A SITUAÇÃO DO ENSINO PÓS-PRIMÁRIO A EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE INTRODUÇÃO Com a Independência Nacional da dominação colonial portuguesa, em 1975, houve a necessidade de se redefinir prioridades para a Educação; Muitas necessidades e poucos quadros para cobrir a diversidade e especificidades da dinâmica do desenvolvimento do País. Necessidade de formadores, de formar professores para pôr as escolas a funcionar ao serviço dos nossos objectivos e interesses: Um novo e grande desafio. MUDANÇAS INTRODUZIDAS A primeira grande mudança teve como objectivo o rompimento das estruturas educacionais de inspiração colonial portuguesa, que culminaram com a Nacionalização da educação ocorrida no ano de 1977. A segunda mudança, teve lugar no ano de 1983, com o estabelecimento do Sistema Nacional de Educação (actualizada em 1992), com a instituição do ensino básico de 07 classes ESTRUTURA DO SNE O Subsistema de Educação Geral; O Subsistema de Educação de Adultos; O Subsistema de Formação de Professores; O Subsistema de Educação Técnico – Profissional; O Subsistema de Educação Superior 4 Níveis de Ensino, nomeadamente: O Nível primário O Nível Pós-Primário O Nível Médio O Nível Superior Taxa Líquida de Escolarização Como resultado da implementação das políticas do Governo visando a elevação do acesso e equidade de género no ensino básico, com vista a assegurar a universalização da escolaridade básica gratuita de 07 classes até 2015, aumentou vertiginosamente a taxa líquida de escolarização e o número de graduados no ensino primário. Evolução do número de graduados e da taxa de conclusão na 7ª classe, 1997/2006 200.000 40,0 180.000 Graduados 160.000 Taxa de conclusão 35,0 30,0 140.000 120.000 25,0 100.000 20,0 80.000 15,0 60.000 10,0 40.000 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 0,0 1999 0 1998 5,0 1997 20.000 Taxa de conclusão na 7ª classe Na sequência da introdução do currículo do EP de 2004 que, entre outras estratégias, inclui a progressão por ciclos de aprendizagem o fluxo de alunos no Ensino Primário melhorou consideravelmente, afectando positivamente as graduações deste nível de ensino. Por consequência, a procura pelo ESG1 tem vindo a crescer de forma acentuada. O gráfico atrás mostra que em 2006 o sistema graduou mais de 170 mil alunos no EP. Contudo, a taxa de conclusão no Ensino Primário do 2º Grau (EP2) manteve-se em cerca 35%, comparativamente ao ano lectivo precedente. % Taxas brutas de conclusão por nível de ensino 9,0 1º Ciclo 8,0 2º Ciclo 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 LEITURA DO GRÁFICO A taxa de conclusão no ESG1 aumentou de 2,6% em 2000, para se situar acima dos 8,5% em 2006. O mesmo fenómeno está acontecendo com as taxas de conclusão do ESG2, que atingiram os 2% em 2006. Isto significa que em 2006 foi apurado um total de 41,3 mil graduados do ESG1 e 8,9 mil alunos do ESG2, cifras que o sistema, de momento, não tem capacidade de acomodar nos níveis subsequentes. A pergunta é: Que saída para estes graduados? O Ensino Secundário Geral O principal objectivo, a médio e longo prazos, é o de aumentar o acesso a uma educação de qualidade introduzindo, gradualmente, um EP de 10 classes em todo o pais. Neste momento, o Sector está a trabalhar para assegurar a universalização da escolaridade básica de 7 classes até 2015. No ESG, registou-se um crescimento acentuado dos efectivos escolares. A taxa bruta de escolarização passou de 8% em 2000, para 35% em 2007. Isto significa que o sistema matriculou cerca de 520 mil alunos em todas as escolas do ESG1 em 2007, incluíndo o curso nocturno, contra os 91 mil alunos em 2000. Razões para este crescimento? Introdução de um novo currículo, em 2004, mais relevante e que adoptou novas modalidades de avaliação entre as quais se destaca a promoção por ciclos de aprendizagem; A distribuição gratuita de livros e manuais escolares, a formação de professores, a introdução do ADE´s e o incremento da participação da comunidade no processo educativo, através dos Conselhos de Escolas A utilização intensiva das infra-estruturas e dos professores, através da expansão dos cursos nocturnos, permitiu elevar as taxas de transição do EP para o ESG1 até cerca de 72%, em 2007. RESPOSTA DO GOVERNO Para responder à demanda escolar, o Governo realizou acções de construção de novas salas de aula, de formação e recrutamento de professores, disponibilização de livros e de outros materiais escolares, principalmente para o EP; O Ministério da Educação e Cultura ( MEC) vai promover, através do Instituto de Educação Aberta à Distância e do Instituto Nacional de Educação à Distância o Ensino à Distância, como forma de contribuir para a expansão do acesso ao ESG; A Estratégia do ESG A estratégia para o ESG, visa responder aos enormes desafios deste nível de ensino, nas áreas do Acesso, Qualidade de ensino e Desenvolvimento Institucional: Entre 2007 e 2015 a estratégia prevê: Aumentar a taxa bruta de escolarização no 1º ciclo do ESG de 35 para 70% em 2015. Duplicar o número de alunos no ESG – passar de 500 mil para 1.200; Aumentar a taxa bruta de escolarização no ESG2 dos 7% para os 35%. O número de alunos neste nível deverá atingir os 400 mil (dos actuais 75 mil) 15% dos alunos do ESG1 e 20 no ESG2 serão integrados em escolas privadas ou comunitárias; A prioridade será a construção de salas de aula, a formação de professores e a aquisição de materiais de ensino. Será necessário aumentar o financiamento ao sector da educação durante o período. A ESTRATÉGIA VISA RESPONDER ÀS SEGUINTES QUESTÔES Como assegurar que a expansão do ensino secundário não afecte a qualidade de ensino? Como adequar o currículo às novas exigências do desenvolvimento sócio-económico do País e da integração regional? Como evitar que o crescimento do ESG não comprometa a qualidade? Como reduzir o desperdício escolar, isto é, altas taxas de reprovação e de desistência? Como atender os alunos que não encontram lugar nas escolas do ESG? Como promover a participação do sector privado e da sociedade civil, pais/ encarregados de educação e a comunidade, em geral, no financiamento da Educação? Ensino Técnico Profissional e Vocacional A ETPV é um elemento essencial no sistema educativo, cujo objectivo chave é o de contribuir para a criação de uma força de trabalho qualificada, essencial para reforçar o crescimento económico e tirar os cidadãos e as comunidades da situação de pobreza. As razões incluem aspectos relacionados com o acesso, relevância, eficiência e eficácia, coerência e coordenação. PROBLEMAS NO SUBSISTEMA Neste subsistema, uma das grandes preocupações que se regista tem a ver com a relevância dos currículos e à sua fraca eficiência e eficácia, cujo reflexo são altas taxas de repetição e desistência e do insucesso escolar de um modo geral. O baixo nível de capacidades é também um impedimento para os graduados que queiram optar pelo auto-emprego. Isto é agravado pelas fracas qualificações, em geral, dos instrutores e os melhores, muitas vezes, abandonam o ensino em troca de empregos melhor pagos. Resposta Governo Revisão dos currículos no quadro da Reforma do ETPV, com envolvimento dos empregadores, sindicatos e outros parceiros. Envolvimento do sector privado, organizações religiosas e ONGs na criação e gestão de escolas, particularmente as que oferecem cursos de nível elementar e básico; Melhoria dos recursos financeiros através do aumento das propinas e da mobilização dos doadores; Estabelecimento de um acordo entre o Governo, Empregadores, Sindicatos e outros parceiros sociais no desenvolvimento de um Programa Integrado de Reforma da Educação Profissional (PIREP); Criação de uma Comissão para a Reforma da Educação Profissional (COREP) para dirigir e regular o sector, bem como promover reformas políticas. A Estratégia do ETPV O Governo Moçambicano adoptou um Programa Integrado de Reforma da Educação Profissional (PIREP), a ser implementado num período de 15 anos. Este programa conta com participação de parceiros no financiamento e/ou assistência técnica suplementar na através do alinhamento dos seus programas de assistência bilateral a um Sistema de Formação Técnico-Profissional coerente e integrado. A filosofia do PIREP assenta na transformação da provisão da ETPV num sistema orientado pela procura, construído num quadro de formação modular com cursos baseados em padrões de competência e assente num Sistema Nacional de Padrões, o qual deverá ser reconhecido pelos empregadores e pela sociedade civil. 4 grandes componentes Reforma do Sistema e desenvolvimento institucional, incluindo o estabelecimento de uma Autoridade Nacional para a Educação Profissional (ANEP) e sistemas sustentáveis para o financiamento e gestão da ETPV Desenvolvimento de um sistema da ETPV baseado em padrões de competência, incluindo a avaliação e certificação Melhoria da qualidade, por via da formação de professores, do fornecimento de materiais de ensino adequados, equipamento e infra-estruturas físicas, o estabelecimento de serviços de orientação dos alunos e reforço da capacidade de gestão das instituições da ETPV (assim como a capacidade de planear e gerir o impacto do HIV/SIDA nos professores e alunos); Criação de um fundo para o desenvolvimento de capacidades para estimular a emergência de programas de formação inovadores e de alta qualidade. Supervisão O MEC pretende assumir-se como um órgão de definição de políticas e estratégias para o desenvolvimento do Sector, enquanto que aos Órgãos Locais caberá o papel da implementação. Nesta ordem de ideias, a supervisão, quer no aspecto mais amplo, quer do ponto de vista estritamente pedagógico, deverão deslocar o seu centro de actuação para a Província e para o Distrito, onde devem ser revitalizados os respectivos Órgãos, no caso concreto de supervisão Pedagógica - As Comissões de Apoio Pedagógico. CONCLUSÕES Ainda há um longo caminho a percorrer Há necessidade do envolvimento de toda a sociedade para se ultrapassar os problemas do sector da Educação Continuamos a contar com o apoio dos Parceiros Internacionais na luta contra o analfabetismo e na erradicação da pobreza. Só com o estabelecimento de verdadeiras parcerias é possível fortalecer a educação pós primária com vista a que esta traga as soluções e as respostas mais adequadas e ajustadas às necessidades específicas do mundo laboral.