Física Física – Módulo 1 Sistemas de Partículas e Centro de Massa Quantidade de movimento (momento) Conservação do momento linear Física Partículas e sistemas de Partículas Átomos, Bolinhas de gude, Até agora, tratamos tudo isso como partículas... A partir de agora, vamos entender porque podemos fazer isso. Carros e até Planetas... Física Centro de Massa Para aplicar as leis de Newton a corpos extensos, vamos admitir que tais corpos sejam compostos por partículas, num sistema de partículas. Vamos admitir também que as leis de Newton se aplicam a cada partícula neste sistema. cm Neste sistema de partículas existe um ponto que se comporta como se toda a massa do sistema estivesse concentrada nele, e todas as forças externas agem sobre o sistema como se estivessem agindo sobre ele. Este ponto é chamado de centro de massa (cm). Física Cálculo do centro de massa Vamos considerar inicialmente um sistema simples, de duas partículas. x1 m1 x2 XCM m2 x A coordenada do centro de massa Xcm é então definida por MX CM = m1 x1 + m2 x2 na qual M = m1+ m2 é a massa total do sistema. Assim, o cálculo do centro de massa é dado por X CM = m1 x1 + m2 x2 m1 + m2 Física Cálculo do centro de massa: Para duas partículas, ok! E como resolver para 2.345.456.875.67 e32 partículas? Bem, generalizando para N partículas, teremos que MX CM = m1 x1 + m2 x2 + m3 x3 + ... + mN xN = ∑ mi xi i na qual M = ∑m i é a massa total do sistema. Em notação vetorial, se r = xii + yij + yik for o vetor posição da í-ésima partícula, o vetor posição do centro de massa Rcm MR CM = ∑ mi ri i Física Exemplos: (a) m1 = m2 ⇒ (b) m1 >> m2 xCM = x xCM x x1 + x2 2 xCM ≈ x1 xCM (c) Em geral, o centro de massa é um ponto intermediário entre x1 e x2: x1 < xCM < x 2 m x=0 xCM x 2m x=L xCM m × 0 + 2m × L 2 = = L 3m 3 Física Exemplo: 3 partículas de massas iguais formando um triângulo m 2m m m Baricentro do triângulo: Interseção das medianas m 1/3 CM 2/3 Física Centro de massa e simetrias: • Se um corpo possui um ponto, uma linha ou um plano de simetria, o CM situase nesse ponto, linha ou plano. Linhas de simetria Centro de simetria CM CM Planos de simetria Note que para que um ponto, linha ou plano seja de simetria, é preciso que, para cada elemento de massa, exista um outro igual na posição simétrica em relação ao ponto, linha ou plano. Note que o centro de massa pode estar numa região onde não há massa! Física Exemplo: Centro de massa de um sistema de partículas Na figura abaixo temos um sistema de três partículas. Encontre o centro de massa deste sistema m1 = 1 kg x1 = 0 m y1 = 0 m m2 = 2 kg x2 = 0 m y2 = 3 m m3 = 4 kg x3 = 4 m y3 = 0 m xCM 0 ×1 + 0 × 2 + 4 × 4 = m = 2.3 m 1+ 2 + 4 yCM 0 ×1 + 3 × 2 + 0 × 4 = m = 0.9 m 1+ 2 + 4 Física 2a Lei de Newton para um sistema de partículas: O movimento dos sistemas acima é muito complicado, mas o centro de massa descreve uma parábola como uma partícula. Física Movimento do centro de massa A velocidade do centro de massa de um corpo é obtida derivando a equação da posição do CM em relação ao tempo dR CM dri M = ∑ mi dt dt i ou ainda Derivando mais uma vez, obtemos a aceleração do centro de massa MVCM = ∑ mi v i i MA CM = ∑ mi ai i Pela segunda lei de Newton, F = ma é a força resultante que age em cada partícula. Portanto, Fi = mi ai = Fi , int + Fi , ext Fi, int são as Forças internas e Fi, ext são as Forças externas que agem sobre a i-ésima partícula do sistema Física Movimento do centro de massa Assim, sabendo que Fi = mi ai = Fi , int + Fi , ext podemos escrever e que MA CM = ∑ma i i i MACM = ∑ Fi , int + ∑ Fi , ext i i De acordo com a terceira lei de Newton, para cada força que atua sobre uma partícula há uma força igual, porém oposta. As forças internas ocorrem sempre aos pares de forças iguais e opostas e, quanto somadas, se cancelam, restando apenas as forças externas. Fres ,ext = ∑ Fi,ext = MA CM i O CM de um sistema se move como uma partícula de massa M = ∑ m sob a i i influência da resultante das forças externas que atuam sobre o sistema Física O Referencial do Centro de Massa Muitas vezes é conveniente escolher um sistema de coordenadas com origem no centro de massa de um sistema (referencial do Cm). Para passar de um referencial inicial para o referencial do centro de massa subtrai-se a velocidade do CM no referencial inicial da velocidade de cada partícula neste referencial. No exemplo ao lado, as velocidades no referencial do centro de massa são u1 e u2, dadas por: Referencial inicial m1 m2 cm v1 Vcm v2 u1 = v1 - Vcm Referencial no CM e u2 = v2 - Vcm m1 m2 cm u1 u2 Física Exemplo: Centro de massa para forças internas Dois patinadores no gelo (despreze o atrito) encontram-se inicialmente a uma distância de 12 m. Eles puxam as extremidades de uma corda até se encontrarem. Em que ponto eles se encontram? O resultado depende das forças exercidas por eles? m=80 kg m=60 kg Se só existem forças internas ao sistema, o centro de massa tem velocidade constante. xCM 0 × 80 + 12 × 60 = m = 5,1 m ⇒ 80 + 60 Os patinadores se encontrarão a 5,1 m da posição inicial do patinador da esquerda, não importam as forças exercidas por eles. Física Momento Linear e sua conservação Física Momento linear O momento linear (ou quantidade de movimento) de uma partícula é uma quantidade vetorial definida como: p = mv A 2a lei de Newton pode ser escrita em termos do momento de uma partícula. Derivando a equação acima em relação ao tempo, teremos ur r r dp dv =m = ma dt dt Segundo Newton, Força é a variação temporal da quantidade de movimento de uma partícula, ou seja; uur F res r ur r dv d p =m = = ma dt dt ou uur F res ur dp = dt O conceito de momento é importante, pois se não houver uma força externa resultante o momento total do sistema se conserva, i.e, não varia com o tempo. Física Conservação de momento linear Vamos considerar duas partículas 1 e 2 que podem interagir entre elas, mas que estão isoladas de sua vizinhança. Estas partículas podem exercer forças uma sobre a outra, mas não existem forças externas presentes. De acordo com a 3ª. Lei de Newton (ação e reação), F12= -F21 ou ainda que F12+ F21=0 A 2ª. Lei de Newton, por sua vez ur uur d p1 F 12 = dt e ur uur d p2 F 21 = dt Assim, podemos obter que Observe que a derivada temporal do momento total é zero. Física Conservação de momento linear Como a derivada temporal do momento total ptotal = p1 + p2 é zero, podemos concluir que o momento total do sistema permanece constante. ptotal = ∑ p i = p1 + p 2 = constante i ou ainda, A soma dos momentos iniciais deve ser igual dos momentos finais. Assim, podemos escrever que Quando duas ou mais partículas isoladas num sistema interagem, o momento total do sistema permanece constante. Lei da conservação do momento linear Física Momento linear para um sistema de partículas O momento linear total P de um sistema de partículas é a soma vetorial dos momentos lineares individuais: ur P = ∑ mi v i = ∑ p i i i De acordo com a definição de centro de massa, podemos escrever que: ur ur P = ∑ mi v i = M V CM i Diferenciando em relação ao tempo a definição do centro de massa: ur ur r dP d V CM =M = MA CM dt dt Porém, a massa vezes a aceleração do centro de massa é igual a Força ur externa resultante uur dP ∑i F i,res , ext = dt Física Conservação de momento linear : sistema de particulas Uma conseqüência imediata da 2a lei de Newton para um sistema de partículas é a conservação do momento linear total de um sistema na ausência de forças externas ur ur (ext) F =0 P = cte Assim como no caso da conservação da energia mecânica, essa lei pode ser muito útil para resolver problemas, sem ter que achar a dinâmica detalhada do sistema. Note que a única condição para a conservação do momento linear total é a ausência de forças externas. Não há nenhuma restrição quanto à presença de forças dissipativas, desde que elas sejam internas. Se F (ext) =0 Ausência de forças externas P = cte O momento se conserva!! Física Durante o chute, uma parte da quantidade de movimento do pé do Garfield é transferida para o corpo do cachorro. Acompanhe o esquema: Dessa forma, a quantidade de movimento total se conserva, embora variem as quantidades de movimento do pé do Garfield e do cachorro. Física Exercício – Exemplo: Uma caixa de 2,5 kg se move com velocidade v1 = 10 m/s i e outra de 3,5 kg com velocidade v2 = -2m/s i. Achar (a) o momento total, (b) a velocidade do centro de massa e (c) a velocidade de cada caixa no referencial do centro de massa Física Exercício – Exemplo: Um canhão com sua plataforma sobre rodas tem massa M = 100 Kg. O canhão atira a bala de massa m = 1 kg na horizontal com velocidade vrel de 300 m/s em relação a si próprio. Calcule a velocidade inicial V0 de recuo do canhão e a velocidade inicial v0 da bala em relação ao solo. Tanto inicialmente como imediatamente após a explosão, o momento linear total do sistema é nulo, pois as forças que atuam durante a explosão são todas forças internas. MV0 + mv0 = 0 v rel = v 0 − V 0 Resolvendo o sistema de equações encontramos: m V = − vrel = −2,97 m/s 0 m+M v0 = vrel + V0 = 297 m/s Os módulos das velocidades estão assim relacionados: v rel V 0 v0 v rel = v 0 − V 0 Física Próxima aula: Colisões Um assunto para ir de encontro...