INFÂNCIA
Apresentação: Marta Modas
Grupo de Estudos do Trauma
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Tópicos do artigo Infancy And Early Childhood :
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Introdução
1) Prevalência da exposição ao trauma psicológico
2) Consequências da exposição ao trauma psicológico
3) Tratamento focado no Trauma
Conclusão
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Primeira Infância e Infância (0-5 anos) - Introdução
Período que envolve um rápido desenvolvimento biológico, cognitivo, emocional
e social - observa-se:
-Aumento do peso do cérebro;
-Continuação do desenvolvimento do hipocampo e do córtex;
-Maturação do sistema de resposta hormonal ao stress;
-Desenvolvimento concomitante do cérebro e de tarefas desenvolvimentais
(capacidade de auto-regulação, relação com os outros, aprendizagem).
Todos estes processos se desenrolam no contexto de interacção da criança
com os prestadores de cuidados e o ambiente, e são profundamente afectados
pela experiência do trauma psicológico.
Os bebés e as crianças são um grupo de alto risco no desenvolvimento de
perturbações ao nível da saúde mental quando o trauma psicológico faz parte
do seu ambiente. Porquê?
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Porque nas crianças ainda não está totalmente desenvolvida a capacidade de
gerir as suas próprias emoções e de ter as suas próprias estratégias de
coping.
Como lidam as crianças com o trauma psicológico?
Recorrem a figuras de vinculação numa procura de protecção e segurança.
Quando os adultos não são capazes de dar o suporte de que a criança
precisa, há um comprometimento da relação, e logo, da saúde mental e do
desenvolvimento da própria criança.
1)
Prevalência da Exposição ao Trauma Psicológico
Nos EUA, a exposição directa ou indirecta das crianças até 5 anos de idade a
traumas psicológicos existe em elevado nível e está associada a outros
factores de risco, p.e., pobreza.
Tal é confirmado em diversos estudos realizados sobre os temas de:
-Violência doméstica
-Maus-tratos na infância
-Violência na comunidade
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2) Consequências da exposição ao Trauma Psicológico
Conclusões principais dos vários estudos realizados nos últimos 20 anos
(com diferentes populações de crianças, metodologias e traumas
psicológicos):
-O trauma psicológico tem o potencial de perturbar o desenvolvimento da
criança pequena, interferindo na sua capacidade de alcançar com sucesso
as etapas e desafios do seu desenvolvimento precoce e afecta o decorrer do
desenvolvimento a longo termo;
-Para compreender como o trauma psicológico pode afectar a trajectória do
desenvolvimento das crianças é preciso adoptar uma grelha de análise
transaccional e ecológica do desenvolvimento. Tal implica o estudo do
evento em si mesmo, mas também o estudo da inter-relação complexa entre
os factores de risco e os de protecção, tal como o conhecimento dos
parâmetros de desenvolvimento da criança.
Factores de risco: pobreza, isolamento, pais com problemas psiquiátricos,
ou aditivos.
Factores de risco de trauma psicológico: violência doméstica e abuso
sexual.
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Factores protectores: prestadores de cuidados capazes de dar resposta
às necessidades da criança e capazes de criar uma relação positiva com
ela, o que promove o seu saudável crescimento e desenvolvimento.
Os autores reforçam a importância da relação prestadores de cuidadoscriança, pois, é com base nela que a criança molda as suas crenças
acerca de si própria, dos outros e do mundo.
As múltiplas interacções transaccionais entre a criança, os prestadores de
cuidados e o ambiente, permitem à criança pequena responder às
questões fundamentais “Estou segura?”, “Sou amada?”, “Sou capaz?”.
A forma como o Trauma Psicológico interfere negativamente no
desenvolvimento da criança depende de vários factores que devem ser
analisados no seu todo e na sua interacção:
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Magnitude do trauma
Temperamento da criança
Capacidades emergentes da criança de regular emoções
Habilidade dos prestadores de cuidados para regular emoções face à
magnitude do trauma e a sua própria história
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Capacidade dos prestadores de cuidados para responder à criança e
restabelecer segurança
Resposta da comunidade e/ou do grupo cultural.
No artigo são apresentados vários casos clínicos a partir dos quais se
conclui:
Na criança, as respostas ao trauma psicológico não são estáticas, podem
alterar-se com o passar do tempo, com as transições de desenvolvimento
da criança e com as mudanças nas circunstâncias familiares e exteriores
(mudança de casa, de jardim de infância, de cidade, etc.).
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As respostas dos prestadores de cuidados podem variar em função da
reacção da criança.
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As crianças pequenas após exposição a trauma psicológico podem exibir
sintomas de Perturbação de Pós-stress Traumático que, em alguns casos,
não fazem parte do diagnóstico do DSM IV.
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A violência doméstica desencadeia sintomas de PPST nas crianças até
à idade pré-escolar, tem consequências a longo termo e é preditora de
problemas de comportamento aos 6 anos.
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Quando a criança não apresenta sintomas é importante diferenciar
resiliência vs sintomas ocultos.
1.
2.
Os problemas podem não ser identificados pelas seguintes razões:
Prestadores de cuidados falham na identificação dos sintomas da
criança (pais com PPST ou em processo de negação; comportamentos
da criança difíceis de identificar, ou, mal interpretados como sendo
variações do desenvolvimento normal);
O comportamento das crianças depende do contexto em que elas
estão. Assim, o comportamento perturbado da criança e relacionado
com o trauma pode não se revelar se ela se sente num ambiente seguro.
O seu comportamento pode alterar-se repentinamente quando o trauma
é abordado ou quando ela se sente insegura num ambiente.
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Na presença de factores de stress ou de factores que recordam a
experiência traumática, as crianças traumatizadas que parecem ter poucos
sintomas podem exibir comportamentos que revelam que os seus corpos
em particular recordam o trauma psicológico que foi vivido.
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Na experiência traumática a função do prestador de cuidados e a qualidade
da relação com a criança são preditores relevantes no funcionamento da
criança e/ou do prestador de cuidados. O bebé, ou a criança pequena,
pode internalizar os sintomas da mãe e manifestá-los no seu
comportamento.
3) Tratamento focado no Trauma
Psicoterapia Pais-Criança
Modelo flexível de intervenção terapêutica adequado para traumas
psicológicos sofridos por crianças entre os 0-6 anos e que inclui a presença
do prestador de cuidados.
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O foco desta terapia é o trauma experienciado pela criança, pelo
prestador de cuidados, ou por ambos. Também são tidos em conta outros
factores contextuais que possam afectar a relação (nível cultural,
económico).
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Nesta Terapia examina-se o impacto do trauma psicológico e da história
relacional do prestador de cuidados na relação com a criança e no
desenvolvimento desta.
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Objectivo central: dar suporte e fortalecer a relação entre a criança e o
prestador de cuidados.
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A díade é a unidade do tratamento. Desta forma, na maioria dos casos, a
criança e prestador de cuidados estão presentes nas sessões terapêuticas.
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O Plano de Tratamento é construído de acordo com as necessidades
únicas daquela família e com a natureza complexa das respostas da
criança e da família ao trauma.
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As metas da intervenção incluem trabalhar as más representações de si e
dos outros, tanto da criança como do prestador de cuidados, e também
interacções e comportamentos que interferem na saúde mental da criança.
Ao longo do tratamento ambos são orientados a criar uma narrativa
conjunta do evento traumático e a identificar os desencadeadores
traumáticos que levaram a comportamentos desregulados e reforçaram as
expectativas mútuas traumáticas, colocando a experiência traumática em
destaque.
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Estudos realizados confirmam a eficácia deste modelo terapêutico:
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Em situações de trauma psicológico múltiplo e crónico vivido por crianças
e/ou pais incluindo maltrato e exposição a violência doméstica;
Na redução de sintomas gerais e específicos da PPST;
No reforço da relação de vinculação prestador de cuidados-criança;
Na melhoria das representações da criança sobre si mesma, os seus
prestadores de cuidados e as suas relações.
Conclusão
Os autores salientam aspectos já referidos ao longo do artigo:
• A elevada prevalência de trauma psicológico nos primeiros 5 anos de vida;
• A influência do trauma psicológico na trajectória do desenvolvimento da
criança.
• A importância da qualidade da relação prestadores de cuidados-criança
para o desenvolvimento saudável das crianças e para uma resposta
adequada ao trauma.
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• Referência Bibliográfica:
Ippen, C. G., Lieberman, A. F. (2008). Infancy and Early
Childhood. In G. Reyes, J.D.Elhai, J.D. Ford, The Encyclopedia
of Psychological Trauma (pp.345-353). New Jersey: Wiley
Apresentação:
• Marta Modas - [email protected]
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