DISSERTAÇÃO X ARGUMENTAÇÃO
Dissertação e argumentação “têm características próprias. Se a primeira
tem como propósito principal expor ou explanar, explicar ou interpretar
ideias, a segunda visa sobretudo a convencer, persuadir ou influenciar o
leitor ou ouvinte. Na dissertação, expressamos o que sabemos ou
acreditamos saber a respeito de determinado assunto; externamos nossa
opinião sobre o que é ou nos parece ser. Na argumentação, além disso,
procuramos principalmente formar a opinião do leitor ou ouvinte,
tentando convencê-lo de que a razão está conosco, de que nós é que
estamos de posse da verdade” (Garcia, 1983, p. 370).
CONDIÇÕES DA ARGUMENTAÇÃO
• Uma das condições da argumentação é que
ela deve basear-se em princípios lógicos.
Preconceitos, superstições e generalizações
fundamentadas em verificações questionáveis
não servem como argumentos.
• A base da argumentação coloca-se em dois
elementos fundamentais: “consistência do
raciocínio e evidência das provas”. (Idem, p.
371)
TIPOS DE EVIDÊNCIAS
•
•
Fatos: verificações colhidas através da observação do mundo.
Ex.: “Desde o final dos anos 60, já se predizia o surgimento de serviços públicos de
informação. Mas, a convergência entre as diferentes técnicas ainda não era
satisfatória. A França desempenhou um papel pioneiro com a fibra ótica e o
videofone de Biarritz, a rede Transpac de comunicação por pacotes e, sobretudo,
os serviços Teletel com o advento do célebre Minitel. Entretanto, esse sistema
francês revelou-se pouco exportável em razão da fraca qualidade do terminal, da
lentidão dos sistemas e da dificuldade da conexão em grande velocidade aos
microcomputadores. De todo modo, a experiência do Minitel – seguida, não com
tanto sucesso, no mundo inteiro (no Brasil, esses serviços, sob o nome de
“videotexto”, encontraram alguma expansão nos anos 80 [...] – demonstrou que
exisitia uma demanda do público e das empresas em relação a serviços interativos
de informação on-line (anuários, imprensa, bancos, serviços administrativos, jogos,
transmissão de mensagens, telecompras, turismo, reservas de passagens ou
ingressos)”. (SANTAELLA, Lucia. Cultura e artes do pós-humano: da cultura das
mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003, p. 85).
• Exemplos: “são fatos típicos ou representativos de determinada
situação” (Garcia, 1983, p. 372).
• Ex.: “[...] em 1953, a descoberta do DNA, o código da vida,
impulsionaria o salto para a biologia molecular, hoje tão cortejada.
O desenho do chip, em 1957, permitirá a redução dos
computadores-dinossauros aos micros abelhas atuais. Nesse
mesmo ano, o sputinik soviético revoluciona a astronáutica e as
telecomunicações. O self-service, acoplado ao marketing e à
publicidade em alta rotação, consagra o consumo massivo. A pílula,
o rock, o motel, a minissaia – liberadores que emergem nos anos 60
– preparam a paisagem desolada da civilização industrial para a
quermesse eletrônica pós-industrial.” (SANTOS, Jair Ferreira de. O
que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 2006.)
• Ilustrações: “Quando o exemplo se alonga em
narrativa detalhada e entremeada de descrições,
tem-se a ilustração. Há duas espécies de
ilustração: a hipotética e a real. A primeira, como
o nome o diz, é invenção, é hipótese: narra o que
poderia acontecer ou provavelmente acontecerá
em determinadas circunstâncias. Mas, nem por
ser imaginária, prescinde da condição de
verossimilhança e de consistência, para não falar
da adequação à idéia que se defende.”
• “A ilustração real descreve ou narra em
detalhes um fato verdadeiro. Mais eficaz, mais
persuasiva do que a hipotética, ela vale por si
mesma como prova.” (Garcia, 1983, p. 372-3).
• Exemplo de ilustração:
• “Algumas reportagens recentes chamam a atenção para um outro
aspecto desse novo mundo da internet. A primeira delas, “P&G
launching social networking Web sites to connect more with
consumers”, é sobre o projeto da Procter@Gamble Co. para
conhecer hábitos e interesses de seus virtuais consumidores. Por
meio de fóruns on-line, mulheres contam e escutam histórias de
suas vidas, tais como câncer no seio, carreiras e entretenimento.
‘Não se trata de vender produtos. É para uma melhor compreensão
dos consumidores e aprender sobre suas necessidade e hábitos.
Quanto mais aprendemos sobre estes consumidores, mais isto
permitirá criar melhores produtos para suas necessidades’, diz o
analista de marketing da empresa.” (PINHEIRO, M. A.
“Comunicação, consumo e produção de si” In: COUTINHO, Iluska. &
SILVEIRA JR. Potiguara M. da. Comunicação: tecnologia e identidade.
Rio de Janeiro: Mauad X, 2007).
• Dados estatísticos: compõem-se de números,
percentuais, tabelas, que comprovam
determinado argumento.
• Ex.: “Três quartos dos brasileiros – ou exatos 76%
- dizem querer que o consumo de maconha siga
proibido por lei, segundo pesquisa Datafolha. Os
que defendem que o uso não seja tratado como
crime somam 20%.” (Folha de São Paulo,
Caderno Cotidiano, p. C1, 06/04/2008).
• Testemunho: trata-se, em geral, da afirmação de uma
autoridade competente que apóia o argumento
apresentado.
• Ex.: “A gerente de resíduos perigosos da Secretaria de
Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente,
Zilda Veloso, diz que ‘causa surpresa a afirmação de
que o Brasil importa lixo eletrônico, já que a
importação de bens de consumo usados é proibida
pela Portaria DECEX/MDIC n. 08, de maio de 1991’”.
(PIOVEZA, Stefhanie. Importação de e-lixo é ‘surpresa’,
diz MMA. Folha de São Paulo, Caderno Informática, p.
F4, 04/02/2009).
• Referência Bibliográfica:
• GARCIA, O. M. Comunicação em prosa
moderna. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Editora da
FGV, 1983.)
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