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Estudo de Caso de Geração Distribuída
Fotovoltaica de Pequeno Porte Conectada à
Rede de Distribuição
B. X. de Sousa e J. W. Nerys

Resumo--Aplicações de micro e minigeração distribuída, a
partir de fontes renováveis, destacam-se como alternativas
potencialmente viáveis para a autonomia energética de
consumidores e consequente redução no carregamento de redes
elétricas de distribuição. Nesse contexto, a fonte solar fotovoltaica
se apresenta como uma opção interessante para geração
distribuída de pequeno porte integrada às edificações urbanas
brasileiras. Apesar dessa tecnologia ainda apresentar custo de
geração elevado, sabe-se que já existe equivalência com as tarifas
residenciais cobradas por algumas concessionárias de
distribuição. Como estudo de caso, ao final do artigo, foi proposta
a instalação de um sistema fotovoltaico na envoltória de um dos
prédios da Escola de Engenharia Elétrica e de Computação da
Universidade Federal de Goiás. Apesar da inviabilidade
econômica apresentada, entende-se que a solução atende à
intenção educacional com a promoção da tecnologia solar
fotovoltaica aos alunos, professores e comunidade em geral.
Palavras-Chave --Conexão à rede, Energia Solar Fotovoltaica,
Geração Distribuída.
I.
INTRODUÇÃO
U
ma das variáveis para se definir um país como
desenvolvido é a facilidade de acesso da população aos
serviços de infraestrutura, como saneamento básico,
transportes, telecomunicações e energia. A energia é o fator
determinante para o desenvolvimento econômico e social ao
fornecer apoio mecânico, térmico e elétrico às ações humanas
[1].
Neste contexto se insere a geração distribuída renovável de
pequeno porte conectada à rede elétrica. Além de se tratar de
uma opção com reduzido impacto ambiental, promove a
eficiência energética, por meio de alivio de demanda, e a
relativa autonomia energética ao consumidor que se torna
parcialmente imune aos apagões.
Este trabalho aborda a viabilidade da geração fotovoltaica
distribuída de pequeno porte integrada às envoltórias das
edificações urbanas brasileiras. Esses sistemas se apresentam
potencialmente viáveis devido à abundância de irradiação
solar no território nacional, como, também, à similaridade
entre curvas diárias de irradiação e do comportamento de
José Wilson Lima Nerys é professor na Universidade Federal de Goiás (email: [email protected]).
Bruno Xavier de Sousa é Analista de Infraestrutura no Ministério de
Minas e Energia. (e-mail: [email protected]).
cargas com expressiva participação de equipamentos de ar
condicionado.
Como estudo de caso, foi proposta a instalação de um
sistema fotovoltaico integrado à envoltória de um dos prédios
da Escola de Engenharia e de Computação da Universidade
Federal de Goiás, no intuito de promover a divulgação da
tecnologia, em caráter educacional, como também a redução
do consumo energético da escola.
II.
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
A Geração Distribuída (GD) é definida como a modalidade
de geração de eletricidade que contempla a coincidência
espacial entre o ponto de geração e o ponto de carga,
conectada à rede elétrica de distribuição ou em sistemas
isolados.
Conforme definições propostas em [3], serão consideradas
neste trabalho as seguintes modalidades de geração distribuída
de pequeno porte:
- Microgeração Distribuída: Central geradora de energia
elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 kW,
conectada na rede de baixa tensão da distribuidora.
- Minigeração Distribuída: Central geradora de energia
elétrica, com potência instalada maior que 100 kW e menor ou
igual a 1 MW, conectada diretamente na rede da distribuidora,
em qualquer tensão.
Pequenos geradores conectados próximos às cargas podem
trazer diversos benefícios para o consumidor, dentre eles:
menor nível de oscilação da frequência e/ou tensão; maior
garantia do suprimento energético em situações de interrupção
no fornecimento de energia pela concessionária de distribuição
local; paridade tarifária, quando o custo de geração da fonte
instalada for equivalente ao custo da tarifa final paga pelo
consumidor à distribuidora.
Para o sistema elétrico, essa aplicação pode promover
diversos benefícios, dentre eles se destacam: redução de
perdas nas linhas de transmissão e distribuição; adiamento de
investimentos para expansão nas redes de transmissão e
distribuição, bem como de novas usinas de geração
centralizada; redução no carregamento das redes, contribuindo
para a segurança energética; promoção de baixo impacto
ambiental e provimento de serviços anciliares, como geração
de energia reativa.
No entanto, destacam-se algumas desvantagens no uso de
pequenos geradores distribuídos: aumento da complexidade de
2
operação da rede de distribuição, que passará a ter fluxo
bidirecional de energia; aumento da dificuldade para controlar
o nível de tensão da rede no período de carga leve; alteração
dos níveis de curto-circuito das redes; aumento da distorção
harmônica na rede; intermitência da geração, devido à
dificuldade de previsão de disponibilidade da fonte (radiação
solar, vento, água, biogás), assim como alto custo de
implantação que poderá representar tempo de retorno elevado
para o investimento [3].
III.
De acordo com [3], a proposta é que seja aplicado no Brasil
o sistema de compensação de energia (Net Metering),
conforme demonstrado na Fig. 1:
ASPECTOS REGULATÓRIOS
No Brasil, apesar dos incentivos concedidos para as fontes
alternativas renováveis, ainda não há uma regulamentação
especifica que beneficie agentes de micro e minigeração
distribuída conectada à rede.
O Ministério de Minas e Energia – MME atua no
desdobramento do plano de ação do Grupo de Trabalho de
Geração Distribuída com Sistemas Fotovoltaicos GT-GDSF,
instituído pela Portaria SPE/MME n 36, de 26 de novembro de
2008, para avaliar as possíveis adequações do marco legal e
regulatório, as políticas e planos que visam inserir a energia
solar fotovoltaica no portfólio energético nacional dentro do
contexto do Planejamento Energético.
A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL realizou
a Consulta Pública nº 015/2010, de 10/09/2010 a 9/11/2010, e
a Audiência Pública nº 42/2011, de 11/08/2011 a 14/10/2011
relativos à geração distribuída. Após análise das referidas
contribuições, a Agência deverá publicar uma resolução
normativa que pretende facilitar o acesso de pequenas centrais
geradoras, com até 1 MW de potência instalada e cuja fonte
energética seja incentivada (solar, eólica, biomassa, hídrica e
cogeração qualificada) para conexão em baixa ou média
tensão.
Diversos mecanismos têm sido adotados em outros países a
fim de promover a microgeração e minigeração distribuída,
proveniente de fontes renováveis, conectada a rede, dentre eles
se destacam:
- Tarifa Feed-in: compreende a modalidade de incentivo por
meio de pagamento de tarifa diferenciada às centrais geradoras
que utilizam fontes renováveis de energia. Esse mecanismo é
aplicado por meio de contratos de longo prazo (10 a 20 anos).
- Quotas: definido como uma obrigatoriedade estabelecida ao
agente distribuidor para contratação de uma parcela de energia
proveniente de tais fontes.
- Net Metering: compreende a modalidade de cobrança ou
criação de crédito à unidade consumidora, baseada no
resultado entre a parcela de energia consumida e a injetada na
rede da concessionária, por meio do uso de medidores
bidirecionais.
- Certificados de Energia Renovável: o agente gerador recebe
um certificado que atesta a expectativa de energia a ser
produzida. Esses certificados atestam o beneficio ambiental
promovido por tais empreendimentos. Deste modo, se
traduzem em fonte de receita ao empreendedor que poderá
comercializá-los com empresas que pretendem atender às
metas ambientais de seus países, no tocante à emissão de gases
de efeito estufa.
Fig. 1. Topologia padrão para o sistema Net Metering [3].
IV.
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
Além de tratar-se de uma solução renovável com impacto
ambiental reduzido, no Brasil a fonte solar fotovoltaica se
apresenta como uma importante alternativa para micro e
minigeração distribuída conectada a rede, devido à
considerável disponibilidade de recurso energético solar e à
presença de uma das maiores reservas mundiais de silício.
O efeito fotovoltaico ocorre em dispositivos conhecidos
como células fotovoltaicas. Estas células são componentes
optoeletrônicos que convertem diretamente a radiação solar
em eletricidade. São basicamente constituídas de materiais
semicondutores, sendo o silício o material mais empregado [4]
O potencial de energia solar fotovoltaica no Brasil é
consideravelmente superior ao consumo total de energia
elétrica do país. Em uma análise hipotética, se o lago de Itaipu
fosse coberto de módulos solares fotovoltaicos de filmes finos,
seria possível gerar o dobro da energia gerada pela Usina de
Itaipu, ou o equivalente a 160 TWh em um ano [8].
Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar [5], os valores
de irradiação solar global incidente em qualquer região do
território brasileiro são superiores aos da maioria dos países da
União Européia, como Alemanha, França e Espanha. Os
valores máximos de irradiação solar são observados a oeste da
região Nordestina, incluindo parcialmente o norte de Minas
Gerais, o nordeste de Goiás e o sul de Tocantins.
A Fig. 2 exibe o mapa solarimétrico brasileiro,
considerando a média anual da irradiação solar diária
incidente sobre um plano com inclinação igual à latitude do
ponto geográfico em consideração.
Pode-se verificar que o Estado de Goiás apresenta uma
média anual de irradiação solar entre 2100 a 2200
kWh/m2/ano, demonstrando considerável potencial para
geração solar fotovoltaica.
3
VI. SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS A REDE NO
BRASIL
A geração distribuída fotovoltaica no Brasil ainda é
incipiente, mas já chama a atenção de grandes investidores
devido ao grande potencial encontrado no país. Em 2009, 29
unidades estavam em operação (157 KWp), sendo a maioria
instalada em centros de pesquisa e Universidades, com
finalidade de pesquisa e desenvolvimento [7].
Constam no Banco de Informação de Geração [2], apenas
oito registros de empreendimentos fotovoltaicos conectados a
rede, totalizando 1.494kW instalados. Dentre eles, se destaca a
maior usina fotovoltaica brasileira: Tauá, no município de
Tauá – Ceará, com capacidade instalada de 1MW e formada
por 4.680 painéis fotovoltaicos.
VII.
Fig. 2. Mapa do total anual de irradiação inclinada (inclinação igual à latitude
local), em kWh/m2/ano [11].
V.
PARIDADE TARIFÁRIA
Conforme dados da ANEEL [3], mostrados na Fig. 3, a
equivalência entre a tarifa residencial, paga pelo consumidor
final, e o custo médio estimado para geração fotovoltaica (500
a 600R$/MWh) pode ser verificada nas áreas de concessão de
algumas distribuidoras de energia elétrica.
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES
De acordo com Rüther [8], painéis fotovoltaicos
comercialmente disponíveis no mercado atendem às
exigências físicas e estruturais de revestimento, apresentando
versatilidade em termos de tamanhos, formas e montagem,
além de cumprir com elevado padrão de esteticidade.
Adicionalmente, quando utilizados como elementos
arquitetônicos integrados a edificações, desde a concepção do
projeto original, apresentam a vantagem econômica de
substituir vidros, mármores ou outros elementos decorativos e
de revestimento, diminuindo, assim, o custo final da
instalação.
A utilização dos módulos fotovoltaicos como elementos de
sombreamento têm obtido grande sucesso, uma vez que
controla a passagem excessiva de calor e iluminação no
ambiente, minimizando os custos adicionais para
sombreamentos e o consumo de energia em aparelhos
condicionadores de ar [6]
Unidades consumidoras situadas em locais de alta
irradiação solar, detentoras de perfil de carga com expressiva
participação de equipamentos de ar condicionado, apresentam
elevado potencial de aproveitamento da geração fotovoltaica
conectada a rede, devido à coincidência entre os pontos de alta
incidência solar e o máximo consumo. Esse comportamento de
carga é típico em edificações comerciais e públicas. O que não
é observado no setor residencial e industrial, onde acontece o
pico de carga geralmente no horário compreendido entre
18h00min e 21h00min.
Segundo [7], a particularidade da curva de carga
coincidente com o período de geração, permite o
estabelecimento de estratégias de redução de consumo em
edificações urbanas e, consequentemente, a conservação de
energia primária nas unidades de geração.
Fig. 3. Tarifa final do consumidor residencial, com impostos, em comparação
com o custo médio de geração fotovoltaica [3].
Apesar da tarifa residencial, cobrada pela CELG
Distribuição S.A., estar abaixo do valor estimado para geração
fotovoltaica, considera-se que, com prováveis incentivos
governamentais e desenvolvimento da indústria nacional de
painéis fotovoltaicos, haverá uma tendência de redução nos
custos para geração fotovoltaica no Brasil. Isso poderá gerar a
paridade tarifária na região de concessão da CELG-D.
Segundo as simulações realizadas por Zilles [9], em
Goiânia haverá a referida paridade, provavelmente, em 2017.
VIII.
INSTALAÇÃO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS
Vários fatores devem ser levados em consideração para a
correta instalação dos painéis solares fotovoltaicos com vistas
a maximizar a eficiência do sistema.
Conforme [6], a temperatura dos painéis, o sombreamento
parcial, as resistências dos condutores e o estado de limpeza
dos painéis influenciam o desempenho do sistema gerador
fotovoltaico.
4
Considera-se que a orientação ideal para o posicionamento
do painel é a da superfície voltada para o equador com
inclinação igual à latitude local. As fachadas voltadas para
leste ou oeste (no Brasil) também podem ter performances
satisfatórias mesmo quando instaladas em ângulos inclinados
ou na vertical, com rendimentos da ordem de 60% em relação
a uma orientação ótima, devido ao baixo ângulo do sol no
início e final do dia [6].
Por se tratar de uma topologia de instalação ao tempo, a
estrutura de fixação à edificação deve estar projetada para
suportar cargas mecânicas diversas, bem como contrações e
expansões térmicas.
A Fig. 4 mostra a topologia padrão para um sistema
fotovoltaico de pequeno porte conectado à rede, formada pelos
seguintes elementos: (1) gerador fotovoltaico - que por meio
do efeito fotoelétrico, injetará corrente elétrica contínua no
inversor; (2) caixa de proteção DC – contém dispositivo de
proteção e manobra em corrente contínua; (3) inversor transforma energia contínua em alternada, em conformidade
com o nível de tensão e frequência exigido pela rede/carga; (4)
medidor elétrico - registra a energia gerada pelo painel; (5)
ponto de conexão do sistema à rede; (6) cargas e
equipamentos elétricos; (7) medidores elétricos – registram o
consumo elétrico da edificação, e também a injeção de energia
na rede da distribuidora; (8) transformador de potência e (9)
rede de distribuição.
para assim aumentar o grau de visibilidade da tecnologia pela
comunidade acadêmica.
Fig. 5. Vista superior da EEEC da UFG.
A. Recurso Solar
Para quantificar a radiação solar global incidente sobre o
painel fotovoltaico, utilizou-se o programa SunData,
disponível no sítio eletrônico do Centro de Referência para
Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito – CRESESB [4].
Esse programa fornece dados de irradiação solar em
localidades próximas ao ponto de interesse, de acordo com as
coordenadas geográficas fornecidas.
Para as coordenadas da Escola de Engenharia Elétrica (lat. 16.677435º, long. -49.241833º), obtiveram-se os valores
mostrados na Fig. 6.
Fig. 4. Diagrama esquemático de um sistema fotovoltaico conectado à rede e
integrado a uma residência [10].
IX.
ESTUDO DE CASO
Como estudo de caso deste trabalho, foi selecionada a
Escola de Engenharia Elétrica e de Computação - EEEC da
Universidade Federal de Goiás, como local hipotético a ser
instalado um sistema fotovoltaico de pequeno porte conectado
à rede elétrica de distribuição.
Na Fig. 5 está destacada toda a área referente à EEEC, que
inclui prédios das faculdades de Engenharia Elétrica, Civil, de
Computação, Mecânica e Ambiental. Considera-se que a área
útil para a instalação dos painéis fotovoltaicos não será um
fator restritivo, visto que além de existir área útil na cobertura
de diversos blocos, há ainda a possibilidade de instalá-los no
solo, em locais com mínima interferência de sombreamentos,
Fig. 6. Radiação Solar Diária Mensal (kWh/m2.dia) no plano horizontal e no
plano inclinado com ângulo igual à latitude.
5
Verifica-se que de fato a cidade de Goiânia é privilegiada
no que concerne à irradiação solar, apresentando uma média
anual de 5,00 kwh/m2.dia no plano horizontal e 5,20
kwh/m2.dia no plano inclinado com o ângulo igual à latitude.
Nota-se que o comportamento da irradiação solar mensal
apresenta baixo desvio médio ao longo do ano, já que os
valores de desvio padrão verificados para o plano horizontal e
inclinado são, respectivamente: 0,26 e 0,35.
B. Análise de Viabilidade
Devido aos elevados custos verificados para a geração
fotovoltaica no Brasil, preferiu-se considerar um sistema de
pequeno porte, a fim de cumprir com a finalidade de
promoção da tecnologia no ambiente acadêmico e verificar
sua possível viabilidade econômica.
O sistema fotovoltaico, com potência instalada de 2940
kwp, será constituído por 14 módulos do tipo silício monocristalino (m-Si), com dimensões físicas de: 1500 mm x 990
mm cada um. Desconsiderando a superfície referente às
bordas divisórias dos módulos, o painel, instalado sob um
plano com inclinação igual à latitude, terá como área útil
aproximada 19,93m2.
Uma vez que a potência do sistema é inferior à menor
demanda registrada pela unidade consumidora da EEEC-UFG,
a estimativa de geração fotovoltaica (Eger) é obtida por meio
dos dados referentes à irradiação solar local em plano
inclinado (Esol), e os valores de eficiência da célula
fotovoltaica (ηfv) e do inversor (ηinv), conforme demonstrado
em (1):
Eger = Esol x ƞfv x ƞinv
(1)
Considerando a temperatura média de operação do sistema
de 45ºC, têm-se como valores de referência para a eficiência
da célula fotovoltaica m-Si e inversor: 12,42% e 90%,
respectivamente [6]. Deste modo, tem-se como estimativa de
geração fotovoltaica a curva exibida na Fig. 7.
Fig. 7. Estimativa de geração fotovoltaica (kWh) por meio do sistema
fotovoltaico proposto.
A partir da estimativa de geração fotovoltaica, obtém-se a
curva da Fig. 8, referente ao custo mensal economizado no
consumo de energia elétrica, considerando a tarifa
convencional cobrada atualmente pela CELG (R$
0,1933/kWh) e a inclusão de 34,7% de impostos (PIS/PASEP,
COFINS e ICMS):
Fig. 8. Economia mensal proporcionada pelo uso do sistema fotovoltaico
proposto na EEC-UFG.
Para a análise da viabilidade econômica do sistema,
considera-se a vida útil dos painéis fotovoltaicos igual a 30
anos, e, como custo destinado anualmente à operação e
manutenção do sistema (O&M), uma porcentagem equivalente
de 1% do investimento inicial [9].
Por meio da coleta de preços de três fornecedores que
atendem à cidade de Goiânia, considera-se que o valor médio
para fornecimento e instalação do sistema fotovoltaico
proposto é de R$ 45.000,00. Esse valor contempla os custos
com serviços de mão de obra em geral, e a aquisição dos
seguintes elementos: painéis fotovoltaicos, inversor DC/AC,
cabeamento e dispositivos de proteção.
Deste modo, a EEEC-UFG teria que desembolsar
R$45.000,00, como investimento inicial para o projeto turnkey, e mais R$ 450,00, por ano, para custos relacionados à
manutenção e operação do sistema. Por outro lado, a economia
da escola na conta de energia seria em média de R$ 90,42 ao
mês, equivalentes à R$ 1.085,04 por ano. Descontando-se o
custo com O&M, durante a vida útil do equipamento (30
anos), haveria uma economia líquida de R$635,04 ao ano.
Mesmo desconsiderando a taxa de juros, percebe-se que o
valor economizado, ao final do período de 30 anos, não será
suficiente para compensar o valor investido no projeto. Essa
constatação torna o projeto inviável sob o ponto de vista
econômico.
Apesar de não haver, em uma análise preliminar, paridade
entre a receita gerada pela eficiência energética obtida e os
custos necessários para a aquisição e operação do sistema.
Considera-se que, possivelmente, com a evolução decrescente
do custo de geração fotovoltaica e possíveis acréscimos na
tarifa cobrada pelas concessionárias de distribuição, melhores
resultados poderão ser obtidos.
X.
CONCLUSÃO
A geração fotovoltaica de pequeno porte integrada às
edificações urbanas se apresenta como importante opção para
a promoção da eficiência energética e sustentabilidade
ambiental. Ainda que tenha sido verificada a inviabilidade
econômica do projeto, essa alternativa cumpriria com seu
objetivo educacional e de promoção da tecnologia, tendo em
6
vista a importância do tema no contexto atual de geração
distribuída e conservação do meio ambiente.
XI.
[1]
REFERÊNCIAS
Agência Nacional de Energia Elétrica, Atlas de Energia Elétrica do
Brasil, 3ª edição. Brasília: ANEEL, 2008, p. 21.
[2] Agência Nacional de Energia Elétrica, Banco de Informações de
Geração. [On Line]. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes
/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp.
[3] Agência Nacional de Energia Elétrica, “Proposta de abertura de
Audiência Pública para o recebimento de contribuições visando reduzir
as barreiras para a instalação de geração distribuída de pequeno porte, a
partir de fontes incentivadas, conectada em tensão de distribuição e
também alteração do desconto na TUSD e TUST para usinas com fonte
solar”, Brasília, Nota Técnica nº 0025/2011, Jun. 2011.
[4] CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de
Salvo Brito, http://www.cresesb.cepel.br/principal.php.
[5] E.B Pereira, F.R Martins, S.L. de Abreu, R. Rüther, Atlas Brasileiro de
Energia Solar, 1ª Edição. São José dos Campos: INPE, 2006, p. 31.
[6] I. T. Salamoni, “Metodologia para Cálculo de Geração Fotovoltaica em
Áreas Urbanas Aplicada a Florianópolis e Belo Horizonte”, Dissertação
de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.
[7] Ministério de Minas e Energia, “Estudo e Propostas de utilização de
geração fotovoltaica conectada à rede, em particular em edificações
urbanas,” Brasília, Relatório do Grupo de Trabalho de Geração
Distribuída em Sistemas Fotovoltaicos, 2009.
[8] R. Rüther, Edifícios Solares Fotovoltaicos, 1ª Edição. Florianópolis:
LABSOLAR, 2004, pp. 15, 75.
[9] R. S. Benedito, R. Zilles, Caracterização da Produção de Eletricidade
por meio de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede no Brasil,
Revista Avances en Energías Renovables y Medio Ambiente, Vol. 13,
Argentina, 2009.
[10] S. H. F. de Oliveira, “Geração Distribuída de Eletricidade: Inserção de
Edificações Fotovoltaicas conectadas à rede no Estado de São Paulo”,
Tese de Doutorado, Instituto de Eletrotécnica e Energia, Universidade de
São Paulo, 2002.
[11] T. S. Viana, R Rüther, F. R. Martins, E. B. Pereira, “Potencial de
Geração Fotovoltaica com Concentração no Brasil”, apresentado no III
Congresso Brasileiro de Energia Solar, Belém, 2010.
XII.
BIOGRAFIAS
Bruno Xavier de Sousa nasceu em Goiânia,
Goiás, Brasil, em 1982. Graduado em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal de Goiás, em
2005.
Atualmente é aluno do curso de Especialização
em Instalações Elétricas Prediais da Universidade
Federal de Goiás, e exerce o cargo de Analista de
Infraestrutura, no Ministério de Minas e Energia.
Tem interesse nas seguintes áreas: Energia
Alternativa Renovável e Eficiência Energética.
José Wilson Lima Nerys nasceu em Conceição do
Araguaia, Pará, Brasil, em 1961. Possui graduação
em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal
de Goiás (1985), graduação em Licenciatura Plena
em Ciências - Habilitação em Física pela
Universidade Católica de Goiás (1982), mestrado
em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal
de Uberlândia (1993) e doutorado em Engenharia
Elétrica - University of Leeds (1999).
É professor associado da Universidade Federal
de Goiás. Tem experiência na área de Engenharia
Elétrica, com ênfase em Máquinas Elétricas e
Dispositivos de Potência, atuando principalmente
nos seguintes temas: economia de energia, cargas
não-lineares, motor de indução, sistemas de
irrigação do tipo pivô central e aplicações de microcontroladores.
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