UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA CÉSAR AUGUSTO RAIOL FÔRO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE, DECLÍNIO COGNITIVO E PLASTICIDADE ASTROGLIAL NO GIRO DENTEADO BELÉM 2011 CÉSAR AUGUSTO RAIOL FÔRO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE, DECLÍNIO COGNITIVO E PLASTICIDADE ASTROGLIAL NO GIRO DENTEADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Prof. Dr. Cristovam Wanderley Picanço Diniz BELÉM 2011 CÉSAR AUGUSTO RAIOL FÔRO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE, DECLÍNIO COGNITIVO E PLASTICIDADE ASTROGLIAL NO GIRO DENTEADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina, aprovado com o conceito 9,5 (EXCELENTE) Belém (PA), 14 de dezembro de 2011. Banca Examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. Cristovam Wanderley Picanço Diniz ICB – UFPA (orientador) ______________________________________ Profa. Dra. Márcia Kronka Cosentino Sóstenes (ICB - UFPA) ______________________________________ Prof. Msc. Carlos Santos Filho (ICB - UFPA) ______________________________________ M-sc. Daniel Guerreiro Diniz – suplente (ICB - UFPA) i “O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem - mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir.” Albert Einstein ii Agradecimento Agradeço a Deus pela condição que tive durante toda essa jornada e principalmente até ela. Agradeço grandemente a todos meus familiares, ao meu pai Expedito, minha mãe Geralda, a minha irmã Jéssica, ao meu irmão Felipe e ao meu primo Arisson e sua mãe Carmem e aos meus primos que amo muito, cujos sempre me deram todo apoio e segurança para as minhas buscas. A Ester, que foi como uma MÃE para mim. De coração, sou grato. Ao meu orientador professor doutor Cristovam Waderley Picanço Diniz, pela sua constante presença e cuidado em meu trabalho. Aos mestres, mestrandos e doutorandos: Daniel Guerreiro Diniz, ao Carlos Santos Filho, a Renata Rodrigues dos Reis, a Camila Lima, Nonata Trévis, a Lane Coelho, e ainda a tantos outros que juntamente a estes formam uma agradável “família de laboratório” que sempre me incentivaram durante os momentos difíceis que passei. E agradeço a todos que me formaram academicamente, passando suas experiências tão bem recebidas por mim. E aos demais que me ajudaram de forma qualquer durante a vida acadêmica. Muito grato! iii Sumário LISTA DE FIGURAS E TABELAS.......................................................................... LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................... RESUMO.................................................................................................................. ABSTRACT.............................................................................................................. 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1.1 ANATOMIA DO HIPOCAMPO.................................................................. 1.2 PLASTICIDADE CEREBRAL, ENVELHECIMENTO E AMBIENTE......... 1.3 ASTRÓCITOS HIPOCAMPAIS, PLASTICIDADE SINÁPTICA, ENVELHECIMENTO E DECLÍNIO COGNITIVO............................................. 2. OBJETIVOS......................................................................................................... 2.1 GERAL...................................................................................................... 2.2 ESPECÍFICOS.......................................................................................... 3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 3.1 ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS................................................. 3.2 PROCEDIMENTOS COMPORTAMENTAIS............................................. 3.3 PERFUSÃO E PROCEDIMENTOS HISTOLÓGICOS............................. 3.4 ANÁLISE ESTEREOLÓGICA............................................................. 3.5 ANÁLISE MORFOLÓGICA................................................................. 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................... 4. RESULTADOS..................................................................................................... 4.1 DESEMPENHO NOS TESTES DE MEMÓRIA EPISÓDICA E ESPACIAL....................................................................................................... 4.2 ESTTIMATIVA ESTEREOLÓGICA DE ASTRÓCITOS............................ 4.3 AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DOS ASTRÓCITOS ATRAVÉS DE RECONSTRUÇÃO TRI-DIMENSIONAL......................................................... 5. DISCUSSÃO......................................................................................................... 5.1 IDADE, AMBIENTE E MEMÓRIA ESPACIAL E EPISÓDICA.................. 5.2 ASTRÓCITOS DO GIRO DENTEADO, EMPOBRECIMENTO, ENVELHECIMENTO E DECLÍNIO COGNITIVO............................................. 5.3 LIMITAÇÕES TÉCNICAS NÃO ESTEREOLÓGICAS.............................. 5.4 HORMÔNIOS E ASTRÓCITOS DO GIRO DENTEADO.......................... 6. CONCLUSÃO....................................................................................................... REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..................................................................... ANEXO I: TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITER DE ÉTICA............................ ANEXO II: CAPÍTULO DE LIVRO COM STATUS ACEITO.................................... ANEXO III: ARTIGO PUBLICADO........................................................................... IV V VI VII 1 2 4 5 10 10 10 11 11 12 16 17 24 25 26 26 28 34 39 39 41 43 45 48 49 58 59 60 iv LISTA DE FIGURAS E TABELAS FIGURA 1 – Hipocampo e giro denteado...................................................................... FIGURA 2 – Ambiente enriquecido e ambiente empobrecido (padrão)........................ FIGURA 3 – Contexto e memória semelhante à episódica........................................... FIGURA 4 – Piscina do labirinto aquático de Morris..................................................... FIGURA 5 – Página do protocolo do programa utilizado para registrar os dados dos testes comportamentais................................................................................................ FIGURA 6 – Contorno da camada granular do giro denteado...................................... FIGURA 7 – Reconstrução tri-dimensional mostrada em ângulos de 30 em 30 graus. FIGURA 8 – Resultados dos testes integrados de reconhecimento de objeto............. FIGURA 9 – Representação gráfica do aprendizado no teste do labirinto aquático..... FIGURA 10 – Fotomicrografias de secções horizontais do giro denteado imunomarcadas para GFAP, para ilustrar os astrócitos (os objetos) e as regiões (camadas) de interesse................................................................................................. FIGURA 11 – Estimativas para o número de astrócitos para as camadas molecular e polimórfica...................................................................................................................... FIGURA 12 - Fotomicrografias de astrócitos da camada molecular do GD e reconstruções tridimensionais equivalentes representando o grupo AE jovem............ FIGURA 13 - Fotomicrografias de astrócitos da camada molecular do GD e reconstruções tridimensionais equivalentes representando o grupo AP jovem............ FIGURA 14 - Fotomicrografias de astrócitos da camada molecular do GD e reconstruções tridimensionais equivalentes representando o grupo AE velho............. FIGURA 15 - Fotomicrografias de astrócitos da camada molecular do GD e reconstruções tridimensionais equivalentes representando o grupo AP velho............. FIGURA 16 – Representação da reconstrução de astrócitos médios de cada grupo e seus respectivos dendrogramas.................................................................................... FIGURA 17 – Gráficos das análises demonstrando diferenças fenotípicas dos astrócitos da camada molecular do GD sob influência do envelhecimento.................. TABELA 1 - Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico na camada molecular............................................................... TABELA 2 - Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico na camada granular................................................................. TABELA 3 - Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico na camada polimórfica............................................................. TABELA 4 - Estimativa individual do número (N) de astrócitos com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada molecular do Giro Denteado....................... TABELA 5 - Estimativa individual do número (N) de astrócitos com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada granular do Giro Denteado......................... TABELA 6 - Estimativa individual do número (N) de astrócitos com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada polimórfica do Giro Denteado..................... 3 11 13 14 15 19 25 27 28 29 34 35 36 36 37 37 38 21 22 23 30 31 32 v LISTA DE ABREVIATURAS ABC: AVIDINA-BIOTINA-PEROXIDASE AE: AMBIENTE ENRIQUECIDO AEE: ADULTOS ENVELHECIDOS DO AMBIENTE ENRIQUECIDO AEP: ADULTOS ENVELHECIDOS DO AMBIENTE EMPOBRECIDO AMPA: ÁCIDO α-AMINO-3-HIDROXI-5-METIL-4-ISOXAZOL PROPIÔNICO ANOVA: ANÁLISE DE VARIÂNCIA AP: AMBIENTE EMPOBRECIDO (PADRÃO) ATP: TRIFOSFATO DE ADENOSINA JAE: JOVENS ADULTOS DO AMBIENTE ENRIQUECIDO JAP: JOVENS ADULTOS DO AMBIENTE EMPOBRECIDO CA: CORNO DE AMON CE: COEFICIENTE DE ERRO CV: COEFICIENTE DE VARIAÇÃO CVB: COEFICIENTE DE VARIAÇÃO BIOLÓGICA DP: DESVIO PADRÃO GD: GIRO DENTEADO GFAP: PROTEÍNA ÁCIDA FIBRILAR GLIAL NMDA: N-METIL-D-ASPARTATO pH: POTENCIAL HIDROGENIÔNICO PBS: SALINA TAMPONADA COM FOSFATO vi RESUMO A aquisição e recuperação de informações espaciais são tarefas hipocampodependentes, que podem ser prejudicadas por mudanças estruturais e funcionais induzidas pelo envelhecimento. As memórias semelhante à episódica e espacial são seletivamente interrompidas por lesões no fórnix, por lesões do hipocampo dorsal e ventral, pela ruptura da rede de CA3, ou por infusão no hipocampo de antagonistas dos receptores AMPA e NMDA. No presente trabalho pretendemos revisar a literatura disponível em modelos murinos em que o reconhecimento objeto foi avaliado e correlacionado com alterações astrocitárias no giro denteado. Nossos achados incluem avaliações comportamentais e a morfologia e distribuição laminar de astrócitos no giro dentado em camundongos idosos e jovens, alojados desde o desmame, em gaiolas padrão (ambiente pobre) ou enriquecidas. Dos resultados do presente trabalho aprendemos que as estimativas de número e a morfologia de astrócitos no giro denteado sofrem alterações que são dependentes da camada, induzidas tanto pelo envelhecimento quanto pelo ambiente, de forma que a condição empobrecida está associada com o desenvolvimento cognitivo anormal e distribuição laminar de astrócitos alterada. A análise quantitativa da distribuição laminar dos astrócitos no giro dentado revelou que a camada molecular desenvolveu astrocitose em resposta ao enriquecimento ambiental e ao envelhecimento, a camada polimórfica foi alterada apenas pelo envelhecimento e a camada granular não mudou o número de astrócitos. Especula-se que estas duas condições (envelhecimento e enriquecimento) podem induzir a proliferação de diferentes fenótipos morfológicos de astrócitos. Paradoxalmente, em comparação aos animais jovens, os camundongos velhos do ambiente enriquecido apresentaram um maior grau de retração em seus astrócitos do que animais de mesma idade do ambiente empobrecido. Tomados em conjunto, nossos resultados são consistentes com relatos anteriores mostrando que os ambientes empobrecido ou enriquecido poderiam impedir ou preservar, respectivamente, o desenvolvimento cognitivo normal. Sugerimos que a plasticidade astroglial possa representar, pelo menos parte das mudanças na circuitaria cerebral responsável por melhorias no desempenho comportamental tanto nos animais jovens quanto nos idosos. Palavras-chave: Ambiente, envelhecimento, memória semelhante à episódica, memória espacial, camundongo Suíço Albino, astrócitos, estereologia, morfometria. vii ABSTRACT Acquisition and retrieval of spatial information are hippocampal-dependent tasks that can be impaired by structural/functional changes induced by aging. Episodic-like and spatial memory are selectively disrupted by fornix lesions, by lesions of the dorsal and/or ventral hippocampus, by disruption of the CA3 network, or by hippocampal infusion of NMDA and AMPA receptor antagonists. In the present work we intend to review the available literature in murine models where object recognition was assessed and correlated with astrocyte changes in the hippocampal formation. We correlated behavioral assessments with morphology and laminar distribution of astrocytes in dentate gyrus in both aged and young mice housed from weaning, either in impoverished or enriched environments. From our previous and present results we have learned that in the dentate gyrus the number and morphology of astrocytes change with both aging and enriched environment in a layer-dependent fashion and the impoverished condition is associated with abnormal cognitive development and an altered laminar distribution of astrocytes. A quantitative analysis of the laminar distribution of the astrocytes in the dentate gyrus revealed that the molecular layer developed astrocytosis in response to both environmental enrichment and aging, the polymorphic layer was altered only by aging and granular layer did not change de number of astrocytes. Because aging and enriched environment induced astrocytosis in the molecular layer of the dentate gyrus, the main target of the entorhinal-to-dentate projection, we speculate that those two conditions may induce the proliferation of different astrocyte morphological phenotypes. Paradoxically, as compared with young subjects, aged mice from enriched environment showed a higher degree of astrocytes shrinkage than age-matched subjects from impoverished environment. Taken together, our results are consistent with previous reports showing that impoverished or enriched environments could prevent or preserve respectively, normal cognitive development. We suggest that astroglial plasticity may represent at least part of the brain circuitry groundwork for improvements in behavioral performance in both young and aged mice. Key words: Environment, aging, episodic-like memory, spatial learning and memory, Albino Swiss mice, astrocytes, stereology, morphometry. 1 1. INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo combinado de vários fatores onde as idades biológicas dos diferentes tecidos variam amplamente no mesmo indivíduo (Wick G., 2000). Embora ainda se desconheça muito da neurobiologia do envelhecimento e dos mecanismos que comprometem o desempenho cognitivo nesse período da vida, pesquisa recente baseada nas diferenças individuais está ajudando a distinguir os limites entre o normal e patológico (Hedden et al., 2004). Por outro lado, independentemente da idade, a estimulação ambiental provoca profundas mudanças comportamentais, neuroanatômicas e neuroquímicas na maioria das espécies animais (van Praag et al., 2000; Mohammed et al., 2002). A riqueza de estímulos disponíveis no ambiente, incluindo brinquedos que favorecem a atividade física e a interação social, promove mudanças biológicas e comportamentais em pequenos roedores que crescem nesses ambientes, que são benéficas e que parecem proteger dos déficits no aprendizado relacionados à idade (Gardner et al., 1975; Sanchez et al., 2001; Williams et al., 2001). Esses dados sugerem que a estimulação sensoriomotora e social contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional adequados (Spangler et al., 1994; Winocur, 1998; van der Staay, 2002). Em roedores de um modo geral, há um conjunto de dados interessantes que apóiam a hipótese de que o exercício pode melhorar aspectos cognitivos e desempenho discriminativo em testes de aprendizado e memória espacial, tempo de resposta de fuga, assim como, contribui para redução do declínio da atividade física espontânea observada durante o envelhecimento desses animais (Spirduso et al., 1981; Fordyce et al., 1991; Fordyce et al., 1993; Ingram et al., 1994; Skalicky et al., 1996). Outra face do problema ainda não completamente explorada é a investigação das alterações sensoriais e motoras primárias. Em 2002, Godde e colaboradores revisaram um conjunto de trabalhos interessantes utilizando registro eletrofisiológico e registro óptico no sistema somatossensorial que consolidam a hipótese de que fenômenos neurodegenerativos e regenerativos podem coexistir durante o envelhecimento e que o processo regenerativo depende fundamentalmente de um ambiente rico em estímulos relacionados ao déficit sensorial já instalado (Godde et al., 2002). Por extensão levantaram a hipótese de 2 que os déficits cognitivos possam igualmente ser causados pelas alterações nas áreas sensoriais primárias e que o déficit sensorial não degenerativo pode ser corrigido, contribuindo para evitar o agravamento do déficit cognitivo a ele relacionado. Mais especificamente os autores se referem aos déficits regionais identificados nos mapas sensoriais, tais como propriedades de campo receptor, intensidade das respostas, reorganização de mapas topográficos, etc., que são afetados pela redução dos inputs sensoriais decorrentes do desuso na idade avançada. Consistente com isso é o fato de que as perdas somatomotoras em ratos idosos (Rattus norvegicus albinus) se instalam de forma dramática na região de representação das patas posteriores, sendo preservada a região de representação das patas anteriores que desenvolvem um padrão de atividade motora mais intensa e diversificada ao longo da vida (Godde et al. 2002). Tendo em vista que as alterações cognitivas associadas ao envelhecimento e à inatividade física envolvem o hipocampo e o giro denteado, regiões de interesse do presente trabalho, é útil rever sua anatomia regional. 1.1 ANATOMIA DO HIPOCAMPO E DO GIRO DENTEADO O hipocampo e o córtex entorrinal, são estruturas cerebrais chave nos processos cognitivos envolvendo memória de objeto, espaço e tempo. O hipocampo é dividido em Corno de Amon (CA) 1, 2, 3 e 4 e região superior e inferior (Brown et al., 1990 ) ou região septal (dorsal) e região temporal (ventral) (Blackstad, 1956; van Groen et al., 2003). CA1 e CA3 formam o hipocampo propriamente dito, e como CA2 é pequeno e indistinto em algumas espécies ele é freqüentemente incluído em CA1 nas análises (Amaral et al., 2007). O giro denteado (GD), o subiculum, o Córtex Entorrinal (CE) e CA4 são incluídos no termo “formação hipocampal”, e a área entre o GD e o stratum granulosum de CA3 é chamada de Polimórfica ou região hilar ou simplesmente hilus (Brown et al., 1990; Amaral et al., 2007). O hipocampo apresenta fundamentalmente três camadas, a camada polimórfica (stratum oriens), camada piramidal (stratum pyramidale) e camada molecular (stratum radiatum e stratum lacunosum-moleculare). O GD consiste em camada polimórfica (hilus), camada granular (stratum granulosum) e a camada molecular (stratum moleculare) que é continua com o hipocampo (Brown et al., 1990 ). Figura 1. 3 Os principais neurônios do hipocampo são os neurônios piramidais de CA1, CA2 e CA3 e do GD são as células granulares. As conexões sinápticas no hipocampo são geralmente axodendríticas e axosomáticas e os principais neurotransmissores são, GABA, norepinefrina e aceltilcolina (Brown et al., 1990 ; Amaral et al., 2007). As aferências mais densas do hipocampo provêm do córtex entorrinal e a propagação da informação entorrinal aferente no interior do hipocampo se dá através de uma seqüência de sinapses excitatórias que de uma forma simplificada é referida como circuito trisináptico. A primeira sinapse desse circuito se dá na camada molecular, entre as fibras do córtex entorrinal, que constituem a via perfurante, e as células granulares do giro denteado. A segunda ocorre no stratum lúcido e no radiatum entre os axônios das células granulares do giro denteado (fibras musgosas) e os neurônios piramidais de CA3, de onde partem os axônios (colaterais de Shafferd) para formar a terceira sinapse com as células piramidais de CA1 (Amaral et al., 2007). Figura 1 - Circuito tri-sináptico simplificado do hipocampo. CA1, CA2, CA3, CA4, Corno de Amon 1, 2 , 3 e 4. O giro denteado recebe as projeções do córtex entorrinal através da via perfurante (1º sinapse) e projeta através dos axônios das células granulares para CA3 (2º sinapse). Este último projeta para CA1 (3º sinapse) através dos axônios das células piramidais. Fonte: www.unileipzig.de/.../graphic_hippo_farbig.html 4 1.2 PLASTICIDADE CEREBRAL, ENVELHECIMENTO E AMBIENTE Embora os estudos de plasticidade associados aos efeitos ambientais demonstrem uma morfologia neuronal alterada, foi igualmente descrito que intensas mudanças morfológicas também acontecem em células gliais (Sirevaag et al., 1987; Komitova et al., 2002). Os astrócitos são as células gliais mais numerosas do hipocampo de camundongos e a eles tem se associado a uma variedade de papéis funcionais contribuindo para a formação, adaptação, e operação dos circuitos neurais. Em uma única frase, os astrócitos permitem que os neurônios funcionem fornecendo energia e substratos para a neurotransmissão contribuindo diretamente para a formação e modulação das sinapses através de mecanismo bidirecional de comunicação com os neurônios (Allen et al., 2009). Além disso, contribuem para o controle do fluxo sanguíneo cerebral, para constituição da barreira hematoencefálica e para a resposta imune aos agentes agressores (Wang et al., 2008). Durante o envelhecimento, entretanto os astrócitos sofrem mudanças e vários estudos revelaram aumento do número deles e da microglia (Pilegaard et al., 1996; Long et al., 1998; Mouton et al., 2002). Estudos integrados envolvendo envelhecimento, ambiente e mudanças gliais tornaram-se mais freqüentes porque os astrócitos são implicados em vários processos de regulação hipocampal local que afetam aprendizagem e memória (Junjaud et al., 2006; Magistretti 2006; Mothet et al., 2006; Todd et al., 2006; Perea et al., 2007). Por exemplo, no hipocampo de ratos envelhecidos que cresceram em ambiente enriquecido foi previamente descrito que, na fase de envelhecimento, os astrócitos hipocampais eram menores em tamanho e em número quando comparados aos dos animais que cresceram em ambiente padrão (Soffie et al., 1999). Por outro, lado os astrócitos de CA1 do camundongo adulto alojado em gaiolas enriquecidas apresentaram-se em número, semelhante aos de animais alojados em gaiola padrão com a diferença de que os astrócitos do ambiente enriquecido apresentaram-se com ramificações mais numerosas e longas (Viola et al., 2009). Entretanto, outros autores não encontraram correlações de longo prazo entre plasticidade astrocitária e ambiente sugerindo a hipótese de que os astrócitos podem exibir respostas transitórias associadas à história de stress de cada rato, em vez de respostas adaptativas de longo prazo como conseqüência dos ambientes complexos das gaiolas enriquecidas (Sirevaag et al., 1991). Aqueles e outros 5 estudos e.g. (Chadashvili et al., 2006), entretanto, demonstram a presença irrefutável de plasticidade não-neuronal associada ao ambiente e ao envelhecimento que permanece por ser investigada em detalhe (Markham et al., 2004). 1.3 ASTRÓCITOS HIPOCAMPAIS, PLASTICIDADE SINÁPTICA, ENVELHECIMENTO E DECLÍNIO COGNITIVO Astrócitos são células gliais especializadas, presentes em todo o SNC, exercendo várias funções essenciais complexas no SNC saudável. No SNC lesionado, atuam através de resposta conhecida como astrogliose reativa, patognomônica em lesões estruturais (Sofroniew & Vinters, 2010). Os astrócitos podem ser divididos em dois subgrupos: astrócitos protoplasmáticos e fibrosos. Os astrócitos protoplasmáticos estão presentes em toda a substância cinzenta, possuem vários ramos proximais, que originam muitos processos ramificados distribuídos uniformemente em forma globóide. O tipo fibroso é encontrado na substância branca e possui muitos processos longos com aparência de fibra. Ambos os tipos contatam vasos sanguíneos e formam junções em fenda (do inglês gap junctions) entre processos distais de astrócitos vizinhos. Enquanto os prolongamentos do subtipo protoplasmático envolvem sinapses, os do tipo fibroso contatam nodos de Ranvier (Sofroniew & Vinters, 2010). Uma das funções astrocitárias conhecidas há mais tempo é o suprimento de substratos de energia para neurônios; para isso, os astrócitos ocupam posições estratégicas entre os neurônios e capilares sanguíneos, tendo papel fundamental na relação entre atividade neuronal e consumo cerebral de glicose (Magistretti, 2006). Atuam no fornecimento de substratos metabólicos para neurônios glutamatérgicos quando a atividade neuronal indica aumento na demanda energética; tal mecanismo envolve a recaptação de glutamato acoplado ao Na+ pelos astrócitos, ativação da ATPase Na+/K+, com consequente captação de glicose do sangue e glicólise, resultando na liberação astrocitária de lactato, suprindo a demanda energética neuronal (Magistretti, 2006). Na década passada houve uma explosão nos programas de investigação dedicados à compreensão do papel das interações neuroastrocitárias no controle da função cerebral. Mais especificamente, reconheceu-se um novo elemento nas sinapses que passou a ser referida como estrutura sináptica tripartite consistindo dos 6 elementos pré e pós-sinápticos associados aos processos astrocíticos. Reconheceuse de forma definitiva que os astrócitos respondiam à atividade neural ativando receptores metabotrópicos liberando gliotransmissores, como o trifosfato de adenosina (ATP), D-serina e glutamato, que por sua vez agem sobre os neurônios (Halassa & Haydon, 2010). Mais recentemente emergiu o conceito de redes astrogliais para comunicação a longa distância associando os astrócitos à redes de conexão organizadas que permitem a troca de informações reguladas por sinais intra e extracelulares, através de canais que atravessam junções em fenda (do inglês “gap junctions”). Essa comunicação a longa distância entre células da glia modulando a atividade sináptica neuronal e contribuindo diretamente para a plasticidade sináptica adicionou nova dimensão de complexidade a análise das funções cerebrais (Giaume et al., 2010). Como referido anteriormente, os astrócitos participam do controle da excitabilidade neuronal e transmissão sináptica através da liberação de moléculas neuroativas, como glutamato, a D-serina e o ATP (Halassa et al., 2007; Lee & Haydon, 2007). Além disso, realizam recaptação do glutamato, regulando os níveis do neurotransmissor (Lee & Haydon, 2007). Além disso, os astrócitos também secretam fatores solúveis como trombospondinas e colesterol, que influenciam a formação das espinhas dendríticas e maturação sináptica (Ullian, Christopherson & Barres, 2004, Christopherson et al., 2005). Importante lembrar do ponto de vista quantitativo que no hipocampo, mais de 50% das sinapses excitatórias são associadas, em graus variados, com processos astrocitários; um único astrócito pode estar relacionado a aproximadamente 100.000 contatos sinápticos, sugerindo sua participação na dinâmica das sinapses e das redes neuronais (Ventura & Harris, 1999, Bushong et al., 2002). Em 1991 se descreveu pela primeira vez a influência da potenciação de longo prazo induzida por estimulação repetida e de alta frequência da via perfurante sobre a distribuição espacial dos processos astrocíticos na neurópila da camada molecular do giro denteado que continha as sinapses potenciadas. Foram encontradas mudanças significativas na ramificação dos processos astrocíticos tanto quanto na sua relação topográfica com os complexos sinápticos (Wenzel et al., 1991). Mais recentemente demonstrou-se a presença em astrócitos da camada molecular do giro denteado de potencial de longa duração semelhante à potenciação de longo prazo neuronal, sucedendo à estimulação de alta freqüência da via 7 perfurante (Zhang & Chen, 2009) confirmando-se que esse processo era dependente da exocitose de glutamato (Jourdain et al., 2007). Em uma única frase, os astrócitos permitem que os neurônios funcionem fornecendo energia e substratos para a neurotransmissão contribuindo diretamente para a formação e modulação das sinapses através de mecanismo bidirecional de comunicação com os neurônios (Allen & Barres, 2009). Conversamente os astrócitos parecem se alterar com o envelhecimento em forma, número, distribuição laminar (Diniz, 2010, Almeida et al., 2011, Diniz et al., 2011) e perfil imunológico (Godbbout & Johnson, 2009, Jinno, 2011, Salminen et al., 2011) e essas alterações parecem estar relacionadas com o declínio cognitivo associado à neuroinflamação que acompanha a senescência (Albayram et al., 2011). Qualquer que seja a idade, animais da mesma variedade genética exibem disfunções cognitivas hipocampais semelhantes depois de viverem em ambientes empobrecidos, apresentando déficits de aprendizado e memória espacial (Teather et al., 2002; Teather et al., 2005; 2006; Iso et al., 2007). Entretanto, estudos recentes em camundongos de mesma variedade demonstraram que mecanismos moleculares associados ao declínio cognitivo durante o envelhecimento envolvem processos fisiológicos que não são replicados completamente em camundongos jovens (Han et al., 2006; Ju et al., 2006; Murphy et al., 2006; Droge et al., 2007). Esse conjunto de dados aponta para a ocorrência de muitas questões abertas associando ambiente, envelhecimento e outros fatores que impactam funções cognitivas, com distintos processos celulares e moleculares em variedades e idades diferentes de camundongos. Em um trabalho prévio foi demonstrado que diferentes modalidades de exercício melhoraram a memória espacial em animais jovens de dois meses de idade, que cresceram isoladamente em gaiolas padrão (Torres et al., 2006). No presente trabalho, nós examinamos se camundongos adultos jovens (nove meses de idade) e velhos (23 meses de idade) que cresceram em grandes grupos em ambientes enriquecidos ou empobrecidos são capazes de recordar-se de objetos apresentados em determinado contexto espaço-temporal. Escolhemos o paradigma de reconhecimento de objetos baseado na tendência natural de roedores de explorar objetos novos (Dix et al., 1999; Dere et al., 2005; Dere et al., 2006). Esses testes seguem o modelo de teste integrado de memória episódica (Dere et al., 2007). 8 Embora em trabalhos anteriores a função cognitiva tenha sido avaliada com testes de memória em animais envelhecidos e jovens que cresceram em ambientes empobrecidos ou enriquecidos, a memória episódica nunca (memória integrada para objeto, lugar e contexto) foi analisada antes em camundongos jovens e envelhecidos que cresceram em ambientes enriquecidos. Com o intuito de comparar o componente espacial do teste de memória episódica com outro teste largamente utilizado na avaliação de déficits cognitivos espaciais tanto em animais jovens quanto envelhecidos, avaliamos igualmente as possíveis mudanças na memória espacial de outro grupo de camundongos velhos e jovens de mesma idade dos utilizados nos testes de memória episódica, com um procedimento de aprendizagem de longo prazo utilizando o teste do labirinto aquático (Morris, 1984). Tendo em conta de que já havia sido descrita a participação dos astrócitos na potenciação de longo prazo na via perfurante (Allen & Barres, 2009, Ben Menachem-Zidon et al., 2011) investigamos em trabalho prévio, possíveis relações entre o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e mudanças na distribuição laminar (Diniz et al., 2010) e na morfologia (Diniz et al., 2011) dos astrócitos do giro denteado. Para isso, comparamos animais que foram mantidos em diferentes ambientes (enriquecido ou empobrecido) desde o 21º dia pós-natal até o sacrifício. No presente trabalho de conclusão de curso reunimos os nossos resultados prévios de modo a permitir uma análise conjunta do esforço empreendido. Nesses trabalhos escolhemos a proteína ácida fibrilar (GFAP) como um marcador de astrócitos, em detrimento da proteína glutamina sintetase ou S100 beta porque a GFAP parece ser mais sensível e mais específica quando relacionado aos déficits de aprendizagem e memória (Wu, Zhang & Yew, 2005). Para quantificar o número de astrócitos utilizamos o fracionador óptico, um método estereológico sem viés baseado em amostragem aleatória e sistemática dos objetos de interesse nas áreas de interesse. Nossa escolha pelo fracionador óptico se deu porque é o que tem sido usado com mais frequência, combinando as propriedades da sonda tri-dimensional para contagem dos elementos de interesse (o dissector óptico) com o sistema de amostragem sistemática e aleatória (o fracionador) removendo a necessidade de pressuposições acerca dos objetos de interesse (West, Slomianka & Gundersen, 1991). A combinação do dissector óptico com o fracionador de amostras, conhecida na literatura como Fracionador Óptico 9 (West, Slomianka & Gundersen, 1991), tem numerosas vantagens práticas; sendo a principal, o fato de não ser afetado pela retração do tecido e não requerer definições rigorosas de fronteiras estruturais que podem ser feitas em objetivas de baixo aumento. O fracionador óptico envolve a contagem de objetos, utilizando sondas de dissectores ópticos, em uma amostra sistemática uniforme que constitui uma fração conhecida do volume da região em análise. Na prática, isso é feito através de amostragem sistemática de uma fração conhecida da espessura da secção, “TSF” (iniciais de “thickness sample fraction”), da área seccional “ASF” (iniciais de “area sample fraction”) e do número de secções que incluem a região de interesse, “SSF” (iniciais de “section sample fraction”) (West, Slomianka & Gundersen, 1991). Essa escolha é feita para contornar a impossibilidade de contar todas as células dentro da região de interesse e obter estimativas próximas dos valores reais. Para isso, é necessário a utilização de coleta sistemática e aleatória de dados, incluindo a terceira dimensão (Schmitz & Hof, 2005). Além dos estudos estereológicos, reunimos no presente trabalho os efeitos do envelhecimento sobre o possível declínio cognitivo associado ao envelhecimento e ao empobrecimento documentado seus efeitos através de testes de memória de reconhecimento de objeto nos quais a integridade da formação hipocampal é essencial para o bom desempenho. O pressuposto é de que a formação hipocampal dos animais com desempenho comprometido estaria alterada enquanto que a dos animais cognitivamente íntegros, não. Escolhemos o paradigma de reconhecimento de objetos baseado na tendência natural de roedores de explorar objetos novos (Dix & Aggleton, 1999, Dere, Huston & De Souza Silva, 2005b, a, Dere et al., 2006). Esses testes seguiram o integrado de memória semelhante à episódica descrito anteriormente (Dere, Huston & De Souza Silva, 2007). As tarefas selecionadas envolvem o reconhecimento da forma, localização espacial e momento em que objetos selecionados são apresentados aos animais comparando-se o desempenho de animais jovens e idosos de diferentes ambientes. Essas tarefas representam respostas a três perguntas acerca dos objetos selecionados (o quê? onde? e quando?) as quais do ponto de vista experimental são medidas de forma indireta computando-se o tempo dedicado por cada animal à exploração de cada objeto em valores percentuais do tempo total de exploração. 10 2. OBJETIVOS Uns poucos trabalhos anteriores utilizaram camundongos Suíços albinos (variedade de interesse para o presente trabalho) como modelo experimental para estudos de envelhecimento cerebral e.g. (Enesco et al., 1986; Valzelli et al., 1987; Sturrock 1989; Alper et al., 1999; Chintala et al., 2009). Nenhum deles, entretanto dedicou-se a investigar os efeitos do ambiente e do envelhecimento sobre a plasticidade glial. Como o camundongo albino Suíço é utilizado como modelo para instalação da doença neurodegenerativa crônica produzida pelo agente príon ME7 em nosso laboratório, em animais que envelhecem praticando exercícios em ambientes enriquecidos, é importante reunir em um único manuscrito as alterações cognitivas e neuropatológicas associadas ao envelhecimento e ao empobrecimento ambiental nesse modelo, sendo esse o objetivo geral do presente trabalho 2.1 GERAL Investigar o impacto do ambiente empobrecido e do envelhecimento sobre a memória de objeto avaliada num contexto espaço-temporal e sobre a plasticidade astroglial no giro denteado do camundongo Suíço albino. 2.2 ESPECÍFICOS Em fêmeas de nove ou 23 meses de idade da variedade Suíça albina investigar o impacto do ambiente empobrecido e do envelhecimento: 1) sobre a memória de objeto em teste para a memória semelhante à episódica e para o aprendizado e a memória espacial no labirinto aquático de Morris. 2) sobre o número e a distribuição laminar e regional dos astrócitos do giro denteado. 3) sobre a morfologia de astrócitos na camada molecular do giro denteado. 11 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS Foram utilizados 40 camundongos albinos Suíços fêmeas, de nove (jovens) e de 23 meses (velhos) de idade, que cresceram em ambiente enriquecido (AE, n=20) ou em ambiente empobrecido (padrão) (AP, n=20) a partir dos dois meses de idade (Figura 2). Após se completarem dois meses de vida quatro grupos experimentais foram formados: jovens adultos que cresceram em ambiente enriquecido (JAE n=10), jovens adultos que cresceram em ambientes empobrecidos (JAP, n=10), adultos envelhecidos que cresceram em ambientes enriquecidos (AEE, n=10), e adultos envelhecidos que cresceram em ambientes empobrecidos (AEP, n=10). A rigor um camundongo de nove meses já é um adulto maduro enquanto que um animal de 23 se aproxima do final da vida tendo em conta que a duração média da vida é de 24 meses nessa espécie. As condições enriquecidas correspondem às gaiolas (100x50x100cm) com dois andares, equipadas com cordas, pontes de madeira, túneis, rodas de correr e brinquedos feitos de plásticos, madeira e metal com diferentes formas e cores, que eram trocados semanalmente. Água e comida foram oferecidas no primeiro e segundo andar respectivamente, obrigando os camundongos a se deslocarem na gaiola para obter comida e água. Gaiolas de plástico do ambiente empobrecido (32x39x100cm) não continham equipamentos ou brinquedos. Todos os indivíduos tinham livre acesso à comida e água e 12 horas de ciclo claro e escuro. Os testes ocorreram durante o ciclo claro. Figura 2 – Imagem lado esquerdo: Ambiente enriquecido; Imagem lado direito: Ambiente empobrecido (padrão). 12 3.2 PROCEDIMENTOS COMPORTAMENTAIS A análise de aprendizagem mais comumente empregada não usa métodos dinâmicos e requer muitas tentativas com muitos animais para avaliar diferenças de aprendizado significantes. Além disso, não há consenso acerca de como melhor identificar quando o aprendizado ocorreu (Smith et al., 2000). No presente trabalho, nós utilizamos testes com uma única tentativa para avaliar o reconhecimento dos objetos através do teste de memória semelhante à episódica que exige a integração de informações acerca da forma, espaço e momento em que um determinado grupo de objetos foi apresentado ao camundongo (Dere et al., 2005a), e o teste de labirinto aquático de Morris para avaliar aprendizagem e memória espacial (Morris, 1984). O aparato para o teste de reconhecimento de objeto consiste de um ensaio em uma caixa aberta (30x30x40cm) feita de madeira pintada de branco. O chão é pintado com linhas para formar nove quadrados (10x10cm) e a luminância medida no centro da arena foi constante e igual a 2,4 cd/m2. Detalhes do protocolo e a razão da escolha desse teste podem ser encontrados em publicações prévias (Dere et al., 2005a, 2005b). Os ensaios comportamentais, do presente trabalho, foram feitos em treze dias, sendo sete dias para manuseio, três dias para habituação ao campo aberto, dois dias para habituação aos objetos e um dia para o teste propriamente dito. Manuseio: o manuseio foi feito em cada um dos sete dias com o camundongo sendo colocado no centro da arena por um minuto após o que era removido da gaiola. Habituação ao campo aberto: cada dia o camundongo era colocado na arena, livre de objetos, por cinco minutos para explorar o campo aberto. Habituação ao objeto: cada dia o camundongo era exposto a quatro objetos idênticos colocados nos cantos da arena por cinco minutos, três vezes, com 50 minutos de intervalo de cada vez. Estes objetos não foram usados nos dias de teste. Para minimizar a influência de preferências naturais por objetos particulares ou por materiais, foram utilizados objetos sempre do mesmo material e formas diferentes que podem ser discriminadas facilmente, mas com possibilidades semelhantes de interação (Dere et al., 2005a). Todos os objetos eram de plástico, com formas, altura e cores diferentes. Antes de cada camundongo entrar na arena, a caixa e os objetos eram limpos com solução de etanol a 75% para minimizar a 13 distinção olfativa dos camundongos. Os diagramas ilustrando os testes podem ser visualizados na Figura 3. O teste de reconhecimento de objetos consistiu de três tentativas: duas sessões de exposição aos objetos, de cinco minutos de duração com intervalos de 50 minutos entre elas e uma sessão de teste. Na primeira sessão, quatro objetos idênticos foram apresentados. Na segunda sessão, mais quatro objetos idênticos, mas diferentes dos da primeira sessão foram apresentados. Na sessão de teste, dois objetos da primeira sessão (objetos “antigos”) e dois objetos da segunda sessão (objetos “recentes”) foram apresentados. Além disso, um objeto da primeira sessão foi deslocado para uma nova posição (objetos “deslocados”), porém os objetos da segunda sessão permaneceram nos lugares originais (objetos “estacionários”) no teste propriamente dito. Era esperado que os camundongos explorassem por mais tempo os objetos da primeira sessão (objetos “antigos”) do que os da segunda sessão (objetos “recentes”) com maior preferência pelos objetos “antigos” e “deslocados”, seguida da preferência por objetos “antigos” e “estacionários” e finalmente por objetos idênticos “recentes”. Figura 3 - Diagrama do experimento utilizado para o reconhecimento de objeto para testes integrados de memória semelhante à episódica (O quê? Onde? e Quando?) Figura baseada em (Dere, Huston, & De Souza Silva, 2007). 14 Teste do labirinto aquático: A piscina e plataforma do Labirinto Aquático de Morris foram adaptadas em suas dimensões para o camundongo (94 cm de largura e 14 cm de altura). A plataforma permanecia escondida a 1 cm da superfície da água. A piscina continha água tingida com anilina escura líquida comestível, para evitar a visualização da plataforma. A temperatura da água era mantida constante em torno de 22±2 °C. Em cada tentativa, os animais tinham um minuto e meio para encontrar a plataforma escondida. Entre cada tentativa havia um intervalo de 90 s. A tarefa era considerada completa quando os animais encontravam a plataforma e permaneciam na mesma durante 5 segundos. O primeiro dia de treinamento era dedicado à adaptação do camundongo ao labirinto aquático e nos dias subseqüentes até o quinto dia, era registrada a latência de fuga, a distância percorrida e a velocidade de natação para cada camundongo. O teste durou de 7 a 10 dias dependendo do grupo experimental. A Figura 4 ilustra um camundongo durante o teste do labirinto aquático. Figura 4 – Piscina do labirinto aquático de Morris. Todos os testes foram registrados através de vídeos com uma câmera de captura de imagens, os vídeos foram analisados utilizando um programa de computador (Figura 5) que registrava o tempo de interação com os objetos (do teste da memória episódica) e os desempenhos dos animais no labirinto aquático (ANYMAZE Tracking system, Stöelting). A análise de dados foi realizada a partir das gravações. A contagem do tempo de interação e o número de interações com os objetos foram iniciados toda vez que o camundongo se aproximava do objeto e posicionava a cabeça a uma distância de no máximo 3 cm do objeto de interesse. 15 Essa definição requer que os objetos permanecessem fixos no chão do aparato, e para isso escolhemos objetos pesados que satisfizessem essa condição. O desempenho foi definido através dos valores percentuais em função do tempo total gasto com a exploração dos objetos. A taxa de aprendizado para o labirinto aquático foi avaliada medindo as latências de fuga (L) do primeiro e quinto dias, seguindo a equação: C=(L1L5)/(L1+L5), onde L1 e L5 são as latências de fuga medidas respectivamente no 1° e 5° dia e C o índice de contraste. O índice de contr aste foi utilizado para normalizar a curva de aprendizagem de todos os indivíduos (Torres et al., 2006). Figura5 – Página do protocolo do programa utilizado para registrar os dados dos testes comportamentais (ANYMAZE tracking system, Stöelting). 16 3.3 PERFUSÃO E PROCEDIMENTOS HISTOLÓGICOS Ao fim dos testes comportamentais, todos os indivíduos do grupo jovem (com nove meses de vida) e do grupo velho (com 23 meses) foram pesados e sacrificados com overdose de cetamina (100 mg/Kg) e xilazina (10 mg/Kg) (Konig Laboratories). Em seguida foram imediatamente perfundidos por via transcardíarca com solução salina 0,9% heparinizada por 10 minutos, seguido de paraformaldeido a 4 % em tampão fosfato, (pH 7,2-7,4) por 30 minutos. A craniotomia era feita em seguida para a retirada do encéfalo e seccionamento em vibrátomo a 70 µm de espessura, sendo os cortes coletados serialmente. Uma em cada cinco secções era utilizada para imunomarcação para proteína ácida fibrilar glial (GFAP). As secções foram então lavadas em tampão fosfato 0,1 M pH 7,2-7,4, e incubadas durante uma hora em ácido bórico 0,2 M pH 9,0 aquecido entre 65-70°. Após três lavagens de cinco minutos em PBST (5 %) incubávamos as secções em solução a 1 % de peróxido de hidrogênio em metanol durante 10 minutos, a seguir eram lavadas em tampão fosfato salina (PBS) 0,1 M, pH 7,2-7,4, duas vezes por dois minutos. As secções eram então bloqueadas com imunoglobulina por uma hora, de acordo com as instruções de Mouse-on-Mouse Immunodetection kit (M.O.M kit, Vector Laboratories, USA), seguida de três lavagens em PBS, durante dois minutos cada. Em seguida, eram incubadas em concentrado de proteína (M.O.M kit) por cinco minutos e imersas na solução contendo o anticorpo primário (mouse anti-GFAP monoclonal antibody MAB360, CHEMICON int, USA), numa diluição 1:800 em solução de proteína concentrada (M.O.M kit), a 4 °C, durante 3 dias, com agitação contínua suave. As secções foram então lavadas três vezes em PBS durante dois minutos cada, e incubadas durante a noite na solução contendo o anticorpo secundário biotinilado de cavalo anti-camundongo (secondary antibody M.O.M kit) diluída 1:100 em PBS. Depois de serem lavadas três vezes em PBS durante dois minutos cada, foram transferidas para a solução com o complexo avidina-biotinaperoxidase (ABC, Vector Laboratories, USA, 1:200) por 1 h e 30 minutos, lavadas novamente três vezes em PBS 0,1 M, dois minutos cada e processadas para a histoquímica de peroxidase com o método que utiliza a glicose oxidase e DAB-nickel (Shu, Ju and Fan, 1988). A reação era interrompida depois que os astrócitos eram detectados ao microscópio. As secções foram lavadas quatro vezes a seguir, durante cinco minutos 17 cada, em PBS 0,1 M pH 7,2-7,4, e em seguida montadas em lâminas gelatinizadas e desidratadas por uma bateria à álcool e xileno e seladas com lamínula e meio de inclusão (Entelan Merck®). 3.4 ANÁLISE ESTEREOLÓGICA Em todas as secções histológicas analisadas foi realizada a delimitação das camadas de interesse com uma objetiva de pequeno aumento, 4× em um microscópio óptico (NIKON, Eclipse 80i) (Nikon, Japan) equipado com uma platina motorizada (MAC200, Ludl Electronic Products, Hawthorne, NY, USA). Esse sistema era acoplado a microprocessador que controlava os movimentos da platina com auxílio de programa especializado (Stereoinvestigator, MicroBrightField, Williston, VT, USA) e que estocava as coordenadas dos pontos de interesse. O computador era igualmente usado para armazenar e analisar as coordenadas dos eixos x, y, e z de pontos digitalizados. Utilizamos para as contagens microscopia de campo claro com objetiva PLANFLUOR, 100X (NA 1,3; DF = 0,2 µm; Nikon, Japan), com vídeo-câmera (Microfire, Optronics), que permitiu o registro e transporte dos arquivos de imagem para o microcomputador onde softwares residentes realizaram o processamento. O programa estimou o número total de células baseado na probabilidade amostral obtida através de contagens aleatórias e sistemáticas previamente mencionadas. O procedimento de contagem foi iniciado com a geração automática de caixas de contagem virtuais pelo programa Stereo Investigator em cada um dos pontos da matriz de contagem que representam intersecções da sonda estereológica com o plano onde estava situada a fatia. Para isso, o experimentador alimenta o programa definindo as dimensões da caixa, da matriz de contagem e da fração amostral de secções. A escolha dessas dimensões e da fração amostral foi feita em ensaio preliminar (por tentativa e erro) até que o coeficiente de erro de uma fatia individual fosse adequado para obter resultados médios para o conjunto de secções e tivesse um baixo coeficiente de erro (<0,05). Em cada caixa de contagem foram marcados os objetos de interesse (astrócitos), esses objetos marcados em cada caixa geraram informações para o programa acerca do número e da posição dos elementos contidos em cada caixa. A partir dessas informações colhidas sistematicamente na fração de secções eleitas 18 para contagem, o programa estimou o número esperado de objetos de interesse na estrutura inteira. Em cada local de contagem, a espessura da secção foi cuidadosamente avaliada com a objetiva de grande aumento e o foco fino do microscópio foi usado para definir a posição no eixo z de cada célula marcada. Devido à variação de espessura e da distribuição de células em cada secção, o número total de objetos de interesse foi contado em todas as camadas celulares que entraram em foco em cada local de contagem, portanto a estimativa do número de células foi ponderada tomando em consideração a espessura do corte em cada local. Foram contados todos os objetos que entraram em foco dentro da caixa de contagem e adicionados ao número total de objetos marcados, desde que se encontrassem inteiramente dentro da sonda estereológica de contagem ou cruzando o plano permitido, sem tocar o plano proibido (Gundersen & Jensen, 1987). Neste protocolo, cuidado especial foi tomado para evitar contagens repetidas do mesmo objeto nos diferentes planos de foco. Para isso repetiu-se o procedimento de focalização várias vezes, avançando e recuando nos diferentes planos ao longo do eixo Z em cada caixa, particularmente quando co-existiam muitos elementos na mesma caixa. O programa se encarrega de distribuir cada caixa de contagem de forma aleatória e sistematicamente, dentro de uma grade definida pelo experimentador. As grades de contagem foram adaptadas para atingirem um coeficiente de erro aceitável (CE). Para isso foi adotado o coeficiente de Scheaffer previamente utilizado e validado por outros autores (Glaser & Wilson, 1998). A estimativa do número de astrócitos foi feita através da distribuição sistemática e aleatória de blocos de contagem, dentro de uma série de secções que continham a região de interesse, como é possível visualizar na Figura 6. O experimentador definia os limites da região de interesse indicando para o programa as três dimensões da caixa de contagem (largura, comprimento e altura), o espaçamento entre elas, e as zonas de guarda, preenchendo um protocolo definido pelo programa. Após o preenchimento, o programa exibia a disposição espacial das caixas em relação ao contorno da secção a partir dos parâmetros preenchidos e muda automaticamente a posição da lâmina para iniciar uma nova contagem em uma nova caixa toda vez que o experimentador dava por encerrada a contagem da caixa anterior. Ao final da contagem de todas as caixas de cada secção, o programa 19 estima o número total de astrócitos naquela secção e gera uma série de dados estatísticos que incluem o número total de astrócitos marcados pelo experimentador e a estimativa total esperada para a secção com o respectivo coeficiente de erro. Este último é usado como indicador para avaliarmos se as dimensões e o número de caixas são adequados para obtermos valores médios representativos do total do número de astrócitos da estrutura que estamos analisando. Valores de coeficientes de erro maiores que 0,05 indicam na maioria dos casos a necessidade de mudanças nos parâmetros escolhidos. Figura 6 - Trecho do contorno da secção da camada granular do giro denteado ilustrando a disposição das caixas de contagem e suas dimensões. Neste caso a largura e o comprimento da caixa equivalem a 30 µm e o espaçamento entre elas é igual 45 µm. A profundidade da caixa escolhida para esta estimativa foi de 12 µm. O programa permite a definição de zonas de guarda superpostas às regiões de corte da fatia onde os procedimentos de microtomia produzem variações indesejáveis (ou seja, nas superfícies de corte). Com motivo de se evitar coleta de dados duvidosos na superfície de cada área de interesse, a zonas de guarda permite apenas a coleta a partir alguns micrômetros adentro no eixo Z da área, no nosso trabalho estabelecemos 2 µm de zonas de guarda. A estimativa do número total de astrócitos dentro da região de interesse foi obtida através do método do fracionador óptico, multiplicando-se o número de astrócitos contados dentro de cada bloco pelos valores de probabilidade da amostra. Esses valores dependem: 1) do número de secções investigadas comparadas com o número total de secções que contem a região de interesse (“section sampling fraction”); 2) da área dos blocos de contagem comparada com a área da matriz de contagem (“area sampling fraction”); e 3) da altura do bloco de contagem comparada 20 com a média da espessura da secção após os procedimentos histológicos (“thickness sampling fraction”). N = ΣQ * 1/ssf * 1/asf * 1/tsf Onde, N – número total de astrócitos ΣQ – número de astrócitos contados ssf – “section sampling fraction” = secções contadas/total de secções asf – “area sampling fraction” = área bloco/área matriz (x,y) tsf – “thickness sampling fraction” = altura bloco/ média da espessura da secção Adotamos os seguintes parâmetros estereológicos (Bonthius et al., 2004): - Método: Fracionador Óptico - Intervalo de contagem entre as secções: 1:5 - Matriz de contagem: variável de acordo com a camada - Zona de guarda: 2 µm - Altura do bloco de contagem: 12 µm O cálculo do coeficiente de erro para cada sujeito adotou o procedimento sistemático amostral de um estágio (Coeficiente de Scheaffer, CE), previamente validado por outros (Glaser et al., 1998). O coeficiente de Scheaffer expressa a precisão da metodologia aplicada na coleta de dados para as estimativas e um valor de CE ≤ 0,05, é julgado apropriado na maioria dos casos porque a variância introduzida pelo procedimento com esse valor de CE contribui pouco para a variância observada para cada grupo. A razão entre o coeficiente de erro intrínseco à metodologia CE e o coeficiente de variação para as estimativas (CV) não deve ultrapassar 0,5 (Slomianka et al., 2005). Os parâmetros experimentais para cada camada do giro denteado foram estabelecidos em experimentos piloto e uniformemente aplicados a todos os animais. As tabelas 1 a 3 apresentam os parâmetros experimentais e os resultados médios de contagens dos astrócitos de cada lâmina de interesse (molecular, granular e polimórfica) do giro denteado para cada grupo experimental. 21 Tabela 1. Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico para a camada molecular do giro denteado de fêmeas adultas da variedade Suíça albina. a(caixa) 2 (µm ) A(x,y grade) 2 (µm ) asf 23M 1 60 x 60 90 x 90 0,44 23M 4 60 x 60 90 x 90 0,44 23M 5 60 x 60 90 x 90 23M 6 60 x 60 90 x 90 23M 7 60 x 60 9M 7 (a) Sujeitos ssf No. de caixas No. de secções ΣQ 0,71 ± 0,007 1/5 235 5 1049 0,65 ± 0,015 1/5 233 5 965 0,44 0,46 ± 0,024 1/5 254 5 799 0,44 0,47 ± 0,011 1/5 243 5 1136 90 x 90 0,44 0,48 ± 0,013 1/5 241 5 906 60 x 60 90 x 90 0,44 0,46 ± 0,012 1/5 197 5 709 9M 8 60 x 60 90 x 90 0,44 0,46 ± 0,011 1/5 222 5 642 9M 9 60 x 60 90 x 90 0,44 0,46 ± 0,005 1/5 193 5 643 9M 10 60 x 60 90 x 90 0,44 0,39 ± 0,014 1/5 170 5 513 9M 11 60 x 60 90 x 90 0,44 0,43 ± 0,014 1/5 187 5 661 tsf - Enriquecido/Velho Enriquecido/Jovem Empobrecido/Velho 23M 5 60 x 60 90 x 90 0,44 0,59 ± 0,007 1/5 232 5 684 23M 6 60 x 60 90 x 90 0,44 0,56 ± 0,048 1/5 176 5 596 23M 1 60 x 60 90 x 90 0,44 0,60 ± 0,012 1/5 205 5 801 23M 4 60 x 60 90 x 90 0,44 0,62 ± 0,017 1/5 167 5 674 23M 8 60 x 60 90 x 90 0,44 0,55 ± 0,009 1/5 212 5 920 9M 1 60 x 60 90 x 90 0,44 0,73 ± 0,007 1/5 197 5 703 Empobrecido/Jovem (a) 9M 7 60 x 60 90 x 90 0,44 0,66 ± 0,015 1/5 200 5 579 9M 11 60 x 60 90 x 90 0,44 0,71 ± 0,015 1/5 228 5 785 9M 12 60 x 60 90 x 90 0,44 0,55 ± 0,010 1/5 216 5 614 9M 13 60 x 60 90 x 90 0,44 0,53 ± 0,008 1/5 185 5 505 Todas as avaliações foram feitas usando uma objetiva de 60x a óleo (N.A. 1.4; D.F. 0.75 µm). a(grade), área do dissetor óptico de contagem; A(x,y grade), valores de x e y da grade; asf, fração amostral da área = (a(caixa)/A(x,y da grade); tsf, fração amostral da espessura = altura da caixa h/espessura da secção; ssf, fração amostral das secções = intervalo de contagem; ∑Q , astrócitos contados. 22 Tabela 2. Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico para a camada granular do giro denteado de fêmeas adultas da variedade Suíça albina. a(caixa) 2 (µm ) A(x,y grade) 2 (µm ) asf 23M 1 30 x 30 60 x 60 0,25 23M 4 30 x 30 60 x 60 23M 5 30 x 30 60 x 60 23M 6 30 x 30 23M 7 30 x 30 (a) Sujeitos ssf No. de caixas No. de secções ΣQ 0,81 ± 0,003 1/5 185 5 315 0,25 0,77 ± 0,015 1/5 187 5 365 0,25 0,61 ± 0,030 1/5 182 5 265 60 x 60 0,25 0,60 ± 0,012 1/5 193 5 300 60 x 60 0,25 0,65 ± 0,013 1/5 267 5 267 tsf - Enriquecido/Velho Enriquecido/Jovem 9M 7 30 x 30 60 x 60 0,25 0,60 ± 0,018 1/5 154 5 214 9M 8 30 x 30 60 x 60 0,25 0,59 ± 0,023 1/5 166 5 188 9M 9 30 x 30 60 x 60 0,25 0,50 ± 0,004 1/5 169 5 313 9M 10 30 x 30 60 x 60 0,25 0,42 ± 0,011 1/5 162 5 247 9M 11 30 x 30 60 x 60 0,25 0,45 ± 0,014 1/5 181 5 276 23M 5 30 x 30 60 x 60 0,25 0,67 ± 0,012 1/5 180 5 309 23M 6 30 x 30 60 x 60 0,25 0,58 ± 0,041 1/5 150 5 176 23M 1 30 x 30 60 x 60 0,25 0,62 ± 0,027 1/5 164 5 314 23M 4 30 x 30 60 x 60 0,25 0,74 ± 0,013 1/5 155 5 295 23M 8 30 x 30 60 x 60 0,25 0,68 ± 0,021 1/5 171 5 258 Empobrecido/Velho Empobrecido/Jovem (a) 9M 1 30 x 30 60 x 60 0,25 0,70 ± 0,035 1/5 184 5 309 9M 7 30 x 30 60 x 60 0,25 0,65 ± 0,011 1/5 173 5 171 9M 11 30 x 30 60 x 60 0,25 0,55 ± 0,006 1/5 167 5 268 9M 12 30 x 30 60 x 60 0,25 0,69 ± 0,019 1/5 207 5 363 9M 13 30 x 30 60 x 60 0,25 0,61 ± 0,045 1/5 220 5 376 Todas as avaliações foram feitas usando uma objetiva de 60x a óleo (N.A. 1.4; D.F. 0.75 µm). a(grade), área do dissetor óptico de contagem; A(x,y grade), valores de x e y da grade; asf, fração amostral da área = (a(caixa)/A(x,y da grade); tsf, fração amostral da espessura = altura da caixa h/espessura da secção; ssf, fração amostral das secções = intervalo de contagem; ∑Q , astrócitos contados. 23 Tabela 3. Parâmetros experimentais e resultados das contagens de astrócitos pelo fracionador óptico para a camada polimórfica do giro denteado de fêmeas adultas da variedade Suíça albina. a Sujeitos a(caixa) 2 (µm ) A(x,y grade) 2 (µm ) asf ssf No. de caixas No. de secções ΣQ 23M 1 40 x 40 50 x 50 0,64 0,77 ± 0,005 1/5 235 5 465 23M 4 40 x 40 50 x 50 23M 5 40 x 40 50 x 50 0,64 0,66 ± 0,021 1/5 211 5 516 0,64 0,50 ± 0,021 1/5 237 5 441 23M 6 40 x 40 23M 7 40 x 40 50 x 50 0,64 0,47 ± 0,011 1/5 241 5 770 50 x 50 0,64 0,49 ± 0,013 1/5 225 5 639 9M 7 40 x 40 50 x 50 0,64 0,54 ± 0,011 1/5 211 5 519 9M 8 40 x 40 50 x 50 0,64 0,53 ± 0,022 1/5 215 5 412 tsf - Enriquecido/Velho Enriquecido/Jovem 9M 9 40 x 40 50 x 50 0,64 0,47 ± 0,008 1/5 165 5 517 9M 10 40 x 40 50 x 50 0,64 0,43 ± 0,014 1/5 188 5 497 9M 11 40 x 40 50 x 50 0,64 0,47 ± 0,010 1/5 195 5 476 23M 5 40 x 40 50 x 50 0,64 0,79 ± 0,009 1/5 238 5 1133 23M 6 40 x 40 50 x 50 0,64 0,73 ± 0,261 1/5 173 5 763 23M 1 40 x 40 50 x 50 0,64 0,73 ± 0,012 1/5 212 5 962 23M 4 40 x 40 50 x 50 0,64 0,61 ± 0,017 1/5 191 5 705 23M 8 40 x 40 50 x 50 0,64 0,54 ± 0,316 1/5 210 5 777 9M 1 40 x 40 50 x 50 0,64 0,71 ± 0,013 1/5 212 5 586 9M 7 40 x 40 50 x 50 0,64 0,58 ± 0,011 1/5 222 5 592 9M 11 40 x 40 50 x 50 0,64 0,58 ± 0,012 1/5 195 5 382 9M 12 40 x 40 50 x 50 0,64 0,70 ± 0,016 1/5 231 5 544 9M 13 40 x 40 50 x 50 0,64 0,72 ± 0,022 1/5 233 5 575 Empobrecido/Velho Empobrecido/Jovem (a) Todas as avaliações foram feitas usando uma objetiva de 60x a óleo (N.A. 1.4; D.F. 0.75 µm). a(grade), área do dissetor óptico de contagem; A(x,y grade), valores de x e y da grade; asf, fração amostral da área = (a(caixa)/A(x,y da grade); tsf, fração amostral da espessura = altura da caixa h/espessura da secção; ssf, fração amostral das secções = intervalo de contagem; ∑Q , astrócitos contados. 24 3.5 ANÁLISE MORFOLÓGICA Para a reconstrução tridimensional dos astrócitos utilizamos o microscópio óptico (Optiphot2, NIKON) com platina motorizada e conversores análogo-digitais (MAC200, Ludl Electronic Products, Hawthorne, NY, USA) para conversão digital da informação relativa às coordenadas espaciais (X, Y, Z) de cada ponto digitalizado. Esse sistema é acoplado a microprocessador que controla os movimentos da platina com auxílio de programa especializado (Neurolucida, MicroBrightField, Williston, VT, USA) e estoca as coordenadas dos pontos de interesse. No sentido de se evitar ambigüidades na identificação dos objetos de interesse e garantir maior precisão nas reconstruções, a objetiva de 4,0 x era substituída por outra PLANFLUOR, 100X (NA 1.3; DF = 0.2 µm; Nikon, Japan) utilizada para as reconstruções tridimensionais realizadas. O estudo morfológico fornece dados para uma análise qualitativa e quantitativa e permite também a determinação da distribuição dos objetos de interesse (Acsady, et al., 1998). As reconstruções dos astrócitos foram feitas com critérios estabelecidos para evitar viés, portanto foram escolhidos astrócitos cuja morfologia era mais freqüente utilizando-se regiões semelhantes da camada molecular de cada grupo experimental dentro de cinco secções contendo a região de interesse, utilizando sempre o terço médio da camada. Ao final a seleção do astrócito a ser reconstruído permitiu garantir que apenas astrócitos completos (íntegros) foram utilizados para análise. Astrócitos seccionados durante a vibratomia foram excluídos. A figura 7 ilustra uma das escolhas sistemáticas. Nós não aplicamos correção para retração induzida pelo processamento histológico nos dados da morfometria. Em todos os grupos foram reconstruídos 5 a 15 astrócitos. Estes astrócitos foram submetidos à análise morfométrica realizada com o software Neuroexplorer (MicroBrightField, Williston, VT, USA). Analisamos o número de pontos de ramificação, o número de pontas por astrócito, o comprimento total de ramos, o comprimento médio de segmentos, a área de superfície, a área de segmento, o volume total e dos segmentos em particular, também analisamos área do corpo celular, dimensão fractal e dendrogramas. A média aritmética e o desvio padrão foram calculados para cada variável morfológica para todos os grupos 25 experimentais. Em raras ocasiões valores extremos foram detectados e excluídos de todas as amostras com base em análises de quartis para detectar valores extremos em amostras com distribuição normal. Esse teste de normalidade foi feito com auxílio do software Bioestat. Figura 7 – Reconstrução tri-dimensional mostrada em ângulos de 30 em 30 graus, Escala 10 µm. 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA Procedimentos estatísticos detalhados para os testes de memória similar à episódica e o labirinto aquático foram descritos em Dere et al., 2005 e Torres et al., 2006. Foram aplicados testes para verificar a distribuição normal dos dados e identificação dos possíveis valores extremos baseados nos desvios. Quando encontrados (fato muito raro) foram eliminados do conjunto de dados. Nos testes de reconhecimento de objeto, os valores das médias eram obtidos a partir dos registros feitos pelos vídeos, de onde se extraiam os tempos gastos com a exploração de cada objeto durante a sessão de teste. O reconhecimento da identidade do objeto (novos vs familiares), do lugar onde estavam (deslocados vs estacionários), do momento em que foram apresentados (recente vs antigo) baseava-se no tempo de exploração de cada um deles registrado para cada camundongo. Assim, no teste de memória semelhante à episódica, vídeos registraram o tempo da exploração dos objetos “antigos”, “recentes”, “deslocados” e “estacionários” durante a fase de teste. O tempo de exploração para cada objeto foi expresso em proporção (porcentagem) do total do tempo de exploração e possíveis diferenças eram detectadas com o teste-t bicaudal para amostras interdependentes (Dix & Aggleton, 1999). Em todos os testes estatísticos, o limiar para a significância foi definido para uma densidade de probabilidade p<0,05. 26 4. RESULTADOS 4.1 DESEMPENHO NOS TESTES DE MEMÓRIA EPISÓDICA E ESPACIAL Memória semelhante à episódica: Somente os animais do ambiente enriquecido, (nove meses e 23 meses) tiveram habilidade para integrar reconhecimento de objetos em um contexto espaço-temporal. Os animais do ambiente empobrecido foram incapazes de fazer as distinções apropriadas (Figura 8). Memória espacial no labirinto aquático: O teste do labirinto aquático avaliou o impacto do ambiente enriquecido na habilidade dos animais para aprender e recordar a posição da plataforma escondida sob a água (Figura 9). Os resultados ilustram o desempenho de cada grupo experimental pela redução da distância total de nado (distância média entre o 1° e 5° dias), sen do baseada na distância total percorrida e distância percorrida no quadrante oposto, este último não mostrado na figura. Camundongos adultos que cresceram em ambiente empobrecido, mas não os velhos que cresceram nesse ambiente, assim como, todos os animais que cresceram em ambiente enriquecido, aprenderam e conseguiram se lembrar da posição da plataforma escondida. Não existiu nenhum impacto significante do ambiente ou do envelhecimento na velocidade natatória, sugerindo que a maioria dos efeitos negativos se deu pelo prejuízo cognitivo afetando a memória espacial. O traçado da trajetória do nado revelou que o enriquecimento aumentou a habilidade de encontrar mais rapidamente a plataforma com trajetória mais curta nos animais adultos jovens que foram alojados em ambiente enriquecido em comparação aos outros. 27 Figura 8 - Representações gráficas dos resultados dos testes integrados de reconhecimento de objeto. Desempenhos em valores percentuais são indicados no eixo Y e os grupos experimentais são indicados no eixo X. As colunas à esquerda e à direita correspondem respectivamente a grupos de nove meses e 23 meses. AE velho, camundongos envelhecidos que cresceram em ambiente enriquecido; AP velho, camundongos envelhecidos que cresceram em ambiente empobrecido; AE jovem, camundongos jovens que cresceram em ambiente enriquecido; AP jovem, camundongos jovens que cresceram em ambiente empobrecido. (*ANOVA; p < 0,05). 28 Figura 9 - Representação gráfica do aprendizado no teste do labirinto aquático. Redução da distância total de nado do AE e AP jovens. Observe a estratégia de nado da trajetória que um indivíduo com desempenho próximo ao da média de cada grupo experimental. Notar que o grupo AP Velho corresponde à maior distância percorrida para encontrar a plataforma. D: dia de teste. (D1 = primeiro dia, por exemplo) (*ANOVA; p < 0,05). 4.2 ESTIMATIVA ESTEREOLÓGICA DE ASTRÓCITOS. Utilizando os princípios do fracionador óptico aplicados às secções imunomarcadas para GFAP, estimamos o número total de astrócitos na camada molecular, granular e polimórfica do giro denteado. A figura 10 ilustra com fotomicrografias de secções horizontais imunomarcadas para GFAP, em baixo e grande aumento, os astrócitos das diferentes camadas e objetos de interesse da contagem. O grande aumento está representado a visibilidade dos astrócitos nas diferentes camadas. A camada granular está representada pela banda clara de baixa concentração de astrócitos localizada entre as camadas molecular e polimórfica. Essa camada de baixa densidade astrocítica foi perfeitamente distinguida das camadas adjacentes em todas as secções reagidas para GFAP em todos os sujeitos de todos os grupos experimentais. O limite da camada polimórfica com CA3 foi arbitrariamente definido nas secções horizontais por uma linha reta que liga a ponta da camada de células piramidais de CA3 com cada uma das pontas da camada granular do GD que aparecem como zonas claras nas secções imunomarcadas, facilmente distinguíveis da camada polimórfica. A linha reta foi 29 usada para distinguir os astrócitos de CA3 daqueles da camada polimórfica do giro denteado. Fotomicrografias em grande aumento ilustram a diversidade morfológica dos astrócitos nas três camadas do giro denteado do camundongo adulto fêmea da variedade albino Suíça. Figura 10 - Fotomicrografias de secções horizontais do giro denteado imunomarcadas para GFAP para ilustrar os objetos (astrócitos) e as regiões (camadas) de interesse do giro denteado do camundongo albino Suíço fêmea de nove meses de idade do ambiente empobrecido. Note a diferença na morfologia dos astrócitos das diferentes camadas. MOL, GR e POL indicam as camadas molecular, granular e polimórfica do giro denteado, respectivamente. Escalas: baixo aumento = 100 µm, grande aumento = 25 µm. As tabelas 4, 5 e 6 contêm as estimativas pelo fracionador óptico do número total de astrócitos das camadas molecular, granular e polimórfica respectivamente, para cada grupo experimental. 30 Tabela 4. Estimativa individual unilateral do número (N) de astrócitos com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada molecular do Giro Denteado do Camundongo Albino Suíço. Camada Molecular Enriquecido/Velho Espessura CE N (µm) (Scheaffer) Sujeitos Sujeitos Enriquecido/Jovem Espessura CE N (µm) (Scheaffer) 23M 1 16811 16,86 ± 0,14 0,03 9M 7 18019 27,32 ± 1,08 0,09 23M 4 16924 18,53 ± 0,44 0,03 9M 8 15797 26,05 ± 0,63 0,03 23M 5 20095 26,56 ± 1,54 0,03 9M 9 15843 26,18 ± 0,33 0,03 23M 6 28186 25,93 ± 0,63 0,03 9M 10 14465 30,43 ± 1,16 0,04 23M 7 21747 25,41 ± 0,76 0,03 9M 11 17101 27,77 ± 0,85 0,03 Média 20752 22,65 ± 2,05 0,03 Média 16245 27,55 ± 0,79 0,04 DP 4660 DP ± 1361 CV2 0,0504 CV2 0,0070 0,0009 CE 2 0,0178 2 CE 2 2 CE /CV CVB 2 2 CE /CV 0,0495 2 2 CVB (%CV ) CVB 0,0016 2 0,0054 2 98,21% 0,2279 2 2 CVB (%CV ) Empobrecido/Velho 77,20% Empobrecido/Jovem 23M 5 13292 20,42 ± 0,21 0,03 9M 1 10918 16,63 ± 0,22 0,03 23M 6 12762 21,82 ± 1,44 0,04 9M 7 10076 18,19 ± 0,42 0,03 23M 1 15300 20,21 ± 0,44 0,03 9M 11 12576 16,94 ± 0,38 0,03 23M 4 12504 19,58 ± 0,53 0,04 9M 12 12742 21,88 ± 0,38 0,03 23M 8 19017 21,81 ± 0,37 0,03 9M 13 10820 22,54 ± 0,35 0,03 Média 14575 20,76 ± 0,44 0,03 Média 11426 19,23 ± 1,24 0,03 DP ± 2714 DP ± 1172 CV 2 CE 2 2 CE /CV CVB 2 0,0009 CE 2 0,0259 2 0,0346 2 2 0,0337 2 CVB (%CV ) 2 CV 2 97,40% 2 2 CE /CV CVB 2 0,0105 0,0009 2 0,0855 2 0,0096 2 CVB (%CV ) 91,44% CVB = CV – CE (CV coeficiente de variação; CVB, coeficiente de variação biológica). Média, N: número de astrócitos por grupo; DP, desvio padrão. 31 Tabela 5. Estimativa individual unilateral do número (N) de astrócitos com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada granular do Giro Denteado do camundongo Albino Suíço. Camada Granular Enriquecido/Velho Espessura CE N (µm) (Scheaffer) Sujeitos Sujeitos Enriquecido/Jovem Espessura CE N (µm) (Scheaffer) 23M 1 7766 14,71 ± 0,07 0,04 9M 7 8113 20,45 ± 0,55 0,05 23M 4 9537 15,58 ± 0,32 0,04 9M 8 6350 27,55 ± 0,76 0,05 23M 5 8802 19,93 ± 1,09 0,05 9M 9 12266 23,67 ± 0,19 0,03 23M 6 10385 20,20 ± 0,41 0,05 9M 10 11506 28,25 ± 0,80 0,04 23M 7 8463 18,67 ± 0,39 0,04 9M 11 12133 26,79 ± 0,84 0,04 Média 8990 17,81 ± 1,12 0,04 Média 10073 26,77 ± 2,43 0,04 DP ±1007 DP ± 2683 CV 2 CE 2 0,0709 0,0016 CE 2 0,0016 0,1275 CE2/CV2 0,0125 CE2/CV2 CVB CV 2 2 0,0109 2 2 CVB (%CV ) CVB 0,0693 2 87,24% 0,0225 2 2 CVB (%CV ) Empobrecido/Velho 97,74% Empobrecido/Jovem 23M 5 9329 17,95 ± 0,33 0,04 9M 1 8797 17,46 ± 1,01 0,04 23M 6 6174 21,11 ± 1,53 0,05 9M 7 5467 18,65 ± 0,32 0,06 23M 1 10154 19,50 ± 0,86 0,03 9M 11 9779 21,85 ± 0,30 0,05 23M 4 8023 16,19 ± 0,30 0,03 9M 12 10625 17,61 ± 0,51 0,04 23M 8 7537 17,69 ± 0,58 0,04 9M 13 12519 20,33 ± 1,62 0,03 Média 8243 18,48 ± 0,84 0,03 Média 9437 19,18 ± 0,84 0,04 DP ± 1553 DP ± 2607 CV 2 CE 2 2 CE /CV CVB 2 0,0009 CE 2 0,0253 2 0,0354 2 2 0,0345 2 CVB (%CV ) 2 CV 2 97,46% 2 2 CE /CV CVB 2 0,0763 0,0016 2 0,0209 2 0,0747 2 CVB (%CV ) 97,90% CVB = CV – CE (CV coeficiente de variação; CVB, coeficiente de variação biológica). Média, N: número de astrócitos por grupo; DP, desvio padrão. 32 Tabela 6. Estimativa individual unilateral do número (N) com respectivos Coeficientes de Erro (CE) para a camada polimórfica do Giro Denteado do camundongo Albino Suíço. Camada Polimórfica Enriquecido/Velho Espessura CE N (µm) (Scheaffer) Sujeitos Sujeitos Enriquecido/Jovem Espessura CE N (µm) (Scheaffer) 23M 1 4788 15,56 ± 0,12 0,04 9M 7 7527 22,13 ± 0,47 0,04 23M 4 6383 18,68 ± 0,61 0,04 9M 8 5974 22,51 ± 0,91 0,04 23M 5 7181 24,63 ± 1,15 0,04 9M 9 8616 25,57 ± 0,44 0,04 23M 6 12969 25,46 ± 0,51 0,03 9M 10 8857 27,76 ± 0,97 0,04 23M 7 10467 24,63 ± 0,59 0,03 9M 11 7810 25,31 ± 0,53 0,04 Média 8357 21,79 ± 1,97 0,03 Média 7756 24,65 ± 1,04 0,04 DP 3306 DP ±1138 CV 2 CE 2 2 CE /CV CV 2 0,0009 CE 2 0,0057 2 CE /CV 0,1555 CVB2 0,1564 2 CVB2 2 2 CVB (%CV ) 0,0215 0,0016 2 0,0199 2 99,42% 0,0743 2 CVB (%CV ) Empobrecido/Velho 92,56% Empobrecido/Jovem 23M 5 11281 15,13 ± 0,19 0,03 9M 1 6448 16,88 ± 0,34 0,03 23M 6 8457 16,51 ± 0,55 0,03 9M 7 8144 20,88 ± 0,39 0,04 23M 1 10470 16,47 ± 0,29 0,03 9M 11 5139 20,52 ± 0,44 0,05 23M 4 9311 19,71 ± 0,60 0,03 9M 12 6108 17,11 ± 0,39 0,03 23M 8 11625 22,77 ± 1,27 0,03 9M 13 6361 16,85 ± 0,59 0,03 Média 10232 18,11 ± 1,38 0,03 Média 6440 18,44 ± 0,92 0,03 DP 1325 DP ± 1085 CV2 0,0167 CV2 0,0283 0,0009 CE 2 0,0536 2 CE 2 2 CE /CV CVB 2 2 2 CE /CV 0,0158 2 CVB (%CV ) 2 CVB 2 94,63% 2 0,0009 2 0,0317 2 0,0274 2 CVB (%CV ) 96,82% 2 CVB = CV – CE (CV coeficiente de variação; CVB, coeficiente de variação biológica). Média, N: número de astrócitos por grupo; DP, desvio padrão. As análises comparadas dos valores médios das estimativas indicam que a camada molecular é afetada tanto pelo ambiente quanto pelo envelhecimento, com valores maiores para as estimativas induzidas pela combinação enriquecimento/envelhecimento. As tabelas 4 a 6 realmente confirmam as diferenças no número de astrócitos induzidas (Enriquecido/Jovem pelas x mudanças ambientais Empobrecido/Jovem ou e envelhecimento: Enriquecido/Velho x 33 Empobrecido/Velho). Para a camada molecular as diferenças foram de 4819 (16245 ± 1361 x 11426 ± 1172) para o primeiro caso e de 6177 (20752 ± 4660 x 14575 ± 2714) para o segundo caso, o que representa um acréscimo no número de astrócitos induzido pelas mudanças ambientais de cerca de 30% em ambos os casos, sendo ambas maiores do que aquela induzida isoladamente pelo envelhecimento que foi de 3149 (Empobrecido/Velho x Empobrecido/Jovem, 14575 ± 2714 x 11426 ± 1172). Importante realçar que neste último caso embora o teste t bi-caudal tenha revelado significância estatística (p<0,049) para a diferença encontrada, a análise de variância para os quatro grupos (ANOVA Bonferroni a priori) não revelou significância para essa combinação. Diferente da camada molecular, a camada polimórfica só foi afetada pelo envelhecimento com diferença significativa apenas para a comparação Empobrecido/Velho x Empobrecido/Jovem, 10232 ± 1325 x 6440 ± 1085) com cerca de 37% a mais no grupo de 23 meses em comparação com o de nove meses. Diferente das outras duas, o número de astrócitos da camada granular não foi afetado pelas mudanças ambientais nem pela idade. A figura 11 contém representações gráficas dos valores médios e barras de erro padrão respectivas para o número total de astrócitos das camadas molecular e polimórfica. Envelhecimento e enriquecimento parecem promover hiperplasia astrocítica aditiva na camada molecular enquanto que a camada polimórfica não demonstra esse efeito aditivo. A comparação entre os grupos foi feita empregando-se ANOVA, Bonferroni a priori estabelecendo-se o limite para diferença significante entre os grupos em p<0.05. Os valores para o coeficiente de variação biológica se situaram entre 77% e 99,6% garantindo precisão na coleta de dados ao microscópio. Somente na camada granular não ocorreram alterações significativas, cujos dados retratados na tabela 5. 34 Figura 11 - Estimativas para o número de astrócitos nas camadas: molecular (acima) e polimórfica (abaixo) empregando o fracionador óptico nos diferentes grupos experimentais. AE 9M = Ambiente Enriquecido de nove meses; AE 23M = Ambiente Enriquecido de 23 meses; AP 9M = Ambiente Padrão (Empobrecido) de nove meses; AP 23M = Ambiente Padrão (Empobrecido) de 23 meses; (*) = diferença significante para p<0,05. 4.3 AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DOS ASTRÓCITOS ATRAVÉS DE RECONSTRUÇÃO TRI-DIMENSIONAL. Correlacionamos os dados comportamentais realizados com morfologia e distribuição laminar de astrócitos no giro dentado em camundongos idosos e jovens tanto em ambiente empobrecido quanto em enriquecido. Em média, os camundongos jovens e velhos aprenderam e se lembraram da posição da plataforma escondida no dia 3 e 5, respectivamente. A morfologia e o número de astrócitos da camada molecular do giro denteado foi influenciada pelo envelhecimento. Em média, os astrócitos de camundongos jovens, em comparação 35 com camundongos velhos apresentaram maiores quantidade de terminais verdadeiros (85,05 ± 8.83995 vs 62.66665 ± 7.63715), maior dimensão fractal (1.181 ± 0.0095 vs 1.144 ± 0.015) e maior área de superfície (152,71 ± 35,2 vs 117.96 ± 30,83 mm² x10-5) respectivamente; demonstrando que o envelhecimento induz o encolhimento significativo dos ramos dos astrócitos da camada molecular (Figuras 16 e 17). Com base nessas observações sugerimos que a redução da plasticidade glial pode representar, pelo menos parte das alterações associadas ao declínio de memória espacial durante o envelhecimento de animais que cresceram em ambiente empobrecido, enquanto que os déficits durante o envelhecimento dos animais de ambiente enriquecido foram minimizados (Figuras 8 e 9). Isso nos permite sugerir que os astrócitos dos animais mantidos em ambiente enriquecido por longos períodos são do ponto de vista morfológico distintos daqueles dos animais do ambiente pobre. As Figuras 12 - 15 expõem fotomicrografias de astrócitos da camada molecular do GD e suas reconstruções tridimensionais respectivas. As fotos foram obtidas a cada 1 µm ao longo do eixo z de cada secção. As reconstruções permitem distinguir através das diferentes cores as ordens dos segmentos e corpos celulares. Os astrócitos selecionados para ilustração tem características morfométricas próximas aos valores médios de cada grupo. A Figura 12 - Fotomicrografia de um astrócitotípico da camada molecular do GD e reconstrução tridimensional equivalente representando o astrócito médio do grupo AE jovem. Escala 25 µm. 36 B Figura 13 - Fotomicrografias de astrócito da camada molecular do GD e reconstrução tridimensional equivalente representando um astrócito típico do grupo AP jovem. Escala 25 µm. C Figura 14 - Fotomicrografia de um astrócito típico da camada molecular do DG e reconstrução tridimensional equivalente representando o astrócito médio do grupo AE velho. Escala 25 µm. 37 D Figura 15 - Fotomicrografia de um astrócito típico da camada molecular do GD e reconstrução tridimensional equivalente do astrócito médio do grupo AP velho. Escala 25 µm. A Figura 16 ilustra os dendrogramas equivalentes das reconstruções tridimensionais dos mesmos astrócitos mostrados anteriormente nas Figuras 13 - 15. Camundongos velhos de ambos os grupos empobrecidos e enriquecidos, em comparação com os jovens apresentam uma significativa de retração ao longo de seus segmentos. Camundongos velhos que viveram em ambiente enriquecido, paradoxalmente, apresentam maior grau de encolhimento do que os de ambiente empobrecido de mesma idade (Figura 17 - C e D) e uma redução significativa no número de pontos de ramificação (Figura 17 - A). Figura 16 – Representação da reconstrução de astrócitos médios de cada grupo e seus respectivos dendrogramas mostrando o padrão esquemático de arborização de cada reconstrução equivalente. Escalas: 12,5 µm (reconstruções); 25 µm para cada uma das três barras verticais (dendrogramas). 38 Associado ao envelhecimento, os astrócitos revelaram menor comprimento, menor área de superfície e menor volume dos seus segmentos (Figura 17 D, F e H), em comparação aos astrócitos dos grupos jovens em condições de alojamento equivalentes. Figura 17 – Gráficos das análises demonstrando diferenças fenotípicas dos astrócitos da camada molecular do GD sob influência do envelhecimento. 39 5. DISCUSSÃO Os resultados do presente trabalho demonstram que o enriquecimento ambiental de longo prazo, 24h por dia, afeta de forma distinta o número de astrócitos das diferentes camadas do giro denteado assim como o desempenho nos testes comportamentais que avaliaram as memórias espacial no labirinto aquático de Morris e semelhante à episódica em camundongos albino Suíço fêmeas de nove e 23 meses de idade. As fêmeas velhas alojadas em gaiolas padrão (ambiente empobrecido) apresentaram disfunções cognitivas reveladas pelos dois testes realizados. Da mesma forma, embora em proporções menores, mas significativas, as fêmeas adultas de nove meses alojadas no ambiente empobrecido também apresentaram as mesmas disfunções enquanto que as fêmeas de ambas as idades mantidas em ambiente enriquecido a partir do 2º mês de vida preservaram a memória episódica revelando menor déficit no aprendizado e memória espacial quando medidas pelo labirinto aquático de Morris. 5.1 IDADE, AMBIENTE E MEMÓRIA ESPACIAL E EPISÓDICA A aquisição e recuperação da informação sobre a posição de um objeto no espaço é uma tarefa hipocampo-dependente que é afetada pelas mudanças estruturais e funcionais induzidas pelo envelhecimento (Riedel et al., 1999; D'Hooge et al., 2001). Camundongos adultos da variedade albina Suíça foram previamente objeto de investigação para aprendizado e memória espacial (Koopmans et al., 2003; Rao et al., 2005; Prediger et al., 2007), mas até então, essa linhagem não tinha sido submetida a testes integrados de memória tal como o teste de memória episódica empregado no presente trabalho. Portanto, os dados presentes constituem a primeira evidência experimental em camundongos adultos fêmeas da variedade Suíça albina de que a memória episódica e em menor extensão o aprendizado e a memória espacial no labirinto aquático de Morris, são especialmente suscetíveis à deterioração após aproximadamente seis meses de alojamento no ambiente empobrecido das gaiolas padrão. O declínio no aprendizado e na memória espacial associada ao envelhecimento parece estar relacionado às mudanças estruturais e funcionais na formação hipocampal de cuja integridade depende de tais funções (Teather et al., 2002; Frick et al., 2003; Rosenzweig et al., 2003). Neste trabalho, os 40 testes no labirinto aquático de Morris mostraram que os animais velhos mantidos no ambiente pobre das gaiolas padrão perdem a capacidade de aprender e lembrar a posição da plataforma escondida, enquanto que os indivíduos velhos do ambiente enriquecido, assim como, os jovens de ambos os ambientes, retém essa capacidade, mesmo que em diferentes transições. Como não se encontrou diferença nas velocidades de nado entre os grupos sugere-se que os déficits encontrados na capacidade de aprender e lembrar sejam representativos do declínio cognitivo associado às mudanças no ambiente e ao envelhecimento. Já está descrito que a formação de memória episódica depende da integridade do hipocampo podendo ser seletivamente comprometida por lesões do fórnix, do hipocampo dorsal ou ventral, da lesão seletiva de CA3 ou por infusão de antagonistas de NMDA ou AMPA (Daumas et al., 2004; Eacott et al., 2004; Ergorul et al., 2004; Bast et al., 2005; Li et al., 2008). Uma vez tendo sido detectado no presente trabalho comprometimento da memória episódica nos animais mantidos no ambiente pobre das gaiolas padrão é aceitável supor que o giro denteado pode ser um dos alvos afetados por mudanças estruturais e funcionais associadas à elevada redução de estímulos somatomotores e cognitivos da gaiola padrão ou ao declínio cognitivo associado ao envelhecimento. Como cada região hipocampal contém uma população distinta de neurônios que expressam perfis moleculares únicos (Zhao et al., 2001) e o giro denteado parece ser particularmente sensível às mudanças relacionadas ao envelhecimento (Small et al., 2004), sugere-se que os déficits de memória espacial no adulto e no velho possam ter diferentes mecanismos fisiopatológicos e que as influências aditivas do ambiente pobre e do envelhecimento podem acelerar o declínio cognitivo. Realmente quando os camundongos adultos de 9 e 23 meses alojados no ambiente empobrecido foram testados para aprendizado e memória espacial empregando o paradigma do labirinto aquático de Morris, os primeiros, mas não os velhos foram capazes de aprender e lembrar a posição da plataforma escondida após cinco dias de testes. Esses resultados sugerem que após seis meses de alojamento em condições empobrecidas, o substrato morfofisiológico hipocampal para o aprendizado espacial ainda está preservado e pode ser ativado após o treinamento. Como esperado, as capacidades mnemônicas deterioraram-se mais intensamente quando a idade avançada foi combinada com o ambiente empobrecido e nessa condição a memória espacial e todos os tipos de memória episódica foram prejudicados. Coerentemente, os animais velhos que foram alojados 41 no ambiente enriquecido revelaram aprendizado e memória preservados em todos os testes sugerindo que os mecanismos de consolidação e de recuperação para tais tipos de memória foram mantidos pela estimulação somatomotora e cognitiva aumentadas da condição enriquecida. 5.2 ASTRÓCITOS DO GIRO DENTEADO, EMPOBRECIMENTO, ENVELHECIMENTO E DECLÍNIO COGNITIVO Enquanto as bases fisiológicas para os déficits de memória não foram ainda completamente elucidados, é interessante discutir possíveis conexões entre a proteção cognitiva associada ao enriquecimento ambiental e as diferenças encontradas no número e na morfologia de astrócitos da camada molecular e no número daqueles na camada polimórfica do giro denteado em animais jovens e idosos. Os valores estereológicos deste trabalho revelaram que as estimativas do número de astrócitos nos animais velhos do ambiente empobrecido foram significativamente maiores do que as estimativas para os animais de nove meses alojados no mesmo ambiente e essas diferenças foram associadas a um expressivo declínio cognitivo nos testes de memória semelhante à episódica e espacial. Por outro lado as estimativas do número de astrócitos da camada molecular do giro denteado dos animais velhos que cresceram em ambiente enriquecido foram significativamente maiores do que aquelas dos animais velhos que cresceram em ambiente empobrecido. Como os animais do ambiente enriquecido preservaram sua habilidade de integrar informações no contexto espaço-temporal e foram capazes de aprender e lembrar a posição da plataforma escondida no teste do labirinto aquático de Morris é razoável levantar a hipótese de que a astrocitose induzida pelo enriquecimento e aquela associada ao envelhecimento podem ter diferentes papéis funcionais. Concordantemente, as análises dos vídeos da trajetória de nado revelaram um gradiente entre os diferentes grupos experimentais com o melhor desempenho associado aos animais do grupo de nove meses do ambiente enriquecido e o pior ao grupo velho do ambiente pobre que não conseguiu completar o teste. Entre os extremos obtiveram desempenho intermediário os animais de nove meses do ambiente pobre seguido dos animais velhos do ambiente enriquecido. A noção de que envelhecimento e a redução de estímulos sensoriomotores e cognitivos podem causar alterações celulares e moleculares 42 semelhantes é sugerida por evidências de que a adição de suplementos nutricionais ricos em fosfatidilcolina (CDP) e monofosfato de uridina (UMP) em ratos jovens e velhos da linhagem Sprague-Dawley submetidos ao empobrecimento ambiental (Teather et al., 2005; 2006) minimizam os déficits cognitivos associados à idade e à pobreza de estímulos. No presente trabalho entretanto detectou-se efeitos distintos da diminuição de estímulos sensoriomotores e cognitivos sobre os astrócitos do giro denteado de camundongos jovens e velhos com ocorrência de hiperplasia associada ao enriquecimento e ao envelhecimento na camada molecular, hiperplasia associada ao envelhecimento na camada polimórfica e nenhum efeito sobre as estimativas do número de astrócitos feitas na camada granular, sugerindo que a plasticidade astroglial induzida por estimulação depende da circuitaria laminar. Paradoxalmente a análise morfométrica revelou hipotrofia dos astrócitos da camada molecular durante o envelhecimento com maior intensidade nos animais velhos do ambiente enriquecido. Sugerimos, portanto, que a redução da plasticidade glial pode representar, pelo menos, parte das alterações associadas ao declínio de memória espacial durante o envelhecimento de animais mantidos em ambiente empobrecido, enquanto que os déficitis dos animais de ambiente enriquecido durante o envelhecimento foram minimizados. Isso nos reforça a pensar que os fenótipos dos atrócitos pertencentes aos animais mantidos em ambiente enriquecido numericamente distintos dos animais do ambiente empobrecido podem ter mais perfís astrocíticos neuroprotetores do que neuroinflamatórios. Não temos entretanto explicação razoável para o efeito paradoxal da ocorrência de maior retração nos astrócitos dos animais velhos do ambiente enriquecido. Precisamos portanto investigar a hipótese de que o déficit dos animais velhos do ambiente enriquecido pode ter sido minimizado pela elevação do número dos astrócitos com fenótipos diferentes daqueles associados à neuroinflamação esperada para essa idade (Salminen, et al. 2011). Nós sugerimos igualmente que essa neuroproteção está associada ao desenvolvimento de plasticidade dependente da expriência multisensorial e cognitiva mais densa do ambiente enriquecido mantida durante a vida toda (Willie K. Dong e William T. Greenough, 2004). Uma extensão natural do presente estudo seria a investigação de possíveis correlações quantitativas entre as mudanças astrocíticas em outras 43 regiões da formação hipocampal e respectivas alterações comportamentais em estudos longitudinais na mesma ou em outras espécies de roedores. 5.3 LIMITAÇÕES TÉCNICAS NÃO ESTEREOLÓGICAS Um dos alvos do presente trabalho foi estimar o número de astrócitos dentro de um determinado volume de tecido equivalente às camadas do giro denteado afetadas pelas mudanças ambientais e pelo envelhecimento usando investigação estereológica sem viés. Como em todos os casos onde se utiliza microscopia para realizar tais estimativas, não é possível contar todas as células dentro da região de interesse. Para contornar essa limitação e obter estimativas que se aproximem dos valores reais a partir de frações amostrais mínimas, é necessário a utilização de contagem sistemática e aleatória dos objetos de interesse incluindo a terceira dimensão. Essa alternativa assegura a estimativa adequada do número total de células dentro da área de interesse a partir do número de células detectadas em cada caixa de contagem da amostra e da probabilidade amostral (Schmitz et al., 2005). Ainda assim, o máximo que se pode pretender com esse procedimento é realizar estimativas que se aproximam ao máximo do valor esperado (Cruz-Orive 1994; Schmitz 1998). Seguindo esses princípios, existem dois métodos estereológicos: o fracionador óptico já descrito e o método que estima o número total de células multiplicando a densidade média de células pelo volume da região de interesse (Schmitz et al., 2000). Em estudo recente, entretanto, ficou evidente que as estimativas do número total de objetos de interesse obtidos a partir do fracionador óptico, são do ponto de vista estatístico e do ponto de vista do esforço empreendido, mais eficientes do que as estimativas a partir da densidade e volume (Schmitz et al., 2000). Além disso, avaliaram-se igualmente várias maneiras de se estimar o erro em amostras simuladas por computador de modo a encontrar uma maneira de calcular o coeficiente de erro que mais se aproximasse do erro verdadeiro. Comparando o coeficiente de erro verdadeiro para grandes amostras simuladas por computação, com o calculado por diferentes métodos, encontrou-se que o coeficiente de Scheaffer é o que mais se aproxima do erro verdadeiro (Glaser et al., 1998). Por conta do fato de que o coeficiente de erro de Scheaffer representa a variação devida à incerteza metodológica intrínseca, é esperado e desejável que ele sempre contribua menos para a variação total do que a variação biológica. Isso é 44 alcançado respeitando a relação: CE2/CV2<0,5, onde CE é o coeficiente de erro devido à incerteza metodológica intrínseca e CV = Desvio Padrão / Média. No presente trabalho a relação CE2/CV2 esteve sempre abaixo de 0,5, minimizando a probabilidade de erros procedimentais durante as contagens (Slomianka et al., 2005). A outra maneira que se empregou para se avaliar os erros relacionados à escolha da matriz amostral foi o cálculo da variação biológica definida como: CVB2 = CV2 – CE2 (onde CE, coeficiente de erro; CV coeficiente de variação; CVB, coeficiente de variação biológica) expresso em valor percentual do coeficiente de variação. Considera-se que o coeficiente de erro é adequado sempre que ele contribui menos do que a variação biológica para o coeficiente global de variação. Entretanto mesmo com todos esses cuidados, a incerteza nas estimativas ainda permanece e é decorrente de outras fontes de erro possíveis como aqueles introduzidos pelos pré-supostos do observador acerca dos grupos experimentais, pelas alterações induzidas nas secções pelo processamento do tecido, pela ambigüidade no reconhecimento de áreas ou dos objetos de interesse e pela definição dos planos de foco superior e inferior da secção. Corroborando essa última afirmação tem sido encontrado um número expressivo de trabalhos com diferenças significativas entre as estimativas estereológicas no hipocampo de roedores. Seriam as diferenças encontradas conseqüência de diferentes metodologias? Simples variação biológica? Ou ambigüidade na definição da região e dos objetos de interesse? No caso específico do giro denteado do rato diferenças importantes nas estimativas têm sido frequentemente detectadas e.g. (Nishimura et al., 1995; Pilegaard et al., 1996; Grady et al., 2003). Esses resultados contraditórios, tal como indicado anteriormente podem resultar de diferenças nas metodologias aplicadas, de variações nos procedimentos histológicos, de protocolos de estereologia diferentes e de ambigüidades na definição dos objetos e das áreas de interesse (West 1999; Mandarim-de-Lacerda 2003; Schmitz et al., 2005). O elemento comum entre os diferentes trabalhos que demonstram discrepâncias é a adoção da técnica de Nissl, uma técnica de coloração que cora indistintamente neurônios e glias, propiciando ambigüidade na definição dos objetos de interesse. Infelizmente, o número de estudos estereológicos dedicados aos astrócitos do giro denteado do camundongo é muito limitado para permitir um ensaio comparativo. De fato, apenas três trabalhos empregam metodologias sem viés 45 baseadas em procedimentos estereológicos para estimar o número de astrócitos no giro denteado de camundongos velhos (Long et al., 1998; Mouton et al., 2002; Lei et al., 2003). Esses trabalhos, entretanto, utilizaram outra variedade de camundongo, fazem estimativas do número total de astrócitos do giro como um todo, não se detendo na análise laminar detalhada, o que torna difícil sua comparação com os resultados do presente trabalho. De qualquer modo, para reduzir as possíveis fontes de erro, todos os dados do presente trabalho foram obtidos com o mesmo protocolo de processamento histológico (perfusão, imunomarcação, desidratação, contracoloração e diafanização) adotando o mesmo método estereológico, hardware e software. Para detectar possíveis variações no critério de identificação dos objetos de interesse, empregou-se um único tipo de anticorpo monoclonal para GFAP e realizou-se procedimentos de verificação dos resultados de contagem repetindo eventualmente a avaliação de uma mesma região por diferentes investigadores. Como resultado desses procedimentos as fontes não biológicas de variação foram minimizadas. Ver tabelas 4 a 6 e para análise dessas questões consultar (Mouton et al., 2002; Slomianka et al., 2005). 5.4 HORMÔNIOS E ASTRÓCITOS DO GIRO DENTEADO Além do envelhecimento e das mudanças ambientais, hormônios sexuais podem alterar o número de células da glia no giro denteado. De interesse para comparação com o presente trabalho, dados estereológicos recentes dedicados à comparação entre camundongos machos e fêmeas revelaram que o envelhecimento não afetou o número de astrócitos dos camundongos machos enquanto que o número de astrócitos nas fêmeas foi maior em 22% no grupo jovem (2-3 meses), 22% no grupo adulto (13-14 meses) e 35% no grupo senil (20-24 meses) comparados aos machos de mesma idade (Mouton et al., 2002). Em concordância, efeitos de hormônios femininos no perfil de células gliais em fêmeas (B6) entre 20 e 24 meses ovariectomisadas e submetidas a um tratamento prolongado com hormônio 17β-estradiol e raloxifeno (agonista de receptor de estrógeno) provocou redução do número de astrócitos no GD e CA1 quando comparadas ao grupo ovariectomizado tratado com placebo (Lei et al., 2003). Essa é uma forte evidência de que a proliferação da célula glial é alvo dos efeitos mediados por hormônios gonadais femininos (estrógeno). No presente trabalho, não houve comparações 46 entre machos e fêmeas, mas encontramos em concordância aumento significativo no número de astrócitos nas fêmeas velhas, não havendo, portanto, como excluir a hipótese de que a estropausa possa estar contribuindo para esse aumento na variedade de camundongos que estudamos. Uma vez que fêmeas de 20 meses têm grande possibilidade de estarem sem a proteção estrogênica é razoável propor que pelo menos parte da astrocitose encontrada esteja associada ao déficit hormonal. Seria interessante, portanto, realizar a reposição hormonal em grupo de fêmeas senis e avaliar pelo método estereológico o impacto do tratamento sobre o número de astrócitos. Empregando metodologia sem viés, baseada em estereologia demonstrou-se que a presença de adrenocorticóides também é necessária para manutenção da integridade estrutural do giro denteado. A adrenalectomia seletivamente reduziu o número de neurônios na camada granular. No entanto, o número de astrócitos do GD não foi alterado pela adrenalectomia, mas o conteúdo de GFAP estava aumentado, caracterizando um estado de ativação astrocitária normalmente associado à lesão cerebral (Sousa et al., 1997). Em concordância, a plasticidade astrocitária em resposta as lesões no sistema nervoso pode sofrer influência de drogas neuroprotetoras e anti-inflamatórias, como a metilprednisolona (glicocorticóide sintético) tendo se constatado que o efeito neuroprotetor da metilprednisolona não se restringia a redução geral da inflamação, mas também por ação direta nos astrócitos inibindo sua ativação mas não o seu número (Liu et al., 2008). No presente trabalho, poderia se argüir que a manipulação dos animais e a própria submissão aos testes comportamentais poderia ter papel estressor aumentando os níveis plasmáticos de corticosteróides, entretanto, como esses níveis não foram mensurados é difícil garantir que isso tenha ocorrido. De qualquer modo, como todos os grupos experimentais foram submetidos aos mesmos testes comportamentais e o estudo de Sousa et al. (1997) revela que o número de astrócitos permanece inalterado em animais adultos adrenalectomizados, teria que se argüir para explicar os resultados que os níveis de cortisol após os testes teriam que ser diferentes em jovens e velhos ou que a plasticidade astrocítica no velho em resposta ao cortisol estaria diminuída, impedindo a redução do número de astrócitos. Alternativamente poderia se pensar em uma diminuição do número de receptores para corticosteróides no giro denteado dos animais velhos com redução do impacto dos corticosteróides sobre o giro denteado. Esse mesmo racional pode ser aplicado 47 às diferenças entre os ambientes. Para investigar essas hipóteses seria interessante medir o cortisol plasmático e seus receptores nos astrócitos do giro denteado em todos os grupos experimentais. Tomados observações em anteriores conjunto, de que nossos achados o alojamento de são consistentes animais em com condições empobrecidas a partir do final do período de aleitamento pode impedir o desenvolvimento cognitivo normal (Spangler et al., 1994; Winocur 1998; van der Staay 2002) e que o ambiente enriquecido preserva-o (Petrosini et al., 2009). Esses achados parecem estar relacionados à plasticidade astroglial observada na camada molecular do Giro Denteado, dependente de atividade sensoriomotora e cognitiva, sugerindo que tais mudanças seletivas façam parte dos circuitos que garantem a melhora e a manutenção do desempenho em tarefas de aprendizado e memória no cérebro de fêmeas de camundongos velhos da variedade Suíça albina. Em conexão com essa hipótese, recentemente foi se acumulando evidência de que as células astrogliais participam ativamente na transmissão sináptica neuronal e potenciação de longa duração (do inglês “long term potentiation”, LTP), tendo sido demonstrado que uma resposta semelhante à LTP foi detectada nos astrócitos associados às sinapses astrocíticas da via perfurante. Essa resposta foi obtida subseqüente à estimulação de alta freqüência em fatias hipocampais requerendo como condição a ativação do receptor do NMDA dos astrócitos para sua indução. A presença desses receptores nos astrócitos foi confirmada pelo registro de correntes seletivas em canais a ele associados, assim como, pela identificação de RNA mensageiro envolvido com sua síntese (Zhang et al., 2009). Assim, o fato de termos encontrado a camada molecular como sítio preferencial da plasticidade astroglial dependente de experiência, sendo essa camada ao mesmo tempo um dos alvos mais densos da via perfurante (van Groen et al., 2002) corrobora a hipótese de que os astrócitos podem estar desempenhando papel importante na modulação dos circuitos locais daquela camada e que sua contribuição pode ser importante para a consolidação da memória semelhante à episódica. 48 6. CONCLUSÃO O objetivo do presente trabalho era de investigar em fêmeas de nove ou 23 meses de idade da variedade Suíça albina o impacto do ambiente empobrecido e do envelhecimento: 1) sobre a memória de objeto realizando o teste para a memória semelhante à episódica e para o aprendizado e a memória espacial no labirinto aquático de Morris. 2) sobre o número e a distribuição laminar e regional dos astrócitos do giro denteado. 3) sobre a morfologia de astrócitos na camada molecular do giro denteado. Os resultados do presente estudo demonstram pela primeira vez que a estimulação sensoriomotora e cognitiva de longa duração e mantida durante toda a vida preserva a capacidade de camundongos fêmeas da linhagem Suíça albina de integrar e lembrar de informações acerca do lugar, da forma e do momento em que um determinado objeto lhe é apresentado. Confirmam igualmente descrições anteriores de que o ambiente enriquecido melhora a capacidade de aprender e lembrar a posição de uma plataforma escondida no teste do labirinto aquático de Morris. Sugerem que o aumento do número de astrócitos na camada molecular do giro denteado parece estar associado, pelo menos em parte, aos efeitos induzidos pela estimulação sensoriomotora e cognitiva aumentadas e permanentes do ambiente enriquecido, enquanto que na camada polimórfica esse efeito parece estar associado ao envelhecimento exclusivamente. Como a astrocitose foi o elemento comum entre as estimativas numéricas realizadas nos animais velhos do ambiente enriquecido e do empobrecido e que houve um efeito aditivo na camada molecular dos animais do grupo enriquecido/velho, sugerimos, portanto, que a redução da plasticidade glial pode responder, pelo menos em parte, pelas alterações associadas ao declínio de memória espacial durante o envelhecimento de animais mantidos em ambiente empobrecido. Finalmente não temos como explicar o paradoxo da maior retração dos processos astrocíticos dos animais mantidos em ambiente enriquecido o que vai requerer estudos complementares detalhados. 49 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBAYRAM, O., et al. Role of CB1 cannabinoid receptors on GABAergic neurons in brain aging. Proc Natl Acad Sci U S A, 108: 11256-11261, 2011. ACSADY, L., KAMONDI, A., SIK, A., FREUND, T. & BUZSAKI, G. "GABAergic cells are the major postsynaptic targets of mossy fibers in the rat hippocampus." 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Diniz1 1 Universidade Federal do Pará -UFPA, Instituto de Ciê ncias Biológicas, Laboratório de Investigações em Neurodegeneração e Infecç ã o, Hospital Universitá rio Joã o de Barros Barreto, Brazil 2 Universidade Federal do Pará -UFPA, Curso de Licenciatura em Ciê ncias Biológicas, Instituto de Estudos Costeiros, Campus de Bragança, Brazil 3 Universidade do Estado do Pará -UEPA, Centro de Ciê ncias Biológicas e da Saú de CCBS, Belé m, Pará , Brazil 4 Department of Biochemistry, Trinity College I n s t i t u t e of Neuroscience, Trinity College, Dublin 2, Ireland 5 Southampton Neuroscience Group, S c h o o l of Biological Sciences, University of Southampton, Southampton SO16 7PX, UK 6 Instituto Evandro Chagas, IEC, Departamento de Arbovirologia e Febres Hemorrá gicas, Ananindeua, Pará , Brazil Keywords: albino Swiss mice, enriched environment, impoverished environment, memory Abstract Environmental and age-related effects o n learning and memory were analysed and compared with changes observed in astrocyte laminar distribution in the dentate gyrus. Aged (20 months) and young (6 months) adult female albino Swiss mice were housed from weaning either in impoverished conditions or in enriched conditions, and tested for episodic-like and water maze spatial memories. After these behavioral tests, brain hippocampal sections were immunolabeled for glial fibrillary acid protein to identify astrocytes. The effects of environmental enrichment on episodic-like memory were not dependent on age, and may protect water m a z e spatial learning and memory from declines induced b y aging or impoverished environment. In the dentate gyrus, the number of astrocytes increased with both aging and enriched environment in the molecular layer, increased only with aging in the polymorphic layer, and was unchanged in the granular l a y e r . We suggest that long-term experience-induced glial plasticity by enriched environment may represent at least part of the circuitry groundwork for improvements in behavioral performance in the aged mice brain. Introduction The environmental conditions under which animals are reared affect subsequent cognitive performance (Kempermann et al., 1997; Duffy et al., 2001; Teather et al., 2002). An enriched environment has been defined as that which offers social interactions with conspecifics and stimulation of exploratory and motor behavior with periodic changes in the variety of toys, ladders, tunnels, ropes, bridges and running wheels for voluntary physical exercise. In contrast, an impoverished environment offers standard cages with reduced sensorial, motor and cognitive stimulation (van Praag et al., 2000). Compared with those reared in impoverished environments, rodents reared in enriched environments exhibit increases in brain size and weight, the number of neurons in the dentate gyrus, the number and area of synapses, the number and density of dendritic branches, and the production of neurotrophic factors (Rosenzweig & Bennett, 1996; Kolb & Whishaw, 1998; van Praag et al., 2000; Rampon & Tsien, 2000). Correspondence: Dr C. Wanderley Picanç o Diniz, as above. E-mail: [email protected] Studies of environmental effects on brain plasticity have focused on altered neuronal morphology; however, substantial morphological changes have also been shown to occur in glial cells (Sirevaag & Greenough, 1991; Komitova et al., 2002), and the first report to describe glial multiplication associated with enriched environment was published in 1964 using autoradiography (Altman & Das, 1964). Integrated studies involving aging, environment and glial changes have recently become popular because astrocytes are implicated in a number of local hippocampal regulatory processes that affect learning and memory (Junjaud et al., 2006; Magistretti, 2006; Mothet et al., 2006; Todd et al., 2006; Perea & Araque, 2007). Indeed, in the murine hippocampus, astrocytes are by far the most numerous of glial cells, and several studies have revealed age-related increases in astrocytes (Pilegaard & Ladefoged, 1996; Long et al., 1998b; Mouton et al., 2002). In the rat hippocampus, it was shown that astrocytes were smaller in size and number in aged rats raised in enriched environments compared with age-matched controls (Soffie et al., 1999). On the other hand, astrocytes in the CA1 region of adult mice raised in an enriched environment presented similar numbers, but longer and more ramified branches, than the controls housed in standard cages (Viola Received 28 January 2010, revised 8 April 2010, accepted 26 April 2010 The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd 2 D. G. Diniz et al. et al., 2009). It has been previously suggested that astrocytes exhibit transient responses to the individual’s stress history rather than longterm adaptive responses to differential effects of rearing in complex or laboratory cage environments (Sirevaag & Greenough, 1991). These and other data (Chadashvili & Peterson, 2006; Billard & Rouaud, 2007) demonstrate that we lack understanding regarding associations between non-neuronal plasticity and the effects of environment and aging (Markham & G r e e n o u g h , 2004). Many q u e s t i o n s r e m a i n unresolved, including the quantitative relationships between changes in morphology and behavior and between changes in astrocyte number and environment and aging-related factors. Indeed, no studies have reported simultaneous (unbiased) measurements of the number of dentate gyrus astrocytes and assessments of behavior in murine models of aging raised in different environments. In the present report, we assessed the integrated memories of young adult (6 months) and aged (20 months) mice raised in either enriched or impoverished environments, and we investigated whether affected memories were correlated with changes in the number of astrocytes in the dentate gyrus. Open field habituation Each day, mice were placed in the arena, free of objects, for 5 min to explore the open field. Object habituation Each day, mice were exposed to two identical objects placed at the corners of the arena for 5 min, three times, with 50 min in between. These objects were not used on the test days. Testing The episodic-like memory test was administered once for each mouse. In order to minimize the influence of natural preferences for particular objects or materials, we chose objects of the same material, with different geometries that could be easily discriminated, and similar access for interaction (Dere et al., 2005a). All objects were made of plastic with different shapes, heights and colors. Before each mouse entered the arena, the box and objects were cleaned with 75% ethanol to minimize distinguishing olfactory cues. Episodic-like memory test Materials and methods Subjects and experimental groups Seventy-one albino Swiss female young adult (6 months) and aged (20 months) mice were housed from weaning in enriched conditions (EC, n = 27) or impoverished conditions (IC, n = 29). These formed four experimental groups: enriched environment, young adults (EY, n = 12); impoverished environment, young a d u l t s ( IY, n = 13); enriched environment, aged adults (EA, n = 15); and impoverished environment, aged adults (IA, n = 16). EC comprised two-level wire cages (100 50 100 cm), equipped w i t h r o p e s , r o d b r i d g e s , tunnels, running wheels and toys. Toys were made of different forms of plastic, wood and metal of different colors, and were changed periodically. Each EC cage housed 12–15 young and aged mice. Water and food were delivered to the top and bottom levels, respectively. This obliged mice to move from one compartment to another for drinking and eating. IC comprised plastic cages (32X39X100 cm) without equipment or toys. Each IC cage housed 12–13 young and aged mice. All mice had free access to water and food. In addition, 12-h dark and light cycles were maintained. Behavioral tests were given during the light cycle. Behavioral procedures We used the episodic-like memory test to assess integrative memories (Dere et al., 2005a), and a long-term water maze test to assess learning and spatial memory (Morris, 1984). All young adult (EY and IY) and aged (EA and IA) mice were used in both tests. The apparatus for the episodic-like memory test consisted of an open box (30X30X40 cm) made of painted white wood. The floor was painted with black lines to form nine squares (10X10 cm), and the luminance at the center of the cage floor was 2.4 cd ⁄ m2. Detailed protocols and the rationale for test choices were discussed elsewhere (Dere et al., 2005a, b). In brief, behavioral assays were performed after 12 days: 7 days to become accustomed to handling, 3 days for open field habituation, 2 days for object habituation, and then 1 day of testing. Handling Each day, mice were placed in the center of the arena for 1 min and then removed to their cages. A diagram of the episodic-like memory test is shown in Fig. 1. This test consisted of three trials: two 5-min sample trials and one 5-min test trial, with 50-min intervals between trials. In the first sample trial, four identical objects were presented. In the second sample trial, four different identical objects were presented. In the test trial, two objects from sample trial 1 (‘old’ objects) and two objects from sample trial 2 (‘recent’ objects) were presented. In addition, one object from the first sample trial was shifted to a new location (‘displaced’ object), but the objects from the second sample trial remained in the same places (‘stationary’ objects). It was expected that mice would spend more time with objects from the first sample trial (old objects) than those from the second sample trial (recent objects), and would show a preference for the ‘old, displaced’ object, a second preference for the ‘old, stationary’ object, and finally equal preferences for the ‘recent stationary’ objects. In the episodic-like memory test the exploration of an object was assumed when a mouse approached an object, the head was directed towards it, and the head was placed within 0–3 cm from the object. This definition required that each object be fixed to the apparatus floor, thus we chose heavy objects for interaction. The performance was defined as the percentage of time spent exploring one o b j e c t . To a c c o u n t f o r i n d i v i d u a l variab ilit y in e x p l o r a t o r y activity, the time spent with each object was normalized by the total exploration time for each individual. Detailed s t a t i s t i c a l procedures for episodic-like memory tests protocol were described elsewhere (Dere et al., 2005a). In brief, for the episodic-like memory test, the basic measure obtained from videoimages was the time a mouse spent during the test trial in explorations of the ‘old’, ‘recent’, ‘displaced’ and ‘stationary’ objects. The performance was the time of exploration for each object, expressed as a proportion (percentage) of the total time of exploration. Possible significant differences were also detected with the two-tailed t-test for dependent groups (Dix & Aggleton, 1999). Water maze test A different set of young (EY, n = 12; IY, n = 13) and aged (EA, n = 15; IA, n = 11) adult mice groups were trained in the water maze adapted for mouse dimensions. The circular pool and platform were 94 and 14 cm in diameter, respectively, and the platform was 1 cm below the water surface. To occlude the platform, the pool was filled with dark-blue water (22 ± 2 C) colored with a non-toxic dye. In each trial The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 Environment, aging, astrocytes and memory 3 Fig. 1. Top: diagram of the experimental designs for integrated tests (episodic-like memory). In the first sample (left panel), mice explored four identical objects (open circles) placed in the configuration shown. In the second sample (middle panel), mice explored four different identical objects (filled squares) placed in a different configuration. In the test trial (right panel), mice explored two objects from trial 1 (‘old’ objects; open circles), one placed in its former position (stationary) and one in a new position (displaced); and two objects from trial 2 (‘recent’ objects; filled squares), both placed in their former positions (stationary; modified from Dere et al., 2005a). Bottom: results from episodic-like memory tests. Values on the y-axes represent the time of exploration for each object as a percentage of the total time of exploration. Labels on the x-axes indicate experimental groups. Bars indicate average values ± SEM for the indicated groups. Filled and open bars represent different types of objects (displaced vs. stationary; old vs. recent). *Two-tailed t-test; P < 0.05. EC, enriched conditions; IC, impoverished conditions. the subjects were allowed 1.5 min to find the hidden platform; trials were separated by intervals of 90 s; the task was considered complete when animals found and remained on the platform for 5 s. The first day of water maze training was dedicated to adapting the animal to the aquatic labyrinth. In the remaining 7 days, animals were tested once per day in four trials. The learning rate ‘C ’ for the water maze was assessed by measuring four trials of escape latency and comparing results measured on the 1st and 5th test days. The ratio was denoted as C, the contrast index, calculated with the following equation: C = (L1 - L5) ; (L1 + L5) where L1 and L5 are the escape latencies or total distance traveled to find the platform measured on the 1st and 5th test days, respectively. The contrast index was used to normalize the learning curve to each individual’s performance, t h u s accounting f o r t h e variation in performances between individuals (Torres et al., 2006). Raw data were also included to illustrate individual performances in the water maze tests and compare with contrast values. We recorded escape latency, distance traveled, average swimming speed and trajectories for each mouse. All groups were compared using one-way anova, Bonferroni a priori test or two-way anova followed by Bonferroni post hoc tests, with differences between groups accepted as significant at a 95% confidence level (P < 0.05). All tests were recorded with a webcam, and images were analysed with a computer program to score the time spent interacting with objects and performance in the water maze (ANYMAZE tracking system, Stöelting). Computer analysis was performed off- line. Perfusion and histological procedures At the end of the water behavioral tests, all subjects were weighed and killed with an o verd ose of k e t a min e (100 mg ⁄ kg) a nd x yl a z in e (10 mg ⁄ kg; Konig Laboratories). They were then perfused transcar- dially with heparinized saline for 10 min, followed by an aldehyde fixative (4% paraformaldehyde in 0.1 m phosphate buffer, pH 7.2–7.4) for 30 min. All chemicals were purchased from Sigma (São Paulo, Brazil). After perfusion and craniotomy, the brains were removed and cut on a vibratome at a 70 lm thickness. One out of each five sections was used to detect glial fibrillary acid protein (GFAP) by free-floating immunohistochemistry. Free-floating sections were rinsed once in 0.1 m phosphate buffer, transferred to 0.2 m boric acid pH 9.0, heated to 65–70 C for 1 h, and then washed three times, 5 min each, in PBST (5%). The sections were incubated under constant shaking in a 1% hydrogen peroxide solution in methanol for 10 min, then rinsed twice, 2 min each, in 0.1 m PBS. The sections were then blocked with immunoglobulin for 1 h, according to the instructions for the Mouse- on-Mouse Immunodetection kit (M.O.M. kit, Vector Laboratories, The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 4 D. G. Diniz et al. USA). Blocking was followed by three washes, 2 min each, in PBS. Sections were incubated in a working solution of protein concentrate for 5 min, then incubated with monoclonal mouse anti-GFAP primary antibody (MAB360, CHEMICON Int, USA), diluted 1 : 800 in protein concentrate solution (M.O.M. kit), at 4 C for 3 days with continuous, gentle agitation. Next, the sections were washed three times, 2 min each, in PBS and incubated for 20 h with the biotinylated horse anti-mouse secondary antibody (M.O.M. kit), diluted 1 : 100 in PBS. After three washes, 2 min each, in PBS, sections were transferred to an avidin-biotin-peroxidase complex solution (ABC, Vector Laboratories, USA; 1 : 200) for 1.5 h, washed three times, 2 min each, in 0.1 m PBS, and processed with the glucose oxidase– diaminobenzidine–nickel method and peroxidase histochemistry (Shu et al., 1988). The reaction was interrupted after fine astrocytic branches were detected under the microscope. Sections were rinsed fo u r times, 5 min each, in 0.1 m PBS, mounted on gelatinized slides, dehydrated in alcohol and xylene, and coverslipped with Enthelan (Merck). Results Behavioral assays Episodic-like memory test Only young adult and aged mice from the enriched environment were able to integrate object recognition in a spatio-temporal context. The subjects from impoverished environments were unable to make the appropriate distinctions (Fig. 1). In the spatial memory component of episodic-like memory, young and aged subjects housed in EC spent, respectively, more time in the displaced than stationary objects (EY, 26.96 ± 2.37 vs. 12.37 ± 2.96, t11 = 3.98, P = 0.003; EA, 29.65 ± 3.81 vs. 18.33 ± 2.07, t13 = 2.29, P = 0.039). In the identity and temporal memory components, young and aged subjects housed in EC spent, respectively, more time in the old than recent objects (EY, 3 0 . 3 3 ± 1.96 v s . 12.37 ± 2.96, t 1 1 = 3.84, P = 0.004; E A , 26.00 ± 1.81 vs. 18.33 ± 2.07, t13 = 2.55, P = 0.024). Water maze spatial memory tests Photomicrographic documentation and processing Digital photomicrographs were taken with a digital camera (Microfire, Optronics, CA, USA) coupled to a Nikon microscope (Optiphot-2, NY, USA). Digital photomicrographs were processed with Adobe Photoshop 7.0.1 C.S.2 software (San Jose, CA, USA) for scaling and adjusting the levels of brightness and contrast applied to the whole image. The selected micrographs display representative sections from each experimental group in which the astrocyte number in each region of interest was closest to the mean value for that region. Microscopy and optical fractionator Details of the optical fractionator methodology, experimental parameters and results for each subject are described in online supplementary material (Tables S1–S6). In brief, we delineated at all levels in the histological sections the region and layers of dentate gyrus, digitizing directly from sections using low-power 3.2 objective on a Optiphot-2 microscope (Nikon, Japan) equipped with a motorized stage (MAC200, Ludl Electronic Products, Hawthorne, NY, USA). This system was coupled to a computer running Stereoinvestigator software (MicroBrightField, Williston, VT, USA) used to store and analyze x, y and z coordinates of digitized points. In order to detect and count unambiguously the objects of interest in the dissector probe, low-power objective was replaced by a 60· oil immersion planapochromatic objective (NIKON, NA 1.4) to count astrocytes. Area and objects of interest. The border between the polymorphic layer and the CA3 region was arbitrarily defined in horizontal sections with a straight line that connected the tip of the pyramidal cell layer of the CA3 with the two tips of the granular cell layer. CA3 pyramidal and dentate gyrus granular layers appeared as darker bands that were easily distinguished from the polymorphic layer. The straight line was used to distinguish the astrocytes of the CA3 from the astrocytes of the polymorphic l a y e r . All o t h e r layers of the dentate gyrus were conspicuously distinguished from each other, and individual astrocytes were promptly identified on the sections immunoreacted for GFAP. The water maze tested the impact of the environment and aging on the ability of an animal to learn and remember the position of a hidden platform. Figure 2A illustrates the results for the water maze performance in each experimental group, and the learning rate (contrast index) was based on escape latencies. The IY, EY and EA groups were able to learn and remember the position of the hidden platform, but the IA group did not learn the position of the platform. The tracking of the swimming trajectories at the 5th day in Fig. 2B revealed that an enriched environment improved the ability to devise a strategy for reaching the hidden platform in both young and aged groups. Figure 2C represents individual absolute values (black circles) and the average of daily distance (m) for each group (squares). Note that, related to the 1st day, IY and EY reduced significantly the traveled distance on the 3rd day (IY mean diff. = 2.28, P ≤ 0.01; EY mean diff. = 1.27, P ≤ 0.05), whereas EA and IA only in the 5th (mean diff. = 1.49, P ≤ 0.05) and 7th (mean diff. = 1.27, P ≤ 0.05) days, respectively. Two-way anova applied to the learning rate revealed that age (F1,45 = 14.71, P = 0.0004) and environment (F1,45 = 4.61, P = 0.037) affected the performances in the water maze, with no interaction between those variables (F1,45 = 0.12, P = 0.73; Bonfer- roni post hoc tests, P > 0.05). Regions and object of interest: stereological assessment The optical fractionator principles were applied to immunolabeled sections to quantify the GFAP astrocytic marker; thus, we estimated the total number of astrocytes in the molecular, granular and polymorphic layers of the dentate gyrus. Figure 3 i s a p h o to mi c ro gr ap h to illu strate objects of i n t e r e s t (GFAP-labeled astrocytes) of molecular, granular and polymorphic layer of dentate gyrus. Note the different morphologies of astrocytes in the different layers. Figure 4 shows low- and medium-magnification photomicrographs of representative horizontal sections from the dentate gyrus and hippocampus of all experimental groups. Pictures are inverted to negative contrast to improve t h e v i s u a l i z a t i o n o f t h e a s t r o c y t e distribution in the layers of interest. The dentate gyrus granular layer and pyramidal cell layer of CA1 and CA3 (boxed areas) appear as dark bands of low astrocytic density located between the molecular and the polymorphic layers of the dentate gyrus, and between the oriens and radiatum of CA1 and CA3 layers, respectively. All layers The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 Environment, aging, astrocytes and memory 5 Fig. 2. Results from the water maze test. (A) The y-axes indicate the learning rate [C = (L1) L5) ⁄ (L1 + L5)] between the 1st and 5th test days for escape latency. Note that IA did not reduce escape latency whereas all other groups presented significant learning. Overall, EY showed a higher learning rate than all other groups. (B) Swimming trajectory tracks based on the average for each experimental group; the small circles in the upper left-hand quadrants represent the hidden platform. (C) Absolute values (black circles) of daily distance (m) traveled of each subject; white squares represent the average of the experimental group. Significant reductions of total traveled distance were observed on the 3rd, 5th and 7th days for young (EY, IY), EA and IA, respectively. * and # indicate significant differences in comparison to all other groups (two-way anova, P < 0.05) (one-way anova, P < 0.05, Bonferroni a priori test). IA, impoverished environment, aged mice; EA, enriched environment, aged mice; IY, impoverished environment, young mice; EY, enriched environment, young mice. Fig. 3. Low- and high-magnification photomicrographs of a horizontal section from the hippocampal dentate gyrus immunolabeled for GFAP (astrocytic marker) to indicate the object of interest (in black). The layers of interest are labeled in the figure as Gr, granular layer; Mol, molecular layer; Pol, polymorphic layer. The boxed areas in the low-magnification panel (bottom) are shown at higher resolution in the insets (top). Note the different morphologies of astrocytes in the different layers. Scale bar: 100 lm (low magnification); 50 lm (high magnification). The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 6 D. G. Diniz et al. Fig. 4. Low- and medium-magnification photomicrographs from hippocampus and dentate gyrus of representative horizontal sections of each experimental group immunolabeled for GFAP. GFAP-labeled cells appear white in negative contrast. The objects of interest were the astrocytes of dentate gyrus layers indicated as Gr, granular; Mol, molecular; Pol, polymorphic. In the boxed areas the dentate gyrus (DG), CA1 and CA3 are indicated. Note that the lacunosum molecular layers of CA1 and CA3 near the hippocampal fissure show higher expression of GFAP in IA, EY and EA groups, whereas the polymorphic layers show higher expression of GFAP in the IA group. LMol, lacunosum molecular layers; Or, oriens; Rad, radiatum. IA, impoverished environment, aged mice; EA, enriched environment, aged mice; IY, impoverished environment, young mice; EY, enriched environment, young mice. Scale bars: 250 lm. of the dentate gyrus, regions of interest to the stereology assessment, were easily distinguished in all counted sections of all experimental groups. Thus, we established the limits o f in t er e st between the counted layers with no ambiguity. The medium-magnification pictures illustrate typical astrocytes of different layers and give a small sample of the morphological diversity among these cells in the dentate gyrus of albino Swiss mice. Note that the lacunosum molecular layer of CA1 and CA3 near the hippocampal fissure (boxed areas) revealed the higher expression of GFAP in IA, EY and EA groups, whereas the polymorphic layer present the higher expression of GFAP in the IA group. Although to a lesser extent, EC subjects, in comparison with IC, present higher expression of GFAP in the stratum lucidum of CA3. Supporting Tables S4–S6 in the online supplementary material contain the estimations of the total numbers of astrocytes of the molecular, granular and polymorphic layers of the dentate gyrus for each experimental group. Direct comparative analysis of those values indicated that the molecular layer was affected by both long-term environmental and aging conditions. A higher number of astrocytes was induced by an enriched environment compared with those induced with aging. Indeed, the average differences induced by environmental changes in groups EY vs. IY or EA vs. IA were 4819 and 6177 astrocytes, respectively. In contrast, the differences induced by aging in groups EA vs. EY or IA vs. IY were 4507 and 3149 astrocytes, respectively. However, in the polymorphic layer, only aging induced environmental changes (IA vs. IY), with an average of 37% more astrocytes in the aged group compared with the young group. Finally, in the granular layer, neither environmental nor aging induced significant differences among groups. Figure 5 gives graphic representations of the total numbers of astrocytes in the molecular and polymorphic layers of the dentate gyrus; this facilitates a comparison of significant results. On average, aged mice from the enriched environment exhibited higher numbers of astrocytes in the molecular layer than young mice housed in a similar environment. Aging and enriched environment seem to promote an additive hyperplasia of astrocytes in this layer (Fig. 5A). Indeed, the estimations of the astrocytes number in the molecular layer of the dentate gyrus r e v e a l e d significant d i f f e r e n c e s i n d u c e d by age (F1,16 = 9.24, P = 0.0071) and environmental (F1,16 = 12.04, P = 0.0027) changes, but no interactions among these variables (F1,16 = 0.45, P = 0.51). In contrast, the polymorphic layer was only affected by a g i n g with a higher number of astrocytes in a g e d compared with young subjects ( one-way a n o v a , F 3 , 1 9 = 3.26, P ≤ 0.05; Fig. 5B). When two-way anova was applied to the total number of astrocytes of the dentate gyrus, it was found that enrichment affected significantly the results (F1,16 = 6.22, P = 0.024), whereas aging revealed only a tendency in the same direction (F1,16 = 4.24, P = 0.056). Although a significant increase in the total number of dentate gyrus astrocytes was only affected by environment, two-tailed t-test revealed significant differences (t8 = 2.54, P = 0.035) between the estimations of IA and IY subjects. In all cases, the variance introduced by methodological procedures was less than 50% of the observed group variance, giving a ratio of CE2 ⁄ CV2 < 0.5 (Slomianka & West, 2005). The biological variation represented 77–99.6% of the total variation. Figure 6 illustrates average behavioral performances in the episodic-like memory test and the number of astrocytes in the molecular The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 Environment, aging, astrocytes and memory 7 Fig. 5. Graphic representation of the average values of the estimations of astrocyte number in (A) the molecular layer and (B) the polymorphic layer of the dentate gyrus. Note the additive effects of enriched environment and aging on the number of astrocytes in the molecular layer, and the effect of aging, but not environment, on the number of astrocytes in the polymorphic layer. * and # indicate significant differences in comparison to all other groups, two-way anova, Bonferroni, P < 0.05. * in brackets indicates significant difference between IY and IA, two-way anova, Bonferroni P < 0.05. IA, impoverished environment, aged mice; EA, enriched environment, aged mice; IY, impoverished environment, young mice; EY, enriched environment, young mice. Layer of the dentate gyrus of the same subjects from different experimental groups. We defined as 70% the minimal acceptable difference in the time of exploration between the objects to indicate that the object recognition had occurred. The dotted line in the figure points to this level, indicating that on average IA subjects did not reach the criteria. Note that the average values of discrimination index reproduced in the selected subjects for counting, the same tendencies observed in the water maze and episodic-like memory tests. However, we did not find a simple correlation between the astrocytes numbers and episodic-like memory performances. Discussion The results of the present study demonstrated that a 24 h ⁄ day complex environmental enrichment had differential effects on the number of astrocytes in the dentate gyrus and on the performances in episodiclike and water maze memory tests among young and aged female albino Swiss mice. After 20 months, mice reared under IC exhibited cognitive dysfunctions in both tests. After 6 months, mice reared under IC also exhibited changes in the performances in episodic-like memory and water maze tests. In contrast, continuous environmental enrichment, beginning early in life (21st postnatal day), induced astrocyte hyperplasia in the molecular layer, preserved episodic-like memory and reduced the impact of aging on the Morris water maze spatial memory. Taken together the results suggested that different degrees of laminar astrocytosis were induced in the murine dentate gyrus by environmental and aging conditions. It also suggests that an enriched environment may protect against abnormal cognitive development and cognitive decline due to aging. Because aged subjects raised in EC had improved memories compared with those raised in IC, we speculate that the astrocytosis detected in these conditions may arise from different astrocytic phenotypes. Cognitive performances of adult C57Bl ⁄ 6 mice were previously assessed with an integrative episodic-like memory test (Dere et al., 2006). Ad ult, but not aged, albino Swiss mice were p r e v io u s l y The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 8 D. G. Diniz et al. Fig. 6. Graphic representation of the average values of episodic memory-like test (right y-axis) and number of astrocytes in the molecular layer of the dentate gyrus (left y-axis) of five subjects of each experimental group. Points above 70% (dotted line) indicate the experimental group that completed the object recognition task. Note that there is no simple correlation between the number of astrocytes and behavioral performances. IA, impoverished environment, aged mice; EA, enriched environment, aged mice; IY, impoverished environment, young mice; EY, enriched environment, young mice. investigated for spatial memory and learning (Koopmans et al., 2003; Rao et al., 2005; Prediger et al., 2007), but not for episodic-like memory. Thus, the present report is the first evidence in young adult albino Swiss mice that integrative episodic-like memories and, to a lesser extent, water maze learning and memory (Morris, 1984) are especially susceptible to deterioration after living in an impoverished environment for 6 months or more. In addition to the behavioral studies, we analysed the effects of environment and aging on astroglial plasticity in the hippocampal dentate gyrus with an optical fractionator. Acquisition and retrieval of spatial information are hippocampaldependent tasks that can be impaired by structural ⁄ functional changes induced by aging (Riedel et al., 1999; D’Hooge & De Deyn, 2001). Spatial memory decline has been associated with age-related changes in the brain regions involved with spatial l e a r n i n g , e.g. the hippocampal formation (Teather et al., 2002; Frick & Fernandez, 2003; Rosenzweig & Barnes, 2003). In the present report, the water maze tests revealed that IA subjects did not exhibit an ability to learn and remember the position of a hidden platform; in contrast, IY, EY and EA individuals did exhibit these abilities, albeit to different extents. We did not find any significant differences in swimming speeds between young and aged mice in either the IC or the EC groups; this suggested that cognitive decline, rather than physical differences, was more likely to explain the differences in performance in the water maze task. Another way to interpret these results could be that the differences in the performances of the young group (EY and IY) in comparison with the aged group (EA and IA) were due to the fact that they started out with different distances traveled (Fig. 2B). However, when a normalized relative scale expressed as an index of learning rate (see Materials and methods) is applied to each animal (Fig. 2A), it becomes evident that on average the learning rate is higher in EY and IY in comparison with EA and IA. Indeed, EY and IY presented significant differences in the escape latency at the 3rd day, whereas EA and IA only at the 5th and 7th day, respectively. In agreement, two-way anova confirmed that both environment and aging affected MWM performances. It has previously been confirmed that episodic-like memory in rats and mice is a hippocampal-dependent task, as it is selectively disrupted by fornix lesions, by lesions of the dorsal and ⁄ or ventral hippocampus, by disruption of the CA3 network, or by hippocampal infusion of N-methyl-d-aspartate (NMDA) and a-amino-3-hydroxy5-methyl-4-isoxazolepropionic acid (AMPA) receptor antagonists (Daumas et al., 2004; Eacott & Norman, 2004; Ergorul & Eichenbaum, 2004; Bast et al., 2005; Li & Chao, 2008). We detected episodic-like memory impairments in both young adult and aged mice raised in IC; thus, we reasoned that the hippocampus could be an important target for the pathophysiological changes associated with IC in female albino Swiss mice. Each hippocampal region contains a distinct population of neurons that express unique molecular profiles (Zhao et al., 2001), and the dentate gyrus seems to be particularly sensitive to age-related changes (Small et al., 2004). Therefore, we speculate that spatial memory deficits in young adult mice may have different pathophysiological mechanisms than those in aged mice, and that both are additive to the influences of an impoverished environment. Indeed, when young adult and aged mice raised in IC were tested for spatial memory and learning with the water maze paradigm, the young adults were able to learn and remember the position of the hidden platform after five training days, but the aged mice were unable to complete the test at this time point. These results suggested that, after 6 months of IC, the hippocampal requirements for spatial learning in young mice could be reactivated with training. As expected, memory capabilities became worse when advanced age was combined with an impoverished environment; under these conditions, learning and memory at the Morris water maze took 7 days to become significant, but all types of episodic-like memories d e t e r i o r a t e d . In c o n t r a s t , a g e d mice t h a t g r e w u p i n enriched environments exhibited relatively unimpaired learning and memory in all memory tests. This suggested that the consolidation and retrieval mechanisms for these memories were spared under enriched environmental conditions. Dentate gyrus astrocytes, impoverishment, aging and cognitive decline The pathophysiological bases for memory impairments have not yet been completely elucidated, but the impact of enriched environment on glial cells has been previously described (Altman & Das, 1964). In this context the main novelty of the present work is the inclusion of aged mice and the description of how regional gliogenesis changes with aging. The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 Environment, aging, astrocytes and memory 9 In that light, it is interesting to discuss possible connections between the q u a n t i t a t i v e astrocytic response and t h e cognitive p rotection observed with environmental enrichment in the present report. Our stereological analysis of hippocampal sections from IC aged mice revealed hyperplasia of astrocytes compared with equivalent sections from IC young adults. These differences were associated with a striking cognitive decline in IC aged mice. In contrast, EC aged mice exhibited a h i g h e r n u mb e r of a s t r o c y t e s in the m o l e c u l a r layer compared with IC aged mice. Interestingly, EA subjects exhibited the ability to form integrated memories in the spatio-temporal context and learned to find and remember the position of the hidden platform in the water maze test. Accordingly, the analysis of the water maze test video revealed that there was a gradient between the EY (who exhibited the best learning rate) and IA (who exhibited no learning) mice. This was evidenced by the intermediate performances of IY and EA individuals. However, the molecular layer of the dentate gyrus was additively affected by both environment and aging; thus, we speculate that astrocytosis induced by environmental enrichment may have a different functional role than that induced by aging. Indeed, it has been demonstrated more recently that astroglia induces neurogenesis from adult neural stem cells (Song et al., 2002), and that astrocytes regulate synapse formation (Mauch et al., 2001; Ullian et al., 2001) and modulation (Haydon, 2001), confirming an active rather than supportive role for astrocytes in adult brains. In addition regional specificity to these cells with distinct subtypes regulating different functions in different regions has been described. For example, Song et al. (2002) found regional differences in astrocytes in neurogenic (dentate gyrus) vs. nonneurogenic (spinal cord) areas. In this context we may interpret that it is possible that different phenotypes of astrocytes in different layers of dentate gyrus may increase selectively as a consequence of enrichment and aging. In line with this view, the presence of synaptic potentiation via astrocytic glutamate exocytosis at the entorhinal-to-dentate granular cells (perforant pathway) has been described in the dentate molecular layer. By this mechanism astrocytes participate in synaptic tuning in circuits involved in cognitive processing and the control of the mossy fiber-to-CA3 synaptic input (Jourdain et al., 2007). This interpretation would predict more conspicuous changes in the lacunosum molecular layers of CA1 and CA3, target of dense bilateral projections from entorhinal cortex through perforant pathways (van Groen et al., 2003). Indeed, semi-quantitative analysis of astrocyte distribution in CA1 and CA3 of enriched and aging experimental groups (boxed areas of Fig. 5) revealed a much higher expression of GFAP in the stratum lacunosum molecular layer of CA1 and CA3. These data are consistent with the hypothesis that the lacunosum molecular astrocytes may have an important role in synaptic plasticity, and that the experiencedependent GFAP increasing induced by enrichment may be contributing through enhancing this plasticity. Conversely, even in the absence of neurological disease, a more reactive phenotype of astrocyte is expressed during aging as part of an increased a n d m a i n t a i n e d p r o -inflammatory profile t h a t m a y b e associated with cognitive dysfunction; for review, see Godbout & Johnson (2009). We suggested that IC aged subjects may express higher n u m b e r s o f pro-inflammatory phenotypes t h a n t h e a g e d subjects housed in EC. Morphological 3D reconstructions of astro- cytes presently on course in our lab will try to investigate possible morphometric distinctions between enrichment- and aginginduced astrocytes changes. The notion that aging and impoverished environments may cause similar cellular and molecular alterations in the hippocampus is supported by another study that showed that two nutritional supplements, CDP-choline and uridine monophosphate, prevented spatial memory impairments in both young IC and aged control Sprague– Dawley rats (Teather & Wurtman, 2005, 2006). In the present report, we detected differential effects of impoverished environments on the memories of young adult and aged mice. Furthermore, different effects were observed in different layers of the dentate gyrus; in the molecular layer, aging and impoverished environment induced additive astrocytic hyperplasia; in the polymorphic layer, aging induced hyperplasia; and, in the granular layer, neither aging nor environment affected the number of astrocytes. Thus, non-neuronal plasticity was differentially associated with experience in different parts of the laminar circuitry. However, because we did not find any simple correlation between the estimations of astrocytes and behavioral performances, quantitative connections between those variables remain open for further investigations. Indeed, the stereological data of the present report are based on five subjects, making it difficult to correlate the behavioral performances with astrocytic changes. Although a significant increase in the total number of dentate gyrus astrocytes was only observed in young mice raised in EC vs. IC, statistical analysis revealed a tendency of a higher number of astrocytes in IA in comparison to IY subjects (two-way anova, F = 4.24, DFn = 1, DFd = 16, P = 0.056). This fact is coherent and reproduces p r e v i o u s reports t h a t demonstrated the presence o f astrocytosis in the dentate gyrus in aged mice (Mouton et al., 2002; Lei et al., 2003). A future e x t e n s i o n o f t h i s s t u d y c o u l d b e t o establish, in longitudinal studies, quantitative correlations between pathophysio- logical changes in astrocytes of other regions of the hippocampus and behavioral performance. This would allow better resolution of the mechanisms of cognitive decline and brain plasticity related to aging. Non-stereological technical limitations Estimations of the number of astrocytes in the dentate gyrus of rats and mice have varied among studies (Nishimura et al., 1995; Pilegaard & Ladefoged, 1996; Long et al., 1998a; Mouton et al., 2002; Grady et al., 2003; Lei et al., 2003). These contradictions may result f r o m d i f f e r e n c e s i n e s t i m a t i o n methods, different animal lineages, variations in histological procedures, different stereological protocols, and ambiguities in the definition of the objects and areas of interest. To reduce these possible sources of error when comparing animal groups in the present report, all samples were obtained with the same tissue-processing protocols (perfusion, immunoreaction, dehy- dration, counterstaining and clearing), and all data were collected and analysed with the same stereological method, software and hardware. To detect possible variations in the criteria for identifying the objects of interest, we underwent checking procedures of the results by having different investigators count the same regions using the same monoclonal GFAP antibody as a selective marker for astrocytes. As a result, possible variations associated with non-biological sources were reduced to acceptable levels in the present report (Mouton et al., 2002; Slomianka & West, 2005). Hormones and astrocytes Apart from aging and environment, sexual hormones may change the number of glial cells in the dentate gyrus. In fact, aged C57Bl6J female mice presented 35% more astrocytes than age-matched males (Mouton et al., 2002). In the present report, aged females may have been depleted of estrogenic protection; thus, we reasoned that at least part of the astrocytosis might be related to estropause. In support of this reasoning, The Authors (2010). Journal Compilation ª Federation of European Neuroscience Societies and Blackwell Publishing Ltd European Journal of Neuroscience, 1–11 10 D. G. Diniz et al. ovariectomized female mice given an estrogenic replacement showed a reduced number of astrocytes in the dentate gyrus compared with an ovariectomized placebo group (Lei et al., 2003). Finally, astrocytic plasticity may be affected by corticosteroids, which inhibit astrocytic activation (Liu et al., 2008). In the present report, it could be argued that manipulation-induced stress during the behavioral tests might have altered the plasma corticosteroid levels, and this affected astrocytic plasticity. We did not measure plasma corticosteroid levels; therefore, we cannot exclude the possibility that different levels of corticosteroids might explain the results. However, behavioral tests were applied to all subjects of all experimental groups; thus, we can exclude the possibility that manipulation-induced stress might explain the results. Please note: As a service to our authors and readers, this journal provides s u p p o r t i n g i n f o r m a t i o n s u p p l i e d b y t h e authors. Such materials are peer-reviewed and may be re-organized for online delivery, but are not copy-edited or typeset by WileyBlackwell. Technical support issues arising from supporting information (other than missing files) should be addressed to the authors. Conclusion Abbreviations The results of the present study demonstrate for the first time within a single report that the effects of environmental enrichment on episodiclike memory are not dependent on age in female albino Swiss mice. Indeed, in the integrative tests, the performances of both young adult and aged mice were improved by enriched environments. Moreover, the water maze test revealed that early onset and long-term environmental enrichment may protect spatial learning and memory from declines i n d u c e d b y a g i n g o r environmental impoverishment. A quantitative analysis of the laminar distribution of the astrocytes in the d e n t a t e gyrus revealed that the molecular layer developed astrocytosis in response to both environmental enrichment and aging, but the polymorphic layer was altered only by aging. Because aging and enriched environment induced astrocytosis in the molecular layer of the dentate gyrus, it is a temptation to speculate that those two conditions may induce the proliferation of different astrocyte phenotypes. Finally, our work is consistent with previous reports that showed impoverished or enriched environments could prevent (Spangler et al., 1994; Winocur, 1998; van der Staay, 2002) or preserve (Petrosini et al., 2009), respectively, normal cognitive development. Taken together, our findings showed that early onset and extended environmental enrichment, with enhanced sensorimotor, cognitive and social stimulations, induced experience-dependent astrocytic plasticity in the molecular layer of the dentate gyrus. This glial plasticity may represent at least part of the circuitry groundwork for improvements in behavioral performance and maintenance of performance in the aged brain. Acknowledgements This project was sponsored by Brazilian Government research funds. Grant sponsor: Brazilian Research Council – CNPq; Grant number: 307749 ⁄ 2004-5 and 471077 ⁄ 2007-0 for C.W.P.D. and FINEP, Instituto Brasileiro de Neurociências – IBNnet. EC, enriched conditions; GFAP, glial fibrillary acidic protein; IC, impoverished conditions. References Altman, J. & Das, G.D. (1964) Autoradiographic examination of the effects of enriched environment on the rate of glial multiplication in the adult rat brain. Nature, 204, 1161–1163. 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