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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
COOPERAÇÃO NAS REDES
INTERORGANIZACIONAIS DO APL DE
ROCHAS ORNAMENTAIS DE
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
Helio Zanquetto Filho (UFES)
[email protected]
Murillo de Marchi Lyra (UFES)
[email protected]
Vinicius Costa Amorim Gomes (UFES)
[email protected]
As aglomerações industriais vêm se destacando no cenário atual,
possibilitando a formação de redes estratégicas com relacionamentos
desde informais a ações empresariais em conjunto. O Arranjo
Produtivo Local (APL) de rochas ornamentais no ssul do Espírito
Santo é um exemplo desde fenômeno. O presente trabalho tem por
objetivo identificar as formas de cooperação praticadas por duas
empresas do APL de rochas ornamentais de Cachoeiro de ItapemirimES, assim como avaliar o nível de desenvolvimento cooperativo das
empresas. O referencial teórico principal apóia-se na estruturação das
redes de co-operação interorganizacionais, sejam elas formais ou
informais, tanto horizontais quanto verticais. Foi utilizada a técnica de
entrevista com um roteiro que foi elaborado a partir do referencial
teórico, do questionário desenvolvido na pesquisa de Zanquetto Filho e
Gomes (2006) realizada anteriormente no mesmo APL de rochas
ornamentais de Cachoeiro de Itapemirim e também no roteiro de
entrevista confeccionado pela pesquisa de Bianco, Galdino e Oliveira
(2005) anteriormente realizada no setor de confecções no município de
Colatina -ES. Nas considerações finais obtidas, observa-se que as
empresas participam de redes de cooperação formalizadas, no entanto
uma empresa demonstra um grau de maturidade maior que a outra
utilizando formas de co-operação mais complexas.
Palavras-chaves: Aglomerados Industriais, Redes de Cooperação,
Rochas Ornamentais
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1. Introdução
O cenário atual se caracteriza por um crescimento da internacionalização econômica
intensificando-se a necessidade de reorganização e mudanças dos modelos de gestão
empresarial. Dentro deste cenário, a concentração geográfica de empresas assumida como
aglomerados industriais tem assumido um papel de destaque no desenvolvimento econômico
de países e regiões. Essas aglomerações tem tido sucesso principalmente pelo fato de que as
empresas inseridas são estimuladas a organizarem-se de forma cooperativa, desenvolvendo
sistemas complexos de interação. O resultado deste processo se frutifica em uma eficiência
coletiva decorrente das ações conjuntas entre as empresas proporcionando maior
competitividade, em comparação das empresas que atuam isoladamente no mercado.
Os aglomerados industriais se referem ao agrupamento de empresas concentradas geográfica e
setorialmente. A presença de fornecedores, prestadores de serviços, produtores de
componentes e de partes, fabricantes de máquinas e equipamentos e entidades públicas e
privadas que compõem a cadeia produtiva, geram uma estrutura em que se destacam as interrelações locais. Trata-se, portanto de um conjunto de agentes que obtém o produto final a
partir de uma forte sinergia de esforços, e não apenas o resultado de soma das partes isoladas.
(GARCIA; MOTTA, 2005, apud AMATO NETO, 2005)
Existem grandes casos de êxito de aglomerados industriais que se destacaram em meados da
década de 70 como as redes de pequenas e médias empresas nos Distritos Industriais italianos
da chamada Terceira Itália e os sistemas produtivos locais na França, Alemanha e Reino
Unido. Destacam-se também as pequenas empresas de base tecnológica da Rota 128 e do
Vale do Silício, localizadas nos Estados Unidos. (SANTOS, 2005)
Considerando as questões conceituais apresentadas e que no Brasil, especificamente no
Espírito Santo, a presença do APL de Rochas Ornamentais localizado na região sul,
possibilita ao Estado ser líder em produção e exportação de rochas minerais do país,
estabeleceu-se como objetivo principal desta pesquisa identificar as formas de cooperação
praticadas por duas empresas do APL de rochas ornamentais de Cachoeiro de Itapemirim-ES.
A pesquisa se justifica na importância do conhecimento das formas de cooperação
desenvolvidas pelas empresas frente a este dinâmico cenário. Nas aglomerações industriais as
empresas estão desenvolvendo sistemas de cooperação baseado em suas experiências locais,
na maioria dos casos sem um acompanhamento teórico - cientifico. Além do conhecimento
das formas de cooperação, é necessário avaliar qual nível de desenvolvimento estão os
relacionamentos, exigindo o contato universidade-empresa que se realizou por meio desta
pesquisa. A escolha por estudar o Arranjo Produtivo Local (APL) de Rochas Ornamentais
deu-se pela importância socioeconômica que este possui no estado do Espírito Santo,
ocupando hoje a posição de maior exportador de rochas do país.
O artigo foi estruturado de forma a facilitar o entendimento da seguinte forma: a segunda
seção apresenta referencial teórico que vai suportar conceitualmente as análises da pesquisa
empírica. A terceira seção descreve a metodologia. Na quarta seção serão analisados dois
dados da pesquisa empírica para, na última seção serem apresentadas as considerações finais.
2. Referencial Teórico
Para Cassiolato e Lastres (2003) os distritos industriais conceituam aglomerações de empresas
interdependentes com elevado grau de especialização, seja de caráter horizontal (entre
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empresas de um mesmo segmento, ou seja, que realizam atividades similares) ou vertical
(entre empresas que desenvolvem atividades complementares em diferentes estágios da cadeia
produtiva).
Cassiolato e Lastres (2003) que afirmam que mesmo os arranjos produtivos sendo os mais
adequados para promover geração, aquisição, difusão de conhecimento e inovações,
consideram que a competitividade das empresas e outras organizações dependa da amplitude
das redes em que participam e principalmente do uso que fazem das mesmas.
Objetivando formar parcerias produtivas, as empresas presentes nos aglomerados cooperam
entre si, na tentativa de obter vantagens competitivas, desenvolvendo em conjunto ações que
isoladamente seriam de difícil e muitas vezes impossível realizar sozinhas. Neste ambiente
surgem as redes empresariais ou redes de cooperação, os arranjos produtivos locais e outras
tecnologias de gestão conjuntas. (WITTMANN; DOTTO; BOFF, 2003).
Segundo Wittmann, Dotto e Boff (2003) a intensificação da cooperação empresarial na busca
de competitividade e sua interface com o desenvolvimento da região onde as empresas se
inserem provocaram em muitos países a presença de incentivos governamentais visando o
crescimento dessas aglomerações produtivas através de políticas públicas. Isso também
impacta positivamente no crescimento regional.
Dentre as tipologias de redes de cooperação destacam-se as redes verticais e horizontais. Para
Pyke ([199-] apud CARDOZA; CARPINETTI; GEROLAMO, 2005), uma rede horizontal de
empresas é formada entre os competidores. Nesse tipo de rede a cooperação ocorre entre
vários grupos de empresas com iniciativas comuns sobre determinadas questões do negócio.
Dentre os principais benefícios de uma rede horizontal pode-se destacar:
− Economias de escala (as PME’s podem unir esforços para reduzir os custos e aumentar os
volumes de produção).
− Maior poder de negociação (custos menores de matéria-prima em função das compras
coletivas, acesso aos mercados que exigem mais qualidade, introdução de tecnologias,
facilidade para negociar com as grandes empresas etc.).
− Maior capacidade de gerenciar estrategicamente o setor (as redes de empresas oferecem
melhores condições para tomar as decisões estratégicas porque podem reduzir/dividir os
riscos, colocando mais rapidamente em prática as ações coletivas).
− Implantar ações coletivas (frágeis e fortes) para promover a cooperação: campanhas
publicitárias ou de promoções coletivas, capacitação técnica e gerencial coletiva, serviços
comuns compartilhados, dividir os custos para participar feiras comerciais, participar de
consórcios de exportação, pesquisas e desenvolvimento de produtos etc.
Pyke ([199-] apud CARDOZA; CARPINETTI; GEROLAMO, 2005) também define que uma
rede vertical de empresas agrupa as empresas que formam uma cadeia de abastecimento que,
em muitos casos, é governada por uma grande multinacional. Portanto, nesta configuração
industrial torna-se importante estabelecer estruturas e infra-estruturas robustas nos APL’s e
promover e fortalecer os vínculos entre as empresas do APL’s.
3. Descrição Metodologia da Pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo na abordagem qualitativa que de acordo com Maanen (1979,
apud Neves, 1996) tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo
social reduzindo a distância entre entrevistador e entrevistados, entre teoria e dados, entre
contexto e ação. Realizou-se quatro estudos de caso para que fosse possível não só descrever
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mas também explicar as diferenças encontradas nas quatro organizações participantes da
pesquisa. A seleção das empresas foi feita a partir de uma pesquisa quantitativa realizada na
qual constam 54 questionários respondidos das 245 empresas pesquisadas do Arranjo
Produtivo Local (APL) de Cachoeiro de Itapemirim-ES. O estudo de caso como estratégia
exploratória escolhida por dar a oportunidade de se examinar acontecimentos contemporâneos
sem a necessidade de se manipular comportamentos relevantes (Yin, 2001).
Selecionadas as empresa optou-se por entrevistar um representante de cada empresa, sendo
que todos eram gerentes e possuíam autonomia para falar em nome da mesma. A fim de
manter o sigilo das informações coletadas as quatro empresas são aqui denominadas
Empresas W, Z, X e Y. Para a realização das entrevistas utilizou-se um roteiro sendo as
mesmas gravadas e transcritas para evitar viés nas falas dos sujeitos entrevistas. O roteiro foi
adaptado a partir de pesquisa anteriormente realizadas em outro arranjo produtivo. Os dados
foram coletados nos meses finais do ano de 2006.
4. Análise da Pesquisa Empírica
Antes de iniciar a análise da pesquisa atual apresenta-se aqui alguns resultados da pesquisa
quantitativa a fim de melhorar o entendimento do contexto no qual as empresa estão inseridas.
4.1 Contexto do APL
Com relação ao mercado consumidor 35,6 % das empresas exportam para o mercado NorteAmericano, com pouca representatividade dos outros mercados externos. Na aquisição de
máquinas de ultima geração 42,4 % das empresas os adquirem dentro do próprio APL de
Cachoeiro, no sul do ES, sendo que este número sobe para 83,8 % para equipamentos
convencionais, 83,7 % na contratação de serviços, 69,4 % para fornecimento de granalha e
abrasivos e 66,7 % do fornecimento de lâminas e de fio diamantado. Isso demonstra que do
ponto de vista do fornecimento de insumos e equipamentos este APL já encontra-se bem
estruturado. Entretanto, com relação à cooperação interorganizacional 95,3 % das empresas os
relacionamentos com as demais empresas do setor ocorrem por meio de troca informal de
informações, sendo que 67,4% seu relacionamento limita-se, exclusivamente, à aquisição de
insumos. Além disso, 62,5 % disseram não ter nenhum tipo de relacionamento com
Universidades e Centros Tecnológicos, o que indica não só a pouca cooperação
interorganizacional como a pouca cooperação para inovação tecnológica e gerencial.
4.2 Análise das Empresas
Nesta pesquisa procurou-se entender como as empresa enxergam a importância do APL para
seu desenvolvimento. A empresa Z, explica que nos últimos 10 anos o mercado capixaba,
principalmente Cachoeiro, vivenciou um crescimento notável, pois máquinas de alta
tecnologia foram importadas pelas empresas visando adquirir melhor qualidade dos produtos.
Estas inovações tecnológicas obrigaram as empresas a se organizarem principalmente no
processo produtivo, aumentando o contato entre elas em busca de trocas de experiências e
melhores práticas contra os gargalos de produção.
Como relação a localização geográfica, segundo a empresa Z destaca que em torno de
Cachoeiro existe a facilidade de acesso tanto de matéria-prima quanto de prestadores de
serviços e fabricantes de maquinas e equipamentos; demonstraram que ao passar dos anos a
troca de informações com ênfase no aprendizado foi importante para o crescimento e ainda o
APL proporcionou ações em conjunto frente ao governo.
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Da mesma forma as empresas X e Y, dentre os problemas citados pelas empresas cuja
inserção no APL tem ajudado a resolver, destacaram: acesso a fornecedores de insumos e
máquinas; crédito para compra de máquinas e equipamentos; inadimplência de clientes
internacionais; mão-de-obra qualificada e; questões ambientais que envolvem e extração e
beneficiamento de rochas, por exemplo, a destinação dada aos resíduos provenientes do
processo produtivo.
Paradoxalmente a empresa W considera não haver uma mentalidade coletiva entre as
empresas concorrentes, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas, sendo esta
mesma visão compartilhada pela empresa Z quando afirma não haver uma visão coletiva entre
a maioria das empresas na difusão de inovações tecnológicas.
Do ponto de vista do relacionamento com os fornecedores todas as empresas afirmam que
existe um relacionamento formal com os fornecedores quanto com vendedores. Entretanto,
estes contratos se limitam em sua natureza de compra e venda, sem qualquer outra
abrangência de relacionamento mais amplo.
As empresas X e Y afirmam que os contatos com associações é feita de forma informal o
mesmo acontecendo com as empresas Z e W. Entretanto, observou-se que estas duas últimas
destacaram que a relação com as entidades que garante acesso a informações que envolvem
mudanças na legislação ambiental e tributária, disponibilidade de créditos além de descontos
em cursos, por exemplo.
Foi observado que existe hoje naquele APL uma rede denominada Rede Rochas, sendo esta
uma associação que não se restringe a comportar somente empresas produtoras de rochas
ornamentais, mas também está aberta aos fornecedores do setor e demais agentes do arranjo.
Assim, dentro desta associação existem grupo de trabalho divididos por temas especificos. A
empresa X e Y participam de dois grupos de trabalho cada uma, sendo grupos de trabalhos
diferentes. As empresas Z e W, disseram participar do Rede Rochas sem especificar em
quantos grupos participam.
Com relação aos benefícios relacionados à participação nas redes as empresas W e Z disseram
participar do o principal objetivo é a aprendizagem coletiva através da troca de informações e
da interação entre seus integrantes, por meio de visitas técnicas e reuniões semanais. A a
Empresa Y foi mais enfática na importancia da rede pois considera crucial sua participação na
rede, pois através dela as empresas estão conseguindo resolver questões ambientais junto a
órgãos públicos efetuando parcerias que geram benefícios inclusive para a sociedade. Ou seja
para esta empresa a Rede Rochas tem cumprido diferentes funções de caráter especifico.
Considera-se importante, neste momento, abrir um espaço para uma reflexão sobre a
conceituação e estruturação das redes interorganizacionais. Nas discussões promovidas dentro
do grupo de pesquisa observa-se na literatura confusões conceituais quando se trata do tema
redes. Julga-se relevante separar a conceituação das redes denominadas “redes sociais”
organizacionais daquelas redes denominadas “redes interorganizacionais”. Esta separação se
faz necessária pois as redes sociais existem, independentemente das redes
interorganizacionais existirem, ou seja, todas as organizações fazem parte de um ambiente
social e se relacionam socialmente com outras organizações, formando assim as redes sociais.
Desta forma, toda e qualquer organização pertence a uma rede, é inflenciada por ela e também
a influencia.
Entretanto, na visão dos autores, as redes interorganizacinais devem ser diferenciadas das
redes sociais principalmente em dois aspectos, a objetividade e a temporalidade. O primeiro
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refere-se à necessidade de serem estabelecidos objetivos especificos com metas definidas para
aquela rede, ou seja, deve estar claro para todos os membros das redes interorganizacionais o
que desejam fazer “em rede”. Julga-se, assim, que os benefícios e os resultados das redes
interorganizacionais, bem como as funções de cada organizações dentro dela, estejam
definidas a fim de facilitar a visualizão dos resultados alcançados e da contribuição de cada
uma. O segundo aspecto que as diferencia está associado à temporalidade. As redes
interorganizacionais devem ser estabelecidas com “prazo de validade”. Neste caso pode-se
trabalhar de duas formas, na primeira tem-se a estruturação de uma rede com caráter
permente, mas que periodicamente passa por discussões relacionadas aos objetivos daquele
período. Na segunda o próprio período de existência da rede é estabelecido e perdura
enquanto os objetivos delineados não forem atingidos. Entretanto, assim, que os objetivos
forem alcançados esta rede interorganizacionail será desfeita, possibilitando assim a formação
de outras redes cooperativas com outros objetivos.
O que se tem observado, tanto dentro da academia quanto junto aos empresários, é que a
percepção com relação a formação das redes interorganizacionais tem dois pressupostos: 1que as redes interorganizacionais envolverão todos os setores da empresa ou todos os
processos das organizações e, 2-que as redes são eternas. Estes pressupostos têm causado
dificuldades na integrações entre as empresas, pois fica a percepção de que ao participar de
uma rede de cooperação interorganizacional as empresas terão que abrir todas as suas
informações e que estarão ligadas à aquela rede para sempre. Entretanto, deve ficar claro que
nenhum dos dois pressopostos devem verdadeiros, muito pelo contrário devem ser negados.
Se assim for, torna-se possível que empresas que são competidoras no mercado, perticipem de
redes que cooperem em questões relacionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias, de
solução dos problemas ambientais e, eventualmente, de problemas de inserção de novos
mercados, dividindo os investimentos nestes setores, aumentando sua competitividade. Ou
seja, não é porque as empresas são concorrente que não possam cooperar, podem sim, mas
naqueles setores/processos que não afetem sua competitividade. Na verdade o objetivo da
formação da rede é aumentar a competitividade de todos que participam desta rede. Assim, as
emrpesas que participaram da rede interorganizacional terão melhores condições, quando
observados os objetivos estabelecidos naquela rede de cooperação, com relação às empresas
que estão fora da rede, mas com iguais condições às empresas que dela participaram.
Sinteticamente as redes devem melhorar aspectos específicos para os quais foram criados para
aquelas organizações que se organizaram em uma determinada rede de cooperação
interorganizacional.
Voltando a análise dos casos, do ponto de vista do relacionamento da empresa com demais
agentes do APL visando a inovação de produtos e processos, tanto as empresas X e Y
consideram que haja um distanciamento e uma mentalidade até individualista entre as
empresas do APL. A empresa Z destacou que não enxerga a presença de universidades e
centros de pesquisa dentro do APL atuando com os demais participantes, consideranado que o
APL carece de entidades que promovam a difusão do conhecimento.
As empresas Z e W consideram estarem bem abertas quanto a divulgação de suas tecnologias.
No entanto, ambas não percebem esta abertura na maioria das empresas do arranjo. Fato
observado nos autores Cassiolato e Lastres (2003) que afirmam que mesmo os arranjos
produtivos sendo os mais adequados para promover geração, aquisição, difusão de
conhecimento e inovações, considera-se que a competitividade das empresas e outras
organizações dependa da amplitude das redes em que participam e principalmente do uso que
fazem das mesmas
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Todas as quatro empresas consideram que é muito fraca a presença de universidades e centros
tecnológicos no APL, que seriam de grande importância diante do entrave tecnológico. Esta
observação está em consonância com Garcia e Motta (2005, apud Amato Neto, 2005) diante
dos desafios encontrados pela empresa W de sobreviver e se desenvolver em um contexto em
que a concorrência tem se tornado cada vez mais acirrada, empresa se aliou com outras
empresas buscando uma nova forma de gestão, proporcionando segundo Wittmann, Dotto e
Boff (2003) ganhos em eficiência coletiva geradas por ações conjuntas resultante desta
interação.
Entretanto a empresa X a Rede Rochas tem criado uma mentalidade coletiva e de
responsabilidade social aos participantes gerando um clima de aprendizagem muito grande
através do intercâmbio de informação e experiências. Isso favorece a disseminação do
conhecimento, sendo este um ativo intangível de extrema importância para as empresas do
APL. A sinergia gerada entre os participantes dentro desse ambiente cooperativo associa o
desenvolvimento individual com o coletivo, aumento assim a interdependência e
compartilhamento de ações coordenadas. Essa interação em rede vem confirmar o conceito de
redes interorganizacionais definidos por Nakano (2005, apud OLAVE; AMATO NETO,
2005) e pelos estudos da REDESIST.
5. Considerações Finais
Diante dos resultados apresentados e discutidos, é possível realizar algumas considerações
sobre as formas de cooperação praticadas pelas duas empresas e avaliar o nível de
desenvolvimento cooperativo das empresas.
A empresa W se instalou em torno de Cachoeiro principalmente pelo acesso ao mercado que a
região pode proporcionar. Conhece o conceito de APL e sabe desfrutar das vantagens que ele
oferece, considerando o mesmo crucial para a sobrevivência da sua empresa. Participa de duas
redes que possibilitam trocar experiências, desenvolver novas técnicas de gestão gerencial e
da produção e ainda alavancar sua comercialização. Em suas dificuldades, a empresa mostra
agir em conjunto com as parceiras das redes, como aconteceu frente aos fornecedores onde
isoladamente seria impossível vencer sozinha. Observa-se ainda a importância dada à
divulgação da inovação tecnológica dentro de sua rede de parceiros. O fato de realizar a
divisão de tarefas de grandes projetos entre as nove empresas do grupo de comercialização e
ter o Sebrae realizando a função de governança do grupo demonstra um nível de maturidade
avançado. Esta empresa destaca por desenvolver com mais êxito pelo menos duas formas de
cooperação: participar ativamente de uma associação que visa o desenvolvimento interno de
gestão da empresa e a participação do grupo de comercialização, submetendo-se a uma
governança única que facilitará a ação conjunta contínua com seus parceiros.
A empresa Z se instalou em Cachoeiro pela facilidade de acesso à matéria prima, máquinas e
equipamentos. Mostrou conhecimento sobre o APL, mas um envolvimento inferior ao
apresentado pela empresa W, mostrando-se menos detalhista em seus relacionamentos. Ao
longo dos anos as inovações tecnológicas do setor obrigaram a empresa estar mais em contato
com outras buscando melhores práticas e trocas de informações na área de produção. Diante
de suas dificuldades, se uniu às outras empresas buscando uma solução e representatividade
frente ao governo. Sobre os relacionamentos com outras empresas compartilhando produção e
comercialização, efetuam serviços para alguns parceiros quando estes estão sobrecarregados
em sua linha de produção, o que se limita a uma atividade eventual e não um
comprometimento diretamente de uma rede. Esta empresa demonstrou relacionamentos
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menos comprometidos e menos duradouros com as outras empresas do arranjo, sendo estes
relacionamentos informais e restritos a trocas de informações sem um comprometimento com
objetivos de longo prazo.
Durante a análise verificou-se que a empresa X e Y possuem maiores similaridades que as
empresas Z e W, desta forma a análise das duas, em grande parte, são similares. Ficou
constatado que ambas têm contratos formais de fornecimento, com constante interação entre
empresas e seus fornecedores visando melhoria na qualidade dos insumos e de suas aplicações
no processo produtivo. Por meio da Rede Rochas estas empresas estão tendo acesso a
fornecedores de insumos de melhor qualidade que não atuam no Estado. Em relação aos
clientes as empresas possuem um contrato formal de compra de produtos. Segundo relato das
duas empresas existe no APL um problema quanto à inadimplência de clientes internacionais
que já está sendo tratado pela Rede Rochas através do grupo GT de Financiamento junto a
órgãos públicos.
Todas as empresas afirmam que é intensa a relação com troca informal de informações com
demais empresas do setor, contudo, no que se refere a disseminação de inovações
tecnológicas os entrevistados afirmaram não haver coletividade no APL, sendo constatado
que existe pouca capacidade de desenvolvimento e disseminação em inovações tecnológicas.
Ou seja, observa-se que para assuntos que são do domínio e conhecimentos dos empresários e
dos técnicos do setor existe cooperação mesmo que informal e desestruturada. Entretanto,
para assuntos que exigem maiores investimentos e uma metodologia mais estruturada, como
no caso da inovação tecnológica, não há a cooperação informal. Neste caso confirma-se a
necessidade da estruturação de redes formais de cooperação para a inovação. Esta observação
é agravada pelo preocupante fato de todas as quatro empresas considerarem fraca presença de
universidades e centro tecnológicos com os demais participantes do arranjo, apesar de todos
considerarem fundamental a presença dessas instituições no APL principalmente para
promover estudos visando a inovação de produtos e processos.
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uma alternativa para PMEs no Brasil. In: Amato Neto, J. (Org.). Redes entre Organizações. São Paulo: Atlas
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
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cooperação nas redes interorganizacionais do apl de