Informativo bimestral do Ministério Público do Estado de Roraima • Ano 4 • Nº 17 • Maio/Junho de 2008 A I L I F O D E P A E T A B M O C E MP S O D A S U C A A E DENUNCI Agentes Ambientais Voluntários Programa é lançado em Roraima Pág. 07 Entrevista Atenção Básica Valdir Aparecido fala da Vara da Família Oficina é realizada em Roraima Pág. 04 Pág. 05 Eleições 2008 Candidatos com maus antecetendes terão registros inpugnados Pág. 06 1 PROCURADORES MUNICIPAIS: EXPEDIENTE MPE protocola ação para afastar comissionados MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 Os promotores de Justiça Luiz Antônio Araújo de Souza e Isaías Montanari Júnior protocolaram no dia 12 de junho, ação civil pública com pedido de tutela antecipada contra o município de Boa Vista para que no prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da concessão da medida, todos os servidores comissionados que exerçam atividade de procurador municipal, sejam afastados, a exemplo daqueles que exercem representação judicial ou consultoria administrativa, sob pena de pagar multa diária no valor de R$ 20 mil. Conforme a ação, em maio do ano passado o Ministério Público Estadual expediu uma notificação ao município, recomendando a exoneração de todos os procuradores admitidos sem concurso público, no prazo de noventa dias, bem como a realização do devido certame. Os promotores afirmaram que a representação judicial do Município de Boa Vista é atividade de natureza técnica, típica de cargos públicos efeitos, providos por concurso público. “A Constituição da República, no artigo 37, II, consagrou a prévia aprovação em concurso público como condição de acesso aos 2 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RORAIMA ALESSANDRO TRAMUJAS ASSAD Procurador-geral de Justiça ROSELIS DE SOUSA Corregedora-geral de Justiça COLÉGIO DE PROCURADORES (2008) Cleonice Andrigo Vieira Fábio Bastos Stica Sales Eurico Melgarejo Freitas Roselis de Sousa Edson Damas da Silveira Alessandro Tramujas Assad Rejane Gomes de Azevedo cargos públicos, bem ainda que a exceção trazida no texto constitucional diz respeito apenas para funções relevantes (chefia, direção e assessoramento), cujo exercício reclame uma relação de confiança entre nomeante e nomeado” afirmaram. Em resposta a recomendação enviada pelo MPE, o município informou que havia sofrido um corte no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e solicitou uma dilação de 180 (cento e oitenta) dias para cumprimento da recomendação e o Ministério Público concedeu o prazo solici- tado. Ainda conforme os promotores o prazo se esgotou em novembro de 2007, sem que fosse cumprida a recomendação. “Mostra-se razoável o deferimento do prazo de 60 dias antes do afastamento de todos os servidores contratados sem concurso público para a atividade de procurador municipal. Porquanto este prazo servirá para que a Administração Pública possa estruturar seus planos de cargos e carreira e realizar o competente concurso público para suprir sua necessidade de pessoal” concluíram os promotores. Ação também é protocolada contra o Estado de Roraima Ação também foi protocolada em maio contra o Estado de Roraima devido ao exercício irregular de consultoria jurídica feita por assessores jurídicos comissionados e que deveria ser atividade exclusiva dos procuradores de Estado. Os promotores de Justiça Luiz Antônio Araújo de Souza e Isaías Montanari Júnior pediram antecipação de tutela para que o Estado de Roraima encaminhe todos os processos administrativos licitatórios à ProcuradoriaGeral do Estado de Roraima. O Ministério Público pediu ainda que a Casa Civil, todas as Secretarias de Estado e instituições que compõem a Administração Pública se abstenham de se manifestarem nos processos licitatórios por meio www.mp.rr.gov.br dos assessores e procuradores jurídicos lotados nesses órgãos, sob pena de pagamento de multa diária no valor de R$ 10 mil. Em março desse ano, o corregedor da Procuradoria Geral do Estado encaminhou uma representação ao Ministério Público Estadual contestando a atuação de assessores jurídicos das Secretarias de Estado. Segundo a representação, os assessores jurídicos estão exercendo atividades de consultoria jurídica que são atribuições exclusivas dos procuradores estaduais. Conforme os promotores a Lei Estadual nº 499/2005 que trata da reorganização da Administração Estadual é inconstitucional, uma vez que atribui à Assessoria competência para praticar atos que compõem prerrogativa dos procuradores de Estados. “Observa-se a intenção de se manter no corpo da Administração, figura jurídica que possa facilmente ser condicionada por interesses políticos, vez que é cargo de natureza comissionada” afirmaram os promotores na ação. Luiz Antônio e Isaías Montanari afirmaram ainda, que há entendimento do Supremo Tribunal Federal de que o art. 132 da Constituição Federal observa que não é permitido conferir a terceiros, senão aos próprios procuradores do Estado e do Distrito Federal, selecionados em concurso público de provas e títulos, o exercício intransferível e indispensável das funções de representação estatal e de consultoria jurídica do Poder Executivo. PROMOTORES DE JUSTIÇA Stella Maris Kawano D’Ávila Elba Christine A. de Moraes Janaína Carneiro C. Menezes Carlos Paixão de Oliveira Ademar Loiola Mota Luís Carlos Leitão Lima Carla Cristiane Pipa Ulisses Moroni Júnior Zedequias de Oliveira Júnior Márcio Rosa da Silva Isaías Montanari Júnior Jeanne Christine de A. Sampaio Fonseca Valdir Aparecido de Oliveira Ricardo Fontanella Luiz Antônio Araújo de Souza João Xavier Paixão Érika Lima Gomes Michetti Adriano Ávila Pereira Cláudia Parente Cavalcanti Ilaine Aparecida Pagliarini José Rocha Neto Anedilson Nunes Moreira Ademir Teles Menezes André Paulo dos Santos Pereira Hevandro Cerutti Madson W. Batista Carvalho Marco Antônio Bordin de Azeredo EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL Cláudia Cavalcante da Silva Assessora de Comunicação Social Nilsara Moraes da Silva Jornalista DRT/RR 311 Projeto Gráfico Luciano Marco - Jornalista DRT/RR 187 Capa Marcelo Mora Fotografias ASCOM/MPE Marcelo Mora Diagramação e arte Ed Andrade Jr. Impressão Editora Boa Vista Ltda. Tiragem 600 exemplares MP NOTÍCIAS É uma publicação do Ministério Público do Estado de Roraima Av. Santos Dumont, 710 - São Pedro CEP. 69306-040 - Boa Vista - Roraima (095)3621.2900 - FAX (95)3 621.2913 [email protected] COMBATE A PEDOFILIA: Acusados são denunciados pelo Ministério Público Estadual Os promotores de Justiça José Rocha Neto e Luiz Antônio Araújo de Souza denunciaram no dia 18 de junho, 10 pessoas acusadas de participarem de uma rede de pedofilia. A denúncia foi recebida pelo juiz titular da 2ª Vara Criminal Jarbas Lacerda de Miranda e os envolvidos já começaram a ser ouvidos pela Justiça. Os acusados são o ex-procurador geral do Estado de Roraima Luciano Alves de Queiroz, os dois empresários e irmãos José Queiroz da Silva e Valdivino Queiroz da Silva, o oficial da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes, o servidor público Hebron Silva Vilhena, Lidiane do Nascimento Foo, acusada de ser a agenciadora de menores, o esposo dela Givanildo dos Santos Castro e Jackson Ferreira do Nascimento. De acordo com os promotores de Justiça, além das 8 pessoas presas na Operação Arcanjo, mais duas foram denunciadas: a ex-mulher de Hebron Silva, Silvânia Severa Pinho que teve sua imagem identificada a partir da realização de perícia feita em uma das fitas apreendidas na casa de Hebron, bem como, a irmã de Lidiane, Bárbara do Nascimento Foo, (esposa de Raimundo Ferreira Gomes) que teve o nome citado no depoimento de uma das vítimas. De acordo com a denúncia, Lidiane e o marido Givanildo eram os responsáveis em cooptar menores, com idade entre 6 e 16 anos com o objetivo de agenciar programas sexuais que ocorriam na casa do casal e em motéis da cidade de Boa Vista. Lidiane aliciava, inclusive, sua própria filha, de apenas 6 anos de idade. Os acusados foram denunciados pelos crimes de estupro, atentado violento ao pudor, formação de quadrilha, exploração sexual e prostituição. O esquema de pedofilia foi descoberto a partir de uma investigação de tráfico de drogas, desenvolvido pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Estadual e a Justiça Estadual. Mais de 20 vítimas foram identificadas na investigação que resultou na deflagração da Operação Arcanjo no dia 6 de junho, pela Polícia Federal com a prisão de 8 pessoas. A investigação já vinha sendo realizada há aproximadamente seis meses, e contou durante todo o período, com apoio do Ministério Público Estadual e o Conselho Tutelar. Ainda segundo Luiz Antônio Araújo e José Rocha Neto outros nomes foram citados no decorrer das investigações por meio de depoimentos das vítimas. A Polícia Federal instaurou outro inquérito para apurar o envolvimento dessas pessoas. Uma delas, que tem foro privilegiado, teve seu nome encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, órgão competente para investigar e julgar pessoas com foro por prerrogativa de função. OUTRA DENÚNCIA O Ministério Público Estadual também ofereceu denúncia em outro procedimento contra Lidiane do Nascimento Foo e o marido dela Givanildo dos Santos Castro, e mais duas pessoas Robson Santos Silva e Ana Fabíola de Souza pelo crime de tráfico de drogas. Os dois últimos acusados foram denunciados também por porte ilegal de arma de fogo. A denúncia foi oferecida no dia 18 de junho na 2ª Vara Criminal. A Operação Arcanjo deflagrada pela Polícia Federal no dia 6 de junho causou indignação em muitas pessoas. Mães preocupadas com a segurança e a integridade de seus filhos resolveram manifestar contra a pedofilia no Estado de Roraima. O manifesto foi realizado no dia 20 de junho no centro da cidade com uma carreata que saiu da Praça do Centro Cívico percorrendo as principais ruas e avenidas de Boa Vista. Além das mães participaram do manifesto diversas autoridades locais dentre elas o promotor de Justiça da infância e juventude Márcio Rosa, a juíza da infância e juventude Graciete Sotto e diversos representantes de lideranças políticas, movimentos religiosos e de defesa da infância e juventude. Promotor de Justiça Márcio Rosa participou da manifestação contra a pedofilia O objetivo das mães contra a pedofilia foi coletar assinaturas das pessoas que partici- param da carreata para que a pedofilia seja considerada crime hediondo no país. O abai- xo assinado foi entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia. MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 Mães realizam manifestação contra a pedofilia 3 ENTREVISTA Valdir Aparecido de Oliveira O MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 promotor de Justiça Valdir Aparecido de Oliveira é bacharel em Direito pela Pontífica Universidade Católica do Paraná. Ingressou como membro do Ministério Público Estadual no ano de 2000. Auxiliou as 1ª, 2ª e 5ª Promotorias Criminais, a 3ª Promotoria de Justiça Cível e a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde. Respondeu pelas Promotorias da Infância e Juventude e de Defesa do Consumidor e Cidadania. Em 2001 foi promovido pelo critério de merecimento a 1º Titular da 1ª Promotoria de Justiça Cível. Também é membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). É com satisfação que o MP Notícias entrevista o promotor Valdir Aparecido de Oliveira. 4 MP Notícias – Promotor o senhor é um dos titulares da 1ª Promotoria de Justiça Cível. Quais são as atribuições da Promotoria? por representar o incapaz em todos os atos da vida civil. Valdir Aparecido – Basicamente, a 1ª Promotoria de Justiça Cível atua em todos os casos que versam sobre família e sucessões. Na área de sucessões, inventários e arrolamentos, o Ministério Público participa em todas as ações que tenham como parte menores de idade ou idosos acima de sessenta anos. Na área de família existe uma ramificação grande. Nesse caso, a participação do Ministério Público é obrigatória em quase todas as questões, a exemplo das ações de investigação de paternidade, pagamentos e execução de pensão alimentícia, ações de divórcio, de reconhecimento ou dissolução de união estável, ações de interdição que ocorrem normalmente quando uma pessoa tem algum tipo de problema mental e não é capaz de gerir seus próprios atos. Nesse caso, a incapacidade é atestada por um perito. É nomeado um curador que é a pessoa responsável Valdir Aparecido - Nós temos muitas ações de investigação de paternidade e de alimentos. No caso das ações de alimentos, o alimentando tem que ingressar com uma ação de pedido ou de execução para que seja determinado ao responsável o pagamento dos alimentos sob pena de penhora de bens ou prisão. Normalmente a ação de investigação de paternidade já vem atrelada com pedido de alimentos. O juiz ao final do processo, quando for comprovada a paternidade, estabelece um valor a título de pagamento de pensão alimentícia. Se o responsável não pagar os alimentos o juiz poderá decretar a prisão pelo prazo de 1 a 3 meses. Findo esse prazo, como é uma prisão civil, o preso deverá ser solto, mas isso, não libera a obrigação de pagamento. MP Notícias – E qual a maior demanda da Promotoria? MP Notícias - E como funciona o procedimento de investigação de paternidade? Valdir Aparecido – Existem também ações de reconhecimento de maternidade que embora sejam mais raras, também ocorrem. Mas a demanda maior são as ações de reconhecimento de paternidade. O autor da ação é o próprio filho, ou o suposto filho, mas é a mãe quem representa a criança no exercício desse direito. Na investigação de paternidade inicia-se um processo em que o réu é citado para contestar. O juiz designa audiência de tentativa de conciliação para um eventual reconhecimento voluntário da parte. Se a parte reconhecer voluntariamente, o processo se encerra e o juiz profere a sentença homologando esse reconhecimento. É estabelecido o valor da pensão alimentícia e determinado que a criança seja registrada. Se a parte se negar a fazer esse reconhecimento voluntário, o processo segue. Nesses casos, se opta sempre pela realização do laudo de DNA. Se por ventura as partes não tiverem condições de arcar com as despesas da realização do exame, é permitida a prova testemunhal. O exame de DNA tem sido fundamental para elucidação dessa situação por ser uma prova científica com um grau de certeza muito próximo de 100%. Na ausência do laudo de DNA o juiz não pode se abster de julgar. São examinadas as provas apresentadas pela parte autora e pela parte ré, e depois é proferida a sentença. Por outro lado, a lei estabelece o acesso gratuito à Justiça ficando como uma das obrigações do Estado o custeio dos exames para esse tipo de ação. Infelizmente no nosso Estado isso não vem sendo respeitado. O Ministério Público inclusive já entrou há algum tempo atrás com uma ação judicial, que por motivo técnicojurídico foi indeferida, ou seja, foi extinta sem o julgamento de mérito. Antes do Ministério Público adentrar com outra ação, nós estamos tentando resolver essa questão pelos meios administrativos, mas a verdade é que a falta desse exame prejudica muito as partes e até mesmo na celeridade processual. MP Notícias – Quais os direitos dos casais que convi- vem em união estável? Valdir Aparecido - Salvo estipulação em contrário o regime da união estável é o mesmo do casamento em comunhão parcial de bens. O casal a partir do momento em que começa conviver e enquanto durar essa convivência, tudo o que foi adquirido nesse interstício vai ser considerado a título patrimonial, ou seja, 50% de cada um, não importando se houve contribuição de 10%, 20% ou de 60%. A lei ressalva a possibilidade de estabelecer um contrato. Mas nós não verificamos a existência desses contratos com freqüência. As pessoas preferem estabelecer a união estável sem a realização de um contrato, até porque como eu falei, a união estável já garante aos companheiros o mesmo regime do casamento em comunhão parcial de bens. MP Notícias – Nos casos de união homossexual, como ficam os direitos dessas pessoas? Valdir Aparecido – A nossa legislação ainda não admite a união estável de pessoas do mesmo sexo. Porém, existem vários juízes e Tribunais que estão aplicando o princípio da união estável às pessoas do mesmo sexo. É uma situação que já está posta na sociedade e cabe somente ao direito regular. Da mesma forma, a lei também não admite a adoção feita por casais homossexuais, mas já há decisões em primeiro grau e em Tribunais concedendo a possibilidade de adoção de casais do mesmo sexo. Destaco também que no âmbito administrativo, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já vem reconhecendo a união de pessoas do mesmo sexo como fundamento para concessão de pensão por morte do companheiro. MP Notícias – Recentemente foi aprovada pela Câmara dos Deputados projeto de lei que prevê a guarda compartilhada de filhos de casais divorciados, de uniões estáveis ou de relações eventuais. Qual a sua avaliação sobre esse novo dispositivo? Valdir Aparecido – A guarda compartilhada tende a colocar a responsabilidade em geral a ambos os pais separados na criação dos filhos. A guarda compartilhada não é a mesma coisa que a guarda alternada como muitos pensam. Na guarda alternada o filho fica um determinado tempo com o pai e outro com a mãe. Pela nova lei, a guarda compartilhada é uma forma de dividir as responsabilidades seja em relação a escola, a saúde ou sobre todos os aspectos da vida da criança, independentemente se ela está ou não convivendo com os dois ao mesmo tempo. Nada impede que a criança possa ficar apenas com um pai, mas a divisão de todas as responsabilidades será feita entre ambos os genitores. O que nós percebemos é que a nossa legislação anterior já previa de forma implícita a guarda compartilhada ainda que esse termo não existisse no Código Civil. Porque na verdade, quando é concedida a guarda a um dos pais, o outro não perde a guarda porque isso só ocorre quando houver a perda do poder familiar, que é resultado de um processo. Em regra o pai que não ficar com a criança, não perde nenhum dos direitos e obrigações em relação ao filho. Eu diria que lei da guarda compartilhada é o ideal para os interesses da criança. Essa divisão de responsabilidades dos genitores cria um vínculo forte com o filho e elimina a possibilidade dele crescer com algum trauma decorrente da separação dos pais. Porém, na prática do dia-adia, nos defrontamos na Vara de Família com muitas dificuldades para implantar a guarda compartilhada, quando na maioria dos casos, os pais ainda não resolveram seus problemas pessoais. Geralmente o pai ou a mãe quer a guarda individualmente chegando ao ponto de não querer uma aproximação do doutro com o filho. A guarda compartilhada pressupõe uma total harmonia entre o casal, que geralmente não existe no momento da separação. MP Notícias – O senhor é integrante do Instituto Brasileiro de Direito de Família o IBDFAM. Qual a atuação do instituto? Valdir Aparecido – O Instituto Brasileiro de Direito de Família foi fundado em 1997 e congrega todos os profissionais que atuam no direito de família tais como advogados, juízes, promotores, psicólogos, assistentes sociais etc. A importância do IBDFAM é que ele abre um espaço para discussões sobre o direito de família e atualmente tem tido uma atuação muito grande no âmbito do Poder Legislativo Nacional, com o envio de projetos de lei. O próprio Código Civil já teve alguns artigos modificados por sugestão do IBDFAM. Em cada Estado o instituto possui uma subdivisão com diretorias estaduais que têm a incumbência de promover eventos, seminários e debates. Em Roraima eu sou um dos representantes do instituto, sendo a Drª Neuza Oliveira, defensora pública a presidenta. A cada dois anos o IBDFAM também realiza um Congresso Nacional que tem a participação de grande parte dos membros. O site do Instituto Brasileiro de Direito de Família pode ser acessado pelo endereço eletrônico www.ibdfam.org. br. O IBDFAM também publica bimestralmente a Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Oficina é realizada em Roraima Uma parceria entre o Ministério da Saúde (MS) e a Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde (Ampasa) com apoio do Ministério Público Estadual (MPE) proporcionou aos conselheiros de saúde do Estado de Roraima à participarem da oficina sobre Atenção Básica. O evento foi realizado em maio e teve a duração de dois dias. No primeiro dia a capacitação ocorreu no bloco II da Universidade Federal de Roraima e no segundo dia, no auditório do MPE. Roraima é o terceiro estado a ser contemplado com a oficina. O primeiro foi Maranhão e depois Rondônia. A oficina tem como público alvo promotores de Justiça e conselheiros de saúde do país inteiro e tem como objetivo, buscar uma integração dos agentes de controle social do Sistema Único de Saúde e o fortalecimento da Atenção Básica, fornecendo subsídios para atuação dos conselheiros de saúde e promotores em defesa do SUS. A promotora de Justiça de Defesa da Saúde do Estado de Roraima Jeanne Sampaio abriu o evento. Depois foi apresentada a proposta de colaboração do Departamento de Atenção Básica (DAB) e Ampasa com a promotora de Justiça do Estado de Santa Catarina Sônia Maria Demeda Piardi. As técnicas do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde Aline Azevedo e Elisandréia Sguário, fizeram uma exposição sobre a origem do SUS e seus fundamentos, a participação da comunidade e o Ministério Público no SUS. Foi feita ainda uma apresentação da equipe de Atenção Básica do Estado de Roraima, bem como, uma abordagem sobre a situação da Atenção Básica, indicadores do Pacto pela Saúde, Plano Diretor de Regionalização – PDR e organograma da Secretaria Estadual de Saúde. A Atenção Básica Caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, e considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sóciocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável. A Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 ATENÇÃO BÁSICA 5 ELEIÇÕES 2008: Candidatos com maus antecedentes terão seus registros impugnados O Ministério Público Eleitoral composto pelo Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal se reuniu no dia 17 de junho, no auditório do Ministério Público Estadual para decidir e uniformizar o entendimento acerca do registro de candidaturas de pessoas que possuam maus antecedentes. Em Roraima os promotores eleitorais decidiram que vão impugnar as candidaturas de todos aqueles que respondam a ações criminais ou ações de improbidade. De acordo com o promotor eleitoral André Paulo dos Santos Pereira as impugnações dependem ainda de um posicionamento do Poder Judiciário, o juiz pode ou não acatar o parecer do Ministério Público Eleitoral. De outro lado, o candidato que tiver sua candidatura impugnada poderá recorrer, mas independente disso, o MPE vai seguir esse entendimento. Em relação aos crimes eleitorais o promotor afirmou que o Ministério Público Eleitoral vai atuar junto a sociedade de forma preventiva e repressiva. Também irá atuar em conjunto com as polícias civil e federal para que os ilícitos possam ser coibidos. Da mesma forma, os abusos de poder econômico e político serão coibidos pelo Ministério Público Eleitoral que irá atuar para que as eleições sejam isentas de vícios ou problemas que possam prejudicar o seu livre desenvolvimento. MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 Campanha de coleta de assinaturas é realizada em Roraima 6 Tornar os políticos corruptos inelegíveis. Foi com esse objetivo que a Diocese de Roraima e a Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima, juntamente com organizações populares e sindicais, lançaram no dia 18 de junho, a campanha de coleta de assinatura com o objetivo de enviar o Projeto de Lei de iniciativa popular ao Congresso Nacional para não permitir que os políticos corruptos sejam eleitos. O evento foi realizado na sala de reuniões da Prelazia em Roraima e contou com a participação da promotora de Justiça eleitoral Janaína Menezes, do diretor do Tribunal Regional Eleitoral Alex Fin, do advogado e presidente da Comissão de Combate à corrupção eleitoral da OAB/RR, Ednaldo Nascimento e do bispo de Roraima D. Roque Paloschi. Para que o Projeto de Lei de seja levado à votação são ne- cessárias um milhão e duzentas mil assinaturas, o que corresponde a 1% do eleitorado nacional. O projeto quer alterar a Lei Complementar n.º 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o artigo 14, parágrafo 9º, da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. De acordo com a promotora de Justiça eleitoral Janaína Menezes o Ministério Público Estadual vê de forma positiva a iniciativa popular, e está acompanhando essa movimentação da sociedade civil, que clama por ética na política brasileira. “O Ministério Público Eleitoral em todo o país tem seguido o entendimento de que vai impugnar todas as candidaturas das pessoas que têm maus Promotora de Justiça Janaína Menezes com representantes da OAB, TRE e Diocese de Roraima antecedentes. Em Roraima não será diferente. Nós vamos tomar como parâmetro esse Projeto de Lei para que possamos impugnar a candidatura dessas pessoas que não têm mostrado compromisso com a sociedade e que não atendem os requisitos de moralidade e de probidade” afirmou. A promotora afirmou ainda que o Ministério Público está aberto a toda a sociedade. “A comunidade deve participar dessa iniciativa levando aos promotores eleitorais o conhecimento de fatos que impeçam os candidatos de participarem do pleito eleitoral e mais a frente, os abusos que tiverem ocorrendo nas eleições” concluiu. RISCO DE DESABAMENTO: Promotoria protocola ação contra Oi/Telemar A Promotoria da comarca de São Luiz do Anauá protocolou ação civil pública contra a empresa OI/ Telemar, para que seja feita a imediata reparação dos alicerces e dos cabos de sustentação da torre de transmissão da empresa, que está inclinada e com risco de desabar. A torre está localizada no Posto de Arrecadação, ao lado do prédio do Fórum da comarca de São Luiz do Anauá. De acordo com o promotor de Justiça substituto Madson Welington Batista Carvalho, caso a torre venha a desabar, atingirá vários imóveis e residências situadas nas proximidades do local. No dia 20 de junho, o juiz da comarca de São Luiz do Anuauá Luiz Alberto de Morais Júnior concedeu liminar determinando que a OI/ Telemar realize imediatamente, a manutenção pe- riódica e preventiva da torre de transmissão. O juiz fixou multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento da decisão. Conforme relatório feito pela Polícia Militar a pedido do Ministério Público, foi constatada a inclinação da posição vertical da torre, que é de estrutura em armação metálica sustentada por cabos de aço, medindo aproximadamente 40 a 50 me- tros de altura. “Se não obtiver uma manutenção precisa por parte da empresa, existe realmente o perigo de queda, e se isto ocorrer, poderá cair em cima do teto do Fórum da Comarca de São Luiz do Anauá e de residências próximas, e outros problemas poderão ocorrer devido às ações do clima, como rajadas de vento” adverte o relatório da Polícia Militar. AGENTES AMBIENTAIS VOLUNTÁRIOS: Programa é lançado em Roraima O Ministério Público Estadual e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) lançaram no dia 30 de maio o Programa Agentes Ambientais Voluntários (AAV). O objetivo do programa é esclarecer a sociedade civil organizada sobre a importância de proteger a biodiversidade e a vida, orientando cidadãos para atuarem de forma individual e coletiva, na prevenção de danos ambientais e na promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Participaram do lançamento a coordenadora do programa AAV no estado do Amazonas Anete Barroso Amâncio, a analista ambiental do Ibama/RR Iana Carmem Ávila, a superintendente do Ibama em Roraima Nilva Baraúna, a promotora de Justiça do MPE Janaína Menezes, titular da 3ª Promotoria de Justiça Cível – Meio Ambiente, o procurador- geral de Justiça Alessandro Tramujas Assad, o promotor de Justiça 2º titular da 3ª Promotoria de Justiça Cível – Meio Ambiente, Zedequias de Oliveira Júnior, os promotores de Justiça das comarcas do interior do estado de Roraima e diversas autoridades locais. A capacitação para Agentes Ambientais Voluntários constitui em uma oficina de 40 horas com atividades práticas junto à comunidade. O voluntário também recebe informações sobre educação e legislação ambiental, manejo de flora, fauna e pesca. O primeiro curso em Roraima foi ministrado na comunidade do Aningal, no município de Amajari. No lançamento do Programa AAV foi assinado um Terno de Cooperação Técnica entre o Ibama e Ministério Público Estadual com o objetivo de fortalecer a gestão ambiental no Estado de Roraima, através da implantação do Programa Agentes Ambientais Voluntários que vão auxiliar o Ibama em atividades de educação ambiental, proteção, preservação e conservação dos recursos naturais. Ficou estabelecido no documento que o Ibama irá operacionalizar e coordenar o programa, garantir logística nos cursos de formação, acompanhar todas as etapas do programa com visitas prévias às comunidades atendidas, orientação dos componentes curriculares dentro da realidade de cada comunidade, acompanhamento da execução do plano de trabalho e avaliação, bem como, credenciar os Agentes Ambientais Voluntários. Já o Ministério Público Estadual vai financiar o projeto através de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) e Transações Penais para o fortalecimento das ações realizadas pelos Agentes Ambientais Voluntários. Os Termos de Ajustamento de Conduta e as Transações Penais são firmados com infratores ambientais que têm suas penas transformadas em ações comunitárias de preservação ao meio ambiente. FRAUDE EM LICITAÇÃO: preço cobrado constitui obstáculo à aquisição do edital, desestimulando possíveis interessados em verificar se preenchem as condições necessárias para participarem da licitação. Ainda conforme André Paulo também houve fraude no fracionamento indevido do objeto da licitação. O objeto era a primeira fase de drenagem do Igarapé Samaúma, que custaria em torno de R$ 2 milhões e foi dividida em duas etapas, através de duas Tomadas de Preço, a primeira e a segunda, cada uma custando em torno de R$ 1 milhão. A ação destaca ainda que a licitação foi dirigida em duas etapas em favor das empresas Consepro Construções e Projetos Ltda e Martins e Martins Ltda. De acordo com o promotor, na primeira Tomada de Preço participaram ambas as empresas sendo que Martins e Martins foi a vencedora com uma diferença mínima entre os valores apresentados pelas duas empresas. Já na segunda Tomada de Preço, conforme o promotor, apenas a Consepro Construções e Projetos Ltda participou do certame ficando evidente que houve revezamento entre as empresas, para que uma fizesse uma obra e a outra a obra restante, o que acarreta, conforme André Paulo, nulidade absoluta de todo procedimento licitatório de ambas as licitações. MP notí- A Promotoria de Justiça da comarca de Mucajaí protocolou ação civil pública com pedido de tutela antecipada contra a prefeitura de Mucajaí, devido às irregularidades encontradas no processo licitatório para drenagem do Igarapé Samaúma cujo valor é de R$ 2 milhões, resultantes de convênios federais. O juiz da comarca de Mucajaí Breno Coutinho concedeu a liminar determinando que a prefeitura suspenda, imediatamente, os procedimentos licitatórios até a decisão final da ação. De acordo com o promotor de Justiça André Paulo dos Santos Pereira uma das irregularidades encontrada foi a cobrança de R$ 300 para o fornecimento da cópia do edital aos interessados em participar do certame. De acordo com o promotor o cias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 Ação é protocolada contra a prefeitura de Mucajaí 7 Agenda... MP notícias • ano 4 • nº 17 • maio e junho de 2008 PROGRAMA AAV: Procurador-geral de Justiça Alessandro Tramujas Assad (ao centro) no lançamento do Programa Agentes Ambientais Voluntários ladeado pelos promotores do Meio Ambiente Zedequias de Oliveira Júnior e Janaina Menezes e pelos promotores de Justiça das comarcas do interior do Estado Madson Wellington, André Paulo e Marco Antônio. 8 Promotor de Justiça Márcio Rosa da Silva, representando a Procuradoria-Geral de Justiça no I Encontro Estadual de Enfrentamento ao Tráfico para Fins Sexuais de Crianças e Adolescentes realizado no auditório do Ministério Público Estadual ao lado da juíza da infância e juventude Graciete Sotto Mayor e da delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao adolescente Maria Aparecida Fernandes Tavares. O MPE parabeniza todos os seus membros e colaboradores pela passagem do seu aniversário Maio Raimifran Gomes da Silva Edimundo Nascimento Lopes Jeanne Christine de A. S. Fonseca Martha Regina Teixeira Lima Francisco Gerôncio Gomes Rejane Gomes de Azevedo Leida Pereira veras Zilmar de Andrade Marques Maria de Fátima Araújo Rômulo Saulo Barrio Alves Edmilson José Brandão Coimbra Carlen Persch Padilha Edilene Viana de Souza Dia 02 05 07 07 09 09 10 10 11 12 13 15 16 Márcio Rosa da Silva Regina de Souza Reis Margoti Deusdedith Ferreira de Paula Neto Zedequias de Oliveira Júnior Ana Lídia de Souza Mendes Cecília de Faria Tavares Antônio Ubirajara Silva Lamarão Carmésia Karina Villa Saraiva Wesley Alves Felipe Marlon Teixeira da Silva Waldemar de Souza Caldas Filho 17 19 21 22 23 23 27 27 29 30 31 Junho Célia Maria Bombonati Ricardo Fontanella Catarina Mendes B. Rosa Araújo Madson Wellington Batista Carvalho Samuel Quirino da Costa Lima Mayara da Silva Ferreira Joselany Neves Girão Barreto Regina Celi de Miranda S. Mattos Carlos Renato Marques de Castro Maria Rosângela Michels Mainardi Tompson Ribeiro Damasceno Cláudia Cavalcante da Silva Lívia Juciene Silva de Souza Dia 01 04 06 06 11 12 14 18 20 20 21 27 30