“Estudo do Efeito “Bake Hardening” nos Aços BH 180 E BH 220 Galvanizados pelo Processo de Imersão a Quente” GIULIANO CASTELO BRANCO DIAS UNESP Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá Guaratinguetá 2011 GIULIANO CASTELO BRANCO DIAS ESTUDO DO EFEITO “BAKE HARDENING” NOS AÇOS BH 180 E BH 220 GALVANIZADOS PELO PELO PROCESSO DE IMERSÃO A QUENTE Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica na área de Projetos e Materiais. Orientador: Prof. Dr. Tomaz Manabu Hashimoto Guaratinguetá 2011 D541e Dias, Giuliano Castelo Branco Estudo do efeito "bake hardening" nos aços BH180 e BH220 galvanizados pelo processo de imersão a quente / Giuliano Castelo Branco Dias – Guaratinguetá : [s.n], 2011. 97 f : il. Bibliografia: f. 82-87 Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2011. Orientador: Prof. Dr. Tomaz Manabu Hashimoto 1. Aço I. Título CDU 669.14 (043) DADOS CURRICULARES GIULIANO CASTELO BRANCO DIAS NASCIMENTO 25.10.1971 – Volta Redonda / RJ FILIAÇÃO Edimar Wilson Dias Dirce Castelo Branco Dias 1990/1996 Curso de Graduação Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda - Universidade Federal Fluminense 1999/2000 Curso de Especialização em Gerência Empresarial Universidade de Taubaté – MBA/ UNITAU 2010/2011 Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Nível de Mestrado, na Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá da Universidade Estadual Paulista/ UNESP DEDICATÓRIA Agradeço de modo especial, à milha filha Rayssa, que com os seus anos de vida, foi a grande incentivadora para que eu continuasse no curso, e à minha esposa Renata. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço pela minha vida, minha inteligência, minha família e meus amigos. À minha mãe Dirce e as minhas irmãs Bianca e Ana Paula, que apesar das dificuldades enfrentadas, sempre incentivaram meus estudos. Ao meu orientador, Prof. Dr. Tomaz Manabu Hashimoto, pelo incentivo, direção, ensinamentos e espírito crítico durante todo o periodo de aprendizado. Aos professores do curso de Mestrado em Materiais, Prof. Dr. Marcelo dos Santos Pereira e Dr. Tomaz Manabu Hashimoto pelos ensinamentos. Aos meus colegas de turma, Luiz Zamora, Carolina de Carvalho Kakumu (em memória) e Ana Carolina Rodrigues pelo estudo e troca de experiências. Ao Eng.o Ms. Fabiano Augusto Vallim Fonseca, pela orientação e grande ajuda prestada para realizar este trabalho. Aos técnicos da área de Qualidade da CSN, em especial ao Sr. João José de Moraes, que em nenhum momento mediram esforços para me ajudar na execução dos ensaios e no transporte de amostras ao Centro de Pesquisas da CSN. Aos funcionários da CSN Marcelo Fernandes da Silva, Beethoven Max da Silva, Richard William Boarin, Marcelo Pereira de Oliveira, Priscila Maria Ladeira, Felipe Maia Picinini e aos estagiários da CSN pela ajuda e paciência na execução das experiências. Ao supervisor José Carlos dos Santos responsável pela área de materiais da General Motors do Brasil que foi fundamental no meu crescimento profissional. “Ultrapassar os limites não é um erro menor do que ficar aquém deles” Confúcio DIAS, G. C. B. Estudo do efeito “bake hardening” nos aços BH180 e BH220 galvanizados pelo processo de imersão a quente. 2011. 97 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2011. RESUMO O presente trabalho estudou as variáveis de fabricação no processo na linha de galvanização contínua por imersão a quente, simulando o processo de conformação e a cura da pintura nas montadoras, visando avaliar as condições de deformação, tempo, temperatura e o envelhecimento desde o tempo de estocagem até a conformação dos aços ultra baixo carbono semi-estabilizado ao Nióbio para obtenção de índices de bake hardening (IBH) satisfatórios, visando o atendimento e a garantia das especificações dos aços BH180 e BH220. Para a execução das análises, utilizou-se o laboratório de controle da qualidade da empresa, onde foram retirados corpos de prova para ensaios de tração e do índice bake hardening seguindo os procedimentos conforme a norma requisitada. O ensaio padrão de bake hardening (BH) consiste em, deformar o corpo de prova até 2%, interromper o ensaio, aquecer o material na estufa por 20 minutos a 170ºC e após resfriamento, dar continuidade ao ensaio. O cálculo do índice de BH foi especificado segundo a norma DIN BS EN 10325. Este trabalho visou a comparação entre dois testes de envelhecimento, um em condição natural e outro artificial. Na condição natural, os corpos de prova foram deixados em temperatura ambiente durante o período de seis meses e, na condição artificial, as variáveis tempo e temperatura foram analisadas. A garantia do tempo de estocagem está sendo discutida entre as montadoras e as usinas. A condição padrão para a simulação do ensaio de aços bake hardening, avaliou a influência de cada variável e verificou que o índice de BH está dentro do especificado em norma, sendo encontrado o valor de 49,0 MPa para o aço BH180 e de 45,0 MPa para o aço BH220. As variáveis mencionadas são importantes para o incremento do índice de BH principalmente a prédeformação que tem influência significante. Os aços estudados não parecem exercer grande influência sobre o envelhecimento após a produção no período de tempo avaliado. Palavras chave: Envelhecimento. Aços bake hardening (BH). Características mecânicas. DIAS, G. C. B. Study of the effect "bake hardening" in BH180 and BH220 steels by hot dip galvanized process. 2011. 97 f. Dissertation (Master in Mechanical Engineering with emphasis on Materials Science) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2011. ABSTRACT This paper studied the variables in the manufacture process in continous hot dipped galvanizing line, simulating the process of drawing and curing of paint in the automakers, to evaluate the conditions of deformation, temperature, time and aging from storage time to drawing of ultra low carbon steel semi-stabilized to achieve a reasonable bake hardening index (BH) in order to find the specifications and warranty BH180 and BH 220 steels. For the application of tests, it was use the quality control laboratory of the company`s, where specimens were removed for tensile tests and bake hardening index (BH) following the standard procedures as required. The bake hardening (BH) pattern test consists of deforming the specimen until 2%, stop the test, after heating the material in an oven for 20 minutes at 170 ° C and after air cooling, continue the trial. The calculation of a reasonable bake hardening index (BH) was specified according to DIN BS EN 10325. This study aimed to compare two aging tests, one in natural and the other one in artificial condition. In natural condition, the specimens were left at room temperature for a period of six months, and in artificial condition, time and temperature variables were analyzed. The warranty of the storage time is being discussed between the automakers and steel plants. The default condition for the simulation of the bake hardening steels test, evaluated the influence of each variable and found out that bake hardening index (BH) is within the specified standard, and with values of 49.0 MPa for BH180 steel and 45.0 MPa for BH220 steel. The variables mentioned are important for increasing the bake hardening index (BH) mainly pre-deformation has a significant influence. The steels studied seem not to have great influence on aging after the production in the time period evaluated. KEYWORDS: Bake hardening steels (BH). Mechanical characteristics. Aging. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Desafios para o mercado automotivo ................................................ 20 FIGURA 2 – Fluxograma geral da linha de galvanização contínua por imersão a quente ..................................................................................................................... 25 FIGURA 3 – Curva tensão versus deformação sob tração para um metal que apresenta o escoamento descontínuo ........................................................................ 29 FIGURA 4 – Ilustração do mecanismo do bake hardening em aços ULC .............. 30 FIGURA 5 – Ilustração esquemática do aumento de limite de escoamento devido ao envelhecimento ........................................................................................ 31 FIGURA 6 – Endurecimento por cozimento e ponto alongamento em função da quantidade de soluto de carbono......................................................................... 34 FIGURA 7 – Efeito da temperatura de recozimento no índice de BH em uma chapa de aço resfriada rapidamente após recozimento à 870ºC ............................... 36 FIGURA 8 – Ciclos térmicos na produção de aços BH em linhas de galvanização por imersão a quente, baseados nas evoluções microestruturais durante o resfriamento ............................................................................................................. 37 FIGURA 9 – O tamanho de grão em função dos teores de carbono e nitrogênio e o efeito BH ....................................................................................................... 38 FIGURA 10 – Influência do tamanho de grão e concentração dos átomos de carbono em relação a difusão dos solutos .............................................................. 39 FIGURA 11 – Efeito da temperatura de bobinamento sobre as propriedades mecânicas de aços recozidos contínuamente .......................................................... 41 FIGURA 12 – Micromecanismo do envelhecimento ............................................... 43 FIGURA 13 – Curva tensão-deformação de um aço baixo carbono recozido e ensaiado até o ponto A, descarregado e reensaiado ............................................. 45 FIGURA 14 – Procedimento esquemático para obtenção do índice de envelhecimento ................................................................................................................ 47 FIGURA 15 – Relação entre o índice de envelhecimento e o alongamento no patamar de escoamento ............................................................................................. 47 FIGURA 16 – Análise da temperatura no corpo de prova na posição horizon- tal dentro da estufa.................................................................................................... 50 FIGURA 17 – Grau de influência das variáveis no IBH no aço BH180 ................. 59 FIGURA 18 – Grau de influência das variáveis no IBH no aço BH220 ................. 59 FIGURA 19 – Gráfico do grau de deformação e tempo de envelhecimento em relação ao índice de BH para o aço BH180 ........................................................ 60 FIGURA 20 – Gráfico do grau de deformação e tempo de envelhecimento em relação ao índice de BH para o aço BH220 ........................................................ 61 FIGURA 21 – Gráfico do tempo de envelhecimento com grau de deformação em relação ao índice de BH para o aço BH180 ................................................. 61 FIGURA 22 – Gráfico do tempo de envelhecimento com grau de deformação em relação ao índice de BH para o aço BH220 ................................................. 62 FIGURA 23 – Análise do índice de BH com o tempo para os aços BH180 e BH220 ....................................................................................................................... 63 FIGURA 24 – Análise do índice de BH com a pré-deformação para os aços BH180 e BH220 ....................................................................................................... 64 FIGURA 25 – Análise do índice de BH com a temperatura para os aços BH 180 e BH220 ............................................................................................................. 64 FIGURA 26 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 Envelhecimento natural ............................................................................................ 67 FIGURA 27 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 Envelhecimento artificial simulando a condição natural ......................................... 67 FIGURA 28 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento natural e artificial ........................ 68 FIGURA 29 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento natural .................................................................................................... 68 FIGURA 30 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento artificial simulando a condição natural .................................................. 69 FIGURA 31 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento natural e artificial ......................................... ..... 69 FIGURA 32 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural ........................................................................................ 70 FIGURA 33 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento artificial simulando a condição natural ..................................... 71 FIGURA 34 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural e artificial ................................ 71 FIGURA 35 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural .................................................................................................... 71 FIGURA 36 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento artificial simulando a condição natural .................................................. 72 FIGURA 37 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural e artificial ......................................... ..... 72 FIGURA 38 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 – Simulação artificial ............................................................................................... 74 FIGURA 39 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 – Simulação artificial ........................................................................................................... 74 FIGURA 40 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento natural e artificial ............................... 75 FIGURA 41 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH180 – Envelhecimento natural e artificial ......................................... .... 75 FIGURA 42 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 – Simulação artificial ............................................................................................... 76 FIGURA 43 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH220 – Simulação artificial ........................................................................................................... 76 FIGURA 44 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural e artificial ................................. 77 FIGURA 45 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH220 – Envelhecimento natural e artificial ......................................... ..... 77 FIGURA 46 – Análise metalográfica do aço BH180 (antes da estocagem).............78 FIGURA 47 – Análise metalográfica do aço BH220 (antes da estocagem)..............78 FIGURA 48 – Análise metalográfica do aço BH180 (após estocagem)....................79 FIGURA 49 – Análise metalográfica do aço BH220 (após estocagem)....................79 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Composição química dos aços BH180 e BH220 ............................... 48 TABELA 2 – Propriedades mecânicas especificadas .............................................. 48 TABELA 3 – Valores calculados de tempo para simulação do envelhecimento .... 54 TABELA 4 – Carbono em Solução sólida .............................................................. 56 TABELA 5 – Propriedades mecânicas dos materiais conforme produzidos .......... 57 TABELA 6 – Valores médios de BH do ensaio de dois CP´s em função da temperatura, tempo e deformação (BH180) ..................................... 57 TABELA 7 – Valores médios de BH do ensaio de dois CP´s em função da temperatura, tempo e deformação (BH220) ..................................... 58 TABELA 8 – Comparação do valor médio do IBH para cada condição analisada no tipo de aço.................................................................................................... 65 TABELA 9 – A relação entre o envelhecimento natural e artificial ........................ 73 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Teste de envelhecimento natural ...................................................... 51 QUADRO 2 – Teste de envelhecimento artificial.................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS Al - Alumínio BH - Bake Hardening C - Carbono ºC - Grau Celsius (unidade de temperatura) CP - Corpo de Prova Cs - Carbono em solução CSN - Companhia Siderúrgica Nacional GDZ - Gerência de Desenvolvimento de Zincados H - Hora IBH - Índice Bake Hardening IE - Índice de Envelhecimento K - Graus Kelvin (unidade de temperatura) Min - Minuto Mn - Manganês MPa - Mega Pascal N - Nitrogênio Nb - Nióbio P - Fósforo Ppm - Partes por milhão S - Enxofre Si - Silício TG - Tamanho de grão Ti - Titânio WH - Work Hardening Zn - Zinco SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 20 1.1 Considerações sobre o trabalho .......................................................................... 20 1.2 Justificativa ......................................................................................................... 22 1.3 Objetivos ............................................................................................................. 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 23 2.1 Aços bake hardening .......................................................................................... 27 2.2 Mecanismo de endurecimento ............................................................................ 28 2.3 Mecanismo do efeito bake hardening ................................................................. 29 2.4 Fatores que afetam o BH .................................................................................... 32 2.4.1 Efeito dos solutos de carbono e nitrogênio .................................................. 32 2.4.2 Efeito do manganês........................................................................................ 34 2.4.3 Efeito do fósforo ............................................................................................. 35 2.4.4 Efeito do silício ............................................................................................... 35 2.4.5 Efeito do titânio e nióbio ............................................................................... 35 2.4.6 Efeito do tamanho de grão ............................................................................ 37 2.4.7 Efeito da temperatura de bobinamento....................................................... 40 2.4.8 Efeito do processo de recozimento ............................................................... 41 2.4.9 Laminação de encruamento.......................................................................... 42 2.5 Envelhecimento .................................................................................................. 44 2.6 Índice de envelhecimento ................................................................................... 46 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 48 3.1 Cálculo do índice de BH..................................................................................... 49 3.2 Efeito da pré-deformação ................................................................................... 49 3.3 Efeito do tempo e da temperatura ....................................................................... 50 3.4 Estudo do envelhecimento .................................................................................. 51 3.5 Caracterização microestrural .............................................................................. 54 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 56 4.1 Efeito da pré-deformação ................................................................................... 60 4.2 Efeito do tempo de cura no forno ....................................................................... 61 4.3 Efeito da temperatura de cura no forno .............................................................. 62 4.4 Estudo do envelhecimento nos aços revestidos BH180 e BH220 ...................... 66 4.4.1Envelhecimento natural ................................................................................. 66 4.4.2Envelhecimento artificial ............................................................................... 73 4.5 Caracterização microestrutural ........................................................................... 77 5 CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS ................................................................ 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................82 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................................86 ANEXOS...................................................................................................................88 20 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações sobre o trabalho O desenvolvimento de materiais exige desafios, num mercado voltado para a indústria automobilística onde a principal exigência está descrita conforme a Figura 1, que relaciona o desempenho e qualidade do material, produção com baixo custo, tempo hábil de entrega, sustentabilidade, proteção ao meio ambiente e a segurança. Figura 1 - Desafios para o mercado automotivo (adaptado de GORNI, 2011). Atualmente, a indústria automobilística deve cumprir duras regulamentações de proteção ao meio ambiente, como a redução de emissões devido à queima de combustíveis derivados do petróleo e a segurança dos passageiros. Para mercados ainda em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, as montadoras mantém um programa de utilização de materiais que permitem a redução de peso da carroceria de seus automóveis. Na maioria das vezes, a metodologia empregada é a substituição de 21 materiais mais espessos pelos de menor espessura e maior resistência mecânica. Dentre os materiais que melhor apresentam uma solução de compromisso entre nível de resistência e conformação estão os aços bake harnening (BH), utilizados em painéis expostos da carroceria do carro. Diante da crescente preocupação com a qualidade das chapas metálicas para a confecção de produtos estampados e o mercado cada vez mais competitivo, é de suma importância a caracterização mecânica e controle de chapas metálicas para estampagem, assegurando produtos de excelente qualidade, baixo custo de produção e redução de refugo. Uma forma de proteção do meio ambiente pode ser feita através da redução de emissão desses gases na atmosfera por parte dos automóveis. Isto pode ser conseguido pela diminuição do consumo de combustíveis através da redução de peso dos carros. Como boa parte dos automóveis é constituído de aços estruturais, o aço tem grande contribuição na redução do peso e conseqüentemente na redução da emissão de gases. Porém, ao se tentar aumentar a resistência mecânica desses aços estruturais, torna-se difícil a sua conformação. No mercado atual há uma maior exigência dos consumidores da indústria automobilística por veículos com projetos sofisticados e formas complexas, exigindo uma boa conformação das chapas destinadas a fabricação de carrocerias. Para atender estas exigências, e às expectativas de seus clientes, a indústria automobilística desenvolveu aços com boa conformabilidade e com alta resistência mecânica. Assim, tornou-se possível oferecer um produto com menor peso e sem perda no desempenho, proporcionando uma melhor forma e garantindo a segurança do passageiro. De acordo com as exigências, na década de 1980, surgiu um tipo de aço na forma de chapas que revolucionou a construção de carrocerias. Buscando contornar estas dificuldades de conformação, mas atendendo os requisitos necessários de resistência mecânica para redução de peso, foram desenvolvidos os aços laminados a frio de alta resistência mecânica endurecíveis por envelhecimento. Estes são os aços endurecíveis na cura de pintura, após conformação, conhecidos internacionalmente como aços Bake Hardening (CARVALHIDO, 2007; LORA, 2009). 22 1.2 Justificativas O cliente busca avaliar as variações permissíveis no processo da cura da pintura sem comprometer resultados de qualidade com ganhos de produtividade. A garantia de pouco ou nenhum envelhecimento antes da conformação é fundamental para os processos de qualidade e logístico. Devido ao efeito do processo de envelhecimento em aços bake hardening ser de difícil controle e pouco previsível, para esta experiência decidiu-se então elaborar um tratamento térmico adequado que fosse capaz de prever o comportamento das propriedades mecânicas dos materiais com o passar do tempo, fazendo as análises abaixo: • correlacionar o envelhecimento natural com o artificial; • estimar a garantia do material em função do envelhecimento; • comparar os tipos de aço e seus efeitos no envelhecimento; • estudar a influência da temperatura e do tempo no envelhecimento; e • definir uma equação cinética correlacionando o tempo e a temperatura para os aços BH estudados. 1.3 Objetivos O objetivo principal deste trabalho é estudar a influência de alguns fatores sobre o índice de BH (efeito Bake Hardening) como a deformação, tempo e temperatura de cura da pintura, para os aços galvanizados BH180 e BH220. O estudo consistiu em simular a cura da pintura para avaliar o tempo em quatro níveis 10min, 20min, 30min e 40min; variando as temperaturas em 150ºC, 170ºC e 190ºC e as deformações em 0%, 1%, 2%, 4% e 8%. Buscou-se avaliar o envelhecimento destes aços que ocorre no intervalo de tempo entre o bobinamento e a estampagem fazendo uma simulação real e laboratorial. 23 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O processo da linha de galvanização contínua confere à chapa de aço uma camada de revestimento de zinco. Isto garante proteção contra corrosão, excelente qualidade superficial e ótima estampabilidade, o que faz deste material um produto indicado para as mais diversas aplicações em todos os setores do mercado. O fluxo da linha de galvanização contínua é mostrado na Figura 2, que começa com a seção de entrada que tem o objetivo de realizar o abastecimento contínuo da linha de galvanização, onde ocorre a preparação das bobinas laminadas a frio “encruadas”. Esta etapa consiste no desbobinamento, processo em que a bobina encruada vinda da laminação a frio é desenrolada alternadamente por duas desbobinadeiras. Em seguida, uma tesoura realiza cortes na tira, início e fim, visando retirar as pontas, as quais, posteriormente, passam por uma máquina de solda por resistência elétrica, que permite uma melhor automação. A seção de limpeza faz remoção dos resíduos oleosos do processo de laminação. É condição básica que a superfície esteja completamente limpa para o processo de galvanização. Primeiramente, há uma limpeza alcalina e posteriormente eletrolítica; além disso, duas máquinas escovadoras e um secador completam a retirada dos resíduos. O acumulador de entrada tem como objetivo manter a alimentação contínua do forno de recozimento, fazendo com que não ocorra interrupção no momento em que a seção de entrada cessar o envio da tira, durante a preparação de soldagem da mesma. O aço segue para o forno de recozimento que proporciona um tratamento térmico para obtenção de uma estrutura adequada e uniforme, visando a obtenção das propriedades mecânicas desejadas. O forno de recozimento é dividido em cinco seções, as quais operam com vários ciclos térmicos, de acordo com o tipo de aço. Estas seções são: pré-aquecimento, aquecimento, austenitização, resfriamento rápido e equalização. A primeira seção é aquecida pela própria atmosfera do forno, utilizando gases de exaustão, provenientes dos tubos radiantes da seção de aquecimento. Para garantir a não oxidação da superfície da tira durante o processo, é produzida, no 24 interior do forno, uma atmosfera protetora. Em seguida o aço passa através de um outro forno mantido na mesma temperatura do forno de aquecimento. O resfriamento rápido é feito por meio de quatro zonas de jato de ar direcionados sobre a chapa, alcançando a equalização, que visa uniformizar o material para o banho de zinco, operando por meio de resistência elétrica. A chapa de aço, ao sair da seção de equalização, é rapidamente mergulhada na cuba de zinco, o que permite um revestimento por uma camada de zinco nas duas superfícies da tira. A cuba de zinco tem a finalidade de controlar a composição química e a temperatura do zinco líquido, operando por meio de resistência elétrica. Após emergir da cuba de zinco, a tira passa por um equipamento que tem sopradores de nitrogênio (navalha de gás) com controle da pressão, a relação da distância e a velocidade da tira, a função é controlar o revestimento, assegurando uniformidade, com controle de espessura em ambas as faces da chapa. Posteriormente a chapa passa por vários processos de resfriamento ao ar forçado e a água antes de chegar ao laminador de encruamento. O laminador de encruamento de uma cadeira (Skin Pass) tem a finalidade de efetuar o ajuste das propriedades mecânicas da chapa, conferindo características apropriadas como planicidade e rugosidade para seu emprego. É utilizado principalmente para eliminar o patamar de escoamento, evitando o aparecimento de linhas de distensão e quebras na superfície após um leve dobramento ou encurvamento da chapa recozida. Para isso, usa-se aplicar um leve grau de redução a frio, que varia de 0,5 a 2% no máximo, o que corresponde a um ligeiro encruamento superficial. Na seção de saída há um acumulador de tiras, fazendo com que o processo não seja interrompido no momento em que a seção de saída interrompa o recebimento da tira para inspeção visual, oleamento nas duas superfícies do material e bobinamento. 25 Figura 2 - Fluxograma geral de uma linha de galvanização contínua por imersão a quente (OLIVEIRA, 2003). O fluxograma na indústria automobilística consiste, desde o projeto até o produto final, cujas etapas são: design, conformação, montagem da carroceria, pintura e montagem final. A etapa de design é o primeiro passo no desenvolvimento de um carro. A partir das informações coletadas da montadora, as equipes de Design, Manufatura e Produção se reúnem para estudar as estratégias de desenvolvimento do veículo, como tipo de uso e preço, resultando nos primeiros esboços. A etapa de conformação é o processo no qual uma chapa adquire o formato desejado. A conformação por prensagem é largamente utilizada na indústria automobilística onde se necessita alta produção, baixo índice de sucateamento e rigor de dimensões. A conformação por prensagem de chapas finas implica na utilização de uma matriz, de um anti-ruga para prender a chapa e um punção que força a chapa penetrar na matriz para dar-lhe a forma adequada da peça final. As deformações e tensões que ocorrem durante o processo são igualmente complexas e de difícil avaliação. O conceito de conformabilidade é baseado, em primeiro lugar, na ruptura. Isto quer dizer que um material com boas características de conformabilidade não deve romper durante a deformação. Em segundo lugar vem o conceito de rigidez de forma (ocorrência de efeito mola – “spring back” – rigidez do produto acabado – Oil canning, drumming e looseness ) e também a ocorrência de rugas. 26 Portanto, a avaliação da conformação na prensa deve ser realizada levando em conta não só as propriedades mecânicas, forma, rugosidade, etc. do material, mas também as condições operacionais e de ferramental em escala industrial. O fator mais importante que determina o limite de conformabilidade é a ocorrência de ruptura ou rugas. No entanto ainda existem outros tipos de defeitos que provocam o retrabalho ou sucateamento da peça conformada. Estes defeitos podem ser classificados em dois grupos: o primeiro ocorre nos instantes iniciais da operação e podem ser colocados sob o nome genérico de “ajustamento” da chapa no ferramental, constituindo principalmente nos seguintes defeitos: superfície quebrada, linhas de distensão, estufamento localizado, ondulações e rugas e defeitos superficiais variados (arranhões, marcas, etc.). O segundo grupo ocorre nos estágios finais da conformação e depois da peça pronta. Dizem respeito à rigidez de forma e são principalmente: empeno, efeito de mola e baixa resistência mecânica da peça conformada. A etapa da montagem da carroceria inicia-se na soldagem que as peças moldadas nas etapas anteriores começam a ser unidas, como um quebra-cabeça, dando forma ao carro. Depois que a carroceria fica pronta, o assoalho e as laterais são incorporados ao conjunto complementando a estrutura do veículo. A etapa da pintura industrial tem como finalidade principal, a proteção anticorrosiva, e outras finalidades complementares, tais como: finalidade estética; sinalização; principalmente em segurança industrial; impermeabilização; diminuição da rugosidade das superfícies; absorção de calor; entre outros. Alguns aspectos fundamentais devem ser levados em consideração para obtenção de uma boa pintura como: • Preparação da superfície: Assim, que sai da área de solda, a carroceria recebe um tratamento que prepara a superfície das chapas para a pintura final. O requisito básico para que um revestimento seja aplicado com sucesso é a correta preparação da superfície. Deve-se remover a carepa de laminação, os respingos de solda, as ferrugens, as graxas, as sujeiras, os óleos e outros contaminantes. • Estudo do produto: Tintas são composições químicas líquidas, pastosas ou em pó capazes de formar película quando aplicadas e após a secagem e/ou cura. 27 • Aplicação: A seleção adequada do método de aplicação e o cuidado com alguns requisitos básicos como: método de aplicação, técnicas de pintura durante o período de aplicação, têm influência tão grande no desempenho do esquema de pintura quanto às tintas utilizadas. Na etapa da linha de montagem, a primeira peça a juntar-se à carroceria é a suspensão. Depois são inseridas as rodas, pneus, painel, faróis, freio de mão, carpetes, bancos traseiros, bancos dianteiro, vidros, pára-choques e as portas laterais. Antes de chegar nas lojas, o carro é testado em uma pista de teste para verificação de possíveis falhas. 2.1 Aços bake hardening A ciência básica dos aços bake hardening segundo Bhadeshia (2008) é bem entendida em termos de interações entre os solutos interticiais e as discordâncias. Portanto, o processo do qual a variedade de ligas envolvidas por outras variáveis e suas interações são influenciadas no controle das propriedades. Os aços bake hardening consistem principalmente de ferrita contendo um mínimo de carbono (menor que 25 ppm) em solução sólida. Eles são usados no processo automotivo principalmente na conformação de painéis externos e posteriormente são pintados na faixa de temperatura de 150ºC a 200ºC, o carbono é dissolvido e difunde para alguns pontos livres na migração das discordâncias na operação de conformação. Segundo OLIVEIRA et al. (2008) estes aços apresentam uma confor-mabilidade muito boa antes do tratamento térmico e podem suportar estampagens moderadas e profundas e, após tratamento térmico, podem alcançar níveis de resistência mais altos. Sendo assim, possuem baixas propriedades mecânicas, na condição de recém produzidos, adequadas aos processos de estampagem e conformação, que após a pintura, exibem aumento considerável dessas propriedades, tornando a peça de espessura fina adequada ao uso e melhor resistência a endentação. 28 Os princípios metalúrgicos do bake hardening são simples de entender, a expressão quantitativa depende que sejam detalhados os parâmetros da composição química, deformação e tratamento térmico (DEHGHANI; NEKAHI, 2009). 2.2 Mecanismo de endurecimento O aumento no limite de escoamento de um aço baixo carbono pode ser proporcionado por dois mecanismos: o encruamento e o efeito do envelhecimento. O primeiro resulta do fato de a carroceria ter que ser estampada, envolvendo deformação plástica moderada e o consequente aumento do limite de escoamento. O segundo resulta de um tratamento térmico de baixa temperatura que produz a movimentação de átomos intersticiais para discordâncias. No presente trabalho visa-se otimizar as condições para a soma do encruamento (devido à estampagem) e o BH (devido à cura da pintura). A principal vantagem do aço BH é o baixo limite de escoamento e a elevada conformabilidade antes do processo de estampagem. Sendo que após o processo de conformação e pintura, a resistência mecânica ao escoamento terá um incremento entre 30 a 90MPa por cozimento (KVACKAJ et al, 2006). O fenômeno de endurecimento por deformação plástica pode ser representado numa curva tensão-deformação, onde se observa o aumento da tensão com a deformação, conforme Figura 3. A inclinação da curva define a taxa de encruamento, dσ dε , isto é, estabelece o aumento de tensão para uma dada variação da deformação. 29 T e n s ã o Deformação Figura 3 - Curva tensão x deformação sob tração para um metal que apresenta escoamento descontínuo (OLIVEIRA et al, 2003). O termo “envelhecimento” geralmente permanece dependente do tempo, freqüentemente indesejável, alterando as características e as propriedades dos materiais. Compreendendo aos aços baixo carbono, o envelhecimento resulta no aumento da tensão de escoamento, tensão de resistência e a dureza, correspondendo o decréscimo na ductilidade e o aparecimento de descontinuidade no escoamento. O processo depende do tempo, da temperatura, da segregação, aglomeração e precipitação de átomos interticiais supersaturados de carbono e nitrogênio . 2.3 Mecanismo do efeito bake hardening O mecanismo do efeito da cura por cozimento (BH) em aços ultra baixo carbono e o envelhecimento após deformação é mostrado na Figura 4. 30 Figura 4 - Ilustração do mecanismo do bake hardening em aços ULC (adaptado de RITESH, 2006). Durante este tratamento de cura na pintura, os átomos do soluto interticiais, tais como carbono e nitrogênio, da solução sólida na ferrita, difundem-se em direção às discordâncias produzidas durante a estampagem. A força matriz (energia de deformação) e a redistribuição dos solutos reduzem a energia livre do reticulado cristalino. Isso é conseqüência da difusão do soluto para discordâncias e a aglomeração formando a atmosfera de Cotrell. O aço BH “suposto” é controlado pelo mesmo mecanismo responsável pelo envelhecimento (TIMOKNINA,2008; RITESH,2006; ZHANG et al, 2008). A primeira e a segunda etapas de envelhecimento após deformação observadas para o aço Bake Hardening estudado se devem, respectivamente, ao ancoramento das discordâncias pelos átomos de carbono que formam as atmosferas de discordâncias ao redor das mesmas e à precipitação de carbonetos coerentes nas discordâncias, conforme esquema apresentado na Figura 5. Vale ressaltar que o aspecto mostrado na Figura 5 é resultante de dois processos que não interagem e podem se desenvolver independentemente. Entretanto, essa superposição irá ocorrer apenas em alguns casos especiais. Na maioria dos casos práticos, os processos irão interagir e ser dependentes um do outro levando a uma situação mais complexa (ELSEN; HOUGARDY, 1993). 31 Primeira etapa : Segunda etapa: Efeito Cottrell Efeito Cottrell e precipitação de carbonetos Ancoramento das discordâncias por efeito Cottrell Precipitação de carbonetos Logarítimo do tempo de envelhecimento Figura 5 - Ilustração esquemática do aumento de limite de escoamento devido ao envelhecimento (adaptado de ELSEN; HOUGARDY, 1993). A cinética de envelhecimento de um aço ultra baixo carbono, produzido em escala industrial, foi estudada e observado dois estágios distintos de envelhecimento. No primeiro estágio foi obtido um aumento máximo do valor BH de 30 MPa após tratamento a 100ºC por 20 min, o qual foi independente da pré-deformação. O segundo estágio ocorreu em temperaturas acima de 170ºC, com um patamar de saturação de 40 MPa observado após 100 min de envelhecimento a 200ºC, o qual foi observado apenas no material levemente deformado com 1% de pré-deformação. O primeiro estágio é o resultado do ancoramento das discordâncias pelos átomos de carbono em solução sólida, enquanto o segundo estágio resulta da segregação continuada de átomos de soluto para as atmosferas já saturadas, levando à formação de precipitados de finos carbonetos, os quais oferecem uma resistência adicional ao movimento das discordâncias ao longo da rede, aumentando, dessa maneira, o valor BH. O fato da pré-deformação não ter influenciado o primeiro estágio de envelhecimento do aço investigado se deve à presença de quantidade suficiente de carbono em solução sólida para saturar os campos de tensões das discordâncias (um átomo/plano atômico). Conforme verificado, o material com 5% de pré-deformação, 32 seriam necessários de 0,25 a 1,2 ppm de carbono em solução sólida para saturar as atmoferas, ao passo que eles tinham em torno de 8 ppm (resultado determinado por atrito interno). Com relação ao segundo estágio, os autores explicaram a redução do valor IBH com a pré-deformação em função da formação de carbonetos nas discordâncias. Com o aumento da densidade de discordâncias o número de átomos de carbono para saturar as migrações das discordâncias também aumenta, resultando em menor quantidade de carbono em solução sólida para a formação dos precipitados. Dessa forma, corpos de prova com 1% de pré-deformação mostram um pronunciado segundo estágio de envelhecimento a 200ºC, enquanto o segundo estágio não é observado para os corpos de prova com 5% de pré-deformação e envelhecidos na mesma temperatura (BAKER; PARKER; DANIEL, 2002). A última etapa do processo de endurecimento por cozimento é a precipitação de carbonetos ε. As partículas de carbonetos são nucleadas pela segregação de átomos dos solutos para as regiões centrais das discordâncias, o que provoca um aumento no limite de escoamento e por último da resistência à tração. Assim, com a segregação de soluto continuou o deslocamento nos núcleos e, no local, ocorreu o aumento da concentração do soluto continua levando à formação de regiões ricas em solutos e precipitados, que podem eventualmente saturar os locais para o movimento das discordâncias (RITESTH, 2006). A eliminação do campo de tensão residual resulta na aceleração do envelhecimento ao ambiente. Os aços laminados a frio são resistentes ao envelhecimento natural, mas com a aplicação da tensão da pré-deformação é acelerado o processo de envelhecimento na temperatura ambiente (JEONG, 1998). 2.4 Fatores que afetam o índice de BH 2.4.1 Efeito dos solutos de carbono e nitrogênio Adições de Ti e/ou Nb removem carbono pela formação de precipitados contendo esse elemento antes das etapas de laminação a frio e recozimento (OLIVEIRA, 2009). 33 A explicação geral para essa maior dificuldade no movimento das discordâncias na presença de átomos em solução sólida está no fato de que o sistema formado pelo átomo localizado junto à discordância possui menor energia livre e, portanto, é mais estável, do que discordância e átomos em solução sólida separados. A importância da produção desses aços está no efeito benéfico que o baixo percentual dos elementos C e N trazem para a conformação do produto final, cuja estabilização de C e N antes das etapas de laminação a frio e recozimento é essencial para obtenção da textura {111} necessária à boa estampabilidade do produto. O nitrogênio é considerado efetivamente removido de solução sólida na ferrita pela formação de nitreto de alumínio (AlN) ou nitreto de titânio (TiN), ao passo que para a estabilização ou remoção do carbono residual em solução sólida intersticial, são necessárias adições de titânio (Ti) e nióbio (Nb). No mercado atual, os aços são produzidos acalmados ao alumínio, nos quais todos os átomos de nitrogênio são combinados formando nitretos de alumínio. Contudo, o efeito BH em aços baixo ou ultra baixo carbono é exclusivamente causado pelo carbono dissolvido. Para aumentar a resistência associada ao endurecimento por cozimento se faz necessário ter o máximo de carbono livre possível. Para determinar a quantidade de carbono livre nestes aços, se faz necessário avaliar o intervalo de temperatura e a resistência ao envelhecimento. Devido a isso, toda a tecnologia de produção de aços Bake-Hardening consiste, principalmente, no processamento do aço, na sua composição química e no controle da quantidade de carbono e/ ou nitrogênio em solução sólida, para o estabelecimento do equilíbrio ideal entre a capacidade de endurecimento a altas temperaturas e a ocorrência de envelhecimento à temperatura ambiente, antes da conformação da peça, que leva ao aparecimento de indesejáveis linhas de distensão. Segundo RITESH (2006), o efeito do carbono livre no endurecimento por cozimento é mostrado na Figura 6, podemos evitar o envelhecimento antes da conformação na temperatura ambiente dos aços BH, trabalhando com a concentração de carbono dissolvido em solução sólida entre 10 a 25 ppm, sendo importante o controle da composição química e do processamento, podendo ser obtido o aumento de 40 a 50 MPa, após a cura de pintura. 34 O tempo e a temperatura de estocagem são importantes para avaliação da resistência ao envelhecimento dos aços BH até a conformação. A resistência ao envelhecimento na temperatura entre 30ºC a 40ºC por 90 dias é comumente usada como garantia do limite superior do intervalo da temperatura de envelhecimento Figura 6 – Índice de BH em função da quantidade em excesso de soluto de carbono (adaptado de RITISH, 2006). 2.4.2 Efeito do manganês O manganês tem afinidade e forma um dipolo com o carbono. Entretanto, não tem uma explicação clara se este dipolo diminui o índice de BH. Dissolvendo-se o manganês na austenita acelera a precipitação de carbonetos, que reduz a atividade do carbono na mesma e, desta forma, diminui o teor de carbono em solução sólida na ferrita, resultando em baixo índice de BH. A formação de regiões ricas de MnC também pode reduzir a quantidade de carbono disponível para movimento das discordâncias, reduzindo a resistência à deformação plástica. Outro efeito concorrente do manganês é o refino de grão que, embora acarrete um aumento na resistência mecânica, é suplantado pela diminuição do índice BH (KIM, 2003). 35 2.4.3 Efeito do fósforo O fósforo aumenta o efeito do endurecimento por cozimento (BH). O fósforo segrega nos contornos de grão, o que favoreceu em diversos pontos para precipitação do carbono. Menos segregação de carbono nos contornos de grãos resulta crescimento de solução de carbono intra-granular e aumento do BH. O possível fator contribuinte é que, pela adição de P, algum Ti pode ser removido através da formação do FeTiP, que é mais estável que Ti4C2S2 e TiC. O fósforo também contribui para aumentar o efeito BH por refinamento de grão, retardando a cinética de precipitação do carbono desses aços. O principal efeito da adição de fósforo em aço acalmado ao alumínio é aumentar sua resistência mecânica através de endurecimento por solução sólida na ferrita, sendo este elemento, além de ser muito eficiente no efeito citado, um dos mais viáveis economicamente quando comparado a outros, acarretando um índice de BH maior. Embora o fósforo seja o elemento mais efetivo aumentando a resistência dos aços, não deve ser utilizado em quantidades acima de 0,1%, pois causa deformações com problemas de fragilização e soldagem (KIM, 2003). 2.4.4 Efeito do silício É elemento estabilizador da ferrita e assim reduz a formação de carbonetos, auxiliando na decomposição da cementita em ferrita. Eleva os limites de escoamento e de resistência dos aços e pode ser prejudicial ao alongamento. O teor de silício não deve ser superiores a 0,5% nos aços bake hardening para evitar a qualidade de superfície indesejável devido à formação SiO2 (KIM, 2003). 2.4.5 Efeito do titânio e nióbio Foi estudada a influência do tratamento de recozimento no índice de BH, sendo utilizadas várias amostras primeiramente recozidas a 870ºC e resfriadas rapidamente. Os resultados encontrados são mostrados na Figura 7 (SAKATA; SATOH, 2001). 36 Observa-se uma considerável queda no valor de BH entre as temperaturas de austenitização entre 700 a 800ºC devido à precipitação de NbC ou TiC. Uma leve diminuição no valor de BH foi também visto quando a amostra estava a 300ºC, isto é atribuído à precipitação de Fe3C. Por outro lado, o recozimento entre 400 e 600 ºC não conduz a uma mudança significativa no valor do BH. Figura 7 - Efeito da temperatura de recozimento no índice de BH numa chapa de aço resfriada rapidamente após recozimento a 870ºC. (adaptado de SAKATA; SATOH, 2001). Conforme apresentado na Figura 8, as linhas de galvanização quando são operadas normalmente, sendo o recozimento na faixa de temperatura de 400 a 600ºC, não ocorre mudança metalúrgica significante que afetam o índice de BH. Já abaixo da temperatura de 400ºC, ocorre a precipitação de carbonetos e na faixa de 600ºC a 800ºC é atribuído a precipitação de NbC ou TiC. Já na temperatura acima de 800ºC ocorre a dissolução dos precipitados NbC ou TiC, formando carbonetos em solução. O importante é visar o ciclo térmico que se deseja obter, avaliando a composição química do material para evitar a diminuição do índice de BH. 37 Temperatura Tempo Figura 8 - Ciclos térmicos na produção de aços BH em linhas de galvanização por imersão a quente, baseados nas evoluções microestruturais durante resfriamento (OLIVEIRA, 2009). 2.4.6 Efeito do tamanho de grão O processamento estável dos aços endurecíveis por cozimento (BH) requer controle do tamanho de grão e os contornos de grãos disponíveis em baixa energia para os elementos intersticiais. O efeito do tamanho de grão ferrítico no índice BH é reportado na literatura, sendo observado um acréscimo do índice BH com o decréscimo do tamanho de grão. A variação do tamanho de grão influencia a distribuição do carbono entre o interior do grão e o seu contorno, mudando o número de segregação nos contornos de grão (KIM, 2003). Com o aumento do tamanho de grão, a área do contorno de grão diminui comparado com a estrutura de granulação fina. Em outro caso de tamanho de grão fino, os elementos interticiais nos contornos de grãos podem difundir mais rápido para discordâncias do que no núcleo do grão, devido a curtas distâncias. 38 O índice de BH depende do tamanho de grão e da concentração de carbono e nitrogênio. A Figura 9 mostra o efeito do tamanho de grão e dos solutos de carbono e nitrogênio no efeito BH. Figura 9 – O tamanho de grão em função dos teores de carbono e nitrogênio e o índice de BH (adaptado de VASILYEV et al, 2008). Quando a concentração de carbono dissolvido torna-se muito elevada, o aumento no índice de BH alcança pontos de saturação. A razão porque o BH depende do tamanho de grão não é clara, mas influencia no carbono dissolvido em diferentes pontos de segregação. Diferentes efeitos de carbono dissolvidos foram reportados no BH dependendo da sua localização nos contornos e interior dos grãos. O efeito do grão ferrítico refinado no aumento do índice BH está associado com o soluto de carbono alojado. Verifica-se que, durante o resfriamento, há difusão dos átomos de carbono nos contornos de grãos. Solutos de carbono posicionado nos contornos de grãos, então chamados átomos de carbono “escondidos”, não podem ser detectados por medidas de atrito interno, mas pode ser suposto que o carbono faz a contribuição para o efeito BH (VASILYEV et al, 2008; SOENEN et al, 2004). O menor tamanho de grãos deverá ter mais difusão de solutos de carbono nos contornos de grãos devido ao menor caminho para a difusão. As características da influência do tamanho de grão ferrítico podem ser descritas no esquema da Figura 10. O controle do tamanho de grão ferrítico é a distância da 39 difusão entre soluto de carbono intragranular e a área dos contornos de grãos com aumento da densidade no movimento das discordâncias. Nos casos de baixa concentração de carbono, a contribuição do tamanho de grão é pequena para o efeito de endurecimento devido a distância para difusão dos átomos de carbono (flecha 1) ser praticamente igual para grande e pequeno grão nos ítens A1 e A2, na Figura 10 . Nos ítens A3 e A4 que possui elevada concentração de carbono, a flecha 2 comparado com a flecha 1 nos ítens A1 e A2, o efeito de endurecimento é significativo. Já para a flecha 3 no ítem A3, a distância é longe não tem contribuição significante para o endurecimento. Durante a deformação, os contornos de grãos são os principais obstáculos para o movimento das discordâncias e com pequeno tamanho de grãos, o soluto de carbono intra-granular é mais disponível para travar essas discordâncias, então produzindo elevado efeito BH (STOROJEVA et al, 2000). Figura 10 – Influência do tamanho de grão (d) na difusão da concentração de átomos de carbono (c) (adaptado de STOROJEVA et al, 2000). 40 2.4.7 Efeito da temperatura de bobinamento A temperatura de bobinamento influencia de forma significativa nas propriedades dos aços destinados às operações de conformação, especialmente aos que são submetidos ao processo de recozimento contínuo, uma vez que reflete no limite de escoamento e na anisotropia do material. As temperaturas de bobinamento baixas proporcionam um refino de grão e precipitados mais finos, o que aumenta a resistência mecânica. Isto favorece o índice de BH, mas prejudica a anisotropia plástica, que é uma das características importantes para aplicação do aço, devido à diminuição na formação da componente de textura {111}, o que provoca uma redução no valor de resistência. Já temperaturas de bobinamento altas proporcionam uma baixa resistência mecânica e um coeficiente de anisotropia relativamente alto, favorecendo o processo de estampagem. Credita-se isto ao efeito da temperatura de bobinamento sobre a recristalização. Há uma melhoria considerável nas características de estampabilidade destes materiais quando se emprega temperatura de bobinamento superiores a 700ºC, como é mostrado na Figura 11. Nessa temperatura, obtêm-se na bobina a quente condições cinéticas e termodinamicamente favoráveis à precipitação de carbonetos, nitretos, etc. Ainda, estes precipitados apresentam-se grosseiros, devido ao coalescência que ocorre quando se utilizam temperaturas de bobinamento maiores. 41 Figura 11 – Efeito da temperatura de bobinamento sobre as propriedades mecânicas de aços recozidos continuamente (OLIVEIRA, 2003). 2.4.8 Efeito do processo de recozimento O processo de recozimento contínuo proporciona propriedades mecânicas mais uniformes e superfícies mais limpas, além de deixar uma pequena quantidade de átomos de carbono e nitrogênio em solução sólida no material. Tal fato se deve aos ciclos experimentados durante o processo. Durante o recozimento contínuo, a tira é aquecida muito rapidamente até a temperatura de austenitização, na qual permanece por um curto espaço de tempo, próximo a um minuto. A taxa de resfriamento é alta o suficiente (cerca de 10ºC/s) para evitar a formação de precipitados muito grosseiros, fazendo com que o ciclo total dure apenas alguns minutos. Isto implica num material recozido de tamanho de grão bem pequeno (TG ≤ 10 μm), de textura cristalográfica aleatória e com elevada quantidade de átomos de carbono em solução sólida. Como não existe risco de colagem das tiras e como a taxa de resfriamento é alta o suficiente para evitar a formação de precipitados 42 muito grosseiros, a máxima temperatura de recozimento pode ser elevada, acima da temperatura Ac, entrando na região intercrítica onde aparecem simultaneamente as fases ferrítica e austenítica. Uma maior temperatura de recozimento (850ºC) promove diminuição do limite de escoamento, aumento do alongamento e melhor dissolução de precipitados. Devido ao fenômeno de crescimento de grãos ferríticos não transformados a esta temperatura, ocorre à intensificação da textura {111}, aumentando o coeficiente de anisotropia e trazendo benefícios para características de conformabilidade dos materiais analisados (OLIVEIRA, 2003). A utilização de altas taxas de resfriamento, logo após austenitização foi uma das modificações introduzidas nos ciclos de recozimento contínuo convencional para permitir o controle do nível de carbono em solução sólida no produto final. Com elevadas taxas de resfriamento a precipitação de carbonetos durante o resfriamento é minimizada, criando-se uma condição de supersaturação de carbono. A condição de resfriamento, rápida ou forçada (acima de 30ºC/s) e, consequentemente, a quantidade de carbono em solução, são de grande importância para a obtenção de índices de BH satisfatórios, para aços IF (Interstitial Free) e para determinação do efeito da taxa de envelhecimento presente em aços baixo carbono. 2.4.9 Laminação de encruamento A quantidade e o tipo de deformação no aço também têm o efeito no comportamento do BH. As deformações são de duas formas: na laminação de encruamento e na conformação. Essas deformações produzem discordâncias nas estruturas e afetam diferentemente o comportamento do efeito BH. A laminação de encruamento apresenta quatro finalidades básicas: - eliminação do escoamento descontínuo após recozimento; - transferência de rugosidade dos cilindros de encruamento para a superfície da chapa; - ajuste ou adequação das propriedades mecânicas; - correção de forma e defeitos, caso haja necessidade (CARVALHIDO, 2007). 43 Se o limite de escoamento descontínuo não for eliminado, o material apresentará o defeito conhecido como linhas de escoamento (“Lüders bands” ou “Stretcher strains”), quando for estampado após o recozimento. No ensaio de tração esse fenômeno ocorre na transição do regime elástico para o regime plástico e está associado a uma deformação no patamar de escoamento. Para eliminação desse defeito em aços baixo carbono, após o recozimento, normalmente é utilizado um passe de encruamento com deformação de aproximadamente 1,0%. Nesse caso, o passe de encruamento introduz discordâncias móveis as quais irão movimentar livremente quando da aplicação de um esforço, diferentemente daquelas que se encontram ancoradas. Assim, fica eliminado o aparecimento das linhas de Lüders e favorecido o processamento do aço nas etapas e aplicações subseqüentes. Em função do fenômeno de envelhecimento, após certo tempo, reaparece o risco da ocorrência das linhas de Lüders no material estampado, sendo este fenômeno causado pelo excesso de carbono e/ou nitrogênio em solução sólida, onde estes dois elementos formam as atmosferas de Cottrell que ancoram as discordâncias, dificultando, assim, movimento das mesmas (MURALI, 2008). A Figura 12 mostra esquematicamente a ocorrência deste fenômeno. Figura 12 – Micromecanismo do envelhecimento: (a) discordâncias livres e discordâncias associadas a atmosferas de carbono e nitrogênio no aço; (b) após a laminação de encruamento, aumento da densidade de discordâncias e desancoramento de discordâncias; (c) após envelhecimento, discordâncias re-ancoradas pelas atmosferas de carbono/nitrogênio (Adaptado de MURALI, 2008). A transferência de rugosidade para superfície da chapa, pela laminação de encruamento, tem como objetivo produzir uma faixa de rugosidade superficial 44 específica para se obter um acabamento adequado durante o processo de pintura das chapas. Além disso, como influi no atrito, a rugosidade é requerida nos casos em que o cliente precisa de uma valor específico para adequar às suas necessidades de processo e produto (MURARI, 2008). 2.5 Envelhecimento Envelhecimento pode ser definido como a mudança de propriedades do material com o tempo, podendo ocorrer à temperatura ambiente, ou acima desta, causando um aumento de limite de escoamento e diminuição do alongamento. Estas mudanças de propriedades podem ser prejudiciais, mas, fazendo-se um ajuste do processo de fabricação, o envelhecimento pode ser valioso e econômico no endurecimento dos aços. No processo da cura de pintura (170ºC) ocorre a difusão de átomos, principalmente de carbono e nitrogênio, para as discordâncias geradas pela deformação da rede cristalina, durante o processo de conformação, causando um aumento na perturbação da rede e, conseqüentemente, um aumento da resistência. Logo, no projeto deste aço, principalmente, considera-se a quantidade de carbono em solução na ferrita para que este promova o efeito BH. Desta maneira, quanto maior a quantidade de carbono em solução, maior também será o efeito BH. Contudo, a quantidade de carbono em solução na ferrita não é igual àquela obtida na composição química. A quantidade de carbono em solução na ferrita é função das taxas de resfriamento empregadas durante a laminação a quente e, ainda, durante o ciclo de recozimento. Embora o fenômeno seja muito bem compreendido em escala atômica, a correlação entre a quantidade de carbono e nitrogênio em solução na ferrita e o aumento do limite de escoamento, ou índice de Bake Hardening, não é simples. A razão da complexidade está única e exclusivamente ligada ao fato de que o mesmo fenômeno responsável pelo efeito benéfico do aumento do limite de escoamento 45 também é responsável pela deterioração das propriedades mecânicas quando o material é estocado por algum período de tempo. Assim, no conceito de aço BH com a utilização de aços ultra baixo carbono são utilizados elementos formadores de carbonetos e nitretos, notadamente titânio e nióbio, para o controle dos elementos N e C. Dessa forma, com o auxílio destes elementos é possível implementar várias metodologias de estabilização, as quais permitem obter materiais com valores de índice de BH satisfatórios e, ainda, que possuem resistência ao envelhecimento à temperatura ambiente. Todavia, para todos os materiais BH, deve-se desconsiderar a possibilidade de eliminação do envelhecimento, pois, eliminando-o, o material não apresentará o efeito BH. Ao contrário, deve-se controlar a taxa na qual o material envelhece à temperatura ambiente. A Figura 13 mostra curvas tensão-deformação, em um ensaio de tração, que permite a melhor caracterização do fenômeno de envelhecimento. Figura 13 – Curva tensão-deformação de um aço baixo carbono recozido e ensaiado até o ponto A, descarregado e re-ensaiado (CARVALHIDO, 2007) 46 O retorno do escoamento descontínuo, após a pré-deformação, é devido à formação de atmosferas de soluto nos campos de tensões das discordâncias produzidas por deformação. Estas atmosferas dificultam a movimentação das discordâncias, originando assim o reaparecimento do patamar. 2.6 Índice de envelhecimento (IE) – “Aging Index” A determinação da susceptibilidade ao envelhecimento à temperatura ambiente de aços Bake Hardening é feita geralmente por meio do índice de envelhecimento (IE) e também por meio do parâmetro extensão do patamar de escoamento. Os corpos-deprova utilizados para a determinação do índice de envelhecimento sofrem uma prédeformação de 10% em tração e, logo após ser retirada a carga, são aquecidos a 100°C por 1 h. Terminado o tratamento térmico, os corpos de prova são novamente ensaiados até a ruptura. O método para se determinar o IE consiste na medição da diferença entre a tensão após pré-deformação em 10% e o limite de escoamento inferior após envelhecimento do material, quando submetido a um tratamento térmico de 100°C por 1 hora (OLIVEIRA, 2009). Quanto mais extenso o patamar de escoamento (deformação de Lüders), maior será o grau de envelhecimento e maior será a tendência ao aparecimento de linhas de distensão no material após conformação. A Figura 14 ilustra a determinação do índice de envelhecimento. O nível do patamar de escoamento está diretamente relacionado com o teor de carbono em solução remanescente no material recozido. O valor de 0,2% para a deformação de Lüders está associado a um teor de carbono em torno de 4,5 ppm em solução sólida (OLIVEIRA, 2009). . 47 Figura 14 – Procedimento esquemático para obtenção do índice de envelhecimento (OLIVEIRA, 2009). Uma resistência ao envelhecimento à temperatura ambiente satisfatória é obtida quando o índice de envelhecimento é menor que 30MPa (TANIKAWA et al, 1995). Neste caso, o alongamento do patamar de escoamento fica abaixo de 0,2%, conforme Figura 15. Figura 15 – Relação entre o índice de envelhecimento e o alongamento no patamar de escoamento (adaptado de TANIKAWA et al, 1995). Após a revisão da literatura, foram executados os ensaios dentro dos procedimentos e requisitos que estão mostrados no próximo capítulo. 48 3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS O material utilizado no presente trabalho constitui-se nos aços do tipo Bake Hardening de procedência comercial, processado industrialmente na Companhia Siderúrgica Nacional, com as composições químicas apresentadas na Tabela 1, visando atender aos requisitos de propriedades mecânicas especificadas na Tabela 2. Tabela 1 - Composição Química dos aços BH 180 e BH220 Aço BH 180 BH 220 C ≤ 0,0030 ≤ 0,0030 Mn ≤ 0,50 ≤ 0,70 P ≤ 0,050 ≤ 0,070 COMPOSIÇÃO QUÍMICA (%) S Si Al Ti ≤ 0,02 ≤ 0,01 ≥0,01 ≤ 0,02 ≤ 0,02 ≤ 0,01 ≥0,01 ≤ 0,02 Nb ≤0,020 ≤0,020 N ≤ 0,007 ≤ 0,007 B ≤ 0,001 ≤ 0,001 Tabela 2 - Propriedades Mecânicas especificadas (DIN BS EN 10325) Propriedades mecânica Tipo -Aço BH180 BH220 LR (MPa) Min. 300 320 LE(MPa) Min. Máx. 180 240 220 280 AL(%) Min. 33 31 BH(MPa) Min. 30 30 As temperaturas de bobinamento e acabamento são definidas e não foram estudadas neste trabalho. Para a realização do estudo foi utilizada a linha de galvanização contínua da CSN Porto Real para o processamento dos materiais, e, para a execução das análises, utilizou-se o laboratório de controle da qualidade da empresa. Os parâmetros do ciclo de recozimento e do encruamento são definidos no processo e não foram estudados. Buscou-se avaliar o efeito de algumas variáveis sobre o índice de BH. As variáveis do processo analisadas foram: efeito da deformação na conformação e do cozimento na pintura, sendo representado para cada condição o valor médio de dois corpos de prova (CP). Os corpos de prova de tração foram retirados seguindo a norma ASTM A-370 e NBR 6673, na direção transversal (DT) ao sentido de laminação das chapas (DL), com o comprimento de 50mm, com largura de 12,5mm e espessuras de 0,70mm, para o aço BH180, e 0,75mm, para o aço BH220, respectivamente. 49 Os ensaios de tração e a medição do índice de BH foram realizados numa máquina de tração INSTRON modelo 5582 com capacidade de 100 kN. O ensaio de BH consiste em deformar o CP até 2%, interromper o ensaio, aquecer o material na estufa por 20 min a 170ºC e após resfriamento, dar continuidade ao ensaio. Observou-se que durante a realização do ensaio que o CP sofre redução na espessura e na largura. A norma para execução do ensaio não determina as dimensões que se deve adotar durante a retomada do ensaio após processo em estufa, podendo esta causar divergência no índice do BH como mostrado nos anexos. 3.1 Cálculo do índice de BH O cálculo do índice de BH de cada material utilizado obedeceu aos requisitos de composição química e propriedades mecânicas segundo a norma especificada pelo cliente nas Tabelas 1 e 2. A maneira de cálculo do índice de BH foi especificada segundo a norma DIN BS EN 10325. No presente trabalho, para efeito de comparação entre os materiais, foi usada esta metodologia para as definições do índice BH. 3.2 Efeito da pré-deformação O efeito da deformação sobre o índice de BH foi investigado alterando-se a quantidade de deformação aplicada ao material antes da cura. Cinco valores de prédeformação foram estudados: 0, 1, 2, 4 e 8%. O ensaio envolve o teste de tração à temperatura ambiente, promovendo-se a deformação do corpo de prova por força trativa, com velocidade de 3 mm/min., até 5% de deformação, e 10mm/min., após 5% de deformação. Os corpos de prova foram fixados por garras, de modo a garantir que toda a força aplicada fosse no sentido axial. 50 3.3 Efeito do tempo e da temperatura Para simulação do cozimento na pintura foram realizados testes de pintura, em função do tempo e da temperatura da estufa. Como guia para este estudo foi utilizado o relatório elaborado pela GDZ 156/2008 referente à diagnose do ensaio de Bake Hardenable (BH) na CSN – Porto Real. Esta diagnose tem por objetivo determinar as condições do forno para simulação da cura na pintura (tratamento térmico de BH). Trata-se de estabelecer o ciclo de aquecimento que leve o CP à temperatura desejada. Tal estudo levou à conclusão (Figura 16) de que o CP atinge a temperatura desejada de 170°C (média no encharque de 165°C) se a estufa estiver indicando 175°C. Observa-se na Figura 16 que o CP só atinge 163°C (170° ± 7°C) após 10 minutos de enfornamento. Assim, os tempos devem ser computados a partir deste momento. Figura 16 – Análise da temperatura no corpo de prova na posição horizontal dentro da estufa (FONSECA, NOGUEIRA, DE MORAES, 2008). Baseado no estudo variou-se o tempo de cura no forno em quatro níveis: 0, 10, 20, 30 minutos, a partir do tempo necessário para que o CP atinja a temperatura média no forno. Sendo assim, o tempo total do material no forno foi de 10, 20, 30 e 40 minutos, respectivamente. 51 A temperatura no forno também foi analisada em três diferentes valores: 150ºC, 170ºC e 190ºC. O “set up” dado ao forno foi de 155ºC, 175ºC e 195ºC, respectivamente. 3.4 Estudo do envelhecimento Este trabalho visa a comparação entre dois testes de envelhecimento, um em condição natural e outro artificial. Na condição natural, os CP´s foram deixados em temperatura ambiente durante o período de seis meses e, na condição artificial, as variáveis tempo e temperatura foram avaliadas. Os CP´s foram retirados em duas regiões diferentes ao longo da largura da bobina, sendo elas ¼ e ¾ da borda no sentido transversal . O envelhecimento nos aços 180 BH e 220 BH ambos galvanizados (GI) foi avaliado durante um período de seis meses. No Quadro 1 é indicado o número de corpos de prova para o teste de envelhecimento natural. Quadro 1 - Teste de envelhecimento natural 12 semanas + quinzenalmente Aços (180 e 220 BH) Envelhecimento (natural e estufa) Replicação Total n° de cdp´s 19 2 2 2 Total 19 38 76 152 152 Total de amostras = 19x2x1x2x2 = 152 CP´s Os CP´s foram retirados semanalmente durante o período de 12 semanas e depois deste, quinzenalmente até completar 6 meses. Foram avaliados os aços 180 e 200 BH, ambos com revestimentos galvanizados. Na condição natural, os CP´s foram deixados à temperatura ambiente e, em uma estufa, com temperatura controlada de 40ºC para avaliar se há diferença no comportamento, durante o período de 6 meses. 52 Foram utilizados dois CP´s para cada análise (replicação) para obter maior confiabilidade. No Quadro 2 é indicado o número de corpos de prova para o teste de envelhecimento artificial. Quadro 2 - Teste de envelhecimento artificial n° de cdp´s Total Aço (180 e 220 BH) 2 2 Tempo (30, 60, 120, 180, 240 e 360) minutos 6 12 Temperatura (100ºC) 1 12 Replicação 2 12 TOTAL 24 Total de amostras = 2x6x1x1x2 = 24 CP´s No teste de envelhecimento artificial os CP´s foram ensaiados em um forno onde a variável tempo foi alterada para avaliar diferentes condições. Da mesma forma que para o caso anterior, foram utilizados dois CP´s para cada análise com o objetivo abaixo. Com os resultados dos ensaios executados foi possível: 1. Correlacionar as condições de envelhecimento natural e artificial. 2. Estimar a garantia do material em função do envelhecimento. 3. Comparar diferentes tipos de aço e seus efeitos no envelhecimento. 4. Estudar a influência da temperatura e do tempo no envelhecimento. 5. Definir uma equação cinética correlacionando o tempo e a temperatura para os aços BH estudados. Para garantia do tempo de envelhecimento trabalhou-se com dois procedimentos sendo um na forma natural e outro na escala laboratorial, seguindo a equações 1, 2, 3 e 4 para o cálculo estimativo, buscando a eficácia do teste laboratorial. Os cálculos foram realizados, utilizando as equações 1, 2, 3 e 4, para a determinação do tempo a ser utilizado no tratamento térmico. Utilizou-se, no tratamento, água em ebulição (≈100ºC) para melhor controle de temperatura nas amostras (WUEBBELS, 2002). 53 A distância média da difusão, X, para o carbono em uma temperatura específica, T, e tempo, t, é dada na equação 1 abaixo: X= (D(T ).t ) (1) D(T ) = Constante Na equação 1, a temperatura depende do coeficiente de difusão, D(T ) , o qual é especificado pela seguinte equação de Arrhenius: −Q D(T ) = D0 . exp RT (2) Assumindo que para o mesmo estágio de envelhecimento em diferentes temperaturas é requerida a mesma extensão da difusão do carbono, então: (D(T 1).t1 ) = (D(T 2).t2 ) (3) Correspondente −Q − Q t 2 = t1.exp exp RT 2 RT 1 (4) Equação para simulação do cálculo do tempo de envelhecimento (WUEBBELS, 2002). X – Distância média da difusão do carbono D(T) – Coeficiente de difusão dependente da temperatura t – Tempo D0 - Constante do material Q – Energia de ativação para difusão intersticial R – Constante dos gases T – Temperatura absoluta Q = 80kJ/mol – 19,2kcal/mol D0(C no Fe-α) = 6,2x10-7m2/s R = 8,31J/mol 54 T=K t = segundos Ensaio: T=100ºC (~98ºC) - T=373K – t2 (s) Condições normais: T = 25ºC – 298K – t1(7 dias) = 604.800s a) Utilizando a equação (1) para T = 298K: D1(T=298K) = 5,78X10-21m2/s b) Utilizando a equação (1) para T = 373K: D2(T=373K) = 3,83X10-18m2/s c) Utilizando as equações (2 e 3), tem-se: t 2= 913,21s. A tabela 3 indica os tempos calculados para a simulação do processo de envelhecimento. Tabela 3 - Valores calculados de tempo para a simulação do processo de envelhecimento Tempo Real t1 (s) t2 (s) Tempo de Simulação 15 dias 1.209.600 1.826.42 30 minutos 30 dias 2.419.200 3.652.84 60 minutos 60 dias 4.838.400 7.305.68 120 minutos 90 dias 7.257.600 10.958.51 180 minutos 120 dias 9.676.800 14.611.35 240 minutos 180 dias 14.515.200 21.917.00 360 minutos 3.5 Caracterização microestrutural Foram retiradas amostras dos corpos de prova dos dois aços, sendo antes e depois da simulação do envelhecimento. As amostras foram preparadas utilizando lixas com granulometria 220, 320, 400 e 600, pano diamantado e pasta de diamante 3µm para polimento, sendo posteriormente atacadas com os reagentes Nital 2% e Klemis (200 gramas de tissulfato de sódio, duas gramas de metabissulfito de potássio com a saturação em 100 ml de água) sendo observadas por microscopia óptica, modelo OLYMPUS BX51M, acoplado a um PC e a uma câmera modelo 4.2. Após o ataque químico foram obtidas quatro micrografias, sendo todas com ampliação de 200 vezes. 55 O tamanho de grão ferrítico (TG) foi determinado de acordo com o procedimento pelo método dos interceptos de microestrutura ferrosa atacada quimicamente (ASTM E 112-96, 2004). Foram analisadas seções ao longo da espessura e paralelas à direção de laminação. 56 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da composição química da aciaria, calculou-se o carbono em solução para cada tipo de aço, admitindo que todo o Nb sequestre o C precipitando-o em NbC, de acordo com a equação 5, sendo os valores indicados na Tabela 4. (5) Segundo a Figura 6, os valores teóricos encontrados são representativos para obtenção de índices de bake hardening (BH) satisfatórios, visando o atendimento e a garantia das especificações dos aços BH. Tabela 4 - Carbono em Solução Sólida Css Aço (ppm) BH180 5,65 BH220 7,07 A Tabela 5 mostra as propriedades mecânicas dos materiais medidas logo após a produção, isto é, sem pré-deformação e sem envelhecimento, aquecidos a 170°C por 20 minutos. Comparando estes resultados com os da Tabela 2, nota-se que todos os valores satisfazem às condições especificadas. Observa-se que o tratamento acima não faz parte dos tempos e temperaturas usados na investigação da influência dessas variáveis no índice de BH. Os valores são apenas caracterização das propriedades iniciais dos materiais. Os resultados que interessam na investigação do BH são aqueles influenciados por uma pré-deformação simulativa da estampagem e estão reportados nas tabelas e gráficos seguintes. 57 Tabela 5 – Propriedades mecânicas dos materiais conforme produzidos. Aço LE (MPa) 0,2% offset LR (MPa) AL (%) (50mm) Índice de BH a 0% de prédeformação BH 180 202 321 42 43 BH 220 227 333 39 38 Norma DIN 10325 DIN 10325 Para análise e discussão foram considerados os valores médios de BH dos dois ensaios conforme mostrados nas Tabelas 6 e 7. Tabela 6 - Valores médios de BH dos ensaios de dois CP’s em função da temperatura, tempo e deformação (BH180). 0% 10 202 202 205 0 LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Temperatura:190ºC LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Temperatura:170ºC LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Tempo (min) Pré-deformação Aço Temperatura:150ºC 3 326 202 202 237 0 35 326 202 202 234 0 32 323 20 202 202 216 0 14 326 202 202 235 0 33 329 202 202 243 0 41 323 30 202 202 216 0 14 326 202 202 240 0 38 324 202 202 247 0 45 324 40 202 202 222 0 20 326 202 202 235 0 33 321 202 202 245 0 43 311 1% 10 203 223 254 20 32 326 202 221 257 19 36 328 203 221 261 18 40 328 20 205 222 257 18 34 332 201 221 258 20 37 326 203 222 264 19 42 329 30 204 222 259 18 37 328 201 221 252 11 40 325 204 222 262 18 40 326 40 204 222 252 18 30 322 204 214 252 10 38 327 203 222 267 19 45 326 BH 180 2% 10 207 242 282 35 39 336 202 230 278 28 48 333 202 241 279 39 38 333 20 205 242 242 35 30 337 203 230 278 36 49 331 200 237 281 37 45 336 30 205 240 270 35 39 333 202 237 278 35 41 331 205 241 280 36 39 331 40 204 239 277 35 38 332 203 239 280 36 41 334 203 239 285 36 46 330 4% 10 208 267 313 59 46 345 202 262 305 60 43 338 204 263 307 59 44 339 20 210 265 307 55 42 339 203 263 308 60 45 339 200 266 313 66 47 347 30 204 263 306 59 43 336 201 259 307 58 48 339 202 268 311 67 43 343 40 205 264 307 59 43 340 204 263 308 59 45 341 204 265 313 61 48 344 8% 10 206 294 353 88 59 360 203 289 347 86 58 355 204 290 329 86 39 337 20 203 291 353 88 62 361 204 291 344 87 53 352 203 297 351 94 54 361 30 205 291 346 86 55 352 202 287 327 85 40 335 202 288 331 86 43 341 40 205 291 344 86 53 353 203 289 328 86 39 337 205 292 336 87 44 344 58 Tabela 7 - Valores médios de BH dos ensaios de dois CP’s em função da temperatura, tempo e deformação (BH220). 0% 10 227 227 233 0 6 342 227 227 236 0 LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Temperatura:190ºC LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Temperatura:170ºC LR após (MPa) BH (MPa) WH (MPa) LE após (MPa) Tensão (MPa) LE antes (MPa) Tempo (min) Pré-deformação Aço Temperatura:150ºC 9 339 227 227 268 0 41 341 20 227 227 244 0 17 338 227 227 257 0 30 338 227 227 277 0 50 339 30 227 227 244 0 17 338 227 227 265 0 38 341 227 227 273 0 46 338 40 227 227 249 0 22 338 227 227 272 0 45 339 227 227 289 0 62 340 1% 10 234 245 280 11 35 343 232 246 285 14 39 346 231 247 284 16 37 345 20 230 246 284 16 38 345 231 245 285 14 40 345 230 247 292 17 45 350 30 233 249 287 16 38 347 233 248 289 15 41 346 228 245 291 17 46 347 40 232 247 281 15 34 342 233 246 289 13 43 347 230 248 295 18 47 346 BH 220 2% 10 230 260 329 30 69 352 232 261 303 29 42 349 231 264 303 33 39 353 20 233 260 324 27 64 355 233 262 307 29 45 352 229 262 307 33 45 353 30 230 260 311 30 51 354 232 262 307 30 45 352 232 260 304 28 44 347 40 230 260 311 30 51 353 232 260 310 28 50 354 232 259 312 27 53 351 4% 10 233 287 333 54 46 359 233 286 334 53 48 358 230 282 329 52 47 357 20 234 286 332 52 46 359 229 283 308 54 46 355 232 284 332 52 48 360 30 233 287 326 54 39 353 230 285 328 55 43 355 234 283 332 49 49 360 40 233 286 328 53 42 354 233 284 330 51 46 358 231 283 335 52 52 361 8% 10 233 312 351 79 39 354 234 314 372 80 58 375 233 311 369 78 58 373 20 231 311 350 80 39 353 234 313 370 79 57 375 234 312 369 78 57 374 30 230 310 352 80 42 355 232 311 370 79 59 375 233 311 369 78 58 375 40 231 312 350 81 38 354 233 312 365 79 53 370 234 310 369 76 59 376 Nas Figuras 17 e 18, nota-se a interação do BH com o tipo de aço, a prédeformação, a temperatura e o tempo. Observando-se os gráficos da esquerda para a direita, nota-se que quanto maior a pré-deformação com o tempo, maior é o BH para os dois tipos de aço, sendo ligeiramente maior para o aço BH 220. 59 Observa-se que a 0% de pré-deformação, o BH varia de 0 a 60MPa, apresentando maior dispersão em relação às demais pré-deformações. Com a temperatura, praticamente há influência notável do BH, para os dois aços. Para o aço BH180 com grau de deformação de 2% que é o parâmetro mais comum na prática, a temperatura de envelhecimento mais adequada é 170ºC e o tempo de envelhecimento de até 20 min. Para o grau de deformação de 4% pode-se usar qualquer temperatura de envelhecimento e para o grau de deformação de 8% pode-se usar uma temperatura de envelhecimento de 150ºC. Já para o aço BH220, com o grau de deformação de 2%, a temperatura de envelhecimento mais adequada é 150ºC. Para graus de deformação mais altos, a temperatura de envelhecimento deve ser mais alta com 170ºC e 190ºC. Figura 17 – Grau de Influência das variáveis no índice BH no aço BH180. Figura 18 – Grau de Influência das variáveis no índice de BH no aço BH220. 60 4.1 Efeito da pré-deformação Nas Figuras 19 e 20, utilizou-se gráficos para os valores de BH nas temperaturas verificadas, a fim de simular a variação do grau de deformação e o tempo de envelhecimento da cura no forno, sendo observado que para cada tempo com prédeformação, o valor de BH aumenta com esta variável. Ainda para a pré-deformação, nota-se que a variação do BH com esta variável tem a mesma tendência. Um maior valor de BH no aço BH180 nas deformações de 8% entre 10 e 20 minutos e no aço BH220 nas deformações de 8% entre 10 e 20 minutos nas temperaturas de 170ºC e 190ºC e na deformação de 2% entre 10 e 20 minutos nas temperaturas de 150ºC, sendo que, em torno desses valores, o número de discordâncias móveis deve passar por um máximo. A partir desses valores, a interação entre discordâncias contribuiria para diminuir o total de discordâncias afetadas pela atmosfera de Cotrell. Para os aços BH180 e BH220, o valor de BH é menor para os materiais não deformados nas temperaturas de 150ºC e 170ºC. Figura 19 – Gráfico do grau de deformação e tempo de envelhecimento em relação ao índice de BH para aço BH180. 61 Figura 20 – Gráfico do grau de deformação e tempo de envelhecimento em relação ao índice de BH para aço BH 220. 4.2 Efeito do tempo de cura no forno Nas Figuras 21 e 22, utilizou-se gráficos para os valores de BH nas temperaturas verificadas, a fim de simular a variação do tempo de envelhecimento de cura no forno e o grau de deformação, sendo que em geral é observado na Figura 21 um aumento no índice de BH no aço BH180, conforme aumento da deformação até 4% com o tempo de cura, para todas as temperaturas. O aumento no índice de BH proporcionado com o aumento do tempo pode ser justificado devido à quantidade de átomos de carbono que migra para as discordâncias aumentar com o tempo sendo verificado até o tempo de vinte minutos. Figura 21 – Gráfico do tempo de envelhecimento com o grau de deformação em relação ao índice de BH para aço BH180. 62 Foi avaliado na Figura 22 para o aço BH220, o aumento no índice de BH até a pré-deformação de 2% em cada tempo analisado para a temperatura de 150ºC. Verificado o aumento no índice de BH com a pré-deformação acima de 2% em cada tempo analisado para as temperaturas de 170ºC e 190ºC, ocorrendo uma pequena queda entre 2% e 4% nos tempos de 30min e 40min para a temperatura de 170ºC. Uma possível explicação para diminuição do valor de BH, estaria no fato da temperatura de bobinamento ser menor, o que proporciona formação de precipitados finos, uma vez que não há tempo suficiente para a precipitação se completar. Figura 22 – Gráfico do tempo de envelhecimento com o grau de deformação em relação ao índice de BH para aço BH220. 4.3 Efeito da temperatura de cura no forno Para os aços estudados conforme representados nas Figuras 19, 20, 21 e 22, com o tempo ou a pré-deformação, o valor de BH é geralmente incrementado com a temperatura. Isto pode ser atribuído à maior difusividade do carbono com a temperatura (fenômeno termicamente ativado). Pode-se verificar nas Figuras 19 e 20, a influência da temperatura nos materiais não deformados (0%) com o tempo, onde ocorre uma dispersão com aumento do valor de BH para os aços BH180 e BH220. Nota-se que a 150°C há uma dispersão do BH um pouco maior que nas demais temperaturas, com um aumento maior que 10 MPa, no valor de BH, da menor para a maior temperatura em análise. 63 Buscando a condição real para simulação do ensaio de aços BH, com tempo de encharque de vinte minutos a uma temperatura 170ºC, no material pré-deformado a 2%, pode-se avaliar a influência de cada variável como mostrado nas Figuras 23, 24 e 25. Avaliou-se que o índice de BH está dentro do especificado em norma. Na Figura 23, o aço BH 180 tem uma queda após o tempo de 20 minutos, podendo ser justificado pela quantidade de carbono em solução sólida seja menor comparado com o aço BH220, ocorrendo toda a precipitação. Na Figura 24, a pré-deformação influencia diretamente no índice de BH, ocorrendo aumento BH nos dois aços. Na Figura 25, mostra-se um aumento considerável na temperatura de 170ºC que em torno desse valor, o número de discordâncias ancoradas deve passar por um máximo. Isto pode ser atribuído à maior difusividade do carbono com a temperatura (fenômeno termicamente ativado). A diferença nos dois aços é que na temperatura de 150ºC para o aço BH220, conforme avaliado anteriormente, uma possível explicação estaria no fato da temperatura de bobinamento ser menor, o que proporciona formação de precipitados finos, uma vez que não há tempo suficiente para a precipitação se completar. Figura 23 – Análise do índice de BH com o tempo para os aços BH180 e BH220 para temperatura de envelhecimento de 170ºC e 2% de deformação. 64 Figura 24 – Análise do índice de BH com a pré-deformação para os aços BH180 e BH220 para 20 min. de envelhecimento a 170ºC. Figura 25 – Análise do índice de BH com o temperatura para os aços BH180 e BH220 com 2% de deformação e 20 minutos de envelhecimento. Partindo da condição padrão para ensaio de aços BH, com tempo de encharque de 20 minutos a uma temperatura 170º, no material pré-deformado a 2%, onde o valor de BH médio é de 49,0 MPa para o aço BH180 e de 45,0 MPa para o aço BH220, pode-se quantificar a influência de cada variável como mostrado na Tabela 8. 65 Tabela 8 - A Comparação do valor médio do IBH para cada condição analisada no tipo de aço. 1 2 4 8 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 190 0 Tempo (min.) -17 -8 -4 -6 -9 -7 -9 -4 -11 -4 -10 -3 -5 -2 -6 -1 -10 5 -6 -5 Pré - deformação (%) -14 -16 -11 -16 -13 -12 -9 -11 -1 0 -8 -8 -6 -4 -1 -4 9 4 -9 -10 170 8 -46 -35 -35 -29 -17 -15 -12 -19 -10 -19 -10 -11 -3 -7 -6 -6 10 13 6 4 AÇO BH220 Temperatura (ºC) 150 4 190 2 170 1 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 10 20 30 40 150 0 IBH abaixo do Padrão e no limite do especificado IBH abaixo do Padrão e fora do especificado AÇO BH180 Temperatura (ºC) Tempo (min.) Pré - deformação (%) IBH acima do Padrão e dentro do especificado IBH abaixo do Padrão e dentro do especificado -39 -28 -28 -23 -10 -7 -7 -11 24 19 6 6 1 1 -6 -3 -6 -6 -3 -7 -36 -15 -7 0 -6 -5 -4 -2 -3 0 0 5 3 1 -2 1 13 12 14 8 -4 5 1 17 -8 0 1 2 -6 0 -1 8 2 3 4 7 13 12 13 14 Nota-se que para os aço BH180 e BH220 houve variação no valor de BH em relação a condição proposta em norma, conforme mencionado anteriormente, mas os valores encontrados estão dentro do especificado em norma com o IBH de 30MPa mínimo exceto na temperatura de 150ºC onde não ocorreu a pré-deformação e no aço BH220 na temperatura de 170ºC com 10 minutos e sem pré-deformação. Pode-se avaliar que as variáveis tempo, pré-deformação e temperatura influenciam diretamente nos valores de BH podendo ser importante após a prédeformação ou comprometer aplicação antes da pré-deformação. 66 4.4 Estudo do envelhecimento nos aços BH180 e BH220. O objetivo deste trabalho foi comparar os dois testes de envelhecimento sendo natural e artificial. Na condição natural, as amostras foram avaliadas por um período de seis meses, sendo analisadas as propriedades mecânicas do material todas as semanas. Na condição artificial, foram analisadas diferentes temperaturas e período de tempo. Durante seis meses, em todas as semanas, foram avaliadas as propriedades do material através dos ensaios de tração conforme mencionado no item 3.4. 4.4.1 Envelhecimento natural O desempenho do material foi investigado por meio de ensaios, e depois do período de seis meses, foi possível avaliar um incremento no limite de escoamento com a redução do alongamento, não sendo significante para a garantia desejada em norma. Entretanto, presume-se para os dois aços estudados, que os átomos de carbono em solução migrado para atmosfera de Cotrell durante o envelhecimento, os solutos de carbono disponíveis para o endurecimento durante a cura, deverá ser diminuído. O efeito do envelhecimento depende do excesso de carbono em solução. Nas Figuras 26, 27, 29 e 30 foram mostrados os resultados do limite de escoamento e alongamento na temperatura ambiente e na escala laboratorial nas mesmas condições do aço BH180, sendo que nas Figuras 28 e 31 foram plotados os resultados dos dois ensaios, fazendo uma regressão. Pode-se notar que não houve uma variação significativa que pudesse comprometer a aplicação do aço BH180. 67 Figura 26 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo de envelhecimento do aço BH180. Figura 27 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo de envelhecimento do aço BH180. 68 Figura 28 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento natural e artificial). Figura 29 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento natural). 69 Figura 30 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento artificial simulando a condição natural). Figura 31 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento natural e artificial). Nas Figuras 32, 33, 35 e 36 foram mostrados os resultados do limite de escoamento e alongamento na temperatura ambiente e na escala laboratorial nas mesmas condições do aço BH220, sendo que nas Figuras 34 e 37 foram plotados os resultados dos dois ensaios, fazendo uma regressão. Pode-se notar que não houve uma variação significativa que pudesse comprometer a aplicação do aço BH220. 70 Figura 32 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento natural). Figura 33 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento artificial simulando a condição natural). 71 Figura 34 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento natural e artificial). Figura 35 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 (condição natural). 72 Figura 36 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180(Envelhecimento artificial simulando a condição natural). Figura 37 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento natural e artificial). Nas Figuras 28 e 37, observou-se uma dispersão dos valores em relação as Figuras 31 e 34, podendo ser justificado pela quantidade de átomos carbono em solução para formação da atmosfera de Cotrell ser diferente na região onde foram retirados os CP´s para ensaio. 73 4.4.2 Envelhecimento artificial O desempenho do material foi analisado, fazendo simulação de diferentes condições de tempo na temperatura de 100ºC conforme a Tabela 3. A simulação do envelhecimento artificial é muito importante para garantia dos resultados reais e ganho do tempo na realização dos testes. Visando a interação da simulação do ensaio artificial com o ensaio natural foi apresentado na Tabela 9. Tabela 9 - A relação entre o envelhecimento natural e artificial 30 ° C (Natural) 100 ° C (Artificial) 180 dias 360 minutos 120 dias 240 minutos 90 dias 180 minutos 60 dias 120 minutos 30 dias 60 minutos 15 dias 30 minutos Os resultados encontrados nas Figuras 38, 39, 42 e 43 da simulação artificial na temperatura de 100ºC, foi observado que nas variáveis limite de escoamento e alongamento, não ocorreram uma alteração que pudessem comprometer a conformação. Avaliando os resultados do comportamento dos dois aços estudados, a garantia do tempo de envelhecimento pode ser de seis meses sem comprometimento das variáveis requisitadas em norma. Avaliando os resultados encontrados nas Figuras 40, 41, 44 e 45 dos ensaios do envelhecimento natural com os resultados da simulação artificial na temperatura de 100ºC, o intervalo é pequeno, considerando as variáveis que são o limite de escoamento e alongamento, sendo mais sensíveis a alteração. Portanto pode-se 74 observar que a simulação artificial é compatível com os resultados encontrados e é fundamental na antecipação da análise para obtenção dos dados requisitados. Figura 38 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 (Simulação artificial). Figura 39 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH180 (Simulação artificial). 75 Figura 40 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento natural e simulação artificial). Figura 41 – Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH180 (Envelhecimento natural e simulação artificial). 76 Figura 42 – Gráfico do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento artificial). Figura 43 – Gráfico do alongamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento artificial). 77 Figura 44 – Gráfico com a regressão linear do limite de escoamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento natural e simulação artificial). Figura 45– Gráfico com a regressão linear do alongamento com o tempo do aço BH220 (Envelhecimento natural e simulação artificial). 4.5 Caracterização microestrutural Foram efetuadas como ilustração a análise metalográfica nas condições que o material foi produzido representadas nas Figuras 52 e 53 e nas condições após seis meses de estoque representadas nas Figuras 54 e 55. Como pode-se observar, não houve alteração da estrutura e granulação. 78 Figura 46 – Análise metalográfica do aço BH 180 BH. Ataque Nital 2% Ampliação: 200x .Tamanho de grão – 8,0 ASTM (Condições antes da estocagem) Figura 47 – Análise metalográfica do aço BH 220 BH. Ataque Nital 2% Ampliação: 200x .Tamanho de grão – 9,5 ASTM (Condições antes da estocagem) 79 Figura 48 – Análise metalográfica do aço BH 180 BH. Ataque Nital 2% Ampliação: 200x. Tamanho de grão – 8,0 ASTM (Condições após estocagem) Figura 49 – Análise metalográfica do aço BH 220 BH. Ataque Nital 2% Ampliação: 200x. Tamanho de grão – 9,5 ASTM (Condições após estocagem) 80 5 CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS As principais conclusões obtidas neste trabalho foram: • Para qualquer dos aços estudados, temperatura ou pré-deformação ou tempo, o valor de BH é normalmente maior no aço BH180 na pré-deformação de 8% entre 10 e 20min com a temperatura. No aço BH220, o valor é normalmente maior na pré-deformação de 2% com o tempo na temperatura de 150ºC e na pré-deformação de 8% com o tempo nas temperaturas de 170ºC e 190ºC. Verificado no aço BH220 um aumento do valor de BH sem pré-deformação no tempo de 40min na temperatura de 190ºC. • Para qualquer dos aços estudados, temperatura ou deformação o valor de BH é geralmente incrementado com o tempo da cura no forno. • Para qualquer dos aços estudados, o valor de BH é acrescido com a temperatura. • A utilização de aços BH sem uma pré-deformação não gera aumento excessivo no BH, mas ocorre dispersão dos valores. • No valor de BH, a variável que mais influência é a pré-deformação. • A temperatura de tratamento tem uma influência moderada e crescente sobre o BH, sendo mais evidente para o aço BH220. • A qualidade do aço ultra baixo carbono semi-estabilizado ao nióbio, o aço Bake Hardening depende principalmente do controle dos solutos de carbono em solução. • Avaliando a condição padrão para o ensaio do índice de BH para os aços estudados, verificou-se que os valores estão dentro do especificado em norma. • Os aços estudados não parecem exercer grande influência sobre o envelhecimento após a produção no período de tempo avaliado. • Baseado nas análises, depois do período de seis meses, as propriedades do material, o aumento do limite de escoamento é de aproximadamente 12 MPa, e este incremento moderado pode ser justificado pelo controle dos solutos de 81 carbono em solução sólida produzido com nióbio. Em contra parte ocorre uma diminuição considerável do alongamento. • Os resultados encontrados na simulação artificial em comparação com o ensaio natural foram próximos com uma pequena dispersão e terá grande contribuição na agilização dos ensaios. • A simulação artificial na temperatura de 100ºC em 1h, será um bom teste para estudar o comportamento do envelhecimento dos aços BH, devido o tempo de estocagem nas empresas. 82 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – NBR 6673; Produtos Planos de Aço - Determinação das Propriedades Mecânicas a Tração, ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Brasil, Jul de1981. ASTM A-370 – 97a; Standard Test Methods and Definitions for Mechanical Testing of Steel Products, ASTM - American Society for Testing and Materials. Philadelphia, USA, 2004. ASTM E 112-96; Standard Test Methods for Determining Average Grain Size, ASTM - American Society for Testing and Materials. Philadelphia, USA, 1996. BAKER, L. J.; PARKER, J. D.; DANIEL, S. R. 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TEMPO (h) TEMPO (dia) LE (MPa) AL (%) 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 10080 168 7 191 48 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 10080 168 7 194 45 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 20160 336 14 195 45 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 20160 336 14 194 45 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 30240 504 21 196 40 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 30240 504 21 196 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 40320 672 28 192 29 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 40320 672 28 194 41 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 50400 840 35 195 39 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 50400 840 35 196 41 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 60480 1008 42 198 37 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 60480 1008 42 194 43 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 70560 1176 49 197 41 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 70560 1176 49 195 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 80640 1344 56 192 40 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 80640 1344 56 195 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 90720 1512 63 194 40 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 90720 1512 63 196 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 100800 1680 70 191 40 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 100800 1680 70 191 41 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 110880 1848 77 199 41 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 110880 1848 77 198 40 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 120960 2016 84 197 33 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 120960 2016 84 196 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 141120 2352 98 196 41 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 141120 2352 98 195 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 161280 2688 112 192 43 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 161280 2688 112 194 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 181440 3024 126 193 43 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 181440 3024 126 192 42 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 201600 3360 140 197 41 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 201600 3360 140 198 41 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 221760 3696 154 197 38 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 221760 3696 154 199 38 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 241920 4032 168 195 39 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 241920 4032 168 196 39 180 BH GI CP 1 ESTUFA 40 262080 4368 182 194 42 180 BH GI CP 2 ESTUFA 40 262080 4368 182 196 42 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 10080 168 7 191 48 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 10080 168 7 194 45 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 20160 336 14 193 44 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 20160 336 14 194 46 95 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 30240 504 21 196 40 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 30240 504 21 196 42 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 40320 672 28 202 33 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 40320 672 28 199 41 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 50400 840 35 196 44 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 50400 840 35 191 43 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 60480 1008 42 189 42 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 60480 1008 42 193 42 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 70560 1176 49 194 44 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 70560 1176 49 195 44 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 80640 1344 56 197 42 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 80640 1344 56 198 44 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 90720 1512 63 195 48 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 90720 1512 63 195 42 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 100800 1680 70 198 42 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 100800 1680 70 198 44 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 110880 1848 77 196 41 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 110880 1848 77 199 41 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 120960 2016 84 195 48 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 120960 2016 84 194 46 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 141120 2352 98 195 41 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 141120 2352 98 198 45 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 161280 2688 112 196 45 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 161280 2688 112 195 44 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 181440 3024 126 209 41 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 181440 3024 126 197 44 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 201600 3360 140 196 39 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 201600 3360 140 195 43 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 221760 3696 154 200 34 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 221760 3696 154 195 36 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 241920 4032 168 198 41 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 241920 4032 168 194 40 180 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 262080 4368 182 195 40 180 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 262080 4368 182 197 40 AÇO CP´S LOCAL T (°C) TEMPO (h) TEMPO (dia) LE (MPa) AL (%) 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 10080 168 7 229 34 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 10080 168 7 228 39 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 20160 336 14 229 37 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 20160 336 14 232 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 30240 504 21 229 36 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 30240 504 21 232 37 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 40320 672 28 228 39 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 40320 672 28 227 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 50400 840 35 232 35 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 50400 840 35 231 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 60480 1008 42 229 36 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 60480 1008 42 225 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 70560 1176 49 230 38 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 70560 1176 49 231 36 TEMPO (min.) 96 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 80640 1344 56 228 38 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 80640 1344 56 230 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 90720 1512 63 227 35 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 90720 1512 63 229 34 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 100800 1680 70 230 38 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 100800 1680 70 228 39 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 110880 1848 77 232 37 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 110880 1848 77 229 37 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 120960 2016 84 226 36 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 120960 2016 84 233 29 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 141120 2352 98 231 31 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 141120 2352 98 227 35 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 161280 2688 112 226 35 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 161280 2688 112 229 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 181440 3024 126 229 31 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 181440 3024 126 229 34 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 201600 3360 140 229 32 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 201600 3360 140 231 30 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 221760 3696 154 232 34 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 221760 3696 154 231 36 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 241920 4032 168 248 33 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 241920 4032 168 248 32 220 BH GI CP 1 ESTUFA 40 262080 4368 182 250 32 220 BH GI CP 2 ESTUFA 40 262080 4368 182 250 32 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 10080 168 7 229 34 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 10080 168 7 228 39 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 20160 336 14 224 37 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 20160 336 14 230 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 30240 504 21 231 36 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 30240 504 21 226 36 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 40320 672 28 230 39 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 40320 672 28 229 41 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 50400 840 35 233 35 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 50400 840 35 232 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 60480 1008 42 228 40 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 60480 1008 42 230 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 70560 1176 49 232 36 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 70560 1176 49 229 36 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 25 80640 1344 56 227 35 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 25 80640 1344 56 230 36 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 90720 1512 63 232 37 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 90720 1512 63 228 40 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 100800 1680 70 229 35 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 100800 1680 70 231 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 110880 1848 77 232 37 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 110880 1848 77 228 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 120960 2016 84 233 35 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 120960 2016 84 228 33 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 141120 2352 98 229 35 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 141120 2352 98 229 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 30 161280 2688 112 228 36 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 30 161280 2688 112 230 35 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 181440 3024 126 232 37 97 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 181440 3024 126 228 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 201600 3360 140 230 31 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 201600 3360 140 229 31 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 221760 3696 154 231 36 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 221760 3696 154 230 34 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 241920 4032 168 229 36 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 241920 4032 168 232 37 220 BH GI CP 1 DEPOSITO 35 262080 4368 182 230 34 220 BH GI CP 2 DEPOSITO 35 262080 4368 182 231 37 Resultados da simulação artificial (envelhecimento) AÇO CP´S LOCAL T (°C) TEMPO (min.) LE (MPa) AL (%) 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 30 196 44 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 30 195 43 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 60 192 41 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 60 192 42 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 120 196 43 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 120 194 40 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 180 197 41 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 180 192 40 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 240 193 40 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 240 194 40 180 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 360 196 41 180 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 360 196 42 AÇO CP´S LOCAL T (°C) TEMPO (min.) LE (MPa) AL (%) 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 30 224 36 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 30 224 39 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 60 224 39 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 60 223 39 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 120 230 37 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 120 228 38 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 180 224 36 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 180 226 36 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 240 229 36 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 240 230 35 220 BH GI CP 1 ARTIFICIAL 100 360 229 39 220 BH GI CP 2 ARTIFICIAL 100 360 228 39