UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL WASHINGTON BASTOS DA SILVA FILHO COMPATIBILIZAÇÃO E ENGENHARIA SIMULTANEA NO PROCESSO DE PROJETOS DE ENGENHARIA CIVIL FORTALEZA 2010 ii WASHINGTON BASTOS DA SILVA FILHO COMPATIBILIZAÇÃO E ENGENHARIA SIMULTANEA NO PROCESSO DE PROJETOS DE ENGENHARIA CIVIL Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Alexandre Araújo Bertini, D.Sc Co-orientador: Prof. Augusto Teixeira de Albuquerque, D.Sc. FORTALEZA 2010 iiii WA ASHINGTO ON BASTOS DA SILV VA FILHO TIBILIZAÇ ÇÃO E ENG GENHARIA A SIMULTA ANEA NO PPROCESSO O DE COMPAT PROJETOS S DE ENGE ENHARIA CIVIL Monnografia subbmetida à Co oordenaçãoo do Curso de d Engenhaaria Civil daa Universidaade Federall do C Ceará, como requisito parcial para oobtenção do o grau de En ngenheiro C Civil. Aproovada em _03_ _ / _12_ / _2010_ BAN NCA EXAM MINADORA A Proff. Alexandree Araújo Beertini, Dr. (O Orientador) Univerrsidade Federal do Ceaará Prof. Augussto Teixeiraa de Albuqu uerque, D.Scc. (Co-orienntador) Univerrsidade Federal do Ceaará Paula Liima Sombraa (Examinad dor) Univerrsidade Federal do Ceaará iv Dedico este trabalho aos meus familiares e amigos que amo e aos professores e profissionais que, juntos, contribuíram para minha formação. v Tudo deveria se tornar o mais simples possível, mas não simplificado. Albert Einstein vi AGRADECIMENTOS Primeiramente, à minha família que sempre fez o melhor que pôde por mim, apesar de todas as dificuldades presentes. Agradeço muito por sempre terem orgulho, pelo apoio incondicional e pela dedicação e amor presente em toda a minha vida. Ao PET Engenharia Civil, por todo o conhecimento e oportunidade que me ofereceu. Por permitir que eu desenvolvesse meu potencial e maturidade. Por ter dado grande qualidade a minha formação pessoal e profissional. Agradecimento em particular aos meus amigos petianos, Marcella, Micaella, Priscilla, Iuri, Davi e Pedro Henrique, entre outros muito queridos, aos quais tenho grande carinho e admiração. Aos professores e funcionários da instituição, pelo conhecimento oferecido, auxílio prestado e companheirismo, dentro e fora da sala de aula. Em especial ao professor Macário e Bertini, tutores do PET Engenharia Civil, pela orientação dos trabalhos extracurriculares; a Selimar, pela amizade e exemplo de dedicação, e aos professores comprometidos com a didática, aos quais me adicionaram bastante conhecimento. Por fim, aos meus amigos que me acompanharam durante minha jornada, aos quais fui amado e amei em toda plenitude. Estes foram uma grande força, que me motivou e me guiou, e sempre serei grato. Destaco o Daniel Albuquerque, pela amizade longínqua e permanente, ao Clark Ribeiro, por ser meu irmão e a fundação da minha estrutura, a Priscila Pinheiro, pelo companheirismo e crescimento e ao Euzébio Rodrigues, pelas mudanças, sacrifícios e por incentivar meu autoconhecimento. Obrigado. vii RESUMO A partir de meados dos anos 60, iniciou-se a fragmentação das responsabilidades do projeto de engenharia. Os projetos passaram a apresentar incompatibilidades entre si, dificultando a execução de suas partes e ocasionando aumento de prazos e custos e diminuição da qualidade do processo e produto final. Este trabalho tem por finalidade analisar o processo de projetos baseado em princípios de engenharia simultânea e compatibilização. Uma pesquisa bibliográfica do estado da arte dessa área do conhecimento, apresentando seu histórico, desenvolvimento e aplicação na indústria e construção civil, seguido de um confronto dos fundamentos entre as partes apresentadas. Diversas técnicas são disponibilizadas para coordenar todos os projetos envolvidos com um empreendimento. A Engenharia Simultânea, sistema adotado na indústria manufatureira para suprir as crescentes exigências dos consumidores, apresenta gradual reconhecimento na construção civil e visa o paralelismo da execução das atividades ligadas aos projetos. Vários estudos são realizados para aprimorar o sistema à realidade da construção civil. Ressalta-se também a Compatibilização de Projetos que trata de técnicas como a sobreposição dos projetos e seu devido gerenciamento. Deve-se investir na melhoria do processo de projetos na construção, gerando benefícios consideráveis em todo o processo e na qualidade do produto final. Observa-se que ainda há necessidade de adaptar os preceitos da Engenharia Simultânea às particularidades do processo de projetos da indústria imobiliária, com foco nas mudanças de paradigmas que rege o tradicional processo de produção do setor. Concomitantemente, deve se utilizar melhor os recursos tecnológicos disponíveis na compatibilização de projetos e se fazer uma integração desta etapa às vantagens sugeridas pela nova linha de produção. Destaca-se, por fim, que estudos de caso que gerem conhecimento sobre a aplicação da Engenharia Simultânea na construção agregariam considerável valor à área do conhecimento. Palavras-chaves: Coordenação de Projetos, Gerenciamento de Projetos, Compatibilização de Projetos, Engenharia Simultânea. viii ABSTRACT From the mid of '60s, began the responsibilities’ fragmentation of the engineering design. The projects began to show inconsistencies between them, making it difficult to play their parts, leading to increased time and cost reduction and process quality and final product. This study aims to analyze the process of project management based on principles of concurrent engineering and compliance. A literature search of the state of the art in this area of knowledge, presenting its historical development and application in industry and construction, followed by a confrontation between the parties of the grounds presented. Several techniques are available to coordinate all the projects involved with a project. Concurrent Engineering, the system used in the manufacturing industry to meet the increasing demands of consumers, shows a gradual recognition in the construction industry and aims at the parallel execution of activities related to projects. Several studies are conducted to improve the system to the reality of construction. We also emphasize the Building Design that deals with techniques such as overlapping of projects and their proper management. We should invest in process improvement projects in construction, generating significant benefits throughout the process and final product quality. Observe that there is a need to adapt the principles of Concurrent Engineering to the particularities of the design process of real estate industry, focusing on changes in the paradigms that govern the traditional production process of the sector. Concurrently, one should use the best technology available in the consistency of projects and make this integration a step the advantages suggested by the new production line. It is noteworthy, finally, that the case studies that generate knowledge on the implementation of Concurrent Engineering in construction may generate considerable value to the area of knowledge. Keywords: Project Coordination, Project Management, Building Design, Concurrent Engineering. ix LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Nível de Influência x Tempo de Projeto (VARGAS, 2008) ................................. 11 Figura 2.2 - Engenharia Sequencial x Engenharia Simultânea (FABRÍCIO, 2002) ................ 13 Figura 2.3 - Interfaces do Processo de Desenvolvimento de Produto na Construção de Edifícios. (FABRÍCIO, 2002) .................................................................................................. 20 Figura 2.4 - Exemplo de sobreposição do projeto estrutural com o projeto hidráulico (MIKALDO JR; SCHEER, 2005) ............................................................................................ 31 Figura 2.5 - Lançamento dos elementos estruturais no plano 2D (MIKALDO JR; SCHEER, 2007) ......................................................................................................................................... 32 Figura 2.6 - Configuração dos elementos estruturais do pilar, viga e laje (MIKALDO JR; SCHEER, 2007)........................................................................................................................ 33 Figura 2.7 - Modelo 3D do projeto de estrutura (MIKALDO JR; SCHEER, 2007) ................ 34 Figura 2.8 - Modelo 3D dos projetos de instalação (MIKALDO JR; SCHEER, 2007) ........... 34 Figura 2.9 - Modelo 3D da integração do projetos (MIKALDO JR; SCHEER, 2007)............ 35 Figura 2.10 - Exemplificação do Ponto de Origem em 3D (MIKALDO JR; SCHEER, 2007) .................................................................................................................................................. 35 Figura 2.11 - Interferência Física entre os projeto hidráulico e estrutural (MIKALDO JR; SCHEER, 2007)........................................................................................................................ 36 x LISTA DE QUADROS Quadro 1.1 - Custo Relativo ao estágio do produto. .................................................................. 2 Quadro 2.1 - Síntese em íntegra das discrepâncias entre relacionadas ao ambiente de projeto na construção de edifícios e na indústria de manufaturados em série. (VARGAS, 2008) ....... 16 Quadro 2.2 - Transposição em íntegra da filosofia da Engenharia Simultânea da Indústria Seriada para a Construção Civil (VARGAS, 2008) ................................................................. 18 Quadro 2.3 - Responsabilidades de Clientes e Projetistas na Compatibilização de Projetos (GRAZIANO, 2003) ................................................................................................................. 23 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Exemplo de Índice de Severidade (TOLEDO; AMARAL, 1999) ....................... 29 Tabela 2.2 - Exemplo de Índice de Ocorrência (TOLEDO; AMARAL, 1999) ....................... 29 Tabela 2.3 - Exemplo de Índice de Detecção (TOLEDO; AMARAL, 1999) .......................... 29 Tabela 2.4 - Exemplo de Formulário FMEA (TOLEDO; AMARAL, 1999)........................... 30 xi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. x LISTA DE TABELAS................................................................................................................ x 1 2 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 Justificativa e Contextualização do Tema.................................................................... 1 1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 3 1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 4 1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 4 1.3 Metodologia ................................................................................................................. 4 1.4 Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................ 7 2.1 Engenharia Simultânea ................................................................................................ 7 2.1.1 Conceitos e origem ............................................................................................... 7 2.1.2 Desenvolvimento industrial .................................................................................. 8 2.1.3 Valorização do projeto........................................................................................ 10 2.1.4 Projeto na construção civil ................................................................................. 14 2.1.5 Aplicação na Construção Civil ........................................................................... 15 2.1.6 Processo de projeto tradicional x projeto simultâneo ......................................... 19 2.2 Compatibilização ....................................................................................................... 21 2.2.1 Relevância da compatibilização ......................................................................... 22 2.2.2 Dimensões da Compatibilização de Projetos...................................................... 25 2.2.3 FMEA ................................................................................................................. 27 2.2.4 Compatibilização 2D .......................................................................................... 30 2.2.5 Compatibilização 3D .......................................................................................... 32 xii 3 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ...................................................................................... 38 3.1 Discussão ................................................................................................................... 38 3.2 Conclusões ................................................................................................................. 41 3.3 Dificuldades encontradas ........................................................................................... 42 3.4 Perspectivas para trabalhos futuros ............................................................................ 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 43 1 1 1.1 INTRODUÇÃO Justificativa e Contextualização do Tema Desde o início da história da humanidade, o homem tem engenhado para atingir a melhoria de um processo ou de um produto. Foram criadas ferramentas, desenvolvidas técnicas e, assim, superado obstáculos. Já nos últimos séculos, com a utilização da metodologia científica, obtiveram-se novos horizontes para a engenharia e esta tem abandonado os procedimentos empíricos por métodos racionais. Um dos fatores geradores de motivação para determinar os limites e necessidades dos processos de engenharia são as exigências do mercado. O processo construtivo atingiu grandes dimensões e passou a ser mais ricos em detalhes. Também se iniciou uma necessidade de um procedimento industrial, utilizando-se da manufatura para produção em grande escala, visando tornar viável novas tecnologias para o desenvolvimento de um empreendimento. Desde os anos 60, iniciou-se o fortalecimento da demanda imobiliária. A estrutura de desenvolvimento de projetos de engenharia começou a se desfragmentar com o aparecer dos escritórios técnicos especializados em arquitetura, estrutura e instalações. Nesta época, os profissionais, que anteriormente trabalhavam de forma conjunta dentro de empresas, projetavam e construíam seus trabalhos, havendo intrinsecamente o acompanhamento do desenvolvimento de seus projetos. Segundo Graziano (2003), esta forma de trabalhar deu resultados satisfatórios, pois as equipes de projeto vinham de um contato direto com a prática da construção e sabiam as necessidades no que tange à construtibilidade e aos requerimentos das demais especialidades envolvidas no projeto. Com o tempo, os construtores se distanciaram das atividades de projeto e os projetistas menosprezaram a execução dos sistemas por eles projetados. Esta segregação, fez com que a atividade construtiva passasse a ter altos índices de erro e desperdício. Na década de oitenta, algumas empresas e segmentos já começaram a perceber a necessidade de compatibilizar os diversos projetos. Houve a ascensão dos coordenadores e/ou equipes de projeto, embora ainda se observe diversos empreendimentos que pouco valorizam esta etapa que deve compor a construção de um empreendimento. 2 As atuais exigências de qualidade do mercado, bem como as requisições das próprias empresas de aumento de lucratividade, principalmente a curto prazo, têm exigido cada vez mais desenvoltura dos engenheiros civis. Diversas técnicas, estratégias e perfis operacionais têm sido desenvolvidos para aperfeiçoar todas as etapas do processo de construção de um empreendimento, visando um produto de maior qualidade, com menor custo e tempo de execução. No entanto, o desenvolvimento fragmentado de projetos de engenharia costuma por vezes causar incoerência entre suas partes, resultando em grandes custos e retrabalho. Assim, esses devem ser detectados o mais rápido possível. Segundo Rufino (s.a.), os valores de correção do custo para cada fase são os seguintes: Quadro 1.1 - Custo Relativo ao estágio do produto. Custo Relativo Estágio do produto 1 x custos Concepção 10 x custos Projeto 100 x custos Construção 1000 x custos Produto Final Ainda segundo Rufino, uma solução de projeto gera impacto inclusive no processo de execução da obra, pois é a partir dele que são definidos os detalhes construtivos e as especificações que permitem uma maior facilidade de construir, afetando nos desperdícios de material, no tempo de execução e, consequentemente, nos custos de construção. Segundo o dicionário da língua portuguesa, o projeto é um “plano para a realização de um ato”, ou ainda uma “representação gráfica e escrita com orçamento de uma obra que se vai realizar”. Diversos engenheiros e arquitetos vêm o projeto de um empreendimento como um registro das características físicas e tecnológicas da construção. No entanto, este deve ser entendido como mais que desenhos e memoriais descritivos. Melhado (1994) diz que o projeto deve ser compreendido como uma atividade multidisciplinar, envolvendo desde análises de marketing, análise de custos, até decisões acerca da tecnologia e do processo de produção. Assim como as outras áreas de venda de produtos e prestação de serviços, as empresas de engenharia civil, para se manterem competitivas, precisam lançar novos produtos atrativos em espaços de tempo cada vez menores. Uma das soluções adotadas pela indústria foi o aumento do grau de paralelismo das atividades de desenvolvimento. Após diversos 3 estudos, esta abordagem conhecida por Engenharia Simultânea foi empregada e adaptada na concepção dos projetos de engenharia civil, a qual visava que cada elemento desenvolvido considerasse os demais elementos, incluindo qualidade, custo, prazos e requisitos dos clientes. A Engenharia Simultânea é, assim, considerada uma nova linha de trabalho para atender as diversas exigências de mercado, relacionado às mudanças do perfil do consumidor, característica essa que se altera frequentemente nos últimos 40 anos. Por Ashley (1992, apud PRASAD 1996), a Engenharia Simultânea “inclui valores de trabalho em equipe, tais como cooperação, confiança e compartilhamento, de forma que as decisões sejam tomadas, no início do processo, em grandes intervalos de trabalho paralelo (...), sincronizadas com pequenas modificações para produzir consenso" Embora haja disponíveis diversas técnicas de aperfeiçoamento do processo de construção, e seja clara a necessidade de coordenar e compatibilizar projetos, diversas pesquisas comprovam que, principalmente nas pequenas empresas, os procedimentos voltados para o projeto bem resolvido quase inexistem. A compatibilização dos projetos é feita ao acaso durante o desenvolvimento dos projetos e efetivamente durante a execução da obra. Nesse sentido, um número significativo de pesquisadores e profissionais atuando diretamente no mercado da construção civil tem concentrado sua atenção no desenvolvimento de sistemas, métodos e ferramentas voltados a otimização dos projetos das edificações. O escopo dos trabalhos tem sido amplo, com destaque para as estratégias de coordenação de projetos, estabelecimento de estratégias que garantam a execução de projetos voltados a construtibilidade. 1.2 Objetivos Com a finalidade de conhecer e difundir o processo de compatibilização e aplicação da engenharia simultânea, embasado pela teoria de gerenciamento de projetos, propõe-se abaixo os objetivos geral e específicos do trabalho em epígrafe. 4 1.2.1 Objetivo geral Analisar o processo de coordenação de projetos baseado em princípios de engenharia simultânea e compatibilização. 1.2.2 Objetivos específicos Delineando com detalhes o objetivo geral, almeja-se: - Reunir informações sobre Engenharia Simultânea; - Discutir o processo de Engenharia Simultânea aplicada a Construção Civil; - Assinalar pontos positivos e negativos dos principais procedimentos adotados de compatibilidade de projetos estudados no trabalho; 1.3 Metodologia Inicialmente, por este trabalho se tratar de uma revisão de literatura, fez-se um levantamento referencial teórico para a área de estudo. Pesquisou-se sobre a Engenharia Simultânea como processo industrial, seu histórico e desenvolvimento. Os estudos focalizaram posteriormente em aplicações na área de construção civil, e sua forma de adaptação ao processo de projetos desta área. O próximo passo foi a análise da compatibilização de projetos. O estudo sempre teve foco à área de projetos de construção civil, onde o tema é melhor desenvolvido, o que foi favorável para este trabalho. Optou-se por exemplificar a compatibilização através de três técnicas, com uma abordagem prática e direta, apenas a título de exemplificação para o processo de análise objetiva do trabalho em epígrafe. Também foi feito um estudo introdutório ao referencial de gerenciamento de projetos, Tecnologia da Informação e processo de projetos na Engenharia Civil. Estes temas foram abordados durante o corpo do trabalho, devidamente referenciados. 5 A discussão enfocou na aplicação à construção civil. Colocou-se o entendimento do autor sobre o material disponível e foram identificadas as afinidades e convergências entre os temas de estudo. Houve, assim, um confronto entre as metodologias estudadas, identificando seus pontos fortes e fracos direcionados à aplicabilidade dos métodos. Quanto aos recursos necessários, por se tratar de um trabalho fortemente teórico, não será preciso custos financeiros relevantes ou materiais que não sejam disponíveis em meio eletrônico gratuitamente. Foram consultados endereços eletrônicos que forneceram acessos a anais, periódicos e artigos no domínio da Construção Civil, engenharia Simultânea, Engenharia de produção, gerenciamento e compatibilização de projetos. 1.4 Estrutura do Trabalho O trabalho dar-se pela coleta de dados relacionados a caracterização do processo de coordenação de projetos empregado atualmente nas empresas de construção civil. Esses dados são apresentados e interpretados visando a aplicabilidade dos conhecimentos presentes no escopo deste trabalho. O levantamento de literatura ocorreu até o término do trabalho, visando trazer a conhecimento o que já foi desenvolvido nas áreas afins ao tema. Utilizou-se primordialmente bibliografias em meio eletrônico. O conteúdo final do estudo está apresentado nas seguintes subdivisões: 1. Engenharia Simultânea: Enfoque na exposição do histórico da Engenharia Simultânea e na comparação de sua aplicação na Engenharia de Produção e na Construção Civil. Serão detalhados seus princípios, fundamentos, objetivos e origens. 2. Compatibilização de Projetos: Inicia-se com uma introdução sobre as exigências implícitas na compatibilização. Por seguida, há seções mostrando as técnicas que melhor se adéquam ao desígnio do trabalho em epígrafe. Cada técnica foi abordada de maneira objetiva. 3. Discussão e Conclusão: 6 Apresenta-se uma breve discussão do trabalho, considerando principalmente a aplicação do conteúdo estudado na Construção Civil. Explicita alguns pontos positivos e negativos dos principais procedimentos adotados de compatibilidade o do processo simultâneo de projetos. Expõe-se, por fim, as dificuldades encontradas no trabalho e perspectivas para trabalhos futuros. 7 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Engenharia Simultânea Muito relacionada à automação, a Engenharia Simultânea trata de um método para o desenvolvimento de empreendimentos e produtos. Teve ascensão inicial em indústrias com produção em série, como um diferencial competitivo relacionado à qualidade e tempo de execução do produto final. Como proposta inicial, a Engenharia Simultânea deve atuar em todo o ciclo de vida do empreendimento, passando pelo projeto, produção e manutenção, relacionando-os às aspirações do cliente. Vem-se adaptando este modelo para a indústria de Construção Civil visando o diferencial competitivo oferecido pelo método, o que é importante devido à alta concorrência entre grandes e pequenas empresas do setor. Pode trazer benefícios específicos à construção, considerando os sistemas pouco eficientes adotados no meio e os diversos desafios pela complexidade de gestão dos seus empreendimentos. 2.1.1 Conceitos e origem Segundo Vargas (2008), o surgimento da Engenharia Simultânea veio da necessidade de evolução dos conceitos e paradigmas da indústria, a partir do acúmulo de experiências e conhecimentos, através de um processo contínuo ao longo da história. Ela significa uma alternativa ao desenvolvimento e elaboração de produtos e projetos. O autor ainda diz que consiste em um instrumento gerencial que substitui o modelo serial, baseado em etapas sequenciais de trabalho, onde o início de uma etapa é definida pela conclusão da anterior. Percebe-se que o desenvolvimento em série resulta em baixa produtividade, altos custos de produção, retrabalhos e qualidade final reduzida. O novo método apresenta o desenvolvimento das especialidades de projeto em paralelo, através de equipes multidisciplinares e suas interações entre si. Essas equipes são alocadas precocemente na linha de tempo do empreendimento, propiciando uma concepção 8 participativa e, assim, evitando ajustes e compatibilizações, obtendo prazos e custos reduzidos. Segundo Borges e Gordo (1995), por engenharia simultânea entende-se a constante criação de novos produtos com a integração do conhecimento, experiência e recursos nas áreas de projeto, fabricação, desenvolvimento, vendas e marketing. 2.1.2 Desenvolvimento industrial Na história da produção industrial, pode-se ressaltar com importância o início do século XX, onde os novos pensamentos e conceitos sobre a produção e consumo de Taylor e Ford redefinem a atividade do ramo. Foi introduzida a produção em massa, linha de montagem, divisão de trabalho e o controle do tempo versus atividades desenvolvidas. A indústria obteve, assim, um pico inédito quanto a níveis de produção (CLETO, 2002). O paradigma taylorista-fordista se apoiou sobre premissas como a produção em grande escala e redução do custo unitário, trabalho super-especializado, sincronização, repetição e intensificação de mão-de-obra, esta sendo bastante regulada e específica, sem envolvimento com o processo global. Assim, estabelecem-se a correlação entre "tempo" e "capital" e a linha de produção. Segundo Zancul et al. (2006), a abordagem de Taylor e Ford considera a produtividade global igual à soma das produtividades individuais. Exige um grande número de atividades de controle e suporte, normalmente desempenhadas por técnicos especializados em regime hierárquico. O resultado da implantação desse modelo produtivo foi o abastecimento maciço do mercado com bens de consumo, redefinindo os padrões de vida da população e acarretando transformações definitivas no consumo e na divisão de trabalho em todo o mundo. Em meados de 1960, o modelo Taylor-Ford inicia um declínio, não atendendo mais à demanda de produtividade necessária para garantir a competitividade das empresas (CLETO, 2002). Com os avanços tecnológicos, principalmente o eletrônico, a indústria passa a buscar novos métodos de organização, visando produtividade. No Japão, na década de 70, surgem as principais opções ao modelo vigente, e que seria um pontapé inicial para a atual Engenharia Simultânea. Segundo Sicsú e Ferreira Jr. (2002), os japoneses inverteram a lógica industrial da produção massificada, para uma produção de acordo com a demanda do 9 consumidor, flexível e em escala reduzida, com trabalhadores polivalentes e com alta influência nas decisões sobre o processo produtivo. Eliminou-se a padronização em massa da produção para ser customizada, voltada para as necessidades dos clientes. Assim, com os avanços da automação, foi exigida uma maior qualificação para a mão-de-obra e mudanças na lógica de gestão das organizações. A estrutura organizacional vertical e hierárquica (modelo Fayol) deu lugar para a estrutura horizontal, a partir do trabalho em equipe de operário com elevado grau de conhecimento especializado (organizações gestoras do conhecimento). Relata Cleto (2002) que crescia também, nos setores industriais, o combate ao desperdício. As particularidades da indústria japonesa inspiraram novos métodos e ferramentas, visando o aproveitamento máximo dos recursos. O cenário da economia japonesa pós-guerra, impossibilitada de conceber produções de automóveis em larga escala, visto o tamanho reduzido do mercado consumidor, favoreceu o surgimento do sistema de trabalho focado na eliminação total de desperdícios. O conjunto de ações foi batizado de "Lean Production", ou "Produção Enxuta" e nasceu na fábrica da Toyota Motor Company, comandado por Taiichi Ohno. Por isso, o Lean Production passou a ser mais conhecido por "método Toyota de produção". A Produção Enxuta tinha princípios diferentes dos da produção em massa, principalmente no que se refere à gestão dos materiais (matérias-primas, produtos em processo, componentes, conjuntos e produtos acabados) e à mão-de-obra nas fábricas. Podem ser citados alguns alicerces elementais do método, como o Just-in-Time, automação com toque humano (“autonomação”), polivalência dos trabalhadores, defeito zero, Kaizen, produção em pequenos lotes, entre outros. No modelo lean, implantado pela Toyota, elimina-se a produção massiva, com variedade reduzida e quantidade de produtos aumentada, e insere-se a produção direcionada e flexível, com opções de modelos conjugados à produção sob demanda, em quantidades menores, reduzindo o inventário de produtos, custos e tempo de produção. O sistema Toyota revoluciona os métodos de produção por ser uma contrapartida à produção em massa, agindo diretamente sobre a produção. Vargas (2008) diz que a filosofia da produção enxuta ajudou a compor o cerne da Engenharia Simultânea, uma filosofia produtiva cuja ação emana principalmente sobre a etapa de projetos. O Institute of Defense Analysis (IDA) produziu, em 1986, um documento intitulado The Role of Concurrent Engineering in Weapons Acquisition, que realiza uma sistematização para a integração de todo o ciclo de vida do produto envolvendo os projetos diversos que o compõem, a produção e a assistência. Ele contempla todo o processo 10 produtivo, da concepção inicial às vendas, passando pela manufatura, sempre considerando as necessidades do usuário. Essa sistemática foi chamada de Concurrent Engineering, ou Engenharia Simultânea (PERALTA, 2002). 2.1.3 Valorização do projeto O PMI (2004) define projeto como “um esforço temporário, com a intenção de criar um produto ou serviço exclusivo. É elaborado progressivamente e em etapas, realizado por pessoas, com recursos finitos, sendo submetido a planejamento, execução e controle.”. Um produto normalmente envolve não apenas um projeto, e sim uma série deles que se complementam. A atividade de desenvolvimento de produtos, no setor de produção, opera por meio de projetos (OLIVEIRA; PEIXOTO, 2007). Com isso, faz-se necessário valorizar a etapa de constituição de projetos em relação ao produto. Segundo Vargas (2008), essa preocupação iniciou-se na década de 80, onde se passou a observar a complexidade de gerenciá-los, dada pela comunicação entre os diversos projetos que se relacionam entre si, as atividades agregadas à sua elaboração e a divisão de suas responsabilidades. Aos poucos, atender esses fatores tornou-se determinante para a competitividade das empresas. Para Fabrício (2004), tradicionalmente, a gestão de projetos consistia majoritariamente no encadeamento linear de suas etapas, desenvolvidas independentemente das demais, um após o outro. Esse tipo de alocação resulta em problemas diversos, como a falta de interação entre as diferentes especialidades de projeto, sendo necessário compatibilizá-los entre si, elevando o tempo de processo e o custo. Cita-se como ponto fraco deste processo o custo agregado às alterações de projetos. Algumas podem ser bastante onerosas, pois há as tomadas de decisões por etapa e estas precisam ser revisadas. Outro ponto a ser considerado, é a perda do caráter de concepção do projeto, dado que as compatibilizações podem exigir que a idéia inicial seja adaptada aos requerimentos dos demais projetos envolvidos com o produto. Fabrício (2004) lista as seguintes perdas acarretadas pelo fluxo linear de projetos e pela fragmentação de suas disciplinas: • Eliminação da possibilidade de discussão de propostas alternativas de projeto; • Custo considerável de tempo e recursos para as modificações no projeto; 11 • Issolamento entre e os pro fissionais das d disciplin nas envolviddas; • Desconsider D ação da connstrutibilidaade e suprim mentos na cooncepção do os projetos execuutivos; F ão de dadoss de projeto,, dificultand do a manuteenção da con nsistência • Fragmentaçã destees; • Perda P de info ormação aoo longo do período p de projeto; p • Maiores M estim mativas inccorretas sobrre o custo do d produto. De acordo a com m Fabrício (22002), denttro de um processo p de projeto, ass decisões e definnições tendeem a se torn nar mais carras à medid da que o pro ocesso avannça no temp po. De fato,, quannto mais no início o pro ocesso estiveer, maior seerá a liberdaade para proopor soluções, e menorr será o custo dessas decisões. d A As alteraçções que surgirem em decorrrência dee incom mpatibilidaddes entre prrojetos tenddem a ser on nerosas quaando se deseenvolve um m projeto dee modoo sequenciaal. Figura 2.1 - Nível de Infl fluência x Tem mpo de Projeto o (VARGAS, 22008) A vaalorização do d Projeto dentro do processo p in ndustrial foii um imporrtante passoo em ddireção a mudança m de paradigma da produçãão. Neste co ontexto, a E Engenharia Simultâneaa ofereece uma altternativa paara o sistem ma de projeto e produ ução. Seu conceito see baseia naa integgração total e antecipaada dos atuaantes no prrocesso, ao compreendder simultan neamente o 12 projeto do produto, os projetos complementares e o de produção, em um ambiente de mútua cooperação, com foco em comunicação e interatividade. Este processo coletivo e multidisciplinar permite maior permeabilidade entre suas partes, levando a redução do tempo de projeto, maior controle da qualidade e até uma manufaturabilidade mais controlada e precisa, com a simplificação dos produtos e a eliminação de etapas e interfaces (FABRÍCIO, 2002). De acordo com Zancul et al. (2006), visando minimizar o custo de produção e o prazo de lançamento de produtos, as empresas precisam realizar profundas alterações organizacionais e de processos em seus quadros. Para tanto, podem adotar os princípios da Engenharia Simultânea: formação de times multifuncionais de desenvolvimento; instauração de uma política de qualidade em seus processos; suporte da Tecnologia da Informação como ferramenta de trabalho. Para Corrêa e Andery (2006), a Engenharia Simultânea se apresenta como um referencial teórico desdobrado em diretrizes e ferramentas, diferente da metodologia sequencial vigente na indústria, por sua integração de produtos e processos. Esta pode ser explicada pelo paralelismo dos processos, em times multidisciplinares, e pela adoção de ferramentas automatizadas para a realização de processos componentes. Para definir o tema de estudo, Passamani (2002) usa o conceito de “método de trabalho onde as equipes de projeto se comunicam intensamente, e conseguem acessar e compartilhar informações pertinentes ao projeto e às atividades envolvidas com rapidez e agilidade, dispondo de autonomia e exercendo intensa interação com clientes e fornecedores internos e externos”. Estorillo (1998 apud VARGAS 2008) afirma que a principal característica da Engenharia Simultânea é a redução dos prazos de desenvolvimento e manufatura dos produtos. Consequentemente, acarreta na diminuição de seu custo de produção. O paralelismo das atividades e a antecipação da maioria dos problemas presentes na etapa de projeto, evita o dispêndio de tempo e recursos na busca por soluções. O paralelismo se apóia na formação de equipes que envolvem profissionais de todas as áreas e etapas da vida útil do produto, da concepção às áreas de manutenção e suporte. 13 3 Figgura 2.2 - Engenharia Sequeencial x Engen nharia Simultâânea (FABRÍC CIO, 2002) Fabrrício (2002)) ressalta a multiplicid dade de defiinições exisstentes paraa o conceitoo de E Engenharia Simultânea S enquanto m metodologia de gestão o de projetoos e de pro odução. Seuu conceito abranggente pode ser s visto coonforme as necessidadees e o intereesse de cad da autor e o ambiiente em quue é aplicado o. Desta forrma, declaraa-se a seleçãão de caractterísticas: • Organização O o do fluxo dde projeto e da produção o para propiiciar a sobreposição cronoológica e esspacial das atividades. a A Assim, há a diminuição o do tempo de projeto; • Antecipação A o das princippais tomadaas de decisões e resoluçções de confflitos do proceesso, agindoo como um catalisadorr das soluções para prob blemas de pprojeto; • Equipes E mulltidisciplinaares e multiffuncionais de d projeto; • Desenvolvim D mento em paaralelo da criação e pro ocesso de m manufatura do d produto; • Destaque D no gerenciameento do pro ocesso de projeto; • Definição D dee um responnsável pela coordenaçã c o geral do pprocesso de desennvolvimento do produtto; • Concentraçã C ão de recursoos no início o do projeto; • Utilização U dee ferramenttas automatiizadas para aperfeiçoarr os processos; • Disponibilid D dade e faciliddade no aceesso às inforrmações; • Forte F interfaace com o clliente e forn necedores in nternos e exxternos; • Retro R envolv vimento doss subcontrattados e vend dedores; 14 • Foco na melhoria contínua e no aprendizado. 2.1.4 Projeto na construção civil Fabrício et al. (1998) diz que o processo de projeto na Construção Civil é considerado atrasado, de baixa eficiência e gerador de grandes desperdícios. Corrêa e Andery (2006) seguem a mesma linha de raciocínio ao afirmarem que se trata de um setor da economia caracterizado por indicadores desfavoráveis referente a produtividade, qualidade, desperdícios, prazos e custos, com um mercado instável e de alta competitividade. A imagem negativa do setor se dá, também, pela pouca importância dada à atividade de projeto que é fundamental para a qualidade dos produtos e para a atividade da produção. Na Construção Civil, os projetos têm sido tratados pelas empresas responsáveis pela construção (produção) como uma atividade secundária. Apesar da importância desta etapa, são contratados projetistas independentes baseado, preponderantemente, no preço do serviço. Os projetos podem, ainda, ser caracterizados por especificações e detalhamentos de produto incompletos e falhos, devido a falta de orientação para a definição do produto, visando sua construtibilidade. Assim, é durante a obra que a equipe de produção acaba decidindo determinadas características do edifício não previstas em projeto. (FABRÍCIO et al., 1998) Ballard e Koskela (1998) atribuem os problemas do setor à má concepção do programa de projeto, a comunicação falha, a incapacidade técnica dos profissionais envolvidos e a falta de confiança no planejamento inicial no trabalho de projeto. Em seu trabalho, Melhado (1999) aponta despreparo e/ou desinteresse por parte dos projetistas e construtores quanto às definições preliminares de projeto. Estas são realizadas informalmente pelos arquitetos, sem a participação dos outros projetistas. Também cita, entre vários problemas, a falta de coordenação entre as disciplinas de projeto e a ineficiência do sistema de comunicação adotado. Fabrício (2002) conclui que o investimento na fase de projetos pode reduzir de significativamente os custos mensais e finais e agregar valor e qualidade ao produto final. 15 2.1.5 Aplicação na Construção Civil Vargas (2008) afirma que, atualmente, a indústria no Brasil encontra-se em um momento econômico favorável à modernização de seus métodos gerenciais, considerando a estabilidade do Real, dívida pública sob controle, receptividade para o capital estrangeiro, situação política, queda das taxas de desemprego e um aumento do consumo da população. Também considera o aumento das exportações, os programas sociais de combate à pobreza extrema e uma larga oferta de crédito para setores estratégicos. O mesmo autor explica que a expansão do mercado consumidor resulta em maior competitividade. É razoável afirmar que as empresas que adotam estratégias de gestão voltadas à otimização da produção terão vantagem na conquista das oportunidades do mercado. Pode-se afirmar que a indústria da Construção Civil está entre as mais beneficiadas economias devido à política econômica nacional em atividade. Mesmo com o período de crise observado nos últimos anos em todo o mundo, o setor apresenta ótimas taxas de crescimento desde 2007, principalmente no que se refere à habitação, para a qual há fortes incentivos do Governo a partir da redução das taxas de juros. Assim, torna-se propício o investimento na modernização da estrutura produtiva desta indústria. A Engenharia Simultânea apresenta um incremento da produtividade, através da redução do prazo de desenvolvimento e os custos da produção, e focando na qualidade do processo e do produto final. Procuram-se no histórico de desenvolvimento industrial as soluções das dificuldades do desenvolvimento seriado e dos empecilhos à produtividade decorrentes deste método. Assim, diversos autores têm sugerido a adoção de conceitos da Engenharia Simultânea para a indústria da Construção Civil. Vargas (2008) diz que a indústria da Construção Civil tem buscado adaptar o conceito de Engenharia Simultânea à sua estrutura produtiva, almejando maior capacidade competitiva e desenvolvimento de novos produtos que atendam às necessidades dos clientes, bem como o ganho em qualidade, eficiência e a redução de custos e prazos da produção. No entanto, a adoção da Engenharia Simultânea para a realidade operacional da Construção Civil é mais que a "importação" do seu conceito, de um meio produtivo para outro. Fabrício (2002) explica que a filosofia do método foi desenvolvida em setores 16 industriais que diferem em cultura, estruturas produtivas e desafios competitivos da Construção Civil. Com isso, faz-se necessária uma formulação para comparar e destacar os pontos de desconexão entre o modelo de indústria que deu luz ao método da construção civil. Vargas (2008) pontua exemplos como a organização administrativa, os desafios competitivos, a disponibilidade e a qualidade de seus recursos, a qualificação da mão-de-obra, entre outros. Ainda sugere que se analisem as divergências entre as duas realidades produtivas. Diversos autores utilizam o quadro a seguir, desenvolvido no trabalho Fabrício (2002), ilustrando os principais pontos divergentes entre o ambiente produtivo da indústria seriada e da construção civil. Quadro 2.1 - Síntese em íntegra das discrepâncias entre relacionadas ao ambiente de projeto na construção de edifícios e na indústria de manufaturados em série. (VARGAS, 2008) Natureza do Na construção, o planejamento e a programação do empreendimento, bem empreendimento como a concepção de projetos e de produção são muito mais segregados de construção (a cargo de diferentes agentes) que na manufatura; O negócio da construção de edifícios envolve aspectos imobiliários que condicionam o sucesso do edifício à capacidade de incorporar terrenos, deslocando parte dos requisitos de sucesso do empreendimento da esfera produtiva para a área imobiliária. Tipo e O longo ciclo de vida faz com que seja problemático o planejamento de características todas as transformações e solicitações que o edifício sofrerá durante sua do produto existência; Além disso, a grande duração dos edifícios cria superposições entre o ciclo de vida do empreendimento, o ciclo de vida do usuário e as dinâmicas urbanas. Peculiaridades Dimensões estéticas, culturais, históricas e urbanas envolvidas no projeto do projeto no de arquitetura; Cisão entre concepção do empreendimento enquanto setor negócio, a cargo de promotores e incorporadores; enquanto produto, a cargo dos projetistas de arquitetura e engenharia; e enquanto construção, a cargo das construtoras, subempreiteiros e funcionários de obra; Os projetistas frequentemente estão envolvidos em mais de um empreendimento ao mesmo tempo. 17 Cultura e aspectos relacionais Fornecedores Escala de produção Limitações do Canteiro As relações entre agentes são muito mais sazonais e contratuais, pautadas pelo ciclo de empreendimentos não repetitivos; Ao contrário da manufatura, na construção, os clientes contratantes costumam interferir significativamente na gestão interna do empreendimento e na sua produção; A formação dos engenheiros e arquitetos é fragmentada e pouco voltada à gestão de processos/ Como destacam Lana; Andery (2001), o mercado de trabalho é mais dinâmico que os perfis curriculares e o modelo de formação das universidades e faculdades nacionais. Predomina no setor uma forte fragmentação e heterogeneidade entre os tipos de fornecedores (indústrias, subempreiteiros, projetistas, etc.) que participam do empreendimento; Por diversas razões geográficas e de mercado, a manutenção dos mesmos fornecedores, em diferentes empreendimentos, é bastante dificultada; Dados os diferentes portes das empresas envolvidas, o poder de negociação com os fornecedores é mais restrito e variado conforme o tipo de fornecedor; Parte substancial da inovação tecnológica no setor de construção é desenvolvida pelos fornecedores de materiais e componentes. A construção costuma trabalhar com pequenas escalas, o que reduz, relativamente, a possibilidade de amortização dos custos do projeto; Na indústria de produção seriada a Engenharia Simultânea trata da gestão do projeto e desenvolvimento de produtos até a realização do protótipo e disponibilização do projeto para produção em escala. Na construção, a realização do protótipo se confunde com a realização do empreendimento e, assim, o método se sobrepõe à gestão do empreendimento. Na construção o local de produção (canteiro) é muito mais sujeito a variações e intempéries. Percebe-se que há certa discrepância entra as características relacionadas dos dois setores de produção. No entanto, Tahon apud Fabrício (2002) relata as semelhanças de fatores determinantes como competitividade e produtividade, que seguem: • Aumento da produtividade; • Diminuição dos prazos de concepção e disponibilização dos produtos; • Redução dos custos dos processos e dos produtos. Fabrício (2004) demonstra a possibilidade de desenvolver uma nova metodologia a partir de princípios da Engenharia Simultânea. Foca seu trabalho em especificidades de “formação das equipes, organização do projeto, fatores de competitividade, introdução de inovações nos produtos, na técnica produtiva e na gestão”. Vargas (2008), baseado no trabalho de Fabrício (2004), apresenta o quadro seguinte, onde há uma comparação entre a indústria seriada e da construção civil: 18 Quadro 2.2 - Transposição em íntegra da filosofia da Engenharia Simultânea da Indústria Seriada para a Construção Civil (VARGAS, 2008) Indústria Seriada DesenvolTotalmente controlado pela empresa vimento de responsável, sendo inteiramente Novos desenvolvidos sob seus domínios, Produtos desde o marketing até a simulação e prototipagem, tanto do produto quanto do processo. Equipes de Mobilização de funcionários e Projeto e de departamentos integrantes dos Produção quadros da própria empresa, que podem estar presentes durante toda a duração do empreendimento. Profissionais de projeto, de produção e fornecedores são definidos desde o início e podem participar exclusiva e integralmente do processo. Prazos de Desenvolvimento do Produto Introdução de inovações Construção Civil Ocorre de forma pouco sistematizada, fragmentado em diversos agentes independentes, gerando processos estanques e descoordenados; Relações contratuais entre a empresa promotora, os projetistas, a empresa responsável pela execução e os fornecedores, com contratos de duração menor que a do empreendimento e dispersos ao longo do mesmo. Empresas e profissionais terceirizados envolvidos em vários empreendimentos ao mesmo tempo. Heterogeneidade de origem e natureza dos fornecedores e subempreiteiros. Busca pela capacidade de desenvolver Busca por manter ou ampliar a novos produtos e lançá-los no agilidade no processo de projeto ao mercado com a maior agilidade mesmo tempo em que este processo é possível. qualificado, resultando em projetos de maior qualidade e construtibilidade; desenvolver projetos de produto e para produção que viabilizem uma redução do prazo de execução da obra; - Grande valorização para inovações - Mercado consumidor tradicional conceituais nos produtos, que com pouco espaço para grandes normalmente acontecem a cada nova inovações conceituais; geração de produtos; - Inovações tecnológicas e - Inovações tecnológicas normalmente construtivas seguem na linha de seguem as inovações conceituais; racionalização da construção a partir - Grande espaço para inovações de uma base técnica instalada; gerenciais; - Grande espaço para inovações gerenciais, com destaque para a instauração de Sistemas de Gestão da Qualidade; Baseado nessas informações, o autor desenvolve o conceito da Engenharia Simultânea em seu trabalho, de forma a se adequar às especificidades da Construção Civil, nomeado de Projeto Simultâneo por Fabrício; Melhado (2002). 19 2.1.6 Processo de projeto tradicional x projeto simultâneo Em concordância com vários autores estudiosos do assunto, pode-se aproximar o processo tradicional de projetos à uma indústria com etapas em série. Segundo Melhado et al. (2005) as diversas disciplinas que geram o produto final agem apenas dentro das suas respectivas especialidades, sem se preocupar com a visão macro do desenvolvimento do produto. O impacto é a geração de um produto final com baixa qualidade e alto custo de produção. “Os grupos tradicionais de projeto de edifícios são estruturados como uma espécie de equipe de revezamento em que cada projetista desenvolve sua parte ou especialidade do projeto e passa o canudo para o projetista seguinte numa sucessão em que o projeto resulta da soma das contribuições individuais dos diversos projetistas e agentes decisórios”. (FABRÍCIO; MELHADO, 2002 apud MIKALDO JR., 2006) No projeto simultâneo, diferente do processo de projeto tradicional, há integração entre todos os envolvidos, que é fundamental para um produto final de qualidade. (FABRÍCIO; MELHADO, 2002). Segundo Scheer (1997), a engenharia simultânea causa uma mudança no fluxo de processos de tarefas sequencialmente executadas para tarefas realizadas concomitantemente. Além disso, realiza uma intensa troca de informações sobre os projetos, favorável à organização entre as equipes dos projetos e, também, os outros setores, como o setor de produção, vendas e marketing. O conceito do método também abrange o conceito de projeto orientado à manufaturabilidade (analógico a construtibilidade na construção), onde a fase de projeto foca nos processos relevantes para a sua fabricação. Mikaldo Jr. (2006) apresenta alguns grupos e pesquisadores que estudam a aplicação da Engenharia Simultânea: o TG33 - Concurrent Engineering in Construction - do Council for Research and Innovation in Building and Construction (CIB); o GEMAP (Groupe de Réflexion sur lê Management de Projets) na França; o PCA (Plan Construction et Architecture). No Brasil, cita: Fabrício; Melhado (1998, 2002), Fabrício et al. (1998), Andery (2000), Jobim (2000), Brasiliano (2000), Romano et al. (2001), Fabrício (2002), Scheer (1997). 20 0 A proposta p de Projeto Siimultâneo desenvolvid d da por Fabrrício (2002)) parte dos conceitos de collaboração aplicados em m outras ind dústrias, não o impondo aao setor de construção a rigiidez e compplexidade dos métodoss e das ferraamentas asso ociadas à Enngenharia Simultânea. S Almeeja-se, portaanto, desenv volver um m modelo próp prio de gesttão do proceesso de projeto afim às caraccterísticas e possibilid dades setoriiais, consid derando os paradigmaas contempo orâneos de organnização de projetos e as novas poossibilidadees tecnológiicas no trattamento e organização o dos ffluxos de innformações. Defiine-se, como Projeto Siimultâneo, no âmbito da d construçãão de edifíccios, como: "O desenvolvvimento in ntegrado das d difereentes dimeensões do emp preendimennto, envolvendo a forrmulação cconjunta daa operação imo obiliária, doo programa de necessid dades, da cooncepção arrquitetônica e teecnológica ddo edifício e do projeto o para produução, realizaado através da colaboração c o entre o agente promotor, a consttrutora e os projetistas, con nsiderando aas funções subempreite s eiros e forneecedores dee materiais, de forma a oorientar o projeto p à qualidade q aao longo do ciclo de prod dução e usoo do empreeendimento" (FABRÍCIO O, 2002). De acordo a com m Melhado eet al. (2005), o processso de projetto se inicia a partir de um ccliente, vistoo pela ótica das suas neecessidades e expectatiivas, e term mina no clien nte-usuário, com o desempeenho do pro oduto ou serrviço, que deve d atendeer às necesssidades e expectativas iniciaalmente forrmuladas. Concordando C o com o au utor, Fabríciio (2002) appresenta na Figura 2.3 as prrincipais interfaces dos projetos. Figuura 2.3 - Interffaces do Proceesso de Desennvolvimento de d Produto na Construção dde Edifícios. (F FABRÍCIO, 2002)) 21 As interfaces da Figura 2.3 apresentam a necessidade de uma comunicação eficiente e eficaz entre todos os agentes envolvidos no processo, bem como o usuário final que contribui para a validação das expectativas previamente definidas no início do desenvolvimento do produto (FABRÍCIO, 2002). 2.2 Compatibilização A compatibilização de projetos é a etapa que integra os projetos correlativos de um empreendimento, além do seu próprio gerenciamento, visando o perfeito ajuste entre as partes. Também apresenta grande relação à obtenção dos padrões de controle de qualidade da obra. Segundo Graziano (2003), a compatibilidade é definida como atributo do projeto, cujos componentes dos sistemas ocupam espaços que não conflitam entre si e, além disso, os dados compartilhados tenham consistência e confiabilidade até o final do processo de projeto e da obra. Pode-se resumir esta etapa como uma sobreposição de projetos. Deve-se, então, fazer uma parametrização das interferências entre os projetos, de modo a otimizar sua compatibilização, afim de preservar os principais aspectos qualitativos na correção das diferenças apresentadas. Picchi (1993) está de acordo com essa metodologia afirmando que a compatibilização de projetos compreende a atividade de sobrepor os vários projetos e identificar as interferências. Adiciona que também deve-se programar reuniões, entre os diversos projetistas e a coordenação, com o objetivo de resolver interferências que tenham sido detectadas. Para Rodríguez e Heineck (2001), a compatibilização deve acontecer em cada uma das seguintes etapas do projeto: estudos preliminares, anteprojeto, projetos legais e projeto executivo, indo de uma integração geral das soluções até as verificações de interferências geométricas das mesmas. Em sincronia com essa idéia, Novaes (1999) destaca que a incorporação do universo de variáveis que condicionam o projeto, desde o estudo de viabilidade até a conclusão do empreendimento valoriza a atividade de compatibilização, mesmo sem detalhar como se poderiam fazer estes procedimentos. 22 Tavares Jr (2002) apresenta, por exemplo, um método para compatibilização de projetos direcionado a empresas de pequeno porte destacando que nestas, pela não utilização desta etapa do processo dos projetos, ocorrem má qualidade da edificação, aumento do retrabalho e do custo global da construção. A presença do compatibilizar de processo é fundamental para o método. Novaes (1998) destaca que este procedimento deve ser realizado no domínio da coordenação de projetos, com o intuito de conciliação física, geométrica e tecnológica, além da produtividade dos componentes que interagem nos elementos verticais e horizontais das edificações. Os procedimentos se constituem em um importante fator de melhoria da construtibilidade e da racionalização por promover a integração dos diversos agentes e especialidades com a produção. 2.2.1 Relevância da compatibilização Na pesquisa da FINEP e ITQC (1998) apud Mikaldo Jr. (2006) de análise de desperdícios, constatou-se que um dos maiores agentes causadores é a falta de compatibilização entre os projetos. Castro (1999) relata que diversas manifestações patológicas encontradas em edifícios estruturados em aço são problemas bastante comuns, devido principalmente a interferências entre o projeto estrutural e os projetos de instalações. Afirma também que estas interferências provenientes de incompatibilidades de projetos ou de modificações no decorrer da construção ocorrem por falta de uma melhor coordenação entre os diversos sistemas construtivos envolvidos. De acordo com Egan (1998 apud MIKALDO JR. 2006), estima-se que 30% da construção é retrabalho pelo fato das atividades não estarem otimizadas e compatibilizadas. A falta de racionalização, observada em grande número de obras, contextualizada com a segregação de responsabilidades de projeto e execução, é reflexo do desenvolvimento do setor nos últimos 30 anos, conforme relatado por Graziano (2003). Surge a necessidade de coordenar e compatibilizar projetos, devido principalmente a separação de projeto e 23 execução. Além disso, Mikaldo Jr. (2006) também cita, como agentes geradores de necessidade de compatibilização: a) Especialização cada vez maior das diferentes áreas de projetos; b) Conformação de equipes de projeto localizadas em diferentes localidades; c) Número crescente de soluções tecnológicas sendo agregadas nos empreendimentos. Para Rodriguez (2005 apud MIKALDO JR. 2006), a melhoria do processo será alcançada apenas com ações que estimulem a formação de equipes cooperativas de trabalho e a integração entre o projeto e a produção. Sugere que as relações contratuais são a ferramenta que deve consolidar esta forma de atuação. Graziano (2003) lista a responsabilidade de clientes e projetistas que justifica a compatibilização dos projetos, conforme segue: Quadro 2.3 - Responsabilidades de Clientes e Projetistas na Compatibilização de Projetos (GRAZIANO, 2003) Responsável Ações Postergação de decisões que influem no desenvolvimento dos projetos; Cliente Fornecimento de dados incorretos ou incompletos como base para o desenvolvimento dos projetos; Falta de capacidade para análise técnica dos diversos projetos e para as tomadas de decisão. Desinteresse e ignorância sobre os demais projetos (sua fases e necessidades); Descomprometimento com a interação; Projetista Falta de normalização na troca de informações entre projetistas (documentação sem padronização; arquivos eletrônicos); Pouco conhecimento das técnicas executivas de obra. Ainda cita os seguintes exemplos: a) Deficiência no levantamento topográfico (efeito "saia justa"); b) Indefinição dos elementos de compartimentação (paredes, revestimentos); 24 c) Perda da compatibilidade por postergação de definições (contrapiso, furações, shafts,...); d) Planejamento tardio do canteiro (guinchos, gruas, administração,..). Porém, mesmo havendo um bom intercâmbio entre profissional dos projetos e construtora, os projetos sempre carecem de um melhor detalhamento, especificação e compatibilização, pois o mestre de obra nem sempre está apto ao entendimento do projeto (JACOSKI et al., 2004). Melhado (1994) complementa quando afirma a necessidade de detalhamentos a favor do processo, destacando cada etapa com sua análise crítica e compatibilização, com foco na construtibilidade. Kamei e Ferreira (2002) identificam que os contratantes dos serviços de projeto têm como expectativa que estes sejam entregues compatibilizados espacial e conceitualmente, além de considerar aspectos que envolvam custos, tecnologia e prazos de execução da obra. Observa-se que, na literatura, ainda não existe consenso na função do Gerente, Coordenador e Compatibilizador, porém adota-se frequentemente que o primeiro concentra a tomada de decisões estratégicas no nível mais alto da pirâmide hierárquica, o segundo operacionaliza estas decisões e o terceiro compatibiliza as interferências nos diversos projetos (FERREIRA, 2001). À figura de compatibilizador de projetos cabe perfeitamente a responsabilidade de levantar incompatibilidades e suas prioridades para planejar as ações preventivas necessárias para otimizar o processo, bem como implantar um sistema inteligente cabível à realidade da empresa. Ferreira (2001), ao propor uma conceituação para os intervenientes do processo de produção dos projetos, define o compatibilizador como “o sujeito que compreende o raciocínio conceitual e consegue levar a informação dimensional para a discussão” dando assim uma importância adicional para este, além da simples sobreposição de desenhos tradicionalmente praticada. Kamei e Ferreira (2002) complementam sua colocação ampliando o escopo e responsabilidade do compatibilizador dos projetos, reconhecendo que suas ações podem interferir no sucesso do empreendimento. 25 2.2.2 Dimensões da Compatibilização de Projetos Em seu trabalho, Solano (2005) define cinco dimensões para a compatibilização, sob responsabilidade dos compatibilizadores de projeto, conforme segue abaixo: a) Dimensão do plano estratégico dos Projetos: Propiciar condições para que os projetistas executem os projetos de acordo com o cronograma estabelecido e dentro do custo. Também consta o desenvolvimento dos projetos com o foco na produção, evitando contratempos na entrega final do empreendimento. b) Dimensão da pesquisa de mercado: Instruir e cobrar dos projetistas o atendimento ao programa de necessidades e ao memorial descritivo, direcionando-os a atender aos requisitos de estética, de durabilidade e de facilidade de manutenção do produto. c) Dimensão da viabilidade técnico-econômica: Utilizar indicadores geométricos, de consumo, de custos e de produtividade considerados no estudo de viabilidade econômico-financeira. Sugere-se também usar outros indicadores conhecidos como o índice de compacidade, taxa de formas, taxas de armaduras e de concreto, taxa de esquadrias, taxa de tubos de esgoto, verificação dos principais itens da curva ABC, entre outros. d) Dimensão da Construtibilidade: Com muita frequência, restringe-se à sobreposição de desenhos na busca de inconformidades que possam comprometer o fluxo da construção. O autor propõe um método direcionado à construtibilidade, operacionabilidade e sua manutenção. Para atingir aos objetivos do método, pelo menos deve-se elaborar uma listas de verificação das zonas vulneráveis, recomendando o uso do FMEA - Análise dos Modos e Efeitos de Falhas, posteriormente descrito neste trabalho. Deve-se, ainda, criar regras para compatibilização, contendo a ordem e itens como a verificação da data dos documentos que referenciaram o desenho, ou se o projetista atendeu à padronização dos documentos e se a base dos projetos é a versão atual do projeto de arquitetura liberado, sendo este o referencial para os demais. O 26 autor ainda sugeriu, a título de exemplo: a sobreposição do projeto no desenho a ser compatibilizado em ponto de inserção padronizado; a verificação do desenho por campos definidos em malha 10 x l0 cm; anotação das desconformidades e solicitações no layer do coordenador; arquivamento padronizado com ampla divulgação para todos os intervenientes do projeto; elaboração do plano de compatibilização de acordo com o cronograma dos projetos, considerando o grande número de interação, devendo ser calculada pela quantidade de tempo disponível (como em um projeto com 20 projetistas e 300 desenhos, que resulta tradicionalmente em torno de 190 compatibilizações de construtibilidade e 300 horas de trabalho); compatibilização dos desenhos dos projetos dois a dois, mantendo um controle bem divulgado entre os intervenientes do projeto. e) Dimensão da facilitação de fluxo da produção dos projetistas: Consiste em fazer cumprir os prazos previstos no cronograma de projetos e para compatibilização, dar ampla divulgação do processo de compatibilização por meio compartilhado e não liberar desenhos com pendências, sejam elas técnicas ou de formatação, mesmo por pressão do engenheiro de produção. “Dentre as dimensões citadas, todas são importantes e necessárias para um bom resultado final. Porém, a construtibilidade é a mais utilizada e pode ser conceituada como um neologismo significando a integração do conhecimento e experiência construtiva durante as fases de concepção, planejamento, projeto e execução da obra, visando a consecução de objetivos gerais do projeto” (CONSTRUCTABILITY, 1986 apud MIKALDO JR., 2006). Oliveira (1993) sugere cinco categorias de princípios gerais destinados à melhoria da construtibilidade: simplificação do projeto; padronização; sequência executiva e interdependência entre as atividades; acessibilidade e espaços adequados para o trabalho e; a comunicação entre projetos e obra. Mikaldo Jr. (2006) ainda complementa citando diversos autores que identificaram ações gerenciais genéricas ligadas à construtibilidade, que seguem abaixo: • Simplificação de detalhes de projetos visando permitir a flexibilidade de métodos construtivos e substituições de materiais; • Desenvolvimento de desenhos especificando detalhes de projeto que simplifiquem a execução dos serviços; • Exploração da padronização dos elementos construtivos; 27 • Compatibilização de projetos de naturezas distintas; • Exploração de técnicas modulares para as partes da obra. 2.2.3 FMEA A Metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha, também conhecida por FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é uma método para evitar que ocorram falhas em projetos, através da ferramenta de análise das falhas potenciais. Deve-se detectar o maior número de falhas possível antes da execução do projeto. Assim, é possível propor melhorias a este, aumentando sua confiabilidade. Segundo Helman e Andery (1995) este método possibilita melhorias nos sistemas, mediante a detecção de pontos problemáticos, relacionando as falhas nos elementos do subsistema com suas consequências no sistema macro, aplicando-o nas seguintes situações: a) Melhoria de um produto já existente ou processo já em operação, a partir da identificação das causas das falhas ocorridas e seu posterior bloqueio; b) Detecção e bloqueio de causas de falhas potenciais, antes que ocorram, em produtos ou processos já em operação; c) Detecção e bloqueio das causas de falhas potenciais, antes que ocorram, em produtos ou processos, ainda na fase de projeto. Segundo Toledo e Amaral (1999), “a falha de um produto, mesmo que prontamente reparada, causa, no mínimo, uma insatisfação ao consumidor”. Esse método convém bastante à construção civil, pois as falhas em seus projetos costumam causar grandes transtornos, e ainda pode causar graves riscos de vida aos seus usuários. O FMEA proporciona uma forma sistemática de conservar informações sobre as falhas dos produtos, oferecendo maior conhecimento a cerca dos problemas relacionado à atividade da empresa. Com isso, sugere ações de melhoria no projeto do produto ou processo, baseado no processo de melhoria contínua (dados e monitoração). Assim, haverá diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas. A metodologia pode ser aplicada tanto para produtos, processos e procedimentos administrativos, embora tenha enfoque em projeto de novos produtos e processos. Dirigindo- 28 se à aplicação de projetos, são consideradas as falhas no planejamento e execução do processo. Em outras palavras, objetiva-se a análise para evitar possíveis falhas do processo, baseando-se em não conformidades do produto versus especificações do projeto. Consiste na formação de um grupo de profissionais que identifique as funções, os tipos de falhas que podem ocorrer, os efeitos e as possíveis causas em todo o processo. Posteriormente, são avaliados os riscos das causas de falha por meio de índices. Baseado nesta avaliação, as ações necessárias são adotadas para reduzir os riscos identificados em acordo com os índices estabelecidos. Em síntese, o grupo de trabalho deve definir as funções e características do produto, relacionar com os tipos de falhas possíveis, descrever causas e efeitos para cada tipo de falha, relacionar os meios de detecção e prevenção de falhas tomadas ou a serem tomadas e atribuir índices de riscos para cada causa de falha. Através destes riscos, são discutidas medidas de melhoria. Toledo e Amaral (1999) apresentam a seguinte subdivisão da aplicação na seguinte ordem: • Planejamento: usualmente realizada por um responsável direto pelo método, onde descreve os objetivos e abrangência da análise, forma os pequenos grupos de trabalho multidisciplinares, planeja as reuniões e prepara a documentação necessária; • Análise de Falhas em Potencial: o grupo de trabalho discute funções e características do processo, tipos de falhas potenciais para cada função, efeitos do tipo de falha, causas possíveis da falha e controles atuais sobre as falhas; • Avaliação dos Riscos: o grupo define os índices de severidade, ocorrência e detecção para cada causa de falha independentemente, de acordo com critérios previamente definidos; 29 Tabela 2.1 - Exemplo de Índice de Severidade (TOLEDO; AMARAL, 1999) SEVERIDADE Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Severidade Mínima Pequena Moderada Critério O cliente mal percebe que a falha ocorreu Ligeira deterioração no desempenho com leve descontentamento do cliente; Deterioração significativa no desempenho de um sistema com descontentamento do cliente Sistema deixa de funcionar descontentamento do cliente Alta Muito Alta e grande Idem ao anterior, porém afeta a segurança Tabela 2.2 - Exemplo de Índice de Ocorrência (TOLEDO; AMARAL, 1999) Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 OCORRÊNCIA Ocorrência Proporção Remota 1:1.000.000 1:20.000 Pequena 1:4.000 1:1.000 Moderada 1:400 1:80 1:40 Alta 1:20 1:8 Muito Alta 1:2 Cpk Cpk> 1,67 Cpk>1,00 Cpk <1,00 Tabela 2.3 - Exemplo de Índice de Detecção (TOLEDO; AMARAL, 1999) DETECÇÃO Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Detecção Muito Grande Grande Moderada Pequena Muito Pequena Critério Certamente será detectado Grande probabilidade de ser detectado Provavelmente será detectado Provavelmente não será detectado Certamente não será detectado 30 • Melhoria: listam-se todas as ações, e suas respectivas viabilidades, que podem ser realizadas para diminuir os riscos, considerando facilidade de detecção, prevenção total ou parcial da falha ou uma de suas causas, assim como eliminar ou limitar seus efeitos; • Continuidade: sempre que ocorrerem alterações no processo, o FMEA deve ser atualizado, além de revisar a análise, confrontando as falhas potenciais imaginadas pelo grupo com as que realmente vêm ocorrendo. Também conta com a incorporação de falhas não previstas, e reavaliação das falhas já previstas. O manual de Toledo; Amaral (1999) ainda sugere um modelo de formulário para a análise, que segue abaixo: Tabela 2.4 - Exemplo de Formulário FMEA (TOLEDO; AMARAL, 1999) 2.2.4 Compatibilização 2D Esta técnica habitualmente é realizada em três etapas de compatibilização, sendo a primeira na fase de estudos preliminares e as demais nas fases de ante-projetos e projetos finais. Os projetos são elaborados de modo clássico, em 2D, normalmente se utilizando de softwares do tipo CAD. A compatibilização ocorre pela simples sobreposição de plantas, como pode ser visualizado na Figura 2.4. 31 Figuraa 2.4 - Exempplo de sobrepo osição do proj eto estrutural com o projeto o hidráulico (M MIKALDO JR R.; SCHEER,, 2005)) Sugeere-se o uso o de check--list, pontuaando as situ uações de irrregularidad des a serem m obserrvadas. Um processo utilizado freqquentementte com projetos 2D é a para sobreeposição dee paress de projeetos. Sobrepor mais de dois projetos pod de dificultaar a visuaalização dee interfferências físicas fí entree dois projjetos, sendo o o mais aconselháve a el fazê-lo por p etapas.. Lanççando os projetos baseados b nna arquitetura, fazem m-se neceessárias as seguintess sobreeposições: E x Hidráulico, H • Estrutura • Estrutura E x Elétrico, E • Hidráulico H x Elétrico, • Outros O projeetos x projettos já analissados. Devvem ser emitidos relatóórios de inteerferências por p etapa. E Estes são ap presentadoss aos pprojetistas que buscam m as melhoores soluções visando baixos cusstos e man nutenção daa qualiidade do em mpreendimen nto. Mikkaldo Jr. e Scheer (20055) citam com mo vantagens do métoddo o uso do o check-list,, que ttambém agrrega valor ao a controle de qualidad de, e a gran nde facilidadde de execu ução, pois o princcipal requissito é conh hecimento ssobre qualq quer softwaare do tipoo CAD e, atualmente, a , diverrsos profissiionais atend dem o requiisito. Com a solução daas incompattibilidades, há reduçãoo 32 2 do cuusto e ganhho na qualid dade do em mpreendimen nto, valorizzando o trabbalho dos projetistas p e dos pprojetos em si. Em seu estudo, Mikaldo Jrr. e Scheer (2005) aind da relatam qque, com un nanimidadee entree seus entrevvistados, a compatibiliização apresenta diverssas vantageens, desde que q haja um m grupoo gestor e a interação entre os pprojetistas envolvidos. e O grupo ggestor deve detectar ass interfferências físicas entre os projetoss e, além diisso, proporrcionar um ambiente colaborativoo para a busca dass melhores soluções s dee compatibillização. 2.2.55 Compatiibilização 3D D Umaa técnica dee compatibiilização quee melhor uttiliza os reccursos computacionaiss das. Mikalddo Jr. e Sch heer (2007)) dispooníveis na atualidade, relativo àss outras téccnicas citad acredditam que a compatibilização 3D D trata de uma u fase de d fundamenntal importtância, poiss abrannge e interrfere no cu usto, flexibbilidade, qu ualidade, in novação e tempo do projeto doo emprreendimentoo. Considera-se, tambbém, que a técnica causa reduução em ree-trabalhos,, despeerdício de materiais, m tempo de exxecução dos projetos e compatibiilização, bem como see utilizza adequadaamente da in novação com m as novas a ferramen ntas de Tecnnologia da Informação, I , propiiciando quaalidade e fleexibilidade aao processo o. Paraa exemplificcação do usso, Mikaldo o Jr. e Scheer (2007) uutilizaram os softwaress Eberrick da AlltoQI para, a partir doo plano 2D D, lançar a estrutura eem 3D. Baaseou-se naa arquiitetura, impportada de um u desenhoo no formaato dxf/dwg g. Então, feez-se a mod delagem daa estruutura em 3D D, lançando os o elementoos estruturaiis (pilares, vigas v e lajess). Figura 2.5 - Lançamento dos elemento s estruturais no n plano 2D (M MIKALDO JR R.; SCHEER, 2007) 33 O lançamento é feito informando a cota z (eixo vertical) no início do desenvolvimento do projeto e ao inserir cada elemento estrutural, como mostra a figura 2.6: Figura 2.6 - Configuração dos elementos estruturais do pilar, viga e laje (MIKALDO JR.; SCHEER, 2007) 34 4 Figuura 2.7 - Mod delo 3D do proojeto de estruttura (MIKALD DO JR.; SCHE EER, 2007) Quaanto às instaalações, o auutor utilizou u o softwarre Hydros e Lumine daa AltoQI. A modeelagem das instalaçõess hidráulicass em 3D se dá a partir do lançameento dos eleementos em m 2D (cconexões, tubos t horizo ontais e vertticais, lâmp padas, interrruptores, tom madas, duto os elétricos,, etc.),, baseandoo-se na arquitetura que é importad da de um desenho dxf/ddwg. Figurra 2.8 - Modello 3D dos projjetos de installação (MIKAL LDO JR.; SCH HEER, 2007) 35 5 Com m os modelos 3D, é poossível inteegrá-los tanto em um ssoftware dee CAD quee aceitte arquivos dxf ou no SAI - Soft ftware de Análise A de Interferênci I ia da empreesa AltoQi.. Destaaca-se que todos os prrojetos deveem ter o meesmo ponto o de origem m, de coordeenada (0,0).. Em sseu trabalhoo, o autor uttilizou a oriigem no can nto da escad da, justifican ando-se por se tratar dee um pponto em coomum na maaioria dos ppavimentos. Figurra 2.9 - Modelo 3D da integgração do projjetos (MIKAL LDO JR.; SCH HEER, 2007) Figura 2..10 - Exemplificação do Poonto de Origem m em 3D (MIK KALDO JR.; SCHEER, 2007) 36 As interferências físicas na integração 3D são de fácil visualização e compreensão, como mostra a figura a seguir. Figura 2.11 - Interferência Física entre os projeto hidráulico e estrutural (MIKALDO JR.; SCHEER, 2007) O compatibilizador lista as interferências e, junto aos projetistas, encontram uma solução para cada caso. As informações são repassadas internamente de forma gráfica e escrita através de um extranet de projetos, salvando o registro das informações e tomadas de decisões. Sugere-se que os modelos 3D sejam gerados como parte do processo para o dimensionamento dos projetos, utilizando softwares que permitam este artifício. Assim, facilita-se bastante a etapa de compatibilização, tornando possível realizar esta etapa em apenas alguns minutos. No estudo de Mikaldo Jr. e Scheer (2007), listaram-se como vantagens do método: • Facilidade de compreensão e visualização das interferências; • Verificação de um número maior de interferências na etapa de projetos; • Redução do número de reuniões de compatibilização; • Precisão nas alterações de projetos, como furos em vigas, evitando patologias; • Redução do número de modificações, por facilidade de visualização; 37 • Maior compreensão de logística e execução, em função dos modelos 3D; • Agilidade na integração dos modelos 3D; • Redução de retrabalhos e desperdício de materiais. E como desvantagens citadas, encontram-se: • Falta de interoperabilidade com os softwares de projetos complementares e o arquitetônico; • Limitações de modelagem do software; • Dificuldade de modificação dos modelos em 3D; • Poucos profissionais habilitados para atuar no desenvolvimento de projetos em 3D; • Falta de filtros no software, gerando listas de irregularidades muito carregadas; • Algumas limitações na modelagem e nos filtros dos softwares. Para Mikaldo Jr. e Scheer (2007), as vantagens superam as limitações. Estes também dizem que, se as empresas de software investirem em sistemas que elaborem projetos integrados em ambientes colaborativos, utilizando os recursos de internet, será viável ainda se utilizar a engenharia simultânea, até ignorando fluxogramas com atividades seriais, que segmentam as etapas dos projetos. 38 3 3.1 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Discussão Acredita-se que a produção científica tem muito a oferecer à melhoria do processo de projetos na construção civil. Como mostrado, diversas técnicas e métodos estão disponíveis para aumentar a produtividade e competitividade de empresas do setor. Assim, o estudo do gerenciamento e desenvolvimento da etapa de projetos de um empreendimento pode trazer benefícios consideráveis aos produtos final, da redução do seu tempo de produção e custos envolvidos à melhoria da qualidade. A indústria da construção civil desenvolveu-se lentamente comparada as demais indústrias. Ainda hoje, observam-se profissionais do ramo utilizarem métodos ultrapassados para executar suas atividades. No Brasil, pode-se afirmar que há pouco incentivo de desenvolvimento de recursos para o aperfeiçoamento do processo produtivo na construção, principalmente direcionado à etapa de projetos, envolvendo o estudo e aplicação de processos consagrados na literatura científica. Uma característica marcante nos empreendimentos de construção civil é a multidisciplinaridade envolvida em cada produto. Diferentes áreas do conhecimento precisam alinhar-se para gerar um produto único final. Todas as especialidades devem coincidir em tamanho detalhamento que permita a qualidade e conformidade da construção. Nesse aspecto, a troca de informações entre responsáveis técnicos é essencial para gerar um processo efetivo. De modo mais tradicional, observou-se uma solução empírica para confrontar as diversas áreas de conhecimento envolvidas. A sobreposição dos diversos projetos oferecia a viabilidade de separar as responsabilidades pelas especificidades técnicas. O método foi aperfeiçoado e pode ser caracterizado por sua fácil execução, eliminando pontos de maiores disparidade. No entanto, cada projeto passou a enriquecer-se em detalhes e tecnologia, visando melhoria da qualidade do produto. O empreendimento, em função de sua utilização, aumentou consideravelmente o número de projetos complementares, tais como prevenção e combate a incêndio e pânico, paisagismo, programação visual, etc. Nesta situação, a sobreposição de projetos por compatibilização 2D, considerando a indicação de fazê-lo em pares, não supre satisfatoriamente a demanda do processo. 39 Surge então a idéia de melhor utilizar os recursos computacionais disponíveis atualmente. Algumas empresas voltadas à Tecnologia da Informação, aplicada ao processo de projetos, passou a utilizar recursos avançados em 3D para a sobreposição de projetos. O desenvolvimento dos projetos incluindo seus desenhos tridimensionais é bastante favorável à efetividade da técnica, reduzindo bastante, inclusive, o tempo necessário para compatibilizar os diversos projetos, independente de suas complexidades. Embora ainda observe-se pouca utilização, os estudos indicam satisfação quanto à proposta do método, fazendo-se necessário apenas investir no aperfeiçoamento de softwares, e também em marketing para disseminar a cultura de seu uso, que é importante para a sua eficácia. Cita-se ainda outra solução sensorial para melhorar a etapa de projetos, voltado à compatibilização, que se trata de evitar as falhas. O FMEA consta um método desenvolvido para atender esse item. Sua metodologia utiliza-se de profissionais capacitados e grande nível de organização. Procuram-se exaustivamente as falhas possíveis no empreendimento e, na etapa de projeto, foca-se em suas respectivas prevenções. Evitar constrangimento durante o uso da construção é de grande valor para a satisfação do cliente, um dos principais indicadores para a competitividade. Há bastante incentivos para o crescimento do mercado de construção. Os programas de habitação disponíveis no governo, oferta de crédito disponíveis em bancos e aumento do consumo local geram maiores oportunidades no mercado e, consequentemente, maior competitividade. Dessa forma, torna-se oportuno fazer envolvimentos para a melhoria do processo atual da construção. Podem-se perceber numerosas falhas durante a etapa de projetos que é de fundamental importância para a qualidade e custos do produto. No escopo atual, há um atrito entre os interesses dos envolvidos durante a vida do empreendimento, resultando na queda da qualidade final do produto e também do processo. A tomada de decisão fica no encargo do engenheiro de obra sobre o projeto de terceiros, o que é bastante danoso para o empreendimento e o sistema de produção. Observa-se que, principalmente no meio acadêmico, há uma constante busca de meios para melhorar a etapa de projetos, embora esta etapa não esteja em foco entre as áreas de maior desenvolvimento. Em uma visão tradicional, existe esta ênfase na melhoria do processo de compatibilização, utilizando, principalmente, os recursos oferecidos pela Tecnologia da Informação. Os estudos apresentam que tal solução pode ser satisfatória, se houver maior investimento no desenvolvimento de produtos e tecnologias, convindo de exemplo a 40 compatibilização 3D. Acredita-se inclusive que, atualmente, o mercado de construção civil encontra-se em um período de transição e que, aos poucos, serão inseridos novos recursos que gerem aperfeiçoamento do processo de projetos. Observam-se semelhanças no desenvolvimento atual do processo da construção civil com o desenvolvimento industrial. A produção em massa e competitividade entre empresas de construção formam uma situação semelhante à situação observada na indústria, como relatado neste trabalho. Percebe-se que a demanda do mercado sugere um processo mais adequado às necessidades dos clientes, retirando o foco da produção em escala para a produção com qualidade. A engenharia simultânea apresenta princípios positivos para a melhoria de um processo, independente de sua área. Muitos dos princípios, inclusive, presentes naturalmente durante o processo de melhoria natural de uma empresa. De forma intuitiva, alguns princípios podem ser introduzidos na política interna de empresas capacitadas para suprir as necessidades do mercado de trabalho, dentre elas, presentes no trabalho de Fabrício (2002), lista-se: definição de um responsável pela coordenação dos projetos; utilização de ferramentas automatizadas; disponibilidade e acesso às informações e; foco na melhoria contínua e aprendizado. Assim, cabe a avaliação da inclusão destes itens ao entendimento dos benefícios disponibilizados pela Engenharia Simultânea. Os princípios citados podem ser observados como recomendação de diversas técnicas no estudo de gerenciamento de projetos. Foca-se, então, nos seguintes princípios que realmente caracterizam a mudança do processo de projetos, tais seguem: • Sobreposição das atividades antes seriadas, diminuindo o tempo de projeto; • Antecipação das tomadas de decisões e soluções de conflitos do processo; • Equipes multidisciplinares; • Paralelismo entre criação e manufatura; • Concentração de recursos no início do projeto; • Maior relação com cliente, fornecedor, subcontratados e vendedores. Há disparidades marcantes na indústria de produção e na construção civil. A cultura rege o processo de construção civil, dificultando o uso de técnicas industriais na construção. Entre alguns fatores que impossibilitam maior estabilidade no ramo imobiliário, 41 percebe-se a intervenção dos clientes, descentralização da tomada de decisão, falta de detalhamento nos projetos e desvalorização da construtibilidade. Ainda assim, os itens listados podem apresentar benefícios à construção civil, como pode ser observado na história do desenvolvimento industrial. No entanto, faz-se necessário adaptar tais preceitos à realidade da construção civil, considerando principalmente sua dinâmica e tradição processual. 3.2 Conclusões Houve uma explanação sobre o desenvolvimento histórico e surgimento da Engenharia Simultânea, até a introdução deste método voltado à construção civil. Diversos autores mostram-se a favor da adaptação à construção civil, como parte de uma melhoria contínua no setor da construção. Devem-se considerar as grandes diferenças entre o processo de produção do setor imobiliário e do setor industrial, berço da Engenharia Simultânea. Acredita-se que, atualmente, haja oportunidade do desenvolvimento do método direcionado à construção civil, devido ao investimento disponível na infra-estrutura nacional e alta competitividade entre empresas de construção e escritórios de projetistas. Mas há certa dificuldade em aplicar a Engenharia Simultânea na construção civil devido a tais disparidades. Os preceitos são aplicados para a manufatura, com um processo continuo e relativamente mais estável que é observado na construção. Assim, a Engenharia Simultânea, sobretudo, sugere uma mudança de filosofia do processo de produção do produto. Teoricamente, há diversos benefícios a serem agregados principalmente na etapa de projetos da construção civil, mas estes são de difícil aplicação devido ao setor se apresentar fortemente tradicional quanto ao seu desenvolvimento de produtos. Por fim, o trabalho aborda o processo de compatibilização que, favoravelmente, está incluso no processo tradicional da construção, devido à frequente observação de desperdícios e alto custos por interferências entre projetos. Seu investimento se justifica pelo prevalecimento dos pontos positivos aos negativos das técnicas apresentadas neste trabalho, que geram a melhoria da etapa de projetos e, consequentemente, de toda a vida útil do empreendimento. A compatibilização dos projetos com Técnicas como a compatibilização 2D 42 para empreendimento de pequeno porte e a 3D para médio e grande porte antecipam o problema antes de sua construção, causando a redução de custo e, assim, melhoria e agilidade do processo. O FMEA também foi explanada, podendo ser particularmente efetivo na redução de erros por falta de consideração da construtibilidade. 3.3 Dificuldades encontradas A proposta inicial do trabalho foi bastante alterada devido à abrangência do conteúdo disponível sobre gerenciamento de projetos. Então, houve uma delimitação do tema focada na discussão da compatibilização e na engenharia simultânea. Neste ponto, embora haja bibliografia suficiente para ilustrar a composição da arte, não havia aplicações práticas efetivas para ilustrar o tema de estudo, principalmente a engenharia simultânea. A limitação teórica deste tópico gera uma ausência de criticidade sobre a aplicação na construção civil, o que dificulta o desenvolvimento de uma discussão melhor fomentada. Outra dificuldade foi a inclusão de uma etapa prática no trabalho. Tornou-se inviável a consulta das empresas locais sobre o tema da monografia, por questão de mobilidade, tempo e até desconhecimento dos profissionais de construção civil sobre o conteúdo dos temas abordados neste trabalho. 3.4 Perspectivas para trabalhos futuros Sugere-se que haja foco no estudo da melhoria da adaptação do processo simultânea na área de construção civil. Que conste, também, o que já é palpável na aplicação deste em forma de histórico de desenvolvimento. Estudos de caso e aplicações da Engenharia Simultânea no processo tradicional de projetos também podem trazer grandes benefícios para o conhecimento científico. Considerar as diferenças regionais, fundamentado em suas respectivas origens é recomendado. Por fim, também sugere-se o estudo da compatibilização de projetos aliado à Engenharia Simultânea, como estes poderiam se complementar e quais pontos e integrar-se de forma otimizada. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUMBA, Chimay J.; EVBUOMWAN, Nosa F. O. Concurrent engineering in design-build projects. Construction Management and Economics. [S.L.], ed.: Routledge, Vol. 15, pp. 271-281, 1997. BALLARD, G.; KOSKELA, L. On the agenda of design management research. 6th Annual Conference of the International Group for Lean Construction. Guaruja, Sao Paulo, 1998, p13. BORGES, F. C. D.; GORDO, N.. Engenharia Simultânea. Curso Profissionalizante de Automação Mecânica. TELECURSO 2000. Aula 20. São Paulo, 1995. BROUGHTON, T. 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