JORNAL DA ABES-RS Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção RS - ano 1 - número 9 - Porto Alegre, junho de 2010 PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO Em busca da universalização dos serviços de saneamento básico Oportunidade para os municípios evoluírem na prestação de serviços de saneamento, garantindo melhor qualidade de vida para a população O crescimento populacional e o desenvolvimento econômico do Brasil ao longo das últimas décadas não foram acompanhados pelos avanços na área de saneamento básico. A realidade mostra que não é fácil recuperar esta defasagem criada através dos anos por falta de investimentos no setor. No entanto, em função de crescentes preocupações com problemas climáticos e ambientais em nível mundial, o saneamento passou a fazer parte da pauta política, e programas passaram a disponibilizar recursos para projetos e obras. O percentual da população atendida pelos serviços de saneamento e a qualidade desses serviços variam em função da localidade e de todas as características que os envolvem, mas, de forma geral, o abastecimento de residências com água potável é muito superior ao de coleta de esgoto, que por sua vez é superior ao esgoto tratado. Bilhões de litros de esgoto são despejados diariamente no solo e nos mananciais, gerando diversos problemas para o meio ambiente e para a saúde da população, provocando mortalidade e onerando o Sistema Único de Saúde (SUS). Em relação a resíduos sólidos, ainda existem muitos lixões em municípios brasileiros e muitas dificuldades em relação à coleta, tratamento e destinação. E, os problemas associados à drenagem, somente são lembrados quando ocorrem alagamentos, deslizamentos e enchentes. Na maioria dos municípios, esses serviços vêm sendo implementados e operados mediante demanda e criticidade, caracterizando a falta de planejamento com visão mais abrangente e sem qualquer inter-relacionamento entre os componentes do saneamento. Para que efetivamente se responsabilizem, desenvolvam e implantem estes serviços é necessário um reforço legal, institucional, técnico e financeiro para garantir maior apoio do Estado e da União aos municípios. O Plano Municipal de Saneamento é um instrumento de planejamento, instituído a partir da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. É resultado da negociação entre os setores público e privado das três esferas de governo. Estabelece como meta promover a universalização do acesso aos serviços de saneamento básico, incluindo não apenas abastecimento de água e esgotamento sanitário, mas ampliando para serviços relacionados a resíduos sólidos e drenagem. OBJETIVOS E METAS O plano deverá conter, no mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida do município, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas. Deverá também apresentar objetivos e metas de curto, médio e longo prazo, para a universalização dos serviços, admitidas Maria de Lourdes Wolff / Dmae A gestão do saneamento com investimentos propicia a retomada de obras estruturais necessárias ao atendimento das demandas sociais soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais. Em sequência serão definidos programas, projetos e ações para atingir os objetivos e metas estabelecidos, identificando possíveis fontes de financiamento. Também deverá prever ações para emergências e contingências, bem como mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas. PRAZOS E INVESTIMENTOS O prazo previsto pela lei é 31 de dezembro de 2010, com possibilidade de sua ampliação, ora em avaliação pelo Governo Federal. A União determina que, passado o prazo, as cidades que não fizerem seus planos não poderão ter acesso a recursos federais. São cerca de R$ 11 bilhões que devem ser disponibilizados em 2011 para saneamento por fontes federais, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com R$ 5,3 bilhões disponíveis para obras; o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com R$ 2,5 bilhões; além do Orçamento Geral da União (OGU), com R$ 3,6 bilhões. INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS O diretor da Abes-RS e professor da Ufrgs Darci Campani esclarece: a lei prevê que os Planos Municipais de Saneamento abordem os quatro setores (água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem), devendo ser um único plano, mas que poderá ser desenvolvido de forma setorizada, garantindo, neste caso, a integração dos setores. “Assim poderá ser pensada a uni- ficação de sistemas como, por exemplo, uma estação de tratamento de esgoto projetada para tratar também o lixiviado dos resíduos sólidos, ou uma unidade de compostagem de resíduos sólidos projetada para tratar os lodos das estações de tratamento de esgotos.” DIFICULDADES EXISTENTES Municípios tem encontrado algumas dificudades para realização de seus planos de saneamento, especialmente no cumprimento do prazo, existindo um forte apelo por sua revisão. Mesmo que os quatro anos estipulados pela lei tenha sido considerado suficiente para aqueles que levaram a sério a formulação do planejamento, muitos consideram que dar mais tempo aos municípios seria premiar a incapacidade dos outros gestores no planejamento de médio e longo prazo. De acordo com informações da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe), em muitos estados, as empresas estaduais têm dado apoio aos municípios que não dispõem de capacidade técnica para trabalhar o plano dentro do prazo. Já a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) verifica que, em muitos municípios, o cumprimento dos prazos é dificultado pela complexidade dos estudos, pela ausência de informações e pela falta de recursos financeiros necessários à elaboração do diagnóstico. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) disponibiliza programa de financiamento de estudos, com verba do FGTS, e já atende cerca de 30 cidades. Abes-RS integra a “Rede de Apoio à Elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico”, coordenada pela Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano (Sehadur) do Rio Grande do Sul. Entre suas ações, está a realização do “Curso de capacitação para a elaboração de planos de saneamento”. O Ministério das Cidades, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul (FDRH) são parceiros do Governo do Estado nesta iniciativa. Técnicos e especialistas em diferentes áreas do saneamento básico vão se reunir na Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), em Porto Alegre, no mês de julho. Através de debates, palestras e trabalhos em grupos, eles receberão a preparação adequada para ministrarem oficinas em outras regiões do Estado. O objetivo é capacitar técnicos municipais responsáveis pela elaboração dos Planos de Saneamento Básico. Este é um passo imprescindível para que os municípios tenham condições de acessar os recursos necessários para investir na universalização. A experiência da Abes – reunindo seu adiantado e atualizado conhecimento em saneamento ambiental com sua experiência em capacitação profissional – qualificará este importante processo de avanço em prol da qualidade de vida da população, da excelência na prestação de serviços, em harmonia com a preservação ambiental, dando o adequado suporte ao desenvolvimento do país. Pacto deve envolver a sociedade organizada Abes reeleita no Conselho das Cidades De acordo com o engenheiro Márcio Freitas, diretor da Abes-RS, o Plano Municipal de Saneamento deve envolver a sociedade organizada, o poder executivo e o poder legislativo municipal. Qual a importância do plano? É obrigar o município a pensar a questão sanitária e se preparar para exercer o papel de gestor destes serviços. O que os municípios devem fazer? O plano, com participação social, prever um ente regulador da prestação dos serviços, um sistema de informações, um sistema de acompanhamento, além de encaminhá-lo para a aprovação da Câmara Municipal. Quem apoia a elaboração do plano? Os governos federal e estadual devem acompanhar o cumprimento da legislação e apoiar os municípios. As prefeituras podem contratar ou executar diretamente, e são os titulares dos serviços. Quais as maiores dificuldades? A falta de cultura, de quadros técnicos, de vontade política, além da falta de capacitação em nível municipal. Qual a situação dos municípios? A maioria tem bons sistemas de abastecimento de água, muito pouco em termos de esgotamento sanitário e resíduos sólidos e uma precariedade imensa na área de drenagem urbana. Grande parte não possui qualquer estrutura institucional para a prestação ou gerenciamento destes serviços. Quais os passos seguintes ao plano? Executar o Plano através do prestador dos serviços, monitorá-lo a partir da estrutura do poder concedente e regulá-lo através dos mecanismos previstos para tal. Qual a origem dos recursos financeiros ? Do orçamento municipal, de apoios externos, subsídios e pela prestação dos serviços através das tarifas e taxas cobradas. A 4a Conferência Nacional das Cidades, com o tema “Cidade para todos e todas com gestão democrática, participativa e controle social”, encerrou-se no dia 23 de junho, em Brasília, Esse encontro foi dividido em quatro eixos temáticos na busca de soluções para as dificuldades e desafios na aplicação da política de desenvolvimento urbano. A Abes participou representando o setor de saneamento ambiental, sendo reeleita para os próximos três anos como titular do Conselho Nacional das Cidades, no segmento “Entidades profissionais, acadêmicas e de pesquisa”. Participaram do encontro cerca de três mil pessoas, entre delegados, observadores, autoridades nacionais e internacionais. Regulamentação da Lei do Saneamento Básico Durante a 4a. Conferência Nacional das Cidades, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 21 de junho, o decreto que regulamenta a Lei 11.445, a Lei do Saneamento Básico. Ao ser sancionada em 2007, após quase dez anos de discussões no Congresso, a lei estabeleceu as diretrizes do marco regulatório do setor. Mas a ausência de regulamentação da lei, limitou a sua aplicação. Com a sanção do decreto presidencial, os princípios aprovados na Lei 11.445 passam a ter vigência, trazendo respaldo jurídico para sua aplicação e com repercussões importantes para o setor de saneamento em todo o país. Reunião-almoço - 16/07/2010 na Federasul "Saneamento ambiental em foco" CICLO DE DEBATES 2010 Geógrafos falam sobre aquecimento global PALAVRA Ao consultar a história da humanidade, é possível identificar uma relação direta entre a importância dada ao saneamento e o grau de desenvolvimento das civilizações, sua estabilidade, sua soberania e as condições de saúde das populações. A experiência mostra que relegar o saneamento a uma abordagem não prioritária em termos de políticas públicas acaba por provocar crises de difícil reversão, só passíveis de superar com o envolvimento da sociedade, a responsabilidade compartilhada entre os poderes constituídos, a alocação de recursos financeiros, a qualificação dos serviços e a capacitação profissional. Não desistir, buscar novos caminhos, inovar em estratégias são atitudes que levaram ao estabelecimento da exigência da elaboração dos Planos Municipais de Saneamento, renovando expectativas de chegar à universalização de serviços absolutamente essenciais a uma sociedade do século XXI. “Se tens que lidar com água, consulta primeiro a experiência, depois a razão.” Leonardo Da Vinci. AGENDA Programação no site www.abes-rs.org.br Reunião-almoço "Saneamento ambiental em foco" 16/07/2010 – Federasul – Porto Alegre Tema central: “Saúde: meio interno e meio ambiente - desafio das desigualdades no desenvolvimento urbano” Construindo Profissionais do Futuro 26 a 30/07/2010 - Abes-RS Imersão em gestão ambiental - vivências técnicas. Tutoria técnica por profissionais do saneamento ambiental Curso - Legislação e licenciamento ambiental 02 a 03/08/2010 - Abes-RS/Senge-RS 4o encontro - Ciclo de Debates 11/08/2010 - Abes-RS/FGV "COP 15 - Políticas públicas no RS frente à crescente onda de desastres naturais" Conselho Editorial No dia 8 de junho foi empossado o conselho editorial do Jornal da Abes-RS, integrado pelos sócios Geraldo Reichert, Luiz Antônio Timm Grassi, Maria de Lourdes da Cunha Wolff, Maria Mercedes Bendati, e Nanci Begnini Giugno. Abes-RS Alerta Proposta de alteração ao Código Florestal é um retrocesso para a Legislação Ambiental Brasileira A Abes-RS propõe debate com técnicos da área antes que se dê a votação final. OPINIÃO “(...) A leitura foi simplesmente ótima! Sinto uma Abes-RS pulsante e viva em vários temas e locais. Em especial parabéns pela seccional da serra. Há de levar nossa entidade a todos os rincões do nosso Rio Grande, liderando as discussões locais em busca da sonhada universalização dos serviços!” Carlos Alberto Rosito, conselheiro, SaintGobain Canalização Ltda EXPEDIENTE Av. Júlio de Castilhos, 440, sala 42 +55(51)3212-1375 [email protected] www.abes-rs.org.br DIRETORA RESPONSÁVEL: Nanci Begnini Giugno - Presidente da Abes-RS COORDENAÇÃO: Alberto Jacobsen EDIÇÃO: Ademar Vargas de Freitas PESQUISA: Suelena Josino DIAGRAMAÇÃO: Alberto Jacobsen Cerca de 75 pessoas, entre profissionais e estudantes, participaram do terceiro encontro do Ciclo de Debates 2010 “Repensando o Desenvolvimento frente ao Encontro de Copenhague”, promovido pela Abes-RS no auditório da Fundação Getúlio Vargas, dia 23 de junho. O tema foi “Colapso climático iminente: verdade ou ficção?”, desenvolvido pelos palestrantes Tânia Maria Sausen, geógrafa e pesquisadora do Inpe, e Francisco Eliseu Aquino, geógrafo e professor de climatologia da Ufrgs, tendo como debatedora a química Ana Maria Cruzat. Aquino lembrou que a tendência ao aquecimento é observada tanto em áreas continentais como em áreas oceânicas, e nos dois hemisférios da Terra. “Essas observações e o fato deste aquecimento recente não ser explicado adequadamente somente por fenômenos naturais, levou a comunidade científica a associar tal tendência ao aumento na concentração de gases de efeito estufa. Supõe-se que estes gases sejam produtos diretos ou indiretos das atividades humanas associada à Alberto Jacobsen / Abes-RS Tânia Sausen, Francisco Aquino, Ana Cruzat e Juliana Young, coordenadora do evento industrialização e ao aumento da área agrícola, entre outros.” Tânia apresenta que nos últimos 200 anos houve um significativo aumento no número de catástrofes naturais em nosso planeta, coincidindo com o inicio do período da industrialização, o que sugere uma relação de causa e efeito. O próximo encontro do Ciclo de Debates está programado para o dia 11 de agosto, quando será debatido o tema “COP 15 Políticas públicas no RS frente à crescente onda de desastres naturais”. ENTREVISTA Projeto Falando sobre Água O engenheiro Luiz Antonio Timm Grassi, da diretoria da Abes-RS, conta como introduziu a temática da gestão das águas no ensino fundamental a partir de uma turma de alunos da terceira série do primeiro grau e como esse assunto foi aceito e assimilado com facilidade pelas crianças. As perguntas foram feitas pelo engenheiro Patrick Laigneau, também da Abes-RS. Como começou o projeto? Surgiu a ideia dentro do Ano Estadual das Águas de 2004. Fui convidado por uma escola, para falar sobre água com uma turma de terceira série do primeiro grau. Ocorreu-me que seria interessante fazer uma simulação de comitê de bacia com os alunos. Improvisadamente, estabeleci com eles quase que um jogo, onde se identificava uma bacia hidrográfica fictícia, claro, numa linguagem que eles poderiam entender. Em seguida identificamos usos das águas, dentro da linguagem deles. Finalmente, cada aluno assumiu o papel de um membro de comitê de bacia, dentro das categorias de usuários, representantes da população e poder público. Com dez anos, as crianças conseguiram se projetar nesses papéis? Conseguiram, sim. Claro, de uma forma muito lúdica. Na verdade, era mais a brincadeira de dizer que “eu sou representante da indústria”, “eu sou representante da agricultura”, e assim por diante. Perguntei quais os principais problemas que havia na bacia. Muito facilmente, os alunos destacaram três problemas: esgoto, lixo e abastecimento de água. Pedi então para que o comitê determinasse a ordem de prioridade desses três problemas. Fizeram uma votação. Ainda propus que teria uma quantia de dinheiro para ser utilizado. Votaram de novo, para decidir qual proporção desse dinheiro seria utilizado para tratar cada problema. Qual o principal resultado dessa experiência? Foi a ideia de que, com a simulação de um comitê de bacia, é possível trabalhar com todos os conceitos relativos a gestão dos recursos hídricos,introduzindo-os no currículo escolar. E ainda aproveitar para exercitar uma experiência de cidadania participativa com os alunos. Então isso foi a primeira experiência do projeto. Qual foi a etapa seguinte? Sim, essa primeira experiência foi muito improvisada e espontânea. A partir daí, propus para a comissão de organização do ano estadual das águas que se estabelecesse um projeto de educação ambiental. A primeira ideia foi: alunos simulando o funcionamento de um comitê de bacia. Para isso, precisava elaborar um material pedagógico específico. Um grupo foi constituído, e depois de alguns meses de trabalho, a equipe de Educação Ambiental da Secretaria Estadual de Educação resolveu assumir a coordenação do projeto, chamado então de “Comitezinho”. Durante quatro a cinco anos, tentou-se desenvolver esse projeto, buscando apoio e recursos. Finalmente, a equipe da Secretaria conseguiu concretizar o projeto no ano de 2009, através de uma parceria da Secretaria Estadual de Educação com o Instituto Nestor de Paula e a Corsan. Entendemos que o principal era capaci- APOIO tar professores para isso. A equipe da Secretaria de Educação previu uma capacitação intensiva, seguida se um acompanhamento. Em outubro de 2009, a primeira capacitação reuniu cerco de 40 professores durante dois dias, no instituto São Francisco de Cachoeirinha, com palestras, apresentações e discussões, alem de uma saída de campo na bacia do rio Gravataí . Depois da capacitação, cada professor elaborou um projeto e aplicou esse projeto durante cerca de um mês na sua escola. No final de novembro, os professores foram reunidos de novo, para apresentarem os projetos realizados. E desta vez, foi feita uma simulação de comitê de bacia com os professores. Algum Comitê de Bacia participa do projeto? Os professores vinham principalmente das bacias do rio Caí e do rio Gravataí. O Comitê Caí, ao longo desses anos, ficou interessado e envolvido na elaboração do projeto. Participou de todas as atividades. Mais tarde, o Comitê Gravataí também se envolveu. A participação de representantes desses Comitês foi importante, especificamente para as atividades de capacitação. E como foi o resultado? Excelente, maravilhoso. Muitos professores, nos seus projetos, apresentaram ideias novas. Hoje em dia, muito além da simulação de comitê, o projeto abrange todas as questões relativas à gestão da água. Atualmente, o nome do projeto é “Falando sobre Água”. Professores de várias disciplinas trabalharam juntos: ciências, física, biologia, português, educação física etc. Por exemplo, em ciências, teve experiências com frutas, evidenciando a quantidade de água presente nas frutas, estabelecendo assim a relação com o uso de água necessário para produzir essa fruta. Qual seria o aspecto desse projeto que te deixa mais entusiasmado? Trata-se de introduzir, no currículo escolar oficial, a ideia de gestão das águas, a partir do quadro institucional que nós temos: a gestão por bacia, a participação dos usuários etc. Não se trata meramente de ideias esparsas na rede de ensino, mas o objetivo é que a rede de ensino como um todo esteja adequada, em sintonia, com a gestão das águas. Que vai acontecer nos próximos anos? O projeto executado em 2009 foi um projeto piloto. Foram editados um livrinho para os alunos e um manual de apoio ao professor. Esperase que isso cresça, e que possa atingir a totalidade da rede de ensino do Rio Grande do Sul. O objetivo é chegar a todas as escolas municipais ou estaduais – e as escolas privadas também podem participar. Qual é a participação da Abes-RS neste projeto? A Abes-RS sempre deu todo apoio. Desde o início, foi em nome da Abes-RS que participei desta iniciativa. Universidades apóiam o Museu das Águas A comissão que trata da criação do Museu das Águas de Porto Alegre – com o respaldo da Abes-RS – recebeu dois importantes apoios: do reitor da Ufrgs e do reitor da UniRitter. O reitor da Ufrgs, Carlos Alexandre Netto, recebeu integrantes dessa comissão e mostrou-se entusiasmado com a ideia, determinando que um grupo interno discutisse a forma de contribuir. Posteriormente, esse grupo convidou a comissão para uma explanação, quando representantes de diversas unidades da Ufrgs, inclusive do Museu da Universidade, deram apoio ao projeto. Também o reitor da UniRitter, Flávio D'Almeida Reis, reuniu-se com representantes do movimento e manifestou apoio, oferecendo a colaboração de sua instituição. No site da Abes-RS pode ser visualizado o livro virtual sobre a criação do Museu das Águas. Portaria da Potabilidade está em discussão Desde o início de 2009, a Abes-RS vem promovendo reuniões com técnicos e instituições da área de saneamento, vigilância em saúde e prestadores de serviço para subsidiar proposta para a Legislação Brasileira de Água para Consumo Humano. As reuniões têm levantado questões sobre os problemas para a implantação da normatização atual, preservando os avanços obtidos com a Portaria 518/04. Em julho deverão estar concluídas as discussões do subgrupo de cianobactérias, cianotoxina e microbiologia, e dada continuidade ao subgrupo de parâmetros físicos e químicos. Esse processo de revisão foi desencadeado pelo Ministério da Saúde e prevê quatro oficinas regionais em que serão apresentados os resultados das discussões do grupo de trabalho e sub-grupos técno-científicos. As regiões Sul e Sudeste terão oficina nos dias 11 e 12 de agosto, no Rio de Janeiro. Semana da Água 2010 A 17a Semana Interamericana da Água e a 10a Semana Estadual da Água serão celebradas de 25 de setembro a 2 de outubro em todo o Rio Grande do Sul. Esse evento é promovido pela Abes-RS em parceria com a Sema e a Corsan, e com o apoio de diversas entidades governamentais e não governamentais no âmbito estadual e municipal. Reuniões preparatórias estão sendo realizadas semanalmente, abertas a todos os interessados. Este ano, a temática das Semanas dará ênfase à importância de dispormos de água potável com qualidade para manter a saúde e garantir a sobrevivência das gerações futuras. O lema será “Água - incolor, inodora, insípida e indispensável”. No verso do cartaz que está sendo produzido pela Abes-RS será mostrado o funcionamento do Sistema Estadual de Gestão dos Recursos Hídricos no Rio Grande do Sul, com ilustrações produzidas pelo cartunista Santiago. Congresso 2011 passo a passo Abes busca avaliadores de trabalhos técnicos A Abes já está preparando a realização do 26 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que será realizado em setembro de 2011, em Porto Alegre. Para esta edição, a comissão organizadora do congresso está aplicando uma nova sistemática, de forma a ampliar o número de associados capazes de avaliar os trabalhos técnicos, que devem chegar a mais de 800. Nos próximos dias, cada associado da Abes-RS receberá pelo Correio um formulário pelo qual poderá fornecer seus dados pessoais e sua capacitação, solicitando inclusão no grupo de avaliadores. A aceitação ficará a critério da comissão organizadora.