0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL CESAR AUGUSTO LIMA TANAJURA LOGÍSTICA APLICADA NO GERENCIAMENTO DE MATERIAL EM OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA RESIDENCIAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA Feira de Santana 2012 1 CESAR AUGUSTO LIMA TANAJURA LOGÍSTICA APLICADA NO GERENCIAMENTO DE MATERIAL EM OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA RESIDENCIAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Me. Florentino Carvalho Pinto Co-orientador: Prof. Me. Luis Claudio Borja Feira de Santana 2012 2 CESAR AUGUSTO LIMA TANAJURA LOGÍSTICA APLICADA NO GERENCIAMENTO DE MATERIAL EM OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA RESIDENCIAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA Ass.__________________________________ 1º Exam.: Prof. Me. Luis Cláudio Alves Borja Universidade Estadual de Feira de Santana- Co-orientador Ass.__________________________________ 2º Exam.: Prof. Carlos Antônio Alves Queirós Universidade Estadual de Feira de Santana Ass.__________________________________ 3º Exam.: Luis Alberto Falcim Grigolon Fré Profissional da área de Gerenciamento de Obra 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, primeiramente, que sempre esteve do meu lado indicando o melhor caminho a ser seguido e as melhores decisões a serem tomadas. Agradeço meu pai e minha mãe que sempre me apoiaram em qualquer decisão que eu viesse a tomar. Também não posso deixar de lembrar-me de meus colegas que sempre me ajudaram durante todos esses anos de graduação. Sou muito grato também a todos os professores amigos da turma que sempre deram bons conselhos sobre o curso e sobre o caminho correto a seguir profissionalmente e pessoalmente. Agradeço, principalmente, ao meu professor orientador Florentino Carvalho que compartilhou conhecimento, companheirismo e paciência durante essa etapa da minha formação. E, também, não me esqueço do professor Luis Cláudio Borja, que se fez presente nas horas de necessidade. 4 “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é de alguém que acredite que ele possa ser realizado” Roberto Shinyashiki 5 RESUMO TANAJURA, C. A.L. Logística aplicada no gerenciamento de materiais em obra de construção civil. Feira de Santana, 2012. 54p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de Santana. Esse trabalho visa propor uma mudança de olhares dentro da gestão dos negócios, assim, dar maior atenção à área de gestão de suprimentos através de processos logísticos que, certamente, irão acarretar numa minimização de problemas como desperdícios, descontinuidade da produção, qualidade e produtividade. Um dos maiores gargalos da Construção Civil é o desempenho da produção. Esse aspecto está interligado com diversos fatores, tais quais motivação, conhecimento técnico e familiarização com o processo, disponibilidade do material a ser transformado em produto, além de outros. Esse trabalho está divido em duas partes: teórica e experimental. A parte teórica consta a revisão de literatura de todos os aspectos relacionados à logística do material no canteiro de obra. Para a parte experimental fora aplicado os conhecimentos adquiridos na revisão no canteiro de obra. Com os dados coletados foi feito uma análise focando como os materiais estão sendo estocados e suas rotas de fluxo aos locais de processamento dos mesmos. Para complementar a pesquisa, fora usado um questionário para situar o canteiro quanto a qualidade do espaço físico. A constatação que pôde ser feita é que, no geral, o canteiro foi bem planejado, em virtude de ser bem estreito. Mas por outro lado, a obra pecou quanto aos locais estratégicos de estoque, e em relação ao não uso de veículos mecanizados para fazer o transporte dos materiais. As ferramentas apresentadas se mostraram adequadas, uma vez que todo o canteiro e seus processos logísticos foram representados de maneira satisfatória. Palavras-chave: Desempenho. Negócio. Logística. Produtividade. 6 ABSTRACT TANAJURA, C. A.L. Logistics applied to the management of materials in civil work. Feira de Santana, 2012. 54p. Completion of course work (graduate in Civil Engineering) - State University of Feira de Santana. This work aims to propose a change of looks within the business management, thus giving greater attention to the area of supply management through logistics processes which certainly will result in problems such as waste minimization, disruption of production, quality and productivity. A major bottleneck is the construction of production performance. This aspect is linked to several factors, such that motivation, technical knowledge and familiarity with the process, availability of material to be transformed into a product as well as the time he will spend to get this material and so on. This work is divided into two parts: theoretical and experimental. The theoretical part included a literature review of all aspects of the logistics of the material in construction site. For the experimental part was analyzed within the logistics building site. With the data collected was done an analysis focusing on how materials are being stored and their routes flow to local processing. To complement the survey, a questionnaire was used to place the bed as the quality of physical space. The observation that could be made is that, overall, the plot was well planned, by virtue of being very narrow. On the other hand, the work sin strategic locations about the stock, and not in relation to the use of mechanized vehicle to transport the material. The tools presented were adequate, since the whole plot and its logistics processes were represented satisfactorily. Keywords: Performance. Business. Logistics. Productivity. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Delineamento do estudo de caso 37 Figura 2 – Sistema de movimentação e armazenamento de materiais 40 Figura 3 – Símbolos usados no diagrama de processo 41 Figura 4 – Exemplo de mapofluxograma de processo para o serviço de desforma de Viga 42 Figura 5 – Vista do canteiro 43 Figura 6 – Etapa final da obra 43 Figura 7 – Baias e betoneira 44 Figura 8 – Estoque de materiais 45 Figura 9 – Diagrama de processos - Argamassa para reboco Pavimento térreo 46 Figura 10 – Diagrama de processos - Argamassa para reboco Pavimento superior 47 Figura 11 – Diagrama de processos - Argamassa para reboco 48 Figura 12 – Baias de areia e brita 49 Figura 13 – Mapofluxograma da obra 49 Figura 14 – Estocagem modelo de cimento na obra 52 8 LISTA DE QUADRO Quadro 1 – Questionário aplicado ao engenheiro da obra 50 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 1.1 JUSTIFICATIVA 12 1.2 OBJETIVOS 13 1.2.1 Geral 13 1.2.2 Específicos 13 1.3 METODOLOGIA 13 1.3.1 Estrutura da Monografia 14 2 ARGUMENTOS E FUNDAMENTOS DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL 15 2.1 SURGIMENTO DA LOGÍSTICA 15 2.2 SIGNIFICADO DE LOGÍSTICA 16 2.3 LOGÍSTICA NO BRASIL 17 2.4 LOGÍSTICA INTEGRADA 19 2.5 FLUXO INTERNO DE SUPRIMENTOS 19 3 LOGÍSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 22 3.1 LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS 22 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL 24 3.2.1 Condicionantes 24 3.2.2 Logística e a melhoria dos processos 25 3.2.3 Considerações sobre o planejamento do layout do canteiro 27 3.3 LOGÍSTICA E PRODUTIVIDADE 28 3.3.1 Contexto da produtividade no canteiro de obras 28 3.3.2 Redução dos tempos de espera (Lead time) 29 3.3.3 Movimentação de materiais no canteiro 31 3.3.5 Gerenciamento da cadeia de suprimentos 33 4 MÉTODO DE PESQUISA 36 4.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA 36 4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA 36 5 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA, DAS FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 38 5.1 A EMPRESA 38 5.2 DESCRIÇÃO DO CANTEIRO 39 10 5.3 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO E A LOGÍSTICA DO CANTEIRO 39 5.3.1 Índice de Boas Práticas em Canteiro de Obras (Check-List) 39 5.3.2 Diagrama de processo 40 5.3.3 Mapofluxograma 41 5.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NO CANTEIRO 42 5.4.1 Análise da logística do canteiro 43 5.4.1.1 Quanto aos meios de transporte interno 45 5.4.2 Diagrama de processo (Produção de Argamassa) 46 5.4.3 Mapofluxograma da obra (Distribuição física de areia/brita/cimento) 48 5.4.4 Aplicação do questionário 50 6. CONCLUSÕES 53 6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 53 REFERÊNCIAS 54 ANEXOS 57 11 1 INTRODUÇÃO O tema abordado neste estudo está em grande evidência em todos os setores empresariais, assim como na indústria da construção: a logística. Das muitas empresas que tem uma boa gestão logística, algumas não desfrutam de suas reais virtudes que são: o aumento do nível de serviço, produtividade e redução de custos (BALLOU, 1993). A gestão logística pouco desenvolvida no suprimento de materiais e serviços é a principal causa apontada da ineficiência produtiva. Entende-se que é necessário atribuir maior enfoque aos aspectos logísticos da produção. Ou seja, é preciso estudar e planejar a logística enxergando sempre adiante, tentando prever qual será o próximo desafio a ser superado e qual ação a ser tomada para que se possa seguir com a obra, visando sempre produtividade, lucratividade, satisfação interna e externa. Aqui será estudado a disposição e fluxo dos materiais necessários à execução de uma determinada frente de serviço e observar a produtividade da equipe relacionada com a tarefa. Analisar os dados coletados a respeito da logística, e apontar soluções simples e eficazes para melhoria da mesma e consequente ganho de agilidade nos processos. E demonstrar que a melhoria da logística no canteiro proporciona um ganho significativo na produção e consequente aumento da produtividade e do lucro do empreendimento. Para isso, fora observado todos os processos de distribuição e armazenamento de material dentro do canteiro, além das soluções tecnológicas disponíveis no mercado que possa auxiliar nesse processo. Uma vez que, um canteiro de obras mal planejado ou com infra-estrutura incipiente acarreta em problemas pela falta de espaços físicos, levando a uma excessiva movimentação de materiais equipamentos e pessoas, o que ocasiona perda de tempo e suprimento. Na outra mão, mal planejamento de estoques gera quebras e deterioração de materiais por armazenagem imprópria e inadequada. Portanto, a logística não está só ligada aos aspectos da movimentação, mas sim como e onde armazenar o estoque, além da melhor maneira de movimentá-lo. Segundo Vieira (2006), dentre os segmentos da construção civil, o setor de edificações é o que menos utiliza a tecnologia logística, gerando elevados índices de perdas na produtividade, qualidade e prazos. Nesse contexto, esse trabalho traz 12 uma análise geral do impacto, negativo e positivo, que a logística e suas soluções tecnológicas causam em uma obra. 1.1 JUSTIFICATIVA Considerado o esteio do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a construção civil representa cerca 10% deste indicador econômico (SINDUSCON). É por causa do enorme déficit habitacional e de infra-estrutura do país, que é também visto como uma área promissora, que cresce bastante em épocas de expansão da economia, empregando mais de 3 milhões de trabalhadores (SINDUSCON) e movimentando um volume de recursos em torno de R$ 5,4 bilhões (ANCOVAP). Em virtude disso, a construção civil é uma área de investimento bastante atraente, e para que o lucro seja garantido é preciso investir em gerenciamento. Além do mais, a competitividade entre as empresas cresce ao longo dos anos, logo há uma grande inserção de concorrentes e transformações que ocorrem de maneira rápida forçando as empresas a buscarem alternativas que representem vantagem competitiva, para assim permanecerem no mercado. De acordo com Porter (1992), décadas atrás a concorrência mundial era praticamente nula, havendo somente certa proteção à industria nacional, por parte dos governos. Todavia, após a segunda guerra mundial ocorreu um grande desenvolvimento dos mercados puxados pela Alemanha e Japão, haja vista a necessidade de crescimento em meio à grande destruição econômica mundial. Portanto, as empresas tinham que desenvolver processos eficientes e eficazes para maximização do lucro e redução das perdas. Nos dias atuais, ser competitivo é pré-requisito para todas as empresas que almejam longa vida no mercado local e mundial. Então, Segundo Ferraz (1997), são duas as linhas de pensamento as quais definem o conceito de competitividade: uma diz que competitividade é desempenho, onde se faz expressa a participação de mercado, alcançada por uma organização em determinado mercado em um certo tempo; a outra afirma que competitividade é eficiência, ou seja, há uma correlação entre diminuição de insumos e aumento de lucro. Portanto, é possível dizer que no atual cenário econômico as empresas estão criando meios de reduzir custos, pois esta é, na maioria dos casos, a única maneira de duelar com a concorrência e se manter no mercado. O estudo da logística e a 13 aplicação de seus princípios básicos em canteiro de obra é um grande aliado nessa busca pela redução dos custos. Neste contexto, esse trabalho irá apresentar algumas situações “in loco” onde será possível destacar a importância da logística para qualquer empreendimento. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Fazer uma análise dos processos inerentes à logística de suprimento de material em um canteiro de obra no município de Feira de Santana. 1.2.2 Específicos Analisar a disposição dos materiais constituintes no processo de fabricação de argamassa; analisar suas rotas de serviço; associar a disposição dos materiais e seus fluxos; apresentar soluções fundamentadas na revisão bibliográfica. 1.3 METODOLOGIA O trabalho apresenta características teórico-experimentais. Na parte teórica será feita uma revisão bibliográfica sobre os fundamentos da Logística Empresarial, tratando de temas fundamentais e com aplicação prática na Construção Civil, além de estudos de produtividade. Será enfocado a relação necessidade (canteiro de obras), fluxo (no canteiro de obras) e entrega (fornecedores) dos insumos sempre visando melhoria nos processos produtivos. A partir dessa revisão, serão coletados dados em canteiro de obra, onde abrirão possibilidades de realizar incursões necessárias para melhorias logísticas na obra em estudo. 14 Para a parte experimental citada acima, será usado mapas de fluxo, feitos com auxílio de um Computer-aided Design (CAD), objetivando analisar a disposição dos materiais e suas rotas de acesso às frentes de trabalho. Por fim, visando complementar todo o estudo, serão feitas entrevistas com o corpo técnico administrativo, com o fim de obtenção de informações sobre o desenvolvimento e aplicação da logística na empresa. 1.3.1 Estrutura da Monografia Este trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro consiste em uma introdução da monografia, na qual são apresentadas a introdução do tema a sua justificativa, objetivos, metodologia e estrutura da monografia. O capítulo 2 aborda uma introdução a respeito dos conceitos de logística empresarial, que serão como base para tratar da logística no canteiro nos próximos capítulos. O capítulo 3 trata de conceituar o setor da Construção Civil e caracterizá-lo. Será abordado, também, o tema logística no canteiro, produtividade e movimentação dos materiais. Além do tema cadeia de suprimentos. O capítulo 4 tratará do método de pesquisa e coleta de dados E no capítulo 5 constará a apresentação dos dados coletados, assim como sua discussão. 15 2 ARGUMENTOS E FUNDAMENTOS DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL 2.1 SURGIMENTO DA LOGÍSTICA A origem da palavra Logística está associada a lógica, que se origina do grego Logistiké, sendo usada na Grécia Antiga como parte da aritmética e da álgebra relativa às quatro operações fundamentais. Mas, a definição que mais se aproxima da Logística usada atualmente vem da França, segundo Tixier, Mathe & Colin (1983), Logistique, significado dado a uma arte militar que compreende os meios para se aplicar planos e estratégias no âmbito da batalha. Relaciona-se, portanto, com o planejamento e realização de projetos táticos, alocação de recursos humanos, materiais, transporte, manutenção e operação de instalações e acessórios destinados a ajudar o desempenho de qualquer função militar. Com a difusão desses conhecimentos, em meados da década de 50, logo após a 2ª Guerra Mundial, criou-se um ambiente favorável que possibilitou a evolução da Logística no âmbito empresarial, Ballou (1993) afirma que o surgimento de uma mudança de postura por parte das empresas exigiu uma maior reorganização das responsabilidades, alteração nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores, pressão por diminuição dos custos na indústria e um avanço na tecnologia de computadores. Sendo um pouco mais específico, Bowersox (2004) diz que são três os fatores primordiais para a evolução das práticas logísticas: a grande difusão dos computadores e das técnicas de quantificação, porque antes não havia nenhum motivo para acreditar que funções logísticas pudessem ser integradas ou que essa integração de funções pudesse aprimorar o desempenho total; a mudança do gerenciamento logístico devido ao surgimento de softwares que processavam pedidos, previsões, controle de estoque, transporte etc.(o interesse foi surgindo gradualmente com o significativo potencial de melhorias) e o ambiente econômico volátil, com consequente cobrança e aumento de lucros. Portanto, podemos constatar que havia um terreno propício para a expansão da logística, mas como existia um entrave para qualquer idéia de mudança, também havia um grande obstáculo para a ampla adoção da logística que, segundo 16 Bowersox (2004), seria a dificuldade de quantificar o retorno sobre o investimento que poderia ser obtido. A partir da década de 80 e início da década de 90, a logística passou por um renascimento maior que todo aquele período da revolução industrial, havendo uma mudança significativa nas regulamentações, comercialização do micro computador, revolução da informação, adoção em grande escala da qualidade e desenvolvimento de parcerias de alianças estratégicas, resultando numa ampla adoção de suas práticas, voltando-se para o enfoque de redução de tempos de entrega ao cliente, redução de custos e aumento de competitividade das empresas. A partir da década de 90 os estudos foram avançando e a prática logística tornou-se fundamental para tornar as organizações mais competitivas considerando o mercado que é bastante agressivo. 2.2 SIGNIFICADO DE LOGÍSTICA A logística é um ramo da administração que está sendo cada vez mais estudada (mas ainda falta um certo caminho para se tornar uma área popular) a medida que seus benefícios são divulgados por empresas que implantaram um sistema logístico eficaz e ganharam como retorno eficiência e aumento da margem de lucro. Atualmente esse tema é tratado como Logística Empresarial, e, segundo Ballou (1993), é um ramo da administração o qual seu estudo mostra como prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos das atividades de movimentação e armazenagem que visem facilitar o fluxo de produtos, ou seja, tornar o mais eficiente possível seu processo de distribuição da informação desde o pedido feito pelo cliente até a entrega do produto no destino final, gerando assim, menor desperdício de tempo e consequente aumento dos lucros, os quais são vitais para sua sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo. Para a familiarização do tema a ser abordado, Ballou (1993) define a logística como um ramo da administração que trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde a origem até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em 17 movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Mas, simplesmente, Bowersox (2004) diz que o objetivo da logística é tornar disponíveis produtos e serviços no local onde são necessários, no momento em que são desejados. Para poder atender tanto o objetivo de Ballou (1993), quanto o objetivo de Bowersox (2004), será necessário ter um controle de informação eficaz, uma rota de transporte eficiente, um estoque bem planejado e armazenado e um bom fluxo de movimentação dos materiais e embalagem. As atividades primárias da logística para que fique garantido o atendimento da qualidade do serviço e custo são os setores de Transportes; Manutenção de estoque e Processamento de pedidos funcionando, de maneira integrada e eficaz. Logo é fundamental a difusão desse princípio dentro da organização. Sendo assim Bowersox (2004), acrescenta que o êxito operacional da logística é estar interligado com a provisão de matérias-primas, produtos semi acabados e estoque de produtos acabados, no local onde são necessitados, ao menor custo possível. Logo, as empresas que conseguem atingir tal meta ganha em organização e eficiência além de vantagem competitiva que proporciona aos clientes um serviço superior e apresenta desempenho acima da média em termos de disponibilidade de estoque e consistência de entrega, portanto tais empresas passam a ser vistas como fornecedores preferenciais e parceiros ideais. Portanto as empresas que conseguirem se organizar e tratar o tema da logística como primordial para o sucesso do empreendimento terá como características principais planos e rotas logísticas alternativas, dando ênfase na flexibilidade, agilidade, no controle operacional, na capacidade relativa de postergação e, acima de tudo, no compromisso de atingir um nível de desempenho que implique em um serviço perfeito, consequentemente, disparando para a vanguarda de seu segmento. 2.3 LOGÍSTICA NO BRASIL Tendo iniciado por volta da década de 80, logo após a difusão das tecnologias de informação, onde apareceram algumas associações que deram maior visibilidade a Logística como: a Associação Brasileira de Supermercados (ASBRAS), 18 Associação Brasileira de Logística (ASLOG), Instituto de Movimentação e Armazenagem (IMAM), e algumas outras organizações. Assim, assumindo o ônus de tornar popular este novo conceito que seria voltado para as organizações daquela época, segundo a ASLOG, a Logística era definida como processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, com redução de custos, o fluxo e armazenagem de suprimentos, estoque durante a produção e produtos acabados, desde o ponto de origem até o consumidor final, garantindo excelência no serviço ao consumidor. Logo, podemos afirmar que essa definição continua válida, e sendo bastante similar à definição usada pelos autores contemporâneos. A logística foi evoluindo com o passar dos anos, haja vista que na década de 80 apenas era usada com foco apenas nas metodologias e modais de transportar, e armazenar. Já na década de 90, os cálculos tornaram-se presentes, uma vez que a partir desse ponto iniciaram-se estudos científicos das relações, dispersões, movimentos etc., com foco em Administração de Matérias, Distribuição, Movimentação e Armazenagem. E, então no final da década de 90 as graduações, especializações e até mesmo cursos de aperfeiçoamento na área específica estavam á disposição dos interessados nesse novo conceito. Mas, apesar dos entraves que dificultam a disponibilidade do conhecimento para quem queira se especializar em Logística, no Brasil está tendo uma considerável evolução principalmente nesses últimos 10 anos. Segundo uma pesquisa do Centro de Estudos em Logística (CEL), em 2003 cerca de 500 das maiores empresas industriais brasileiras estão gastando em média 7% do seu faturamento anual, com suas operações logísticas. Ou seja, podemos constatar a longa jornada de transformações que a logística no Brasil passou e ainda passa, sempre na busca pela sofisticação e aperfeiçoamento. Por fim, a aplicação das práticas da Logística é uma saída interessante para atingir metas de redução de custo de uma empresa. Logo, a logística está intrinsecamente relacionada com otimização de recursos e redução de gastos, envolvendo transporte, movimentação de materiais, embalagem, estocagem e em sentido geral distribuição dento de uma cadeia de suprimento essencial. (produtividade, materiais e tempo). 19 2.4 LOGÍSTICA INTEGRADA A Logística Integrada é todo sistema gerencial da cadeia de suprimento, desde o fornecimento de insumos até a distribuição do produto, já pronto, ao cliente. Analisando a Logística Integrada de maneira abrangente, Bowersox (2004) diz que é todo um processo onde a eficiência da empresa cria um vínculo entre a própria empresa, seus clientes, e fornecedores. Onde as informações que são emitidas pelos clientes teriam que fluir pela empresa de igual maneira que as atividades de venda, previsões, futuras e pedidos. Logo, as informações deveriam ser administradas em setores diferenciados de compras e de produção do produto, onde no momento do fornecimento dos produtos e materiais, é iniciado um processo de elaboração do pedido, culminando na entrega dos produtos acabados aos clientes. Sendo assim, pode-se afirmar que tal processo tem dois aspectos que deveriam trabalhar de maneira integrada: o fluxo dos materiais e o fluxo das informações. Então, a logística não é somente a melhor maneira de entregar um produto acabado a um cliente, mas uma grande cadeia integrada onde há o gerenciamento desde a formação do pedido de compra, passando pelo processamento da informação, quantitativo de estoque, manuseio do produto até entrega final do produto ao cliente. O objetivo geral da integração dos processos é obter redução dos custos com armazenagem e, para isso, é necessário que as organizações tenham a capacidade de prever as demandas. Para isso, é importante que se faça entender que estoques são recursos físicos e principalmente financeiros, logo os estoques devem girar e se movimentar entre fornecedores, fábricas, depósitos e consumidores finais, a fim de evitar a sua permanência em uma destas etapas do fluxo logístico, onde por esse motivo pode ocasionar perdas. 2.5 FLUXO INTERNO DE SUPRIMENTOS A logística do fluxo de materiais é um conjunto de atividades que visam a melhoria do sistema (em uma fábrica ou em um canteiro de obra) como um todo, focando em otimização de processos com redução gradativa de desperdício de 20 tempo e esforço humano objetivando agregar valor a um produto ou serviço, por meio de redução de tempo de espera e movimentação desnecessária. Segundo Formoso et al. (1993), esse sistema pode ser melhorado e as suas perdas reduzidas, não só através da melhoria da eficiência das atividades de conversão e de fluxo, mas também pela eliminação de algumas das atividades de fluxo. Ou seja, quando se desenvolve um processo no canteiro de obra é aconselhável eliminar o quanto for possível as necessidades de transporte, espera e inspeção de materiais, tornando o processo simples e eficaz, com isso favorecendo ganho em tempo e aumento de produtividade. Tratando o fluxo dos materiais com a visão da logística empresarial abordada por Ballou (1993), temos que: “o valor dessa logística é manifestado em termos de tempo e lugar”. Ora, os produtos e serviços não têm valor a menos que estejam em poder dos clientes, quando (tempo) e onde (lugar) eles pretenderem consumi-los. Aplicando-se esse conceito na Indústria da Construção Civil, 01(um) m³ de argamassa não terá valor senão estiver no tempo certo (antes da cura e ainda restando argamassa no balde do operário) e no local certo (próximo ao local de execução do serviço), uma vez que cada minuto que o operário fique parado acarretará redução na produtividade. O gerenciamento logístico dos materiais interpreta cada atividade na cadeia de suprimentos como contribuinte do processo de agregação de valor. Todavia, agrega-se valor quando os consumidores estão dispostos a pagar, por um produto ou serviço, mais que o custo de colocá-lo ao alcance deles. De acordo com Novaes (2001), “o moderno gerenciamento da cadeia de suprimento se preocupa não só com a agilização do processo, como também com a redução dos custos globais”. A gestão do fluxo dos processos pode proporcionar uma gama de opções para aumentar a eficiência e a produtividade e, por conseguinte, contribuindo significativamente para a baixa dos custos. A conscientização da importância de um fluxo racional dos processos está crescendo cada vez mais em relação ao impacto na lucratividade final, sabendo-se que essa redução virá a médio-longo prazo. O gerenciamento de todo o processo logístico assume controle sobre as ações dos fornecedores, distribuidores e o contratante (Empresa), a fim de interligar as demandas de produção com os prazos de entrega dos insumos. Dessa forma, é possível reduzir inventários, diminuir tempos de espera e reduzir os custos logísticos totais. 21 Portanto, para se obter um bom gerenciamento dos materiais é importante que se tenha bem desenvolvido dentro da empresa um sistema de informação, onde se possa reunir todos os dados de pedidos, controle de estoque e previsão de entrega. No qual, a partir do mesmo, é possível fazer uma programação das rotas de atividades, dimensionamento de equipes e etc., garantindo ao gerente (de uma rede distribuidora ou de um canteiro de obra) o controle do andamento de todas as atividades em processamento. 22 3 LOGÍSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1 LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS Ao longo dos anos vem sendo observado certa carência de atenção por parte dos gestores na área mais importante da construção civil, o canteiro de obras. Segundo Vieira (2006), “a preocupação dos gestores com o canteiro de obras sempre foi relacionada aos aspectos técnicos do projeto arquitetônico-estrutural, sem a merecida preocupação com desperdícios, prazos e retrabalhos, ou seja, com o gerenciamento do fluxo de suprimentos”. Então percebe-se que o grande foco dos gestores é economizar em insumos, que quando comprados com desconto e usados racionalmente impactam positivamente no aumento do lucro final do empreendimento. Mas por outro lado, deixa carente de atenção o desenvolvimento de uma logística adequada, por que, num primeiro momento, não traduzem em redução de custos. Essa despreocupação com fatores de ordem Logística pode gerar problemas como descontinuidade de produção, devido a falta de eficiência na distribuição dos materiais, consequentemente, causando grandes baixas na produção. Então, segundo Vieira (2006), a aplicação da logística [...] procura solucionar entre outros problemas, o de descontinuidade de produção, estoques desnecessários e minimização do transporte dos materiais dentro do canteiro [...] logo aumentando produtividade e lucro. Portanto, é por meio de uma visão integrada de todas as etapas da cadeia de suprimentos fornecida pela administração da logística que se poderá atingir tudo que foi citado acima. Deixar de lado o gerenciamento da logística do canteiro vem sendo a característica da construção civil por anos e que deve se ter alguns ajustes para que as empresas se tornem mais competitivas. Todavia, isso somente será possível se for atribuída a devida importância. De acordo com Vieira (2006), “a gestão logística pouco desenvolvida no suprimento de materiais e serviços é a principal causa apontada da ineficiência produtiva”. Ou seja, é necessário associar os aspectos logísticos e a produção. Uma sugestão feita por diversos autores, para solucionar problemas de sobrecarga de atividades em um só gerente, é associar o gestor da obra com um gestor específico para a logística, atuando de forma integrada, cada 23 um se concentrando em suas áreas de atuação, mas olhando para a mesma direção: produtividade. O que já é possível ver em alguns canteiros, mas sendo chamado de Engenheiro de Produção. Dentre as atividades mais importantes associadas à logística, podemos citar: [...] a gestão de pedidos, o controle de estoque, o carregamento, o processo de transporte e de descarga do produto na obra [...], que ao operar de maneira sincronizada e eficiente, visa a redução de todas as dificuldades encontradas no atendimento de prazos e custos (VIEIRA, 2006). Nesse sentido, Santos e Farias Filho (1998), diz que a visão de gestão voltada para a redução dos prazos, dos custos, das perdas e dos desperdícios, e um ambiente baseado na melhoria contínua e na otimização da flexibilidade visam desenvolver a eficiência da obra, resultando na redução de prazos e custos, e potencialização da produtividade. Logo, percebe-se que para obter otimização dos processos envolvendo custos, prazos e perdas, é preciso ter uma logística bem definida. Tudo que se relaciona a perdas, desperdícios, prazos não cumpridos, retrabalhos, etc. são basicamente vinculados à área de suprimentos e a administração da produção da obra. Entretanto, para Vieira (2006), isto é consequência de uma gestão logística pouco desenvolvida, e ainda baseado no mesmo, é indispensável que a gestão da produção seja encarada como diferencial, não como gastos maiores. Portanto, a insuficiência de uma boa logística é uma das causas de um eventual mal desempenho de uma determinada obra, assim sendo, podemos salientar a importância do planejamento na indústria da construção. É fundamental a organização do canteiro para que as atividades sejam bem desenvolvidas, para que desperdício de tempo, perdas de materiais e falta de qualidade da obra sejam evitados. Um estudo criterioso do layout e da logística do canteiro, devem estar entre as primeiras ações de construção de um empreendimento, seja ele de grande, médio ou pequeno porte, para que todos os recursos materiais e humanos empregados na obra sejam bem aproveitados. 24 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.2.1 Condicionantes Diferentemente das indústrias manufatureiras, a indústria da construção civil apresenta-se de forma peculiar quando comparadas entre si. Enquanto a indústria manufatureira tem sua sede manufatureira fixa, equipamentos e força de trabalho bem definidas, duradouras e contínuas, linhas de montagem com operações repetitivas e constantes, se apresentando de forma peculiar e se movimentando em função dos seus ciclos operacionais e de cada produto, a indústria da construção civil, via de regra, trabalha por encomenda e em sua grande maioria com um ciclo de produção pré-determinado e sua logística se modifica em função das peculiaridades do fluxo operacional e das condições ambientais, distância, volume e tempo. A indústria da construção civil é peculiar e como tal tem características próprias como as citadas a seguir, (VIEIRA, 2006): a) Locais de trabalho espalhados por todo o canteiro. b) Alto grau de mão de obra desqualificada e alta rotatividade. c) Produção sujeita às intempéries. d) Geralmente a produção não tem um padrão a ser seguido. e) Seus produtos não são seriados. f) Existe uma grande variedade nos insumos. g) Os processos não são sujeitos a automatização. h) Há uma grande interferência entre as tarefas. i) O operário despende seu tempo de trabalho em busca dos materiais para execução das tarefas. Ao se analisar o contexto da indústria da construção civil, verifica-se que seu sistema operacional diverge de outros modelos de atividades industriais, porque seu modelo de transformação não possui elevado grau de repetitividade por muito tempo, dada a grande variedade dos serviços. Além disso, as atividades executadas dentro de um canteiro de obra, aproveita das características de cada operário, de suas experiências, de sua disposição diária e de suas habilidades com ferramentas. 25 Sendo assim, o processo de trabalho nesse setor é bastante complexo, culminando em dificuldades de criar uma solução padrão que favoreça a organização do mesmo e sua evolução. Diferentemente da indústria seriada, onde os materiais são os mesmos, a execução é a mesma e as ferramentas são as mesmas, ou seja, segue uma continuidade. Fatalmente criando uma mão de obra especializada e rotineira, consequentemente aumentando a produtividade e a otimização dos processos. Outro grande fator de dissensão entre os modelos citados aqui é a questão da logística interna. Nas fábricas, a logística é estudada com um maior rigor, além do que sua implantação é mais simplificada porque os postos de trabalhos são sistematizados e fixos. Enquanto na construção civil, além dos postos de trabalhos serem móveis não há, ainda, uma grande conscientização por parte dos gestores a respeito do estudo da logística, criando assim operações de apagar incêndio. 3.2.2 Logística e a melhoria dos processos O foco da logística é a manutenção da continuidade da produção e eliminação de perdas em geral, com estoque. Logo, percebe-se que uma supervisão e um controle mais rigoroso das atividades irão minimizar problemas de falta de material e mão de obra. Aliado a um planejamento adequado da execução das atividades culminará na eliminação de atividades que não agregam valor, como perdas de tempo com movimentações desnecessárias. Estoques desnecessários também geram problemas como ocupação de espaço no canteiro e gastos desnecessários com a aquisição dos mesmos sem tanta necessidade naquele momento, além de poder gerar perdas por roubos, ação das intempéries e etc. Nessa direção, pode-se dizer que logística na construção civil é o processo de planejar, implementar, integrar e controlar, de forma eficiente e eficaz, o fluxo de recursos materiais e humanos, de serviços, de armazenagens e de informações associadas, nesse caso, dentro do canteiro de obras. Segundo Elias et al. (1998), é importante visar a melhor utilização do espaço disponível no canteiro, onde se possa locar os operários, materiais e equipamentos, criando condições favoráveis para a realização de atividades com eficiência, por meio de mudanças no sequenciamento de atividades, da redução de distâncias e tempos de deslocamentos, além da melhor preparação dos postos estratégicos de trabalho. Logo, a empresa que estiver 26 consciente da urgência de implantação desses processos estará mais bem preparada para enfrentar a grande competitividade do mercado atual, uma vez que a implantação dos sistemas logísticos acarreta em: Redução de custos por sistematização dos processos, redução de tempos de espera e movimentos desnecessários; aceleração de processos internos e externos devido à organização do processo global; redução dos riscos operacionais devido ao controle dos processos; melhoria das relações da estrutura de movimentação de materiais. Para isso, segundo Vieira (2006), devem ser tomadas algumas medidas como: a) Planejamento e gestão da produção; b) planejamento do canteiro de obras; c) provisão de recursos materiais; d) provisão de mão-de-obra qualificada; e) e fluxo de informações eficiente associado a uma tecnologia de informação compatível. Portanto podemos verificar que o processo logístico, quando fundamentado em estudos previamente feitos e implantados e sustentado por tecnologia de informação eficaz, tornará os objetivos almejados mais fáceis de serem alcançados. Mas para isso é necessária a conscientização de que problemas fazem parte do processo, e que é necessário constante retroalimentação do controle dos processos em desenvolvimento, uso consciente das ferramentas de TecnoIogia da informação (TI) que podem ser úteis para otimização do procedimento, e principalmente, da determinação em atingir os objetivos propostos (VIEIRA, 2006). 27 3.2.3 Considerações sobre o planejamento do layout do canteiro O projeto do canteiro é um dos principais instrumentos para o planejamento e organização da logística de canteiro. É óbvio, que ele afeta o tempo de deslocamento dos trabalhadores e o custo de movimentação dos materiais e interfere, portanto, na execução das atividades e também na produtividade global da obra e dos serviços (SILVA, 2000). Na fase de estudos de logística para um determinado empreendimento, o ponto de partida para a solução da problemática, é o estudo do layout do canteiro. E a análise das necessidades que a obra terá no exato momento da implantação, como em médio e longo prazo. Ou seja, é preciso avaliar os locais das instalações provisórias, o melhor local do almoxarifado e etc. Logo, percebe-se a importância da integração da logística ao layout do canteiro. Sendo que o único objetivo em questão é, de acordo com Vieira (2006), “garantir o fornecimento de insumos e de toda a infra-estrutura necessários para o perfeito funcionamento dos processos relacionados às instalações de canteiro”. Segundo Cardoso (1996), antes de realizar o planejamento logístico, é necessário a análise dos seguintes fatores: a) estudo criterioso e o entendimento de toda a estrutura da obra, através da revisão dos cadernos de encargos e especificações, definição das fases de execução, avaliação das condições de início da obra e pedido de ligações com redes concessionárias; b) identificação dos pontos críticos e das interfaces das diversas etapas; c) planejamento de execução, estabelecendo diretrizes para o tratamento das interfaces técnicas e organizacionais. Verificado esse estudo prévio, existem conhecimentos básicos e genéricos, citados por Vieira (2006), os quais servem como base para o próximo passo, o planejamento logístico: a) minimização da improvisação; b) reduzir ao máximo qualquer tipo de armazenagem; 28 c) estocar de maneira a aproveitar o espaço cúbico e não linear ou metragem quadrada; d) ter cautela com o dimensionamento do material, com a localização e sempre favorecer às características físicas do insumo a ser armazenado; e) reduzir ao máximo qualquer tipo de transporte; f) estudar criteriosamente quais as rotas de transporte e quais materiais a serem transportados; g) procurar sempre rotas em linha reta; h) reduzir o manuseio do material; i) procurar máquinas de transporte e manuseio mais flexíveis; j) manter sempre a obra limpa e segura. Apesar de tudo o que foi exposto até então, é importante ressaltar que existe uma gama de incertezas inerentes ao setor da construção civil. Por isso, não existem fórmulas para garantir o bom fluxo dos processos dentro do canteiro. Entretanto, esses princípios citados aqui, servem como norteadores para se alcançar bons resultados, desde que haja um bom planejamento das rotas de serviços, das disposições dos materiais e planejamento do cronograma. Sempre na busca das melhores soluções para se alcançar otimização de produção, minimizando perdas, tanto de movimentações quanto de tempos ociosos dos funcionários. Portanto, a logística está intrinsecamente ligada à eficiência e eficácia de um empreendimento e diretamente ligada à lucratividade final da obra. 3.3 LOGÍSTICA E PRODUTIVIDADE 3.3.1 Contexto da produtividade no canteiro de obras Analisando o contexto brasileiro das indústrias da construção civil, concluímos que as mesmas estão passando por uma etapa de intensa competição e reestruturação. Logo, é preciso buscar formas de se tornarem competitivas, ou seja, usar métodos que promovam algum tipo de ganho em sua gestão geral, e para que isso possa ocorrer podemos usar o controle da produtividade e da qualidade, que 29 nos dias de hoje são ferramentas fundamentais para a sobrevivência das construtoras. Assim, buscar melhores índices de desempenho e tornar os recursos eficientes e eficazes. Entretanto, o que vemos nos canteiros de obras espalhados pela região são elevados índices de desperdícios, seja de recursos materiais, humanos, energéticos ou financeiros, resultando em gastos excessivos com mão de obra e recursos físicos, devido aos retrabalhos, tornando a obra mais dispendiosa do que o necessário, e consequentemente com o lucro final do empreendimento reduzido. Nesta direção, Póvoas; Souza e John (1999) dizem que estudar a produtividade promove uma melhora na execução dos serviços, por meio de redução das perdas em geral, além de organização do canteiro. Afirma ainda que, as empresas que tem como foco a produtividade, tomam a dianteira em relação a concorrência. Um dos fatores primordiais para aumento de produtividade é o controle dos desperdícios, ou seja, tem-se que combater todos os tipos de perdas, sendo estas definidas por Dórea e Souza (1999), como qualquer tipo de ineficiência refletindo no uso de equipamentos, materiais e mão-de-obra, em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da edificação. Ou seja, são fatos que devem ser evitados para que se possa obter uma certa vantagem financeira. Portanto, é de fundamental importância que os responsáveis pela execução dos empreendimentos, não atuem de forma a se resolver imprevistos. É preciso que atuem com planejamento e reprogramações. Lançando-se mão dos recursos tecnológicos disponíveis, para que se possa atingir um nível de controle eficiente e eficaz na sua gestão, assim, promovendo grandes ganhos para a empresa. 3.3.2 Redução dos tempos de espera (Lead time) A logística e a produtividade estão intimamente ligados. O bom ou mal gerenciamento da cadeia logística contribuirá para um bom ou mal desempenho dos trabalhadores do empreendimento. Para que uma atividade seja executada dentro das metas estabelecidas é necessário que o trabalhador disponha das ferramentas necessárias à execução da mesma, assim como do suprimento das matérias-primas essências. Logo, se tais suprimentos não estão à disposição do funcionário no 30 momento em que ele necessita para execução das atividades ocorrerá que, ou ele irá esperar até que chegue tal material ou ele mesmo vá buscá-lo. De qualquer forma houve perda de tempo e movimentação desnecessários, ocasionando em queda de produtividade. Além do mais, esses tempos de espera não foram orçados e certamente irão ter um impacto negativo na lucratividade final da obra. Na indústria da construção civil é comum se deparar com situações onde os funcionários perdem tempo de produção por que houve deficiência na entrega de argamassas, blocos cerâmicos ou melhor em vários pontos de entrega e movimentação dos insumos etc. Portanto, todas as formas de atrasos inesperados representam sérios problemas no fluxo da produção. Segundo Bowersox (2004), as empresas que reduzem o “lead time” e controlam ou eliminam variâncias inesperadas na produção, têm mais flexibilidade para satisfazer as necessidades dos clientes ao mesmo tempo que conseguem reduzir os custos. Esses conceitos da Logística Empresarial podem ser aplicados na indústria da construção civil, apesar dos locais de serviço na construção civil serem móveis. Para isso é necessário um plano de redução do Lead Time, onde interligue os pontos de execução de serviços aos locais de armazenamento dos estoques, priorizando as rotas e as máquinas usadas para tal. Para que ocorra um bom fluxo dos materiais e consequente aumento de produtividade é fundamental salientar que, segundo Vieira (2006), a logística não se refere somente aos aspectos físicos do sistema, mas principalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. Ou seja, a logística não se resume somente à movimentação de componentes, materiais e produtos propriamente ditos, ela envolve principalmente a maneira como esses elementos irão se movimentar, em que momento, em que local, em que quantidade ideal, como será a forma que isso tudo será transmitido ou como irão fluir essas informações. Ou seja, o aumento de produtividade em função da organização da logística depende de um planejamento do arranjo físico do canteiro, o planejamento da produção dos operários, assim como das ferramentas de Tecnologia da Informação (Ti) que serão usadas para administrar todo esse processo. Um bom exemplo do que vem sendo exposto é a atividade de levante de alvenaria estrutural. Para conseguir excelência na execução de tal atividade é necessário ter um planejamento diário da produção, assim como os locais onde serão produzidas as atividades, a paletização dos blocos estruturais e a movimentação por máquinas especializadas nessa função, como gruas ou 31 manipuladores telescópicos, que por serem máquinas de movimentação contínua (movem na vertical e horizontal), possibilitando uma fluidez do processo, e consequente gerar aumento de produtividade. Mas todo esse processo deve estar aliado a uma ferramenta de Tecnologia da Informação (TI), para saber no exato momento as necessidades de bloco e argamassa do operário envolvido no processo. Conclui-se que a eficiência e eficácia das atividades da mão de obra, dependem de como todo o canteiro foi planejado. Ou seja, o planejamento físico da obra deve estar interligado com o fluxo dos materiais durante todo o período de execução do empreendimento, assim como associado às ferramentas que estarão disponíveis para auxiliar nesse processo (escolha das melhores máquinas para transporte, dos melhores locais para disposição dos materiais e das melhores rotas). Resumindo, é indispensável antever no layout do canteiro, todas as atividades que serão realizadas durante a obra, e associar ao mesmo as melhores rotas de fluxo de materiais. 3.3.3 Movimentação de materiais no canteiro O planejamento do canteiro é feito para se adequar os locais de serviço às rotas de fluxo de material. O aumento de produtividade se dá com redução de lead time, e minimização de movimentações dos funcionários. Ou seja, todos esses princípios dependem de uma adequada movimentação de materiais. Existem diversos métodos e ferramentas para se fazer um transporte dentro de um canteiro, cada qual tem suas características próprias, e varia por volume transportado, quantidade de funcionários, valor do equipamento etc. O que deve ser feito é uma boa avaliação de cada necessidade em campo, para escolher o material mais adequado. Por exemplo, ao se tratar de canteiros predominantemente horizontais deve-se ter uma maior preocupação de como os materiais chegarão aos locais mais distantes dos centros distribuidores. A dúvida fica em relação de quantas betoneiras serão suficientes, quantos pontos de apoios de almoxarifados, quantas e quais máquinas para fazer transportes. Para tal faz-se necessário discutir a relação custo-benefício entre as opções disponíveis, além de se quantificar os desembolsos mensais, o levantamento de possíveis vantagens ou desvantagens que ele pode 32 gerar quanto aos serviços em execução. Portanto, para cada serviço é importante analisar os tempos e equipes de transporte envolvidas, bem como à produtividade induzida (SOUZA, 2000). Ou seja, planejar, transportar e produzir são termos que estão intrinsecamente relacionados aos aspectos do gerenciamento do canteiro de obras e que na maioria das vezes são ignorados pelos operadores do sistema de construção civil. Em seu trabalho de intervenção no sistema de movimentação de materiais, Santos (1995) estabelece algumas diretrizes para a escolha das melhores alternativas de transporte: a) O melhor transporte é aquele que não existe; b) a força motora mais econômica é a força da gravidade; c) cargas iguais devem ser movimentadas em conjunto; d) a produtividade da movimentação aumenta quando as condições de trabalho tornam-se mais seguras; e) quanto menor o peso transportado, mais econômicas as condições operacionais; f) o armazenamento, se possível, deve utilizar o espaço cúbico; g) utilizar o caminho o mais direto possível; h) evitar o cruzamento dos fluxos de transporte; i) prever os caminhos de ida e de volta; j) planejar o uso de cargas de retorno; k) diminuir distâncias entre postos de trabalho; l) entregar materiais diretamente no local de trabalho; m) transportar a máxima quantidade de peso de cada vez, atendendo às restrições de caráter ergonômico; n) transportar preferencialmente em container, em vez de a granel; o) colocar cargas primeiro em plataformas, depois transportá-las; p) não empilhar diretamente sobre o chão, deixando o espaço para facilitar o erguimento e a ventilação; q) prever as áreas de recepção, de preferência com plataforma; r) garantir amplo espaço de circulação em torno da área de estoque; s) proteger partes da obra ao longo do caminho de circulação; t) manter a obra limpa e plana; 33 u) proteger e dar segurança ao material transportado; v) reduzir o máximo possível o transporte por esforço humano; w) usar equipamentos adaptáveis ao transporte de vários tipos de materiais; x) identificar/sinalizar as rotas de transporte dos principais insumos. Devido aos comentários até então descritos, é possível ter uma idéia da importância de planejar ou avaliar o processo de movimentação de materiais em um canteiro de obras. E, aliado a um estudo de produtividade da mão-de-obra dos serviços, auxiliará no processo decisório do planejamento. Sendo assim, é possível, portanto, avaliar as diversas alternativas de transporte existente ou que vier ser usadas, escolhendo as que possuem melhor desempenho para o momento (SILVA, 2000). 3.3.5 Gerenciamento da cadeia de suprimentos Ao longo dos anos é constatado que o gerenciamento do suprimento de materiais vem sendo marginalizado pelas empresas de construção civil (MARSH, 1985). Ou seja, muitas vezes os profissionais que atuam na área não estão bem preparados ou até mesmo não são da área de suprimentos. O que ocasiona em uma falta de integração, tanto entre os diversos setores da empresa, como entre as próprias funções que o setor de suprimentos deve desempenhar. O bom funcionamento do setor é tão importante que, segundo Marsh (1985), em média, seis por cento do custo da mão-de-obra poderia ser economizado se os materiais e equipamentos fossem corretamente gerenciados e estivessem no local de trabalho, no momento da utilização. Gerando redução de movimentações desnecessárias pelos funcionários, além de espera por material, o que juntos representam perdas de produtividade e consequente aumento de custos. Sabe-se que grande parte do capital empregado em um empreendimento é usado na aquisição de sacos de cimento, areia, brita, cerâmica, louças, metais, madeiramentos, aço, equipamentos de transporte de materiais, máquinas e ferramentas, acessórios, materiais de conservação, de manutenção, etc. Então, fica claro que administrar esses custos, e além de tudo o prazo de entrega desses itens, é que irá impactar nos resultados financeiros da obra. Para que tudo isso que foi 34 exposto até então seja atendido é necessário que o sistema de suprimentos se integre aos diversos setores da empresa e mantenha uma forte relação com o mercado e com os clientes externos (SLACK, 1993). Nesse sentido, Violani, Cândia, Melhado (1991) afirmam que o setor de suprimentos deve suprir a obra atendendo aos requisitos de qualidade e custos, evitar paralisações por falta de insumos ou serviços ou estoques elevados, coordenar o processo de compras de forma a minimizar os investimentos deixando o capital da empresa livre para giro, comprar sempre nos melhores preços obedecendo às especificações de projeto, negociar com os fornecedores à exaustão, assegurando para a empresa as melhores condições ou de preço ou de pagamento. Além de garantir que todo esse material esteja na obra no prazo estipulado para que então possam ser realizadas as atividades de estocagem, visando sempre, sua melhor disposição para facilitar o acesso aos mesmos. Assimilando tudo que foi apresentado até o presente momento, percebe-se que o setor de suprimentos é o elo de ligação entre o setor administrativo e o canteiro de obras. Não obstante, o mesmo assume uma importância estratégica para obtenção da qualidade na construção e redução do custo total dos empreendimentos (PALÁCIOS, 1995). Sendo assim, é visível que o controle do setor de suprimentos de uma organização culmina em uma sensível melhora na qualidade do empreendimento e redução de seus custos e prazos. Uma vez que, o setor de suprimentos lida diretamente com fornecedores, preços e prazos, e a escolha dos melhores fornecedores é vital para o sucesso de qualquer empreendimento. A cadeia de suprimentos é um sistema integrado, na qual cada atividade está correlacionada e sempre olhando para uma mesma direção, redução de perdas e desperdícios em geral. A cadeia de suprimentos é composta pelo gerente de suprimentos, pela rede logística de distribuição dos materiais, pela rede de estocagem dos materiais, e por uma rede de informações. Cada parte tem sua devida razão. Nesse sentido, o gerente de suprimentos é responsável pela escolha adequada do fornecedor (fornecedor confiável), o qual tem a responsabilidade de entregar os pedidos no local estipulado e no prazo estipulado e com qualidade (logística de distribuição dos materiais). A gerência da obra tem a função de determinar os melhores locais para armazenar os materiais dentro do canteiro, para quando necessário, direcionar cada material para seu local de transformação, sem que haja desperdício de movimentações dos funcionários e evitando quedas na 35 produtividade global do empreendimento. Esse elo forma uma cadeia geral de suprimentos que está ligada desde o fornecedor, passando pelo local de estocagem no canteiro, até o funcionário que irá transformar esse material em um produto. Sendo assim, esse sistema envolve setores os quais são bem definidos pelos princípios do Supply Chain Management, sendo chamados de drivers, onde envolvem: infraestrutura, transportes, estocagem e ferramentas de TI (CHOPRA & MEINDL apud HUGOS, 2006). A parte correspondente a infraestrutura trata-se dos locais da cadeia de abastecimento onde o produto é armazenado, montado ou produzido. Por isso devem ser tomadas decisões quanto a capacidade das instalações, layout e gestão da produção. É considerado uma das partes principais da cadeia de suprimentos, onde é a parte intermediária entre o fornecedor e a produção no canteiro. Os transportes (externos ou internos) incluem as atividades de transferência e movimentação dos estoques de todos os locais da cadeia de abastecimento. Logo, as decisões relativas às rotas de transportes devem ser tomadas avaliando os custos-benefícios que uma entrega mais rápida ou mais demorada pode acarretar, por exemplo, o uso de uma grua ou elevador de carga. A estocagem dos materiais é o estudo da relação entre produtividade e planejamento, sobre o qual os gestores tomam decisões a respeito de estoques de segurança, quantidade de estoque e os dias em que esses estoques serão renovados. A estrutura de informação da organização é por onde vai correr todos os dados referentes ao empreendimento, desde o início de uma simples solicitação de compra de material, até o feedback a respeito do mesmo. É um driver fundamental, por onde gerencia toda a cadeia de suprimento geral da obra. Nesse sentido, para ter uma gestão da cadeia de suprimentos eficiente é preciso que a infraestrutura, o transporte, a estocagem e as informações estejam fluindo em consonância. De acordo com o que foi exposto até então, Marsh (1985) conclui que “um sistema de gerenciamento de suprimentos eficaz, integrado com os outros setores da empresa, permite evitar problemas que incluem: escassez, excesso, demora e erros no suprimento de materiais e equipamentos e problemas de fluxo de caixa”. Portanto, o gerenciamento da cadeia de suprimentos deve ser feito, e sempre em constante vigília, para que seja garantida a melhoria continua deste processo, que é peça chave para um bom resultado final. 36 4 MÉTODO DE PESQUISA Após o embasamento teórico apresentado até então, o pesquisador torna-se apto a identificar e analisar, na prática, situações que abrangem ao tema pesquisado, logística de materiais. Desse modo, será tratado na sequência, a caracterização inicial da pesquisa: estratégia e procedimentos adotados. 4.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA Esse trabalho foi iniciado com a análise dos locais onde se armazenavam os agregados (areia e brita), o estoque de cimento e a localização da betoneira, constituindo-se uma análise preliminar da situação real de pesquisa. A partir da análise preliminar, o pesquisador verificou quais as rotas de acesso ao canteiro, como se dá a distribuição dos materiais à betoneira, assim como a distribuição dos materiais produzidos na betoneira aos respectivos locais de uso. Embasado pela análise preliminar, fora traçado mapofluxos e diagramas de processo recorrentes no canteiro e aliado aos registros fotográficos, o pesquisador estava apto a dissertar a respeito dos dados coletados no canteiro. Sendo assim, a seguir, será abordado do que se trata o estudo de caso, as motivações para sua escolha, assim como o delineamento do mesmo. 4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA O método de pesquisa adotado para a realização do trabalho foi o estudo de caso. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Já segundo Schramm, 1971 apud Yin, 2001, a principal tendência nos estudos de caso, é que ele tenta esclarecer um conjunto de decisões, mais especificamente o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e quais os resultados obtidos. 37 Nesse sentido, o estudo de caso foi escolhido devido à possibilidade da pesquisa ser efetuada com a Observação Participante, isto que é um método de coleta de dados tradicional e caracteriza-se pelo fato do pesquisador fazer parte do processo em questão. Neste caso o pesquisador não fazia parte do quadro de funcionários da empresa, onde fez-se necessária a elaboração de uma proposta para intervenção e coleta de dados. O delineamento do Estudo de Caso está esquematicamente representado na figura a seguir, e suas etapas serão explicadas na continuação: Coleta de dados: - Aplicação do questionário - Cadastro do layout - Registro fotográfico - Análise da movimentação dos materiais Análise dos dados - Apresentação dos resultados - Análise dos resultados Conclusão - Análise final do trabalho - Propostas e conclusões Figura 1 - Delineamento do estudo de caso A revisão bibliográfica foi realizada ao longo de toda a pesquisa, proporcionando o embasamento teórico ao pesquisador. De acordo com Marconi & Lakatos (1995), a pesquisa bibliográfica não deve ser uma mera repetição do que já foi dito ou escrito, mas deve conter a análise de um tema sob novo enfoque ou abordagem, possibilitando conclusões inovadoras. Roesch (1996) fala que a revisão da literatura permite entre outros propósitos levantar soluções alternativas para tratar de uma problemática, levantar métodos e instrumentos alternativos de análise, o que assegura ao autor originalidade em seu trabalho. Embasado pela revisão bibliográfica, o autor torna-se apto a passar para a segunda etapa do estudo de caso, análise preliminar e registro fotográfico. Na segunda etapa fora realizado o diagnóstico inicial através de estudos e coletas de dados com auxilio de registros fotográficos. Desse modo, foi possível estabelecer um conhecimento da realidade da empresa e do empreendimento. A terceira etapa do estudo destinou-se a traçar os diagramas de fluxos e mapofluxogramas do empreendimento, propiciando ao pesquisador uma maior perspectiva da situação real do canteiro e poder analisar os dados fundamentado pela revisão bibliográfica. 38 5 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA, DAS FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Neste capítulo será tratado a segunda etapa da pesquisa, que consiste na apresentação da empresa, o canteiro de obra pesquisado, além das ferramentas usadas para coleta e análise dos dados. 5.1 A EMPRESA Os motivos pela escolha da empresa foram relacionados com a possibilidade da realização de um estudo onde fosse possível total observação dos processos analisados. Além disso, a empresa apresentou interesse na melhoria de suas práticas, principalmente em função da forte exigência por parte das instituições de fiscalização do trabalho e dos critérios para certificação de qualidade. A empresa participante da pesquisa é do setor da construção civil, fundada em 1996, com sede e atuação predominante em Feira de Santana, no Estado da Bahia. Seu escopo esta definido pela construção de obras de condomínios residenciais e empreendimentos de caráter industrial. Em geral, o corpo gerencial de produção e a mão-de-obra operacional são formados por profissionais próprios e uma pequena parte por funcionários terceirizados para diferentes serviços. A Empresa preocupa-se com a excelência do serviço e com a qualidade de vida dos colaboradores. Possui os certificados ISO 9001 e o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e, em 2009, iniciou a implantação do Sistema de Gestão Integrado que envolve a ISO 14001 (Meio Ambiente) e o Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHAS) 18000 (Saúde e Segurança). 39 5.2 DESCRIÇÃO DO CANTEIRO O canteiro é um condomínio residencial com casas de 02 quartos, destas 24 com 61,23 m² e 72 com 60,25 m², totalizando 5.953,72 m² de condomínio. Possuindo parque infantil e área de lazer. Em relação às tecnologias construtivas, as casas possuem alvenaria de bloco cerâmico, esquadrias de alumínio, cobertura em telhas cerâmica, áreas molhadas revestidas por azulejo e cerâmica, áreas externas revestidas por pintura acrílica. As vias externas foram pavimentadas em paralelepípedos. 5.3 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO E DA LOGÍSTICA DO CANTEIRO Para realização da análise do gerenciamento dos materiais no canteiro de obras, além da revisão bibliográfica, é necessário que o pesquisador tenha domínio das ferramentas de coleta de dados coerentes com o tema pesquisado. Desse modo, a seguir serão apresentadas as ferramentas de coleta e análise de dados utilizadas nesse estudo. 5.3.1 Índice de Boas Práticas em Canteiro de Obras (Check-List) O Índice de Boas Práticas em Canteiro de Obras foi desenvolvido por Saurin (1997), e foi elaborado com base em várias fontes, dentre elas: normas sobre armazenamento de materiais e segurança na obra (respectivamente, NBR 12655 Concreto - Preparo, controle e recebimento e NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção), um manual de melhorias de qualidade e produtividade na construção civil (SCARDOELLI et al, 1994), um manual sobre segurança em canteiros (ROUSSELET & FALCÃO, 1988), além de requisitos definidos a partir de sugestões de profissionais com experiência na área. O Índice de boas práticas é uma ferramenta muito utilizada na avaliação de canteiros de obras por ser uma ferramenta que possibilita a avaliação qualitativa do canteiro em diversos aspectos, tais quais: Instalações provisórias, higiene, 40 segurança e bem estar do trabalhador, transporte e armazenamento de materiais e gestão de resíduos de construção (COSTA, 2005). Essa ferramenta de Saurin (1997), nada mais é que um Check-List, composto por várias perguntas que devem ser aplicadas no local onde se deseja analisar o canteiro. Cada questionário representa contextos diferentes, e existem três tipos de respostas (Sim, Não e Não se aplica), onde a média final é composta pelo somatório da quantidade de “Sim” e dividido pela quantidade de questões que se aplicam ao canteiro pesquisado. A nota obtida tem como parâmetro uma média obtida pelo pesquisador Saurin (1997), ao pesquisar diversos canteiros de obras. Como dito anteriormente, esse Check-List corresponde à diversos aspectos do canteiro, e devido a esse fato fora adotado, aqui, as questões referentes à logística e ao armazenamento de material, tornando a pesquisa mais simples e objetiva, uma vez que as demais questões não impactariam diretamente no escopo do tema aqui pesquisado. A seguir, na Figura 2, encontra-se uma parte do questionário. Figura 2 - Sistema de movimentação e armazenamento de materiais (SAURIN, 1997) 5.3.2 Diagrama de processo O diagrama do fluxo de processo é imprescindível para uma análise mais detalhada de qualquer tipo de processo que ocorra em um empreendimento. Através dele, é possível reduzir perdas e aumentar ganhos, simplesmente com a análise do fluxo do suprimento no local em questão. O diagrama de processo é uma ferramenta usada para realizar diagnósticos dos processos produtivos. Para cada operação associa-se um símbolo que representará a sequência real do processo. Ou seja, é uma ferramenta utilizada para registrar o método de fazer um trabalho (SLACK et al., 1997 apud BULHÕES, 2001). 41 O diagrama é formado por quatro símbolos básicos (Figura 3) onde descrevem as sequências das tarefas: processamento, inspeção, transporte e estoque. Figura 3 - Símbolos usados no diagrama de processo Os diagramas de processo, segundo Ishiwata (1991) apud Bulhões (2001), são utilizados para se alcançar melhorias no sistema de produção. Para tal faz-se necessário identificar o foco de sua análise, produto ou operação, para então intervir na operação ou no processo. As melhorias citadas anteriormente podem ser obtidas através do estudo dos fluxos (processos, operações ou produtos), da identificação de perdas, redução de atividades que não agregam valores e, também, de análises que consideram se os processos podem ser reorganizados de uma forma mais eficiente, se o processo está fluindo de forma contínua, ou seja, se existem problemas no layout dos equipamentos e nos sistemas de transporte, e se os passos executados no processo são, realmente, necessários e o que aconteceria se tarefas não necessárias fossem removidas. 5.3.3 Mapofluxograma O mapofluxograma, além de identificar as diferentes operações que fazem parte de um determinado processo, indica o local onde cada operação foi desempenhada. Sendo assim, o mapofluxograma se caracteriza pela representação do sequenciamento das atividades apresentadas no diagrama de processo em uma forma espacial (plantas ou croquis), e permite uma maior transparência da visualização de movimentação de materiais. Segundo Gehbauer (2002) apud Sales (2004), essa ferramenta é um esboço que mostra os deslocamentos e as relações entre as situações de um processo de produção, podendo, desta forma, auxiliar na visualização de restrições e cruzamentos de fluxos. 42 Sua utilização mostra-se eficiente no planejamento de distribuição física dos elementos do canteiro e pode ser usado, durante o desenvolvimento de atividades, para avaliar mudanças em relação ao que foi planejado, podendo ser analisado e revisto. A representação de pessoas e equipamentos também pode ser apresentada nesse tipo de ferramenta, permitindo uma melhor visualização do processo. Uma característica importante dos mapofluxogramas é que eles são representados em planos horizontais, havendo assim a necessidade de vários deles para o caso de atividades que ocorrem em vários pavimentos de uma obra vertical (SALES, 2004). Para um maior entendimento do processo, os mapofluxogramas são analisados em conjunto com os diagramas de processo. Desse modo, fora usado nessa pesquisa as duas ferramentas em consonância, gerando um maior entendimento da situação real. Figura 4 - Exemplo de mapofluxograma de processo para o serviço de desforma de Viga (SALES, 2004) 5.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NO CANTEIRO Nas etapas anteriores foram levantados dados que agora servem como subsídios para analise da situação real do canteiro, e, aliado à revisão bibliográfica, será possível avaliar a logística do suprimento no canteiro de obras. Nos tópicos seguintes, serão apresentados dados coletados, assim como a avaliação dos mesmos. 43 5.4.1 Análise da logística do canteiro O terreno onde está sendo executado o condomínio possui o comprimento bem maior que a largura, configurando um terreno estreito (Figura 5), o que dificulta a logística dos processos que envolvem a distribuição dos insumos ao longo da construção. Figura 5 – Vista do canteiro Na figura abaixo vista do canteiro na etapa final da obra Figura 6 - Etapa final da obra 44 O plano traçado, pelos gestores da obra, no início do empreendimento, para resolver essa situação fora iniciar a execução da obra do local mais afastado do acesso para o local mais próximo do acesso. Possibilitando a criação de baias de armazenamento de material próximo ao local da execução, e a sua mobilização de acordo com o avanço do empreendimento. Dessa maneira, ficou garantido que não haveria tráfego de veículos pesados pelos locais com execução mais avançada, assegurando que não haveria qualquer tipo de dano material ou produtivo às partes executadas ou em execução. Uma vez que esse tráfego poderia bloquear acessos ao transporte de materiais como argamassa da betoneira, cerâmica do estoque e etc. Além de correr o risco de em uma manobra o carro ir de encontro a uma parede e etc. Nesse contexto, é importante ressaltar que a estratégia adotada fora bastante válida e se mostrou totalmente viável ao longo de toda a obra, demonstrando, assim, que os gestores da obra pensaram em todas as etapas da obra (mobilização e desmobilização), e a estratégia adotada caracterizou-se como uma medida assertiva. A Figura 7 está demonstrando como as baias e a betoneira vieram para próximo ao acesso da obra, de acordo com o supracitado: Figura 7 - Baias e betoneira 45 A Figura 8 demonstra o local em que os materiais são estocados quando descarregados na obra na etapa final do empreendimento (próximo ao acesso): Figura 8 - Estoque de materiais 5.4.1.1 Quanto aos meios de transporte interno O transporte horizontal de material do estoque às frentes de serviços foi feito por carros-de-mão, para materiais à granel e argamassas, e por carros de mão tipo plataforma, para o transporte de materiais como pisos cerâmicos, blocos cerâmicos, sacos de cimentos e etc. O transporte vertical de argamassa foi feito através do “moitão”. Ainda no caso do transporte vertical, para outros tipos de materiais, os ajudantes levavam tais materiais pela escada existente no interior de cada residência. Analisando de forma mais crítica, a adoção do transporte de carrinho de mão não se configura como uma boa solução de transporte horizontal de material. Hoje, o mercado disponibiliza diversos meios mecânicos de se fazer tal transporte, como o uso de carros Dumper e BobCat, que são equipamentos pequenos e aptos a superar a restrição de espaço no canteiro, além de que tais equipamentos possuem alto custo/benefício. Quanto ao transporte vertical, no mercado existem diversos equipamentos, um deles o SkyTrack (Manipulador Telescópico), que é útil quando se fala em transporte vertical. Entretanto, o custo desse material é relativamente alto, apesar de 46 seu benefício também ser alto, não seria interessante adotar esse equipamento no canteiro em questão devido às restrições de canteiro, e além do mais o ponto mais alto a se transportar material seria de 3 metros de altura. Portanto, não viabilizando a adoção dessa tecnologia por relação custo/benefício. 5.4.2 Diagrama de processo (Produção de Argamassa) Após as análises feitas no canteiro de obra, foi possível elaborar um diagrama de processo, representando a produção de argamassa para reboco interno (Pavimento térreo e superior). Com esse diagrama, foi possível encontrar pontos críticos, onde estaria havendo desperdício de tempo e movimentação desnecessária na logística do suprimento acima citado. A seguir, estão representados os diagramas de processo, onde os pontos críticos estão assinalados com círculos vermelhos: Figura 9 - Diagrama de processos - Argamassa para reboco Pavimento térreo 47 Figura 10 - Diagrama de processos - Argamassa para reboco Pavimento superior Nessas figuras podemos verificar pontos onde o processo pode ser melhorado. Logo, removendo o estoque provisório da areia e relocando o estoque de cimento definitivo para próximo à betoneira, podemos reduzir duas etapas no processo. Deste modo, é possível eliminar transportes desnecessários, os quais representam queda de produtividade e consequente redução do lucro final da obra. A sugestão que se faz, seria a remoção do estoque intermediário, a partir da alteração demonstrada no layout proposto (Figura 11), o que reduziria em duas etapas o diagrama de processo para argamassa, como mostrado na figura abaixo, garantindo que quando a argamassa fosse solicitada, os materiais componentes estivessem à disposição, reduzindo tempo de transporte e baixa na produtividade devido à espera do insumo. A Figura a seguir demonstra o diagrama de processo proposto: 48 Figura 11 - Diagrama de processos - Argamassa para reboco Portanto, ao se analisar o atual diagrama de processos verifica-se que as perdas com tempo de espera e movimentação desnecessária foi removida do processo logístico, o que gera menor tempo de espera e eliminação de movimentação desnecessária, representando assim ganho em produtividade. 5.4.3 Mapofluxograma da obra (Distribuição física de areia/brita/cimento) O funcionamento desse processo se dá pelo armazenamento do material em seus respectivos locais (Figura 12), e de acordo com a demanda da betoneira, tais são levados aos poucos para processamento. Acarretando em desperdício de tempo e de mão-de-obra. Um problema verificado foi quanto ao transporte horizontal, este era feito por carro de mão e, somado com os depósitos intermediários, geraram um considerável desperdício de mão de obra, como dito nos tópicos anteriores. A sugestão apresentada aqui na pesquisa seria o uso de carros dumper, aumentando o volume a ser transportado, e reduzindo o tempo de deslocamento do material. 49 Consequentemente, o Lead Time seria reduzido sensivelmente, aumentando produtividade. Figura 12 - Baias de areia e brita Na Figura 13, está sendo apresentado o mapofluxograma da situação real do canteiro pesquisado, e representa o fluxo da areia e cimento para processamento na betoneira, e o fluxo da argamassa processada, para seus respectivos locais de aplicação. Como dito anteriormente, fora planejado para a obra uma betoneira itinerante, sendo assim, com o avançar do cronograma físico da obra, a distancia entre as residências e a betoneira aumentaria. Figura 13 - Mapofluxograma da obra 50 Desse modo, tal estratégia configura-se bastante funcional, uma vez que a demanda por argamassa da parte inicial da obra irá reduzir, com o avanço da obra, e a mudança de posicionamento da betoneira acompanhando tal evolução, consequentemente atendendo aos pontos críticos do canteiro. 5.4.4 Aplicação do questionário A intenção da aplicação do questionário do Índice de Boas Práticas de Saurin (1997) é poder avaliar o canteiro de obra também quanto as condições de armazenamento do material e também a estrutura física por onde o material circula dentro da obra. Uma vez que tais informações complementam as análises feitas anteriormente quanto às vias de circulação, etapas de processamento e meios de transporte, por que não basta ter a melhor rota de transporte, mas também precisa ter uma boa estrutura física no canteiro. Após Saurin (1997) aplicar este mesmo check-list em 25 canteiros chegou a uma nota média de 5,3. Apesar de ter-se eliminado alguns itens que não estariam em sintonia com o objetivo da pesquisa, a avaliação foi válida por que os itens presentes no questionário servem de norteador de uma boa conduta no canteiro. Sendo assim, a nota obtida pela obra foi de 5,71, e está bem acima da média. Segue abaixo o quadro de questionário respondido pelo engenheiro residente da obra: Quadro 1 - Questionário aplicado ao engenheiro da obra [continua] QUESTIONÁRIO ÍNDICE DE BOAS PRÁTICAS SISTEMA DE ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS VIAS DE CIRCULAÇÃO Nota: Sx10 / Itens aplicáveis S HÁ CONTRAPISO NAS VIAS DE CIRCULAÇÃO DE MATERIAIS OU PESSOAS EXISTE COBERTURA NO TRANSPORTE DE MATERIAIS DA BETONEIRA ATÉ O GUINCHO É PERMITIDO O TRÂNSITO DE CARRINHOS/GERICAS PERTO DOS ESTOQUES EM QUE TAIS EQUIPAMENTOS FAZ-SE NECESSÁRIO HÁ CAMINHOS PREVIAMENTE DEFINIDOS PARA OS PRINCIPAIS FLUXOS DE MATERIAIS, PRÓXIMO AO GUINCHO E NAS ÁREAS DE PRODUÇÃO DE ARGAMASSA E ARMAZENAMENTO OBS.: N NA x x x x 51 Quadro 1 - Questionário aplicado ao engenheiro da obra QUESTIONÁRIO ÍNDICE DE BOAS PRÁTICAS SISTEMA DE ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS VIAS DE CIRCULAÇÃO Nota: Sx10 / Itens aplicáveis S HÁ CONTRAPISO NAS VIAS DE CIRCULAÇÃO DE MATERIAIS OU PESSOAS EXISTE COBERTURA NO TRANSPORTE DE MATERIAIS DA BETONEIRA ATÉ O GUINCHO É PERMITIDO O TRÂNSITO DE CARRINHOS/GERICAS PERTO DOS ESTOQUES EM QUE TAIS EQUIPAMENTOS FAZ-SE NECESSÁRIO HÁ CAMINHOS PREVIAMENTE DEFINIDOS PARA OS PRINCIPAIS FLUXOS DE MATERIAIS, PRÓXIMO AO GUINCHO E NAS ÁREAS DE PRODUÇÃO DE ARGAMASSA E ARMAZENAMENTO N NA x x x x OBS.: ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS CIMENTO EXISTE ESTRADO SOB O ESTOQUE DE CIMENTO AS PILHAS DE CIMENTO TEM NO MÁXIMO 10 SACOS O ESTOQUE ESTÁ PROTEGIDO DA UMIDADE EM DEPOSITO FECHADO E COBERTO É PRATICADA A ESTOCAGEM DO TIPO PEPS (O PRIMEIRO SACO A ENTRAR É O PRIMEIRO A SAIR O ESTOQUE DE CIMENTO ADJACENTE ÀS PAREDES TEM DISTÂNCIA MÍNIMA DE 30CM PARA CIRCULAÇÃO DE AR OBS.: AGREGADOS E ARGAMASSA AS BAIAS PARA AGRAGADOS/ARGAMASSA TEM CONTENÇÃO EM TRÊS LADOS AS BAIAS TEM FUNDO CIMENTADO PARA EVITAR CONTAMINAÇÃO DO ESTOQUE A AREIA É DESCARREGADA NO LOCAL DEFINITIVO DE ARMAZANAGEM (NÃO HÁ DUPLO MANUSEIO) A ARGAMASSA É DESCARREGADA NO LOCAL DEFINITIVO DE ARMAZANAGEM (NÃO HÁ DUPLO MANUSEIO) AS BAIAS DE AREIA E ARGAMASSA ESTÃO EM LOCAIS PROTEGIDOS DA CHUVA OU TEM COBERTURA POR LONA AS BAIAS DE AREIA E ARGAMASSA ESTÃO PRÓXIMO DA BETONEIRA OBS.: S N NA x x x x x x x x x x x SIM QTD ITENS NOTA 8,00 14,00 5,71 Podemos concluir que o canteiro pesquisado é bem organizado, e tem como prática os principais itens como: contenção nas baias, distância mínima das paredes para estoque de cimento (Figura 14), empilhamento de cimento e etc. O único ponto 52 deficiente do canteiro é que os agregados e cimento não são estocados nos locais definitivos, o que é até aceitável, para esse caso onde o canteiro é estreito. Figura 14 - Estocagem modelo de cimento na obra 53 6. CONCLUSÕES Fora analisado a disposição dos materiais pertinentes à fabricação da argamassa e suas rotas de circulação. Para alcançar tal objetivo, fora criado 01 (um) mapofluxograma e 03 (três) diagramas de fluxo de processos. Por meio do cruzamento das informações coletadas foi possível ter uma visão ampla do que estava acontecendo no canteiro de obra estudado, e apresentar soluções fundamentadas na revisão bibliográfica. Como exposto pelo estudo de caso, a obra pesquisada pecou na questão de estocar o material em local afastado da betoneira, gerando movimentação de material desnecessária e consequente perda de produtividade. Além de não aproveitar alguns meios de transporte que a tecnologia dispõe, considerados pelo pesquisador mais eficiente. Por outro lado, a aplicação do Índice de Boas Práticas de Saurin (1997), apresentou uma nota acima da média, demonstrando boas condições quanto à estrutura física do canteiro, demonstrando organização e qualidade. Portanto, no decorrer do processo de estudo de caso podemos constatar que os objetivos propostos foram alcançados. 6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A partir dos resultados que foram obtidos neste trabalho e de todos os conhecimentos que foram adquiridos ao longo de sua realização, pode-se fazer algumas sugestões para o desenvolvimento de estudos futuros: a) continuar analisando os canteiros de obra de Feira de Santana, e estimular as empresas a aplicarem os princípios da logística no canteiro de obra; b) propor novos quesitos a serem aplicados no índice de boas práticas de Saurin (1997), sempre em busca de aperfeiçoamento nas práticas existentes. 54 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade: diretrizes para seleção e uso - NBR ISO 9001. Rio de Janeiro, 1994. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. BULHÕES, I. R. Método para medir o custo de perdas em canteiros de obras: Proposta baseada em dois estudos de caso. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2001. 175p. CARDOSO, F. F. Importância dos estudos de preparação e da logística na organização dos sistemas de produção de edifícios. In: I Seminário Internacional: Lean Construction – A Construção sem Perdas. IDORT, São Paulo, 1996. Anais do Seminário Lean Construction, 1996, 25 p. CENTRO DE ESTUDOS EM LOGÍSTICA. Pesquisa Benchmark – Serviço ao Cliente 2003. Disponível em: <www.cel.coppead.ufrj.br>. Acesso em: 15 jan. 2012. CHOPRA & MEINDL. In: HUGOS, Michael. Essentials of supply chain management. Nova Jersey: John Wiley and Sons, Inc., 2006. COSTA, D. B, et al. Sistema de indicadores para benchmarking na construção civil: manual de utilização. Porto Alegre: UFRGS/PPGEC/NORIE, 2005. DÓREA, S.; SOUZA, E. Produtividade do serviço de concretagem em edifícios – casos práticos. Pernambuco: UFPe, 1999. ELIAS, S. J. B. et. al. Planejamento do Layout do canteiro de obras: aplicação do SLP (Systematic Layout Planning). In: Encontro Nacional de engenharia de Produção, XVIII, 1998, Niterói-RJ. Anais do XVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 55 FERRAZ, J.C; L. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro, 1997. FORMOSO, Carlos T. et al. Perdas na Construção Civil: Conceitos, classificações e seu papel na melhoria do setor, 1993. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/norie/indicadores/de%20cesare.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1995. MARSH, Jon W. Materials management: practical application in the construction industry. Cost Engineering, v. 27. 1985. NOVAES, Antônio G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição: Estratégia, Operação e Avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PALÁCIOS, Vitor H. R (1995). Gerenciamento do setor de suprimentos em empresas de construção de pequeno porte. In.: FORMOSO, Carlos Torres, et al. Gestão da qualidade na construção civil: uma abordagem para empresas de pequeno porte. Porto Alegre: Programa de Qualidade e Produtividade da Construção Civil no Rio Grande do Sul, 1995. PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro,1992. PÓVOAS, Y.; SOUZA, E.; JOHN, V. Produtividade no assentamento de revestimentos cerâmicos. Pernambuco: UFPe, 1999. ROESCH, S. M. A. Projetos de estágios do curso de administração: guia para pesquisa, projetos, estágios e trabalho de conclusão de curso. São Paulo: Atlas, 1996. ROUSSELET, E.; FALCÃO, C. A segurança na obra: manual técnico de segurança do trabalho em edificações prediais. 2 ed. Rio de Janeiro: Senai, 1988. SALES, A. L. F. et al. A gestão dos fluxos físicos nos canteiros de obras focando a melhoria nos processos construtivos. Fortaleza, CE: Universidade Federal do Ceará (UFC), Porto Alegre, 2004. 56 SANTOS, Aguinaldo. Metodologia de intervenção em obras de edificações enfocando o sistema de movimentação e armazenamento de materiais. Porto Alegre, 1995. Dissertação (Mestrado). UFRGS, 145 p. SANTOS, C. A. B.; FARIAS FILHO, J. R. Construção Civil: Um Sistema de Gestão Baseada na Logística e na Produção Enxuta. XXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção: ABEPRO, 1998. SAURIN, T. A. Método para diagnóstico e diretrizes para planejamento de canteiros de obras de edificações. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997. SCARDOELLI, L. S., et. al. Melhorias de qualidade e produtividade: iniciativas das empresas de construção civil. Porto Alegre: Programa da Qualidade e Produtividade da Construção Civil no Rio Grande do Sul, 1994. 288 p. SILVA, Fred Borges da. Ferramentas e diretrizes para a gestão da logística no processo de produção de edifícios. São Paulo: EPUSP, 2000. SLACK, Niegel. Vantagem competitiva em manufatura: atingindo a competitividade nas operações industriais. São Paulo: Atlas, 1993. SOUZA, 2000 (SOUZA, U. E. L. Projeto e implantação do canteiro. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000. TIXIER, Daniel; MATHE, Herve; COLIN, Jacques. Logistique au Service de L'Entreprise. Paris: Dunod, 1983. VIEIRA, Hélio Flavio. Logística aplicada à construção civil: como melhorar o fluxo de produção nas obras. São Paulo: Editora Pini, 2006. VIOLANI, Marco A. F.; CÂNDIA, Mário C.; MELHADO, Sílvio B. Administração de materiais na construção civil. São Paulo, EPUSP-PCC, 1991. 27p. Seminário apresentado no curso de pós graduação da EPUSP. Datilografado. YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 57 ANEXO A - PLANTA DA OBRA USADA NO ESTUDO DE CASO 58 ANEXO B - PLANTA DA OBRA USADA NO ESTUDO DE CASO