CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE COMPACTAÇÃO NO DESEMPENHO DA CAMADA RECICLADA COM CIMENTO PORTLAND (THE IMPORTANCE OF COMPACTION CONTROL ON THE PERFORMANCE OF RECYCLED LAYER WITH PORTLAND CEMENT) CÁSSIO EDUARDO LIMA DE PAIVA, Prof. Dr., Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas – SP, [email protected] PAULO CÉSAR ARRIEIRO DE OLIVEIRA, Eng., Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas – SP, [email protected] RESUMO Uma das características do material reciclado é a heterogeneidade, especialmente quando o pavimento foi extensivamente remendado. Esta variabilidade tem influência direta na densidade “in situ” e conseqüentemente no grau de compactação. Atingir a densidade desejada não é simplesmente aplicar um esforço adicional de compactação, pois como é de conhecimento geral, outros fatores como o teor de umidade e o tipo de suporte subjacente podem induzir variações de densidade. Quando o material não é devidamente compactado, a camada reciclada com cimento fica mais permeável favorecendo a ação deletéria da água na estrutura do pavimento, além de proporcionar a formação de trilhas de rodas e a redução das metas de resistência. Assim, é necessário que a compactação seja tratada como um dos aspectos mais importantes da reciclagem e, portanto, a proposta deste trabalho é mostrar de forma quantitativa a importância do grau de compactação nas obras de reciclagem com cimento. Serão avaliadas as alterações causadas na resistência à compressão simples e tração por compressão diametral quando das variações no grau de compactação e dos teores de umidade. Para isso será desenvolvido um estudo de laboratório usando material proveniente de uma obra de reciclagem na rodovia SP 563 no município de Andradina. Pretende-se, portanto confirmar a necessidade de precauções no controle estrito de compactação em obras que utilizem a técnica de reciclagem. PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem de pavimentos, bases cimentadas, controle de compactação ABSTRACT One of the characteristics of recycled material is the heterogeneity, especially when the pavement was extensively patched. This variability has a direct influence on the in situ density and therefore on the compaction degree. Reach the desired density is not simply apply an additional compaction effort, because as it is known, other factors such as moisture content and type of underlying support can induce density variations. When the material is not properly compacted, the layer recycled with cement become more permeable favoring the water deleterious action in the pavement structure; 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil besides provide wheels rut formation and resistance target decreasing. Thus it is necessary that the compaction be treated as one of the most important recycling aspects, and therefore the purpose of this paper is to show in a quantitative way the importance of compaction degree in the recycling jobs with cement. The changes caused in the resistance, compression strength, and tensile strength when occur variations in compaction degree, and moisture content, will be evaluate. With this objective it will be developed a laboratory study using material from a recycling job carried out in the SP 563 highway in Andradina County. It is intended, therefore, to confirm the precaution necessary in the compaction strict control in jobs that use recycling technique. KEY WORDS: Pavement recycling, cemented layer foundations, compaction control 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil INTRODUÇÃO Ao longo de décadas o grau de compactação tem sido utilizado como parâmetro de qualidade do pavimento. Quanto mais densificado for, mais estável e durável o pavimento será. Embora o teor de umidade seja fundamental para obtenção da densidade, outros fatores como: características dos materiais, processo executivo e espessura das camadas também poderão influir no resultado da compactação. No que diz respeito à reciclagem com cimento o controle da compactação se torna mais difícil por causa da heterogeneidade do material reciclado, visto que tais desigualdades estão associadas às variações no percentual de capa asfáltica, granulometria da mistura, teor de cimento, mudanças no tipo de material da base e deficiência no processo de mistura. Com tanta heterogeneidade fica difícil definir uma densidade de referência com a qual poderão ser comparadas as densidades obtidas em campo. Este é um dos maiores desafios da técnica: sendo o material reciclado relativamente heterogêneo não dá para saber a priori se o material “in situ” terá as mesmas características que do material utilizado para determinar a densidade de laboratório. Considerando tal variabilidade, a reciclagem se torna factível a partir do conhecimento da estrutura e das características dos materiais que compõem o pavimento. Para isso se devem realizar inspeções a fim de se obter maior número de elementos que permitam superar o problema da heterogeneidade intrínseca do material reciclado. Como exemplo, pode-se citar alguns estudos que mostram que natureza angular das partículas do revestimento depois de triturado dificulta a compactação devido à formação de muitos vazios na estrutura do material. Estes vazios favorecem a infiltração de água fragilizando a resistência da camada. A compactação também poderá ser prejudicada quando há formação de placas de asfalto durante a trituração do pavimento. Neste caso, será necessário aplicar maiores energias para atingir uma boa densificação do material (BROWN, 2006). A literatura em geral se encontra carente de informações sobre como lidar com a heterogeneidade do material reciclado. As especificações para reciclagem são mais orientadas para o resultado final (critérios de aceitação e rejeição, tolerâncias, restrições, etc) e as publicações técnicas estão mais centradas em testes de laboratório e campo e no desempenho da mistura reciclada. Seria muito favorável ao meio técnico conhecer a correlação entre processo executivo e variabilidade do material reciclado para alcançar os resultados desejados nas obras de reciclagem. Como parte integrante deste requisito, o presente trabalho se propõe verificar em laboratório as alterações causadas na resistência à compressão simples (RCS) e tração por compressão diametral (RCD) quando das variações no grau de compactação e dos teores de umidade em uma amostra de material reciclado procedente da rodovia SP 563 em Andradina. Os resultados foram confrontados com os parâmetros adotados pela literatura internacional no que diz respeito ao Grau de Compactação mínimo para liberação da camada reciclada. Espera-se que os dados obtidos possam ser úteis para reavaliar as especificações brasileiras e / ou para desenvolver novas especificações e métodos confirmando a necessidade de precauções no controle estrito de compactação em obras que utilizem a técnica de reciclagem. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil TEORIAS DE COMPACTAÇÃO A compactação pode ser entendida como um processo que visa melhorar as propriedades de um dado material, por meio da compressão do mesmo a partir de uma determinada energia mecânica. Dentre os principais benefícios, em termos de propriedades geotécnicas, adquiridos através do processo de compactação, pode ser citado o aumento da densidade, da resistência ao cisalhamento e da capacidade de suporte, retratada através do CBR. A compactação também reduz o índice de vazios, a permeabilidade, a contração e a compressibilidade (SOUZA JÚNIOR, 2005). Atribui-se a Ralph Proctor (1933) o precursor da técnica de compactação de solos, a partir dos primeiros trabalhos sobre compactação de aterros quando verificou que para uma mesma energia de compactação a massa específica do solo compactado cresce em função do teor de umidade até atingir um valor máximo e depois tende a decrescer. Esse autor propôs a compactação como sendo o resultado da interação de quatro variáveis: massa específica seca do solo, umidade, energia de compactação e tipo de solo. Os pares de valores umidade ótima e massa específica aparente seca máxima são responsáveis pela formação da curva de compactação. Diversos pesquisadores apresentaram teorias em função da capilaridade, lubrificação, viscosidade da água, interação física química e tensões efetivas para explicar qualitativamente a forma geométrica desta curva. Para Proctor, a partir de um determinado teor de umidade a água impede a expulsão do ar, não reduz o atrito e nem influencia no rearranjo das partículas do solo, fazendo com que a compactação não tenha mais eficiência no acréscimo de densidade. Há, portanto, para uma dada energia, uma densidade máxima que é obtida para certo teor de umidade, denominado ótimo (Figura 1), onde se configura uma relação ideal entre água, ar e solo no processo de compactação (SOUZA JÚNIOR, 2005). Figura 1 – Pares de valores de massa específica seca máxima (γsma) e umidade ótima (hótima) Segundo a teoria de Hogentogler (1937) a forma da curva de compactação reflete quatro estágios dependentes: hidratação, lubrificação, inchamento e saturação (Figura 2). 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Figura 2 – Teoria de Hogentogler Na fase hidratação, com o acréscimo de umidade, a água é adsorvida nos grãos do solo formando uma fina camada e reduzindo sua viscosidade. Essa redução de viscosidade diminui o atrito entre os grãos e aumenta a massa específica dos solos. A partir de certa umidade, a camada de água superficial atua como lubrificante, facilitando novos arranjos das partículas durante a compactação, originando um solo mais denso e não saturado. Essa é a fase de lubrificação, que tem maior efeito quando o solo é compactado no teor de umidade ótima. Na fase de inchamento, a umidade encontrase acima do teor ótimo e o acréscimo de água provoca um aumento no volume do solo com o mesmo volume de ar da fase anterior. Esse fenômeno é responsável pela diminuição da densidade. No último estágio, o de saturação, todo o ar é expelido do solo e a curva de compactação se aproxima da curva de saturação igual a 100%. Para Hilf (1656), a resistência à compactação dos solos com teores de umidade no ramo seco se deve às forças de atrito resultantes de forças capilares causadas por meniscos de alta curvatura. Quando o teor de umidade cresce, os meniscos diminuem as suas curvaturas e, conseqüentemente, também são reduzidas as forças capilares, fazendo com que as massas específicas secas aumentem até atingir um valor máximo. Acima do teor de umidade ótima, há uma redução da densidade, que pode ser atribuída à dificuldade de expulsão do ar e aumento da pressão na fase gasosa (ARAÚJO, 1996). A explicação de Lambe (1958) para forma da curva de compactação tem sua base na teoria química coloidal. Resumidamente: quanto maior a energia, maior o grau de dispersão, para o mesmo teor de umidade. Quando ocorre acréscimo de umidade, ocorre maior repulsão entre as partículas, o que permite melhor arranjo entre as mesmas para uma dada quantidade de energia. Ao aumentar essa energia, as partículas tendem a se orientar de uma forma mais paralela possível. Olson (1963) utilizou o conceito da tensão efetiva para explicar a curva de compactação. De acordo com o pesquisador, o solo tem um pequeno número de contatos entre os grãos e baixa resistência ao cisalhamento, quando encontrado no seu estado natural. Com aplicação de um dado esforço de compactação, as partículas deslizam-se uma sobre as outras, aumentando a densidade e a resistência ao cisalhamento desenvolvida entre os pontos de contato dos grãos. Com isso, aumenta-se também a tensão efetiva, que cresce juntamente com a massa específica, conforme a aplicação de novas cargas. Enquanto o solo não adquirir uma resistência ao cisalhamento suficiente para resistir ao esforço de compactação aplicado, ou seja, até atingir o limite da eficiência da compactação, a tensão efetiva continuará aumentando (AQUINO FILHO, 1995). 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil MÉTODOS DE COMPACTAÇÃO EM LABORATÓRIO Os métodos de compactação mais utilizados em laboratório são: compactação dinâmica ou por impacto; compactação por pressão ou estática, compactação por vibração e compactação por pisoteamento ou amassamento. O ensaio de compactação dinâmica ou por impacto, é caracterizado pela queda livre de um peso (soquete) de uma determinada altura sobre a camada de solo compactado em um cilindro de volume conhecido. Este ensaio é conhecido por Proctor e tem grande aplicação nos órgãos rodoviários brasileiros. No ensaio de compactação por pressão ou estática, aplica-se uma pressão uniformemente distribuída sobre o solo em velocidade relativamente pequena. Procura-se reproduzir em laboratório as características dos solos granulares compactados em campo. A compactação por vibração baseia-se na vibração da amostra de solo em um molde cilíndrico, montado numa mesa vibratória. E, finalmente, a compactação por pisoteamento ou amassamento onde são aplicadas sucessivamente altas pressões sobre pequenas áreas da superfície da amostra, com pressões que variam com o tempo, crescendo e decrescendo, de forma cíclica. É indicado para solos coesivos, e não para solos granulares, devido ao efeito de desmanchar os agregados das partículas do solo (WERK, 2000). COMPACTAÇÃO NO CAMPO Segundo Das (2007), além do tipo de solo e do teor de umidade, outros fatores devem ser considerados na compactação no campo, quais sejam: • Espessura da camada; • Intensidade da pressão aplicada pelo equipamento de compactação; • A área sobre a qual a pressão é aplicada. É de conhecimento geral, que para determinado equipamento de compactação, a energia transmitida à massa de solo varia diretamente com o número de passadas e, inversamente, com a espessura da camada compactada. Os equipamentos de compactação usados em reciclagem devem reunir características que permitam que o fundo da camada seja bem densificado para lhe assegurar uma boa resistência à fadiga. Seguindo esta lógica, o Instituto Español Del Cemento y sus Aplicaciones – IECA (1999), recomenda a utilização de rolos com carga estática superior a 300 N/cm² dada a dificuldade de compactação que o material reciclado oferece. Alguns equipamentos como: rolos pé de carneiro, rolos lisos e rolos de pneus podem atingir densidades diferentes para um mesmo número de passadas. Uns podem ser mais adequados para determinadas obras do que outros. No entanto, cabe determinar experimentalmente a combinação ideal dos tipos de equipamentos que irão otimizar o número de passadas para alcançar o grau de compactação desejado. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Por razões de ordem prática, o grau de compactação pode ser expresso como uma porcentagem da densidade de campo em relação à densidade determinada em laboratório por meio do ensaio Proctor. As especificações brasileiras determinam um grau de compactação (GC) mínimo de 100% para execução de base de pavimento. As energias de compactação e os desvios de umidade variam em função do tipo de material como se apresenta na Tabela 1: Tabela 1 – Grau de compactação para diferentes tipos de base de pavimento Material Órgão Norma Energia de Compactação GC (%) Solo estabilizado granulometricamente DNIT DNER ES 303/97 Modificada > 100% Solo brita DER-SP ET-DE-P00/006 A Modificada > 100% Solo cimento DNIT DNER ES 305/97 DNER ME 216/94 Normal > 100% Brita graduada DER-SP ET-DE-P00/008 Modificada > 100% DER-SP ET-DE-P00/009 Intermediária > 100% DER-SP ET-DE-P00/035 Intermediária > 100% Brita graduada tratada com cimento Reciclagem com cimento Desvio de umidade Mínimo = ωótima – 2% Máximo = ωótima + 2% Mínimo = ωótima – 2% Máximo = ωótima + 1% Mínimo = 0,10 ωótima Máximo = 1,10 ωótima Mínimo = ωótima – 2% Máximo = ωótima + 1% Mínimo = ωótima – 2% Máximo = ωótima + 1% Mínimo = ωótima – 2% Máximo = ωótima + 1% Com relação à reciclagem com cimento, a literatura internacional (IECA, 1999; PIARC, 2003 e PCA, 2005) recomendam que a camada reciclada deva ter grau de compactação mínimo de 97% (IECA e PIARC) e 95% (PCA) em relação à densidade de referência. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLUÊNCIA DO COMPACTAÇÃO E NA RESISTÊNCIA DO MATERIAL RECICLADO CIMENTO NA A reciclagem com cimento implica em restrições de tempo, pois à medida que vai se desenvolvendo o processo de hidratação do cimento, começa a se formar certo número de ligações cristalinas dificultando o arranjo das partículas durante a compactação. Por esta razão, a densidade da camada poderá ser menor se não for respeitado o prazo de trabalhabilidade do cimento que é o tempo decorrido entre a mistura do material reciclado com o cimento e o término da compactação. A PCA (2005) recomenda que a compactação deva estar concluída dentro do prazo de duas horas a partir da mistura do cimento para evitar o endurecimento do material não compactado. Rogers (2006) recomenda ainda a remoção e substituição do material, caso o processo de hidratação avance sem que a compactação esteja concluída. Do ponto de vista de resistência, a melhoria das propriedades mecânicas do reciclado poderá ser buscada por meio da seleção de uma composição granulométrica bem graduada, capaz de gerar uma menor quantidade de vazios e uma maior quantidade de pontos de contatos entre grãos e pasta de cimento após sua compactação e cura, maximizando assim os efeitos da hidratação do cimento. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Portanto, quando se adiciona simultaneamente cimento ao material estabilizado granulometricamente e o submete a uma energia de compactação elevada, têm-se uma efetiva melhoria das propriedades físicas e mecânicas do material reciclado. Este recurso permite tirar proveito da sua heterogeneidade e viabilizar seu emprego como camada de pavimento. MATERIAIS E MÉTODOS Material Reciclado O material reciclado, também conhecido como RAP (Reclaimed Asphalt Pavement), foi obtido a partir da desagregação simultânea do revestimento asfáltico e base de solo cimento por uma recicladora de pavimentos. O local escolhido para coleta dos materiais foi num trecho da rodovia SP 563 no município de Andradina/SP. As características físicas desse material encontram-se expressas na Tabela 2, enquanto a distribuição granulométrica está indicada na Figura 3. Tabela 2 – Características físicas do RAP Ensaio de compactação (NBR 7182/84) ωótima γsmáx. Energia (h%) (kN/m³) Modif. 19,25 7,2 Limites de consist. (NBR 6459 e 7180/84) LL LP IP (%) (%) (%) NL NP I.S.C (NBR 9895/86) CBR Exp. (%) (%) - 35 0 Massa esp. grãos (NBR 6508/84) Classificação (AASHTO) 2,57 A.1.b DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA RAP 100 90 80 % Passando 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0 25,40 9,52 Abertura em mm 4,76 1 2,00 0,42 1 0,074 0 ,0 1 Figura 3 – Distribuição granulométrica do RAP Agregados Novos A introdução de agregados novos teve por objetivo atuar como um “corretor granulométrico” do RAP. Utilizou-se para este fim pedra britada obtida por processos convencionais de crivagem da rocha de basalto. Foram utilizados agregados provenientes de uma pedreira comercial localizada na região de Andradina, recebendo a denominação comercial de Pedrisco. A Figura 4 apresenta a distribuição granulométrica do pedrisco, enquanto a Figura 5 mostra a granulometria gerada pela combinação do RAP e do agregado. O objetivo dessa composição foi a 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil de enquadrar a mistura na faixa “C” do DNIT para solos estabilizados granulometricamente (DNER ES 303/97). DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA MISTURA RECICLADA 100 100 90 90 80 80 70 70 % Passando 60 50 40 30 FAIXA C DNIT 60 50 40 30 20 20 10 10 0 Figura 4 – Distribuição granulométrica do pedrisco 1 Abertura em mm 25,40 1 9,52 0 0 4,76 25,40 9,52 Abertura em mm 4,76 1 2,00 0,42 0,074 1 0,42 0 ,0 1 0 ,0 1 2,00 0 0,074 % Passando PEDRISCO Figura 5 – Distribuição granulométrica da mistura reciclada Cimento Utilizou-se o cimento CP II E 32 para estabilizar o solo pesquisado. A escolha deste cimento foi determinada pela disponibilidade desse ligante no comércio de Campinas. De acordo com a NBR 11578/91, o cimento CP II E 32 é um cimento composto por clínquer e gesso (56 a 94%), escória de alto forno (6 a 34%) e material carbonático (0 a 10%). Método O programa experimental foi desenvolvido a partir das etapas descritas abaixo: ¾ Etapa 1:Mistura dos materiais nas seguintes proporções (em massa): 77% RAP + 20% Agregado + 3% cimento; ¾ Etapa 2: Ensaio de compactação na energia Modificada; ¾ Etapa 3: Moldagem dos corpos-de-prova (CP’s) em moldes cilíndricos com diâmetro ( Ø ) igual a 10 cm e altura ( h ) = 20 cm; ¾ Etapa 4: Rompimento dos CP’s por compressão simples e diametral com sete dias de idade. Ensaio de Compactação O ensaio de compactação do material (mistura do RAP com agregado e cimento) foi realizado na energia modificada para fins de determinação da massa específica aparente seca máxima (γsmáx) e da umidade ótima (ωot), conforme descrito na norma NBR 7182/86. Empregou-se o cilindro CBR e o método de compactação dinâmico. O material foi compactado em cinco camadas iguais, aplicando-se 55 golpes por camada com um soquete de massa igual 4,54 kg caindo da altura de 45,72 cm. Os parâmetros ótimos (γsmáx e ωot) obtidos no ensaio de compactação são apresentados na Tabela 3: 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil 0 0 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Tabela 3 – Resultados do ensaio de compactação Teor de cimento (%) 3 ABNT NBR 7182/86 ωot (%) γsmáx (kN/m³) 20,63 6,6 Moldagem e cura dos corpos de prova Com os parâmetros (γsmáx e ωot) obtidos no ensaio de compactação, procedeu-se a moldagem dos corpos-de-prova em moldes cilíndricos (Ø = 10 cm e h = 20 cm). Os CP’s foram confeccionados por meio de compactação por pressão fixando-se previamente o grau de compactação a ser atingido (90, 92, 95, 97 e 100%) para umidade ótima variando ± 1% (5,6; 6,6 e 7,6%). O material foi colocado no molde em 5 camadas e em cada uma aplicou-se uma carga estática, por intermédio de uma prensa hidráulica durante um certo tempo. A massa de material foi previamente calculada para que a operação fosse finalizada quando o CP atingisse a altura efetiva de 20 cm. Desta forma foi possível atingir a massa específica aparente desejada. Foi moldado um total de 270 corpos de prova (Tabela 4) sendo curados em câmara úmida à temperatura de 22 ˚C e umidade relativa do ar em torno de 96%, respeitando-se o prazo de sete dias para seu rompimento (NBR 12024/92). Tabela 4 – Discriminação do número total CP’s ensaiados N ° de graus de N° de teores compactação umidade Resistência a compressão simples 5 3 Resistência a tração por compressão diametral 5 3 N° total de corpos-de-prova (CP’s) ensaiados Ensaio N° de CP’s 9 9 Total de CP’s 135 135 270 Os resultados de resistência à compressão simples e tração por compressão diametral foram tabulados para obtenção da média aritmética e desvio padrão (SD) dos valores obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 5 apresenta os valores de resistência à compressão simples (RCS) fazendo-se variar os teores de umidade e os graus de compactação. A Figura 6 ilustra a variação dos valores médios de RCS em função dos graus de compactação. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Tabela 5 – Resultados obtidos no ensaio de resistência a compressão simples Grau de Umidade γsmáx (kN/m³) Compactação (ω) 18,57 90% 18,98 92% 19,6 95% 20,01 97% 20,63 100% Compressão Simples (Mpa) CP 1 CP 2 CP 3 CP 4 CP 5 CP 6 CP 7 CP 8 CP 9 Média SD 5,6% 0,70 0,72 0,74 0,77 0,68 0,57 0,88 0,66 0,75 0,72 0,08 6,6% 0,77 0,83 0,71 0,63 0,84 0,80 0,77 0,79 0,80 0,77 0,06 7,6% 0,963 1,031 0,881 0,87 1,00 1,03 0,82 1,12 0,90 0,96 0,10 5,6% 1,079 1,017 1,106 0,89 1,28 1,19 1,00 1,04 1,00 1,07 0,12 6,6% 1,20 1,31 1,26 1,09 1,34 1,30 1,25 1,28 1,29 1,26 0,08 7,6% 1,43 1,17 1,15 1,35 1,17 1,19 1,20 1,45 1,15 1,25 0,12 5,6% 1,44 0,94 0,91 1,08 1,04 1,13 1,02 1,22 1,09 1,10 0,16 6,6% 1,49 1,81 1,60 1,55 1,90 1,70 1,56 1,61 1,69 1,66 0,13 7,6% 1,21 1,48 1,31 1,15 1,29 1,22 1,55 1,44 1,36 1,33 0,13 5,6% 1,67 1,69 1,61 1,87 1,47 1,55 1,59 1,60 1,88 1,66 0,14 6,6% 1,73 1,82 1,52 1,64 1,61 1,76 1,64 1,38 1,73 1,65 0,14 7,6% 2,01 2,19 2,20 2,21 2,37 2,01 2,09 2,23 1,89 2,13 0,15 5,6% 1,53 1,60 1,82 1,73 1,63 1,66 1,76 1,58 1,54 1,65 0,10 6,6% 1,79 1,57 1,81 1,61 1,64 1,69 1,68 2,01 1,52 1,70 0,15 7,6% 2,40 2,36 2,07 2,31 2,10 2,67 2,28 2,23 2,06 2,28 0,20 Resistência a compressão x Grau de Compactação 2,50 R.C.S (MPa) 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 90% 92% 95% 97% 100% Grau de compactação (%) h= 5,6% h=6,6% h=7,6% Figura 6 – Variação dos valores médios de RCS em função do grau de compactação A Tabela 6 apresenta os valores de resistência à tração por compressão diametral (RCD) fazendo-se variar os teores de umidade e os graus de compactação. A Figura 7 ilustra a variação dos valores médios de RCD em função do grau de compactação. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Tabela 6 – Resultados obtidos no ensaio de resistência a tração por compressão diametral Grau de Umidade γsmáx. (kN/m³) Compactação (ω) 18,57 90% 18,98 92% 19,6 95% 20,01 97% 20,63 100% Tração por Compressão Diametral (Mpa) CP 1 CP 2 CP 3 CP 4 CP 5 CP 6 CP 7 CP 8 CP 9 Média SD 5,6% 0,11 0,10 0,10 0,11 0,10 0,10 0,08 0,17 0,07 0,10 0,03 6,6% 0,12 0,15 0,14 0,14 0,11 0,12 0,14 0,15 0,15 0,13 0,02 7,6% 0,14 0,13 0,15 0,17 0,16 0,21 0,15 0,004 0,13 0,14 0,06 5,6% 0,14 0,16 0,14 0,21 0,15 0,16 0,06 0,11 0,17 0,14 0,04 6,6% 0,22 0,22 0,21 0,21 0,23 0,23 0,22 0,22 0,21 0,22 0,01 7,6% 0,24 0,27 0,25 0,23 0,20 0,25 0,36 0,36 0,11 0,25 0,08 5,6% 0,25 0,29 0,26 0,22 0,29 0,28 0,24 0,14 0,41 0,26 0,07 6,6% 0,25 0,27 0,28 0,26 0,27 0,26 0,27 0,26 0,28 0,27 0,01 7,6% 0,36 0,29 0,30 0,37 0,17 0,40 0,32 0,39 0,27 0,32 0,07 5,6% 0,34 0,36 0,31 0,44 0,39 0,30 0,25 0,40 0,24 0,34 0,07 6,6% 0,23 0,28 0,31 0,27 0,22 0,31 0,30 0,28 0,25 0,27 0,03 7,6% 0,43 0,33 0,32 0,38 0,40 0,29 0,35 0,31 0,44 0,36 0,05 5,6% 0,43 0,43 0,34 0,55 0,33 0,35 0,38 0,48 0,32 0,40 0,08 6,6% 0,29 0,29 0,34 0,31 0,32 0,27 0,34 0,30 0,30 0,31 0,02 7,6% 0,43 0,47 0,43 0,43 0,46 0,51 0,41 0,42 0,45 0,45 0,03 Resistência a tração x Grau de Compactação 0,50 R.T.D (MPa) 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 90% 92% 95% 97% 100% Grau de compactação (%) h= 5,6% h=6,6% h=7,6% Figura 7 – Variação dos valores médios de RCD em função do grau de compactação As Figuras 8 e 9 apresentam, respectivamente, a correlação obtida entre RCS e RCD em relação à massa específica aparente seca, enquanto a Figura 10 ilustra a correlação entre RCS e RCD. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Densidade x Resistência a Tração 0,40 2,12 1,72 1,32 y = 0,3605x - 5,6445 R2 = 0,6149 0,92 0,52 18,00 Resistência a Tração (Mpa) Resistência a Compressão (MPa) Densidade x Resistência a Com pressão 0,32 y = 0,0554x - 0,8435 R 2 = 0,5784 0,24 0,16 0,08 19,00 20,00 21,00 Massa especifica aparente seca (KN/m³) 18,00 19,00 20,00 21,00 Massa específica aparente seca (KN/m³) Figura 9 – Correlação entre a RCD e massa específica aparente seca (Teor de umidade = 6,6%) Figura 8 – Correlação entre a RCS e massa específica aparente seca (Teor de umidade = 6,6%) Resistência a Tração x Resistência a Compressão Resistência a Tração (MPa) 0,40 0,32 0,24 y = 0,0818e0,735x R2 = 0,8173 0,16 0,08 0,52 0,78 1,04 1,30 1,56 1,82 2,08 Resistência a Compressão (Mpa) Figura 10 – Correlação entre RCS e RCD (Teor de umidade = 6,6%) As Figuras 11 e 12 apresentam a variação das RCS e RCD em função às densidades para o teor de umidade igual a 5,6%. Resistência a Tração (MPa) Densidade x Resistência a Tração h = 5,6% y = 0,0264x + 0,632 R2 = 0,8488 1,20 0,80 0,40 Massa específica aparente seca (KN/m³) Figura 11 – Variação da RCS em função das densidades (teor de umidade = 5,6%) 0,61 y = 0,0078x + 0,0655 0,46 R2 = 0,7312 0,31 0,16 0,01 17 ,7 2 18 ,0 2 17 ,3 3 18 ,1 3 17 ,5 2 18 ,6 9 19 ,0 9 18 ,6 5 19 ,2 2 20 ,2 2 20 ,6 4 20 ,0 1 19 ,7 1 20 ,7 0 20 ,9 2 21 ,0 0 21 ,2 0 21 ,2 5 20 ,0 7 20 ,8 3 21 ,5 5 19 ,7 5 20 ,7 1 1,60 17 ,9 6 17 ,7 5 17 ,8 1 17 ,7 7 18 ,1 7 19 ,4 7 19 ,4 0 21 ,3 0 20 ,5 9 20 ,3 7 20 ,0 4 20 ,3 2 20 ,0 4 20 ,0 8 20 ,8 9 20 ,8 5 20 ,7 7 20 ,8 9 20 ,6 8 20 ,7 9 20 ,6 2 20 ,3 9 20 ,7 8 Resistência a Compressão (Mpa) Densidade x Resistência a Com pressão h = 5,6% 2,00 Massa especifica aparente seca (KN/m³) Figura 12 – Variação da RCD em função das densidades (teor de umidade = 5,6%) A variação das RCS e RCD em função das densidades está ilustrada nas Figuras 13 e 14 quando a umidade de compactação foi de 1% acima da umidade ótima. 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil 2,20 y = 0,8443e0,0256x R2 = 0,8704 1,80 1,40 1,00 0,60 Massa específica aparente seca (KN/m³) Figura 13 – Variação da RCS em função das densidades (teor de umidade = 7,6%) 0,60 y = 0,1043Ln(x) + 0,0153 0,45 R 2 = 0,7312 0,30 0,15 0,00 19 ,1 1 18 ,6 9 19 ,2 0 18 ,8 3 16 ,9 7 19 ,9 3 20 ,3 9 19 ,2 8 20 ,4 8 20 ,8 2 20 ,7 6 21 ,0 0 20 ,3 2 19 ,8 0 21 ,1 8 20 ,3 9 20 ,0 8 21 ,2 6 20 ,2 6 21 ,2 7 20 ,9 0 21 ,6 9 18 ,4 0 2,60 Densidade x Resistência a Tração h = 7,6% Resistência a Tração (MPa) 3,00 18 ,4 6 18 ,3 4 18 ,4 3 18 ,3 0 18 ,2 8 20 ,1 4 20 ,6 3 20 ,4 3 20 ,5 2 20 ,1 4 20 ,2 6 20 ,3 2 20 ,1 7 20 ,1 4 20 ,9 4 20 ,9 0 21 ,8 1 21 ,4 0 19 ,7 0 20 ,9 4 21 ,7 7 19 ,8 3 20 ,3 2 Resistência a Compressão (Mpa) Densidade x Resistência a Com pressão h = 7,6% Massa especifica aparente seca (KN/m³) Figura 14 – Variação da RCD em função das densidades (teor de umidade = 7,6%) Os resultados permitem concluir que a resistência é diretamente proporcional ao grau de compactação da mistura, ou seja, tanta a resistência a tração quanto à compressão apresentaram valores crescentes de resistência à medida que se aumentou o grau de compactação, independentemente do teor de umidade. O fato de adicionar cimento não é garantia de boa resistência se o material não for compactado a ponto de promover um arranjo entre os grãos que assegure a redução de vazios da mistura; Observou-se também que as resistências foram maiores para teores com 1% acima da umidade ótima (7,6%). Com esta umidade foi possível tirar maior proveito da hidratação do cimento do que os outros dois teores (5,6% e 6,6%). Analisando a Figura 10, verifica-se que a variação da relação entre resistência a compressão e tração segue leis de comportamento semelhante à encontrada por Moreira (2006). Quando os corpos de prova são compactados com decréscimo de umidade de 1% em relação à umidade ótima, os valores de resistências a tração e compressão não sofrem variações expressivas para graus de compactação acima de 95%. Verifica-se uma coerência dos resultados pelo acréscimo de resistência com o aumento das densidades, conforme apresentado nas figuras 11, 12, 13 e 14. E finalmente, de acordo com as informações contidas nas figuras 6 e 7, nota-se que as resistências praticamente não sofrem variação quando os CP’s são compactados na umidade ótima com graus de compactação acima de 95%. CONCLUSÕES 9 Os resultados obtidos nesse estudo ratificam a literatura internacional. Não há prejuízo para resistências a compressão e tração quando a camada reciclada é liberada com grau de compactação de 95 e 97%. No entanto outras avaliações deveriam ser realizadas como, por exemplo, medidas de deflexão e determinação do módulo de resiliência para validar os referidos graus de compactação; 04-033 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 – 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil 9 Conforme evidenciado neste estudo, os desvios de umidade admitidos pela norma do DERSP para reciclagem com cimento não comprometem a resistência a tração e compressão para grau de compactação igual 100%. 9 A confecção dos CP’s pelo método de compactação estática permitiu atingir as densidades desejadas como também reduziu a dispersão de valores. Faz-se necessário um estudo comparativo entre compactação dinâmica e a compactação estática, com o interesse de se analisar a influência dos dois tipos de energia na resistência do material; 9 A incorporação de cimento proporciona resultados satisfatórios nos parâmetros de resistência das misturas, especialmente na resistência a tração; 9 Além de estudar a variação do grau de compactação, seria importante estudar nas obras de reciclagem o intervalo de variação das densidades em função das alterações das características do material reciclado “in situ”. O objetivo seria estabelecer uma faixa de valores aceitáveis de densidades e umidades para ser utilizado como referências de laboratório. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a empresa Pavisan Engenharia pelo apoio prestado na realização desta pesquisa e também a equipe de laboratório nas pessoas de Pedro Dias e Gilson Ricardo pela realização dos ensaios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO FILHO G. C. 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