PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO NOS
ELETRICISTAS DAS CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA CATARINA –
CELESC, AGÊNCIA REGIONAL DE TUBARÃO.
Itamar Sebastião Mattos Neto¹; Romero de Souza2; Ralph Fernando Rosas3.
RESUMO
Introdução: Síndrome do Impacto do Ombro é considerada uma das causas mais
frequentes de dor e incapacidade em adultos. Objetivo: O presente estudo é verificar a
prevalência da síndrome do impacto do ombro nos eletricistas das Centrais Elétricas de
Santa Catarina (CELESC), Agência Regional de Tubarão (SC) (CEL-TB). Métodos:
Participaram da pesquisa 13 eletricistas da CEL-TB. A amostra foi composta de todos
os eletricistas que trabalhavam na ‘Linha Viva’ da agência mencionada. Foram
aplicados 5 testes; lata vazia, Speed, Quebra de braço, Neer, Hawkins-Kennedy para
confirmar o diagnóstico. Resultados: Foram analisados 13 eletricistas; 9 não
apresentaram sinais/sintomas; 1 apresentou positividade em 4 testes e 3 eletricistas em 2
testes. Ao final dos testes pode-se observar que 4 eletricistas apresentaram indícios de
síndrome de impacto do ombro. Um eletricista apresentou problema em 4 testes dos 5
aplicados. Os outros 3 eletricistas apresentaram indícios em pelo menos 2 testes dos 5
aplicados. Discussão: Quatro eletricistas apresentaram resposta positiva pelo menos em
2 dos testes aplicados com prevalência nos testes da lata vazia e Hawkins-Kennedy. Tal
fato pode ser explicado pelas características da população-alvo deste estudo, uma vez
que a SIO acomete com frequência elevada em praticantes de esporte e pessoas que
realizam atividades com as mãos elevadas acima da cabeça. Conclusão: Na amostra em
questão, a maior parte dos eletricistas estudados não apresentaram indícios de síndrome
do impacto, contrariando a literatura que refere que trabalhadores deste tipo comumente
a têm.
Palavras-chaves: Síndrome da colisão do ombro. Fisioterapia. Estudos da prevalência.
1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Unisul. Bolsista do artigo 170. E-mail:
[email protected]
2 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Unisul. Assistente de iniciação científica do
bolsista do artigo 170. E-mail: [email protected]
3 Professor do Curso de Fisioterapia da Unisul. E-mail: [email protected]
Introdução
O Brasil é um país com inúmeros recursos naturais renováveis e não renováveis, que se
bem administrados em sua extração, pode gerar ao País uma quantidade inestimável de
riquezas.
A energia elétrica, por ser um produto de alta periculosidade, requer um conhecimento
especializado e a utilização de equipamentos tecnológicos que permitam a sua
manipulação com segurança. Além de trabalhadores centrados psicologicamente e
possuidores de boa saúde.
Uma dessas Concessionárias de Energia Elétrica que atuam em Santa Catarina está a
Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC), responsável pela grande maioria do
transporte e distribuição de energia elétrica no Estado.
Cabe-nos, pois, levantar o número de incidências de Síndrome de Impacto do Ombro
nos eletricistas da CELESC na (ARTube) Agência Regional de Tubarão (Associação
Nacional de Energia Elétrica).
Dor no ombro (DO) é um termo guarda-chuva para uma série de diferentes problemas e
tem uma prevalência estimada entre 7 e 26% na população (YNGVE, 2013). Dentre
todas as visitas médicas, a DO é a mais comum (RACHELLE, 2013) e tem uma
incidência anual de 1,5% na população geral (RACHELLE, 2013), ou ainda, conforme
outros autores, uma incidência de 9,5 a cada 1000 pacientes em clínicas, postos e
hospitais e representam um problema de saúde relevante (KROMER, 2010). Um dos
diagnósticos mais comuns é a síndrome do impacto do ombro (SIO). (KROMER, 2010).
A SIO é uma queixa musculoesquelética que leva a significante redução nos níveis de
saúde e incapacidade. É a maior causa de DO e causa inflamação e edema e pode
tornar-se crônica se um tratamento adequado não é implementado. (DOGAN, 2010).
Esta síndrome está relacionada a perda de função dessa articulação (RACHELLE,
2013). Como é o ombro que estabiliza o membro superior na mais diversas atividades,
DO, e particularmente a SIO, produz diminuição não só na função mas na qualidade de
vida também. (CATHERINE, 2012).
Não só os eletricistas têm problemas no ombro. As mais diversas profissões podem ter
problemas em articulações, tendões, bursas, músculos e etc... Com a intensa carga de
trabalho que se tem hoje em dia, aliada à necessidade de cumprir metas, dificuldades
financeiras e outros motivos ainda, é provável que o mundo capitalista atual gere uma
quantidade grande de trabalhadores que necessitem usufruir do sistema previdenciário
do Estado acarretando enormes prejuízos financeiros para os mesmos, para os patrões,
dentre outras dificuldades para os trabalhadores em geral. Este trabalho poderá mostrar
parte do panorama em que uma respeitável parte dos trabalhadores brasileiros pode
fazer parte.
Assim sendo, este trabalho tem o objetivo de analisar a prevalência de SIO nos
eletricistas da CELESC, em Tubarão (SC). Mais especificamente, descrever o
comportamento dos testes manuais de ombro nos eletricistas da CELESC, em Tubarão;
Identificar quais eletricistas da CELESC, em Tubarão, tem provável SIO.
Metodologia
O presente trabalho atende às normas para a realização de pesquisa em seres humanos,
Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996. Todos os
participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento livre e esclarecido
(TCLE), contendo: objetivo do estudo, procedimento de avaliação e caráter de
voluntariedade da participação do sujeito.
O estudo é do tipo transversal e quantitativo, para detectar a prevalência da SIO em
eletricistas. Participaram da pesquisa 13 eletricistas das Centrais Elétricas de Santa
Catarina (CELESC), Agência de Tubarão.
A população foi composta de todos os eletricistas que trabalhavam na ‘Linha Viva’ da
agência mencionada. A amostra foi composta pelos indivíduos que preencheram os
seguintes critérios:
- Inclusão: trabalhar na função a mais de 10 anos; trabalhar na ‘Linha Viva’, ou seja,
fazendo manutenção das redes elétricas em casas, postes e redes fora da agência.
- Exclusão: não ter realizado tratamento fisioterapêutico nos últimos 6 meses ou
cirurgias prévias dos membros superiores e pescoço nos últimos 4 anos, fazer uso de
tipoias ou órteses afins, ou incapacidade de realização dos testes manuais de ombro
(TMO).
Foi feita uma avaliação em dia previamente agendado e liberado pela gerência da
referida agência.
Foi utilizado uma ficha de avaliação que contém itens relacionados a dados pessoais do
paciente, como nome, gênero, idade, dor no ombro (sim ou não), e um espaço para
assinalar o resultado dos testes (Palm-up, Speed, Hawkins, Neer, Lata vazia e Queda do
Braço).
Os testes citados foram realizados conforme Buckup (2000). Estes são classificados
como: resultado positivo ou negativo, conforme o mesmo autor.
Os dados obtidos foram analisados por intermédio de estatística descritiva simples
permitindo a análise do comportamento das respostas dos sujeitos da pesquisa com
relação às variáveis analisadas.
Resultados
Neste item, serão apresentados os resultados dos dados coletados após a
realização dos cinco testes: lata vazia, Speed, Quebra de braço, Neer, Hawkins-Kennedy
aplicados em treze eletricistas da CELESC, Agência Tubarão (SC).
Tabela 1 - Resultados dos dados coletados.
Paciente
Lata vazia
Speed
Queda do
Neer
braço
HawkinsKennedy
1
0
0
0
0
0
2
0
0
0
0
0
3
0
0
0
0
0
4
1
0
1
1
1
5
0
0
0
0
0
6
1
0
0
0
1
7
0
0
0
0
0
8
0
0
0
1
1
9
0
0
0
0
0
10
0
0
0
0
0
11
1
0
0
0
1
13
0
0
0
0
0
13
0
0
0
0
0
Legenda: 0=negativo 1=positivo.
Fonte: Dados coletados pelos autores, 2014.
Como é observado na tabela acima, quatro eletricistas apresentaram indícios de
síndrome de impacto do ombro. Um eletricista (4) apresentou problemas em quatro
testes dos cinco aplicados: (lata vazia, queda de braços, Neer, Hawkins-Kennedy). Os
eletricistas (6) apresentaram indícios em dois testes dos cinco aplicados (lata vazia,
Hawkins-Kennedy).O eletricista (8) apresentou indícios em dois testes dos cinco
aplicados (Neer e Hawkins-Kennedy). O eletricista (11) também apresentou indícios em
dois testes (lata vazia e Hawkins-Kennedy).
Discussão
Gould III (1993) descreve que movimentos repetitivos em praticantes de
esportes que exigem movimentos acima da cabeça podem levar a microtraumas por uso
excessivo. É importante salientar que os eletricistas trabalham com os braços acima da
cabeça e que a maioria deles tem pelo menos 20 anos de serviços nessa função. Os
sintomas mais evidentes é a dor durante e/ou após atividades ocupacionais com as mãos
acima da cabeça, 31 % dos eletricistas sentem dores após as atividades diárias.
De outro lado, segundo Gonçalvezet al. (2007), a incidência de dor e incapacidade no
ombro decorrente de sobrecarga articular é de aproximadamente 20% para a população
geral, enquanto no presente estudo 31% da população pesquisada apresentou queixa de
dor no ombro (embora sem relato de incapacidade).
Dos treze eletricistas, quatro apresentou resposta positiva pelo menos em dois dos testes
ortopédicos aplicados com sensibilidade para SIO. Tal fato pode ser explicado pelas
características da população-alvo deste estudo, uma vez que segundo Gould III (1993), a
SIO acomete com freqüência elevada em praticantes de esporte e pessoas que realizam
atividades com as mãos elevadas acima da cabeça.
Dentre os cinco testes elencados no método desta pesquisa foi notável a alta prevalência
nos testes da lata vazia e Hawkins-Kennedy, permitindo investigar a possível relação
com síndrome do impacto do ombro no tendão supra-espinhoso e patologia no manguito
rotador que é o objetivo geral deste trabalho.
Hebertet al. (2002), por sua vez, afirma que postura e movimentos anormais da escápula
são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de lesões do ombro, o que
segundo Kiebler e McMullen (2003), é decorrente de uma desorganização dos padrões
de ativação dos músculos estabilizadores da escápula durante o ritmo escapuloumeral.
Ainda segundo Hebertet al. (2002), a influência dos desalinhamentos escapulares no
desenvolvimento da SIO relaciona-se especificamente a uma redução do espaço
subacromial.
Conclusão
Nas últimas duas décadas a Síndrome do Impacto do Ombro tem se tornado um
diagnóstico cada vez mais comum em pacientes com dores no ombro. Porém, é um
diagnóstico específico e não a única causa de dor do ombro. O diagnóstico para SIO
baseia-se na anamnese, no exame físico e radiológico. O exame físico pode ser
realizado, na seguinte sequencia: Inspeção, palpação, mobilidades ativa e passiva, força
muscular e testes especifico como os que foram aplicados nesta pesquisa.
Da análise dos estudos acima, pode-se afirmar que a SIO é influenciada por fatores
biomecânicos relacionados as funções exercidas pelos eletricistas, como flexão ou
abdução dos ombros por tempo prolongado, posturas dinâmicas ou carga no membro
superior. Os resultados dos estudos evidenciam claramente associação positiva entre a
SIO e as funções executadas pelos eletricistas.
Com essa pesquisa foi possível quantificar a suspeita de SIO nos eletricistas de linhaviva da Celesc-ATub. Trinta e um por cento (31%) de prevalência da patologia nesses
profissionais é um índice alto, uma vez que corresponde a uma equipe de trabalho,
geralmente composta por quatro ou cinco elementos.
O constante risco de vida a que estão submetidos esses profissionais acaba gerando uma
condição insegura de tensão e stress alto. Os EPIs, (equipamentos de proteção
individual), mesmo com os avanços tecnológicos, não zera os riscos, mas
principalmente o uso excessivo e por horas a fio dos MMSS em posições
ergonomicamente incorretas é o que gera a SIO nesses profissionais. Somente com a
modernização de novos avanços em EPIs e a constante conscientização e posturas
ergonomicamente corretas será possível minimizar os índices verificados.
Sugerem-se futuros estudos e linhas investigatórias que desenvolvam padronizações dos
métodos de avaliação da exposição aos fatores de risco e do efeito musculoesquelético,
além de um tratamento direcionado de acordo com características de cada paciente,
visando oferecer meios mais seguros para a proposição de medidas preventivas e de
intervenção.
Referências
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em:
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Int.maio2013.
FOMENTO
O trabalho teve a concessão de Bolsa proveniente do Fundo de Apoio à
Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior – Fumdes, concedido pela
Secretaria do Estado da Educação de Santa Catarina - SED, pela Bolsa de Extensão do
Artigo 170 da Constituição Estadual de Santa Catarina.
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