenvolvimento. Mais, a heterogeneidade das áreas científicas cobertas pelo IICT não permitiu desenvolver uma cultura de avaliação nem de interdisciplinaridade. A concentração de cerca de metade dos 24 ex-centros na rua da Junqueira e na tapada da Ajuda (sem prejuízo dos laboratórios de Oeiras e dos serviços abertos ao público no palácio dos condes da Calheta e no palácio da Ega) não criou uma dinâmica de mudança nas instalações periféricas. A expectativa de melhor utilização do palácio Burnay também se não concretizou, estando o destino do andar térreo entregue aos tribunais. No plano de actividades para 2005, os dois departamentos já estavam divididos em seis programas. Contudo, por causa da regulamentação tardia, os orgãos externos previstos ainda não foram inaugurados, pelo que passou despercebida a assunção da dimensão lusófona, em colaboração com a CPLP e outras entidades públicas e privadas, como os Ministérios da Economia e dos Negócios Estrangeiros. Como o plano de actividades em preparação prevê a criação de pelo menos cinco centros de actividades não integrados em departamentos, quatro dos quais vêm mencionados no Quadro 2 (AHU, CIFC, DES, FLOR com os números 9, 1, 6 e 2), destacam-se estes no texto mas tais modificações não constavam dos contributos solicitados aos responsáveis. O quinto, referente à fisiologia vegetal, funcionará no CIFC, pelo que é mencionado nessa altura. Talvez por causa do carácter marcadamente institucional deste documento, a sua elaboração obrigou a superar resistências à mudança por parte de interesses instalados nos vários centros e serviços, não raro acumuladas ao longo de todo o período em análise. Mas também permitiu registar a dedicação de muitas pessoas apostadas em renovar o IICT. 4 QUADRO 2 – CENTROS E PROGRAMAS Antigos Centros e sua localização 1.CG (Centro de Geologia) MNI Nº Programa para 2005 (SIGLA) 5. Ciências da Terra e Ambiente (DCN/TER) 2.CCM (Centro de Cristalografia e Mineralogia) MNI DCN/TER 3.CGEOG (Centro de Geografia) MNI DCN/TER 4.CGEOD (Centro de Geodesia) MNI DCN/TER 5.CC (Centro de Cartografia) JT DCN/TER 6.CF (Centro de Fotogrametria) JT DCN/TER 7.CZ (Centro de Zoologia) JT 8.CB (Centro de Botânica) JT 9.CA (Centro de Antropobiologia) JT 10.CEP (Centro de Estudos de Pedologia) JT 11.CEPTA (Centro de Estudos de Produção e Tecnologia Agrícolas) JT 4. Biodiversidade (DCN/BIO) DCH/HIST DCN/TER 3. Agricultura Sustentável (DCN/AGRI) 12.CETF (Centro de Estudos de Tecnologia Florestal) JT 2. Florestas e Produtos Florestais (DCN/ FLOR) 13.CEFA (Centro de Estudos de Fitossanidade do Armazenamento) JT DCN/AGRI 14.CIFC (Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro) OEIRAS = 1. DCN/CIFC 15.CVZ (Centro de Veterinária e Zootecnia) MNI 16.JMAT (Jardim-Museu Agrícola Tropical) CALHETA DCN/AGRI = 10. JMAT DSA * 17.CEHCA (Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga) JT 7. História e Cartografia (DCH/HIST) 18.CPHA (Centro de Pré-História e Arqueologia) JT 19.CSE (Centro de Sócio-Economia) JT DCH/HIST 6. Desenvolvimento Global (DES) 20.CEAA (Centro de Estudos Africanos e Asiáticos) JT 8. Sociedades e Culturas Tropicais (DCH/SOC) 21.AHU (Arquivo Histórico Ultramarino) EGA 22.CACS (Centro de Antropologia Cultural e Social) MNI = 9. AHU DSA 23.CEU (Centro de Etnologia Ultramarina) MNI 24.CDI (Centro de Documentação e Informação) CALHETA DCH/SOC = 11. CDI DSA As moradas não indicadas (MNI) são candidatas a concentrar actividades na zona Junqueira/Tapada (JT). 5 Parte I. Transição para a interdisciplinaridade Por uma orgânica flexível O Estado português conduziu a investigação, formação e capacitação sobre as regiões tropicais através de uma única instituição, como se pode ver em “Da Commissão de Cartographia (1883) ao Instituto de Investigação Científica Tropical (1983) – 100 Anos de História”. Exceptuada a medicina com a criação em 1902 do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, hoje integrado na Universidade Nova de Lisboa, a Comissão de Cartografia foi sendo ampliada e sucessivamente designada Junta das Missões Geográficas e de Investigações Coloniais (1936), Junta de Investigações do Ultramar (1945), Junta de Investigações Científicas do Ultramar (1973) e Laboratório Nacional de Investigação Científica Tropical (1979). Por imposições decorrentes das necessidades de reconhecimento de fronteiras e de delimitação de territórios, emergiram como prioritárias para a Junta as áreas da geodesia, da hidrografia e da topografia. Antes disso, a cobertura geográfica dos territórios coloniais constituiu um dos motivos que esteve na base da criação da Comissão de Cartografia. Arrastadas também por este pendor exploratório e visando dotar as potências europeias de um manancial significativo de conhecimentos sobre os seus territórios coloniais, a arqueologia, a antropologia, a etnologia, a história e a biologia viriam a sofrer idêntico impulso. Havia, por isso, que repartir a actividade científica por diversos domínios, nem sempre coincidentes, mas que correspondessem às necessidades de reconhecimento de novas áreas geográficas em distintas frentes do conhecimento, o que recomendou a adopção e manutenção de uma matriz organizativa dispersa, mas capaz de reunir um largo espectro de áreas científicas. A extinção do Ministério do Ultramar, além de aumentar a dispersão geográfica das instalações da Junta, obrigou a uma reinserção na administração pública, 6 oscilando as tutelas entre educação e ciência – em desfavor da cooperação. Assim, o Decreto-Lei nº 769-C/76, de 23 de Outubro, encarrega o Ministério da Educação de estudar a melhor orientação a dar aos serviços, no sentido de os adequar às novas necessidades de cooperação. Este diploma vem a ser complementado pelo Decreto-Lei nº 291/77, de 19 de Julho, e por uma Resolução de Conselho de Ministros, de 14 de Junho de 1978, que prevê, nomeadamente, a concentração geográfica dos serviços no Palácio Burnay, no primeiro andar do qual já está instalada a presidência. A ideia era dar continuidade a décadas de um árduo trabalho de reconhecimento científico da realidade tropical, acompanhado de esforços de capacitação científica e técnica das populações, promovendo um novo enfoque na cooperação. Com a publicação, em 31 de Dezembro, do Decreto-Lei nº 532/79, é criado um Laboratório Nacional com o objectivo de “promover e realizar a investigação científica e técnica no âmbito das regiões tropicais, cooperar com os países dessas áreas na resolução de problemas de carácter científico e técnico, bem como colaborar com eles na definição e execução de planos de preparação de pessoal investigador e técnico”. Para tal, são previstos cinco departamentos, definidos como “organismos especializados nos grandes ramos das ciências puras e aplicadas que integram e coordenam as unidades funcionais básicas de investigação e serviços sobre regiões tropicais”. A aprovação e publicação do Decreto-Lei nº 105/82, de 8 de Abril, introduz a designação actual, reformula as atribuições e acrescenta um sexto departamento, nos termos indicados na primeira coluna do Quadro 1 acima. Apesar da estrutura organizativa estar devidamente delineada, seria preciso aguardar mais um ano para que a mesma fosse regulamentada. Tal viria a acontecer na data do centenário da fundação da Comissão de Cartografia, em 19 de Abril de 1883, com a publicação do Decreto-Lei nº 160/83. Cada departamento passou a incluir Centros, a cada um dos quais competiam atribuições enumeradas no mesmo Decreto-Lei. Esta rigidez acentuou a divisão espacial das diferentes áreas científicas e deu pouco relevo à 7 interdisciplinaridade, quer na gestão da ciência e tecnologia (C&T) quer na arquitectura da maioria dos projectos de investigação e desenvolvimento (I+D). A orgânica rígida manteve-se depois da entrada em vigor do Decreto-Lei nº 297/2003, de 21 de Novembro, que só parcialmente revogou a lei orgânica anterior. A revogação deveria ser completada num prazo de quatro meses, mas o projecto foi interrompido pela reforma da administração pública entretanto decidida e optou-se por um despacho conjunto da tutela e do Ministro das Finanças em vez de um decreto regulamentar. A regulamentação mais flexível constante do despacho conjunto nº 32/2005 foi publicada em 24 de Junho. Não houve tempo para os investigadores se apropriarem da interdisciplinaridade da investigação científica tropical - na medida em que esta implica uma flexibilidade de todo ausente da sua prática diária. Para alguns, a transição em curso continua a ser mais uma ameaça do que uma oportunidade, como notado no relatório internacional de avaliação mencionada na introdução. Como se disse, este documento recolhe um resumo das actividades mais marcantes que ao nível da investigação foram concretizadas nos diversos domínios científicos em que actua o IICT. Cada uma das três partes inclui descrições dos actuais programas e ex-centros. A lei orgânica permite a criação de até dez centros de actividades, não integrados em departamentos, capazes de melhor apetrechar o IICT para a resolução de problemas concretos que, hoje, condicionam uma grande maioria dos países em desenvolvimento. Aprovado o regulamento interno, parece ter chegado a hora de usar este novo instrumento para acelerar a transição para a interdisciplinaridade, até porque de outro modo as resistências poderão endurecer, com grave prejuízo para a sustentabilidade dessa mesma transição. Por isso mesmo se vão criar, para além do CIFC e do DES, mais três centros de actividade, o AHU, FLOR e ECO-BIO, que sucede ao grupo de ecologia vegetal e bioquímica do programa AGRI. Como se disse, com excepção deste último, os novos centros são objecto de descrição autónoma nas partes II, III e IV. 8 A regulamentação flexível proposta em Fevereiro de 2004 à tutela vem indicada no Quadro 2 acima. Além da flexibilidade de um regulamento interno que infelizmente demorou quinze meses a ser publicado, a nova orgânica faz passar os serviços abertos ao público (Arquivo Histórico Ultramarino e JardimMuseu Agrícola Tropical, respectivamente nº 9 e nº 10 na segunda coluna) para a DSA, onde já se encontrava o Centro de Documentação e Informação (CDI, nº 13 na segunda coluna), as duas Direcções de Serviços referidas no Quadro 1 acima, a Divisão de Cálculo Científico e Informático e a Assessoria Jurídica. Estes serviços foram extintos pelo regulamento interno e substituídos por áreas da DSA, reorganizada em dois núcleos, o de apoio à investigação e o de gestão e administração. A facilidade com a qual se acordou na nova orgânica não deve surpreender. No Plano de Actividades para 2005, os programas incluídos nos departamentos científicos estão divididos em 24 projectos, ou seja, mais três do que o número de centros (excluindo os três serviços abertos ao público). Deduz-se do Quadro 2 acima que o programa TER (nº 5 na segunda coluna) agrupa sete antigos centros, enquanto os programas BIO e AGRI (nº 4 e nº 3 na segunda coluna) correspondem a dois e quatro centros, respectivamente e que os programas HIST e SOC (nº 7 e nº 8 na segunda coluna) agrupam dois antigos departamentos e três antigos centros cada um. O Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC, nº 1 na segunda coluna) manteve a sua designação e há dois centros que dão origem a programas, o Centro de Estudos de Tecnologia Florestal (CETF) ao FLOR (nº 2 na segunda coluna), e o Centro de Sócio-Economia (CSE) ao DES (nº 6 na segunda coluna). Nos dois casos trata-se de unidades com financiamento externo elevado e uma vocação interdisciplinar mais marcada. Como se ilustrou no Quadro 1, às chefias previstas no Decreto-Lei nº 297/2003 (DCN, DCH e DSA) correspondem três competências nucleares (SUST, MEM e PAT) congruentes com as propostas de restruturação colocadas desde meados 9 da década de 90. Às três competências nucleares correspondem oito tecnologias habilitadoras, assim designadas num relatório de auto-avaliação apresentado em Janeiro de 2005 no quadro de um diagnóstico sobre a problemática dos laboratórios de Estado, do qual resultou a sua desadequação perante o actual espaço europeu de investigação, desenvolvimento e inovação. Apesar de incompleto, certamente no que toca ao IICT, o relatório permitiu obter dados concretos das respectivas missões e competências técnicocientíficas de todas essas unidades tendo-se, para tal efeito, recorrido a uma metodologia baseada em matrizes. Com a ajuda do Conselho Científico, tornou-se possível fazer corresponder as três competências nucleares do IICT com oito tecnologias habilitadoras que no Quadro 3 vêm seguidas das siglas usadas nos quadros anteriores, para facilitar a correspondência. Ocorre notar que esta arrumação tripartida reflecte a aproximação entre as três chefias que marca o plano de actividades para 2005, e muito especialmente entre DCH e DSA. QUADRO 3 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE COMPETÊNCIAS NUCLEARES E TECNOLOGIAS HABILITADORAS Milhões Competências nucleares SUST MEM PAT Tecnologias habilitadoras Espectroradiometria TER € Custos 7 0,5 Análise geológica e mapping TER 10 0,7 Segurança alimentar AGRI 23 1,6 Produtos florestais FLOR 3 0,2 Bases de dados interactivas BIO 4 Informática e trabalhos de campo SOC 14 Redes e parcerias público-privadas HIST 19 Preservação e conservação do património Soma (investigadores em ETI) 47 33 11 0,6 31 1,5 1,3 7 0,1 49 6,5 80 10 Avaliação e renovação Foi a própria Presidência do IICT quem solicitou a primeira avaliação internacional, realizada por iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia com o apoio da Embaixada de França, em Lisboa, e que ocorreu entre finais do ano de 1993 e início de 1994. Logo nessa data, foram colocadas aos órgãos dirigentes do IICT e à sua tutela um certo número de considerações que foram objecto de um relatório posto à discussão no seio do IICT na altura em que foi produzido. No decurso do ano de 1997, o IICT recebe uma missão internacional de avaliação, no quadro da avaliação aos Laboratórios do Estado, decidida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Citou-se o respectivo relatório de avaliação na introdução a este documento. A renovação do IICT era, assim, esperada e sentida como indispensável para adaptar o organismo às transformações rápidas que entretanto se operavam no sistema científico e tecnológico nacional e no seu enquadramento europeu e internacional. Deixava de se justificar uma estrutura dispersa por áreas de investigação nem sempre comunicantes, encontravam-se em extinção. Acrescia a necessidade de responder aos problemas das regiões tropicais em termos tanto quanto possível interdisciplinares. A dispersão científica aliada às dificuldades decorrentes da circunstância de os recursos financeiros serem quase totalmente absorvidos pelos gastos com pessoal, não permitiu ao IICT assegurar presença nos países-alvo, nomeadamente lusófonos, para aí desenvolver uma maior actividade científica e de capacitação. Estes constrangimentos que estiveram também na base da apresentação de um número excessivo dos chamados projectos de inventário, quando a concorrência externa solicitava uma maior aposta na definição de projectos inscritos na resolução de problemas concretos das regiões tropicais, dificultaram igualmente a viabilização de candidaturas a programas de financiamento de C&T cada vez mais competitivos e exigentes. Com excepção 11 de algumas áreas e de alguns centros, estas dificuldades, fizeram-se também sentir na internacionalização do IICT, sobretudo porque, ao tratar-se de executar um mandato científico para as regiões tropicais, impunha-se uma maior presença, quer na procura de financiamentos externos destinados especificamente a essas regiões, quer na fixação de objectivos concretos e inscritos na resolução dos problemas desses países, quer ainda no estabelecimento de parcerias mais agressivas com as respectivas administrações e instituições públicas ou privadas locais. Apesar deste enquadramento, a esperada renovação do IICT só começou a materializar-se em Fevereiro de 2004, com a tomada de posse da nova Presidência, seguida em Março pela assinatura do convénio com a CPLP e em Junho pela extinção dos centros. A tardia regulamentação adiou a concretização da orientação por representantes de entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, como os indicados no Quadro 4, com a ressalva de confirmação dos convites feitos oralmente com base num despacho chamando o Presidente do IICT a presidir em nome do Ministério da tutela. Por outro lado, a lei orgânica abre também novas perspectivas que incluem o acesso ao património do IICT, em conformidade com o recomendado pela Cimeira de Ministros da Ciência da CPLP, realizada em 5 de Dezembro de 2003, no Rio de Janeiro e reiterada em Setembro de 2004 em Maputo. O IICT procura um maior e melhor relacionamento com organizações internacionais, e assim, prevê-se que o Banco Mundial e a Comissão Europeia venham a integrar a Unidade de Acompanhamento, como indicado no Quadro 4. Aos nomes dos representantes das instituições que foram informalmente abordados para integrar estes órgãos (e que poderão entretanto ter mudado de serviço, como aconteceu com o anterior presidente do IPAD, nomeado Embaixador em Argel no Verão de 2004), devem acrescentar-se os antigos presidentes do IICT e dos organismos que o precederam. Também foi feita uma abordagem ao Ministério das Finanças, para ter assento na unidade de acompanhamento, na pessoa do Dr. Mário Lobo. 12 A Presidência tem procurado materializar, na prática, a flexibilidade da nova lei orgânica reunindo regularmente as chefias na chamada Direcção (27 reuniões antes da publicação do regulamento). Numa tentativa de criar consensos estratégicos, alargou-se este órgão informal aos membros eleitos da Comissão Coordenadora, que inclui dois vogais por departamento além da presidência do Conselho Científico e as chefias dos dois departamentos, por inerência (Quadro 5 ). Pouco depois da mudança de tutela, em 3 de Março, foi designado novo Vice-Presidente do Conselho Científico, que contudo ainda não tomou posse. Depois de suscitar a 7ª reunião da Direcção alargada à Comissão Coordenadora em 13 de Abril, o Presidente do Conselho Científico pôs termo às reuniões por carta ao Presidente do IICT, sem sugerir outro instrumento de relação institucional que pudesse substituir um mecanismo informal que facilitara durante mais de um ano a renovação do IICT. O Presidente do IICT continua a assistir, como investigador, aos plenários do Conselho Científico e a informação circula pela página web do IICT mas o efeito negativo da suspensão unilateral do diálogo foi aparente no envio à tutela, pouco depois, de um Plano Quinquenal prometido à Presdência no contexto da preparação do Plano de Actividades para 2005. Para além do aspecto formal do envio directo de um documento incompleto e baseado em critérios diferentes dos do Plano de Actividade para 2005 e do relatório de autoavaliação sumariado no Quadro 3 acima, não se incorporaram ainda os comentários em Plenário Pior, arrisca-se a dificultar a elaboração do Plano de Actividades para 2006, revertendo-se para o período mais remoto durante o qual os investigadores não tinham estruturas representativas eficientes. A estrutura tripartida da direcção procura reflectir a transição em curso, com o objectivo de se caminhar para um menor número de projectos que deverão enquadrar equipas pluridisciplinares, de maior dimensão, capazes de atrair maior percentagem de financiamento externo. Para além da supervisão dos serviços abertos ao público, por delegação do Presidente, a DSA tem como missão a 13 gestão administrativa, financeira e patrimonial dos recursos humanos e materiais do IICT. QUADRO 4 - PARTICIPAÇÃO PREVISTA NOS NOVOS ORGÃOS Conselho de Orientação MNE Dr. Iglésias Soares (IPAD) MEconomia Dr. Antas Teles (ICEP) CSCTI Prof. João Caraça CPLP Emb. Luís Fonseca ELO Dr. Filipe Botton OCDE* Emb. Basílio Horta Fundação Portugal África* Dr. Hélder Oliveira Unidade de Acompanhamento Banco Mundial Dr. Carlos Braga (Genebra) Comissão Europeia Dra. Lídia Barreiros (DG-DEV) * Plano de actividades para 2005 QUADRO 5 – MEMBROS DA DIRECÇÃO e da COMISSÃO COORDENADORA DIRECÇÃO Presidente Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo Vice-Presidente Dr. António Melo Directora dos Serviços de Apoio (DSA) Drª. Conceição Casanova Director DCN Engº. António Eduardo Leitão* Directora DCH Doutora Ângela Domingues** COMISSÃO COORDENADORA DO CONSELHO CIENTÍFICO Presidente (DCN) Doutor Alfaro Cardoso Vice-Presidente (DCH) Doutora Margarida Lima de Faria*** Vogal 1 (DCN) Doutora Maria Ondina Figueiredo Vogal 2 (DCN) Doutora Maria José Vasconcelos Vogal 1 (DCH) Drª Maria Clara Saraiva Vogal 2 (DCH) Dr.Vitor Gaspar Rorigues * tomou posse em 14/03/2005 e pertence, por inerência, à CCCC ** despacho de 07/04/2005 e pertence, por inerência, à CCCC; iniciou funções em 22/06/05 *** designada por unanimidade no CC de 03/03/2005, deve tomar posse em Setembro 14 Como se diz no Plano de Actividades para 2005, a reestruturação da DSA engloba ainda a implementação de um programa de tratamento e divulgação do espólio do IICT, nomeadamente através da utilização de meios informáticos para a catalogação e indexação das espécies bibliográficas e arquivísticas e para a inventariação dos bens museológicos, através da criação de uma política de preservação, bem como através da promoção de eventos culturais e projectos expositivos. No que respeita à valorização e salvaguarda do património, pretende-se aumentar a sua acessibilidade e a melhoria e eficácia da sua divulgação, através de acções públicas (exposições, acções culturais e outras), empréstimo e cedência de publicações a outras instituições, etc.. No âmbito destes programas, a cooperação com as regiões tropicais, facultando a consulta do acervo por técnicos e investigadores de outros países da CPLP, promovendo estágios de formação e aumentando o número de acções técnicas e culturais em regiões tropicais é também um dos objectivos a alcançar. Por outro lado, e de acordo com o que vem referido no Contributo para a avaliação do IICT, a implementação deste programa de inventariação, catalogação e indexação do património, tornando possível a sua disponibilização em formato digital normalizado, permitirá a sua divulgação e o acesso global a um espólio de grande valor para a investigação tropical e especificamente direccionado para um melhor conhecimento das sociedades e culturas lusófonas. Há que apostar naquilo em que o IICT pode levar o público português e lusófono a encarar assuntos globais com olhos tropicais. Tal desiderato deu lugar a uma série de artigos de divulgação na Revista África Hoje e, mais recentemente, na Africa Today (secção Foco Tropical) e na Nova Cidadania (secção Presença Lusófona) que se podem consultar em linha. 15 Também se menciona no mesmo relatório, de Maio de 2004, a formação dos recursos humanos do IICT, com vista a melhorar a qualificação dos quadros técnicos, a incrementar a sua participação em acções de formação e a rentabilizar os recursos financeiros, através do aumento de receitas próprias nos serviços ao utente. Elaborado este breve resumo da orgânica do IICT, bem como da transição em curso, importa, agora, proceder a uma revisão dos meios que foram colocados à sua disposição para o desempenho das missões que lhe estão consignadas. Recursos financeiros e meios humanos Reunindo dados dispersos por Anuários de Actividades, o primeiro dos quais publicado em 1986 e Relatórios de Actividades, cujo primeiro exemplar apenas foi preparado no ano de 1987, bem como elementos obtidos directamente na DSA, foi possível coligir um conjunto de informações respeitantes aos recursos financeiros e aos meios humanos do IICT, entre 1983 e 2004, que se resumem no Quadro 6. QUADRO 6 – RECURSOS FINANCEIROS E MEIOS HUMANOS Tot staff 1000€ % pess (s/bolseiros) % invest sal med € 1983 3993 69% 404 27% 6,819 1993 10206 59% 421 15% 14,290 2003 8452 76% 274 23% 23,350 2004 8016 72% 251 25% 23,028 txa 93/83 9% 0% 7% txa 03/93 -2% -4% 5% txa 04/03 -5% -9% -1% Fonte: Quadros Anexos I e II Ressalta da primeira coluna de dados (tot) que as despesas passam de 4 para 8 milhões de euros (em escudos correntes quadruplicam) e da segunda coluna (% pess) que os recursos financeiros foram absorvidos, na sua maior parte, 16 pelos vencimentos dos seus funcionários. A percentagem das despesas de pessoal é mínima em 1995 e máxima em 2001, ao passo que, após um valor máximo atingido em 1991, os efectivos não pararam de descer até 2003. Na terceira coluna, excluíram-se os bolseiros e na quarta indica-se a percentagem de investigadores (% inv), que ronda ¼ do total de efectivos e apresenta um padrão em U, com um mínimo em 1998. A última coluna revela o espectacular aumento do salário médio e nas três últimas linhas incluem-se taxas de crescimento anuais para as duas décadas bem como para 2003/04. O aumento do salário médio reflecte ajustamentos que se verificaram na maioria das carreiras da administração pública, que provocaram, não só reclassificações nominais, como também acertos remuneratórios consideráveis. Aumento da despesa Uma análise mais atenta permite verificar que o crescimento mais acentuado registado nas chamadas despesas de capital entre os anos de 1992 a 1998 se explica por financiamentos específicos irrepetíveis. Um desses financiamentos decorre de um Protocolo, assinado em Outubro de 1991, entre o Instituto Marquês de Valle Flor e o IICT, mediante o qual o primeiro contribuiria para as despesas inerentes à mudança de instalações que o IICT ocupava, então, no Palácio Valle Flor. Este protocolo previa verbas para obras de beneficiação das instalações que o IICT detinha no nº 30 da Rua da Junqueira. É esse o motivo que explica o aparecimento, nos orçamentos dos anos de 1992 e 1993, de duas entradas de capital que atingiram um valor total de cerca de 554.000 euros para a realização daquele objectivo, de acordo com dados publicados nos Relatórios de Actividades desses anos. Também entre os anos de 1993 e 1998, o IICT recebeu verbas significativas da Missão de Macau e do Centro Científico e Cultural de Macau. Totalizaram estes financiamentos, ao longo do período mencionado, um montante global de 6.653.000 euros, que foram aplicados na construção do Museu Histórico de Macau e do Pavilhão de Macau no AHU, destinado à instalação do Arquivo de Segurança da Documentação Histórica de Macau. 17 Na realidade, essas verbas facilitaram a realização de um programa integral de recuperação, remodelação e reconstrução do edifício anexo ao Palácio da Ega, onde se encontra o AHU, o que permitiu um incremento muito expressivo das suas áreas de actuação, bem como uma melhoria das condições gerais de reapetrechamento e acomodação dos documentos que se encontram à sua guarda. Os financiamentos referidos permitiram, igualmente, a construção do Museu Histórico de Macau, que resultou de uma cedência do IICT de parte do edifício da Rua da Junqueira nº 30, para instalação daquele Museu, o que obrigou à alteração do projecto inicialmente pensado para instalar os serviços administrativos e o CDI. Este viu-se, assim, obrigado a continuar nas instalações degradadas que ocupava e de onde apenas veio a sair em 2002, para a sua actual localização, no Palácio dos Condes da Calheta. Esta reinstalação tornou-se possível pela formalização de um Protocolo subscrito pelo IICT, o Instituto Marquês de Valle Flor e a Sociedade Agrícola Valle Flor, através do qual esta última atribuiu, a título de compensação pelas despesas inerentes com esta transferência, o montante de 175.000 euros, o que permitiu que o CDI tenha passado a dispor de um espaço digno do vasto e valioso património bibliográfico e documental que se encontra à sua guarda. A partir do ano de 1991, inicia-se um esquema regular e mais consistente de financiamento baseado em projectos, passando, a partir daí, a registar-se um fluxo regular e contínuo de fundos com origens igualmente bem identificadas – financiamento comunitário, o Programa Ciência, que beneficiou o IICT até 1994, e o Programa PRAXIS XXI, de 1995 até 2000. Ainda relativamente a este ponto, regista-se, no que respeita ao financiamento de projectos de investigação, uma inversão de tendência a meio do período que separa os anos de 1991 e 2003. Até 1997 as verbas obtidas tinham como proveniência projectos com financiamento comunitário e a partir desse mesmo ano começam também a registar-se financiamentos nacionais, provenientes, 18 sobretudo, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). E é precisamente a partir de 1997 que se verifica a mencionada inversão, isto é, os recursos obtidos de projectos apresentados a financiamento nacional superam os que são submetidos à UE. Nestes últimos, contudo, verifica-se um acentuado decréscimo a partir de 1998 e até final do período em análise. Deste grupo de receitas extraordinárias, os primeiros fluxos financeiros a beneficiar o IICT têm, assim, origem no Programa “Ciência”. Este Programa, negociado no âmbito do Primeiro Quadro Comunitário de Apoio, teve como uma das preocupações fundamentais criar condições para o desenvolvimento científico e tecnológico do país e ultrapassar certos estrangulamentos do sistema, quer a nível de recursos humanos, quer de infraestruturas. Projectos apresentados ao “Ciência Infraestruturas”, assumiram relevância pelos montantes envolvidos e pela importância das actividades científicas que vieram a permitir. Um deles resultou da proposta de criação de uma “Rede Nacional de Estações de Processamento Digital de Imagens Integradas no Sistema Nacional de Informação Geográfica”. A implementação desta rede implicou a aquisição de um conjunto de sete Estações Gráficas Interactivas para integrar uma rede nacional de processamento digital de imagens, com o objectivo principal de contribuir para o “reforço da capacidade científica no domínio da informação por detecção remota na caracterização dos recursos naturais e do estado do ambiente”. Há ainda a destacar o projecto “Meios de Equipamento para o Desenvolvimento e Aplicação das Modernas Técnicas de Geodesia com particular incidência na aplicação de técnicas espaciais”. Tratouse de uma iniciativa que visava a aquisição de meios de equipamento de elevada precisão, destinados a permitir o desenvolvimento das mais avançadas técnicas de geodesia e que contou com a aquisição, entre outros instrumentos, de 6 receptores de sinais de satélites NAVSTAR/GPS, do Sistema Global de Posicionamento. 19 Acresce a estes grandes investimentos a construção do Centro de Investigação Agrária Tropical (CIAT) que ficou, assim, integrado num edifício construído de raiz na Tapada da Ajuda, em Lisboa, e que permitiu ao IICT e ao Instituto Superior de Agronomia um desenvolvimento significativo das actividades de investigação, ensino e aplicação científicas, no âmbito das Ciências Agrárias. O Prof. José Eduardo Mendes Ferrão, que tem colaborado com o IICT ao longo de toda a sua carreira, dispôs-se a participar no CIAT. Ao mesmo tempo, ficava reforçado um eixo importante da cooperação com os países alvo. Terminado o período de vigência do Primeiro Quadro Comunitário de Apoio, durante o qual se desenrolou o “Ciência”, veio a suceder-lhe o Programa PRAXIS XXI que constituiu a peça central de intervenção do Plano de Desenvolvimento Regional na área da Ciência e Tecnologia no âmbito do Segundo Quadro Comunitário de Apoio. À semelhança de outras entidades de I+D, de novo o IICT vem a beneficiar de financiamentos com esta origem. Inicia-se, por isso, uma nova série de apoios regulares, como contrapartida de projectos que as diversas unidades do Instituto haviam submetido ao PRAXIS XXI, entre 1995 e 2000. Uma dessas candidaturas resultou da necessidade de se terminarem as obras do CIAT que, assim, viu concluída a sua instalação. Também vale a pena referir, pelos montantes que no mesmo foram aplicados, um projecto que não se dirigiu às áreas tropicais, o projecto “Mecanismos de Adaptação Parasita/Hospedeiro em Populações Locais de Caprinos da Ilha Terceira – Dinâmica de Infecção e Resistência Antihelmíntica”. Outro projecto a mencionar refere-se à informatização do AHU, através do levantamento das fontes históricas aí existentes, a sua introdução em base de dados própria e a publicação de instrumentos de descrição (em suporte de papel e em suporte electrónico). O projecto “Guia de Fontes Documentais para a História das Antigas Colónias Portuguesas do Séc. XVI a 1833” veio, deste modo, a desenvolver-se com regularidade, tendo dotado o AHU de uma ferramenta 20 essencial que, em muito, contribuiu para facilitar a disponibilização e o acesso às fontes históricas que integram o seu vasto e valioso espólio. Em paralelo com estas acções, suportadas pelo Programa PRAXIS XXI, o IICT veio ainda a beneficiar, também como contrapartida de projectos apresentados no âmbito de um programa complementar daquele e designado “Apoio à Investigação Tropical”, de outros financiamentos importantes, que continuam a explicar os fluxos financeiros que temos vindo a enumerar e que subsidiaram múltiplas actividades de investigação desenvolvidas entre 1991 e 2000. No que respeita a Programas financiadores de projectos, valerá a pena fazer aqui referência aos conhecidos Programas STD (Science & Technology for Development) da Comissão Europeia que, ao longo dos primeiros anos da década de 1990, contribuíram, de forma considerável, para o suporte de alguns projectos de investigação submetidos a financiamento externo pelo IICT, sobretudo na área das Ciências Agrárias. Ressalta ainda que as chamadas despesas de funcionamento mantêm-se ao longo de todo o período. A dispersão geográfica do IICT parece apontar para uma incapacidade estrutural em diminuir um conjunto importante de custos fixos. O crescimento acentuado das despesas de capital apresentadas pelas diversas unidades do IICT explica-se assim por financiamentos extraordinários e quase só destinados a infraestruturas. Pelo contrário, os financiamentos obtidos como contrapartida de projectos não revelam dinamismo, mesmo se admitirmos que, sobretudo no início do período, houve muitos projectos financiada com verbas do PIDDAC. Importa salientar que a panorâmica evolutiva registada no Quadro 6 contabiliza os valores a preços correntes, a despeito da conversão para euros à taxa média anual. Apesar disso, nestes últimos 20 anos, verifica-se uma acentuada dominância dos gastos com pessoal, o que, associado à fraca capacidade de 21 mobilização de recursos de outras fontes de financiamento externas, como é o caso dos projectos de investigação, parece configurar uma situação de inércia. Os valores apresentados resultaram da informação que foi possível recolher, não havendo dados mais sistematizados e organizados, relativamente aos projectos de investigação que receberam subvenções de diferentes origens. No vertente, só em 2005 foi criada uma unidade orgânica a quem todo o processamento desse tipo de informação foi atribuído. Carreiras e sua evolução A divisão apresentada no mesmo Quadro 6 reparte-se pelos grupos de pessoal em que, usualmente, se classificam os efectivos de um qualquer serviço da Administração Pública, acrescentando-se, no caso do IICT, o grupo dos “colaboradores”. A instituição contou sempre com a colaboração de professores universitários que, na sua maioria, se encontravam a dirigir centros de investigação, não resultando daí encargos para o IICT. Neste grupo são igualmente contabilizados investigadores que, embora tendo passado à situação de aposentação, continuam a colaborar com o IICT e, assim, a contribuir para o funcionamento das diversas unidades de investigação. De um total de 404 efectivos em 1983, regista-se um crescimento contínuo e sustentado do número de funcionários até 1991, ano a partir do qual se inicia um percurso descendente que se acentuou no decurso destes últimos anos. De 1999 até 2004 regista-se uma diminuição superior a 100 efectivos e que se reparte, praticamente, por todos os grupos considerados. O número de bolseiros, disponível nas fontes consultadas, é relativamente baixo supondo-se que os quantitativos tenham sido superiores aos valores apresentados. Os números apresentados no grupo “além quadro” podem assumir valores anormalmente elevados. Contudo, aí se encontra incluído pessoal de diversas carreiras que, mais tarde, veio a ser integrado no Quadro de Pessoal por força 22 de diplomas legais aprovados nesse sentido e válidos para toda a Administração Pública. Um desses grupos é o pessoal da carreira de investigação – estagiários e assistentes de investigação – que posteriormente vieram a ser integrados no quadro, à medida que progrediam na carreira. Tal situação resulta do próprio Estatuto da Carreira de Investigação, estabelecido pelo Decreto-Lei nº 415/80, de 27 de Setembro, que define e estrutura a carreira de investigação científica, e que foi depois revogado pelo Decreto-Lei nº 219/92, de 15 de Outubro que procura “aproximar” as carreiras dos investigadores científicos e dos docentes universitários, por forma a assegurar “uma mais fácil mobilidade dos cientistas no seio do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”. Foi, assim, igualmente, instituído em cada organismo, um Conselho Responsável pelas Actividades de Formação (CRAF), “assimilável, para efeitos de progressão na carreira, aos conselhos científicos das faculdades, e do consequente aperfeiçoamento do sistema das provas de acesso às várias categorias”. Se bem que esta legislação tenha, entretanto, sido revogada, as situações descritas continuam conformes com o disposto pelo art. 62º do Decreto-Lei nº 124/99, de 20 de Abril, que mantém o regime previsto na legislação acima referida, no que respeita “ao modo de progressão na carreira dos estagiários e assistentes de investigação”. Este último diploma vem ainda proceder ao aperfeiçoamento e ao ajustamento de alguns dos normativos anteriores, expressando, no seu preâmbulo, que o Conselho Científico passa a ser o órgão, por excelência, de debate e de coordenação das actividades científicas de cada instituição, passando a ser considerado como “charneira de toda a estrutura de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, eliminando-se o CRAF”. Foi assim que, também no IICT, se procedeu à elaboração do primeiro Regulamento do Conselho Científico, em conformidade com o disposto, quer pelo já mencionado Decreto-Lei nº 124/99, quer pelo previsto no Decreto-Lei nº 125/99, de 20 de Abril, que regulamenta o regime jurídico das instituições de 23 investigação científica e tecnológica. A primeira Presidência de um tal orgão veio, deste modo, a tomar posse em 26 de Janeiro de 2000, tendo sido integrada pelas investigadoras coordenadoras, Doutora Maria Ondina Figueiredo e Dra. Maria Adélia Diniz que se mantiveram em funções até à posse do novo Conselho Científico, em 6 de Julho de 2004, integrado pelo investigador principal, Doutor Alfaro Cardoso e pelo investigador auxiliar, Doutor Jasmins Rodrigues que se demitiu em Fevereiro de 2005. O Quadro 5 acima inclui os actuais membros da Comissão Coordenadora, bem como a sua filiação departamental. Como se referiu, há também pessoal de outras carreiras incluído no grupo “além quadro” e que acabou por ser integrado. É o caso do pessoal incorporado ao abrigo do Decreto-Lei nº 81-A/96, de 21 de Junho e do DecretoLei nº 195/97, de 31 de Julho, que vieram facilitar a regularização de muitas situações de efectivos da Administração Pública que “desempenhavam funções correspondentes a necessidades prementes dos serviços e que continuavam numa situação de precariedade que se revelava necessário ultrapassar”. Constituem este contingente os conhecidos casos dos chamados “recibos verdes”, tarefeiros, contratos de prestação de serviços, etc., que foi possível integrar após alguns anos de situação irregular. A sua evolução mostra que os quantitativos deste grupo são decrescentes e que, devido às razões acima invocadas, sofrem uma acentuada redução, a partir de 1998. Os valores apurados da forma acima descrita revelam, para além dos comentários já avançados, que o Quadro de Pessoal do IICT diminuiu, neste espaço de vinte anos, para praticamente metade dos seus efectivos. O número de investigadores acompanha, quase que proporcionalmente, esta descida. A evolução dos restantes grupos não parece tão gravosa quanto a dos Investigadores, se perspectivarmos esta análise dos recursos humanos em função da necessidade de se caminhar para uma maior racionalidade quantitativa, em função daquilo que deve constituir, hoje, a missão central do 24 IICT. O grupo do pessoal “operário ou auxiliar” pode apresentar valores algo elevados para o que seria desejável. No entanto, será necessário observar que se trata de um grupo essencial na manutenção, entre outras, de actividades de investigação científica que exigem o desempenho de tarefas complementares, coadjuvantes daquelas, mas indispensáveis para a sua integral realização. O pessoal administrativo também apresenta valores decrescentes ao longo do período. A redução é assim nítida em todos os grupos de pessoal, havendo, no entanto, alguns desses grupos que estabilizam, especialmente, a partir de meio do ciclo em estudo. É o caso dos técnicos superiores, técnicos profissionais e administrativos. Estas tendências, conjugadas, permitem concluir que a redução do número de investigadores se afigura mais consistente do que parece à primeira vista, podendo ser explicada por razões que se apresentam interrelacionadas – aumento gradual e constante da faixa etária e consequente saída por motivo de aposentação, aliada à não renovação, por impossibilidades de admissão e de recrutamento de novos investigadores. No seu conjunto, esta situação reflecte certos bloqueios que têm condicionado o desenvolvimento e o aumento de eficiência de muitos dos serviços enquadrados na nossa Administração Pública. A maioria dessas condicionantes encontra-se há muito identificada e o IICT não representa, neste aspecto, nenhum caso de excepção. Não cabendo enumerar essas dificuldades, poderá, entretanto, salientar-se que, desejavelmente, deveria dispor-se, hoje, de um quadro de investigadores renovado, que permitisse uma progressiva regeneração das competências científicas da instituição, em especial quando se pretende apetrechá-la dos recursos indispensáveis ao desenvolvimento de actividades de cooperação baseada no conhecimento, com países e entidades das regiões tropicais. Novamente, no caso dos recursos humanos, se denotam os constrangimentos já mencionados na análise efectuada para os recursos financeiros. A dispersão 25 geográfica obriga, aqui também, a múltiplas exigências, responsáveis por um acréscimo de recursos, que poderia ser evitado se a situação fosse diversa. O chamado apoio administrativo viria, assim, a ter uma expressão mínima, mais adequada e compatível com o dimensionamento correcto e actual de um organismo de investigação científica se a já citada dispersão se não verificasse. O número total de lugares do quadro associado ao Decreto-Lei nº 160/83 é de 423, o que manifestamente se pode considerar um valor elevado num organismo de investigação científica. No entanto, destes lugares, apenas se encontram ocupados ou providos 214, o que evidencia uma redução substancial já operada pelas razões que atrás procurámos indicar, mas que foi induzida por motivações que podemos classificar como causas naturais, não tendo correspondido, assim, a nenhum mecanismo interventivo que pudesse actuar como corrector da situação. O envelhecimento e o aumento gradual das médias etárias, notados no quadro de pessoal do IICT, conjugado com a impossibilidade de renovação através de novas admissões, constituíram um sério constrangimento à dinâmica interna de toda a sua actividade. Mesmo a entrada para o quadro de muitos dos investigadores que se encontravam contabilizados, na análise anterior, no grupo “além quadro”, não atenuou este problema, pois, para além de estes se encontrarem vinculados ao IICT há um tempo considerável, a sua faixa etária era também elevada na maior parte dos casos. A organização e a gestão da C&T devem concentrar os seus esforços na formação de núcleos homogéneos de investigação, a partir dos quais seja, sobretudo, possível promover a excelência. Tal, porém, exige a constituição de estruturas de apoio bastante mais agilizadas e flexíveis, que libertem as instituições de muitas das actuais inércias, permitindo-lhes, dessa forma, adquirir uma dimensão mais compatível com a missão que prosseguem. 26 Investigação, formação e capacitação Traçada a evolução operada, quer a nível de recursos financeiros, quer a nível dos meios humanos, registam-se, sucessivamente, as actividades de investigação, formação e capacitação que foram postas em prática com esses mesmos instrumentos. Os centros de investigação do IICT sempre executaram o seu mandato em torno da realização de programas de I+D, de acções de apoio técnico e científico, bem como através da realização de acções de formação. Por outro lado, a participação activa de muitos agentes do Instituto em reuniões científicas nacionais e internacionais, a própria realização interna de reuniões deste tipo, a organização de exposições e outras manifestações de ordem cultural, a divulgação do seu vasto e valioso património, complementada, ainda, por uma intensa actividade editorial, constituem actividades que, ao longo destes anos, continuam a ser sustentadas e sistematicamente concretizadas pelo IICT. De novo nos socorremos dos dados contidos nos Relatórios de Actividades para apresentar a evolução sofrida pela componente de investigação prosseguida no IICT no âmbito dos seus seis Departamentos. Como, porém, esses relatórios só começaram a ser preparados a partir de 1987 e os dados relevantes para esta análise apenas se encontram sistematizados no relatório do ano seguinte (1988), somente poderemos enquadrar os projectos realizados desde esse ano. No quadro Anexo III figura, por isso, o número de projectos concretizados por cada Departamento entre 1988 e 2003. Deverá, contudo, salientar-se que se trata de acções com uma duração plurianual, o que não permite calcular a taxa de execução reportada a cada ano com base nos dados disponíveis nas fontes consultadas. Ainda assim, somando os valores respectivos ao longo dos 16 anos chega-se à média, sem dúvida baixa, de 18%. 27 Uma grande percentagem dos projectos realizados tentou responder a solicitações dos países alvo, nomeadamente, através da concretização de objectivos destinados a auxiliá-los a enfrentar os desafios da reconstrução das infraestruturas materiais, e onde certamente a formação de quadros assumiu uma preocupação dominante. Na realização destes projectos esteve presente, com frequência, a cooperação com outras instituições nacionais, entre as quais se destacam o Instituto Superior de Agronomia, o Instituto Cultural de Macau, a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, diversas Universidades e Institutos Politécnicos, bem como o então Instituto da Cooperação Portuguesa, actual IPAD. Dentro das Ciências Naturais, o antigo Departamento de Ciências Agrárias dominou, seguido de perto pelo de Biológicas. Dos restantes, verifica-se que o antigo Departamento de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas e o da Terra assumem a posição imediatamente a seguir com quantitativos semelhantes. O mesmo se regista nos outros dois antigos Departamentos que igualmente se assemelham no número de projectos realizados. A importância das Ciências Agrárias e a evidência que se nota na actividade deste Departamento não é estranha ao facto de que se trata de uma área de investigação vital ao desenvolvimento económico e social dos países das regiões tropicais, sendo, também, um domínio científico em que o IICT possui um património de conhecimento consolidado que não parou de enriquecer ao longo de todo o nosso relacionamento com aqueles países. É, aliás, nesta área que o IICT contou, quase sempre, com cerca de metade da sua força de trabalho, entre a qual se encontravam tropicalistas do mais alto nível, com conhecimento profundo do clima, dos solos, das culturas e das exigências que a interconexão de todas estas variáveis coloca à parametrização de uma agricultura sustentável, hoje considerada como absolutamente essencial para assegurar o progresso daqueles países. 28 O número de projectos sofreu uma diminuição superior a metade do valor inicial. De um total de 246 projectos realizados em 1988, passou para 110 em 2003 e essa redução ocorre, de uma forma mais significativa, num período em que o IICT obteve financiamentos externos significativos. Não parece, assim, que a diminuição verificada represente um decréscimo de massa crítica, antes sugerindo uma maior capacidade do Instituto e dos seus centros, na formulação de projectos que emergiram em diversas áreas e que se constituíram como verdadeiramente estruturantes nos respectivos domínios de actuação. A tendência decrescente revela-se nos dois Departamentos que eram mais expressivos no início do ciclo mas a redução do número de projectos parece indicar uma melhor preparação das candidaturas e uma menor apetência por micro projectos que, apesar de tudo, continuam a preencher a actividade científica de certas instituições, e também do IICT. Embora não tenha sido possível obter dados seguros, presume-se que, numa elevada percentagem de casos, estes projectos de investigação, levados a cabo pelos diversos centros do IICT, contivessem uma componente de formação e esta, na verdade, foi sempre concretizada com um duplo objectivo. Por um lado, desejava-se que o IICT fosse o veículo privilegiado da formação de uma, tão essencial quanto desejada, nova geração de investigadores tropicalistas portugueses, tendo em vista a manutenção e o reforço da presença portuguesa, sempre solicitada pelos responsáveis africanos e amplamente desejada por Portugal. Por outro, sempre se considerou de extraordinária importância que o IICT pudesse dar continuidade e a maior atenção à formação técnico-profissional de pessoal proveniente dos países alvo, apoiando, de forma activa e continuada, na obtenção de licenciaturas, mestrados e doutoramentos, para além de outros programas de formação profissional. O Quadro 7 mostra a evolução da componente “formação” no conjunto das actividades do IICT, entre 1987 e 2003, dividida em: 29 • estágios de curta, média e longa duração para investigadores e técnicos dos países alvo; • intervenção formativa, in loco, através do apoio às universidades e outras instituições de ensino superior dos países alvo; • orientação de dissertações, quer de pessoal da carreira de investigação do IICT, quer de técnicos ou investigadores dos países alvo. O predomínio do DCN é menor no que toca às acções de formação do que quanto aos projectos de investigação. Centrando a comparação no período mais recente, a diferença torna-se ainda mais notória, permitindo dizer que só nessa matéria é que o DCH está acima da diferença numérica dos investigadores, ficando abaixo em publicações e mais ainda em projectos de investigação. Acrescente-se que, em diversos relatórios de avaliação, se indicou a meta de uma publicação internacional por investigador/ano, a qual parece próxima da média verificada em 2001/2003, que é de 0,80, mas com uma grande disparidade entre departamentos, uma vez que a meta foi já atingida no DCN, mas no DCH é de apenas 0,30. QUADRO 7 – COMPARAÇÕES INTER-DEPARTAMENTAIS DCH DCN TOTAL 30% 70% 2001 18% 82% 2950 Acções de formação 35% 65% 368 Projectos 21% 79% 349 Publicações 27% 73% 449 Número de investigadores 32% 68% 85 (1997/2003) Acções de formação (1998/2003) Projectos (2001/2003) Fonte: Dados dos Quadros Anexos III e IV, op cit. 30 Além das acções de formação, que ocuparam um lugar importante na actividade geral da instituição, são inúmeros os convénios firmados com instituições nacionais e internacionais, que permitiram ao IICT consubstanciar uma grande maioria dessas actividades de cooperação. Vale a pena reter aqui alguns deles, pela importância que tiveram para o IICT e para o país, denotando potencialidades relevantes para uma intervenção eficaz junto dos países das regiões tropicais e para a resolução de múltiplos dos seus problemas. Exemplo disso é o apoio dado à cafeicultura no continente americano, viabilizada por um convénio assinado com o “Instituto Interamericano de Cooperacion para la Agricultura (IICA)” ao abrigo do qual o CIFC prestou assistência científica especializada ao “Programa Cooperativo para la Protección Y Modernización de la Cafeicultura en Mexico, Centro America, Panama y el Caribe (PROMECAFE)”. Neste domínio importa, ainda, referenciar o convénio de colaboração assinado com a Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, para a realização de testes de germoplasma do cafeeiro, cooperação na formação de investigadores colombianos e intercâmbio de informação científica. Outro protocolo importante resultou do acordo estabelecido com a República Popular de Moçambique para a “Revisão e Reajustamento da Rede Geodésica de Moçambique”, no qual o IICT prestou um inestimável serviço àquele país, quer no que respeita a acções técnico-científicas, como a reconstrução de marcos geodésicos e o emprego de sistemas GPS, quer no que se refere à cedência de documentação, indispensável à implementação de uma tal rede, quer ainda a acções de formação de investigadores daquele país. Ainda neste âmbito, uma outra acção de cooperação viria a revelar a capacidade do IICT para se afirmar como instrumento único da cooperação portuguesa. É o caso do Projecto Resgate, que consta de um acordo, assinado com o Ministério da Cultura do Brasil, no domínio específico da microfilmagem 31 de documentação e que veio a permitir a cedência, com recurso a microfilme, dos documentos sobre o “Brasil-Colónia” existentes no AHU. No quadro do “Convénio Básico de Cooperação Científica e Técnica entre a República Portuguesa e a República Popular da China”, assinado entre os dois países em 1993, também o IICT veio a integrar algumas missões de carácter científico, como por exemplo: • o projecto “Digital Mapping and its Appliance in the Management of Water and the Policy Making”, realizado com o Institute of Geography, da “Hebey Academy of Sciences” da China, cujo objectivo principal se centrou no desenvolvimento de processos de cartografia automática com recurso a meios de detecção remota e no estabelecimento de um Sistema de Informação Geográfica, visando a sua aplicação na gestão da utilização do solo e dos recursos hídricos. • a colaboração estabelecida entre o CIFC e a “South China Academy of Tropical Crops” que viabilizou alguns estágios de investigadores chineses. Merece ainda referência a colaboração entre o IICT e a Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, ao abrigo do qual foram implementadas inúmeras actividades, entre as quais se mostra oportuno reportar a realização de exposições, conferências, seminários e colóquios sobre a temática da História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, bem como o apoio a publicações científicas editadas pelo IICT. Enumeram-se alguns projectos desenvolvidos pelo IICT onde a componente capacitação está mais presente: • “Collaborative Project to Investigate Consumer Preferences for Selected Sorghum and Millet Products in the SADC region of Africa”; projecto 32 interdisciplinar que visou a reconversão da utilização do milho maíz na produção e consumo desta região africana pela produção e consumo de cereais tradicionais (sorgo e algumas variedades de milho miúdo) mais resistentes às condições adversas de seca endémica. O IICT participou na recolha de informação junto das populações rurais e pequenos industriais (indústrias de moagem) e realizou um inquérito ao consumo em zonas de periferia urbana do Botswana e da Tanzânia; • “Elaboração e publicação, à escala 1/500.000, da Carta Geológica de Síntese da Guiné-Bissau e Formação de pessoal técnico e científico Guineense”; • “História Geral de Cabo Verde” investigadores da equipa que permitiu a formação dos caboverdiana nele participante. A concretização da História Concisa com base na História Geral levará à elaboração dos manuais escolares de Cabo Verde. A associação a Universidades tem permitido incluir, uma componente de capacitação, de que são exemplo os seguintes projectos em curso: • “Parasitas emergentes de biótopos aquáticos em Cabo Verde, GuinéBissau e Moçambique”. Colaboram com o IICT, no projecto, a Faculdade de Medicina Veterinária (FMV) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), a Escola Superior Agrária / Instituto Politécnico de Santarém e o Instituto Dr. Ricardo Jorge (Porto). Este projecto visa resolver um problema de saúde pública através da identificação de parasitas e da implementação de medidas que impeçam a sua transmissão aos animais domésticos e ao homem. • “Estudo da variabilidade genética de Helianthus spp. Em populações selvagens de Moçambique”, no qual intervém para além do IICT a Universidade Eduardo Mondlane. Um dos objectivos do projecto é a formação de quadros superiores moçambicanos. 33 • “Geologia de São Tomé e Príncipe”. Colaboram com o IICT, a FCUL e a Direcção de Recursos Naturais de S. Tomé e Príncipe, no âmbito do qual se prepara uma tese de doutoramento. • “Estudo da Variabilidade em H. vastatrix e em C. kahawae. Melhoramento do cafeeiro associando resistência à ferrugem alaranjada e à antracnose dos frutos verdes”. Com o IICT estão neste projecto a Universidade da Madeira, a FCUL, o CENICAFÉ (Colômbia) o CIRAD e o IRD (França), o CRF (Quénia) e o IRAD (Camarões). • “Desenvolvimento da protecção integrada em produtos armazenados” no qual colaboram, para além de empresas privadas, a Universidade de Montana e a Universidade de Oklahoma. • “Desenvolvimento no ponto de impacto – Sociedades agrárias africanas em desagregação e/ou a sofrer o impacte de catástrofe natural ou social”. São parceiros do IICT, o ISCTE, o CIAT (S.Tomé e Príncipe) e a Universidade Amilcar Cabral (Guiné-Bissau), sendo um dos objectivos desenvolver uma metodologia de análise e de intervenção nas sociedades agrárias africanas em processo de desagregação acelerada. Correspondendo a um esforço de internacionalização da sua componente científica e a uma tentativa de agilização na implementação de novas formas de cooperação, o IICT veio a aderir à proposta de constituição do “European Consortium for Agricultural Research in the Tropics” (ECART) que juntou, numa primeira fase, quatro instituições europeias de carácter semelhante e igualmente empenhadas no reforço da sua agenda junto dos países das regiões tropicais. O referido consórcio tinha como principais objectivos: • responder às solicitações dos países em desenvolvimento no que respeita ao fortalecimento dos seus sistemas de investigação agrária; 34 • contribuir para o estabelecimento de políticas adequadas de desenvolvimento rural e do sector dos recursos naturais; • assegurar o significado e a relevância da investigação agrária, da capacitação institucional e da formação de recursos humanos nas regiões tropicais. Todas as instituições mencionadas possuem um vasto conhecimento multidisciplinar sobre os sistemas de exploração agrícola e de desenvolvimento rural, sobre a gestão adequada dos recursos naturais e florestais, sobre as chamadas culturas comerciais e de subsistência, sobre os esquemas de protecção integrada, e, ao mesmo tempo, possuem um vasto manancial de informação, acumulado ao longo de décadas de presença e de contactos científicos com aqueles países, que lhes permite uma mais-valia acrescida na implementação de projectos de investigação conjuntos e de outras actividades de cooperação para o desenvolvimento. Para ganhar uma maior dinâmica e assim vir a adquirir mais acessibilidade e credibilidade junto da Comissão Europeia, bem como de outras organizações ligadas à investigação agrária tropical, o Consórcio ECART criou no seu seio o Agrupamento Europeu de Interesse Económico (EEIG – European Economic Interest Group), tendo, para o efeito, realizado uma cerimónia em Paris, no passado dia 10 de Novembro de 2004, na qual tomaram parte representantes de todos os organismos envolvidos. Pretendem os membros do ECART, com esta iniciativa, vir a ter um papel mais activo na definição de estratégias e de políticas que directamente se relacionam com a investigação agrícola para o desenvolvimento, coordenando melhor os seus esforços no sentido de incrementar a sua participação em programas e projectos internacionais. Isso mesmo foi reafirmado na reunião realizada na Universidade de Wagenigen em Junho de 2005. Na sequência do relacionamento privilegiado, iniciado em 1992, com as instituições fundadoras do ECART, surgiu a possibilidade de o IICT organizar, 35 com o apoio da então Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, a “Semana Europeia da Cultura Científica”. O evento dedicado ao tema “A Ciência Europeia no Desenvolvimento das Regiões Tropicais” realizou-se em Lisboa, entre 21 e 25 de Novembro de 1994, tendo sido inaugurado pelo Ministro do Planeamento e da Administração do Território. Da programação desta “Semana Europeia da Cultura Científica” constou também uma exposição, realizada no JMAT, subordinada ao tema “Agricultura e Medicina Tropicais: alguns aspectos da contribuição portuguesa”, que realçou, de forma marcante, a presença do IICT nas áreas da agricultura e da saúde, no universo científico português. Desenrolou-se, ainda, um ciclo de conferências que teve lugar no Centro Cultural de Belém e que contou com a participação de professores e investigadores nacionais e estrangeiros de reconhecido mérito na Europa, na América do Sul e nos Países em Desenvolvimento. Apresentaram-se, como conferencistas, todos os directores gerais dos organismos que integravam o ECART, o director do antigo ORSTOM, actual IRD (que já faz parte do ECARTEEIG), bem como representantes de instituições universitárias e de investigação do Brasil, Bélgica, Reino Unido, França, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde e ainda reitores de universidades portuguesas, directores de instituições de investigação nacionais e outros especialistas de prestígio e de reconhecido mérito no âmbito tropical. Parte II Departamento de Ciências Naturais O Departamento de Ciências Naturais (DCN), dirigido pelo Investigador Auxiliar, Eng. Eduardo Leitão, resultou da fusão de quatro Departamentos, que englobavam 16 Centros (incluindo o JMAT e o Centro de Antropobiologia que passaram para outras chefias. O pessoal afecto ao DCN está actualmente envolvido em 15 projectos que no plano de actividades para 2005 se distribuem por quatro programas. Com excepção do Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC), o qual manteve a designação, os quatro 36 programas são descritos antes de se detalhar a evolução dos centros que os compunham durante a vigência do Decreto-Lei nº 160/83. Indica-se sempre que possível o nome dos responsáveis por projectos ou ex-centros, já que é deles a autoria da contribuição original, quase sempre muito mais extensa do que a reproduzida abaixo. Quando se cita um centro pela primeira vez, menciona-se o número de ordem antes da sigla (Quadro 8). QUADRO 8 – CORRESPONDÊNCIA ENTRE 17 PROJECTOS DO DCN E 14 ANTIGOS CENTROS NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2005 BIO 1 7.CZ BIO 2 BIO 3 8.CB 4. CGEOD TER 1 5.CC 6.CF TER 2 TER 3 10.CEP 1.CG TER 4 TER 5 2.CCM TER 6 3. CGEOG AGRI 1 14.CIFC AGRI 2 13.CEFA AGRI 3 AGRI 4 AGRI 5 11.CEPTA 15.CVZ AGRI6 FLOR 1 FLOR 2 12.CETF 1. Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC, com o número 14 na primeira coluna do Quadro 1 acima) 37 Para o tratamento especial do CIFC, o único dos centros de investigação que mantém o nome, contribui uma marca internacional. A vertente de internacionalização tem estado sempre presente na actividade do CIFC e exemplo disso é a organização conjuntamente com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Brasil e o Institut de Recherche et Développement (IRD), de França, do “1st International Workshop on Durable Resistance to Coffee Leaf Rust”, a ter lugar em Viçosa, Minas Gerais de 26 a 28 de Setembro de 2005. A marca CIFC deve-se antes de mais a investigadores e dirigentes dedicados ao longo de 50 anos, como se pode ver nos textos preparardos para o cinquentenário em 29 de Abril de 2005, que contou com a presença do Ministro, do seu conselheiro Prof. Jean-Pierre Contzen e de Embaixadores da CPLP. A actual responsável, Maria do Céu Machado Lavado da Silva Investigadora auxiliar trabalha no CIFC desde 1984, e é coadjuvada na direcção por Vítor Manuel Pinto Várzea, que também iniciou funções nesse ano. Em 1990, entraram para o CIFC Leonor de Castro Esteves GuerraGuimarães, investigadora auxiliar, e Maria Cristina Luís Antunes Simões Beja da Costa, assistente de investigação Dentro do espírito que presidiu à criação do CIFC, uma das preocupações fundamentais tem sido «trabalhar em regime de cooperação internacional e prestar assistência activa a centros experimentais de outros países em todos os aspectos que possam, de qualquer modo, ser de utilidade para essas regiões». Esta assistência tem-se manifestado fundamentalmente através do fornecimento de material resistente à doença da ferrugem alaranjada, testagem deste material, assessoria técnica e apoio directo a programas de melhoramento em curso nos vários países, treino de investigadores estrangeiros nos problemas relacionados com as ferrugens do cafeeiro e fornecimento de informações, através da participação em Congressos Internacionais, publicações e relatórios. Por exemplo, o CIFC participou na organização do Simpósio sobre as Ferrugens do Cafeeiro, 17-20 Outubro de 38 1983 e no Curso de Patologia das Plantas Tropicais e Subtropicais, 14-31 Outubro de 1985. Em 1989 foi iniciado um novo programa de investigação sobre a antracnose dos frutos verdes do cafeeiro (Colletotrichum kahawae) conhecida nos países de língua inglesa por “Coffee Berry Disease” (CBD). Estes estudos deram lugar á criação, no CIFC, de um novo programa de investigação, com linhas de acção e objectivos idênticos aos pretendidos com a ferrugem: obtenção de variedades de C. arabica reunindo resistência à ferrugem e ao CBD. O CIFC possui um valioso património de colecções de germoplasma de cafeeiros (Coffea spp.), de isolados de H. vastatrix, de C. kahawae e doutras espécies de Colletotrichum, colecções únicas a nível mundial. De destacar ainda que para além dos estudos sobre a ferrugem alaranjada e o CBD, o CIFC tem participado, em projectos sobre os nemátodos do cafeeiro e colaborado em projectos sobre outras doenças e plantas tropicais e subtropicais (cajueiro, girassol, etc), alguns dos quais com financiamento Europeu. O fornecimento de material resistente é sem dúvida uma acção de cooperação e assistência científica e técnica com grande impacto nos países tropicais e outros. Uma das grandes contribuições do CIFC para a cafeicultura mundial foi a descoberta, em finais dos anos 50, do Híbrido de Timor (HDT), proveniente de uma única planta oriunda de Timor, em que a maioria da sua descendência apresentava resistência a todas raças fisiológicas da ferrugem. Do cruzamento entre HDT e variedades comerciais susceptíveis foi seleccionado germoplasma resistente que o CIFC distribuiu gratuitamente apoiando assim os programas de melhoramento dos países cafeicultores. A título de exemplo refere-se que mais de 90% das variedades resistentes existentes nesses países foram obtidas directa ou indirectamente através de trabalhos de investigação realizados no CIFC. Dos cinco projectos de cooperação científica internacional 39 com financiamento da União Europeia incluídos na Caixa 1, dois são coordenados pelo CIFC. Caixa 1: Projectos com financiamento da União Europeia 1988 – 1994 - Nematodes in S.Tomé and Príncipe, screening for resistance and host-parasite studies: Univ. Coimbra (Coordenação), CIFC e Estação Agronómica Nacional, Estação Experimental de Potó (S. Tomé e Príncipe), Instituto di Nematologia Agraria Applicata ai Vegetali (Itália), Intituto de Edafologia y Biologia Vegetal (Espanha) 1990 – 1994 - Pathology and improvement of coffee for the main diseases: CIFC - Coordenação, CIRAD (França), Universidade de East Anglia (Inglaterra), Institut de la Recherche Agronomique IRAD (Camarões), The Tea Research Foundation (Malawi), Promecafe (Guatemala), Central Coffee Research Institute - CCRI (India).1994 - 1999 - Research on and creation of coffee varieties with resistance to coffee berry disease - : CIRAD - Coordenação (França), CIFC, IRAD - (Camarões), CRF Coffee Research Foundation (Quénia) 2001 – 2006 - Development of a strategy for a durable management of the resistance to coffee berry disease (CBD) in Africa: CIRAD - Coordenação (França), CIFC, CRF (Quénia) e IRAD (Camarões). 2002 – 2005 - Breeding tools for durable resistance to root-knot nematodes (Meloidogyne spp.) of coffee varieties in Latin America: IRD (Coordenação) e CIRAD (França), CIFC, CATIE, (Costa Rica), IICA (Guatemala), EMBRAPA e IAC (Brasil) e Universidade de Trieste (Itália). Enumeraram-se na parte I alguns exemplos das relações de cooperação que o CIFC mantém com mais de 40 países cafeicultores. O CIFC tem assinado, através do IICT, convénios com instituições de alguns destes países, nomeadamente com os extintos Instituto Brasileiro do Café e Promecafé (Programa de Modernización da Cafeicultura na América Latina). Já se destacou o convénio remunerado que existe com o Cenicafé (Centro Nacional de Investigaciones de Café) da Colômbia desde meados dos anos 60. Através das sementes de HDT (fornecidas pelo CIFC), o Cenicafé iniciou o seu Programa de Melhoramento criando a variedade Colômbia resistente à ferrugem, antecipando-se assim ao aparecimento desta doença no país em 1985. Depois do CIFC ter iniciado a sua linha de investigação sobre o CBD, a cooperação com o Cenicafé, passou a envolver, não só a testagem anual de 30000 plântulas em relação à ferrugem, como também de cerca de 20 000 hipocótilos de cafeeiros com diferentes isolados de C. kahawae. O CIFC assinou em 1987 um convénio com a Fundação Luso Americana para o 40 Desenvolvimento e com o Instituto de Investigação Agrária de Cabo Verde, tendo em vista a “Produção de semente de variedades de cafeeiro com resistência à ferrugem alaranjada” na Republica Popular de Cabo Verde. Foram realizadas dezenas de missões de assessoria a diferentes países cafeicultores com o objectivo de lançar e apoiar programas de melhoramento genético do cafeeiro desses países, destacando-se neste domínio a grande contribuição prestada pelo Doutor Aníbal Bettencourt. São de referir ainda as missões de estudo realizadas pelo Doutor Carlos Rodrigues Jr. em pelo menos 24 países como especialista em doenças do cafeeiro, a convite da FAO, AID, UE, integrado em projectos internacionais como representante do IICT. Aproximadamente uma centena de investigadores e técnicos de vários países produtores de café da América Central e do Sul, África, Índia, Republica Popular da China, Timor e Vietname têm efectuados treinos, em matérias relacionadas com as linhas de trabalho em curso no CIFC. Duas prestigiadas instituições brasileiras, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Empresa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), decidiram, em colaboração, no ano de 1999, homenagear o CIFC pelo contributo que tem prestado à cafeicultura de Minas Gerais e do Brasil em geral. Esta homenagem consistiu na criação e lançamento de uma variedade comercial de cafeeiro (resistente á ferrugem alaranjada) com o nome de “Oeiras”. Esta variedade, com grande nível de produção, resultou de selecção nas condições de campo brasileiras de descendências de cafeeiros descobertos e estudados pelo CIFC. Exemplo do grande apreço demonstrado ao CIFC pela Câmara Municipal de Oeiras foi em Junho de 1993 a atribuição da “Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro” pelo contributo dado à Comunidade Concelhia. A Câmara tem mostrado sempre grande disponibilidade para apoiar e divulgar os trabalhos efectuados neste Centro. Em 1998, pela Fundação Marquês de Pombal (FMP) 41 foi premiado o trabalho “Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro”, revisto e actualizado pelo Doutor Carlos José Rodrigues Jr. Reunindo o conhecimento de campo com a experiência científica nas áreas da cultura de tecidos e, posteriormente da patologia vegetal, o Doutor Carlos Rodrigues Júnior desenvolveu a partir de 1989 uma nova linha de investigação que também envolveu o Prof. Doutor Raul Sardinha, director que foi do CETF. Trata-se do melhoramento do cajueiro (Anacardium occidentale L.), importante cultura de rendimento explorada nas regiões tropicais dos continentes africano, asiático, americano e Oceania. O relato seguinte deve ser relacionado com o grupo de fisiologia vegetal, em transformação num centro de actividade. Nos países do CPLP, esta cultura é de primordial importância no Brasil (centro de origem da espécie e segundo maior produtor mundial), na Guiné-Bissau (onde a cultura se expandiu de uma forma extraordinária nos últimos 20 anos sendo actualmente o sexto maior produtor mundial e tendo a economia completamente dependente do cajueiro) e em Moçambique (maior produtor mundial nos anos 70 e que se encontra numa fase de reabilitação da cultura). Este trabalho, que se assinala na caixa 2, foi sendo desenvolvido de uma forma sustentada ao longo deste período através de cinco projectos de investigação, três deles liderados pelo IICT e todos financiados externamente (dois pela União Europeia e pelo ex-Instituto de Cooperação Portuguesa, um pela exJunta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, dois pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e duas acções de cooperação científica e técnica financiadas pelas entidades promotoras. Caixa 2: Projectos e acções na área do cajueiro 1989/1993 – “Selecção de genótipos superiores de cajueiro (Anacardium occidentale L.) na Guiné-Bissau e estabelecimento de técnicas de propagação in vitro” , financiado pelas Comunidades Europeias (contrato nº TS2-A-0167 P) e pelo Instituto da Cooperação Económica de Portugal, que decorreu no CIFC e no Centro de Estudos de Tecnologia Florestal (CETF), em colaboração com o Wye College/Univ. Londres e a Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Caça da Rep. Guiné-Bissau, que incluiu a orientação do estágio de um engenheiro técnico 42 guineense, bem como trabalhos na área da selecção, melhoramento, caracterização tecnológica e propagação. Inv. Envolvidos pelo IICT: Raul Sardinha e Ana Bessa. 1994/1997 – Development of selection and clonal propagation techniques for multiplication of elite yield and anthracnose tolerant cashew (Anacardium occidentaleL.), financiado pela EU (contracto nº TS3-CP93-0221) e pelo Instituto da Cooperação Portuguesa, no qual participaram o CIFC, o Wye College da Univ. Londres, a Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Caça (Rep. Guiné-Bissau), o Institut Agronomique et Vétérinaire Hassan II (Marrocos) e a Univ. Federal de Alagoas (Brasil). O projecto na área da selecção, melhoramento e propagação, facilitou a manutenção de contactos permanentes com países produtores de cajueiro e empresas privadas (Mantero, Agri-Bissau e Entreposto), ao mesmo tempo que incluiu a orientação de estágios de jovens investigadores e técnicos, nomeadamente de um técnico guineense. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior, Raul Sardinha e Ana Bessa. 1996/1997 – Desenvolvimento de técnicas de selecção e de propagação clonal para a multiplicação de cajueiros seleccionados pelo seu alto rendimento e tolerância à antracnose”, financiado pela JNICT, realizado no CIFC com a colaboração da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Caça (Rep. Guiné-Bissau) e da Univ. Federal de Alagoas (Brasil), na área da micropropagação. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior e Ana Bessa. 1997/2002 - “Estudos sobre a associação cajueiro – Colletotrichum gloeosporioides”, financiado pela FCT, no âmbito do projecto Reforço e Renovação do CIFC, e realizado em colaboração com a Univ. Federal de Alagoas e a EMBRAPA-Agroindústria Tropical no Brasil, na área da patologia do cajueiro. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior, Ana Bessa e Matilde Pereira. 1999/2000 - Elaboração do projecto “Potencialidades da cultura do cajueiro em Angola“ a pedido da empresa Cultivar, tendo em vista o diagnóstico da cajucultura em Angola e a definição das áreas de maior potencial para a cultura. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior e Ana Bessa. Todas estas actividades de C&T para o desenvolvimento foram levadas a cabo em estreita cooperação com entidades competentes dos países das regiões tropicais destinatários destes trabalhos (Guiné-Bissau, Brasil e Marrocos), contaram com a colaboração de instituições congéneres nacionais e europeias (Reino Unido), parcerias público-privadas entre o IICT e as empresas Mantero, Entreposto e Agri-Bissau, bem como com a colaboração mais pontual de investigadores e/ou instituições de outros países produtores de caju (Moçambique, Tanzânia, Angola, Quénia, Índia e Austrália). Ao longo deste período realizaram-se doze missões em países tropicais (duas à Guiné-Bissau, uma ao Quénia, uma à Tanzânia, sete ao Brasil e uma à Austrália) para realização de trabalho de campo e de laboratório que perfazem a duração de 43 360 dias. Desta interacção, o IICT recebeu inúmeras visitas de investigadores e técnicos dos países parceiros dos projectos, nomeadamente da Guiné-Bissau, Brasil, Tanzânia, Marrocos e Reino Unido. A componente de formação também não foi esquecida tendo-se realizado um estágio de formação de longa duração a um técnico guineense, duas teses de mestrado (uma delas a uma estudante moçambicana), umas provas públicas para assistente de investigação e uma tese de doutoramento (em fase de conclusão). Em consequência deste trabalho publicaram-se sete artigos científicos e doze resumos em congressos e proferiram-se dez conferências científicas. A Caixa 3 dá nota de acções de cooperação e assistência científica e técnica com financiamentos diversificados que traduzem uma ampla colaboração com instituições de outros países, entre as quais se destacam a Universidade Federal de Lavras (Brasil), a Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), a Universidade de Gottingen (Alemanha), o IRD (França), as quais foram ainda complementadas por uma intensa actividade de formação, quer através da concessão de estágios com destaque para estudantes brasileiros (2) e moçambicanos (3), quer pela orientação de dissertações de doutoramento e concessão de estágios finais de licenciatura, quer ainda pela realização de estágios de profissionalização. Caixa 3: Acções de cooperação e assistência científica e técnica Desde 2004 – Genómica aplicada ao estudo de caractéres de interesse para o melhoramento do cafeeiro (Coffea spp.) visando resistência a fungos. Financiamento: Universidade Federal e Lavras (UFLA). Instituições participantes: IICT e UFLA. 2001 - 2006 - Contributo para a capacitação técnico-científica visando o fomento da cultura do girassol em Moçambique. Financiamento: IPAD (0136/MA/01). Instituições participantes: Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique) e IICT. 2001 - 2006 - Estudo da diversidade genética de populações do género Helianthus. Financiamento: GRICES/UEM (Procº. 4.1.3/UEM). Instituições participantes: Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique) e IICT. 44 2001 - 2008 Fixação simbiótica de azoto: aspectos comuns entre nódulos de plantas actinorrízicas e de leguminosas. Financiamento: FCT (POCTI/BME/36191/99 e POCTI/AGR/55651/2004) e GRICES/Emb. França em Portugal (616/C2). Instituições participantes: Universidade de Göttingen (Alemanha), IRD (França), IBMC/Universidade do Porto, ITQB/UNL e FCT/UNL (Portugal). Também funciona no CIFC um grupo de Fisiologia Vegetal animado pelo Doutor José Cochicho Ramalho, investigador auxiliar com habilitação, que inclui ainda a investigadora auxiliar Doutora Ana Isabel Ribeiro e a Dra. Ana Bessa. O grupo foi liderado até 2003 pela Dr.ª Maria Antonieta Nunes, cientista de renome internacional na área da fisiologia vegetal, particularmente ligada a estudos com cafeeiro (Coffea sp.), mas desenvolveu actividades de investigação com muitas outras plantas com importância agronómica (alfarrobeira, amendoim, arroz, beterraba sacarina, feijão, grão-de-bico, papaia, sobreiro, tremoceiro, trigo, Triticale, etc.). De 1993-2003 o grupo integrou um grande número de projectos/acções de investigação, tendo publicado um extenso número de trabalhos, participado em mais de uma centena de reuniões científicas da especialidade (com apresentação de trabalhos na sua larga maioría e fazendo parte da organização em 4 delas), orientado mais de uma dezena de trabalhos (de mestrado e doutoramento), promovido intensos contactos/colaborações com inúmeras instituições nacionais e estrangeiras. Por isso este grupo se pretende autonomizar em 2006 num centro de actividade, cuja sigla é ECO-BIO. 2. Florestas e Produtos Florestais (FLOR) O programa FLOR, dirigido pela Profª Doutora Helena Pereira, catedrática do Instituto Superior de Agronomia, utiliza uma das tecnologias habilitadoras identificadas no Quadro 3 acima, que envolve 3 investigadores em equivalente de tempo integral e também deve autonomizar-se em 2006. Tem objectivos que se enumeram como segue: 45 • Contribuir para o desenvolvimento científico de critérios de sustentabilidade para os sistemas florestais tropicais, e dos respectivos mecanismos de gestão. • No período 2004-2006, o programa focar-se-á em alguns aspectos das componentes produtiva e de diversidade biológica das florestas tropicais, tendo como objectivos específicos: • - o desenvolvimento de conhecimentos sobre espécies e madeiras valiosas, assim como sobre espécies secundárias com potencial valorização comercial; • - a criação de instrumentos de consulta, a nível científico e a nível do utilizador, sobre madeiras tropicais e das bases para a sua certificação; • - o desenvolvimento de metodologias originais para a análise de materiais lenhocelulósicos, do ponto de vista da sua composição e propriedades, que permitam aplicação em programas de melhoramento genético e de diversificação biológica. O programa FLOR reparte-se em dois projectos, que envolvem a caracterização e valorização de espécies florestais tropicais e metodologias de análise de produtos lenhosos, e sucede ao Centro de Estudos de Tecnologia Florestal (CETF, com o número 12 na primeira coluna do Quadro 1 acima) que era dirigido pelo Prof. Doutor Raul Sardinha, catedrático do Instituto Superior de Agronomia que antecedeu a actual responsável. O CETF assegurava o estudo das madeiras das ex-colónias portuguesas o que incluía um vasto programa de investigação. Neste se inscrevia o estudo histológico e anatómico das madeiras, visando a sua identificação botânica e comercial, o estudo físico-mecânico a fim de se determinarem os coeficientes de resistência das madeiras e se avaliarem as possibilidades da sua aplicação, o estudo químico e as possibilidades de utilização nas indústrias extractivas, ensaios de transformação, estudos de melhoramento de madeiras com recurso 46 a programas de secagem artificial ou a processos mecânicos, e ainda estudos relacionados com o problema da conservação das madeiras. O CETF passou também a integrar, para além das espécies ultramarinas e após uma primeira fase, estudos sobre essências exóticas consideradas de interesse para o futuro abastecimento da indústria de pasta para papel, tendo mesmo iniciado uma colaboração activa com a indústria da celulose nacional com a qual acordou alguns programas de investigação. Possui uma xiloteca científica com um elevado número de amostras de espécies provenientes de países lusófonos, constituindo um material de estudo e de referência com um potencial único para apoio de inúmeras linhas de investigação, contribuindo também para a relevância do vasto património que o IICT detém em diversos domínios científicos. Entre as acções desenvolvidas ao longo de todo este período, destacam-se aqui, além de estágios científicos de 1994 a 1997 realizados na Universidade de Hamburgo, ao abrigo de Convénio JNICT/DAAD - programa INIDA, algumas das mais importantes actividades de cooperação e assistência técnica que se realizaram no CETF: • 1984/1992 – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (INPA), Manaus / Brasil - Projecto: “Anatomia e Identificação das madeiras da Família Myristicacaae dos trópicos Africanos e Americano”, ao abrigo do Convénio Bilateral entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o IICT; • 1989 – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo(IPT), São Paulo - Estágio científico, ao abrigo do Convénio Bilateral entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o IICT; • 2001/2004 – Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique - Projecto “Caracterização de espécies florestais 47 secundárias de Moçambique”, no âmbito da cooperação científica e técnica Luso-Moçambicana, ao abrigo do Convénio ICCTI/UEM. Para além destas actividades assinala-se ainda a participação recente numa rede de investigação europeia de cooperação com a América Latina através do projecto “GEMA – Engineering in Forest Breeding: Incorporating Wood Properties into Tree Breeding Programs” que inclui um intercâmbio científico a nível de pós-doutoramento. Trata-se de um projecto com um período de realização entre 2004 e 2007, coordenado pelo INRA (França), associando também parceiros da América Latina, com relevância para instituições do Brasil, Argentina, Chile, México e Cuba. Quanto à formação, o CETF desenvolveu um intenso programa que se desdobrou, nomeadamente pela concessão de estágios científicos e de carácter profissional nos seus temas principais de investigação. Para além dos projectos de investigação em que regularmente participa, tem o CETF sido solicitado com alguma frequência para a elaboração de relatórios técnicos e de peritagem de madeiras. Disso constituem exemplos: - os pareceres técnicos sobre identificação de madeiras para todo o sector público e privado ligados ao conhecimento e à utilização da madeira, sobretudo Indústrias de Madeira e Derivados de Madeira, Empresas de Importação e Exportação, Empresas ligadas à Construção Civil, Restauros, Arquitectura, Tribunais (na área da peritagem) e Instituto de Conservação da Natureza; - o trabalho solicitado ao CETF, pelo Instituto de Conservação da Natureza para peritagem de madeiras tropicais no Porto de Leixões e em Viana do Castelo por suspeita de comércio de madeiras de espécies protegidas, correspondendo a uma acção da organização Green Peace. 3. Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar (AGRI) 48 A actuação do IICT no campo das Ciências Agrárias incluía uma ampla intervenção em domínios tão diversificados como os mencionados nos pontos 1 e 2 acima, acrescendo a Pedologia, a Fertilidade de Solos, a Produção e Tecnologia Agrícolas, a Fitopatologia e a Defesa Sanitária, a Conservação de Produtos Agrícolas e a Veterinária e Zootecnia. A Pedologia passou para o programa TER e a Tecnologia das Madeiras para o programa FLOR, tendo as restantes áreas ficado integradas no programa AGRI, dirigido pelo Prof. Doutor António Mexia, catedrático do Instituto Superior de Agronomia. O AGRI utiliza a tecnologia habilitadora da segurança alimentar identificada no Quadro 3 acima, e envolve 23 investigadores em equivalente de tempo integral. Tem os seguintes objectivos: • Identificar e caracterizar factores limitantes de natureza biológica ou organizacional que comprometem a produção vegetal e animal nos sistemas agrários tropicais e sub-tropicais, quer no universo dos países da CPLP quer na sua projecção no mundo Ibero-Americano. • A médio-longo prazo os objectivos são de desenvolvimento de estratégias de intervenção nos sistemas agrários em causa, quer através do desenvolvimento de novos materiais vegetais melhorados, quer por recurso a novas tecnologias de maneio, intervenção ou gestão, a fim de potenciar a produção sustentável de produtos agrícolas de consumo em natureza, armazenáveis e/ou tecnologicamente transformados, de qualidade e seguros para os consumidores. Como se viu acerca do CIFC, o estudo e a profilaxia das doenças do café e os estudos relacionados com a classificação e defesa contra a erosão dos solos tropicais constituem mesmo dois eixos vitais, responsáveis pela reputação internacional do IICT e que o colocam como uma das instituições científicas que melhor “know-how” dispõe e melhores resultados obteve nestes domínios. 49 Ainda nesta mesma área, há a referir um conjunto de actividades que nos foram assinaladas pelo Prof. Eduardo Mendes Ferrão, catedrático jubilado do Instituto Superior de Agronomia que tem colaborado intensamente com o IICT ao longo de toda a sua carreira, tendo dedicado à instituição uma atenção constante, quer no domínio da investigação científica, quer na implementação do Centro de Investigação Agrária Tropical (CIAT), já mencionado na análise anterior sobre a evolução dos recursos financeiros, e sobre o qual são salientadas na Caixa 4 mais algumas particularidades que se prendem com o arranque do mesmo. Na realidade, o Departamento de Ciências Agrárias que o Prof. Mendes Ferrão dirigiu, assegurando também a coordenação dos sete centros que nele se encontravam incluídos, promoveu uma série de iniciativas que atingiu uma notável projecção traduzindo a importância da acção dos técnicos agrários portugueses nos trópicos e de que seguidamente se apresenta um breve resumo: • Realização das Jornadas de Engenharia dos Países de Língua Oficial Portuguesa, cujas edições tiveram lugar entre 1984, ano em que se realizaram as “Primeiras Jornadas”, e 1998, quando decorreram as “Quintas Jornadas” no Rio de Janeiro; • Seminário sobre Agricultura e Desertificação, organizado em colaboração com o Instituto Superior de Agronomia e a Associação Portuguesa das Jornadas de Engenharia dos Países de Língua Oficial Portuguesa entre 24 e 28 de Outubro de 1988, tendo as intervenções aí produzidas originado a publicação “Agricultura e Desertificação”, editada em 1992; • Simpósio sobre Agricultura e Agro-indústrias Tropicais, realizado em conjunto com a Associação Internacional de Engenharia dos Países de Língua Oficial Portuguesa em Junho de 1996; • Jornadas sobre Agricultura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa que se iniciaram em 1992 com as Jornadas sobre Agricultura de Cabo Verde, seguidas das Jornadas sobre Agricultura 50 da Guiné-Bissau em 1991, as Jornadas sobre Agricultura de S. Tomé e Príncipe em 1994, e as Jornadas sobre Agricultura de Timor, realizadas em 2002 com a colaboração da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal. Outra iniciativa relevante foi a organização, em 1991, da exposição “A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses”. Na sequência da mesma foi também elaborado um livro base com o mesmo título de que foram publicadas duas edições que seguidamente se esgotaram, tendo-se igualmente publicado o Guia da exposição editado posteriormente em português, francês, cantonês e inglês. A exposição foi financiada pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses e pela Fundação Berardo e alcançou grande sucesso, tendo sido considerada em alguns países como dos acontecimentos mais relevantes sobre a afirmação da cultura e dos méritos dos portugueses. Obteve comentários elogiosos do jornal “Le Monde”, bem como da imprensa belga que se lhe referiu amplamente quando da sua permanência em Bruxelas. A exposição esteve patente em Lisboa no JMAT (2 vezes), no Museu da Água e na sala de exposições do ex-Ministério das Obras Públicas, tendo também percorrido o país e sido apresentada em Ponte de Lima, Braga, Porto, Arouca, Arganil, Mira d’Aire, Setúbal e Funchal. Para além da Bélgica e de França, esteve ainda patente em Macau, Hong-Kong, Malásia, Tailândia, Índia, Moçambique, Angola e S. Tomé e Príncipe. Como resultado do seu esforço, o Prof. Mendes Ferrão veio a ser distinguido como Membro Honorário da Real Academia do Ultramar da Bélgica, tendo também recebido a distinção de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. No mesmo âmbito foi ainda criada uma comissão para concretizar a organização de uma outra exposição “As especiarias orientais e os 51 descobrimentos portugueses” que deveria integrar as comemorações do 1º Centenário da chegada de Vasco da Gama à Índia, não se tendo, contudo, materializado este projecto. Foi, no entanto, publicado um livro base da exposição com o título “A epopeia das especiarias”, onde ficou registado o interesse que as especiarias suscitaram e a importância que delas emergiu em diversos domínios científicos, comerciais e culturais. Caixa 4 – O Centro de Investigação Agrária Tropical A escassez de recursos humanos e materiais, bem como a sua dispersão na área das ciências agrárias tropicais conjugada com a decisão política de reforçar a cooperação com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, exigia uma rectaguarda dignificada e a criação ou manutenção de uma “escola” de preparação de tropicalistas portugueses e de acolhimento de técnicos daqueles países que desejassem completar a sua formação sob proposta do Departamento de Ciências Agrárias. Neste sentido, o Instituto de Investigação Científica Tropical e o Instituto Superior de Agronomia apresentaram um projecto conjunto para a criação de uma unidade de investigação que deveria reunir o Departamento de Ciências Agrárias do primeiro e a Secção de Agronomia Tropical e Subtropical do segundo. O projecto foi financiado pelo Programa Ciência, como acima se referiu, e envolvia uma verba destinada à construção de um edifício e de instalações anexas, e uma outra destinada a equipamento científico que deveria completar aquele que as duas unidades já possuíam e que passaria a ter utilização comum. A Reitoria da Universidade Técnica encarregou-se da construção e o IICT da aquisição de equipamento. A segunda completou-se dentro dos passos estabelecidos pelo Programa e a primeira atrasou-se substancialmente por dificuldades de entendimento com os adjudicatários das construções, situação que trouxe grandes prejuízos para o lançamento das actividades e que veio a reflectir-se gravemente no futuro. Foram garantidas possibilidades interessantes ao CIAT no que se refere ao financiamento de projectos e à admissão de um confortável número de quadros de investigação em princípio de carreira para ser possível manter e, até reforçar a componente tropicalista da investigação portuguesa. Para 2005 o programa AGRI inclui seis projectos, que correspondem aos antigos centros que se descrevem a seguir. A equipa orientada pelo Doutor Mário Rui Santos e constituída por 9 investigadores, 6 técnicos e administrativos e 2 auxiliares que hoje dá continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Estudos de Produção e Tecnologia Agrícolas 52 (CEPTA, com o número 11 na primeira coluna do Quadro 1 acima) enquadrase nos actuais projectos AGRI 2, parte do AGRI 3, AGRI 4 e AGRI 6. Dão, assim, seguimento às actividades anteriormente localizadas naquela unidade de vocação multidisciplinar que a partir de 1983 derivou da antiga Missão de Estudos Agronómicos do Ultramar. A missão do CEPTA consistia essencialmente na: realização de estudos e ensaios com vista ao desenvolvimento da agricultura nas regiões tropicais; promoção e realização de estudos de base necessários à caracterização dos produtos agrícolas tropicais e investigação de métodos tecnológicos para o seu melhor aproveitamento; promoção de actividades de desenvolvimento experimental no âmbito da produção e tecnologia agrícolas; desenvolvimento de intercâmbio científico. A direcção do CEPTA foi assegurada durante um largo período pelo Prof. Mendes Ferrão, estruturando-se o centro num laboratório de análise de plantas e nos núcleos de documentação e difusão; estatística matemática e delineamento experimental; fisiologia vegetal; fitopatologia; fitoquímica; fitotecnia e nutrição mineral de plantas; transformação, conservação e tecnologia agrícolas. As áreas de trabalho desenvolvidas no quadro destes sete núcleos incidiram principalmente nos seguintes domínios: - fisiologia e bioquímica vegetal, relacionados com processos de resistência/tolerância de plantas a limitações edafo-climáticas, particularmente ligada a estudos com cafeeiro (Coffea sp.), mas também a muitas outras plantas com importância agronómica, como alfarrobeira, amendoim, arroz, beterraba sacarina, feijão, grão-de-bico, papaia, sobreiro, tremoceiro, trigo, Triticale, etc.; - ensaios de fertilidade de culturas, nomeadamente tabaco e amaranto; - estudos de adaptabilidade de novas culturas como amaranto, estévia, tupinambo, jojoba, guar, rícino e soja; 53 - análise de polifenóis, principalmente no chá mas ainda em cacau, sobreiro e castanheiro; - tecnologia do café; - métodos de secagem solar; - protecção das culturas e estudo de agentes patogénicos de variadas culturas tropicais e sub-tropicais (girassol, cártamo, bananeira, mandioca) até 1989 apenas na área da micologia, posteriormente também em bacteriologia; - análise química e da composição nutricional de variados produtos de origem vegetal; - resistência a doenças. O CEPTA desenvolveu mais de 38 projectos/acções, dos quais se indicam na Caixa 5 os mais relevantes. Trata-se, sem dúvida, de um conjunto de acções que evidenciam uma dinâmica interna assinalável complementada ainda com uma estreita colaboração com inúmeras instituições nacionais e estrangeiras, entre as quais se salientam: Instituto Superior de Agronomia, FCT-UNL, EAN, EFN, DGPC, ENMP, ITQB, Dir. Regionais de Agricultura, Univ. Évora, Coimbra, Algarve, Madeira, INETI, FAO, CIRAD (França), CETIOM (França), INRA (França), IRD (França), CTA (Uganda e Holanda), HRI (Reino Unido), Univ. Viçosa e Espírito Santo (Brasil), IIA (Angola), INPA (Guiné-Bissau), INIA (Cabo Verde), CIAT (STP) e INIA (Moçambique). Caixa 5: Projectos de investigação em Produção e Tecnologia Agrícolas - “A desintegração das sociedades agrárias africanas e o seu potencial de reconstrução”. Financiamento POCTI-FCT. Trabalho em cooperação c/ o ISCTE (1998-2002). - “Avaliação de Germoplasma de Coffea sp. Para Tolerância ao Frio”. Projecto Praxis XXI. Inv. Responsável: Antonieta Nunes. Trabalho em colaboração com EAN-INIAP, FCT-UNL e IAC (1997-2000) - “Selecção e Avliação de Triticales Tolerantes ao Alumínio – Contribuição para a Utilização em Solos Ácidos”. Trabalho em colaboração com EAN-INIAP (1992-1996) - “Localozação e aproveitamento de genes de resistência a pragas e doenças em colecções europeias de germoplasma de brassicas hortícolas”. Financiamento FAIR-EU. Trabalho em colaboração com Instituto Superior de Agronomia-UTL, HRI (Reino Unido) e CGN (Holanda). (1992-1996) - “Potencialidades do amaranto como cultura alimentar”. Financiamento PCAIT/FCT. Trbalho em colaboração com Instituto Superior de Agronomia-UTL (1996-1998) 54 Quanto ao AGRI 6, agrupa actualmente uma linha de investigação em sociologia rural e etno-agronomia, bem como uma outra em agricultura urbana resulta de trabalhos que vinham sendo efectuados na área da segurança alimentar e sobre a necessidade de aumentar as culturas de exportação para melhorar a qualidade de vida das populações. O estudo dos processos de desagregação social, os potenciais de reconstrução e de reconstituição de sociedades agrárias, o estudo dos sistemas de sustento (livelihood systems), os saberes locais, a intervenção do Estado, das organizações da sociedade civil e das agências internacionais, o papel das ONG, o papel das políticas públicas de promoção da agricultura, a importância das plantas medicinais, entre outros, têm vindo a constituir um conjunto de preocupações que tem ocupado igualmente os investigadores do CEPTA e que, não só deu continuidade aos trabalhos que vinham sendo efectuados, como acima se mencionou, mas que também foi responsável pela apresentação de novos projectos inovadores nas áreas descritas. No que toca à formação realizaram-se 19 provas de progressão na carreira de investigação de elementos do CEPTA e foi dada orientação a cerca de três dezenas de dissertações de mestrado e doutoramento. Quanto à participação em reuniões científicas, verificou-se que os investigadores daquele centro estiveram envolvidos em mais de duas centenas dessas reuniões com apresentação de trabalhos na sua larga maioria, e fazendo parte da organização em 17 delas. De salientar também a participação dos investigadores do CEPTA na organização dos cursos de “Patologia das Plantas Tropicais e Sub-Tropicais” (1985) e “Métodos de Conservação a longo prazo de Recursos Fitogenéticos” (2004) bem como a representação nas Comissões Técnicas de Normalização de Produtos Alimentares a nível nacional (IQA) e internacional (ISO), no “FAO Research Network on Sunflower” e no “European Working Group for IPM in Developing Countries”, e ainda a participação em actividades de docência como as que seguidamente se exemplificam: 55 • Disciplina de Ecofisiologia das Plantas Tropicais, do Mestrado em Produção Agrícola Tropical, do Instituto Superior de Agronomia (Coordenação da Drª Antonieta Nunes) • Disciplina de Tópicos de Biotecnologia, do Mestrado em Biotecnologia, do IST • Disciplina da Delineamento Experimental e Análise Estatística nos Mestrados de Agronomia Tropical (Instituto Superior de Agronomia) e Veterinária Tropical (FMV) • Disciplinas de Demografia, População e Desenvolvimento e Metodologias de Extensão Rural no Bacharelato em Agro-Economia (coordenado pelo Instituto Superior de Agronomia) em Santiago, Cabo Verde • Disciplina de Planeamento e avaliação de processos de desenvolvimento no Mestrado de Estudos Africanos (ISCTE) • Aulas práticas da Disciplina “Produção de Alimentos II” do Curso de Engenharia Alimentar do Instituto Superior de Ciências da Saúde • II FAO Sunflower Training Course (Univ. de Pisa) Como acima se referiu, o projecto AGRI 2. orientado pelo investigador principal, António Barbosa sucede ao Centro de Estudos de Fitossanidade do Armazenamento (CEFA, com o número 13 na primeira coluna do Quadro 1 acima), onde foi desenvolvida actividade de I&DE sobre a problemática da conservação dos produtos agrícolas secos de origem vegetal armazenados, em países das regiões tropicais e outros. O CEFA foi dirigido entre 1983 e 1994 pelo investigador coordenador Artur Soares Gouveia e depois pelo actual responsável pelo programa, orientou a sua actividade no quadro das competências que lhe foram atribuídas pelo Dec.-Lei nº 160/83 e que incluíam: • a prospecção dos problemas locais de fitossanidade do armazenamento e a avaliação dos seus aspectos económicos; • a realização de estudos de natureza sistemática, morfológica e bioecológica das principais espécies de insectos, ácaros, fungos e roedores que atacam os produtos agrícolas secos; 56 • promover e desenvolver o estudo experimental de técnicas de armazenamento, do ponto de vista profiláctico, e de técnicas de tratamento contra agentes biológicos nocivos aos produtos armazenados; • desenvolver actividades de intercâmbio científico. Das acções mais relevantes que foram desenvolvidos no CEFA destacam-se as que se encontram listadas na Caixa 6, as quais denotam a sua participação activa em diversas acções com financiamento externo e com aplicações generalizadas na melhoria das condições de armazenamento de produtos agrícolas com efeitos notórios a nível económico. Caixa 6: Investigação Científica e Apoio ao Desenvolvimento em Fitossanidade do Armazenamento 1989 - Visita de estudo à ilha de Santiago, Cabo Verde, para caracterização dos problemas agro-industriais. 1993 a 1996 - Participação no projecto financiado pela União Europeia STD3 Project ERBTS3 CT920097 “Mitigation of Stackburn in woven polypropylene Bag-Stack Maize Grains for Improved Food Security in Sub-Saharan Africa”, em colaboração com o Natural Resources Institute (NRI), United Kingdom; University of Ghana; Ghana Food Distribution Corporation (GFDC); University of Zimbabwe and Grain Marketing Board of Zimbabwe (GMB). Foram realizadas visitas técnicas a Maputo (Moçambique) em 1994 e a Harare (Zimbabué) em 1995, com o objectivo de programar acções a desenvolver no âmbito deste projecto. 1998-2001 - No âmbito do Programa de Apoio à Reforma dos Laboratórios de Estado, referência PLE/11/98, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, foi desenvolvido o sub-projecto “Manutenção da qualidade no armazenamento estratégico de produtos alimentares e não-alimentares em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe“, relativamente a produtos armazenados considerados estratégicos para estes países, como milho, trigo, arroz, feijão, farinhas, cacau e tabaco. Foram realizadas visitas técnico-científicas, no âmbito do projecto mencionado, em armazéns, fábricas e silos, em Cabo Verde, e a armazéns em S. Tomé e Príncipe. 2001 - Organização da reunião científica do Grupo de trabalho da IOBC/WPRS, sobre “Integrated Protection in Stored Products”, que decorreu de 2 a 5 de Setembro, em Lisboa. 2002/2003 – Participação no grupo de trabalho 4 (WG4) “Biological control of insects and mites with special reference to entomophthorales”, do Programa COST Action 842, da UE. 57 Relativamente à formação há a registar uma participação contínua através da realização de estágios de curta duração para técnicos dos países de língua oficial portuguesa, estágios de fim de curso e mestrado, bem como a própria colaboração na realização de cursos, como foi o caso: • 1988 - Colaboração no Curso de Formação profissional de jovens na área de novas culturas tropicais e subtropicais, do Fundo Social Europeu (FSE) • 1998 - Colaboração no Curso de Formação “Fitossanidade dos Produtos Armazenados” a técnicos superiores da Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar (DGFCQA) do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, com a Coordenação do Eng. Carlos Pimpão, da DGFCQA, e do Prof. António Mexia (Director do CEFA) • 2001- Colaboração no Curso de Bacharelato de Produção e Protecção das Culturas; no âmbito da disciplina de Entomologia, cooperação com o INIDA, em S. Jorge dos Órgãos, Cabo Verde • 1993/94, 1994/95, 1996/97, 1999/99, 1999/00, 2000/01, 2003/04 Colaboração na actividade docente do Curso de Mestrado em Produção Agrícola Tropical, no âmbito da disciplina de Tecnologia Pós-Colheita, no Instituto Superior de Agronomia/UTL. O projecto AGRI5 sucede ao Centro de Veterinária e Zootecnia (CVZ, com o número 15 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Doutor Alfaro Cardoso, investigador principal do IICT, também professor associado convidado na UTL. O CVZ herdou um historial de trabalho realizado nas antigas colónias, através do qual se lançaram os indispensáveis fundamentos da investigação científica e das missões de combate às tripanosomíases. É célebre o pioneirismo dos médicos veterinários portugueses no combate a diversas doenças que abalavam a produção animal já nos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. 58 Os estudos de patologia animal, nomeadamente a investigação das doenças causadas por agentes patogénicos próprios das regiões tropicais, bem como a realização de programas ou projectos relativos à conservação e controlo de qualidade dos produtos de origem animal, ou ainda problemas relacionados com a nutrição, a produção de leite e de carne, a produção e maneio de pastagens, a fertilidade e a inseminação artificial, bem como a recolha e o tratamento de dados sobre a economia pecuária constituem um conjunto vasto de actuação sobre o qual o CVZ executou uma intensa actividade científica e de consultoria. Já se referiu acima o financiamento comunitário vultuoso do projecto “Mecanismos de Adaptação Parasita/Hospedeiro em Populações Locais de Caprinos da Ilha Terceira – Dinâmica de Infecção e Resistência Antihelmíntica”, apresentado pelo CVZ. O CVZ prestou uma colaboração muito estreita à Faculdade de Medicina Veterinária da UTL, ao assumir o seu responsável a coordenação e docência do curso de Mestrado em Medicina Veterinária e Zootecnia Tropical, ao mesmo tempo que assegurava docência noutras disciplinas das Universidade de Vila Real e dos Açores. Toda esta colaboração nas actividades de ensino tem naturalmente provocado a orientação de trabalhos de dissertação e de teses a dezenas de alunos estagiários de licenciaturas, mestrandos e doutorandos que assim têm vindo a ser seguidos por investigadores do CVZ com bastante regularidade, incluindo a publicação dos respectivos trabalhos científicos. Os projectos em que o CVZ tem estado envolvido têm dado origem à sua presença em grandes acções e programas de desenvolvimento, como os que aqui se exemplificam: - “Projecto de Cunicultura e Avicultura para a cintura residencial de Bissau”, 1994; - “Projecto de Inseminação Artificial para a produção de gado leiteiro na província de Maputo”; - “Projecto de Cunicultura e Avicultura para a região de Cacheu”, Guiné-Bissau, 1998; 59 - “Projecto de Avicultura e Cunicultura de Santiago”, Cabo Verde, 1999; - “Projecto de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária de S. Tomé e Príncipe”, 2001. Em acumulação com os projectos de investigação tem o CVZ desenvolvido uma intensa actividade de consultoria de que seguidamente se apresentam aqui alguns exemplos mais significativos: - levantamento das potencialidades pecuárias e de nosologia na República de Cabo Verde, 1988; - projecto de produção de ovinos e caprinos para a empresa “Água-Izé”, da República de S. Tomé e Príncipe, 1988; - projecto de combate à desertificação das zonas de pastoreio da região de Oio na Guiné-Bissau, 1989; - reabilitação do efectivo e da indústria leiteira da Província de Maputo, Moçambique, 1993; - Natural Resources Management Within Multispecies System in the Mid- Zambezi Valley: Implications for sustainable Development in Dry Lands Areas of Southern Africa, 1998; - Programa Integrado Desenvolvimento Rural da Província do Cunene, 2002; 4. Biodiversidade e Gestão de Recursos Naturais (BIO) O programa BIO, coordenado pela Dra. Maria Adélia Diniz, investigadora coordenadora aposentada, sucedeu ao Departamento de Ciências Biológicas, onde a acção do IICT integrou um manancial de estudos de botânica e de zoologia. Das diversas Missões Botânicas efectuadas nos territórios da África lusófona resultou uma valiosíssima colecção que viria a reverter para o enriquecimento do Herbário do Centro de Botânica (CB, com o número 8 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pela responsável do programa, que sucedeu ao Prof. Ilídio Moreira, catedrático do Instituto Superior de Agronomia. As Missões 60 Botânicas aos antigos territórios portugueses de África, assim como as relações de permuta com organismos congéneres, deram origem à constituição de um valioso herbário tropical com cerca de 300.000 espécimes originais, conhecido internacionalmente pela sigla LISC. Este herbário que veio a incorporar, em 2002, o herbário do Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT), com cerca de 50.000 espécimes, conhecido internacionalmente pela sigla LISJC atingiu, assim, um inestimável valor científico pela sua grande riqueza em tipos de espécies novas. O Herbário encontra-se em fase de tratamento informático, tendo já sido informatizada a família Leguminosae de Angola na base de dados do Programa BRAHMS e deu-se início à informatização do material-tipo com financiamento externo. Por outro lado, os estudos sistemáticos são suportados pela biblioteca especializada em botânica tropical, compreendendo milhares de obras originais, quer livros, quer publicações seriadas cuja consulta é indispensável aos estudos florísticos e vegetacionais desenvolvidos, e ainda reimpressões de obras clássicas já não disponíveis nas edições originais. Também o acervo da Biblioteca se encontra em informatização, utilizando o software DOCBASE que é adoptado no CDI e com aplicação das mesmas normas ISBD. Foram realizados estudos de biodiversidade em diversas áreas, nomeadamente sobre as floras da bacia hidrográfica do rio do Zambeze, de Angola, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, estudos de vegetação, ecologia e fitogeografia de várias regiões africanas, estudos etnobotânicos, incluindo as plantas medicinais na Guiné-Bissau e plantas infestantes de culturas, quer em Cabo Verde, quer na Guiné-Bissau. Constituem exemplos destas acções a publicação da Flora Zambesiaca, da Flora de Moçambique e de Cabo Verde. Tratou-se de projectos de longa duração concretizados em estreita colaboração com outras instituições, como é o caso do Royal Botanic Gardens, Kew, no caso da primeira e com entidades locais no caso das segundas (Univ. Eduardo Mondlane, INIA de Moçambique; INIDA de Cabo Verde). 61 No desenvolvimento destas áreas privilegiou-se o envolvimento pluridisciplinar e a colaboração com outras instituições nacionais e estrangeiras, bem como com países africanos que desenvolvem estudos científicos relacionados. Alguns desses estudos, para além do interesse científico, vêm contribuindo para a melhoria das condições socioeconómicas destes países, como foi o caso do estudo da Azolla, planta utilizada como biofertilizante azotado na cultura do arroz na Guiné-Bissau, contribuindo para o aumento da sua produtividade. De igual modo, a elaboração das Cartas de Zonagem Agro- ecológicas e da Vegetação de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, a solicitação das entidades governamentais dos respectivos países, viria a contribuir para o melhor conhecimento das condições mais propícias para a agricultura e a pecuária. Também se desenvolveu um intenso trabalho de formação, reconhecido internacionalmente. A título de exemplo, o coordenador do Southern African Botanical Diversity Network da África do Sul, manifestou o seu reconhecimento pela contribuição prestada em 2002 na formação científica de técnicos angolanos e moçambicanos. O referido relato inclui a listagem completa dos programas que foram aí concedidos e que integraram orientação de doutoramentos, estágios de especialização, de fim de curso e de aptidão profissional, bem como das missões botânicas (10 a Cabo Verde, 23 à Guiné-Bissau, 1 a Moçambique e 4 a S. Tomé e Príncipe). Acresce a actividade de investigação ilustrada na Caixa 7. Caixa – 7: Projectos do Centro de Botânica - Utilização de Azolla em rizicultura na Guiné-Bissau. Estudo dos seus metabolitos secundários (AGR/586/90). Financiado pela JNICT e pela Fundação Calouste Gulbenkian. 1991-1996. Instituições: Fac.Ciências Univ. Lisboa (coordenação), Fac. Farmácia Univ. Lisboa, INPA (Guiné-Bissau) e IICT/CB. Investigador do IICT: M. A Diniz - Biodiversidade do Parque Natural das Lagoas da Cufada (Guiné-Bissau). Financiado pela UE, ICP e ICN. 19962002. Instituições: Direcção Geral do Ambiente (Guiné-Bissau) e IICT/CB/CG/CP/CZ. Investigadores do IICT/CB: M. A Diniz, E. Martins, L. Catarino 62 - Estudo e Aproveitamento de Plantas Medicinais da Guiné-Bissau. Financiado pelo ICP. 1998-2000. Instituições: Instituto D. Manuel II (ONG proponente), ACEP, Fac. Farmácia Univ. Lisboa, AD (ONG da Guiné-Bissau) e IICT/CB. Investigador do IICT: M. A Diniz e E. Martins. - Plant Diversity in Angola: A database of the Family Leguminosae. Financiado pela FCT, Programa PRAXIS XXI, 1998-2003. Instituições: Inst. Botânico Coimbra (coordenador) e IICT/CB. Investigadores do IICT: E. Figueiredo (resp.), L. Catarino e A Morgado - Origem da Flora de São Tomé: uma abordagem sistemática e molecular. Financiado pela FCT, POCTI, 20012006. Instituições: IICT/CB/CG. Investigadores do IICT: E. Figueiredo (resp.) e P. Alves - Manual de Infestantes das Culturas da Guiné-Bissau.. 1990-1994. Instituições: IICT/CB (coordenação) e INPA (Guiné-Bissau). Investigadores do IICT: .I Moreira, M. A Diniz, E. Martins e M. C. Duarte A divulgação científica tem igualmente vindo a merecer uma atenção especial, devendo aqui sublinhar-se a participação, desde 2001, a convite do Flora Zambesiaca Managing Committee, dos Royal Botanic Gardens, Kew, de Eurico Martins como Deputy Editor de Flora Zambesiaca. A responsável é ainda membro do Editorial Board, juntamente com os Royal Botanic Gardens, Kew, na edição de Flora Zambesiaca, publicando também em revistas estrangeiras e nacionais para além das publicações regulares do IICT, Garcia de Orta, série de Botânica (revista periódica), Flora de Cabo Verde e Flora de Moçambique. No antigo departamento encontravam-se também incluídas as actividades concretizadas pelo Centro de Zoologia (CZ, com o número 7 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Prof. Doutor Luís F. Mendes, investigador coordenador. O CZ conserva um espólio científico impar no país iniciado com a Missão da Guiné e que hoje abrange material proveniente também (entre outros) de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Índia (Goa), Macau e Timor, constituindo globalmente uma das melhores colecções zoológicas mundiais no que respeita à maioria daqueles países. Trata-se de um espólio correspondente a cerca de 2000 registos de mamíferos, 6000 de aves, 4000 de répteis e anfíbios (cada registo só excepcionalmente não correspondente a um único exemplar) e séries muito abundantes de invertebrados das quais, cerca de 5300 registos de insectos que corresponderão a muito mais de setenta mil exemplares, quase 1300 registos de aracnídeos, além das colecções dos restantes artrópodes terrestres, do 63 plâncton, da malacologia e da parasitologia. Para além destes são ainda de referir aqui os cerca de 1200 exemplares de peixes da colecção CZ que se encontram depositados no Museu Nacional de História Natural / Museu Bocage por aí estarem preservados em melhores condições. As linhas de trabalho desenvolvidas no CZ têm permitido um progressivo aumento dos conhecimentos sobre a Biodiversidade zoológica tropical, quer nas suas facetas mais fundamentais de taxonomia, filogenia, ecologia, etologia (primeiros estudos realizados em Portugal) e zoogeografia, quer em aspectos com aplicação mais directa, como o são as áreas da apicultura, controlo biológico e parasitologia. Outras importantes áreas de investigação como a Ornitologia, a Apicultura, a Oceanografia ou a Luta Biológica foram também desenvolvidas pelo CZ, embora a sua continuidade tenha sofrido com a gradual redução do número de investigadores que tem afectado o IICT. As actividades do CZ estiveram muitas vezes ligadas à economia dos territórios e ao bem estar das populações, e a grande maioria dos projectos desenvolvidos nos últimos 20 anos teve como alvo principal as problemáticas relacionadas com África, muito embora alguns deles tenham incidido globalmente ou em parte sobre o Oriente (Macau, Timor-Lorosae), assim como sobre áreas não tropicais (Açores), ou sobre áreas geográficas diversas constituídas por regiões tropicais, subtropicais e não tropicais. O CZ desenvolveu inúmeros projectos ao longo destes anos, encontrando-se em anexo a sua listagem completa. Indicam-se na Caixa - 8 os principais, verificando-se deles ter resultado um nítido aumento dos conhecimentos sobre a diversidade zoológica, bem como sobre os ecossistemas e as relações com o homem e animais domésticos. Caixa 8: Projectos do Centro de Zoologia -“Os Mosquitos de Macau (Diptera, Culicidae). Sistemática, Bioecologia e Importância Médica”. 1994-1997. Responsável H. Ramos. Financ. pelo Instituto Cultural de Macau, Fundação Oriente, Câmara Municipal das Ilhas e Univ. Macau 64 -“Erradicação da Fasciolose Bovina da Ilha de Santiago”. 1995-1999. Coordenador M. Lucília Ferreira (Faculdade de Veterinária da Univ. Técnica de Lisboa). Co-financiado pelo Instituto da Cooperação Portuguesa, IICTI e Direcção Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária de Cabo Verde -“Estudo da Esquistossomose e da Dicroceliose dos Ruminantes da República da GuinéBissau”. 1996-1998. Coordenador M. Lucília Ferreira (Faculdade de Veterinária, Univ. Técnica de Lisboa). Subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian -“Estudo do Parque Natural das Lagoas de Cufada (Guiné-Bisaau)”. 1996-2002. Coordenador A. Guerra Réffega. Componente zoológica da responsabilidade de J. Crawford Cabral, depois de L.F. Mendes. Financ. ICP, subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian -“Fauna Europaea”. 1999-2001. Coord. Museus de História Natural de Paris, Amsterdão e Copenhaga. Representante do IICT, coordenador dos «Apterygota não Collembola» e especialista em Microcoryphia e Zygentoma. Financ. por verbas da CE – O IICT é membro do consórcio -“Estudo do género Uranotaenia (Diptera, Culicidae) em Madagáscar”. 1997-2000. Resp. H. Ramos. Financ. pela ORSTOM Para além destes projectos continua hoje a dar-se continuidade: • ao “Glossário de Termos Entomológicos”, que teve início (como Projecto não financiado) em 1991; o trabalho prossegue, embora tenha sido suspenso devido ao falecimento do Eng. Passos de Carvalho da Estação Agronómica Nacional, o outro executante inicial, actualmente substituído pelo Prof. Doutor Artur Serrano, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. (L.F. Mendes) • à “Distribuição geográfica dos Mamíferos de Angola”, acção (iniciada como Projecto) que se vem prolongando desde 1995 (J. Crawford Cabral) Os trabalhos realizados no âmbito dos Projectos reflectem as actividades de campo desenvolvidas e que possibilitaram a recolha do abundante material e de observações essenciais ao avanço dos estudos zoológicos, em especial das áreas tropicais. Tudo isto foi ainda possível graças à realização de um número apreciável de missões zoológicas que foram realizadas com alguma regularidade aos territórios de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Madagáscar e Açores e sobre as quais se encontra em anexo uma relação completa. 65 Todas estas actividades motivaram em simultâneo o desenvolvimento de inúmeras acções de cooperação de que a Caixa 9 apenas inclui as mais importantes. Caixa 9: Acções de cooperação no âmbito da zoologia - Apetrechamento tecnológico, organização e implementação de meios de diagnósticos em Laboratórios nos países de língua oficial portuguesa: Laboratório de Biologia do Museu do Dundo, Angola (1994/5) – Transferência de metodologias e técnicas de triagem, montagem e acondicionamento de colecções zoológicas e da sua preservação (em particular de colecções de Mamíferos e de Insectos), a pedido do Governo de Angola. Lab. Veterinária da Direcção dos Serviços de Veterinária do Minist. Agricultura da Guiné-Bissau (1997) – Apetrechamento com material corrente de laboratório, transferência de metodologias e técnicas de diagnóstico de parasitologia em animais domésticos, integrados no projecto “Estudo da Esquistossomose e da Dicroceliose dos Ruminantes da República da Guiné-Bissau”. Laboratório de Veterinária da Direcção dos Serviços de Veterinária do Ministério da Agricultura, Alimentação e Ambiente de Cabo Verde (1993-1999) - apetrechamento com equipamento e material corrente de laboratório, transferência de metodologias e técnicas de diagnóstico de parasitologia em animais domésticos, integrados nos projectos “Estudo da Fasciolose e da Esquistossomose em Cabo Verde” (1993-1995), “Erradicação da Fasciolose Bovina da Ilha de Santiago”(1995-1999) e “Estudo da Esquistossomose na Ilha de Santiago” (1995-1999) Aliada à intensa cooperação que o centro desenvolveu, verificou-se por parte do corpo de investigadores do CZ uma intensa participação em congressos e outras reuniões científicas nacionais e internacionais que tiveram lugar desde Portugal continental e insular, Espanha, Rússia e numerosos outros países europeus à Índia e ao Canadá. A participação nestas reuniões não se resumiu, contudo, à apresentação e discussão de comunicações orais e/ou “posters”, alargando-se também à presidência de mesas, à participação na organização dos eventos ou mesmo à responsabilização pelo próprio evento, como segue: • “II e V Congressos Ibéricos de Entomologia” (Lisboa-Portugal, 1985 e 1992) – L.F. Mendes, integra as Comissões Organizadoras; moderador em três mesas, uma sobre Arachnida e duas sobre Apterygota (1985) e em duas sessões sobre Apterygota (1992) • “IV Jornadas da Sociedade Portuguesa de Entomologia” (Castelo Branco – Portugal, 1990) – J. Travassos Dias moderador de uma das sessões 66 • “I Simpósio Internacional de Luta Biológica em Ilhas Europeias” (Ponta Delgada-Açores, 1995) – J. Piedade Guerreiro, moderador de uma das sessões • “VII International Colloquium on Apterygota” (India-Bangalore, 1988) – L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia • “I Congresso de Citricultura” (Algarve-Portugal, 1992) – J. Piedade Guerreiro, membro da Comissão Organizadora e vogal de uma mesa • “III Congresso Ibérico de Parasitologia” (Lisboa-Portugal, 1992) M. Mendonça, membro da Comissão Organizadora e moderadora de uma das sessões • “VI Congresso Ibérico de Entomologia” (Madrid-Espanha, 1994) – L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia compartilhada com M. Barrientos (Espanha) • “II International Open Meeting” do grupo de trabalho “Fruit Flies of Economic Importance” da OILB/SROP (Lisboa-Portugal, 1993). Organização a cargo de J. Piedade Guerreiro, realização do encontro nas instalações do IICT • “Jornadas AVAPI/94 – Fruticultura Integrada” (Alcobaça-Portugal, 1994) – J. Piedade Guerreiro, integra a sessão de abertura como o representante do IICT e preside a uma sessão de trabalho • “VII Congreso Ibérico de Entomologia” (Santiago de CompostelaEspanha, 1996) – L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia • “II Congresso Nacional de Etologia” (Lisboa-Portugal, 1996) – M. Pinheiro integra a Comissão Organizadora • “V International Seminar on Apterygota” (Córdova-Espanha, 1998) – L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia compartilhada com L. Espinasa (México) • “IX European SOVE Meeting” (Lisboa-Portugal, 1998) – H. Ramos, colaboração na Organização; L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia de Vectores 67 • “XI International Colloquium on Apterygota” (França-Rouen, 2005) – L.F. Mendes, integra a Comissão Científica; moderador de uma mesa sobre Taxonomia e Biogeografia. Falta ainda referir a formação que ocupou também intensamente o CZ encontrando-se em anexo uma relação completa dos programas que foram aí concedidos e que integraram actividades pedagógicas, orientação de dissertações e estágios de especialização. 5. Ciências da Terra e Ambiente (TER) O programa TER, de que é responsável a Doutora Ondina Figueiredo, investigadora coordenadora, continua as actividades de dois antigos departamentos com três centros cada, além do Centro de Estudos de Pedologia que estava inserido no Departamento das Ciências Agrárias. Através dos projectos TER 1 a 6, procura-se: 1. Desenvolver acções no âmbito da observação da Terra, que se estendem da cartografia do coberto do solo em Angola à monitorização geodésica de zonas de risco, passando pela actualização de redes geodésicas em vários países lusófonos e pelo estabelecimento de padrões temporais do fogo, através da utilização de imagens Landsat e observação com GPS, bem como de SIG (também extensivos à visualização e modelação espacial de património cultural). 2. No contexto do conhecimento e utilização dos solos de Angola, é significativamente ampliada a área cartografada e analisam-se o planeamento agroecológico e o uso agrário sustentável de províncias daquele território. 3. Prossegue a cartografia geológica de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, designadamente, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Cabo Verde (Ilha de Santo Antão). 68 4. Caracteriza de ambientes crustais e mantélicos suboceânicos no Atlântico, concretamente através do estudo de xenólitos peridotíticos e inclusões fluidas. 5. Dá-se desenvolvimento mineroquímica de a estudos geomateriais do anteriores Continente sobre a Africano, designadamente à monitorização geoquímica do vulcão do Fogo e a vidros vulcânicos de Cabo Verde, encetando-se a informatização do acervo de dados químicos. 6. Os estudos geográficos em Angola e Cabo Verde têm seguimento através da análise do clima e da biogeografia de Angola, do estudo da dinâmica de vertentes em Cabo Verde e do inventário bibliográfico. Começa-se esta descrição com o projecto TER 2, de que é responsável José dos Anjos Raposo, investigador auxiliar e que sucede ao Centro de Estudos de Pedologia (CEP, com o número 10 na primeira coluna do Quadro 1 acima). A cartografia de solos, acompanhada do preenchimento de uma ampla agenda científica, traduziu-se na concretização de estudos responsáveis por um acréscimo significativo de conhecimentos no que respeita à fertilidade dos solos e à luta contra os fenómenos da erosão. As cartas gerais de solos além do indiscutível valor científico, representam uma base indispensável para a resolução dos problemas gerais do ambiente compreendendo a gestão e a utilização do solo, que devem sempre fazer-se tendo em vista uma adequada preservação dos melhores solos e dos diversos ecossistemas em que se integram. São ainda peças insubstituíveis para o ordenamento geral de um território, o planeamento regional e urbano, a definição de medidas de conservação dos solos, a investigação e experimentação agrárias, a elaboração de cartas interpretativas, etc. Nessa perspectiva, a actividade do CEP tem centrado a sua actividade na inventariação e na cartografia dos solos e terras de Angola, e em menor extensão, também da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Portugal. 69 Os estudos sistemáticos de reconhecimento e cartografia dos solos de Angola iniciaram-se em 1954, sob a coordenação do Prof. Doutor Joaquim Vieira Botelho da Costa. Durante o período de 1983 a 2003, elaboraram-se e publicaram-se Cartas Gerais de Solos na escala 1:500 000 para a província de Cuanza Sul (1985) e na escala 1:750 000 para as províncias de Malanje (1995) e Bié (2002). Encontram-se ainda em fase de pré-impressão, cartas, na escala 1:1 000 000, para as províncias de Cuando-Cubango, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico. Com a publicação destas cartas, Angola ficará a dispor de Cartas Gerais de Solos para 95% da sua área territorial, ficando apenas por concluir as cartas de solos para a área abrangida pelas províncias de Luanda, Bengo e Cuanza Norte. Além da publicação de cartas de solos por províncias, o CEP, tendo vindo a utilizar a tecnologia emergente dos sistemas de informação geográfica para digitalizar, geo-referenciar e integrar em base de dados, a volumosa informação existente no CEP sobre os recursos biofísicos de Angola. Na sequência deste trabalho, concluiu-se uma versão digital da Carta Generalizada dos Solos de Angola (4ª aproximação), desenvolvida na escala 1: 1 000 000, segundo os princípios gerais adoptados pela FAO/UNESCO para a elaboração da Carta de Solos do Mundo. O trabalho de cartografia de solos foi coordenados por R. Pinto Ricardo e/ou E. P. Cardoso Franco, tendo ainda desenvolvido actividade com carácter de continuidade E. M. Silva Câmara, M. J. S.M Guerra Pinheiro, F. A. Milho da Conceição, M. A. Melo Ferreira. Na aplicação dos SIG à cartografia de solos e na elaboração da Carta Generalização dos Solos de Angola (4ª aproximação) há ainda a assinalar a contribuição activa do chefe de projecto. Com o conhecimento dos recursos biofísicos de Angola, será possível desenvolver estudos interpretativos e de modelação geográfica em diversos domínios científicos. A definição das bases para o planeamento agro-ecológico 70 e o uso agrário sustentável dos solos e terras de Angola, surge como uma necessidade básica para o desenvolvimento desse País. Uma contribuição para a prossecução desse objectivo foi a concretização de um estudo de Zonagem Agro-ecológica para a província do Cuanza Sul, também a cargo do chefe do projecto TER 2. No âmbito da Física, Química e Mineralogia do solo, além das análises laboratoriais para determinação de parâmetros físico-químicos indispensáveis à caracterização e classificação das unidades pedológicas, assinala-se a realização de estudos por difracção de raios X, com utilização de software específico que permite o estudo de misturas complexas de minerais argilosos e a sua comparação com perfis simulados. Estes estudos, desenvolvidos com vista à cartografia de solos e no âmbito geologia e pedologia aplicadas, foram dirigidos por A.F.A. Sanches Furtado até 2001 e, a partir dessa data, por M. Madalena Sobral da Fonseca. Nos domínios da Geomorfologia, os estudos incidiram essencialmente na identificação das unidades e sub-unidades geomorfológicas, tendo em consideração a interacção do meio com a génese, evolução e conservação do solo. Deu-se especial atenção aos processos de degradação do solo – erosão e lateritização – que apresentam maior incidência em Meio Tropical. Estes estudos mereceram até 2000 a dedicação activa de M. Monteiro Marques, de que resultaram diversas publicações em especial para Angola e Cabo Verde. O Pedoclima, expresso pela temperatura e pelo teor de humidade do solo, responsáveis pela maioria dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no solo, foi objecto de estudo por E. P. Cardoso Franco, para Angola, Cabo Verde e Madeira. Contribuições para o esclarecimento do papel determinante do solo como principal reservatório do Carbono superficial da Terra, foram prestadas por R. P. Ricardo E.P. Cardoso Franco e J. A. Raposo, nos estudos sobre a matéria 71 orgânica e carbono orgânico dos solos de Angola, Portugal continental e Madeira. Os desafios que se colocam à necessidade de obter tecnologia que possibilite a utilização contínua e sustentada dos solos em Meio Tropical constituíram igualmente preocupação do CEP. Para o efeito, em colaboração com o Instituto Superior de Agronomia e o Departamento de Hidráulica Agrícola e Solos (DHAS) do Ministério de Desenvolvimento Rural da Guiné-Bissau, estudaramse e encontraram-se, em condições reais, soluções técnicas susceptíveis de conduzir à utilização contínua e duradoura dos solos com argilas de baixa actividade, sem recurso à prática ecologicamente destrutiva da queimada. O volume de conhecimentos e dados disponíveis, associados a uma preocupação constante no desenvolvimento de intercâmbio científico, determinaram o envolvimento do CEP em alguns projectos internacionais de que se destacam o SOTERSAF – Soil and Terrain Database for Southern Africa, que decorreu sob a coordenação da FAO/ISRIC/UNEP e o Curso Internacional de Hidrologia Operativa. Geologia, promovido por MES/SEOP/DGRAH/UNESCO. O CEP tem colaborado frequentemente em acções de formação sobre domínios de âmbito tropical, designadamente com o Instituto Superior de Agronomia. Assim, os investigadores do CEP têm vindo a ser solicitados para apoio no ensino sobre a utilização de técnicas analíticas no âmbito da mineralogia do solo e sobre a apresentação de temas relacionados com o conhecimento dos recursos em meio tropical e das limitações e potencialidades que se colocam à sua utilização. Foi também prestada formação nos países tropicais, designadamente na Guiné-Bissau, Cabo Verde e Angola. No âmbito da sua actividade de cooperação, os investigadores do CEP realizaram diversas missões aos países de expressão portuguesa, visando a execução de projectos de investigação e desenvolvimento e a prestação de 72 acções de formação. Assim, os estudos de geomorfologia e de compartimentação da paisagem, tendo em via a luta contra a desertificação mereceram a deslocação, por várias vezes, a Cabo Verde de M. M. Marques, entre 1983 a 1992. A recolha e preparação duma colecção de monólitos de solos, bem como a formação de pedologistas neste domínio, motivaram deslocações a Cabo Verde de F.A. Milho da Conceição, em 1984, 1985 e 1986. A concretização de um projecto de investigação designado por Redução do Período de Pousio e Manutenção da Fertilidade do Solo na Guiné Bissau contou com várias deslocações a esse País de José A. Raposo, no período de 1992 a 1994, para apoio ao Departamento de Hidráulica Agrícola e Solos na instalação do respectivo ensaio, no seu acompanhamento e na colheita e análise de dados. No âmbito do projecto Ordenamento Regional e Desenvolvimento Rural: Factores de Degradação e Conservação do Solo na Ilha de Santiago, F. A. Milho da Conceição e J. A. Raposo realizaram duas deslocações a Cabo Verde, no período de 1999 a 2002, com o objectivo de proceder a estudos de reconhecimento de solos que incluíram a abertura e descrição morfológica de perfis de solo e a colheita de amostras para determinação analítica. Para realização de acções de formação sobre os Recursos Edafo-climáticos de Angola e o Desenvolvimentos de Estudos de Zonagem Agro-ecológica para Quadros Técnicos do Ministério de Agricultura, o chefe do projecto deslocou-se, em 2002, às províncias de Cuanza Sul e Namibe. O projecto TER 1 engloba as acções antes desenvolvidas pelo Departamento de Ciências de Engenharia Geográfica, cujos três centros trabalharam sempre com estreita ligação. Já se sublinharam as vertentes que estiveram na origem da criação da antiga Comissão de Cartografia como tentativa de corresponder às solicitações que a geopolítica da época exigiam das potências coloniais europeias. A delimitação de fronteiras e a cobertura geográfica dos territórios que hoje constituem a África lusófona vieram a constituir importantes atributos para que o IICT continuasse a dar uma atenção especial a estas actividades. 73 A cartografia resultante da elaboração de cartas geográficas de excelente qualidade que hoje existem sobre aqueles territórios integram um invulgar instrumento de trabalho para os actuais países afro-lusófonos e Timor. Essa cartografia configura, assim, uma plataforma quase exclusiva para o desenvolvimento desses países ao emergir como um instrumento indispensável ao planeamento da implantação de estradas, de barragens, de pontes, de projectos de electrificação e de telecomunicações, bem como ao ordenamento do território e ao seu levantamento cadastral. A importância destes estudos é, aliás, bem patente no facto de numerosas cartas hipsométricas, agro-ecológicas e de vegetação, elaboradas com base na referida cartografia terem sido já publicadas após a independência desses territórios. Alguns dos projectos desenvolvidos nestas áreas foram já citados quando se fez referência a certos financiamentos de vulto de que o IICT beneficiou de alguns programas dinamizadores de C&T e através dos quais foi possível apetrechar os seus centros com os meios técnicos necessários ao seu up- grade científico, por forma a melhor responderem às solicitações que lhes eram impostas pela cooperação que Portugal desejou sempre manter com os países de expressão portuguesa. Quanto ao Centro de Geodesia (CGEOD, com o número 4 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Engº Frias de Barros até 2005, e agora da responsabilidade do Engº Nuno Lima, investigador auxiliar, viria a desempenhar uma actividade relevante nos seus domínios específicos, abrangendo uma série ampla de intervenções desde: • determinação de latitudes e longitudes astronómicas em Macau (1986) • observação e cálculo da rede geodésica da Ilha de S. Jorge, Açores (1988); 74 • estabelecimento do Protocolo Luso-Moçambicano para a revisão e ajustamento da rede geodésica de Moçambique (1991), desenvolvendo diversas e importantes acções nesta matéria, nomeadamente a revisão e informatização das redes de triangulação geodésica e nivelamento geométrico de alta precisão; • participação nas campanhas GPS para o estudo da geodinâmica dos Açores. Além das habituais observações GPS e em colaboração com o Finnish Geodetic Institute of Astronomical and Physical Geodesy da Universidade das Forças Armadas de Munique, foram observadas as redes gravimétricas de todas as ilhas do arquipélago dos Açores e foi estabelecida uma estação gravimétrica absoluta na Ilha do Faial; • ajustamento da rede geodésica de Angola, tendo ainda colaborado e apoiado a Comissão Nacional para a Delimitação das Fronteiras Marítimas deste país com quem estabeleceu formas de actuação; • estabelecimento da rede GPS na Ilha do Fogo, em Cabo Verde para a monitorização do vulcão do Fogo, a qual incluiu a observação periódica da rede em intervalos de 6 meses; • observação do troço Búzi-Zimuala da rede geodésica de Moçambique, concluída em 2003; até à implementação de programas de formação técnico profissional que incluíram: • estágios para conclusão da licenciatura em Engenharia Geográfica na Faculdade de Ciências da UL e Universidade Agostinho Neto de Angola, tendo estagiado no centro mais de 30 finalistas destes cursos; • estágios profissionais de técnicos dos países afro-lusófonos e Timor que incluíram topógrafos, geómetras e engenheiros da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola. A Investigadora Auxiliar, Ana Morgado, e a Investigadora Auxiliar com Habilitação Maria José Vasconcelos animam as áreas da fotogrametria e da 75 cartografia respectivamente, e dão conta de actividades de carácter mais multidisciplinar, às quais acresce uma parceria público-privada intitulada “Cabo Verde Virtual”, em articulação com a empresa Ydreams e enquadrada no Programa Desenvolvimento Global (ver parte III). Quanto ao Centro de Cartografia (CC, com o número 5 na primeira coluna do Quadro 1 acima), já se mencionou em diferentes ocasiões a elaboração de cartas de zonagem agro-ecológicas e de vegetação, cartas hipsométricas, cartas de solos e outras que, embora envolvendo outros centros, têm no Centro de Cartografia a sua principal origem, uma vez que aí eram elaborados todos os trabalhos relacionados com o desenho cartográfico e com a preparação das matrizes necessárias à impressão das cartas A participação do CC em projectos com vocação internacional também já foi referida quando falámos de cooperação e do projecto “Digital mapping and its use in management and policy-making of resources and environment”, desenvolvido com a colaboração de todo o departamento com o Institute of Geography da Hebei Academy of Sciences, da República Popular da China. Recentemente e com a preocupação de responder às exigências cada vez mais pertinentes impostas pela necessidade de adopção de abordagens multidisciplinares, tem o centro procurado direccionar a sua investigação para as áreas temáticas da detecção remota, sistemas de informação geográfica e análise espacial de dados aplicada à gestão dos recursos naturais e à monitorização do ambiente. O auxílio que poderá prestar na detecção de fogos florestais constitui, por si só, um atributo que potencia o envolvimento do centro em acções de investigação de plena actualidade e de ampla aplicação prática. Para além da actividade de cooperação internacional sublinhada, importa ainda referir a colaboração encetada com o Joint Research Centre – Institute for Environment and Sustainability, ISPRA, Itália e com o Max Plank Institute, Hamburg, Alemanha, e também com o IST e o Instituto Superior de Agronomia 76 no âmbito de programas financiadores de I&D (PRAXIS, POCTI, V e VI Programas Quadro da EU), complementada com a parceria que estabeleceu com outras instituições portuguesas na elaboração da Carta de coberto de solo “CORINE Land-cover”, relativa a Portugal Continental, publicada pela Comissão Europeia. Todo este intercâmbio científico veio a facilitar a execução de um amplo plano formativo, tendo-se dado formação a diversos investigadores chineses nas áreas da detecção remota, sistemas de informação geográfica e cartografia digital. Também na área da digitalização e integração de informação cartográfica em sistemas de informação geográfica, bem como no processamento de imagens de satélite foram concedeu estágios a estudantes da Universidade de Luanda, além dos alunos do Instituto Superior de Agronomia a quem se concedem regularmente estágios. Por seu lado, o Centro de Fotogrametria (CF, com o número 6 na primeira coluna do Quadro 1 acima) veio a complementar toda esta actividade através de um intenso trabalho em vários domínios da sua especialidade e em que assumem algum relevo muitos projectos de restituição fotogramétrica e de fotointerpretação que efectuou, para além de manter actualizados os seus importantes arquivos de documentos fotográficos e fotogramétricos que hoje constituem uma fonte única de estudo e de investigação. Outras actividades do CF envolvem a fotogrametria digital, detecção remota e sistemas de informação geográfica, com particular ênfase na fotogrametria terrestre e sistemas de visualização aplicadas à elaboração de arquivos fotogramétricos arquitectónicos. Para além da concessão de estágios, orientação de teses de Mestrado em detecção remota e estágios de formação profissional, destacamse projectos de investigação com outras instituições científicas, nomeadamente: Centro de Valorização de Recursos Minerais do Instituto Superior Técnico (IST); Departamento de Matemática Aplicada da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Direcção-Geral de Geografia e Cadastro (DINAGECA); Direcção Nacional do Património Cultural de Moçambique, 77 Direcção de Serviços de Cartografia e Cadastro (DSCC), Instituto Nacional de Investigação e Promoção Cultural, de Cabo Verde, Department of Geomatic Engineering do University College London da Universidade de Londres e o Institute of Geography da Hebei Academy of Sciences da China. O programa inclui ainda o antigo Departamento de Ciências da Terra, onde se realizaram estudos geológicos e de cartografia geológica, quer no que se refere a estudos de cristalografia e mineralogia, abrangendo ainda toda uma relevante investigação no que respeita à geografia física e humana. Reproduzem-se aqui os textos preparados por investigadores da área da geologia. O Centro de Geologia (CG, com o número 1 na primeira coluna do Quadro 1 acima tem desenvolvido uma intensa actividade científica em domínios que incluem a petrologia, a geoquímica, a cartografia geológica, a micropaleontologia , a estratigrafia e a sedimentologia vocacionados para as regiões tropicais, para além do desenvolvimento de acções no âmbito dos recursos minerais, da geologia ambiental (risco sísmico e geotécnico) e da hidrogeologia. Dedicou-se ainda o centro à recolha, conservação, estudo, classificação e catalogação de colecções petrológicas e micropaleontológicas, dando resposta a inúmeras solicitações que normalmente lhe chegam de consultores e de empresas interessadas em desenvolver prospecção nos territórios da África lusófona a quem o centro fornece os seus serviços cedendo dados não confidenciais relativos à geologia desses países. Para além disto, sempre tem o CG procurado intensificar as suas acções de cooperação, traduzidas na execução de cartografia geológica de base que foi elaborada como resposta a solicitações concretas de países como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. As cartas geológicas constituem, aliás, uma infraestrutura de base para estes países e revelam-se indispensáveis para o seu planeamento e desenvolvimento económico em 78 áreas tão importantes como a pesquisa e captação de água, desenvolvimento rural e pedologia, prospecção mineira e exploração de materiais de construção. O trabalho do CG foi divulgado através de numerosas publicações, assim como na participação em numerosos congressos, entre os quais se destacam os relacionados com o IGCP – Comissão Internacional para a Correlação Geológica, UNESCO e com a Society of African Geologists. Bastará aqui referir que os trabalhos de cartografia geológica e de hidrologia realizados com os países atrás mencionados, para além da elaboração da carta geológica de Angola e a publicação das cartas geomorfológica e metalogenética de Moçambique revelam bem a importância da acção do Instituto nestas áreas. O capítulo da formação especializada também encontra no CG um agente motivado e empenhado ao serem desenvolvidas acções que abrangeram elementos de organismos nacionais (nomeadamente Universidades) e de países afro-lusófonos e Timor com os quais mantinha acções de cooperação (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). A Formação desenvolveu-se designadamente nos domínios da cartografia geológica de regiões vulcânicas, micropaleontologia, sedimentologia, petrologia, geologia informática, desenho cartográfico aplicado à geologia, sendo realizada não só em Portugal, como naqueles Países, o que veio, assim, a potenciar a experiência dos geólogos do CG em temáticas tropicais. Das acções prestadas destacam-se as seguintes: • Cartografia geológica a técnicos superiores de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe. • Petrografia de rochas ígneas a técnicos superiores de Cabo Verde • Estágios de formação técnico-profissional a pessoal do curso de formação de professores do ensino secundário de Cabo Verde. 79 • Curso intensivo nos domínios da petrologia ígnea e vulcanismo de Cabo Verde (Instituto Nacional de Investigação Tecnológica de Cabo Verde) • Metodologia de análise de rochas sedimentares ao Director do Departamento de Geologia da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique. • Desenho cartográfico aplicado à geologia a técnicos da GuinéBissau. • Informática aplicada à geologia e criação e utilização de bases de dados geológicos ao chefe do departamento de geologia da Universidade Agostinho Neto, em Angola, e a técnicos superiores de Moçambique e Guiné-Bissau. • Instalação e curso intensivo sobre a utilização do sistema BDRI (criado no CG) na DNGM de Moçambique. • Estágio sobre trabalhos de gabinete relacionados com a cartografia geológica (análise de fotografia aérea, petrografia, síntese de dados) a técnicos superiores de São Tomé e Príncipe. Entre as publicações mais relevantes do centro incluem-se naturalmente as cartas geológicas que constituem a base do conhecimento geológico das regiões tropicais e que resultam de um trabalho de campo e de uma investigação muito intensos e aprofundados. E entre estas cartas salientam-se aqui a Carta Geológica da Ilha de S. Nicolau, Cabo Verde, na escala 1:50 000, elaborada em 1983, a Carta Geológica da Ilha do Sal na escala 1: 25 000 terminada em 1990 e a Carta Geológica das erupções históricas da Ilha do Fogo em 1997. Muitos investigadores contribuíram para o êxito da missão do CG, mas o Prof Ricardo Quadrado, catedrático jubilado e seu último dirigente, destaca a acção de: - Luís Celestino Silva, profundo conhecedor da geologia das ilhas de Cabo Verde, tendo publicado numerosos trabalhos sobre a geologia, a petrologia e a 80 mineralogia destas ilhas, sendo de destacar a divulgação da primeira ocorrência de carbonatitos extrusivos em ambiente oceânico na revista Nature; - Maria de Lourdes Ubaldo, micropaleontóloga que desenvolveu, com Arménio Tavares Rocha, estudos relevantes sobre foraminíferos da orla costeira de Angola e do Canal de Moçambique. - Heitor Figueiredo de Carvalho, que trouxe para o IICT o seu conhecimento da geologia de Angola, publicando a Carta Geológica na escala de 1:1.000.000, dedicando-se também à geologia da Guiné-Bissau desde 1981 e desenvolvendo, a partir de 1991, um Projecto com o objectivo de publicar a carta geológica deste país (ainda em curso no IICT). - Rui do Socorro Afonso, responsável pela continuidade no IICT dos trabalhos sobre a geologia de Moçambique, publicando diversos livros e artigos, tendo estado ligado ao projecto que inclui a edição da Carta Geológica de São Tomé e Príncipe (ainda em curso no IICT). Ao Centro de Cristalografia e Mineralogia (CCM, com o número 2 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pela responsável pelo programa TER, está cometida a realização de estudos mineralógicos regionais, nomeadamente para apoio à cartografia geológica das regiões tropicais, competindo-lhe ainda promover a investigação e o desenvolvimento experimental (I&D) nas áreas da cristalografia e da mineralogia. Os domínios de investigação principal abrangeram a classificação estrutural dos minerais, as relações composição/estrutura/propriedades em minerais e materiais, os processos de alteração mineral relacionados com a pressão do meio ambiente, a caracterização de materiais culturais e arqueológicos com vista à sua conservação e restauro, a análise química e a análise de fases baseadas em técnicas de raios X. Salienta-se que o CCM é uma das unidades do IICT com importante infraestrutura instrumental que dispôs do primeiro espectrómetro automatizado de fluorescência X instalado no país (1980) e ainda hoje em funcionamento. 81 A cooperação com os países lusófonos, e outros do Continente Africano, consistiu na oferta de estágios de longa duração dirigidos a universitários, visando o aperfeiçoamento em metodologias instrumentais de análise mineralógica e a realização de investigação aplicada - três docentes da Universidade Eduardo Mondlane, Maputo/Moçambique, um assistente da Universidade Agostinho Neto, Luanda/Angola, e um professor titular da Universidade de Harare, no Zimbabwe. Além desta forma directa de cooperação, o CCM conduziu acções vocacionadas para o conhecimento daqueles países, desenvolvendo estudos aplicados a minerais de interesse económico – caso dos niobotantalatos do Alto Ligonha, Moçambique – e minerais de particular relevância científica pela sua singularidade – caso da zirconolite, pela primeira vez assinalada em carbonatitos de Cabo Verde. Todos estes estudos deram lugar a um conjunto de artigos publicados pelo CCM entre 1983 e 2003, tanto em revistas nacionais (particularmente Garcia de Orta), como internacionais. A colaboração científica do CCM com Laboratórios do Estado (ITN, INETI, LNEC em Lisboa, IGM no Porto) e com outras Instituições nacionais (MNA, em Lisboa, e CECRA, nos Açores) e internacionais (UAB, Barcelona/Espanha, ICCROM, Roma/Itália, INP, Tunis/Tunísia) foi particularmente intensa na década de 90 através de projectos de investigação com financiamento externo, quer nacionais – PRAXIS XXI/2/2.1 nas áreas de História (HIS/13/94) e de Ciências Sociais e Humanas (CSH/254/95), orientados, respectivamente, para o estudo de painéis azulejares antigos (1995-1997) e para a caracterização do estado de degradação de rochas vulcânicas usadas em monumentos das ilhas dos Açores e definição de possíveis estratégias de conservação (1997-1999) – quer internacionais (UE) – GRANITIX (programa STEP, 1990-1994) sobre os mecanismos de degradação de rochas graníticas nos monumentos megalíticos da Península Ibérica; MERWAS (programa ENVIRONMENT, 1996-1999) sobre o tratamento de lamas industriais e de materiais perigosos contendo mercúrio; 82 Rede MARCO (programa CONNECT, 1999-2001), na área educacional, e Acção Concertada (programa INCO-MED, 1998-2001), sobre conservação e restauro de monumentos históricos integrando a herança cultural comum da bacia do Mediterrâneo. Merece referência especial a participação no projecto interdisciplinar dedicado ao estudo dos factores de degradação de solos em Cabo Verde, financiado pela FCT (programa ARIP-IPI, 1999-2003). Decorreram neste período várias provas públicas no âmbito da carreira de investigação: o primeiro concurso para investigador coordenador (Maria Ondina Figueiredo, 1987, que posteriormente se apresentou a provas de Agregação à Universidade Técnica de Lisboa), provas para assistente (Isabel Ribeiro da Costa,1990) e para investigador auxiliar (Teresa Pereira da Silva, 1999, com uma dissertação intitulada “Mineroquímica das incrustações e dos sublimados fumarólicos do vulcão da Ilha do Fogo”, Cabo Verde, baseada no estudo de materiais recolhidos após a erupção de 1995). A colaboração com Universidades estruturou-se sobretudo em duas vertentes: orientação científica de doutoramentos e a docência regular a título gracioso pela responsável na UNL (Departamento de Ciência dos Materiais da FCT), na Universidade Técnica de Lisboa (Departamento de Engenharia de Minas do IST/UTL) e na Universidade de Évora (Departamento de Geociências). Dois aspectos da actividade realizada neste período merecem aqui um destaque especial. São eles: - a edição internacional de três livros da autoria do Doutor José Lima de Faria; - a implementação de um grupo de investigação pluridisciplinar com geometria humana variável, realizando regularmente experiências em sincrotrões europeus (suporte financeiro da UE), coordenado pela Doutora Maria Ondina Figueiredo e integrando investigadores do IICT e de outros Institutos e Universidades, nacionais e não só. Esta actividade do CCM contribuiu decisivamente para a adesão de Portugal ao ESRF (European Synchrotron Research Facility) e deu lugar a estudos inovadores sobre geomateriais de regiões tropicais, designadamente, minerais e solos de Cabo Verde. 83 Salienta-se ainda a extensa actividade desenvolvida neste período pelo Doutor J. Lima de Faria como Director do Departamento de Ciências da Terra, bem como no âmbito da União Internacional de Cristalografia (IUCr), integrando uma comissão científica, e representando Portugal na Associação Europeia de Cristalografia (ECA) desde a sua criação, em 1973 até 1997, data em que decorreu em Lisboa o 17º Encontro Europeu de Cristalografia (ECM-17), de cuja comissão organizadora fez também parte um outro investigador do IICT, Maria Ondina Figueiredo. O Prof. Doutor Ilídio do Amaral, catedrático aposentado da Universidade de Lisboa, e o Investigador Auxiliar, Fernando Lagos Costa integram o Centro de Geografia (CGeog, com o número 3 na primeira coluna do Quadro 1 acima), que o primeiro dirigiu longos anos e cujas competências atribuídas pelo Decreto-Lei n.º 160/83 incluíam: promover e incentivar actividades de investigação e tratamento de dados que contribuam para aumentar o conhecimento geográfico e regional das áreas tropicais; assegurar a conveniente divulgação de informação sobre aspectos geográficos das regiões tropicais; manter devidamente organizados ficheiros e colecções de documentos geográficos; promover actividades de desenvolvimento experimental no âmbito da geografia; desenvolver actividades de intercâmbio científico. Foi assim que os estudos geográficos, quer de geografia física, quer de geografia humana, contemplando os diversos domínios no interior destes ramos e as suas complexas inter-relações, gozam do privilégio de uma já longa tradição e antecedem de muitos anos o início das actividades do Cgeog em 1984. Na sequência destas pesquisas criaram-se linhas de investigação nas décadas seguintes sobre vários domínios da Geografia Física e Humana das 84 quais foram editadas várias obras sobre África em geral, Angola, Cabo Verde e Moçambique. Dos 180 trabalhos publicados no período de 1983 a 2003 pelos colaboradores do Centro de Geografia, cerca de uma centena são da autoria de Ilídio do Amaral. Destacam-se os seguintes aspectos: - Geografia Histórica de África - Estudos que incidiram em aspectos históricopolíticos, nomeadamente da definição de fronteiras, estados e nações de África, em geral, e de Angola, em particular. Foram publicados vários artigos e quatro livros, três dos quais dedicados a aspectos geográficos da história de Angola dos séculos XV a XVII, alguns deles mereceram prémios e referências elogiosas de especialistas estrangeiros. - Geomorfologia de Angola - Conhecimento de grandes aplanações e suas géneses, de formas de inselberg e de relevos calcários, de processos e formas de meteorização das rochas, de acumulações arenosas eólicas e de processos de vulnerabilidade e risco associados à dinâmica de vertentes. Foram publicados dois relatórios, cinco artigos, foram apresentadas várias comunicações a congressos nacionais e internacionais. Encontra-se a aguardar publicação o 1º volume de uma Geografia de Angola, justamente dedicado a estudos geomorfológicos. - Geografia Urbana de Angola - Pesquisas sobre crescimento urbano, a morfologia e a estrutura funcional de cidades, em particular de Luanda. Foram publicados três artigos e uma bibliografia geográfica de Luanda e proferidas várias comunicações. - Geografia Geral de Cabo Verde - Elaboração de monografias geográficas de ilhas de Cabo Verde. Depois de A ilha do Fogo e suas erupções (Orlando Ribeiro) e Santiago de Cabo Verde. A Terra e os Homens (Ilídio do Amaral), estão reunidos materiais para a elaboração da primeira monografia geográfica científica de Santo Antão, segunda ilha mais importante do País. - Aspectos Bioclimáticos de Cabo Verde - Avaliação das características e mecanismos climáticos do arquipélago, aspectos da sua evolução recente e impactos nas actividades humanas; análise da distribuição espaço-temporal da precipitação, em abordagens hidro-climáticas e bioclimáticas; e análise da estrutura da atmosfera, dos mecanismos de circulação e de tipos de tempo 85 durante a estação das chuvas. A cargo de Ezequiel Correia foram publicados uma tese de mestrado, cinco artigos e apresentadas quatro comunicações orais em congressos internacionais. - Dinâmica Quaternária e Processos Erosivos naIilha de Santiago (Cabo Verde) - Estudo das formas, dos depósitos e da dinâmica de fundos de vale, quaternários e actuais, da autoria de Fernando Lagos Costa, com vista à definição dos riscos naturais (processos erosivos, dinâmica de vertentes e cheias rápidas), à exploração de recursos hídricos, ao estabelecimento de medidas práticas aplicáveis em instalação de dispositivos de Conservação de Solos e Águas e à avaliação de impactos das acções antrópicas no balanço sedimentação/erosão. Foi publicada uma dissertação equivalente a doutoramento, seis artigos e foram apresentadas outras tantas comunicações a congressos nacionais e internacionais, orais e em painel. - Consequências Geográficas e Riscos Associados à Erupção de 1995 na Ilha do Fogo (Cabo Verde) - Análise de impactos geográficos da erupção. Identificação de factores e áreas de risco vulcânico, da responsabilidade de Ezequiel Correia e Fernando Lagos Costa. Publicaram-se dez artigos, apresentaram-se oito comunicações orais e em painel em encontros nacionais e congressos internacionais, realizaram-se seis exposições, proferiram-se três conferências a convite e colaborou-se na organização de dois simpósios internacionais. - Geografia Urbana (Cabo Verde) - Trabalhos desenvolvidos na década de 90 sobre a evolução da cidade da Praia, problemas de urbanização e habitação e características dos alojamentos relacionados com a expansão urbana, da autoria de Luís Carneiro. Análise da dinâmica funcional dos núcleos históricos da Praia e do Mindelo, ocupação e desenvolvimento do espaço urbano, a cargo de Cristina Henriques. Foi levada a cabo uma dissertação equivalente a mestrado e publicaram-se três artigos. - Bibliografia Geográfica de Cabo Verde - Compilação de documentação científica e técnica que possa contribuir para o conhecimento geográfico de Cabo Verde. O primeiro volume, de 1995, foi elaborado por Ezequiel Correia, António Gonçalves e Ilídio do Amaral. Nele foram tratados os documentos de 86 ciências da terra e do espaço exterior, publicados até 1987. As referências bibliográficas são acompanhadas de comentários descritivos permitindo uma melhor identificação dos seus conteúdos. Enriquecem o volume várias ilustrações (gráficos, quadros estatísticos, etc.). A Caixa 10 reproduz as principais participações em projectos pluridisciplinares que demonstram a vitalidade que assumiu a investigação prosseguida neste domínio científico. Caixa 10: Projectos pluridisciplinares do Centro de Geografia - Ordenamento Regional e Desenvolvimento Rural: Factores de Degradação e Conservação de Solos na Ilha de Santiago (Cabo Verde) – projecto iniciado sob a direcção de Ilídio do Amaral e depois sob a coordenação da Doutora M. Ondina Figueiredo, que envolveu os centros do Departamento de Ciências da Terra e alguns de Ciências Agrárias do Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal e o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário de Cabo Verde. Teve como objectivos compreender os factores naturais e antrópicos com impacto na degradação e conservação dos solos, e determinar áreas de risco segundo o seu grau de vulnerabilidade e os processos de degradação. - Erradicação da fasciolose bovina na Ilha de Santiago - colaboração no projecto do Centro de Zoologia do Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal e da Direcção–Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária de Cabo Verde, sob a coordenação da Prof. Doutora Maria Lucília Ferreira. Visou conhecer a distribuição espacial e a variabilidade temporal das condições hídrica, bio e edafoclimáticas dos ecossistemas aquáticos onde se desenvolvem os hospedeiros intermediários dos parasitas Fasciola gigantica e Schistosoma bovis, por forma a prvenir a transmissão aos animais domésticos e ao Homem, e, consequentemente, a minorar os prejuízos económicos de produção animal. - Bases para o planeamento agro-ecológico e uso agrário sustentável da terra em Angolacolaboração no projecto a desenvolver nos centros de Geografia, Geologia, Botânica e de Estudos de Pedologia e Estudos de Produção e Tecnologia Agrícolas do Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal, no Instituto Superior de Agronomia de Portugal e no Instituto de Investigação Agrária de Angola. Os colaboradores do CGeog participaram em numerosos congressos e outras reuniões, nacionais e internacionais no país e no estrangeiro nomeadamente em Itália, Espanha, França, Brasil, Angola e Cabo Verde, alguns deles a convite das respectivas organizações. Também visitaram instituições em vários países tais como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal, Angola, Moçambique, 87 Brasil, Macau, Itália, Espanha, França, etc., com o objectivo do estabelecimento de relações científicas. Referência especial tiveram a publicação de resultados das observações realizadas durante a erupção recente na ilha do Fogo e a realização de várias exposições, conferências e seminários de que se salienta a colaboração na organização de dois Simpósios Internacionais sobre A Erupção Vulcânica de 1995 na Ilha do Fogo, Cabo Verde, em 1996 em Lisboa, e 1997 em S. Filipe, Ilha do Fogo, Cabo Verde. Do primeiro foi publicado um livro de actas das comunicações e palestras proferidas. Organização da exposição Timor Lorosae. A Terra e os Homens: documentos científicos do Instituto de Investigação Científica Tropical. No evento que decorreu em Nov.-Dez. de 1999 na Sociedade de Geografia, em Lisboa colaboraram todos os centros do IICT. O financiamento proveio da Comissão para o Apoio à Transição em Timor Leste, tendo sido preparado um catálogo especial cuja forma definitiva, da autoria da Ana Amaral está publicada no número de 2002 de Garcia de Orta. Série de Geografia. No que se refere à formação desempenhou o CGeog uma intensa actividade de orientação e apoio à formação científica e pedagógica de mestrandos e doutorandos de geografia e ciências afins tendo como objecto de estudo os países afro-lusófonos e Timor. O CGeog recebeu e deu apoio a estudantes de várias escolas universitárias, mestrandos e doutorandos nacionais e de igual modo estrangeiros (além de oriundos dos países afro-lusófonos e Timor, outros da Espanha, França, Itália, Alemanha e mais alguns). Entre os bolseiros estrangeiros contam-se um angolano em curso de formação avançada em domínios da geografia física e uma cabo-verdiana, mestranda do curso de geografia da Universidade de Lisboa, em domínios da geografia urbana. 88 Os colaboradores do CGeog apoiaram a criação e desenvolvimento do curso de Geografia (Bacharelato) da Escola de Formação de Professores do Ensino Secundário de Cabo Verde, actual Instituto Superior de Educação, na Praia, orientando várias disciplinas do curso, para as quais prepararam os respectivos materiais pedagógicos, e leccionando em algumas delas. No primeiro curso matricularam-se quinze alunos, doze de Cabo Verde dois de S. Tomé e Príncipe e uma de Portugal casada com um cooperante português. A qualidade da cooperação prestada foi elogiosamente reconhecida por dois ministros da Educação daquele país. Em complemento de toda a actividade de investigação e na prossecução de competências do CGeog foram divulgados ficheiros sobre matérias das Regiões Tropicais. Relativamente às colecções cartográficas existentes no Centro foram preparados folhetos policopiados, dos quais têm tirado partido investigadores e organizações nacionais e estrangeiras. Repete-se aqui a informação sobre a Bibliografia Geográfica de Cabo Verde da qual está em preparação o segundo volume Para além disto tem havido a preocupação de divulgar documentos, sendo de destacar vários artigos, publicados em Garcia de Orta. Série de Geografia, e dois volumes de dados bibliográficos (livros, revistas, artigos de revistas), da responsabilidade de Ana Amaral, que também deu a conhecer naquela revista a experiências de cartografia temática computorizada. Foram elaborados vários documentos de divulgação das actividades e publicações dos colaboradores do CGeog, bem como boletins de cartografia e estatísticas, da responsabilidade de Fernando Lagos Costa, visando a organização da mapoteca. Parte III – Departamento de Ciências Humanas O Departamento de Ciências Humanas (DCH), dirigido pela Doutora Ângela Domingues, investigadora auxiliar, resultou da fusão de dois Departamentos, que englobavam 6 Centros (incluindo o AHU que passou para outra chefia), 89 actualmente envolvidos em 7 projectos que se distribuem por 3 programas, nos termos indicados no Quadro 9. DES é um programa, orientado pelo Presidente do IICT, que dá seguimento, dentro de um âmbito interdisciplinar, às actividades do Centro de Sócio-Economia, sucedendo ao projecto de parcerias público-privadas lusófonas iniciado no Centro de Desenvolvimento da OCDE. O seu objectivo principal resulta da necessidade de se encontrar uma perspectiva lusófona sobre temas globais que permita obter também uma dimensão própria no acompanhamento dos “Objectivos do Milénio”. QUADRO 9 – CORRESPONDÊNCIA ENTRE 7 PROJECTOS DO DCH E 7 ANTIGOS CENTROS NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2005 DES HIST 1 19.CSE 17.CEHCA HIST 2 HIST 3 HIST 4 9.CA 18.CPHA 20.CEAA SOC 1 SOC 2 22.CACS 23.CEU O DCH deverá integrar áreas de actividades científicas especializadas com uma geometria variável. A flexibilidade no funcionamento nas áreas de actividades permitirá a criação de equipas multidisciplinares que se adaptem às linhas de actividades traçadas no quadro dos planos anuais e pluri-anuais do IICT e devem corresponder a áreas de excelência, compreendendo todas as competências existentes actualmente, tendo em atenção a especialização dos respectivos investigadores. A coordenação transversal de investigadores e técnicos superiores, acrescida da agregação de novos elementos, permitirão ainda uma gradual actualização e adaptação a novas linhas de actividade. Dada a sua natureza interdisciplinar e o propósito de o autonomizar como centro em 2006, começa-se pelo projecto Desenvolvimento Global. 90 6. Desenvolvimento Global (DES) Um dos projectos do DES deriva do Contrato de Prestação de Serviços com a ELO (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação), instituição que integra o novo Conselho de Orientação do IICT, procura desencadear o acesso a financiamentos com origem multilateral. Divide-se em seis semestres, devendo ao fim de cada um avaliar-se se existem condições, financeiras e outras, para a sua continuação. A primeira avaliação decorreu em 1 de Abril de 2005, tendo dado origem a uma publicação muito apreciada. Contudo, a ELO decidiu suspender o projecto para se concentrar na criação de uma entidade financiadora do desenvolvimento. Também são de mencionar o Convénio assinado com o Conselho Empresarial da CPLP, ao promover a chamada cooperação empresarial baseada no conhecimento, a realização de uma conferência em Luanda, ou ainda a presença do Primeiro Ministro de Cabo Verde que visitou o IICT durante a sua visita oficial a Portugal em Novembro de 2004. A conferência de Luanda, subordinada ao tema inovador “Parcerias Público- Privadas e integração económica na África Austral” foi ainda acompanhada da realização, naquela cidade, de uma exposição de livros científicos do IICT, tendo igualmente proporcionado a publicação de uma obra em que o tema é debatido com profundidade e que reflecte as comunicações aí apresentadas. Todas estas iniciativas procuram também contrariar o desinteresse por África nos meios científicos que se tem vindo a agravar. Deu ainda lugar à única publicação do IICT em 2004, financiada conjuntamente com a Universidade Católica de Angola, e cuja 2ª edição, com prefácio do Secretário Executivo da CPLP foi publicada em 2005 [6]. A área da sócio-economia esteve entregue ao Prof. Doutor Vasco Fortuna, catedrático do IST, que chefiara a antiga Missão de Estudos do Rendimento 91 Nacional do Ultramar até se reformar em 1982. Em Outubro de 1985, foi nomeado para dirigir o Centro de Sócio-Economia (CSE, com o número 19 na primeira coluna do Quadro 1 acima o Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo, professor associado da Faculdade de Economia da UNL que procurou intensificar as missões de cooperação científica com os países lusófonos. Diversos projectos foram apresentados e concretizados, revelando como eixo transversal, presente em todas as iniciativas empreendidas, a importância da lusofonia. De entre as múltiplas acções desenvolvidas pelo centro, será de referir aqui um projecto de “Modelização Macroeconómica na Guiné-Bissau” que foi patrocinado pelo PNUD, tendo-se-lhe seguido outra dessas modelizações para S. Tomé, no âmbito de uma missão conjunta com o Banco de Portugal. O CSE foi também encarregado de um estudo sobre a história económica de Angola, tendo participado na primeira missão do Banco Mundial àquele país e colaborado intensamente em questões relacionadas com a política cambial. Outros estudos e projectos sobre “arranjos monetários” com a Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe foram igualmente abordados pelo CSE, bem como a exploração de possibilidades de cooperação com o Zaire. A preparação de uma conferência internacional sobre “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento em África: Teoria, Ideologias, Políticas e Processos”, realizada em Novembro de 1987, em que participaram outros centros de estudos africanos, constitui outra das acções levadas a cabo pelo responsável e que muito contribuiu para apelar à necessidade de incrementar a pluridisciplinaridade na investigação sobre África. Mais recentemente, e correspondendo às exigências impostas pelo acelerar do desenvolvimento africano, tem o CSE vindo a implementar uma série de acções e de projectos sobre “parcerias público-privadas” (PPP). O novo paradigma do desenvolvimento baseado na responsabilização mútua dos 92 governos relativamente aos objectivos da erradicação da pobreza, consubstanciado no chamado Consenso de Monterrey, apela à formulação de novos modelos de crescimento que permitam a implementação rápida dos objectivos contidos no Novo Partenariado para o Desenvolvimento de África (NEPAD – New Partnership for Africa Development) que foi proposto por cinco Chefes de Estado africanos, em Outubro de 2001, e que deve promover a supervisão multilateral voluntária entre todos os países africanos, baseada na pressão dos pares. No projecto do antigo Departamento de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas, o CSE ficou responsável pelo subprojecto “Do sistema colonial à comunidade lusófona: vertente socioeconómica”, que prosseguiu o programa lusófono do Centro de Desenvolvimento da OECD. Foi neste enquadramento que em 2002 veio a implementar um projecto piloto em Moçambique que incluiu um seminário em Maputo, onde se apresentou um indicador compósito da actividade económica (ICAE), assim como foram estudados esquemas de financiamento inovadores, que em muito poderão vir a contribuir para o desenvolvimento destes países. Uma maior co- responsabilização, onde a cooperação empresarial e as relações entre os parceiros sociais e a sociedade civil se venham a assumir como motores do desenvolvimento constituem um eixo importante e estruturante de todos estes projectos. Desta experiência piloto realizada em Moçambique têm surgido oportunidades para a elaboração deste tipo de estudos em outras áreas e, para além do projecto “Parcerias Público-Privadas Lusófonas”, destinado a “melhorar o ambiente para a actividade dos sectores privados nacionais e criar a confiança entre todos os parceiros e financiadores dos países Africanos Lusófonos”, que se desenrolou entre 2000 e 2003, foi também implementado o projecto “Parcerias Público-Privadas Luso-Chinesas”, patrocinado pela Autoridade Monetária de Macau. 93 7. História e Cartografia (HIST) O programa HIST procura desenvolver um extenso projecto “Memória Histórica e representação cartográfica dos Espaços Lusófonos, Instrumentos para a construção de Identidades nacionais (Secs. XV-XXI)”, cujo objectivo é o de: • Contribuir para a compreensão do processo de globalização económica social e cultural, de acordo com o modelo ocidental, em África, Ásia e no Brasil, através das abordagens histórica, antropológica, sociológica, geográfica e da ecologia humana articuladas numa ampla perspectiva diacrónica e sincrónica, tendo em conta a construção de identidades nos aspectos sociais, culturais e religiosos, assim como o desenvolvimento das sociedades dos novos países das regiões tropicais em particular dos países da CPLP. • Pretende-se rendibilizar a vivência africana de longa duração, cuja marca permanece ainda hoje, e a experiência colonial de curta duração e forte impacto, que, por sua vez, determinou novos hábitos e outras relações preferenciais. A pressão colonial submergiu os traços da ocupação anterior do espaço ao submetêla aos instrumentos do poder externo, mas registou através da cartografia e da escrita as realidades pré-existentes. • O estudo da sequência de ambas as acções pode contribuir para a melhor compreensão histórica e domínio mais amplo das questões actuais que se põem aos novos países de língua oficial portuguesa. • A integração de investigadores destes países, nos projectos é considerada uma peça essencial para um melhor conhecimento das problemáticas do presente e uma mais vasta perspectiva na análise crítica dos documentos escritos, dos espécimes cartográficos e dos depoimentos orais. 94 Este programa desenvolve-se através de 4 projectos: HIST 1 – Espaços Insulares e Sociedades Crioulas: exercícios de História Comparada HIST 2 – Poderes e Saberes das Sociedades e Culturas em Presença HIST 3 – Cartografia, Política e Territórios Coloniais HIST 4 – História Viva – Identidades em Construção (projecto interdepartamental) O interesse manifestado pela história da ciência dos descobrimentos marítimos e das explorações terrestres nos espaços tropicais, desde cedo motivou os investigadores do IICT, dando continuidade ao levantamento documental com vista à inventariação, análise e interpretação da cartografia portuguesa e estrangeira referente às ex-colónias portuguesas. Iniciada essa pesquisa documental sob a coordenação e orientação do Vice-Almirante Teixeira da Mota, viria a partir de 1982 a ser da responsabilidade do Professor Luís de Albuquerque e a partir de 1987 da investigadora coordenadora do IICT, Maria Emília Madeira Santos. Tratou-se de uma obra importante de investigação documental abrangendo toda a África ao sul do Sahara e que motivou a publicação de inúmeras obras de referência que ainda hoje constituem marcos relevantes na história do IICT. Emerge, deste modo, no Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga (CEHCA, com o número 17 na primeira coluna do Quadro 1 acima) uma intensa actividade científica traduzida em múltiplas vertentes que incluem, para além da realização de projectos de investigação, a realização de reuniões internacionais, acções de cooperação, exposições, acções de formação e publicações que aqui se resumem. No âmbito da divulgação há a referenciar, desde logo, a organização da exposição - As Fronteiras de África, que teve lugar em Lisboa, na Cordoaria Nacional em 1996. Organizada em colaboração com a Comissão Nacional 95 para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, foi comissariada pela responsável. Alguns dos trabalhos concretizados obtiveram um elevado reconhecimento correspondente ao mérito que evidenciaram. Foi o caso dos seguintes: • Fundação Calouste Gulbenkian, atribuído à obra de Maria Emília Madeira Santos Viagens de um Portuense em África. 1987. • Boa Esperança (Menção Honrosa) atribuído pela JNICT ao II volume da História Geral de Cabo Verde, 1995. • Baltazar Lopes da Silva, atribuído pela Associação de Escritores Cabo-Verdianos ao I e II volumes da História Geral de Cabo Verde, 1998. No que se refere à formação foram realizadas 12 provas de progressão na carreira de investigação científica e de doutoramento dos investigadores do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga que se listam em anexo e respeitantes ao período de 1983 a 2003. No período em referência estabeleceram-se inúmeras relações com instituições congéneres de que se dá conta na Caixa 11 e que evidenciam um largo espectro de actuação e de aprofundamento científico. Caixa 11: Relações estabelecidas pelo Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga com instituições congéneres Academia das Ciências; Sociedade de Geografia de Lisboa; Centro de História de Além Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Centro de Estudos de História de África da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa; Centro de Estudos de História de África da Faculdade de Letras do Porto; Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Centre de Recherches Africaines de Paris; Centro de Estudos Africanos da Universidade de Lovaina, Bélgica; Musée Royale de Tervuren, Bélgica; Arquivo Histórico de Moçambique; Departamento de História da Universidade Eduardo Mondlane; Arquivo Histórico de Angola; Universidade Agostinho Neto, Luanda; Fundação Oriente; Instituto de Investigação do Património e Cultura de Cabo Verde; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Guiné; CICIBA, Gabão; IFAN, Senegal; Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses; Academia Portuguesa de História; Academia de Marinha; UNESCO, preparação da História Cultural de África, vol. IV e A 96 Rota dos Escravos; Centro de História de África da Universidade de S. Paulo; Fundação Portugal-África; Centro de estudos de História do Atlântico, Madeira.; Serviço de Documentação da Marinha, Rio de Janeiro. - Dos projectos desenvolvidos destacam-se aqui os seguintes, pela importância e relevância das actividades que configuraram: A História Geral de Cabo Verde constitui um projecto bem sucedido na política de cooperação científica entre Portugal e Cabo Verde. Os governos dos dois países acordaram em 1986 num processo de execução confiado ao IICT e cometido ao CEHCA, onde os trabalhos se iniciaram em 1987. Trata-se de um projecto pioneiro a nível nacional e mesmo europeu. A nível humano a coordenação de sinergias e valências foi encontrada através da formação de uma equipa mista de investigadores caboverdianos e portugueses. O projecto teve como resultados a publicação dos 3 volumes da História Geral de Cabo Verde, 2 volumes de Corpo Documental, 6 dissertações (2 para efeitos de provas de acesso à categoria de assistente de investigação, 2 dissertações de mestrado, 2 de provas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar) e cerca de duas dezenas de monografias, artigos científicos em obras colectivas e publicações periódicas nacionais e estrangeiras e comunicações a colóquios realizados em Portugal e a nível internacional. O projecto de “Edição Crítica e Anotada de Fontes da África e da Ásia” tem por objectivo geral a edição crítica e anotada de fontes documentais portuguesas sobre África e Ásia, com base numa metodologia rigorosa de transcrição paleográfica. Pretende-se disponibilizar estas fontes de arquivo a um público especialista em história das regiões tropicais, por via da anotação da informação única contida nessas fontes e da contextualização das mesmas. Recentemente, este projecto foi alargado à novas tecnologias de informação, com uma nova linha de acção que visa editar em CD-ROM uma colecção de publicações do CEHCA, com pesquisa em texto livre e sua futura disponibilização on-line Este projecto teve como resultado a publicação de mais de dez volumes, divididos entre documentação da Costa Ocidental 97 Africana para o século XVI (5 volumes da Portugaliae Monumenta Africana), Geografia do Oriente nos inícios do século XVI (2 volumes de O Livro de Duarte Barbosa), de Angola na 1.ª metade do século XIX (Viagens e Apontamentos de um Portuense em África. Diário de António Ferreira da Silva Porto). O projecto “Cartografia, política e territórios coloniais. comissão de cartografia (18831936): um registo patrimonial para a compreensão histórica dos problemas actuais”, multidisciplinar, financiado pela FCT, visa identificar, descrever e contextualizar todo o espólio cartográfico da Comissão de Cartografia, instituição oficial portuguesa produtora de mapas sobre os territórios ultramarinos de África, da Ásia e da Oceânia. Pretende-se compulsar os diferentes arquivos onde se encontram os mapas no sentido de lhes dar um estatuto de fontes para a história das sociedades lusófonas. A análise e interpretação desses documentos permitiu já a elaboração de alguns estudos no âmbito da História de África e da Geografia Histórica, tendo os seus investigadores participado em reuniões científicas em Portugal (Faculdade de Letras do Porto) e no estrangeiro (Biblioteca Nacional de Paris; Universidade de Bérgamo; Sevilha; Maputo – IV Reunião Internacional de História de África), para além de estarem em curso quatro teses de mestrado no âmbito do projecto. Em paralelo foi digitalizada uma parte muito significativa da documentação do “Arquivo das Fronteiras” e as cartas relativas à fronteira do Estado Independente do Congo com Angola existentes no Archive des Affaires Étrangeres, em Bruxelas, encontrando-se já digitalizada e introduzida em base de dados toda a cartografia manuscrita existente na Cartoteca do CEHCA, a qual foi sujeita também a um processo de correcção e adição de elementos de catalogação física. Foi ainda realizada em 2004 uma Mesa Redonda intitulada “Para a História da Ciência: Memórias dos Engenheiros Geógrafos da JIU/IICT”. O projecto “poderes e instituições nas regiões tropicais de influência portuguesa. processos de transferência e adaptação, conflito e integração” 98 estudou os processos de funcionamento do poder através das instituições coloniais face aos poderes locais e instituições africanas e asiáticas e seu refluxo. Esclarecer as semelhanças e diversidades nos processos de formação das sociedades lusófonas através da interacção dos poderes nas áreas administrativa, económica, militar e religiosa. Este projecto, iniciado em 1995 e que se conclui no presente ano de 2005, envolveu um leque alargado de investigadores trabalhando sobre realidades muito dilatadas no espaço e no tempo, ou seja, das ilhas atlânticas (Madeira, Cabo Verde) ao Extremo Oriente (Indonésia, China), e dos primórdios da expansão portuguesa no século XV às vésperas do Estado Novo. Deste projecto, quase concluído, resultaram inúmeras acções, nomeadamente a publicação de 25 artigos e 4 livros, além de 2 dissertações, ainda inéditas, apresentadas como provas de aptidão científica para acesso à categoria de investigador auxiliar, e 2 teses de doutoramento, bem como de um Programa de investigação apresentado como provas de habilitação à categoria de investigador coordenador. Cerca de uma dezena de artigos aguarda ainda publicação, assim como as Actas de um colóquio/mesa redonda. A vertente histórica do projecto inter-disciplinar “memórias comuns e seu impacto: dos circuitos esclavagistas às comunidades lusófonas” beneficiou das sinergias com os projectos “Relação Europa-África-América”, “Poderes e Instituições nas Regiões Tropicais de Influência Portuguesa” do CEHCA e o projecto “Propriedades Fundiárias no Ultramar Português” do CPHA do IICT, de que resultaram duas teses de Doutoramento. Da vertente sócio-económica, já referida, resultou a publicação de cinco artigos e de um livro (Jorge Braga de Macedo, José Adelino Maltez e Mendo Castro Henriques, Bem Comum dos Portugueses, Lisboa, Vega, 1999), parcialmente financiada pelo IICT. O projecto “a relação Europa/África/América. dinâmica da abertura da África ao mundo exterior” estuda a relação civilizacional e cultural que construiu a África e o mundo atlântico de hoje assim como refluiu na Europa actual. Este projecto foi iniciado em 1995. A equipa de investigação tem uma forte componente de 99 investigadores de países africanos da lusofonia. Entre os eixos de ligação avulta o estudo do comércio do tráfico de escravos e a consequente articulação dos dois impérios ibéricos, o das relações entre o interland e o litoral africanos, bem como o percurso das plantas entre os três continentes. As novas temáticas historiográficas conduziram a uma nova abordagem desta relação intercontinental, nomeadamente ao estudo da construção da memória africana, da utilização da escrita pelos africanos, bem como da emergência de sociedades crioulas, nomeadamente nas ilhas de Cabo Verde. Este projecto confluiu na realização da Reunião Internacional de História de África. O colóquio internacional conta já com 4 reuniões internacionais e com a publicação de três volumes das respectivas actas. Além disso, resultaram deste projecto 3 dissertações de progressão na carreira de investigação, a publicação do I volume dos Monumenta Africae bem como a preparação do II volume da obra Viagens e Apontamentos de um Portuense em África. Diário de António Ferreira da Silva Porto; Nos caminhos de África: serventia e posse: Angola, séc. XIX. Desta linha de investigação resultou, para além disso, a participação em diversos simpósios nacionais e internacionais e a publicação de cerca de 30 artigos científicos e capítulos de obras colectivas. Os investigadores do CEHCA mantiveram ao longo de todos este anos uma intensa participação em reuniões científicas, em particular a Reunião internacional de história de África (RIHA). Em finais da década de 1980, a historiografia africana conheceu um forte impulso em Portugal. As expectativas entre a comunidade científica eram elevadas quanto à possibilidade e sucesso da primeira reunião científica internacional que se realizou no período pósindependência reunindo investigadores da antiga potência colonial e dos jovens países africanos de expressão portuguesa. Em 1989 foi realizada em Lisboa a I RHIA subordinada ao tema A Relação Europa-África no 3.º quartel do século XIX. Intervieram mais de 30 investigadores (portugueses, europeus, americanos e africanos, entre os quais angolanos, moçambicanos, 100 caboverdianos e guineenses). As expectativas foram largamente superadas. A reunião foi institucionalizada com vista à continuidade do estudo das temáticas e foi decidido que o encontro teria lugar regularmente em Portugal, nos países africanos de expressão portuguesa e no Brasil. Pretendia-se definir temas, problemáticas e cronologias relevantes para a África em geral e para a África lusófona em particular, cuja história já tinha adquirido paridade com a de outros continentes. Em 1996, realizou-se no Brasil, Rio de Janeiro sob organização do Centro de Estudos Africanos da Universidade de S. Paulo com a temática geral A Dimensão Atlântica da África. Este tema saiu de uma discussão prévia do I Encontro Inter-RHIA realizado em Lisboa em 1994 nas instalações do CEHCA. Em 1999 teve lugar em Lisboa a III RHIA, com o tema geral A África e a Instalação do Sistema Colonial (c. 1885-c.-1930). O tema resultou de uma sondagem entre historiadores de África de reconhecido mérito científico e da necessidade manifestada por estes de inserir a África lusófona no conjunto do mundo colonial. A reunião atingiu a sua maioridade com a participação de c. de 70 investigadores (com comunicação, palestra ou participantes nos fóruns e discussões) de nacionalidades tão diversas como a portuguesa, a americana, a senegalesa, belga, moçambicana, brasileira ou italiana e bem assim representantes de todos os países afro-lusófonos e Timor. Em 2004 realizouse em Moçambique a IV RHIA sob organização da Universidade Eduardo Mondlane, Arquivo Histórico Nacional e Arquivo do Património Nacional. O tema escolhido foi África e Dinâmicas no período colonial. A realização da V Reunião está prevista para Cabo Verde, na cidade da Praia, em 2006. Tiveram lugar outros eventos internacionais, quatro reuniões de história da náutica e da hidrografia e dois seminários de história indo-portuguesa: - IV Reunião, Sagres-Lagos, 1983 - VI Reunião, Sagres, 1987 - VIII Reunião, Viana do Castelo, 1994 - IX Reunião Aveiro, 1998 - II Seminário, Lisboa, 1980 - IV Seminário, Lisboa, 1986 101 Falta uma referência particular às personalidades que deixaram “história” no CEHCA e no IICT e entre os quais os nomes de Avelino Teixeira da Mota, Luís Guilherme Mendonça de Albuquerque e o Padre António da Silva Rego não poderiam aqui ser esquecidos. É este o conjunto de actividades que envolveu o CEHCA e do qual resultou para o IICT uma obra relevante na configuração de aptidões que permitem uma vastíssima e permanente capacidade de intervenção científica junto das regiões tropicais, apoiada por uma ampla produção bibliográfica. Devemos ainda aqui fazer referência ao trabalho desenvolvido pelos investigadores que actualmente dão continuidade ao trabalho que era efectuado pelo Centro de Antropobiologia (CA, com o número 9 na primeira coluna do Quadro 1 acima) e que hoje se encontram integrados no DCH. Resumindo um texto do investigador auxiliar, Vítor Rosado Marques, o CA que anteriormente fazia parte do Departamento de Ciências Biológicas tinha como principais competências • proceder a estudos de antropobiologia (antropologia física, ecologia, desenvolvimento e crescimento humanos); • receber, classificar, conservar e estudar colecções obtidas no âmbito dos estudos antropobiológicos. A história do CA remonta a 1954, tendo iniciado, de facto, a sua acção em 1956, sob orientação do Prof. António de Almeida com a designação de Centro de Estudos de Etnologia do Ultramar (CEEU). Em 1962, o CEEU seria substituído pelo Centro de Estudos de Antropobiologia (CEA), continuando o Prof. António de Almeida como seu Director. O CEA incluía 2 secções – a de Antropobiologia e a de Pré-História e Arqueologia. Realizaram-se várias missões antropológicas nas ex-colónias que permitiram acumular um rico património cultural e científico que tem vindo, nos últimos 102 anos, a ser organizado com vista ao seu devido estudo. Para além destas missões de que resultou naturalmente uma vasta bibliografia publicada, desenvolveu o CA um conjunto de projectos (listagem completa em anexo) que igualmente assinalam a dinâmica que aí se verificou ao longo deste últimos anos, como os exemplos dados na Caixa – 12 procuram ilustrar. Caixa 12: Projectos do Centro de Antropobiologia - Ecologia Humana e Nutrição na Ilha de Santiago. República de Cabo Verde. – Avaliação do estado nutricional das famílias dos concelhos da ilha de Santiago. 1982 – 1992. Contribuição para o estudo do crescimento humano dos zero aos 15 anos, em populações de ascendência africana e europeia. – Avaliação do estado geral de crescimento e nutrição e estabelecimento de curvas de crescimento por sexo. Determinação dos efeitos do tabagismo no crescimento. 1989 – 1994. - Influências Genéticas e Ambientais na Gravidez e no Período Pós-Natal em Imigrantes Africanos residentes em Portugal. – Determinação, numa perspectiva ecológica, da influência das componentes ambiental e genética no processo reprodutivo, especificamente sobre as alterações morfológicas ocorridas durante a gravidez, no desenvolvimento intra-uterino e no período pós-natal. 1993 – 1999. - Ultramarinos nos periódicos portugueses do século XIX. - Estudo demográfico dos Ultramarinos da Guiné, Cabo Verde, Angola, S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Índia, Macau, Timor e Brasil falecidos em Lisboa, no século XIX. Definição do ambiente bio-económico e social que caracterizava a comunidade ultramarina na Lisboa oitocentista. 1995 – 2004. - Levantamento e classificação do material bibliográfico, audiovisual e fotográfico sobre Timor, existente no Centro de Antropobiologia. - Classificação e caracterização de todo o material existente no Centro de Antropobiologia, referente a Timor. Estudo Antropológico dos seus conteúdos. 2000 – 2002. - Estudo Nacional da Prevalência de Obesidade na Infância. Influências de factores sócio- demográficos. (Projecto financiado pelo SAPIENS). - Avaliação nacional da prevalência de obesidade em crianças em idade escolar, por sexo. Comparação com os resultados obtidos nos diversos países europeus envolvidos no programa europeu de obesidade infantil. O objectivo deste projecto é determinar a influência dos factores ambientais e sociais, nomeadamente a dieta, a actividade física e as características familiares (profissão e nível educacional). 2002 – 2005. Os investigadores do CA colaboraram também na organização de alguns eventos científicos importantes como foi o caso: 103 • da exposição “Bernardo Machado – 100 Anos da Cadeira de Antropologia da Universidade de Coimbra”, Coimbra, 1985. • do 5th Congress of the European Anthropological Association, com a edição das respectivas actas. Lisboa-Coimbra, 1986. • da exposição “Timor Lorosae. A Terra e os Homens”, SGL, 1999 • da exposição “Os Negros em Portugal – Séculos XV – XIX”. Organizada pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses. Mosteiro dos Jerónimos, 1999-2000. Relativamente à formação há a assinalar a realização de diversos estágios a investigadores que pretendiam aprofundar os seus estudos na área da Antropologia Biológica, para além de provas de progressão na carreira de investigação de que constituem exemplos as seguintes: • Vítor M. Rosado Marques, Uma Perspectiva Antropobiológica do Crescimento Intra-Uterino. Provas de acesso à categoria de Assistente de Investigação, IICT - Lisboa, 1990. • Vítor M. Rosado Marques, Gravidez na Mulher Cabo-Verdiana e Portuguesa. Diferenças genéticas ou socioeconómicas? Fecundidade. Antropometria. Crescimento no primeiro ano de vida. Provas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar, IICT - Lisboa, 1999. • Maria Cristina Santos Neto, Nascer em África e Morrer em Lisboa. Percursos Ultramarinos no Século XIX. Provas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar, IICT - Lisboa, 2004. O CA estabeleceu ao longo de toda a sua actividade uma extensa colaboração com muitas instituições, entre as quais valerá a pena referir aqui: • AAP – Associação dos Arqueólogos Portugueses • ARS – Administração Regional de Saúde • CLBGUM – Centro de Ciência Biológicas e Geológicas da Univ. Madeira • CNRS – Centre National de Recherche Scientifique (Aix-en-Provence), França 104 • EAA – European Anthropological Association • FCUL – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa • FMHUTL – Faculdade de Motricidade Humana da Univ. Téc. Lisboa • IAFCTUC – Instituto de Antropologia da Fac. Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra • SGL - Sociedade de Geografia de Lisboa • UAM – Universidade Autónoma de Madrid, Espanha • UCM – Universidade Complutense de Madrid, Espanha Antes de terminar esta descrição do HIST falta-nos referenciar a actividade do Centro de Pre-História e Arqueologia (CPHA, com o número 18 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Prof. Doutor Artur Teodoro de Matos, catedr’atico aposentado da FCSH da UNL, cuja missão e objectivos se encontravam sobretudo ligados à promoção e realização de: • estudos no âmbito da pré-história e da proto-história e da geologia do Quaternário, nomeadamente nos domínios da palentologia humana, da paleoetnologia e paleoecologia quaternária; • estudos e investigações arqueológicas, nomeadamente no âmbito da arqueologia africana, oriental e americana; • actividades de desenvolvimento experimental com vista ao estabelecimento de novos processos e sistemas de pesquisa arqueológica e quartenária; • um banco de dados de apoio à pesquisa e ao intercâmbio de informação e documentação sobre arqueologia e matérias afins Para além de uma biblioteca especializada, de uma cartoteca e de equipamento específico de apoio aos seus trabalhos, o Centro dispõe de colecções próprias de materiais arqueológicos e etnológicos, bem como de um vasto acervo fotográfico e documental da 1ª metade do século XX. Na sua grande maioria, a globalidade destes materiais reporta-se a Angola, Moçambique e Timor e tem vindo a ser objecto de inventário, estudo e divulgação. Mais recentemente tem vindo a desenvolver o registo informático 105 dos seus espólios, encontrando-se já disponível em bases de dados informação referente a materiais arqueológicos, etnológicos e fotográficos respeitantes a Moçambique e Timor. Sobre os projectos mais relevantes dá nota a Caixa 13, incluindo-se em anexo uma lista completa de projectos realizados pelo CPHA que dedicou também uma atenção constante à formação, para além das provas de doutoramento de Maria Eugénia Rodrigues, “Portugueses e Estrangeiros nos Rios de Sena. Economia e sociedade dos prazos da coroa nos sécs. XVII e XVII” e de Ana Cristina Marques Roque, “Terras de Sofala: persistências e mudanças. Contribuições para a História da Costa Sul Oriental de Africa (sécs. XVI-XVIII)” e das provas de Mestrado de Lívia Baptista de Sousa Ferrão, “Os Donos da Terra. Estruturas fundiárias e relações sócio-económicas em Damão”. Caixa – 13: Projectos do Centro de Pré-História e Arqueologia - Cartografia Política e Territórios Coloniais – “Estudo da Cartografia Hidrográfica da Costa de Moçambique: evolução das estruturas de mangal” (iniciado em 2004). Linha de Acção: - Estudo do Espólio da Missão Antropológica de Moçambique: Projecto 1 – “Inventário do espólio documental e fotográfico da campanha de 1948”, iniciado em 2004; Projecto 2 – História Viva – “Organização, tratamento e análise da documentação referente a entrevistas efectuadas pela MAM em 1948”, iniciado em 2004. - “Da Pré-História à Idade do Ferro Africana em Moçambique – estudos de materiais arqueológicos recolhidos pela JIU entre 1936 a 1956” (1999 – 2004) - “Terras de Sofala: persistências e mudança. Contribuição para a História da Costa Sul Oriental de África (sécs. XVI - XIII) (1997 – 2004). - “Propriedade Fundiária no Antigo Ultramar Português” (1995 – 2003) No que se refere a reuniões científicas também os investigadores do centro mantiveram uma intensa actividade de que aqui se destaca a organização da: - I Reunião de Estudo do Quaternário Ibérico, organizada pelo Grupo Português para o Estudo do Quaternário com sede no Centro de Pré-História e Arqueologia e pelo Grupo Español para el Estudio del Cuaternario que se realizou em Lisboa, em 1985. 106 - I Reunião de Arqueologia e História Pré-Colonial, realizado e organizado, em Lisboa, pela Comisão Executiva desta reunião, em1989. Também no que se refere à divulgação do espólio arqueológico e etnológico existente, foram cedidas algumas peças das colecções deste Centro para integrarem as seguintes exposições: • Exposição “Angola, culturas tradicionais”, no Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra, em 1976, apresentando painéis explicativos. • Exposição “Juventus” em 1979/80 e 1981 que decorreu na Feira Internacional de Lisboa, organizada pelo Ministério da Educação, apresentando painéis explicativos. • “Exposição Comemorativa do 1º Centenário da Junta de Investigações Científicas do Ultramar” que decorreu em 1983 apresentando painéis explicativos e desenho tipológico. • “Arte Maconde” que teve lugar, em 1989, no Museu de Arte Africana, em Paris. • “Os Espaços de um Império” que teve lugar no Porto, em 1999 e • “Os Negros em Portugal: Sécs. XV a XIX” que se realizou em Lisboa, no mesmo ano. Além destas exposições foram ainda cedidas peças para dois programas da RTP - “Encontros de África” e “Arqueologia Africana”. Os espólios de Moçambique e Timor foram igualmente objecto de divulgação em colóquios e congressos realizados em Portugal e em Moçambique onde foram mostradas várias imagens representativas destes espólios: - Colóquio Internacional “Culturas do Indico. Perspectivas culturais e Artísticas” que se realizou em Junho de 1997. - VI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, no Porto em 2002. - VII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, em Coimbra em 2004. 107 9. Sociedades e Culturas Tropicais (SOC), O SOC, dirigido pela Profª Jill Dias, catedrática da FCSH da UNL, abrange estudos sobre Identidades, Património e Mudança Social e que tem por finalidade promover a compreensão da experiência histórica dos processos de transformação nas sociedades portuguesas, brasileiras, africanas e asiáticas, bem como nos contextos de interdependência e negociação de identidades sociais, culturais e religiosas. SOC integra dois projectos, referentes à dinâmica de interacção e produção de discursos no mundo lusófono e a Patrimónios Tropicais e Cooperação Cultural, os quais reflectem desde logo as actividades prosseguidas pelo Centro de Estudos Africanos e Asiáticos (CEAA, com o número 20 na primeira coluna do Quadro 1 acima), que foi dirigido pela responsável do programa. Desde 1987, ano em que começou a admitir investigadores, o CEAA afirmouse como espaço onde se procuram dinamizar e abrir novas áreas de investigação em Ciências Sociais, não apenas sobre África e Ásia, mas também sobre o Brasil e o Médio Oriente. Os campos da Antropologia Social, da História Antropológica e da História das Mentalidades têm também vindo a ser privilegiados de uma forma especial. Em 1991, realizou-se a coordenação científica da exposição “Nas Vésperas do Mundo Moderno: África e Brasil”, que teve lugar no Museu de Etnologia, com o apoio da Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP). A partir da década de 1990, destacam-se três grandes projectos de investigação do CEAA, todos financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através de concurso público, nomeadamente os seguintes: • “Mudança Social e Identidades Culturais nas Áreas da Histórica Interacção Portuguesa” (programas PRAXIS XXI e POCTI, com início em 1997); 108 • “O Sudoeste Peninsular na época arabo-islâmica: estudo e tradução de fontes e literatura” (PRAXIS XXI, com início em 1997); • “Contextos Coloniais e Pós-Coloniais da Globalização: Interacção e Discurso no Mundo Lusófono, Sécs. XVI a XXI” (programa PARIPIPI, com início em 2001). No âmbito destes e outros projectos, entre 1998 e 2003, oito assistentes de investigação do CEAA defenderam, com êxito, teses de doutoramento no ISCTE e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), sendo promovidos à categoria de Investigador Auxiliar. Outra investigadora do Centro concorreu, também com êxito, para o lugar de Investigador Principal, tendo ainda obtido posteriormente o grau de Agregada pela universidade portuguesa. Entre 1998 e 2003, os investigadores do CEAA publicaram cerca de vinte livros e mais de cem artigos em diversas revistas nacionais e internacionais, denotando deste modo a qualidade do trabalho científico prosseguido pelo centro. Igualmente se deverá referir que em 1988 a Revista Internacional de Estudos Africanos (RIEA), fundada em 1982 com o apoio inicial da Fundação Calouste Gulbenkian, passou a integrar-se no IICT. No cômputo geral, onze volumes, de um total de 18 números, foram publicados até ao ano de 2000 com a ajuda de subsídios obtidos através da referida fundação, e também da ex-Secretaria de Estado da Cooperação e da ex-JNICT. Em 1999, organizou o CEAA um seminário internacional sobre “Fontes da História de al-Andalus e do Gharb” em que participaram especialistas internacionais de diversos países. Ao longo do período, a generalidade dos investigadores do CEAA têm colaborado com instituições de ensino superior na leccionação de cadeiras curriculares de licenciatura e mestrado na FCSH da UNL, no ISCTE, na Universidade de Évora, na Sorbonne e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e na orientação de teses académicas. 109 Elementos do CEAA têm também colaborado activamente com diversas universidades estrangeiras na organização de conferências e reuniões académicas, entre as quais se destacam aqui a “School of Oriental and African Studies” (SOAS) da Universidade de Londres, em 1994 e 1996, o “Centre de Documentation et de Recherche en Arabe Chrétien” (CEDRAC) da Universidade St. Joseph, Beyrouth, para além de outros compromissos assumidos com universidades brasileiras, em que figuram a Universidade de Brasília e o Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro para receber no CEAA doutorandos dessas instituições durante o período das suas pesquisas em Portugal. Em acumulação com toda esta actividade tem o CEAA colaborado intensamente com algumas instituições de ensino superior e de investigação nos países afro-lusófonos e Timor, apoiando a organização e promovendo a sua participação em conferências, seminários e outras reuniões científicas realizadas nesses países africanos. Entre essas instituições destacamos aqui a Universidade Agostinho Neto em Luanda, o Arquivo Histórico Nacional de Angola, o INEP de Bissau, a Universidade Pedagógica de Maputo e a Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique. O programa SOC incorpora ainda o antigo Departamento de Ciências Etnológicas e Etno-Museológicas que inicialmente integrava o Museu de Etnologia e o Centro de Antropologia Cultural e Social (CACS, com o número 22 na primeira coluna do Quadro 1 acima), há a referir que a partir de 1989 passou a integrar o Centro de Etnologia Ultramarina (CEU, com o número 23 na primeira coluna do Quadro 1 acima), então criado em substituição do Museu que naquela data passou para a tutela do Instituto Português de Museus (IPM), tendo os investigadores sido transferidos para o novo CEU. Restam apenas duas investigadoras auxiliares que foram responsáveis por aqueles centros, Maria Clara Saraiva e Margarida Lima de Faria. Destacam-se três projectos, dos quais um se refere a Portugal: 110 • Comissão Europeia (DGXII), “Collaborative Project to Investigate Consumer Preferences for Selected Sorghum and Millet products in the SADC Region of Africa”, efectuado em consórcio com o NRI do Reino Unido, CIRAD-CA de França, parceiros do IICT no ECART, e ainda com o BTC-FTRS do Botswana e SUA da Tanzânia (1995/98); • FCT/PRAXIS 98/POCTI/SOC/13018, “Regimes de Produção e Consumo dos Museus em Portugal” (1998/2003); • Projecto PCAIT “Rituais funerárias em populações africanas e asiáticas” (1997/99). No que se refere à divulgação do espólio existente há a evidenciar a realização das exposições: • “Escultura Africana em Portugal”, Museu de Etnologia, 1985, comissariada cientificamente por Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira; • “A aventura Humana”, exposição da Commonwealth, realizada em parceria com a IBM e comissariada cientificamente por Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira, 1988; • “Timor: Vida, Aliança e Morte”, comissariada cientificamente por Maria Olimpia Lameiras Campagnolo e Henri Campagnolo, 1998. Os investigadores desta área científica estiveram envolvidos na realização de bastantes conferências, entre as quais “Portuguese-African Encounters”, congresso organizado pelo Watson Institute for the Social Sciences e pelo Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University dos EUA, com a participação da investigadora Clara Saraiva, na altura Research Fellow do Watson Institute e Invited Professor do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University (2001-2002). Pela importância que revestiram os seus trabalhos de investigação e pela projecção que deram ao IICT não poderão aqui deixar de ser mencionados os 111 nomes de Ernesto Veiga de Oliveira, investigador jubilado e ex-Director do Museu de Etnologia e do Centro de Antropologia Cultural e Social de 1983 a 1989, de Benjamim Enes Pereira, investigador equiparado a Professor Auxiliar e Abílio Lima de Carvalho, Director do Departamento de Ciências Etnológicas e Etno-Museológicas. No capítulo das relações com instituições congéneres há a destacar a: • Colaboração sob a forma de docência com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, com a Universidade Nova de Lisboa e Universidade Católica Portuguesa; • Colaboração com a Brown University dos EUA, através da qual a investigadora Clara Saraiva tem actuado como research fellow e invited professor, como já anteriormente foi referido Parte IV - Publicações e outros serviços à comunidade As publicações e os serviços à comunidade são responsabilidades da Presidência através do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), do Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT) e do Centro de Documentação e Informação (CDI). Dada a prioridade posta pela nova lei orgânica na visibilidade do IICT, a gestão destes três serviços abertos ao público, por delegação de competências passou a ser coordenada pela Direcção de Serviços de Apoio. 9. Arquivo Histórico Ultramarino (AHU, com o número 21 na primeira coluna do Quadro 1 acima) O AHU foi dirigido pela Drª Luiza Abrantes e depois coordenado pelo Dr. Miguel Infante, que contribuiu este texto. Com o início de funções de directora da Doutora Ana Cannas, em 22 de Junho de 2005, criaram-se as condições para autonomizar o AHU, `a semelhança dos outros centros mencionados nas partes II e III. 112 O AHU é uma unidade única no país, tendo sido legalmente criado em 1931 com o objectivo de reunir num só local toda a documentação colonial que se encontrava dispersa e sem a necessária sistematização que tornasse viável a sua disponibilização à comunidade científica. Desde aquela data que o AHU se vem continuamente a aperfeiçoar, configurando-se hoje como um centro de referência no campo da arquivística. A sua actuação abrange actualmente diferentes áreas de intervenção que incluem a conservação e restauro, a formação técnica e profissional, a microfilmagem e a informatização de fundos documentais. A documentação preservada no AHU encontra-se organizada em três fundos principais: • o Conselho Ultramarino, contendo documentação do séc. XVI a 1833; • a Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, com documentos do séc. XVI a 1910; • o Ministério do Ultramar que integra documentos de 1991 a 1975. O acervo documental do AHU corresponde a 15 Km de prateleiras, sendo constituído por documentos avulsos, códices e livros de registo, cartografia e iconografia, incluindo também uma vasta colecção de diapositivos, fotografias e postais ilustrados. Para além da abertura diária de uma sala de leitura com uma frequência média anual de 2500 leitores, tem vindo o AHU a desenvolver uma diversificada carteira de projectos que muito têm contribuído para o seu prestígio e para a sua constante modernização. Entre esses projectos caberá referir aqui todos os trabalhos de microfilmagem em larga escala que produziu, , relativa à documentação de Moçambique, entre 1985 e 1988, aos fundos documentais de Macau e Timor, entre 1984 e 1993, e aos fundos documentais dos Açores, entre 1985 e 1993. 113 Posteriormente e correspondendo a exigências já colocadas pela introdução das novas tecnologias, veio o AHU a implementar outros projectos que seguidamente se discriminam: • Projecto de Informatização, iniciado em 1993 com o objectivo de dotar o AHU de um sistema integrado de informatização para as áreas da descrição documental, digitalização de documentos, registo e controlo de leitores e gestão da sala de leitura. • Projecto Resgate-Barão do Rio Branco, coordenado pelo Ministério da Cultura do Brasil e que tem por finalidade a microfilmagem das fontes histórico-documentais existentes nos arquivos brasileiros e nos países que, de algum modo, partilharam uma história comum, como foi o caso particular de Portugal. Implica este projecto organizar, catalogar e microfilmar toda a documentação avulsa, códices e as colecções de cartografia e iconografia sobre o Brasil colónia, o que representa o tratamento técnico de 975 espécies cartográficas e iconográficas, de 759 códices e de cerca de 500 000 documentos avulsos. • Projecto de Modernização-Digitalização do Património Cartográfico do Arquivo que visa a divulgação em imagens da história colonial portuguesa e da história da pré-independência dos países que integram a chamada Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). • Projecto de Digitalização dos Boletins Oficiais de Timor correspondentes ao período de 1838 a 1975 que tem por objectivo a entrega de imagens digitalizadas e de uma base de dados para recuperação da informação a Timor pela Presidência da República • Projecto de Recuperação e Beneficiação do AHU que inclui a recuperação e valorização das instalações do Arquivo no Palácio da Ega, bem como o seu re-equipamento. 114 • Projecto de Inventariação do Ministério do Ultramar que visa a preparação e disponibilização do fundo documental do Ministério do Ultramar, incorporado no AHU em 1997. Trata-se da inventariação de uma documentação produzida pelas várias unidades orgânicas daquele Ministério entre 1950 e 1974 que assim poderá ser disponibilizada à comunidade científica como fonte de informação importante da história contemporânea portuguesa. Em paralelo com os projectos e para além das actividades relacionadas com o serviço de apoio a leitores e investigadores, mantém o AHU uma intensa actividade de formação, ministrando cursos e concedendo estágios em arquivologia, conservação e restauro, microfilmagem e informática documental e realizando, igualmente, exposições histórico documentais, cartográficas e iconográficas no país e no estrangeiro. 10. Jardim-Museu Agrícola Tropical (JMAT, com o número 16 na primeira coluna do Quadro 1 acima) O JMAT, entregue à gestão do Engº Bugalho Semedo entre 1983 e 2003, passou a ser coordenado directamente pela Investigadora Principal, Cândida Liberato. Este Jardim é o terceiro dos centros com uma missão específica de prestação de serviços à comunidade. Com o legado de suceder ao “Jardim Colonial” e ao “Museu Agrícola Colonial”, cuja estruturação remonta aos primeiros anos de 1900, o JMAT ocupa uma área de cerca de 70 000 m2 distribuídos por: • campos experimentais que se alongam por cerca de 6 000 m2 onde se tem vindo a praticar a cultura de plantas anuais para produção de sementes e ensaia culturas económicas com vista à adaptação de novos métodos de cultivo. Aí são utilizados materiais de síntese que, com o desenvolvimento de técnicas actualizadas de forçagem 115 e semiforçagem conduzem ao melhoramento de técnicas de fitotecnia no domínio da horticultura sob abrigo e da hidroponia; • estufas apetrechadas com dispositivos de controlo do ambiente para conservação de espécies vegetais, tropicais e subtropicais e que geralmente apoiam o desenvolvimento de técnicas de macro e micropropagação de espécies que, em muitos casos se encontram em risco de extinção a nível mundial. Trata-se, com efeito, de uma infraestrutura que permite a realização de trabalhos de investigação aplicada, destinados ao aprofundamento dos conhecimentos sobre culturas em abrigo, cultura em terra, culturas hidropónicas, tipos de abrigo e tipos de rega, defesas para culturas sob condições climáticas diversas, entre muitos outros temas de carácter científico que no JMAT encontram um ambiente confinado que assegura a manutenção de colecções de plantas vivas de zonas tropicais, potenciando o seu estudo e o seu melhor aproveitamento. Dentro da sua área e para além destes pólos científicos, acolhe o JMAT um parque público dotado de zonas relvadas, arruamentos, espécies arbóreas e arbustivas, em especial dos climas tropicais e subtropicais, com alguns exemplares de mérito citados em bibliografia internacional da especialidade que integram hoje uma das melhores áreas de fruição e de lazer, situada numa zona nobre da cidade de Lisboa que enquadra todo o complexo históricomonumental composto pelo Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos, Palácio de Belém e Praça do Império. Esta dupla capacitação do JMAT habilita-o não só a desempenhar a sua função científica tradicional, traduzida em projectos de investigação que continua a levar a cabo e de que se dá como exemplo a “Conservação in vitro de espécies alimentares de origem tropical e sub-tropical (géneros Colocasia Schott, Dioscorea L. E Xanthosoma Schott)”, os “Estudos sobre a Flora de Macau” e as “Essências Florestais de Angola (Maiombe)”, como também o 116 transforma numa unidade de apoio à sociedade civil onde a promoção da cultura científica poderá encontrar um veículo de excelência. Neste contexto, entre 1983 e 2003, o JMAT cooperou com a Universidade Internacional para a Terceira Idade proporcionando o “Curso de Horticultura e Floricultura”, acolheu a visita de inúmeros grupos escolares de vários níveis de ensino proporcionando visitas guidas de carácter formativo e participou em numerosos eventos entre os quais se destacam as “Comemorações dos Quinhentos Anos dos Descobrimentos Portugueses” em 1992 com a exposição “A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses”, a “Semana Europeia da Cultura Científica” em 1994 com a exposição “Agricultura e Medicina Tropicais”, o “Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem 2002-2004” co-financiado pela União Europeia e em parceria entre o IICT e o CCB (Centro Cultural de Belém) com o espectáculo “Percurso”. Integrando um Jardim Botânico o JMAT é desde 1980 membro do BGCI (Botanic Garden Conservation International) e desde 1988, membro fundador da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos, possuindo um património cultural-científico muito diversificado, nomeadamente a já referida colecção de biodiversidade vegetal constituida por cerca de 500 espécies conservadas ex situ que ocupam uma área de cerca de 50.000 m 2 e um banco de sementes constituido por sementes recolhidas no Jardim Botãnico que depois de preparadas são disponibilizadas no index seminum a cerca de 200 organismos congéneres. Para além deste património possui ainda o JMAT uma xiloteca única no país, contendo cerca de 2500 amostras arquivadas e identificadas, quer pelo nome científico, quer pela designação vulgar, de madeiras de todas as proveniências mundiais, com particular relevância para a colecção de madeiras africanas e do Brasil, Japão, China e Austrália, constituindo um valioso património que assim se encontra à disposição da comunidade científica e da comunidade em geral. 117 Outro acervo da maior importãncia é o herbário, o qual passou em 2002 para as instalações do centro de botânica, tendo ficado no JMAT apenas as espécies relativas ao próprio Jardim. De entre as já mencionadas infraestruturas o JMAT possui também uma estufa aquecida, cuja construção remonta a 1917 e que constitui uma obra de arquitectura ímpar no País. 13. Centro de Documentação e Informação (CDI, com o número 24 na primeira coluna do Quadro 1 acima) Induzida pela intensa actividade científica produzida pelos seus Centros de Investigação, bem como pela realização de missões por parte dos seus investigadores, o IICT manteve uma intensa actividade editorial que o colocou como um dos mais importantes editores científicos portugueses. O CDI foi dirigido até Junho de 2005 pela Dra. Virgínia Magriço, que contribuiu este texto e agora se ocupa das publicações. Deverá, assim, dar-se relevo à publicação e apresentação dos resultados científicos dos projectos, nomeadamente através da edição das 22 Séries e Revistas que o Instituto mantém e que seguidamente se enumeram, isto para além naturalmente das inúmeras publicações não seriadas que edita com regularidade: - Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa - Comunicações do IICT – Série de Ciências Agrárias - Comunicações do IICT – Série de Ciências Biológicas - Comunicações do IICT – Série de Ciências Etnológicas e Etnomuseológicas - Comunicações do IICT – Série de Ciências Geográficas - Comunicações do IICT – Série de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas 118 - Comunicações do IICT – Série de Ciências da Terra - Estudos de Antropologia Cultural e Social - Estudos, Ensaios e Documentos - Estudos de História e Cartografia Antiga – Memórias - Garcia de Orta – Série de Antropobilogia - Garcia de Orta – Série de Botânica - Garcia de Orta – Série de Estudos Agronómicos - Garcia de Orta – Série de Geologia - Garcia de Orta – Série de Geografia - Garcia de Orta – Série de Zoologia - Index Seminum - Leba - Memórias do IICT – 2ª Série - Revista Internacional de Estudos Africanos - Série Separatas do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga - Studia Nos últimos vinte anos, os trabalhos científicos produzidos pelos investigadores do IICT ultrapassam os três milhares. Com efeito, como se pode confirmar pelas listagens bibliográficas anexas `a versão original deste trabalho, regista-se a existência neste período de 1158 referências bibliográficas de trabalhos publicados pelo IICT, cerca de 1063 referências bibliográficas de trabalhos publicados fora da instituição, devendo salientar-se que este número não é exaustivo, dado que estão omissos nas bases de dados as referências anteriores a 1990 e ainda 346 referências bibliográficas de trabalhos não publicados, ou seja, “literatura cinzenta” disponível para consulta apenas na biblioteca do CDI. Neste contexto o CDI assegura a participação anual do IICT na Feira do Livro de Lisboa, onde geralmente possui um pavilhão no qual são difundidos e 119 vendidos todos os anos bastantes obras editadas pelo Instituto. O CDI assegurou também a presença do IICT em outras feiras do livro, como foi o caso de Frankfurt, Zimbabwe e S. Tomé e Príncipe, para além dos títulos que são comercializados através de livrarias nacionais com quem se estabeleceram protocolos, nomeadamente a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), a Livraria Portugal e a distribuidora SODILIVROS. Para além da edição, difusão e comercialização das publicações, o CDI tem à sua guarda um acervo documental vocacionado preferencialemnte para a temática tropical e que é constituido por cerca de 40 000 monografias, 6 000 títulos de revistas e seriados e ainda uma cartoteca com mais de 5 000 títulos. Uma das prioridades do CDI é pois disponibilizar este acervo à comunidade científica, possuindo para o efeito uma sala de leitura aberta diariamente ao público, para consulta presencial da sua biblioteca. Com o mesmo objectivo, a partir de 1990, tem sido praticado um assinalável esforço de informatização do Centro, estando toda a documentação a partir desta data informatizada e acessível para consulta on-line através da página web do IICT, disponível em: http://www.iict.pt As referências bibliográficas podem, assim, ser acedidas através de diversas bases de dados que incluem neste momento, além da informação recebida a partir de 1990, um já considerável número de registos que é resultante da informatização retrospectiva do acervo que se encontra tratado em ficheiros manuais. O CDI integra ainda 448.115 registos numa base KARDEX a qual inclui as entradas anuais dos volumes e números dos 6 166 periódicos, cuja referência bibliográfica pode ser pesquisada na base ISBD. A informatização em curso possibilita uma eficaz colaboração com o Catálogo Colectivo de Publicações Periódicas. Esta iniciativa veio possibilitar a normalização do tratamento documental a nível de todo o IICT, tendo-se realizado um esforço de instalação do programa noutras unidades. 120 Outra das tarefas de que o CDI se ocupa regularmente resulta da manutenção de ligações a organismos nacionais e internacionais vocacionados para a informação e documentação científica, nomeadamente através de bases para onde são enviadas regularmente as publicações do IICT (ver lista no anexo bibliográfico respeitante ao CDI). Também no que se refere à formação tem o CDI garantido a realização de acções de aperfeiçoamento e especialização de quadros técnicos internos e externos, tendo vindo a administrar formação profissional na área da documentação e da informática documental, quer a técnicos dos centros do Instituto, quer a técnicos provenientes dos países afro-lusófonos e Timor. O CDI, participou num projecto de grande fôlego financiado pela Fundação Portugal-África, e que se traduziu na implementação de uma parceria com outras instituições nacionais – a Universidade de Aveiro, o Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (CEsA) do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), a que se viria juntar posteriormente o Centro de Estudos Africanos (CEA) do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Esta parceria veio a ser responsável pela execução do projecto “Memória de África” que resultou de uma dupla necessidade, frequentemente manifestada por estudiosos dos problemas africanos: por um lado, saber que publicações de língua oficial portuguesa existiam sobre África e qual a sua localização exacta; por outro a lacuna de informação sobre curriculos de especialistas que poderiam contribuir para o desenvolvimento africano. Estas duas carências conjugadas com o facto da Fundação Portugal-África pretender apoiar e desenvolver projectos que prosseguissem os objectivos consagrados nos seus estatutos, permitindo-lhe assim uma maior afirmação na área geográfica correspondente aos países afro-lusófonos e Timor, presidiram à elaboração deste projecto. Na verdade, a “Memória de África” consistiu na construção de uma base de dados bibliográfica sobre os países afro-lusófonos e Timor e de um directório identificador de instituições, investigadores e projectos que de alguma forma se 121 relacionavam com a África de expressão portuguesa. Foi, neste enquadramento que o CDI teve exclusivamente a seu cargo a elaboração deste directório. O trabalho foi desenvolvido em diferentes fases que consistiram, nomeadamente: - na concepção e validação pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de três questionários com versão em português para o território nacional e em inglês para distribuição internacional; - no tratamento das respostas recebidas; - na elaboração e disponibilização do referido directório na página web do Projecto, trabalho a cargo da Universidade de Aveiro. Conclusão A organização “em arquipélago” do IICT, herdada das instituições que o precederam, tem exigido a multiplicação de estruturas de apoio administrativo que absorvem uma parte substancial do orçamento anual de funcionamento da instituição. Acresce a expectativa da comunidade relativamente aos três serviços abertos ao público. A dispersão geográfica e funcional foi responsável por se continuar a verificar um peso excessivo da estrutura administrativa que poderia e deveria libertar recursos para o fortalecimento dessa mesma actividade científica. Por outro lado, e para além das inevitáveis entropias que dela necessariamente resultam, parece também, essa situação, impedir e dificultar que se promova mais eficazmente uma visão de conjunto, quando pretendemos que o IICT se constitua como veículo científico de intervenção rápida da cooperação portuguesa nos trópicos. Obtida a integridade institucional do IICT com a publicação da sua nova lei orgânica e do seu regulamento interno, é necessário avançar na melhoria da sua imagem e na eficácia da sua actividade, compatibilizando-a com as necessidades da cooperação com os países alvo. À semelhança de outros Laboratórios do Estado, também o IICT sofreu a erosão provocada, sobretudo, pelo envelhecimento do seu quadro de pessoal e pela impossibilidade de o renovar, pela privação de fundos plurianuais e contratos-programa aos quais se 122 juntaram, ainda, os resultados e recomendações da avaliação que sofreram todos esses laboratórios, em finais da década de 1990, e que, no caso do IICT, recomendava a sua substituição por três institutos autónomos correspondendo às três chefias identificadas no Quadro 1 acima. As alterações estruturais que se introduziram em 2004 foram norteadas por dois objectivos: melhorar a qualidade e a eficácia da investigação científica tropical e salvaguardar e valorizar o património acumulado. A este projectado aumento de eficácia está associada a redefinição de um mandato lusófono em que a designada “agenda global do desenvolvimento” pode adquirir uma visão única e específica, correspondente à apropriação da cooperação, baseada no conhecimento, empreendida no quadro da lusofonia. Têm igualmente sido celebrados convénios e outras formas inovadoras de cooperação, contribuindo para uma maior visibilidade do IICT, com toda a sua tradição de capacitação local, bem como o desenvolvimento de novas formas de financiamento. Como se disse acima, a lei orgânica permite a criação de centros de actividades, não integrados em departamentos, como se tem já verificado com o programa de desenvolvimento global (DES) e, até certo ponto, com o CIFC. Através da investigação e da capacitação, estes centros devem ser capazes de melhor apetrechar o IICT para a resolução de problemas concretos que, hoje, condicionam uma grande maioria dos países em desenvolvimento. Com a regulamentação da lei orgânica, chegou a hora de usar este novo instrumento para acelerar a transição para a interdisciplinaridade, até porque de outro modo as resistências poderão endurecer, com grave prejuízo para a sustentabilidade dessa mesma transição. Daí a proposta feita por ocasião do cinquentenário do CIFC (epois de consultada a DACC), de criar mais três centros de actividade, o AHU, FLOR e ECO-BIO que sucede ao grupo de ecologia vegetal e bioquímica como instrumentos privilegiados da transição descrita neste texto, em que se espera escorar o plano de actividades para 2006. Negociações ulteriores levam a crer que seja possível criar mais dois centros, o JMAT e o Centro de Detecção Remota para o Desenvolvimento, dirigidos respectivamente pelos 123 Prof. Doutores Manuel Correia e Cardoso Pereira, do Instituo Superior de Agronomia. Essa hipótese, recolhida no Quadro 10, foi debatida na 28ª reunião de Direcção, que teve lugar em 19 de Julho. QUADRO 10– COMPETÊNCIAS NUCLEARES, ESTRUTURAS, MORADAS E POSSÍVEL ESTATUTO NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2006 Competências nucleares 1 2 3 DCH (JT e MNI) ♣ ♣ ♣ DCN (JT e MNI) ♣ ♣ ♣ *DSA (JT) ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ Estrutura (morada; * serviço aberto ao público; # possível centro artigo 25º LO) * # AHU (Ega) # CIFC (Oeiras) ♣ ♣ # DES (JT) ♣ # ECOBIO (Oeiras) ♣ # FLOR (JT) ♣ ♣ * #JMAT (Calheta) ♣ ♣ # CDRD (Tapada) ♣ ♣ ♣ Quadros 1 e 3 Quadro Anexo I – RECURSOS FINANCEIROS (K €uros) Projectos Programas TOTAL ESC/ Pessoal Func. Cap. PIDDAC CE / EU Nac. Ciência Prxis XXI 1983 2755 716 266 256 - - - - 3993 98.68 1984 2333 730 157 168 - - - - 3388 115.68 1985 2810 1089 241 578 - - - - 4718 130.25 1986 2686 850 170 653 - - - - 4359 147.08 1987 2645 1072 169 539 - - - - 4425 162.61 1988 3348 1006 140 625 - - - - 5119 170.05 1989 4056 1129 146 661 - - - - 5992 173.41 ECU-€ 124 1990 4404 968 36 724 - - - - 6132 181.10 1991 5405 886 31 645 197 - 316 - 7480 178.61 1992 6824 1165 373 797 332 - 162 - 9653 174.71 1993 6016 980 634 1263 158 - 1155 - 10206 188.37 1994 5563 1014 618 1316 291 - 262 - 9064 196.89 1995 5720 1222 1667 1081 279 - - 524 10493 196.10 1996 5990 865 1583 1242 373 - - 6 10059 195.76 1997 6054 794 1746 666 172 101 - 280 9813 198.58 1998 6152 861 803 396 73 167 - 150 8602 201.69 1999 6380 884 0.4 458 33 388 - 211 8354.4 200.48 2000 6634 816 28 468 32 134 - 194 8306 200.48 2001 6988 804 - 390 18 41 - - 8241 200.48 2002 7258 694 143 666 41 363 - - 9165 - 2003 6398 866 585 486 38 79 - - 8452 - 2004 5780 790 34 709 258 445 - - 8016 - Nota: Entre 1983 e 2001 (inclusive), para a conversão das quantias iniciais em escudos em EUROS utilizou-se a taxa média de câmbio anual entre o Esc. e o ECU/EURO, indicada na última coluna (Fonte: EUROSTAT) Quadro Anexo II - Recursos Humanos - 1983 a 2004 Dirig. Investig. Téc. Sup. Técnico Téc. Prof. Oper. Admn. Ou Auxiliar Além Regime Quadro Colab. Bolseiro _ _ _ _ _ _ _ _ 1983 4 108 19 3 51 83 122 14 1984 7 81 23 14 46 76 121 37 1985 7 95 25 7 54 94 114 34 1986 9 94 25 6 55 89 114 48 1987 15 86 27 7 46 76 110 60 24 1988 10 84 29 8 48 69 100 102 15 _ _ TOTAL 404 408 430 440 451 465 125 _ 1989 14 79 28 8 47 69 94 97 19 1990 13 80 30 7 43 64 85 105 19 1991 13 78 35 12 37 68 85 129 36 1992 12 66 31 12 38 75 72 102 31 1993 13 63 31 11 37 69 61 96 37 3 421 1994 14 57 33 7 35 79 35 91 43 6 400 1995 13 49 30 7 35 78 40 123 38 14 427 1996 12 48 30 7 34 76 36 118 40 5 406 1997 11 48 31 7 38 71 41 115 41 1998 11 43 30 9 44 69 33 120 43 1999 12 50 31 7 45 70 51 69 42 12 389 2000 13 57 34 6 41 70 49 53 36 13 372 2001 12 64 30 7 36 65 45 41 31 2 333 2002 9 59 32 6 41 63 31 31 23 4 299 2003 7 64 28 5 34 60 28 27 21 5 279 2004 8 63 23 2 31 56 29 21 18 26 277 _ _ _ _ _ 455 446 493 439 403 402 126 Quadro Anexo III - Número de Projectos de Investigação por Departamento 1988 a 2003 Dep. Ciências Dep. Ciências Naturais C. Terra Humanas C. Eng. C. C. Geográfica Biológicas Agrárias C. Hist. TOTAL Concluídos C. Etnol. Econ. e e Etno- Sociol. Museol. 1988 33 13 67 87 33 13 246 43 1989 32 12 70 86 29 11 240 43 1990 27 16 79 85 33 12 252 40 1991 28 17 83 79 29 13 249 47 1992 29 13 72 92 27 7 240 34 1993 30 13 57 88 30 7 225 24 1994 28 13 54 80 33 11 219 51 1995 21 6 32 75 17 12 163 24 1996 19 8 28 73 20 10 158 19 1997 17 7 32 85 21 9 171 31 1998 15 9 26 73 22 9 154 33 1999 17 9 24 65 24 6 145 26 2000 16 14 19 62 21 7 139 33 2001 14 12 18 52 17 9 122 25 2002 13 10 22 49 17 6 117 27 2003 13 9 19 44 16 9 110 18 127 Quadro Anexo IV - Número de Acções de Formação por Departamento Dep. Ciências Dep. Ciências Naturais C. Terra Humanas C. Eng. C. C. Geográfica Biológicas Agrárias C. Hist. C. Etnol. Econ. e e Etno- Sociol. Museol. CDI TOTAL 1987 13 8 9 28 18 6 - 82 1988 14 10 12 50 17 10 - 113 1989 19 8 16 49 25 12 4 133 1990 13 6 20 45 22 13 9 128 1991 12 12 22 37 20 9 2 114 1992 17 11 23 36 27 15 4 133 1993 14 7 28 33 26 1 2 111 1994 11 13 17 34 36 14 1 126 1995 15 15 15 45 33 2 - 125 1996 14 8 17 47 40 2 - 128 1997 12 14 16 47 36 2 - 127 1998 9 8 17 53 22 2 1 112 1999 11 7 14 45 28 3 1 109 2000 9 10 12 52 28 5 - 116 2001 9 11 14 46 40 10 - 130 2002 7 13 9 45 25 11 - 110 2003 6 17 9 55 25 16 - 128 128 INDICE INTRODUÇÃO PARTE I TRANSIÇÃO PARA A INTERDISCIPLINARIEDADE Por uma orgânica flexível Avaliação e renovação 3 3 10 Recursos financeiros e meios humanos 14 Aumento das despesas Carreiars e sua evolução Investigação, formação e capacitação 26 PARTE II DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS 36 1. Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) 2. Florestas e Produtos Florestais (FLOR) 44 3. Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar (AGRI) 4. Biodiversidade e Gestão de Recursos Naturais (BIO) 5. Ciências da Terra e Ambiente (TER) 7. História e Cartografia (HIST) 47 60 68 PARTE III DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 6. Desenvolvimento Global (DES) 36 90 91 94 8. Sociedades e Culturas Tropicais (SOC) 108 PARTE IV PUBLICAÇÕES E OUTROS SERVIÇOS À COMUNIDADE 9. Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) 113 11. Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT) 120 10. Centro de Documentação e Informação (CDI) CONCLUSÃO 113 113 123 129 ÍNDICE DE QUADROS E CAIXAS QUADRO 1 – Chefias e competências nucleares........3 QUADRO 2 – Centros e programas 5 QUADRO 3 –Correspondência entre competências nucleares e tecnologias habilitadoras 10 QUADRO 4 - Participação prevista nos novos orgãos 12 QUADRO 5 – Membros da direcção e da comissão coordenadora QUADRO 6 – Recursos financeiros e meios humanos QUADRO 7 – Comparações inter-departamentais 12 15 30 QUADRO 8 - Correspondência entre 17 projectos do DCN e 14 antigos centros no plano de actividades para 2005...37 CAIXA 1: Projectos com financiamento da União Europeia CAIXA 2: Projectos e acções na área do cajueiro 38 41 CAIXA 3: Acções de cooperação e assistência científica e técnica CAIXA 4: O Centro de Investigação Agrária Tropical 43 50 CAIXA 5: Projectos de investigação em produção e tecnologia agrícolas 53 CAIXA 6:Investigação Científica e Apoio ao Desenvolvimento em Fitossanidade do Armazenamento 56 CAIXA 7: Projectos do Centro de Botânica 62 CAIXA 8 : Projectos do Centro de Zoologia 64 CAIXA 9: Acções de cooperação no âmbito da zoologia 66 CAIXA 10: Projectos pluridisciplinares do Centro de Geografia 87 QUADRO 9 - Correspondência entre 7 projectos do DCH e 7 antigos centros no palno de actividades para 2005...91 CAIXA 11: Relações estabelecidas pelo Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga com instituições congéneres 97 CAIXA 12: Projectos do Centro de Antropobiologia 103 CAIXA 13: Projectos do Centro de Pré-História e Arqueologia 107 130 QUADRO 10 – Competências nucleares, estruturas, moradas e possível estatuto no plano de actividades para 2006...125 QUADRO anexo I – Recursos Financeiros (K €uros) 125 QUADRO anexo II - Recursos Humanos - 1983 a 2004 126 QUADRO anexo III - Projectos de Investigação por Departamento 1988 a 2003 127 QUADRO anexo IV – Acções de Formação 128 131