Discurso direto
“Lavador de carros, Juarez de Castro, 28 anos, ficou desolado, apontando para os
entulhos:
- Alá minha frigideira, alá meu escorredor de arroz. Minha lata de pegar água era
aquela. Ali meu outro tênis.”
(Jornal do Brasil, 29 de maio 1989)
“E Alexandre abriu a torneira:
- Meu pai, homem de boa família,
possuía fortuna grossa, como não
ignoram.”
(Graciliano Ramos)
“- Felizmente, ninguém tinha
morrido - diziam em redor.”
(Cecília Meirelles)
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele:
– Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
(Mário de Andrade)
“- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela.”
(A.F. Schmidt)
“Pergunto:
- É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça encantadora?”
(Guimarães Rosa)
Discurso indireto
“Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a
esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi
escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e
descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem.
Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de
branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.”
(Dalton Trevisan. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
1964.)
“Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoeiro.”
(Graça Aranha)
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do
tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz
da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.”
(Lima Barreto)
“Engrosso a voz e afirmo que sou estudante.”
(Graciliano Ramos)
“Elisiário confessou que estava com sono.”
(Machado de Assis)
Discurso indireto livre
“Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro...
Deixa eu crescer!... Deixa eu ficar grande!... Hei de dar conta deste danisco... Se uma
cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel nos pastos... Tanta urutu, perto de
casa... se uma onça comesse o carreiro, de noite... Um onção grande, da pintada... Que
raiva!...
Mas os bois estão caminhando diferente. Começaram a prestar atenção, escutando
a conversa de boi Brilhante.”
(Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro, José Olympio, 1976.)
“Que vontade de voar lhe veio agora!
Correu outra vez com a respiração
presa. Já nem podia mais. Estava
desanimado. Que pena! Houve um
momento em que esteve quase...
quase!
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só
tinham beleza. Entretanto, qualquer
urubu... que raiva...”
(Ana Maria Machado)
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos
no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.”
(Graciliano Ramos)
“O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha.
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica nem a dos
campos possuíam salvação.
Perdido... completamente perdido...”
(H. de C. Ramos)
Indireto livre Æ Direto Æ Indireto
Observe a seguinte passagem do romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles, que
está na forma de discurso indireto livre:
“Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve.
Rodopia flutuante e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz
vermelho. Então ela sacode de novo. 'Assim tenho neve o ano inteiro'. Mas por que neve
o ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha lindo a neve. Uma enjoada. Trinco a
pedra de gelo nos dentes.”
Na forma do discurso direto, teríamos:
“Então ela sacode de novo e diz:
- Assim tenho neve o ano inteiro.
Mas por que neve o ano inteiro?”
Na forma do discurso indireto, teríamos:
“Então ela sacode de novo e diz que assim tem neve o ano inteiro.”
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Tipos de Discurso