Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 ISSN 1517-8595 137 CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ DE DOIS CULTIVARES UTILIZANDO TRATAMENTO ENZIMÁTICO E COLÁGENO HIDROLISADO Aniela Pinto Kempka1, Rosa Cristina Prestes2, Tatiane Alviero3 RESUMO A fabricação do suco da fruta é uma alternativa para o aproveitamento de maçãs rejeitadas para o consumo in natura, porém, o suco de maçã é rico em pectina e polissacarídeos e ainda contém polifenoloxidase, responsáveis pela sua turvação e escurecimento, respectivamente. O objetivo deste trabalho foi verificar a influência da concentração de um complexo enzimático comercial, da concentração de colágeno hidrolisado e da temperatura na clarificação de suco de maçã de duas cultivares, Gala e Fuji, através da técnica de planejamento experimental. Para verificação da eficiência de clarificação determinou-se a transmitância das amostras. Realizou-se análise estatística dos resultados obtidos visando verificar a influência das variáveis na clarificação do suco de maçã e posteriormente determinou-se o teor de sólidos totais (ºBrix). Para o suco da cultivar Gala, os experimentos onde obteve-se a maior clarificação foram E1 (0,03 g/l de complexo enzimático, 1 g/l de colágeno hidrolisado e 50 ºC) e E3 (0,03 g/l de complexo enzimático, 2 g/l de colágeno hidrolisado e temperatura de 50 ºC), iguais estatisticamente pelo Teste de Tukey (p<0,05), sendo a transmitância obtida de 97,65% e 96,45 %, respectivamente. Para o suco obtido da cultivar Fuji, o experimento E8 (0,05 g/l de complexo enzimático, 2,0 % de colágeno hidrolisado e a temperatura de 60 ºC) foi o que apresentou maior valor de transmitância, sendo de 99,0 %. Os valores de ºBrix final para os sucos variaram de 7,9 a 10,5 %, o que pode sugerir, para alguns experimentos, excesso de clarificação. Palavras-chave: gala; fuji; enzimas; pectina, transmitância. CLARIFICATION OF APPLE JUICE OF TWO CULTIVARS USING ENZYME TREATMENT AND HYDROLYZED COLLAGEN ABSTRACT The manufacture of fruit juice is an alternative to the use of apples rejected for the consumption in natura, but the apple juice is rich in pectin and polysaccharides and still contains polyphenoloxidase, responsible for turbidity and browning, respectively. The objective of this study was to investigate the influence of the concentration of an enzyme complex commercial, hydrolyzed collagen concentration and temperature on the clarification of apple juice of two cultivars Gala and Fuji, through the technique of experimental design. To verification the efficiency of clarification it was determined the transmittance of the samples. Was held statistical analysis of results obtained in order to verify the influence of variables in the clarification of apple juice and then determined the total solids content (ºBrix). To the juice of the Gala, the experiments which obtained the greater clarification were E1 (0.03 g/l of enzyme complex, 1 g/l of hydrolyzed collagen and 50 ºC), statistically equal by Tukey test (p<0.05), the transmittance obtained 97.65 % and 96.45 %, respectively. To the juice obtained from Fuji, the experiment E8 (0.05 g/l of enzyme complex), 2.0 % hydrolyzed collagen and 60 ºC) showed the 1 Docente. Universidade do Estado de Santa Catarina. Departamento de Engenharia de Alimentos. Santa Terezinha, BR 282, Km 573,7 - CEP 89.870-000, Pinhalzinho, SC – Brasil. Telefone: (49) 3366 6204. Fax: 49 3366 6200. e-mail: [email protected]. 2 Docente. Universidade Federal de Santa Maria. Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos. Doutora. Rua Reinaldo Manoel Guidolin, 280. Apto 403. Bairro Camobi, CEP 97110-212, Santa Maria, RS – Brasil. Telefone: 55 3220-8254. e-mail: [email protected]. 3 Engenheira de Alimentos. Santa Terezinha, BR 282, Km 573,7 - CEP 89.870-000, Pinhalzinho, SC – Brasil. Telefone: (49) 3366 6204. Fax: 49 3366 6200. highest transmittance value, being 99.0 %. The final ºBrix values for juice ranged from 7.9 to 10.5 %, which may suggest to some experiments, excess of clarification. Keywords: gala, fuji, enzymes, pectin, transmittance. INTRODUÇÃO A maioria das bebidas de frutas processadas industrialmente são clarificadas durante a produção a fim de evitar a turbidez indesejável e sedimentos no produto final. A turvação imediata de sucos de frutas recém processados é geralmente considerada como resultado de partículas suspensas de pectina decorrentes da parede celular das plantas e de outros materiais como celulose, hemicelulose, lignina e amido, além de proteínas, taninos, etc. (Pinelo et al., 2010; Abdullah et al., 2007). A produção de suco de maçã é um assunto de interesse para as indústrias de bebidas. A etapa de clarificação, que compreende processos longos e descontínuos se dá através da adição de enzimas pectinolíticas e agentes clarificantes (Araya-Farias et al., 2008). Além da redução da turbidez, as enzimas pectinolíticas acarretam o aumento da produtividade pela liquefação da polpa e a melhor filtrabilidade dos sucos. O efeito sinérgico da combinação de pectinases com outras enzimas como as celulases é crucial para o processo, pois faz com que haja liquefação quase completa das frutas. A hidrólise enzimática das paredes celulares aumenta o rendimento de extração e de açúcares redutores (Demir et al., 2001). Além da presença dos agentes de turbidez já citados, em sucos de maçã ocorre a formação rápida de pigmentos escuros logo após a extração devido a presença da enzima polifenoloxidase e dos fenóis, substratos desta enzima e precursores do pigmento. Batidas, cortes e outros danos mecânicos durante a colheita, armazenamento e processamento que permitam a penetração de O2, tem como resultado a formação destes pigmentos escuros (Whitaker et al., 2003), que devem ser retirados do suco processado. Industrialmente, para retirada destes pigmentos, a clarificação é geralmente conduzida por meios de agentes como a bentonita e a gelatina, que podem ser utilizados individualmente ou combinados (Onsekizoglu et al., 2010). A gelatina ou colágeno parcialmente hidrolisado é uma proteína solúvel em água obtida pela hidrólise controlada (65 ºC a 68 °C) do colágeno nativo ou tropocolágeno (tecido conectivo branco fibroso) que inicialmente é insolúvel em água (Ockerman & Hansen, 1994; Barbut & Mittal, 1991; Deman, 1999; Damodaran et al., 2010). Para fins de produção industrial, a gelatina é obtida a partir da matéria-prima por hidrólise parcial via ácida e alcalina e o colágeno hidrolisado é obtido por hidrólise química e enzimática sob condições controladas (Schrieber & Gareis, 2007; Denis et al., 2008). O colágeno hidrolisado é uma proteína natural derivada do colágeno nativo, encontrado na pele e ossos (particularmente de bovinos, suínos, aves e peixes) (Denis et al., 2008). A diferença do colágeno hidrolisado em relação ao colágeno nativo e a gelatina é que este tipo de colágeno é solúvel em água ou em salmoura, apresenta um elevado conteúdo protéico (84 a 90 %) e não possui poder de geleficação devido as baixas massas molares (entre 500 a 25.000 Da) (Schrieber & Gareis, 2007; Deman, 1999; Damoradan et al., 2010). A utilização deste tipo de colágeno é indicada devido a elevada capacidade de retenção de água e alto teor protéico (Francischetti, 2007). A conversão do colágeno nativo em colágeno hidrolisado e gelatina requer a quebra das ligações de hidrogênio que estabilizam a tripla hélice. As características do produto hidrolisado dependerão das ligações cruzadas entre as cadeias peptídicas e os grupos reativos livres amino ou carboxílicos terminais que são formados no processo de obtenção. Se há uma extensa ruptura de peptídeos, muitos resíduos laterais podem permanecer intactos e fragmentos solúveis são produzidos, como ocorre no caso do colágeno hidrolisado. Já na gelatina, muitas ligações laterais são destruídas e estas moléculas podem ter comprimentos de cadeia relativamente longos (Schrieber & Gareis, 2007). Devido às suas características e propriedades tais como baixa viscosidade em solução aquosa, odor neutro, incolor, transparência, propriedades emulsificantes e estabilizantes, formação de espuma e filmes, solubilidade, dispersibilidade, molhabilidade, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 compressibilidade, transportador de substâncias e baixa alergenicidade, o colágeno apresenta numerosas aplicações industriais (Denis et al., 2008). Existem muitos trabalhos que relatam a utilização de colágeno em produtos cárneos (Prabhu et al., 2004; Schilling et al., 2003; Santana et al., 2012; Máximo & Cunha, 2010), na imobilização de antioxidantes (Waszkowiak & Dolata, 2007), no desenvolvimento de polímeros (Dascali et al., 2005) e na elaboração de hidrogéis (Binsi et al., 2009 e Vlierberghe et al., 2011), no entanto, existem poucos estudos na literatura sobre a utilização de colágeno hidrolisado na clarificação de sucos. Portanto, objetivou-se com este trabalho o estudo do comportamento de sucos de duas cultivares, Gala e Fuji, em relação à clarificação. Para tanto, utilizou-se a técnica de planejamento de experimentos onde buscou-se os efeitos das variáveis concentração de complexo enzimático, concentração de colágeno hidrolisado e temperatura em relação a transmitância da amostra, resposta esta buscada como parâmetro de clarificação. bancada marca Biobrix. Para obtenção da transmitância, utilizou-se a metodologia de Albuquerque (2009) adapatada. Antes e após a despectinização e clarificação, determinou-se a transmitância da amostra, sendo esta medida realizada em espectrofotômetro marca Biospectro com comprimento de onda de 546 nm. A transmitância foi determinada em intervalos de 30 minutos durante 120 minutos antes da despectinização e após a despectinização e clarificação. MATERIAIS E MÉTODOS Clarificação com colágeno hidrolisado Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Química de Alimentos do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Para o tratamento enzimático, utilizou-se um complexo comercial (Pectimax MA - Prozyn) caracterizado por conter pectinases, celulases, hemicelulases, arabinase e amilase, sendo desconhecida a composição individual de cada enzima no complexo. E como agente clarificante foi utilizado o colágeno hidrolisado de origem bovina fornecido pela empresa Gelita South America. A Figura 1 apresenta o fluxograma do processo de clarificação dos sucos. Para a extração dos sucos utilizou-se processador de alimentos doméstico marca Philips Walita. Foram extraídas no total 32 alíquotas de 125 ml cada, divididas em duplicatas, sendo 16 da cultivar Gala e 16 da Cultivar Fuji. Para determinação do pH, utilizou-se pHmetro, mPA-210, da marca MS Tbcnopon de acordo com metodologia de “Normas Analíticas do Instituto Adolf Lutz” (Brasil, 2005). A determinação de Acidez Total das amostras de suco foi realizada segundo a metodologia de “Normas Analíticas do Instituto Adolf Lutz” (Brasil, 2005). O teor de sólidos totais (º Brix) foi obtido através do uso de refratômetro de Determinação da Transmitância Seleção das maçãs, lavagem, retirada de partes injuriadas, pêndulo, miolo e sementes. Corte e extração do suco Determinação do pH, sólidos totais, acidez total e transmitância Tratamento enzimático Teste com álcool para verificação da eficiência de despectinização Figura 1 - Processo de clarificação dos sucos. Planejamento experimental Para etapa de realização dos ensaios experimentais, as variáveis de estudo foram a concentração do complexo enzimático (CE), a concentração de colágeno hidrolisado (CC) e a temperatura (T), com todas as análises em duplicatas. O delineamento experimental 23 com valores reais e codificados (entre parêntesis) está apresentado na Tabela 1. Tabela 1 – Planejamento experimental 23 com valores reais e codificados utilizado para a clarificação dos sucos de maçã. Experimentos E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 CE (g/l) 0,03 (-1,0) 0,05 (+1,0) 0,03 (-1,0) 0,05 (+1,0) 0,03 (-1,0) 0,05 (+1,0) 0,03 (-1,0) 0,05 (+1,0) CC (g/l) 1,0 (-1,0) 1,0 (-1,0) 2,0 (+1,0) 2,0 (+1,0) 1,0 (-1,0) 1,0 (-1,0) 2,0 (+1,0) 2,0 (+1,0) T (ºC) 50 (-1,0) 50 (-1,0) 50 (-1,0) 50 (-1,0) 60 (+1,0) 60 (+1,0) 60 (+1,0) 60 (+1,0) Despectinização Para verificação da eficiência do tratamento enzimático ao longo do tempo para Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 cada experimento do planejamento, utilizou-se a metodologia de Albuquerque (2009) adaptada. Para tanto, alíquotas de 5 ml de suco foram filtradas a cada 10 minutos com auxílio de papel filtro qualitativo e posteriormente a estas foram adicionados 5 ml de álcool etílico. Homogeneizou-se e deixou-se em repouso para verificação da formação de flocos. Caso fosse constatada a formação de flocos, confirmava-se a presença de pectina, permanecendo então a amostra no tratamento até o resultar em ausência. Clarificação Após o período de despectinização, adicionou-se o colágeno hidrolisado permanecendo 30 minutos em banho-maria mantendo-se a temperatura utilizada na despectinização. Após o suco foi filtrado, e o filtrado obtido foi caracterizado quanto ao °Brix e transmitância, de acordo com Albuquerque (2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização fisico-quimica e transmitância das amostras de suco antes da clarificação Os resultados para a caracterização físico-química e o perfil de escurecimento (transmitância) das amostras sem tratamento dos sucos das cultivares Gala e Fuji estão apresentados na Tabela 2 e Figura 3, respectivamente. Tabela 2: Resultados obtidos para caracterização físico-química dos sucos de maçã Gala e Fuji sem tratamento. Cultivar Gala Fuji Acidez Total (g/100 ml) 1,09 ± 0,03 0,93 ± 0,02 Sólidos Totais (ºBrix) 12,9 14,5 pH 4,36 ± 0,01 4,15 ± 0,02 Os dados obtidos apresentados na Tabela 2 são próximos aos resultados apresentados por Danesi et al., (2007), onde o suco da maçã Gala apresentou acidez total de 1,08 g/100ml e o suco da cultivar Fuji apresentou acidez total de 0,78 g/100ml. O ácido orgânico que predomina em maçãs é o ácido málico, podendo ocorrer o ácido químico em maçãs pouco maduras (Belitz & Grosch, 1997). Segundo Fontoura & Freitas (1993), a qualidade da maçã para o processamento está ligada a sua acidez. Maçãs com acidez abaixo de 0,5 %, em ácido málico, são consideradas pobres para o processamento, devendo estar com valores acima de 0,7 % para serem consideradas boas. A medida de Sólidos Totais (°Brix) ficou de acordo com o Regulamento Técnico n° 01, de 07 de Janeiro de 2000 (Brasil, 2000) que estabelece padrões para suco de maçã, onde estes devem apresentar, no mínimo, 10,5 °Brix. Os resultados deste parâmetro também estão de acordo, quando comparados aos resultados obtidos por Protzek et al., (1999) e também com os resultados obtidos por de Rizzon et al., (2005) e Danesi et al., (2007). Os valores de pH obtidos diferem dos obtidos por Protzek (1999), sendo pH de 3,45 para a cultivar Fuji e de 3,60 para a cultivar Gala. Isto sugere um maior conteúdo de açúcares nas maçãs do presente estudo. O valor de pH pode afetar a clarificação em relação à interação com o colágeno hidrolisado. A unidade básica do colágeno é o tropocolágeno que é formado por três cadeias de polipeptídeos que se entrelaçam em formato helicoidal (Deman, 1999). As moléculas de tropocolágeno são estabilizadas pelas interações hidrofóbicas e eletrostáticas (Damoradan et al., 2010). Para o colágeno tipo I, uma cadeia de polipeptídios comum apresenta, aproximadamente 1.014 resíduos de aminoácidos com uma sequência repetida ao longo da cadeia de (Gly-X-Y)n (Schrieber & Gareis, 2007; Gómez-Guillén et al., 2002), a formação de fibras ocorre em pH 7,0, sendo este o pH em que ocorre a máxima interação eletrostática entre as moléculas de tropocolágeno fazendo com que a resultante de cargas na molécula seja zero (colágeno nativo) (Pedroso, 2009), não havendo, portanto, interação com compostos do meio. Verifica-se na Figura 3 que ocorreu uma diminuição, já esperada, da transmitância das amostras. O fato se deve ao escurecimento da amostra através de formação de pigmentos no decorrer do tempo, principalmente pela ação das polifenoloxidases, que hidroxilam tanto os monofenóis a o-difenóis como o-difenóis a quinonas (Belitz & Grosch, 1992). O escurecimento ocorreu mais rapidamente no suco da cultivar Fuji, porém, ao final de 120 minutos, os valores de transmitância para as amostras de sucos das duas cultivares apresentaram-se iguais. Fertonani et al., (2006) em estudo sobre o potencial da variedade Joaquina para o processamento de suco clarificado e vinho seco de maçã ao analisar em termos de compostos fenólicos as variedades Gala e Fuji, obteve 392 ± 60 mg/l de compostos fenólicos para o suco Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 da variedade Gala e 309 ± 30 mg/l para a variedade Fuji, o que sugere a proximidade dos valores de transmitância obtidos após 120 minutos. Clarificação e determinação da transmitância A Tabela 3 apresenta os resultados para o planejamento experimental em relação a transmitância (%) obtida após a total despectinização e clarificação e os resultados do Teste de Tukey (p<0,05). 100 Transmitância (%) justificado pelo uso da menor temperatura e da menor concentração de complexo enzimático para o referido experimento. 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 120 Tabela 3: Resultados obtidos para Transmitância obtida nas amostras de suco das cultivares Gala e Fuji após a despectinização e clarificação com colágeno hidrolisado. Tempo (minutos) Figura 3: Perfil de escurecimento da amostra de suco de maçã Gala (símbolo cheio) e de suco de maçã Fuji (símbolo vazio), sem tratamento. Despectinização Os sucos variaram, dependendo da cultivar, quanto ao parâmetro tempo de despectinização. O tempo mínimo de despectinização necessário para o suco da cultivar Gala foi de 30 minutos para os experimentos E2, E4, E6 e E8. Este comportamento é justificado pela maior concentração do complexo enzimático. Os experimentos E1 e E3 foram os que mais demandaram tempo para despectinização, sendo necessários 50 minutos para a verificação da ausência de pectina, sendo que a temperatura utilizada para estes experimentos foi de 50 ºC, a menor temperatura do planejamento experimental. Segundo Lee et al., (2006), o aumento da temperatura aumenta a taxa de reações enzimáticas e, portanto, exerce influência na clarificação, desde que a temperatura utilizada esteja abaixo da temperatura de desnaturação da enzima. A temperatura ótima para o complexo enzimático, segundo ficha técnica do fornecedor, está em 55ºC, sendo inativado a temperatura de 70 ºC. Isto sugere que para a despectinização do suco da cultivar Gala, a temperatura de 60 ºC apresenta os melhores resultados, não havendo ainda, desnaturação do complexo enzimático. Para o suco da cultivar Fuji, os experimentos E2 e E4 foram despectinizados em 20 minutos, sendo a temperatura de processo a menor no planejamento experimental (50 ºC). O experimento E1, igualmente ao ocorrido com a cultivar Gala, necessitou de 50 minutos para a verificação da ausência de pectina pelo teste de álcool, o que é Experimento E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média da transmitância (%) ± Desvio Padrão Suco maçã Suco maçã Fuji Gala 97,65bA ± 0,49 63,80ªB ± 9,05 A 69,70ª ± 0,71 64,95ªA± 1,77 bA 96,45 ± 3,18 80,40abcB ± 0,85 A 77,15ª ± 3,89 71,65abA ± 2,76 A 75,35ª ± 1,48 74,25abcA ± 5,59 A 72,45ª ± 0,07 89,35cdB ± 5,30 76,90ªA ± 5,66 88,25abcA ± 0,21 63,50ªA ± 6,36 99,00dB ± 1,41 *Médias acompanhadas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem (p<0,05) pelo teste de Tukey. **Médias acompanhadas de letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem (p<0,05) pelo teste de Tukey. Para os experimentos com suco da cultivar Gala, comparando-se os experimentos (letras na vertical), verifica-se que E1 e E3 diferem-se estatisticamente dos demais, apresentando os maiores valores de transmitância. Comportamento distinto pode ser observado para o suco da cultivar Fuji, sendo que E8 difere estatisticamente dos demais experimentos, sendo obtido o maior valor de transmitância. Pode-se observar entre as cultivares, comparando-se os valores obtidos de transmitância para um mesmo experimento (letras na horizontal) utilizando o suco extraído das cultivares Gala e Fuji, que apenas os experimentos E1, E3, E6 e E8 diferem estatisticamente (p<0,05), sendo que para E1 e E3 a transmitância obtida para o suco oriundo de maçã Gala foi superior e para os experimentos E6 e E8, inferior. Portanto, os valores de maior transmitância obtidos para a cultivar Gala foram referentes aos experimentos E1 e E3 (iguais estatisticamente) e para a cultivar Fuji, E8. Os maiores valores de transmitância para os sucos da cultivar Gala foram obtidos para o tratamento a temperatura de 50ºC, já para a Fuji, a temperatura de 60ºC. O colágeno Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 hidrolisado quando submetido ao maior aquecimento solubiliza-se mais facilmente em água (Wong, 1995) e as elevadas temperaturas associadas ao pH ácido do suco podem ter influenciado na capacidade do colágeno em se combinar com a pectina e outros polissacarídeos presentes no suco, pois neste pH o colágeno apresenta cargas positivas (Schrieber & Gareis, 2007). Possivelmente pela natureza eletrostática das interações entre o colágeno e a pectina e demais polissacarídeos ocorreu uma maior ou menor interação no processo de clarificação, associadas as características de acidez dos sucos. Figura 4 - Diagrama de Pareto obtido para o suco da cultivar Gala. Análise estatística dos resultados experimentais de transmitância dos sucos clarificados Após a realização do planejamento experimental, foram obtidos os efeitos das variáveis de estudo em relação à clarificação (através das respostas de transmitância). Para a obtenção do modelo matemático que representasse a clarificação (em termos de transmitância), considerando as variáveis CE, CC e T, foram calculados os coeficientes de regressão, obtendo-se as equações 1 e 2 que correspondem ao modelo de clarificação para o suco da cultivar Gala (R2 = 0,954) e Fuji (R2=0,934), respectivamente. Figura 5 - Diagrama de Pareto obtido para o suco da cultivar Fuji. T 78,64 15,89.CE 13,18.T 7 ,74.CE .T 4,79.CE .CC .T (Equação 1) T 78,95 11,74.CC 17,51.T 8,36.CE .T (Equação 2) Onde: T é a transmitância (%) CE é a concentração do complexo enzimático (g/l), CC é a concentração de colágeno hidrolisado (g/l) e T é a temperatura (ºC). Estes efeitos podem ser melhor visualizados nas Figuras 4 e 5 que apresentam o Diagrama de Pareto para a cultivar Gala e para a cultivar Fuji, respectivamente. Através da Equação 1 e da Figura 4, percebe-se que para o suco da cultivar Gala, as variáveis que exerceram efeito significativo como variáveis isoladas foram a CE e T, sendo os efeitos significativos negativos. Analisandose estes efeitos isolados, percebe-se que para a cultivar Gala, quando passa-se do nível -1 para +1 do planejamento experimental para CE e T, ocorre uma diminuição no valor da transmitância da amostra, indicando que a menor temperatura e a menor concentração de enzima levam a uma melhor clarificação, quando analisados estes efeitos isoladamente. Porém, verifica-se que a interação entre estas variáveis levou a um efeito significativo positivo, demonstrando que para o processo, onde estas variáveis atuam conjuntamente na clarificação, a passagem do nível -1 para +1 do planejamento experimental leva a uma melhor clarificação, o que confirma o resultado obtido para as etapas de despectinização e clarificação. Para o suco clarificado da cultivar Fuji, Figura 5, verifica-se que as variáveis que exerceram efeito significativo foram T, CC e CE.T, sendo os efeitos positivos. Neste caso, pode-se afirmar que a passagem do nível -1 para +1 do planejamento experimental para T, CC e CE.T levaram a maiores valores de transmitância, e portanto, sucos mais clarificados. A análise estatística, através do modelo matemático empírico permitiu a construção das Superfícies de Resposta apresentadas nas Figuras 6 e 7. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 Figura 6 - Superfície de Resposta contendo as variáveis concentração de complexo enzimático e temperatura e a resposta de transmitância para o suco de maçã Gala. Para maçã gala, Figura 6, a região de maior transmitância está situada nos pontos equivalentes a temperatura de 50 ºC e 0,030 g/l de concentração de complexo enzimático, menores valores do planejamento experimental. Figura 7 - Superfície de Resposta contendo as variáveis concentração de colágeno e concentração de enzima e a resposta de transmitância para o suco de maçã Fuji Para o suco da cultivar Fuji, Figura 7, verifica-se que a região de maior transmitância corresponde a temperatura de 60 ºC e 2 g/l de colágeno hidrolisado. apresentam os valores médios de ºBrix para as amostras antes e após a clarificação, para as cultivares Gala e Fuji. Sólidos Solúveis (ºBrix) após a clarificação Para verificação da clarificação, quanto ao excesso ou insuficiência, foram obtidos os valores de sólidos totais das amostras após a clarificação através do ºBrix. As Figuras 8 e 9 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.2, p.137-146, 2013 colágeno hidrolisado e extrato enzimático apresentado neste estudo. CONCLUSÕES Figura 8: Sólidos solúveis (º Brix) após a clarificação para os sucos da cultivar Gala. O colágeno hidrolisado e o complexo enzimático demonstraram eficiencia na clarificação do suco de maçã das cultivares Gala e Fuji. As variáveis temperatura (T), concentração de complexo enzimático (CE) e concentração de colágeno hidrolisado (CC) foram investigadas e apresentaram efeitos estatísticos distintos em relação aos sucos, sendo apenas as variáveis isoladas T e CE significativas para o suco da cultivar Gala e as variáveis isoladas T e CC significativas para o suco da cultivar Fuji. O tratamento de clarificação obteve valores de transmitância acima de 63 % para todos os experimentos do planejamento proposto, sugerindo, através da determinação de sólidos totais das amostras um excesso de clarificação. Diante disso, novos estudos são necessários para que se possa otimizar o processo de clarificação de suco de maçã utilizando tratamento enzimático e colágeno hidrolisado. Figura 9: Sólidos solúveis (º Brix) após a clarificação para os sucos da cultivar Fuji. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Para o suco da cultivar Gala, os valores variaram de 7,9 ± 0,12 (experimento E7) a 8,9 ± 0,23 (experimentos E1, E3 e E8). Para o suco da cultivar Fuji, os valores finais de sólidos totais (º Brix) variaram de 7,9 ± 0,09 (experimento E8) a 10,5± 0,01 (experimento E5). Percebe-se que o processo de clarificação pode ter sido excessivo em relação ao valor final do ºBrix, sugerindo a possibilidade do uso de menores concentrações de colágeno hidrolisado e de complexo enzimático na clarificação ou menor tempo de processo, o que pode ser uma vantagem para a indústria de processamento de suco de maçã Chatterjee et al., (2004) estudaram a clarificação de suco de maçã utilizando 1 g de gelatina ou bentonita/50 ml de suco (concentração 20 vezes maior do que a utilizada neste estudo), sem etapa de despectinização, obtendo valores de ºBrix após a clarificação de 13,90 ± 0,22 e 14,06 ± 0,24, respectivamente, tendo o suco ºBrix inicial de 14,40 ± 0,21, confirmando a eficiência do tratamento com Abdullah, A.G. L.; Sulaiman, N.M.; Aroua, M.K.; Megat Mohd Noor, M.J. Response surface optimization of conditions for clarification of carambola fruit juice using a commercial enzyme. Journal of Food Engineering, v. 81, p. 65–71, 2007. Albuquerque, C. M. 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