COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Análise de Ensaios de Arrancamento de Chumbadores Executados em Dois Horizontes de Solos Distintos e Com Diferentes Metodologias Executivas Danilo Pacheco e Silva Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, Brasil, [email protected] Benedito de Souza Bueno Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, Brasil, [email protected] Sérgio Barreto de Miranda Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, Brasil, [email protected] RESUMO: Uma das propriedades mais importantes da técnica de solo grampeado é a resistência ao cisalhamento desenvolvida na interface solo-reforço (qs). A quantificação deste parâmetro é extremamente importante para a realização de projetos mais seguros e econômicos. Neste sentido, este trabalho avaliou a influência de diferentes metodologias executivas do chumbador em um perfil de alteração de gnaisse em duas profundidades, ou seja, representando dois horizontes de solo distintos. As informações para o desenvolvimento deste trabalho foram obtidas a partir de um programa experimental realizado em uma obra em Osasco-SP, ou seja, em escala real. Os ensaios de arrancamento foram realizados em chumbadores com 3,0 m de trecho injetado e executados com diferentes metodologias executivas, variando-se o número de injeções (0, 1, 2 e 3) após a execução da bainha (preenchimento da cavidade escavada). Todos os chumbadores foram instrumentados com quatro extensômetros elétricos distribuidos ao longo do trecho injetado. Os ensaios de arrancamento mostraram que as metodologias executivas e, consequentemente, os volumes injetados são fundamentais na melhoria do parâmetro qs. Entretanto, eles estão diretamente relacionados com os tipos dos solos estudados. Ao comparar os resultados para um mesmo tipo de solo verificou-se, de uma maneira geral, um aumento significativo do parâmetro qs, com o aumento no número de injeções. O controle do volume e da pressão de injeção mostrou ser uma importante ferramenta no controle de qualidade de execução dos chumbadores. O monitoramento ao longo do ensaio permitiu analisar os mecanismos de distribuição das cargas e garantir uma maior confiabilidade dos ensaios. Por fim, é apresentada uma proposta de metodologia para a realização do controle de qualidade do chumbador. PALAVRAS-CHAVE: Solo grampeado, ensaios de arrancamento, injeção de calda de cimento e instrumentação. 1 INTRODUÇÃO último. Desta forma, um dos parâmetros mais importante e responsável pelo mecanismo de transferência de esforços e restrição de deslocamento do maciço de solo, durante e após a sua escavação, é a resistência ao cisalhamento desenvolvida na interface entre o reforço e o solo circundante (qs). Como os chumbadores trabalham basicamente à tração, o seu Entre as técnicas de reforço in situ de taludes e escavações a de solo pregado apresenta-se como uma alternativa técnico-econômica viável e em expansão em todo o mundo. A estabilidade desta solução de estabilização, geralmente, é estudada em seu estado limite 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. desempenho está diretamente relacionado com este parâmetro. Existem diversos métodos analíticos e diferentes correlações empíricas e semiempíricas baseadas em ensaios de campo e de laboratório para a previsão da resistência ao cisalhamento de interface, entre os quais: Cartier e Gigan (1983), Bustamante e Doix (1985), Jewell (1990), Clouterre (1991), Heymann et al. (1992), Ortigão e Palmeira (1997) e Proto Silva (2005). Entretanto, como este parâmetro é influenciado por diferentes fatores (variabilidade do solo, método construtivo do chumbador, variação fisica e geométrica do reforço e niveis de tensões atuantes) a sua previsão torna-se, na maioria das situações, imprecisas e conservadoras. Neste sentido, a realização de ensaios de arrancamento in situ é fundamental para a quantificação mais realística deste parâmetro. O valor de qs obtido no ensaio é dependente do diâmetro do furo (φ furo), do comprimento da interface solo-calda de cimento (LS) e da carga máxima (TL) obtida no ensaio. O valor de qs é definido em unidades de tensão, normalmente em kPa (Equação 1). qs = TL π * φfuro * L S solo pregado foi utilizada para conter uma escavação para a implantação de um estabelecimento comercial. O programa experimental foi desenvolvido em um trecho com extensão de 25,0 m extensão e altura constante de 5,30 m. Na região de estudo, a sondagem de simples reconhecimento permitiu identificar três camadas com características geotécnicas distintas. Entre 0 e 1,00 m, identificou-se um aterro de argila arenosa, pouco siltosa, vermelha. A partir desta profundidade, observou-se um perfil de alteração de solo residual de gnaisse. Até a profundidade de 3,0 m, identificou-se uma argila porosa, arenosa, pouco siltosa com NSPT médio igual a 3. Este horizonte de solo é representativo para a terceira linha (L3) de chumbadores teste. Abaixo desta camada e até a profundidade de 5,0 m, representativa para a quinta linha (L5) de chumbadores testes, observou-se um silte arenoso, amarelo e cinza claro. Por fim, até o impenetrável (7,40 m), o subsolo é composto por um solo saprolítico constituído por areia fina, pouco siltosa, com fragmentos de rocha cinza clara. Nas profundidades de interesse coletou-se amostras deformadas e indeformadas de solo que foram submetidas, respectivamente, a ensaios de caracterização geotécnica (Tabela 1) e ensaios de resistência ao cisalhamento, tipo triaxial consolidado e não drenado (CU) e ensaios de cisalhamento direto rápido. As tensões utilizadas foram de 25, 50 e 100 kPa, para confinamento no triaxial e tensão normal no cisalhamento direto (C.D). A Tabela 2 apresenta os parâmetros de resistência obtidos. (1) Foram realizados ensaios de arrancamento em dezoito chumbadores testes construídos em duas profundidades distintas (2,70 m e 4,80 m), que correspondem à terceira linha (L3) e a quinta linha (L5) de chumbadores da obra. Os chumbadores testes foram construídos com diferentes metodologias executivas, variando-se o número, a localização das injeções e o comprimento dos chumbadores. Os ensaios de campo permitiram quantificar o parâmetro qs para cada metodologia executiva permitindo avaliar a melhor forma para executar os chumbadores. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Caracterização Geotécnica do Local 2.2 Execução dos Chumbadores Testes Todos os chumbadores testes foram executados com 4,0 m de comprimento, sendo 3,0 m de trecho injetado e 1,0 m de trecho livre. Utilizouse barras de aço CA-50 de 25 mm de diâmetro e 5,30 m de comprimento. O comprimento excedente (1,30 m) foi previsto para permitir a fixação dos equipamentos necessários para a realização do ensaio de arrancamento. A fim de facilitar os trabalhos de instrumentação e de transporte para as obras, as barras de aço foram divididas em dois segmentos. Para permitir a Os chumbadores testes foram executados em uma obra em Osasco-SP em que a técnica de 2 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. A perfuração foi realizada com perfuratriz manual, utilizando o procedimento de lavagem do furo. O diâmetro médio acabado foi de 76 mm e inclinação média foi de 10º em relação à horizontal. Após o término da perfuração foi então realizado o preenchimento da cavidade escavada (furo) com calda de cimento (bainha), até que a calda de cimento extravasasse limpa pela boca do furo. Este procedimento foi realizado sob o efeito da gravidade (sem pressão), utilizando um tubo removível, e de forma ascendente (do fundo para a boca do furo). As barras de aço, devidamente preparadas, foram então inseridas no furo preenchido com calda de cimento. As injeções foram iniciadas após um intervalo mínimo de 12 horas, obedecendo ao procedimento da obra, de se realizar uma fase de injeção por dia. A bainha foi executada com um traço de calda de cimento, utilizando a relação água/cimento igual a 0,6. Para as injeções, com o objetivo de obter caldas de cimento com maior fluidez, a relação água/cimento foi de 0,7. As caldas foram preparadas em um misturador de alta turbulência, utilizando o cimento Portland tipo CP III-40 RS. Os resultados de ensaios de compressão uniaxial apresentaram valor médio superior a 21 MPa, que se apresenta dentro do valor mínimo estabelecido pelo manual internacional da FHWA (Lazarte et al., 2003). junção das barras em obra, foram confeccionadas roscas centrais e luvas de conexão. Tabela 1. Resultados dos ensaios geotécnicos realizados em laboratório. Propriedade L3 L5 Massa específica dos sólidos 2,649 2,632 (g/cm3) Teor de Argila (%) 44,8 42,5 Teor de Silte (%) 15,2 12,5 Teor de Areia (%) 40,0 45,0 LL (%) 56 54 LP (%) 33 31 Peso Específico (kN/m3) 17,1 19,5 Umidade Natural (%) 31,0 20,3 γd (kN/m3) 13,1 16,2 e 1,02 0,62 n (%) 50,5 38,3 Tabela 2. Parâmetros totais e efetivos de resistência ao cisalhamento. Total Efetiva Local Ensaio c c’ φ' φ (kPa) (°) (kPa) (°) L3 Triaxial 22,9 24,4 18,5 31,5 C.D 12,9 38,8 Triaxial 41,2 23,4 35,5 28,7 L5 C. D 26,8 38,9 - Os chumbadores foram instrumentados, em laboratório, com quatro extensômetros elétricos, alinhados na lateral das barras de aço para reduzir a influência de possíveis momentos fletores. Para a calibração dos sensores, as barras de aço instrumentadas foram carregadas sob tração em estágios crescentes e as leituras verificadas para cada nível de carregamento. A preparação dos chumbadores foi finalizada na obra e realizada de forma especifica para cada metodologia executiva de chumbador. Esta etapa de preparação compreendeu a fixação, junto à barra de aço, de centralizadores e de tubos de injeção de polietileno de 10 mm de diâmetro. Para cada etapa de injeção, foi instalado um tubo correspondente e as válvulas foram distribuídas de forma específica para cada uma das metodologias. Visando garantir a integridade do trecho livre, engraxou-se e instalou-se um obturador composto por uma espuma enrolada. 2.1.1 Metodologias Executivas e Controle de Execução A seguir apresentam-se as metodologias executivas adotadas para a construção dos chumbadores. Metodologia A: chumbador construído somente com a bainha. Metodologias B, C e D: os chumbadores foram construídos inicialmente com a bainha (metodologia A) e com fases posteriores de injeção. Para estas metodologias, foram realizadas, respectivamente, uma, duas e três fases posteriores de injeção. As válvulas de injeção foram dispostas igualmente espaçadas (0,5 m) ao longo de todo o trecho injetado. A Figura 1 ilustra a distribuição e a localização das válvulas de injeção para uma fase de injeção. 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. chumbadores de projeto foram injetados. Figura 1. Localização das válvulas de injeção para os chumbadores construídos com as metodologias B, C e D. Metodologia E: Chumbador construído com a bainha (metodologia A) e mais duas fases posteriores de injeção. As válvulas de injeção foram dispostas de forma localizada. A primeira injeção foi realizada no trecho final do furo com as válvulas espaçadas a cada 0,20 m, enquanto que a segunda injeção foi realizada no restante do trecho injetado, com as válvulas espaçadas a cada 0,5 m. A Figura 2 ilustra a distribuição e a localização das válvulas de injeção para cada uma das injeções. Figura 3. Localização das válvulas de injeção para os chumbadores construídos com a metodologia F. Durante a execução dos chumbadores controlou-se a pressão e o volume da injeção. A pressão máxima de injeção foi de 2,0 MPa e os volumes de injeção nunca foram superiores a 51 litros, ou seja, volume equivalente a uma calda de cimento preparada com um saco de cimento (50 kg) e relação água-cimento igual a 0,7. Este volume foi utilizado como critério de parada, por considerar que maiores volumes de injeção poderiam ser danosos a edificações vizinhas, já que, provavelmente, teriam encontrado algum vazio excessivo no maciço de solo. A Figura 4 apresenta uma vista geral dos chumbadores após a execução. Figura 2. Localização das válvulas de injeção para os chumbadores construídos com a metodologia E. Metodologia F: Chumbador construído com a bainha (metodologia A) e mais três fases posteriores de injeção. A primeira injeção foi realizada de forma localizada no trecho final e as demais, também localizadas, de forma ascendente ao longo do trecho injetado. A Figura 3 apresenta a localização das válvulas de injeção para as diferentes fases de injeção. Foram construídos 18 chumbadores testes, sendo 9 em cada uma das profundidades estudadas. Os chumbadores testes foram construídos entre os chumbadores de projeto da obra. Para evitar a influência das injeções nos chumbadores testes, os chumbadores de projeto foram inicialmente executados somente com a bainha. Somente após a realização dos ensaios de arrancamento dos chumbadores testes, os Figura 4. Vista dos chumbadores testes executados. 2.4 Ensaios de Arrancamento Todos os chumbadores foram ensaiados de maneira similar. A primeira parte dos ensaios consistiu na aplicação de uma pequena carga para garantir um melhor ajuste do sistema de arrancamento. As cargas eram aplicadas ao chumbador por meio de macaco hidráulico, 5,0 kN, de forma que os deslocamentos, devidamente controlados, fossem analisados 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. concomitantemente, já que o sistema de leitura fazia a aquisição automática da célula de carga, dos transdutores de deslocamento e dos extensômetros elétricos. Entre cada estágio de carregamento, aguardava-se o período de tempo necessário para a estabilização dos deslocamentos e das leituras dos extensômetros elétricos. O ensaio de arrancamento foi realizado até atingir a condição de ruptura, definida por uma ruptura frágil (pico) ou uma ruptura plástica (deslocamentos crescentes sem incremento de carga). A Figura 5 apresenta o esquema de montagem e o detalhe dos equipamentos e acessórios utilizados no ensaio Tmáx (kN) Deslocamento (mm) A 55,5 10,9 77,3 F B 68,8 7,6 95,8 F 3 C 101,3 12,4 141,1 F 4 D 125,3 9,5 174,4 F 5 6 D E 89,5 88,9 7,6 7,3 124,6 123,7 F F 7 E - - - - 8 F 77,1 6,0 107,3 F 9 F 82,7 12,6 115,1 F N° Metodologia 1 2 qs (kPa) Modo de Ruptura Tabela 4. Resultados dos ensaios de arrancamento - L4. Tmáx (kN) qs (kPa) Modo de Ruptura 14,2 153,4 P 20,7 212,5 F Deslocamento (mm) N° Metodologia 10 A 110,2 11 B 152,6 12 C 121,5 28,5 169,2 P 13 D 125,0 18,8 174,1 F 14 D 147,9 15,4 205,9 F 15 E 114,8 21,6 159,8 P 16 17 E F 112,0 127,3 24,8 29,4 156,0 177,2 P P 18 F 124,7 21,8 173,6 P A partir dos resultados obtidos foram realizadas análises para a verificação do comportamento do parâmetro qs em função da metodologia executiva e do volume de injeção de calda de cimento. 3.1 Figura 5. Esquema de montagem e detalhe dos equipamentos e acessórios utilizados para realização dos ensaios de arrancamento. 3 Influência da Metodologia Executiva Para poder avaliar e quantificar a influência das diferentes metodologias executivas, as Figuras 6 e 7 apresentam, respectivamente, para as linhas L3 e L5, gráficos comparativos do parâmetro qs, obtidos para as diferentes metodologias executivas. Para facilitar a análise comparativa, os valores percentuais apresentados foram referenciados (100%) em relação aos valores de qs da metodologia A. Das análises comparativas apresentadas nas Figuras 6 e 7 observa-se que, de maneira geral, os valores de qs apresentaram um ganho em relação à metodologia A, tomada como referência. Analisando os resultados obtidos para os chumbadores da L3, verifica-se que os incrementos de qs observados para as metodologias B e C foram, respectivamente, de 24% e 82%. Conforme esperado, o incremento de qs para a metodologia C foi superior às metodologias A e B. RESULTADOS E ANÁLISES As Tabelas 3 e 4 apresentam, respectivamente, para os chumbadores da L3 e L5, o resumo dos resultados dos ensaios de arrancamento realizados nos chumbadores construídos com as diferentes metodologias executivas. São apresentados os principais parâmetros obtidos a partir dos ensaios, que são: carga máxima de ruptura (Tmáx), deslocamento referente à carga máxima, resistência ao cisalhamento de interface solo-reforço (qs) e modo de ruptura, nomeando F para ruptura frágil e P para ruptura plástica. Tabela 3. Resultados dos ensaios de arrancamento - L3. 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. com a metodologia F ficaram abaixo do esperado e superaram apenas os chumbadores executados com as metodologias A e B. O ganho médio desta metodologia foi de 44% e 20%, em relação às metodologias A e B, respectivamente. Para os chumbadores da L5 a faixa de variação do parâmetro qs, para as diferentes metodologias executivas, foi menor quando comparada com a L3, ou seja, a influência do número de injeções foi menos significativa no desempenho dos chumbadores. Em termos absolutos, notou-se que os valores de qs foram superiores aos obtidos para a L3. Esta constatação provavelmente pode ser explicada pelas condições do maciço de solo encontradas no local. Embora as distribuições granulometrias dos solos sejam parecidas, os solos encontrados nas diferentes profundidades estudadas apresentam diferentes estruturas. Os valores crescentes de qs, da L3 para a L5, podem estar relacionados com o maior índice de vazios e porosidade do solo residual jovem da L3. 250 200 226% 150 qs (kPa) 182% 161% 160% 100 149% 139% 124% 100% 50 0 12 4 2 36 47 8 5 69 11 8 12 9 A B C D D E F F Chumbador Figura 6. Análise comparativa entre os valores de qs obtidos para os chumbadores da L3 executados com as diferentes metodologias executivas. 250 139% 134% 200 110% 113% qs (kPa) 100% 104% 102% 115% 113% 150 100 50 0 14 10 16 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 A B C D D E E F F 3.2 Chumbador Figura 7. Análise comparativa entre os valores de qs obtidos para os chumbadores da L5 executados com as diferentes metodologias executivas. Influência do Volume de Injeção Na tentativa de verificar uma tendência de comportamento, os valores de qs e dos volumes de injeção dos chumbadores são apresentados em um mesmo gráfico para as L3 e L5, representados pelas Figuras 8 e 9, respectivamente. apresentados Os valores de qs concomitantemente com os volumes de injeção ajudam a explicar o comportamento dos chumbadores executados com as diferentes metodologias executivas. Para os chumbadores da L3, os maiores incrementos de qs obtidos para os chumbadores 4 (metodologia D) e 3 (metodologia C) são explicados pelos maiores volumes injetados. Entretanto, o desempenho do chumbador 5, executado com a metodologia D, não condiz com o seu volume injetado, de mesma ordem de grandeza dos anteriores. Tal fato pode ser justificado por eventuais ramificações existentes no maciço de solo. Os chumbadores executados com as metodologias C e E (bainha + 2 fases) apresentaram resultados de mesma ordem de grandeza. Enquanto que o chumbador executado com a metodologia C apresentou um incremento de qs de 82%, para a metodologia E, o incremento foi de 60%. Estes resultados mostram uma variação de 22%, que pode ser justificada pelo volume de injeção de calda de cimento. Da mesma forma, também foram verificados comportamentos similares para as metodologias D e F (bainha + 3 fases), com exceção feita ao chumbador 4, executado com a metodologia D. O incremento de qs para este chumbador foi de 126%, muito superior aos demais. Além disso, somente este chumbador apresentou desempenho dentro do esperado, superior às metodologias C e E (bainha + 2 fases). Os valores de qs para os chumbadores executados 6 250 80 40,0 42,0 40,0 200 qs (kPa) 150 40 30,0 10,0 10,0 15,0 0,0 0 100 -40 50 -80 0 Volume de Injeção (L) COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. -120 2 4 6 A B C 7 8 9 11 12 D D E F F Chumbador qs Volume de injeção (L) 250 60 35,0 30,0 30,0 200 30 15,0 10,0 10,0 0,0 qs (kPa) 0,0 0,0 Volume de Injeção (L) Figura 8. Variações de qs e dos volumes de injeção dos chumbadores da L3 para as diferentes metodologias executivas. 150 0 100 -30 50 -60 0 -90 com a metodologia F, foram inexistentes. Desta forma, é justificável a proximidade observada dos valores de qs. Os volumes injetados se apresentaram de forma decrescente da L3 (solo residual jovem) para a L5 (solo saprolítico). Isto significa que a integridade dos chumbadores foi alcançada mais facilmente para os chumbadores da L5. Esta constatação foi confirmada pelos menores e até mesmo inexistentes incrementos no parâmetro qs para os chumbadores executados com números crescentes de injeções. A partir das análises apresentadas, verificouse, quantitativamente para a L3, a interdependência entre o parâmetro qs e o volume de injeção. Para facilitar futuras análises comparativas, foi realizada uma análise adicional para esta linha (L3). Foi atribuído um fator adimensional “V”, que representa a relação entre o volume injetado e o volume da cavidade escavada. A Figura 10 apresenta uma correlação entre os dois parâmetros (qs x Fator V). 250 14 16 18 19 20 21 22 23 24 A B C D D E E F F 200 Chumbador qs 150 C qs (kPa) Figura 9. Variações de qs e dos volumes de injeção dos chumbadores da L5 para as diferentes metodologias executivas. D y = 21,275x + 83,393 R2 = 0,7765 Volume de injeção (L) F E F D 100 B A 50 Em termos comparativos, o desempenho do chumbador E, mencionado anteriormente, também pode ser justificado pelo volume de calda de cimento injetado para a sua execução. A Figura 8 também explica o rendimento abaixo do esperado dos chumbadores 8 e 9, executados com a metodologia F. Embora estes chumbadores tenham sido construídos com 3 fases de injeção, o volume que fora injetado está muito próximo do chumbador 2, executado com a metodologia B. Este fato justifica a proximidade destes resultados. Os resultados da L5 não apresentaram o mesmo padrão da L3. Observa-se que, de uma maneira geral, os volumes injetados para os chumbadores executados com as metodologias D e E foram menores que nas linhas anteriores, enquanto para os dois chumbadores executados 0 0,0 1,0 2,0 3,0 Fator V Figura 10. Valores de qs x Fator V para os chumbadores da L3 executados com as diferentes metodologias executivas. O ajuste linear apresentado na Figura 10, apresentou valor de R² aceitável, considerandose o pequeno espaço amostral e as variabilidades inerentes às metodologias executivas adotadas para a construção dos chumbadores. Considerando-se o ajuste para um volume de injeção igual a zero, representativo da metodologia A (bainha), o valor de qs pode ser representado por 83,4 kPa. Este valor é superior ao mínimo sugerido pela 7 4,0 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. GeoRio (1999) de 60 kPa. O valor de qs obtido para a metodologia A, foi de 69,6 kPa. Como o valor advindo do ajuste é de 83,4 kPa, obteve-se assim uma variação aproximada de 20% para a metodologia A. Acredita-se que, com esses valores, o resultado obtido para a metodologia A está um pouco aquém do estimado pela equação ajustada, mas dentro de uma faixa aceitável, que valida esta equação. Os resultados obtidos mostram que a determinação do volume de injeção é uma excelente opção no controle de qualidade de execução do chumbador. comprimento do chumbador foi mobilizado durante a realização do ensaio. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer a Escola de Engenharia de São Carlos - USP pela oportunidade de desenvolver esta pesquisa e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão de bolsa de estudos para o primeiro autor e de Auxílio à Pesquisa para o segundo Autor. REFERÊNCIAS 3.3 Resultado da Instrumentação Bustamante, M. e Doix, B. (1985) Une Méthode Pour le Calcul des Tirants et dês Micropieux Injectées. Bulletin de Liaison des Laboratoire des Ponts et Chaussées, Paris, n. 140 (Nov/Dec), pp. 75-92. Cartier, G. e Gigan, J.P. (1983) Experiments and Observations on Soil Nailing Structures. In: 8th European Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering, Proceedings, Finland, p. 473-476. Clouterre. (1991) Recommandations Clouterre Project National Clouterre, Presses de 1’ENPC, Paris, 269p. GeoRio (1999). Manual Técnico de Encostas: Ancoragem e Grampos. Fundação GeoRio, 184p. Heymann, G., Rohde, A.W., Schwartz, K. e Friedlaender, E. (1992) Soil Nail Pull Out Resistance in Residual Soils. In: International Symposium on Earth Reinforcement Practice, Proceedings, Fukuoka/kyushu/Japan, vol.1, p.487-492. Jewell, R.A. (1990) Review of Theoretical Models for Soil Nailing. In: Internacional Reinforced Soil Conference, Glasgow, pp.265-275. Lazarte, C. A., Elias, V., Espinoza, R. D. e Sabatini, P. J. (2003) Soil nail walls. In: Report FHWA0-IF-03-017, Geotechnical Engineering Circular n. 7, U.S. Department of Transportation, Federal Highway Administration, Washington, DC, USA, March. Ortigão, J. A. R. e Palmeira, (1997) Optimised design for soil nailed walls. In: Proceedings of the 3rd International Conference on Ground Improvement Geosystems (GIGS), pp. 368-374, London, UK, June. Edited by M.C.R. Davies, F. Schlosser, Ground Improvement Geosystems, Thomas Telford, London, UK. Proto Silva, T. (2005). Resistência ao Arrancamento de Grampos em Solo Residual de Gnaisse. Rio de Janeiro, 128p. Dissertação de Mestrado, PUC- Rio de Janeiro. A utilização de extensômetros elétricos ao longo do comprimento das barras de aço permitiu verificar a distribuição dos carregamentos durante a realização do ensaio. Os dados advindos da instrumentação proporcionaram uma maior previsão e confiabilidade dos resultados. A partir da similaridade dos comportamentos observados, é apresentada uma curvas típica (Figura 11). São apresentadas curvas com quatro níveis de carregamento em relação à carga de ruptura (25, 50, 75 e 100%). 100,0 90,0 Carga (kN) 80,0 70,0 100% 60,0 75% 50% 50,0 25% 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 0 1 2 3 4 Comprimento do Reforço (m) Figura 11. Distribuição de carga ao longo do comprimento do chumbador em percentagem em relação à carga de ruptura. A partir da Figura 11, observa-se que como arrancamento ocorre no contato solo-reforço, a mobilização da resistência é gradual, ou seja, da cabeça em direção à parte interna do chumbador. Nota-se uma distribuição triangular das cargas ao longo da barra e que todo o 8