INFÂNCIA Apresentação: Marta Modas Grupo de Estudos do Trauma • Tópicos do artigo Infancy And Early Childhood : • • • • • Introdução 1) Prevalência da exposição ao trauma psicológico 2) Consequências da exposição ao trauma psicológico 3) Tratamento focado no Trauma Conclusão Marta Modas - Fev 09 2 • Primeira Infância e Infância (0-5 anos) - Introdução Período que envolve um rápido desenvolvimento biológico, cognitivo, emocional e social - observa-se: -Aumento do peso do cérebro; -Continuação do desenvolvimento do hipocampo e do córtex; -Maturação do sistema de resposta hormonal ao stress; -Desenvolvimento concomitante do cérebro e de tarefas desenvolvimentais (capacidade de auto-regulação, relação com os outros, aprendizagem). Todos estes processos se desenrolam no contexto de interacção da criança com os prestadores de cuidados e o ambiente, e são profundamente afectados pela experiência do trauma psicológico. Os bebés e as crianças são um grupo de alto risco no desenvolvimento de perturbações ao nível da saúde mental quando o trauma psicológico faz parte do seu ambiente. Porquê? Marta Modas - Fev 09 3 Porque nas crianças ainda não está totalmente desenvolvida a capacidade de gerir as suas próprias emoções e de ter as suas próprias estratégias de coping. Como lidam as crianças com o trauma psicológico? Recorrem a figuras de vinculação numa procura de protecção e segurança. Quando os adultos não são capazes de dar o suporte de que a criança precisa, há um comprometimento da relação, e logo, da saúde mental e do desenvolvimento da própria criança. 1) Prevalência da Exposição ao Trauma Psicológico Nos EUA, a exposição directa ou indirecta das crianças até 5 anos de idade a traumas psicológicos existe em elevado nível e está associada a outros factores de risco, p.e., pobreza. Tal é confirmado em diversos estudos realizados sobre os temas de: -Violência doméstica -Maus-tratos na infância -Violência na comunidade Marta Modas - Fev 09 4 2) Consequências da exposição ao Trauma Psicológico Conclusões principais dos vários estudos realizados nos últimos 20 anos (com diferentes populações de crianças, metodologias e traumas psicológicos): -O trauma psicológico tem o potencial de perturbar o desenvolvimento da criança pequena, interferindo na sua capacidade de alcançar com sucesso as etapas e desafios do seu desenvolvimento precoce e afecta o decorrer do desenvolvimento a longo termo; -Para compreender como o trauma psicológico pode afectar a trajectória do desenvolvimento das crianças é preciso adoptar uma grelha de análise transaccional e ecológica do desenvolvimento. Tal implica o estudo do evento em si mesmo, mas também o estudo da inter-relação complexa entre os factores de risco e os de protecção, tal como o conhecimento dos parâmetros de desenvolvimento da criança. Factores de risco: pobreza, isolamento, pais com problemas psiquiátricos, ou aditivos. Factores de risco de trauma psicológico: violência doméstica e abuso sexual. Marta Modas - Fev 09 5 Factores protectores: prestadores de cuidados capazes de dar resposta às necessidades da criança e capazes de criar uma relação positiva com ela, o que promove o seu saudável crescimento e desenvolvimento. Os autores reforçam a importância da relação prestadores de cuidadoscriança, pois, é com base nela que a criança molda as suas crenças acerca de si própria, dos outros e do mundo. As múltiplas interacções transaccionais entre a criança, os prestadores de cuidados e o ambiente, permitem à criança pequena responder às questões fundamentais “Estou segura?”, “Sou amada?”, “Sou capaz?”. A forma como o Trauma Psicológico interfere negativamente no desenvolvimento da criança depende de vários factores que devem ser analisados no seu todo e na sua interacção: • • • • Magnitude do trauma Temperamento da criança Capacidades emergentes da criança de regular emoções Habilidade dos prestadores de cuidados para regular emoções face à magnitude do trauma e a sua própria história Marta Modas - Fev 09 6 • • • Capacidade dos prestadores de cuidados para responder à criança e restabelecer segurança Resposta da comunidade e/ou do grupo cultural. No artigo são apresentados vários casos clínicos a partir dos quais se conclui: Na criança, as respostas ao trauma psicológico não são estáticas, podem alterar-se com o passar do tempo, com as transições de desenvolvimento da criança e com as mudanças nas circunstâncias familiares e exteriores (mudança de casa, de jardim de infância, de cidade, etc.). • As respostas dos prestadores de cuidados podem variar em função da reacção da criança. • As crianças pequenas após exposição a trauma psicológico podem exibir sintomas de Perturbação de Pós-stress Traumático que, em alguns casos, não fazem parte do diagnóstico do DSM IV. Marta Modas - Fev 09 7 • A violência doméstica desencadeia sintomas de PPST nas crianças até à idade pré-escolar, tem consequências a longo termo e é preditora de problemas de comportamento aos 6 anos. • Quando a criança não apresenta sintomas é importante diferenciar resiliência vs sintomas ocultos. 1. 2. Os problemas podem não ser identificados pelas seguintes razões: Prestadores de cuidados falham na identificação dos sintomas da criança (pais com PPST ou em processo de negação; comportamentos da criança difíceis de identificar, ou, mal interpretados como sendo variações do desenvolvimento normal); O comportamento das crianças depende do contexto em que elas estão. Assim, o comportamento perturbado da criança e relacionado com o trauma pode não se revelar se ela se sente num ambiente seguro. O seu comportamento pode alterar-se repentinamente quando o trauma é abordado ou quando ela se sente insegura num ambiente. Marta Modas - Fev 09 8 • Na presença de factores de stress ou de factores que recordam a experiência traumática, as crianças traumatizadas que parecem ter poucos sintomas podem exibir comportamentos que revelam que os seus corpos em particular recordam o trauma psicológico que foi vivido. • Na experiência traumática a função do prestador de cuidados e a qualidade da relação com a criança são preditores relevantes no funcionamento da criança e/ou do prestador de cuidados. O bebé, ou a criança pequena, pode internalizar os sintomas da mãe e manifestá-los no seu comportamento. 3) Tratamento focado no Trauma Psicoterapia Pais-Criança Modelo flexível de intervenção terapêutica adequado para traumas psicológicos sofridos por crianças entre os 0-6 anos e que inclui a presença do prestador de cuidados. • O foco desta terapia é o trauma experienciado pela criança, pelo prestador de cuidados, ou por ambos. Também são tidos em conta outros factores contextuais que possam afectar a relação (nível cultural, económico). Marta Modas - Fev 09 9 • Nesta Terapia examina-se o impacto do trauma psicológico e da história relacional do prestador de cuidados na relação com a criança e no desenvolvimento desta. • Objectivo central: dar suporte e fortalecer a relação entre a criança e o prestador de cuidados. • A díade é a unidade do tratamento. Desta forma, na maioria dos casos, a criança e prestador de cuidados estão presentes nas sessões terapêuticas. • O Plano de Tratamento é construído de acordo com as necessidades únicas daquela família e com a natureza complexa das respostas da criança e da família ao trauma. • As metas da intervenção incluem trabalhar as más representações de si e dos outros, tanto da criança como do prestador de cuidados, e também interacções e comportamentos que interferem na saúde mental da criança. Ao longo do tratamento ambos são orientados a criar uma narrativa conjunta do evento traumático e a identificar os desencadeadores traumáticos que levaram a comportamentos desregulados e reforçaram as expectativas mútuas traumáticas, colocando a experiência traumática em destaque. Marta Modas - Fev 09 10 Estudos realizados confirmam a eficácia deste modelo terapêutico: • • • • Em situações de trauma psicológico múltiplo e crónico vivido por crianças e/ou pais incluindo maltrato e exposição a violência doméstica; Na redução de sintomas gerais e específicos da PPST; No reforço da relação de vinculação prestador de cuidados-criança; Na melhoria das representações da criança sobre si mesma, os seus prestadores de cuidados e as suas relações. Conclusão Os autores salientam aspectos já referidos ao longo do artigo: • A elevada prevalência de trauma psicológico nos primeiros 5 anos de vida; • A influência do trauma psicológico na trajectória do desenvolvimento da criança. • A importância da qualidade da relação prestadores de cuidados-criança para o desenvolvimento saudável das crianças e para uma resposta adequada ao trauma. Marta Modas - Fev 09 11 • Referência Bibliográfica: Ippen, C. G., Lieberman, A. F. (2008). Infancy and Early Childhood. In G. Reyes, J.D.Elhai, J.D. Ford, The Encyclopedia of Psychological Trauma (pp.345-353). New Jersey: Wiley Apresentação: • Marta Modas - [email protected] Grupo de Estudos do Trauma Marta Modas - Fev 09 12