20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: ANÁLISE DE ALGUMAS FALHAS EM UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA White José dos Santos (EE/UFMG) Luiz Antônio Melgaço Nunes Branco (EE/UFMG) Júlio Valter de Abreu Filho (EE/UFMG) Resumo A construção civil nos últimos anos vive uma fase de aprimoramento tecnológico em busca de ganhos de eficiência, redução do desperdício e melhor qualificação dos empreendimentos. Para obter vantagens competitivas é primordial um planejamentto bem executado e projetos adequados e compatibilizados. Neste trabalho foram analisadas diversas referências sobre o tema compatibilização de projetos e sua relação com a execução da obra, o que permitiu avaliar um empreendimento público, no qual este procedimento não foi realizado. Constatou-se, pelo estudo de caso, a incidência de problemas, seus custos e prazos no decorrer da obra, todos passíveis de serem previstos, delineando assim a importância da compatibilização de projetos. Diante dos resultados se propôs uma postura/”olhar” sobre os elementos e as interferências encontradas em um empreendimento, de forma a torná-lo mais eficiente. Palavras-chaves: Compatibilização de Projetos, Eficiência, Postura Adequada, Obra Pública. IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 1 INTRODUÇÃO O Brasil vive nesta primeira década do século XXI um expressivo crescimento no setor da construção civil e ao processo construtivo vem sendo imposto cada vez mais exigências quanto à eficácia, eficiência, o dinamismo das interações entre os projetos/projetistas e a execução da obra. Quando isto não se concretiza, observam-se falhas em projetos que consomem recursos (tangíveis e intangíveis) e diminuem a competitividade da empresa. Constata-se, nos últimos anos, que o setor da construção civil objetivando criar vantagens competitivas e se adequar a padrões normativos e de desempenho, tem buscado procedimentos/técnicas no sentido da padronização dos processos projetuais visando reduzir a imprevisibilidade, eliminar os desperdícios e retrabalhos para atingir os melhores percentuais de produtividade (SILVA; SOUZA, 2003). Segundo Picchi (1993), a compatibilização de projetos compreende a atividade de sobrepor os vários projetos e identificar as interferências, bem como programar reuniões, entre os diversos projetistas e a coordenação, com o objetivo de resolver interferências que tenham sido detectadas. Fabrício (1999) define que, o desenvolvimento do projeto se dá a partir da sucessão de diferentes etapas de projeto em níveis crescente de detalhamento de forma que a liberdade de decisões entre alternativas vai sendo substituída pelo amadurecimento e desenvolvimento das soluções adotadas ao mesmo tempo em que o projeto caminha da concepção arquitetônica para o detalhamento dos projetos de especialidades. Esse encadeamento é, conforme observa Melhado (1997), respaldado também pelas normas técnicas em vigor, bem como pelos textos institucionais que tratam do assunto e que consideram o projeto de arquitetura como o responsável pelas indicações a serem seguidas pelos projetos de estruturas e instalações. A fase da compatibilização de projetos, que vai além da simples compatibilização de desenhos que compõem o projeto, acontece com integração das especialidades de projeto entre si como procedimento que visa à identificação e resolução das interferências previamente, para que os mesmo possam ser reduzidos a um percentual mínimo que não dificulte a execução em obra. Desta forma, os três ganhos obtidos são refletidos em todos os subsistemas que lhe fazem interface, possibilitando uma execução planejada, padronizada que contribua para racionalização (GRAZIANO, 2003). 2 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS A compatibilização de projetos é a atividade que compreende gerenciar e integrar os projetos correlatos, visando o perfeito ajuste entre os mesmos e conduzindo para a obtenção dos padrões de qualidade total de determinada obra (SINDUSCON PR, 1995 apud MIKALDO, 2006). Compatibilizar projetos é verificar se os componentes dos sistemas ocupam espaços não conflitantes entre si e, além disso, garantir que os dados compartilhados tenham consistência e confiabilidade até o final do projeto (GRAZIANO,2003). A Figura 1 traça as relações, inversas, entre a possibilidade de interferência em um empreendimento com o custo acumulado de produção. A utilização de padrões de qualidade como o ISO 9000 e/ou sistemas lean construction podem fazer a diferença nas fases iniciais de projeto, diminuindo os custos e possibilitando a redefinição do programa do empreendimento, caso se faça necessário, sem grandes atrasos. O desperdício afeta o custo total do empreendimento e é ocasionado por falhas na especificação de materiais; falhas de projeto; falhas de durabilidade dos componentes; da mão de obra; do serviço terceirizado; da manutenção dos materiais utilizados nas obras, dentre outros aspectos. Figura 1: Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifício ao longo de suas fases. Fonte: FABRICIO (2002) 3 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Como exemplo desta situação, pode-se observar na Figura 2 os percentuais das origens de falhas registradas em 378 empresas ligadas ao setor da construção civil no Brasil, originado do trabalho de MAWAKDYE (1993). Figura 2: Origens dos problemas patológicos nas construções Fonte: MOTTEU e CNUDDE (1989) 3 TECNOLOGIAS APLICADAS AO GERENCIAMENTO DE PROJETOS 3.1. Extranets de projeto O processo de comunicação tem apresentado diversos percalços em função dos modernos empreendimentos da construção civil. Atualmente com a Internet torna-se fácil a comunicação entre os participantes de um empreendimento mesmo que estejam em diferentes partes do mundo. Cada vez mais aumenta a importância de comunicação clara e eficiente. A Tecnologia da Informação aparece como potencial solução para a necessidade de comunicação e integração (AHMAD et al, 1995; TANG et al, 2001). Segundo Santos e Nascimento (2002) uma das principais tecnologias da Internet ligadas à Construção Civil são os web sites (ver Quadro 1) para gerenciamento de projetos, chamados Extranets de Projetos ou Sistemas de Gerenciamento de Projetos Baseados na Web. Estes sistemas são baseados em tecnologias da informação que viabilizam a realização de transações comerciais entre empresas através da Internet, prestação de serviços, troca de informações estratégicas e a substituição de práticas como as de tirar fotocópias, envio de fax, reuniões presenciais e uso de correio. Nestes sistemas, todos os documentos de projeto e o 4 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 fluxo de trabalhos relativos a um empreendimento são gerenciados, compreendendo desde as etapas iniciais de estudos de viabilidade até o término da obra, ou até mesmo operação do edifício, proporcionando informações aos intervenientes a qualquer momento. Quadro 1: Características da Internet, Intranet e Extranet Internet Intranet Usuários Público em geral Grupos ou equipes Informação Fragmentada Proprietário Acesso Irrestrito Privado Mecanismo de segurança Nenhum Extranet Membros de empresas Compartilhada com confiabilidade Semiprivado Firewall inteligente, Firewall, padrões para diversos encriptação documentos Fonte: PAKSTAS (1999) apud MIKALDO(2006) 4 ESTUDO DE CASO 4.1. Caracterização A análise da compatibilização de projetos foi realizada em uma obra ainda em fase de execução. Este empreendimento trata-se da Câmara Municipal em uma cidade do interior de Minas Gerais, que está localizada a aproximadamente 60 km de Belo Horizonte. O projeto foi licitado pela prefeitura e vencido pela AMECO(Associação dos Municípios do Médio CentroOeste). A elaboração dos projetos complementares teve seu início durante a execução do projeto legal de arquitetura, sendo realizada em locais distintos. O projeto estrutural foi concebido em Belo Horizonte e os demais projetos, elétrico, hidráulico e de incêndio, foram destinados a projetistas locais. Durante essa etapa não ocorreu compatibilização dos mesmos devido à pressão para rápida execução e entrega da obra. O Quadro 2 ilustra a sequência dos projetos. Quadro 2: Características da execução do projeto e da obra. Item Projeto Características Sequencial –Projeto é feito e passado para o próximo profissional, não existindo simultaneidade. 5 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Definições Cada profissional define suas especificações Divulgações e Informações do Trocas de e-mail projeto Dimensionamento Projeto Estrutural: Auto – QI Projeto Elétrico-Programa Eduardo Fernal Projeto Hidráulico- Programa Eduardo Fernal Canal de interação Apenas e-mail e telefonemas Reuniões Primeira: Ajustes de preços/Prazo de entrega Segunda: Licitação da obra Obra - projetos AMECO(ASSOCIACAO DOS MUNICIPIOS) EMPREITADA GLOBAL ISO(NÃO UTILIZADO) 4.2. Compatibilização entre os projetos estrutural e arquitetônico A verificação de compatibilidade entre os projetos arquitetônico e estrutural assim como as demais foi realizada pelo arquiteto já na fase de execução. Através da sobreposição da planta de fôrma da laje com a planta de arquitetura da edificação. Com o auxílio do software CAD – Computer Aided Design, os arquivos digitais contendo os desenhos de cada especialidade foram equalizados, tendo escalas de plotagem e cores dos layers ajustados para melhor verificação. As Figuras 3 e 4 exemplificam incompatibilidades entre os projetos arquitetônico e estrutural, nos casos abaixo os pilares foram posicionados sobre as esquadrias do projeto. A solução adotada foi o deslocamento das esquadrias para um ponto mais próximo sem interferir com o pilar, já que a mudança dos pilares exigiria uma nova verificação estrutural e portanto seria de maior complexidade gerando mais despesas. Figura 3: Arquitetura-Esquadrias em destaque 6 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Fonte: Ameco Figura 4: Desenho de fôrma-Pilares P20 e P25 em destaque. Fonte: Ameco 4.3. Compatibilização entre os projetos elétrico e estrutural De forma análoga, os conflitos encontrados nesse caso também foram de fácil solução e poderiam ter sido corrigidos antecipadamente com reuniões ou troca de informações. Como pode-se perceber nas Figuras 5 e 6, a caixa elétrica foi colocada sobre o pilar P15 impossibilitando a sua construção. Figura 5: Desenho de forma-Pilar P15 em destaque 7 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Fonte: Ameco Figura 6: Projeto Elétrico-Detalhe da Caixa Elétrica sobre o pilar P15 Fonte: Ameco A solução para o caso foi o deslocamento da caixa elétrica alguns centímetros na direção da alvenaria, o que não ocasionou grandes alterações no projeto. Porém, o canteiro de obras foi paralisado e os projetos finalmente foram conferidos pelo arquiteto responsável. 4.4. Impactos no cronograma financeiro da obra 8 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 As falhas encontradas nos projetos foram notadas durante o inicio da execução da obra, resultando na sua paralisação por cerca três semanas para leitura de todos os projetos e readequações logo no primeiro mês de construção. Além do tempo perdido, a mão de obra paralisada e a revisão dos projetos resultaram em gastos além dos previstos inicialmente, como pode-se verificar no cronograma de obra mostrado na Figura 7. Como a empreitada foi do tipo preço global o aumento do preço, em torno de 15mil reais, foi distribuído pela etapas do projeto conforme mostra a Figura 8. Convém lembrar que um bom planejamento físico começa muito antes do início da obra. A quantidade e principalmente a qualidade das informações obtidas ainda na fase do desenvolvimento dos projetos são fundamentais, porém muitas empresas cometem falhas justamente nessa fase, por negligenciar informações e desprezar a possibilidade de ocorrência de restrições. A etapa inicial para o desenvolvimento de qualquer cronograma é a definição objetiva dos vários serviços (aí incluídos prazos e preços) que também serão os principais pontos de controle e acompanhamento. A definição das atividades (escopo) é um processo posterior e que visa um melhor detalhamento do trabalho a ser realizado, explicitando as especificações de materiais e técnicas construtivas. Figura 7: Orçamento previsto para a obra. 9 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Fonte: Ameco O principal fator responsável pelos atropelos ocorridos no projeto foi a urgência no prazo para celebração do convênio com o estado, como consequência do curto período estipulado para entrega dos projetos, as análises e compatibilizações dos mesmos não foram feitas de maneira adequada provocando reajustes no orçamento e modificação nos desenhos. Os atrasos no inicio da obra tiveram que ser compensados para garantir que a entrega do empreendimento ocorresse dentro do prazo determinado(dez/2012), data que corresponderia ao término do mandato do prefeito. Essa necessidade de entrega com urgência provocou aumento de gastos para acelerar os processos construtivos e também cobrir um aumento do efetivo na obra. Seria interessante, então, lançar mão da estratégia da Engenharia Simultânea, que não é apenas um conjunto de inovações tecnológicas, mas um modelo de gerenciamento de projetos que, apesar de exigir um maior controle sobre o que se desenvolve, permite que os envolvidos tenham maior liberdade no fluxo de informações e na tomada de decisões. Este arranjo consiste na execução de várias fases do projeto interativa e simultaneamente, com o objetivo de atender da melhor maneira possível às expectativas dos clientes internos e externos. 10 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Figura 8: Orçamento reajustado para a obra. Fonte: Ameco 5 PROPOSTA DE POSTURA Esse estudo permitiu que fossem analisados questões teóricas e práticas sobre a compatibilização de projetos e sua implicação nos resultados e na execução de obras. Diante disto, propõe-se algumas posturas/diretrizes para a adoção em empresas construtoras e escritório de projetos (arquitetônico, estruturais, instalações, entre outros) para o gerenciamento de projetos/empreendimentos que estejam em andamento ou que sejam projetados no futuro, afim de otimizar sua elaboração e a execução e evitar incompatibilização, com problemas construtivos e elevação dos custo. A proposta de postura/diretrizes consiste em interações entre as etapas de desenvolvimento de um empreendimento, conforme Figura 9. Estas interações são compostas por atividade e 11 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 pessoas que devem se se articulam/trabalhar de forma integrada e sistêmica. A seguir, detalham-se estes pontos e as interações existentes: Planejamento: é a etapa inicial do empreendimento e envolve as atividades de elaboração do anteprojeto o qual se vislumbra o que se deseja edificar. Ao mesmo tempo, deve ser realizado estudos de viabilidade (financeira, ambiental, logísticas, legislativas, entre outras). Como resultado, tem-se a criação de memorial descritivo de obra, definidos objetivos e viabilidades do projeto. É uma fase muito subjetiva, mas com uma capacidade enorme de resolver os alguns problemas que podem surgir nas fases seguintes, devendo para isto se basear em dados confiáveis e conter um equipe bem engajada e conectada por ambiente colaborativo ou grupo de trabalho virtual para facilitar a comunicação e o envio de informações. Projeto: a segunda etapa terá como base as informações e decisões elaboradas no projeto. Nesta fase, tem-se o detalhamento dos projetos (que deve ser estruturado pensado na obra como um todo, do projeto até a manutenção), sendo que o arquitetônico é o primeiro a se iniciar, seguido pelos demais, contudo estes devem ser confeccionados e terminar juntos. Estes projetos são criados de maneira compatibilizada deste o inicio, tendo um profissional gestor (compatibilizador), com conhecimentos de gerenciamento, técnicas projetivas e de execução como líder. Como geralmente os projetistas não trabalham em um mesmo escritório pode-se usar ambiente extranet, tecnologias BIM – Building Information Modeling, com a busca da compatibilização (evitando falhas e interferências entre os projetos), por exemplo, com o uso de ferramentas 3D e/ou maquetes eletrônicas, sobreposições de desenhos. O compatibilizador deve possuir uma visão de todo as etapas projetivas e construtivas, além de conhecer o empreendimento como um todo, seus fornecedores e objetivos. Indica-se a produção de projeto de construção que reúna todas as informações básicas necessárias para o desenvolvimento das atividades de execução da obra. Ressalta-se a necessidade de representantes dos responsáveis pela construção participando na elaboração dos projetos. Materiais e Componentes: esta etapa é elaborada juntamente com o projeto permitindo assim que se possa tomar decisões nos projetos segundo os equipamentos, 12 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 materiais e mão de obra disponíveis e necessários para a execução, uso e manutenção do empreendimento. Nesta etapa, projetistas, construtores, orçamentistas e fornecedores se juntam para fechar a parte técnica de modo a viabilizar a plena execução da edificação. Para tanto são desenvolvidas especificações de técnicas construtivas, materiais de construção, equipamentos e mão de obra que serão utilizados durante a execução da obra e manual do usuário a fim de facilitar o uso e manutenção do empreendimento. Execução: consiste na execução da edificação baseada nos projetos e especificações elaboradas nas etapas anteriores. Constitui-se por diversas atividades (infraestrutura, estruturas, acabamentos, entre outras) que são desenvolvidas/executadas de acordo com cronograma/orçamento previsto anteriormente. Além da execução o controle de obra também é muito importante nessa etapa, conferindo se o construído está adequado ao projetado e dando retorno a equipe de gerenciamento para ajustes do projeto/planejamento atual e de empreendimentos futuros. Manutenção: A manutenção é a ferramenta que garante uma vida prolongada e funcional ao empreendimento. Atividades como limpeza e reformas e também reposições de peças são realizadas afim de fornecer um bom funcionamento de todos equipamentos ao usuário.Com o processo de manutenção pode-se coletar informações sobre o funcionamento da estrutura permitindo que projetistas, construtores e empreendedores possam criar um banco de dados que pode ser usado em construções novas manutenções posteriores. A proposta aqui exposta objetiva fornecer a empreendedores, projetistas e construtores uma visão sistêmica do processo de construção e garantir que estes empreendimentos sejam executados de forma eficiente, com resultados eficazes para todos os envolvido no processo, desde o empreendedor até o cliente. Assim como, atender aos quesitos de segurança, habitabilidade e ambiental. Problemas como entulho (tema atualíssimo), layout inadequado, retrabalhos e outros, provenientes de planejamento ineficiente e falta de coordenação entre os diversos projetistas, poderão ser reduzidos através do uso de novas ferramentas de controle da produção, como a 13 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 engenharia simultânea. Um bom gerenciamento de projetos produz resultados expressivos para a sobrevivência e progresso das organizações. Figura 9: Proposta de gerenciamento de compatibilização de projetos em empreendimentos de construção civil. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da revisão bibliográfica pode-se perceber o desenvolvimento histórico e a evolução do processo de projeto até a chegada das ferramentas de informática que facilitaram os caminhos e reduziram drasticamente os tempos de projeto de estruturas. Diversos autores estudados enfatizam a grande importância da compatibilização de projetos na construção de uma estrutura, seja ela qual for, como parte de uma melhoria contínua no setor da construção reduzindo custos e desperdícios. No estudo de caso apresentado o arquiteto foi a figura do compatibilizador, que por ser responsável pelo projeto matriz, definidor das diretrizes para a inserção das demais disciplinas, possui uma visão ampla do empreendimento, necessária para o ajuste entre os projetos. Porém a compatibilização foi tardia provocando perdas financeiras e de tempo na obra, conforme visto nos cronogramas financeiros. 14 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Durante a compatibilização foi possível reduzir-se grande parte das interferências entre as especialidades, como conflitos físicos entre elementos da estrutura e hidráulica, e posicionamento de pilares que comprometeriam a utilização do edifício. A sobreposição dos desenhos CAD em 2D de arquitetura, estrutural, elétrico e hidrossanitário, foi o método para verificação de conformidades entre os projetos. A ausência de encontros entre os projetistas e a falta de um compatibilizador de projetos talvez seja uma característica dos pequenos empreendimentos, onde pequenos escritórios independentes, geralmente compostos por um número reduzido de profissionais, que se envolvem em projetos de menor porte e também pela não remuneração deste serviço por parte do cliente, que não visualiza os benefícios deste trabalho na execução do edifício. A utilização de sobreposição como maneira de verificação poderia ser substituída com a evolução para ambientes colaborativos com compartilhamento de informações e arquivos, e o uso de ferramenta BIM, que facilitaria a padronização de informações e a integração dos softwares utilizados por cada projetista. É interessante perceber que os conflitos resultantes do trabalho em grupo podem gerar bons resultados. Um erro percebido na fase inicial de projeto pode se transformar em um diferencial na qualidade do produto, no que diz respeito à sua eficácia e inovação. 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