A CAPACIDADE PREVISIONÁRIA NO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO UM ESTUDO FOCADO NAS PREVISÕES DOS ANALISTAS DE INVESTIMENTOS Autor: Henrique Rogério Lopes Ferreira da Silva RESUMO Neste estudo a capacidade previsionária dos analistas de investimento é avaliada através da comparação dos erros de suas previsões, para os lucros de empresas com ações negociadas nas bolsas de valores brasileiras, com os erros das previsões calculadas através de um Modelo Ingênuo (“Naive Model”). A amostra é composta por previsões para os anos 1994, 1995 e 1996, coletadas do jornal Gazeta Mercantil, feitas por 65 instituições. A eficiência dos analistas também é avaliada em função do tipo de controle das empresas, da origem de suas instituições, do prazo de antecedência das previsões e do risco das empresas, medido através da volatilidade dos retornos sobre os patrimônios líquidos. Os resultados obtidos fornecem evidências significativas de que a superioridade dos analistas sobre o Modelo Ingênuo é relativa e muito dependente do prazo de antecedência da previsão e do setor de atividade da empresa, além de altamente relacionada com o risco da empresa. A superioridade das previsões dos analistas, em relação às previsões do Modelo Ingênuo, só é verificada para prazos médios de previsão inferiores a um ano. Porém, mesmo para pequenos prazos de previsão, os analistas não são capazes de prever situações iminentes de degeneração financeira, como potenciais concordatárias. 1. INTRODUÇÃO O Mercado de Capitais brasileiro tem experimentado um crescimento expressivo de suas transações desde meados da década de 80, tornando-se uma importante fonte de recursos para as empresas que desejam ampliar seus negócios. Isto se deve ao maior ingresso de recursos de investidores estrangeiros, em busca de retornos mais expressivos para suas carteiras, permitido pela legislação com o estabelecimento de regulamentações mais flexíveis (anexos I, II, III e IV); e a maiores investimentos dos próprios brasileiros, através de fundos de investimentos em ações, previdências privadas, seguradoras. Na análise de oportunidades de investimentos, todas as instituições, sejam administradoras de carteiras de ações próprias ou de carteiras de terceiros, ou mesmo simples prestadoras de serviços de análise de investimentos, mantêm uma equipe de analistas que são responsáveis pelo acompanhamento de determinadas ações. Em geral, comparam os “preços justos” dessas ações, definidos a partir das previsões de lucros, com os respectivos preços de mercado, resultando em recomendações do tipo “Compra”, “Venda” ou “Manutenção da Posição”. De forma semelhante, na determinação do Custo de Capital e na precificação de empresas, normalmente se usa toda uma estrutura com analistas para desenvolver tais trabalhos, tomando por base as previsões de lucro das empresas em questão. Considerando a ampla utilização de analistas de investimentos, por todo tipo de instituição, a um custo superior ao de um modelo mecanicista, é razoável se pensar que estas instituições o utilizam porque acreditam que alcançarão melhores resultados. Porém, diversos trabalhos de pesquisas, que investigaram se realmente os analistas têm proporcionado melhores avaliações do que modelos matemáticos, já chegaram a conclusões diversas - Elton & Gruber (EG,1972); Brown & Rozeff (BR,1976) ;Penman (1983); Elton, Gruber & Gultekin (EGG,1984); Pires(1986) e Ness(1995). Conforme apresentado na Tabela 1 abaixo, há uma tendência a verificar-se a superioridade das previsões dos analistas em relação às previsões dos modelos matemáticos, 2 exceto no Brasil onde as pesquisas não contaram com amostras suficientemente representativas. Por outro lado, nenhuma das pesquisas definiu com clareza a relação entre o prazo de antecedência e “superioridade”. Principalmente porque, em grande parte, trabalharam com prazos inferiores a um ano. TABELA 1 - RESULTADOS DAS PESQUISAS QUANTO ÀS EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS PARA A CAPACIDADE PREVISIONÁRIA Exterior Brasil Pesquisa EG BR Penman EGG 1984 Pires Ness 1972 1978 1983 1986 1995 Quem é Sem Analistas Sem Analistas Sem Sem Melhor? Evidências Evidências Evidências Evidências No trabalho aqui apresentado, a eficiência dos analistas de investimentos é testada através da comparação dos erros de suas previsões para o lucro de empresas abertas, com ações negociadas em bolsa, com os erros de um Modelo Ingênuo (“Naive Model”), que simplesmente extrapola os resultados anteriores. Esta análise é feita considerando-se: (1) os tipos de controle das empresas (estatal, privado brasileiro ou estrangeiro), tendo em vista as diferentes formas de administrar as empresas e, conseqüentemente, possíveis diferenças nas expectativas dos analistas; (2) as origens das administradoras de recursos nas quais os analistas trabalham (estrangeira ou brasileira), considerando-se possíveis diferenças de “know-how”, face a maior tradição das instituições estrangeiras; (3) os setores de atividade das empresas, uma vez que apresentam diferentes estruturas de capital e riscos; (4) e, por fim, o prazo de antecedência das previsões, para que se possa definir o horizonte de eficiência das previsões dos analistas. 2. AMOSTRA A amostra utilizada neste trabalho é composta pelas sínteses de recomendações para ações negociadas nas bolsas de valores brasileiras, feitas por diversas administradoras de recursos, e divulgadas com certa regularidade na Gazeta Mercantil ao longo dos anos de 1995 e 1996, com previsões para os anos de 1994, 1995 e 1996. O Gráfico 1 abaixo apresenta a distribuição de freqüência das previsões, para os três anos. ANO PREVISTO 1 99 7 1 99 6 1 99 5 1 99 4 1 99 3 23 /S et/94 1 /Jan /9 5 11 /A b r /9 5 2 0 /Jul/9 5 28 /Ou t/9 5 5 /Fev /9 6 15 /Ma i/96 2 3/A go /9 6 DA T A DA PREV ISÃ O Gráfico 1 - Distribuição de freqüência conforme data da previsão. 1 /De z /96 3 As sínteses divulgadas normalmente são compostas por uma recomendação do tipo “Compra”, “Venda” ou “Manutenção” das ações em questão, e uma previsão do lucro líquido anual ou lucro por ação no ano ou, algumas vezes, lucro por ADR (“American Depositary Reciepts”), que foram descartados em função da falta de informação da quantidade de ADRs para cada empresa em questão. Conforme apresentado na Tabela 2 abaixo, no total foram coletadas 1.594 previsões para os anos de 1994, 1995 e 1996, contemplando 113 empresas de 24 setores de atividade diferentes. As médias de previsões por empresa foram: 2 em 1994, 9 em 1995 e 5 em 1996. TABELA 2 - QUANTIDADE DE EMPRESAS E DE PREVISÕES POR SETOR DE ATIVIDADE Setor Q. 94 95 96 Total Setor Q. Emp 94 95 96 Total Emp Alimentos 8 11 153 30 194 Fertilizante 5 6 11 3 20 s Auto Peças 5 7 4 1 12 Indúst Mec 4 5 15 6 26 Bancos 4 2 117 26 145 Madeira 1 1 1 0 2 Bebidas 5 12 11 16 39 Mat Transp 5 7 10 5 22 Brinquedos 1 1 1 0 2 Metalurgia 3 4 4 4 12 Cimento 1 6 7 8 21 Mineração 2 1 29 1 31 Comércio 3 10 12 15 37 Papel Celul 6 16 56 35 107 Concordat 1 0 4 0 4 Petroquím 9 10 35 29 74 Diversos 4 3 12 6 21 Química 3 3 7 3 13 Elet Eletrôn 5 11 20 5 36 Siderurgia 11 34 125 48 207 Eletrodom 4 6 45 16 67 Telecomun 8 26 199 70 295 Energia 10 26 66 83 175 Têxtil 5 4 26 2 32 Total 113 212 970 412 1.594 A Mesbla, apesar de originariamente classificada no setor Comércio, foi reclassificada como “Concordatária”, de forma que fosse possível avaliar o setor sem a influência de uma empresa em situação especial. As empresas com maior volume de negócios nas bolsas de valores brasileiras estão presentes na amostra. Juntas correspondem a mais de 94% do volume financeiro total de negócios na Bolsa de Valores de São Paulo, sendo que, de todas as empresas consideradas no índice Bovespa1 no período da amostra, somente três ficaram de fora. Considerando o tipo de controle, as empresas brasileiras privadas representam a maior parte da amostra, com 83 empresas; seguidas pelas controladas pelo Estado2, com 22 empresas; e aquelas controladas pelo capital estrangeiro, com 8 empresas (vide Tabela 3). Porém, há um número maior de previsões para as empresas controladas pelo Estado, cujas ações são as mais negociadas, correspondendo a aproximadamente 75% do índice Bovespa em 1995. 1 2 No período em questão, em média, o índice Bovespa considerou as ações de 55 empresas. As empresas controladas pelo Estado englobam empresas controladas pelos governos Federal e estaduais. 4 TABELA 3 - QUANTIDADE DE EMPRESAS E DE PREVISÕES POR TIPO DE CONTROLE Controle Qtde 1994 1995 1996 Total Brasileiro Priv. 83 150 617 225 992 Estado 22 57 317 170 544 Estrangeiro 8 5 36 17 58 Total 113 212 970 412 1.594 A Tabela 4 apresenta a quantidade de empresas e previsões por origem das instituições que os analistas trabalham. Todas as instituições são administradoras de recursos, sendo a grande maioria banco de investimentos. Das 65 administradoras de recursos, 27 são brasileiras e 38 são estrangeiras, algumas sem filial no Brasil. Apesar de mais da metade das previsões serem das administradoras estrangeiras, as administradoras brasileiras são as que fizeram em média mais previsões (28 vs. 22). Houve uma média, no total, de 25 previsões por administradora, sendo 8 em 1994, 19 em 1995 e 7 em 1996. TABELA 4 - QUANTIDADE DE EMPRESAS E DE PREVISÕES POR ORIGEM DAS ADMINISTRADORAS DE RECURSOS Origem das Inst. Financeiras Qtde 1994 1995 1996 Total Estrangeiras 38 95 495 238 828 Brasileiras 27 117 475 174 766 Total 65 212 970 412 1.594 Tanto no ano de 1995 como em 1996, as datas das previsão apresentaram menores concentrações, nenhuma delas com data após a da divulgação do lucro real. Além disso, 1996 foi o ano cujas previsões apresentaram maiores prazos de antecedência em relação ao fim do ano fiscal. Esta maior distribuição contribui para a análise da relação entre prazos de antecedência e previsibilidade. Outro aspecto, para o qual também nenhuma referência foi feita, é se a Gazeta Mercantil faz qualquer tipo de “filtro” em relação às previsões recebidas e às divulgadas. Aparentemente, não há qualquer vínculo comercial determinante para a divulgação das previsões. No entanto, muitas outras previsões de bancos, que não as disponibilizam para a Gazeta Mercantil, devem ter ficado de fora. Isto fica evidente com a ausência de administradoras de recursos de porte como o Itaú, Banco do Brasil e Bradesco que, provavelmente, têm como política restringir suas análises de investimentos ao uso interno. Da amostra, além das previsões divulgadas após a data da divulgação do lucro real e das previsões para lucro por ADR, somente algumas empresas ficaram de fora porque não foi possível aplicar a metodologia definida, em função do patrimônio líquido ser negativo3 ou, ainda, porque não foram apresentados seus demonstrativos contábeis até a data da realização desta pesquisa, devido ao fato de terem entrado em algum processo de “pré-falência”. Casos da Mesbla em 1996, da qual foram descartadas 3 previsões (foram mantidas as de 1995, quando a empresa apresentou um grande prejuízo, mas o patrimônio líquido ainda era positivo); e do Banco Nacional, para o qual descartou-se 28 previsões para 1995 e 3 para 1996, já que a empresa não divulgou os demonstrativos contábeis pelo fato do banco ter 3 O único caso foi o da empresa do setor de autopeças Fras-Le que em 1995 fechou o ano com PL negativo. 5 entrado no RAET (Regime de Administração Especial Temporária) em 1995, resultando na incorporação de parte sua ao Unibanco. Apesar da amostra não ser aleatória, já que está restrita às previsões publicadas no jornal Gazeta Mercantil, as quantidades de previsões e de administradoras de recursos são expressivas, reduzindo a potencialidade de resultados tendenciosos. Os dados contábeis (lucro líquido e patrimônio líquido), as quantidades de ações, volumes de negócios, cotações do dólar foram extraídos de uma base de dados fornecida pela Economática. Esta empresa vende estes dados, através de acesso via computador, mediante assinatura mensal, para os principais atuantes nos mercados de capitais e financeiro brasileiros. Também foi utilizada a classificação setorial da Economática, que segue o mesmo critério das bolsas de valores do Rio de Janeiro e de São Paulo. 3. METODOLOGIA Modelo Ingênuo O Modelo Ingênuo (MI) usado foi o de simples extrapolação dos resultados reais, tomando por base os resultados reais mais recentes, disponíveis nas datas das divulgações das previsões dos analistas. Desta forma, as previsões do Modelo Ingênuo foram feitas como se segue: (I) Se a data da previsão do analista é maior que a data de divulgação do resultado real do primeiro trimestre do ano que teve o resultado previsto. RRit (T) PMIit = ------------- * 4 T (II) Se a data da previsão do analista é menor que a data da divulgação do resultado do primeiro trimestre do ano que teve o resultado previsto e maior que a data da divulgação do resultado real do ano anterior. PMIit = RRt-1 (III) Se a data da previsão do analista é menor que a data da divulgação do resultado real do ano anterior ao ano que teve o resultado previsto. PMIit = RRt-2 Onde, PMIit é a previsão do Modelo Ingênuo para a empresa i no ano t; RRit(T) é o Resultado Real (lucro/prejuízo líquido) para a empresa i no ano t, até o trimestre T; e PAit é a Previsão do Analista para a empresa i no ano t. As maiores deficiências deste modelo são: (a) não considerar variações sazonais, comuns em determinados setores de atividade, levando a superestimar ou subestimar o resultado para o ano em função de tomar como base um período com maior ou menor nível de atividade; e (b) não considerar o crescimento dos resultados das empresas em função do reinvestimento do lucro. No entanto, apesar destas deficiências, o modelo atende aos objetivos do estudo. Medida de Erro 6 A medida de erro escolhida, para comparar as previsões dos analistas com as do Modelo Ingênuo, é definida por um índice calculado pela diferença entre o resultado líquido previsto e o resultado líquido real, dividido pelo patrimônio líquido da empresa em questão. Este índice representa o erro cometido pelo analista ou Modelo Ingênuo em termos de rentabilidade patrimonial. PAt - RRt EAt = -----------------PLt e PMIt - RRt EMIt = ----------------PLt Onde, EAt e EMIt são os índices de erro dos analistas e do Modelo Ingênuo para o ano t; PAt, PMIt e RRt são as previsão do analista e do Modelo Ingênuo, e resultado real; e PLt é o patrimônio líquido no ano t. Os índices de erro mais utilizados, nas diversas pesquisas sobre este assunto, normalmente usam o próprio resultado líquido real no denominador. Porém, o uso do RR no denominador tem alguns inconvenientes, tal como a inversão do sinal do índice quando a empresa apresenta prejuízo, o que acontece com muito mais freqüência para resultado líquido do que para patrimônio líquido. No caso da amostra deste estudo, apenas uma empresa, em um único ano, apresentava patrimônio líquido negativo. Ao passo que 10, 30 e 22 empresas apresentaram prejuízo em 1994, 1995 e 1996, respectivamente. Para cada previsão de analista foi calculada outra com o MI, de tal forma que fosse possível comparar os índices de erro aos pares. Então, as diferenças entre os erros dos analistas e do MI foram avaliadas estatisticamente para verificar se havia evidências da superioridade dos analistas. Esta avaliação foi feita por tipo de controle das empresas, por origem das administradoras e por setor de atividade. Todos os cálculos foram feitos por ano e para o total da amostra, de tal forma que se pudesse avaliar a evolução dos resultados ano a ano e no geral. Amostra Reduzida Buscando-se maior consistência na amostra, foram excluídas todas as empresas que possuíam uma ou nenhuma previsão de analista para qualquer um dos três anos. Com isto, 75 empresas (2/3 da amostra inicial) foram excluídas, sendo que nenhuma empresa de controle estrangeiro permaneceu. Porém, proporcionalmente, mais empresas foram excluídas do que previsões, já que somente 1/3 das previsões iniciais (599 das 1.594) foram excluídas. Em relação às administradoras de recursos, a redução foi ainda menor, pois somente 6 das 65 iniciais foram excluídas, uma redução inferior a 1/10 (a Tabela 5 mostra a quantidade de empresas e previsões para as amostras total e reduzida). TABELA 5 - QUANTIDADE DE EMPRESAS E DE PREVISÕES POR AMOSTRAS Tipo de Amostra Total Amostra Reduzida Controle Q Emp 1994 1995 1996 Total Q Emp 1994 1995 1996 Total P. Brasileiro 83 150 617 225 992 26 94 317 161 572 Estado 22 57 317 170 544 12 53 241 129 423 Estrangeiro 8 5 36 17 58 0 0 0 0 0 Total 113 212 970 412 1.594 38 147 558 290 995 7 O objetivo da exclusão é evitar “equívocos” na coleta dos dados, assim como do próprio jornal ou das administradora de recursos. A existência de mais de uma previsão por empresa e por ano reduz os efeitos de “equívocos” tendenciosos. Erro vs. Risco Para avaliar o grau de dificuldade de previsibilidade das empresas e setores, considerando que o índice de erro é retratado em termos de retorno sobre o patrimônio líquido, foi estabelecido como medida de risco (fórmula abaixo) o desvio padrão do retorno sobre o patrimônio líquido nos últimos 5 anos, incluindo o ano para o qual foi feita a previsão. Para os setores, o cálculo do retorno sobre o patrimônio líquido foi feito de forma consolidada. Ou seja, pelo somatório dos resultados dividido pelo somatório dos patrimônios líquidos das empresas do setor. Medida de Risco: RRin Rit = DP ( -------- ) PLin e Σ RRin Rst = DP ( ----------- ) Σ PLin com n de (t - 4) a t Onde, Rit e Rst são os Riscos para a empresa i e setor s, no ano t; e DP é o desvio padrão da amostra, composta por n retornos sobre PL. As correlações entre os riscos e os valores absolutos dos erros dos analistas foram utilizadas para avaliar relativamente os erros por origem das administradoras de recursos, tipo de controle das empresa e setores de atividade. Erro vs. Prazo de Antecedência da Previsão Da mesma forma, para avaliar a relação da dificuldade de previsão com o prazo de antecedência, foi calculada a correlação entre o valor absoluto do erro dos analistas com o prazo de previsão. O prazo de previsão foi medido em dias, pela diferença entre o último dia do ano, para o qual a previsão foi feita, e a data da previsão. 4. RESULTADOS O Gráfico 2 a seguir apresenta a distribuição de freqüência dos erros dos analistas, que, aparentemente, tem a mesma forma que a distribuição de uma curva normal (“Curva do Sino”), como era de se esperar. No entanto, percebe-se a existência de alguns “outliers” na extremidade direita (erros positivos), que indicam a superestimação dos lucros para determinadas empresas. A inexistência de “outliers” negativos é em função de não ser comum entre as empresas “reversões” totalmente inesperadas e expressivas, a partir de uma situação de expectativa de prejuízo. Por outro lado, também pode-se observar que quando a empresa apresenta grandes prejuízos, deixa de ser foco dos analistas. Desta forma, os analistas deixam de fazer previsões para seus resultados, o que acabou por retirá-las da amostra total. 8 D i stri b u i ç ã o d e F re q ü ê n c i a d o s E rro s d o s A n a l i sta s 250 200 100 Quantidades 150 50 8.75 1.25 0.56 0.46 0.41 0.36 0.31 0.26 0.21 0.16 0.11 0.06 0.01 -0.04 -0.09 -0.14 -0.19 -0.24 -0.29 -0.34 -0.39 -0.44 -0.49 -0.85 -3.76 0 In t e r v a lo s Ín d ic e s d e Er r o Gráfico 2 - Distribuição de Freqüência, da Amostra Total, dos índices de erro dos analistas. Analisando os dados estatísticos das duas amostras (Tabela 6), observa-se a grande diferença no erro médio que essas empresas causaram4, devido a grandes variações nos seus resultados de um ano para outro. Verifica-se, a partir disto, a dificuldade que os analistas têm em prever estas mudanças drásticas, o que fica evidente quando se verifica que em nenhum dos casos de degeneração financeira fizeram previsão de prejuízo5. TABELA 6 - DADOS ESTATÍSTICOS DOS ERROS Amostra Total 1994 1995 1996 Total Prazo Médio de Previsão - 32 181 439 220 Erro Médio - 0.5% 13.3% 8.6% 10.2% Mediana do Erro - 0.5% 0.1% 0.5% 0.1% Qtde Previsões 212 970 412 1.594 Amostra Reduzida Prazo Médio de Previsão Erro Médio Mediana do Erro Qtde Previsões 1994 - 34 - 0.8% - 0.6% 147 1995 187 1.2% - 0.1% 558 1996 440 2.6% 0.4% 290 Total 228 1.3% - 0.1% 995 Analisando a amostra reduzida, o erro médio próximo de 1%, juntamente com mediana próxima de zero, demonstra que não há tendência significativa de subestimação ou superestimação dos resultados das empresas. 4 A Mesbla sozinha, em 1995, foi responsável por 2,6% dos 13,3% de erro médio (amostra total), quase 1/5. Já em 1996, a Chapecó foi responsável por 4,4% dos 8,6%, mais da metade do erro médio neste ano (amostra total). 5 Parte da dificuldade dos analistas se deve a “questões” contábeis, como foram os casos dos bancos Nacional e Brasil em 1995. Este último fez uma grande “limpeza” em seu balanço. 9 Relação entre Prazo de Previsão e Erro Percebe-se também, ainda através da Tabela 6, que quanto maior o prazo de antecedência da previsão, maior é o erro médio. Isto fica mais evidente analisando-se as correlações entre os prazos de previsão e valores absolutos dos erros, apresentadas na Tabela 7 abaixo. Para a amostra total, as correlações são positivas, com intervalo de confiança de 95%, exceto em 1994 em função dos prazos estarem muito agrupados. Para a amostra reduzida, há evidências em 1995, 1996 e no total, para intervalo de confiança de 99%. TABELA 7 - CORRELAÇÃO ENTRE PRAZOS DE PREVISÃO E VALORES ABSOLUTOS DOS ERROS Amostra Total 1994 1995 1996 Total Prazo Médio Correlação Prazo Médio Correlação - 32 - 0.10 181 0.11** 439 0.09* 220 0.06** Amostra Reduzida 1994 1995 1996 Total - 34 - 0.02 228 0.31** 187 0.31** 440 0.32** Testes com intervalos de confiança de 99% (**) e 95% (*). Erros por Tipo de Controle Os erros absolutos médios são relativamente altos, como pode ser visto na Tabela 8, considerando os retornos médios das empresas no Brasil6, principalmente paras as empresas brasileiras privadas e estrangeiras. TABELA 8 - MÉDIA DOS ERROS ABSOLUTOS POR TIPO DE CONTROLE Amostra Total Controle Erros Médios 1994 1995 1996 Total ED 2% 6% 4% 5% BP 3% 21% 16% 17% EG Total ED BP Total 2% 2% 6% 15% 27% 12% 12% 13% Amostra Reduzida 2% 2% 3% 3% 5% 8% 2% 6% 2% 4% 4% 6% ED - Estado; BP - Brasileiro Privado; e EG - Estrangeiro. Os analistas são sistematicamente mais eficientes nas previsões para as empresas do Estado. Porém, entre as empresas com controle estrangeiro e brasileiro privado, as diferenças 6 O retorno sobre o patrimônio líquido médio para a amostra total, considerando os três anos, é negativo em 9%. 10 são menos expressivas. Estas diferença nos erros se justificam pelos diferentes riscos, medidos através da volatilidade dos retornos sobre os patrimônios líquidos. A Tabela 9 mostra que empresas do Estado apresentaram menores riscos que empresas estrangeiras e brasileiras privadas, tanto na amostra total como na amostra reduzida. TABELA 9 - RISCO POR TIPO DE CONTROLE DAS EMPRESAS Amostra Total Controle Risco 1994 1995 1996 Total ED 8% 6% 5% 6% BP 13% 16% 13% 15% EG 8% 13% 17% 14% Total 11% 13% 10% 12% ED BP Total Amostra Reduzida 9% 4% 4% 12% 7% 9% 11% 6% 7% 4% 8% 7% Erros por Origem das Administradoras de Recursos Analisando os erros por origem das administradoras de recursos, conforme apresentado na Tabela 10 abaixo, percebe-se que as estrangeiras apresentaram menores erros que as brasileiras sistematicamente nos três anos, para a amostra total. No entanto, para a amostra reduzida, os erros são praticamente idênticos. Apesar de inicialmente imaginar-se que as administradoras estrangeiras são mais eficientes, a partir dos resultados da amostra total verifica-se que a diferença entre os erros é em conseqüência da análise de empresas com maior grau de risco por parte das administradoras brasileiras, ao menos no período analisado. TABELA 10 - ERROS POR ORIGEM DAS ADMINISTRADORAS DE RECURSOS Amostra Total Origem Média Erro Absoluto 1994 1995 1996 Total B 3% 21% 18% 18% E 2% 10% 8% 8% Total 2% 15% 12% 13% Amostra Reduzida 3% 4% 5% 4% B E 2% 4% 6% 4% Total 2% 4% 6% 4% O maior grau de risco assumido pelas administradoras brasileiras pode ser mostrado através dos desvios médios dos retornos sobre os patrimônios líquidos das empresas analisadas, conforme apresentado na Tabela 11 a seguir. Com estes dados verifica-se que para um erro médio de 18% e 8%, das administradoras brasileiras e estrangeiras respectivamente, 11 os desvios médios são de 14% e 9%. Porém, para um nível global de risco com desvio de 7%, ambas apresentam o mesmo índice de erro médio de 4%. TABELA 11 - RISCO POR ORIGEM DAS ADMINISTRADORAS DE RECURSOS Amostra Total Origem Desvio Médio 1994 1995 1996 Total B 12% 16% 13% 14% E 11% 10% 7% 9% Total 11% 13% 10% 12% B E Total Amostra Reduzida 11% 6% 7% 11% 6% 7% 11% 6% 7% 7% 7% 7% A Capacidade Previsionária dos Analistas vs. Modelo Ingênuo Analisando as diferenças entre os erros das previsões do Modelo Ingênuo e dos analistas ano a ano, apresentadas na Tabela 12 abaixo, verifica-se que somente as previsões dos analistas para 1994 foram superiores às do Modelo Ingênuo, para um intervalo de confiança de 99%. Nas previsões para 1995 e 1996, assim como no total da amostra, não foram identificadas evidências da superioridade das previsões dos analistas. TABELA 12 - DIFERENÇA ENTRE AS MÉDIAS DOS ERROS ABSOLUTOS DAS PREVISÕES DO MODELO INGÊNUO E DOS ANALISTAS Amostra Total Controle 1994 1995 1996 Total ED -2,2% 1,1%*** -0,9% 0,3%* BP 2,3%*** 0,8% -3,9% -0,1% EG 1,3% -7,4% -1,1% 3,1%** Total 1,8%*** -0,2% -2,0% -0,4% Amostra Reduzida ED 0,2% 0,6%** 0,7%** 0,6%*** BP 1,2%*** 4,0%*** -0,9% 2,2%*** Total 0,8%*** 2,5%*** -0,2% 1,5%*** Testes para intervalos de confiança de: (***) 99%; (**) 95%; e (*) 90%. Para a amostra reduzida, as previsões dos analistas foram superiores às do MI em 1994, 1995 e no todo, para um intervalo de confiança de 99%. Porém, não foram superiores nas previsões para 1996, as que apresentam maior prazo médio de previsão. - Por Tipo de Controle das Empresas Considerando-se os tipos de controle, verifica-se que os analistas são mais eficientes nas previsões para as empresas controladas pelo Estado. Principalmente nas previsões com grandes prazos de antecedência, como são as para 1996, onde evidencia-se a superioridade sobre as previsões do MI para um intervalo de confiança de 95%. Contudo, as empresas controladas pelo Estado são as que apresentam menor volatilidade em seus resultados, 12 conforme apresentado na Tabela 9, indicando que a superioridade dos analistas é função não só do prazo, mas também do risco. Os analistas mostraram-se levemente mais eficientes nas previsões para as empresas com controle brasileiro privado do que para as com controle estrangeiro. Porém, diferentemente do que tem sido observado, a justificativa agora não é o risco, já que as empresas estrangeiras apresentam maior risco do que as brasileiras privadas (vide Tabela 9). - Por Origem das Administradoras de Recursos A Tabela 13 apresenta as diferenças entre os erros absolutos das previsões do MI e dos analistas, abertos por origem das administradoras de recursos. Comparando os erros da amostra total, verifica-se a superioridade das previsões dos analistas das administradoras estrangeiras sobre as previsões dos analistas das administradoras brasileiras. Pois, para um intervalo de confiança de 85%, foram encontradas evidências de que as previsões dos analistas das administradoras estrangeiras são superiores às previsões do Modelo Ingênuo; ao passo que para as previsões dos analistas das administradoras brasileiras, não há intervalo de confiança significativo. Na amostra reduzida há uma diferença pouco significativa, a favor das estrangeiras, entre as capacidades das duas administradoras. TABELA 13 - DIFERENÇAS ENTRE AS MÉDIAS DOS ERROS ABSOLUTOS POR ORIGEM DAS ADMINSITRADORAS DE RECURSOS Amostra Total Origem 1994 1995 1996 Total B 2,3% *** -1,5% -4,1% -1,5% E 1,2% *** 1,1% * -0,4% 0,7% * Total 1,8% *** -0,2% -2,0% -0,4% B E Total Amostra Reduzida 0,6% ** 1,9% *** 0,1% 1,0% *** 3,0% *** -0,3% 0,8% *** 2,5% *** -0,2% 1,2% *** 1,7% *** 1,5% *** Testes para intervalos de confiança de: (***) 99%; (**) 90%; e (*) 85%. A superioridade dos analistas de administradoras estrangeiras, na amostra total, pode ser justificada, novamente, em função de terem feito previsões para empresas com menores volatilidades em seus resultados (menores riscos). Um bom exemplo são os resultados para 1995 da amostra total, onde as previsões das administradoras estrangeiras superaram o MI, enquanto as previsões das brasileiras não - riscos de 10% e 16%, respectivamente. Já para a amostra reduzida, onde as administradoras brasileiras e as estrangeiras apresentaram resultados bem próximos, os seus riscos também o são. - Por Setor de Atividade Na amostra total, analisando as diferenças entre os erros por setor de atividade, apresentadas na Tabela 14 (página seguinte), é possível verificar que para alguns setores, mesmo para prazos longos, há evidências da superioridade das previsões dos analistas. Um bom exemplo é o setor de Energia, no qual, ao contrário da amostra como um todo, encontram-se evidências da superioridade dos analistas em 1995 e 1996, para intervalos de confiança de 95% e 99%, respectivamente, mesmo tendo as previsões prazos médios de antecedência relativamente altos (255 dias em 1995 e 325 dias em 1996). No entanto, o pior 13 resultado das previsões dos analistas em 1994, certamente, é em função do maior risco que o setor apresentou neste ano (12% em 1994 e 4% em 1995 e 1996). Por outro lado, para o setor de Telecomunicações, apesar das baixas volatilidades dos retornos sobre o patrimônio líquido nos três anos (riscos de 5% em 1994 e 4% em 1995 e 1996) e prazos médios de antecedência não tão altos (-26, 133 e 339), não foram encontradas evidências da superioridade dos analistas em nenhum dos anos para um intervalo de confiança de pelo menos 90%. De todos, este é o resultado mais surpreendente, principalmente considerando que o setor de telecomunicações é o com maior quantidade de negócios nas bolsas de valores brasileiras (responsável por mais de 50% do índice Bovespa), tendo sido bastante analisado em função do processo de privatização. TABELA 14 - DIFERENÇA ENTRE AS MÉDIAS DOS ERROS ABSOLUTOS POR SETOR Amostra Total Setor 1994 1995 1996 Total Setor 1997 1998 1999 Total Alimento Prazo -19 Erro 5%*** Auto Peças -51 0% Bancos -13 2% ** Bebidas -38 1% Brinquedos Cimento Comércio Concordat Diversos Elet Eletrôn Eletrodom Energia 116 435 158 Fertilizantes Prazo -36 196 650 1%* -24% -2% Erro 1% 37%*** 1%** 297 666 125 Ind Mecânica -19 231 613 14% * 4% 5%* 17%* 7%** -6% 140 372 180 Madeira -32 333 -8% 1%* -7% -1% 0% 316 282 193 Mat Transp -32 321 688 4%* 3%** 3%*** 6%*** 14%* -10% * -34 331 149 Metalurgia -28 318 684 6% -12% -3% -1% 1% 10%* * -48 307 454 262 Mineração -51 200 635 2%*** -3% -3% -2% 1% 4%*** 0% -40 312 504 295 Papel Celul -34 226 546 1% 5% -3% 0% 1% 6%*** -2% 328 328 Petroquímico -31 268 507 -354% -354% 0% ** 6%*** -5% -26 218 575 285 Química -30 305 665 -1% -4% 6%** 0% 5%*** -5% -4% * -20 227 659 211 Siderurgia -33 199 565 7%*** -2% 1% 1% 1%*** 3%*** -1% -25 190 478 239 Telecomunic -26 133 339 1% 3%* 1% 2%** 0% 0% 0% -41 255 325 244 Têxtil -20 204 678 0% 1% ** 2%** 2%*** 0% 4%** 1% * Total -32 181 439 2%*** 0% -2% 195 21%*** 271 6%** 151 -1% 292 6% 325 3% 206 3%*** 292 3%*** 321 1% 311 -2% 246 2%*** 168 0% 205 4%*** 220 0% Testes para intervalos de confiança de: (***) 99%; (**) 95%; e (*) 90%. Outros dois setores, que se comportaram diferentemente da amostra como um todo, são os de Bebidas e Fertilizantes. Nestes casos, apesar dos maiores prazos e riscos para a amostra de 1996, encontrou-se evidências da superioridade das previsões dos analistas para um intervalo de confiança de 99% e 95%, respectivamente. Desta forma, verifica-se que o 14 setor de atividade também é uma variável determinante da capacidade previsionária dos analistas. - Por Prazos de Antecedência Através da abertura das diferenças entre os erros das previsões do MI e erros dos analistas (EMI - EA), conforme prazo de previsão (vide Tabela 15 abaixo), ao contrário do que se espera, é possível verificar, na amostra total, que as previsões do Modelo Ingênuo são superiores às dos analistas, independentemente do prazo de previsão. TABELA 15 - DIFERENÇAS ENTRE ERROS ABSOLUTOS CONFORME PRAZOS DE ANTECEDÊNCIA DAS PREVISÕES Prazo de Amostra Total Amostra Reduzida Previsão Qtde Diferenças Qtde Diferenças (dias) Previsões Erros Previsões Erros > -90 1594 -0.4% 995 1.5% >0 1382 -0.7% 848 1.6% > 90 1148 -0.7% 725 1.9% > 180 710 0.0% 460 3.1% > 270 495 -2.2% 336 2.0% > 360 225 -4.0% 156 -0.7% > 450 218 -4.2% 152 -0.7% > 540 215 -4.3% 149 -0.7% > 630 152 -4.3% 113 -0.2% Porém, para a amostra reduzida, mais de acordo com as expectativas, as diferenças somente são favoráveis ao MI a partir de 360 dias. Estes resultados revelam a baixa capacidade dos analistas preverem situações iminentes de degeneração dos resultados, face a superioridade do MI na amostra total; e a baixa capacidade nas previsões de longo prazo. 5. CONCLUSÕES Neste estudo identificou-se evidências significativas de que a capacidade previsionária dos analistas está altamente relacionada com o prazo de antecedência das previsões; com o risco da empresa, medido através da volatilidade dos retornos sobre os patrimônios líquidos; e com o setor de atividade que atua. Na amostra pesquisada, a superioridade das previsões dos analistas, em relação às previsões do Modelo Ingênuo, só é verificada para prazos médios de previsão inferiores a um ano. Porém, mesmo para pequenos prazos de previsão, aparentemente, os analistas não são capazes de prever situações iminentes de degeneração financeira, como potenciais concordatárias. Além disto, identificou-se evidências de que: 1) ponderando-se os erros pelos riscos das empresas, não existe diferença entre as capacidades previsionárias dos analistas em função dos tipos de controle; 2) não existe diferença entre as capacidades previsionária dos analistas em função da origem das administradoras de recursos; 3) as administradoras estrangeiras, aparentemente, são mais conservadoras na escolha das empresas para análise, concentrando-se nas que apresentam menores riscos. Desta forma, verifica-se que a utilização de analistas é mais adequada nas previsões com prazos de antecedência de até um ano, a partir de onde os modelos mecanicistas são mais eficientes. No entanto, há de considerar-se o risco da empresa em questão e o seu setor de atividade. Um bom exemplo são as empresas do setor de Telecomunicações que, caso 15 apresentem risco próximo à média do setor (4%), são perfeitamente atendidas por modelos mecanicistas. Nos trabalhos para determinação do custo de capital e preçificação de empresas em processos de aquisição, fusão ou incorporação, a utilização de modelos mecanicistas é mais recomendada, considerando que os horizontes das análises são mais longos. Este trabalho não tem como objetivo avaliar mais profundamente e quantitativamente a relação do risco e dos setores de atividade com a capacidade previsionária dos analistas, a não ser identificar se há ou não relação entre eles. Aliás, trata-se de um bom problema de pesquisa para outro Estudo. BIBLIOGRAFIA BROWN, Lawrence D.; ROZEFF, Michael S. “The Superiority of Analyst Forecasts as a Mesure os Expectations: Evidence from Earnings”. The Journal of Finance, Vol.32, No.1, March 1978, pp.1-16. COPELAND, Ronald M.; MARIONI, Robert J. “Executives’ Forecasts of Earnings per Share versus Forecasts of Naive Models”. The Journal of Business, pp.497-508. 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