Dores crônicas - A dor crônica neuropática resulta da ausência de estímulo elétrico. Aparelhos neuroestimuladores de 5 a 6cm com funcionamento adaptável à posição do paciente são implantados na pele: um fio elétrico estimula a medula espinhal, eliminando o desconforto. A técnica aplicada no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP pelo médico Erich Fonoff está indicada em lesões neurais por traumas e hérnias de disco. Bauru, segunda-feira, 14 de outubro de 2013 - Página 14 Ciência no Dia a Dia - Alberto Consolaro ‘Fios elétricos’, sua idade e a memória Os nervos periféricos formam uma rede de “fios elétricos” em todas as partes do corpo. O organismo é comandado por impulsos elétricos transmitidos, recebidos e coordenados por uma central representada pelo cérebro e medula espinhal conhecidos como SNC ou sistema nervoso central, como se fosse a “caixa elétrica” da casa e localizados no crânio e coluna vertebral. A eletricidade e o magnetismo fazem o corpo funcionar como uma máquina: energia pura! Cada nervo ou “fio elétrico” periférico representa um conjunto de prolongamentos filamentares de células conhecidas como neurônios localizados nos gânglios ao longo da coluna vertebral ou na cabeça e que se conectam diretamente com os neurônios do SNC. Os neurônios se conectam em pontos conhecidos como sinapses. Quase se contatam, mas a cada descarga elétrica faz derramar nas sinapses, substâncias ou mediadores fundamentais para a continuidade de transmissão, como a dopamina e acetilcolina. A lesão de nervos, falhas nas sinapses ou falta de mediadores impedem a transmissão de estímulos e alguma coisa no corpo não vai funcionar como andar, falar, ouvir ou ver! Quando alguém diz que cargas elétricas e magnetismo podem transmitir informações ao cérebro, acontece exatamente assim. Miguel Nicolelis, um dos nossos maiores cientistas, conectou eletrodos ou “fios elétricos com pontas desencapadas” no cérebro de macacos que receberam impulsos elétricos originados do outro lado do mundo via internet, comandando-o! Uma sensação na ponta dos dedos representa um estimulo elétrico de ida pelos nervos periféricos, via braço e pescoço, até o SNC. A resposta a esta sensação, como a movimentação para removê-lo do local também é um estímulo, mas de volta pelos nervos periféricos também. Tudo funciona assim nesta maravilhosa máquina humana. Sempre que puder, não deixe a casa abandonada. Os fios elétricos, as caixas e Cérebro e nervos periféricos precisam ser preservados; a manutenção inclui atividade mental constante e bom humor registros de transmissão da eletricidade vão se deteriorar, enferrujar, até não funcionar. No corpo, se aposentar as atividades que exercitam esta rede neural e o SNC, você terá problemas de funcionamento mental e motor. Manter as atividades mentais intelectuais após os 60 anos é fundamental para evitar ou atrasar a perda de memória e as doenças neurodegenerativas. Mantenha seus neurônios vivos e funcionais! É científico! Tão importante quanto a atividade intelectual constante para a saúde mental, é manter o bom humor. Mal-humorados têm vida curta e ruim. Ria, faça brincadeiras com tudo, não leve as coisas tão a ferro e fogo: sua vida será bem melhor! Programe e adeque suas condições sociais, financeiras e culturais com antecedência à sua idade. Ei, você aí, meu caro jovem, eu estou falando com você: sim, você inevitavelmente vai chegar lá! Você está indo pra lá! O envelhecimento começa aos 22 anos de idade! Depressão e mau humor aumentam as chances de perda de memória e Alzheimer! A manutenção das atividades mentais com maior número de afazeres e esforços intelectuais estão relacionados à leitura, jogos, educação continuada, ouvir música, pinturas, palestras e viagens. Ficar na frente da televisão com a boca escancarada cheia de dentes significa ficar esperando a morte chegar, diria Raul Seixas. Apenas televisão, emburrece a gente! Por isto se deve ter, os com mais de 60 anos, oportunidades para o exercício mental como entrada gratuita em cinemas, teatros e museus, assim como estímulos à leitura e a exercícios físicos. Todos estes aspectos mencionados foram pesquisados por Lawrence Baer com sua equipe canadense de cientistas e os resultados foram publicados no “Journal of Gerontology”. Por quatro anos seguiram a vida de 333 aposentados e fizeram análises comparativas. Cientificamente concluíram em outras palavras: não se entregue à rabugice, mau humor e chatice. Seja bondoso. Mexa-se. Esqueça a terceira ou a melhor idade. Na vida temos apenas duas idades: ou se está vivo ou morto! Tá vivo? Então acorde, seu tempo é hoje! Muitos jovens são velhos, muitos! Não sabem desfrutar as coisas boas que são muitas! Entre nós temos muitos chatos, reclamões e mal-humorados: morreram mentalmente, são mortos vivos! Bom humor e atividades cerebrais são remédios ideais para prevenir perda de memória e declínio mental! Mas, meu jovem, o melhor de tudo mesmo seria encontrar um grande amor, caso não o tenha! Tente, vale a pena, afinal: inteligente é ser, ou procurar ser, feliz! Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todas as segundas-feiras no JC. Email: [email protected] Observatório Não diminui - Estudo de Aline Ladd na Veterinária da USP mostrou que o envelhecimento não diminuiu o número de neurônios no cérebro de várias espécies de animais como se acreditou por 30 anos. Pesquisadores observaram o mesmo em cérebros humanos na Dinamarca. A diminuição dos neurônios com a idade foi descrita em 1955 por Brody em 20 cérebros com idades de meses até 95 anos. Em 1984, Haug na Alemanha mostrou em 120 cérebros que o tecido encolhia ao ser preparado para os exames. Quanto mais jovem, encolhia mais que o velho, deixando-os neurônios mais concentrados por área, modificando os resultados. Ressonância, tomografia e biologia computacional permitem agora estudar em 3D e revelam: não é possível acreditar que idade diminui o número de neurônios em humanos! Perda de memória - Pode estar associada com defeitos no funcionamento, sobrecarga de informações ou falta de treinamento em guardar informações. Quanto mais repetida a informação, maior o repertório gravado na memória. Dois exemplos são citados com frequência. 1. Uma criança que conviva com trinta pessoas terá menor probabilidade de esquecer o rosto de uma delas, enquanto um adulto pode esquecer um rosto entre milhares de outros, sem ficar preocupado. 2. Um computador com muita informação fica mais lento e demora mais tempo para apresentar o resultado. Uma pessoa de 50, tem três vezes maior conteúdo do que o cérebro de uma de 25 anos, logo demora mais para lembrar as informações solicitadas. 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