MANEJO DA AMONTOA E ESPAÇAMENTO DE PLANTAS SOBRE CARACTERÍSTICAS
DE PRODUÇÃO DA BATATA CULTIVAR ÁGATA
Jadoski1, Sidnei O.; Sales2, Lívia L. S. Rezende; Saito2, Larissa R.; Lopes2, Edina C. P.; Lima1,
Adenilsom dos S.; Wazne3, R.
1
Engº. Agr. Dr. Professor Depto Agronomia. Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná –
UNICENTRO. Campus Cedeteg, Guarapuava-Pr. [email protected]; [email protected]
2
Programa de Pós-graduação – Mestrado em Agronomia UNICENTRO. [email protected]
3
Acadêmico do curso de Agronomia – UNICENTRO. [email protected]
Introdução
A cultura da batata (Solanum tuberosum L.) apresenta grande relevância no cenário da agricultura
brasileira, contudo ainda tem-se observado grande variabilidade nos índices de produtividade e na qualidade
da produção obtida. O espaçamento de plantas e a amontoa são práticas de cultivo que se mal planejadas
podem afetar as características do rendimento final da cultura da batata.
Sobre as características de pós-colheita, Grunenfelder, Hiller e Knowles (2006) salientam que a
exposição dos tubérculos de batata à luz desencadeia um processo de esverdeamento que ocorre devido à
síntese de clorofila com a transformação dos amiloplastos em cloroplastos, associado ao acúmulo de
glicoalcalóides que alteram o sabor dos tubérculos reduzindo a possibilidade de comercialização. Conforme
Brune e Melo (2001) este processo é indesejável, porém, variável de genótipo para genótipo. Estes autores
verificaram que as cultivares Delta e Monalisa apresentaram tubérculos com esverdeamento médio já a
cultivar Ágata, esverdeamento forte.
O objetivo foi avaliar os efeitos de diferentes espaçamentos de plantas na linha de cultivo e épocas de
realização da amontoa sobre a produtividade e características dos tubérculos de batata cultivar Ágata, visando
definir a melhor combinação destes fatores para o manejo da cultura no campo.
Material e métodos
O experimento foi conduzido em área experimental do Departamento de Agronomia, no Campus da
Universidade Estadual do Centro Oeste – Unicentro, em Guarapuava – PR, 25°23’02” S, 51° 29’43” W.
Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado em fatorial 4 x 4 com quatro repetições, composto
por quatro manejos/épocas de realização da amontoa, sendo um testemunha sem amontoa, e realização da
amontoa no plantio, aos 10 e 20 dias após a emergência das plantas e, quatro espaçamentos de plantas na linha,
variando entre 16 e 34 cm, que resultaram em população de plantas que variou de 36.765 a 78.125 plantas ha-1,
respectivamente. Cada parcela foi composta por quatro fileiras de 6,0 m de comprimento, tendo-se como área
útil 4,0 m as duas fileiras centrais. O arranjo de plantas geralmente praticado pelos produtores da região é de
25 cm na fileira e 80 cm entre fileiras, com stand no plantio de 50 mil tubérculos ha-1.
O plantio da batata foi realizado no dia 23 de dezembro de 2009, utilizando-se a cultivar Ágata, com
semente certificada de primeira geração (G1). O plantio dos tubérculos-semente do tipo 2 (diâmetro entre 40 a
50mm) foi realizado distribuindo-se os tubérculos manualmente em sulcos com profundidade de
aproximadamente 0,18 m. Considerou-se como data da emergência plena das plantas quando
aproximadamente 50% dos tubérculos apresentavam emissão de brotos visíveis, acima da superfície do solo.
Foram avaliadas características como massa média, tamanho, produtividade e esverdeamento dos
tubérculos produzidos.
Resultados e discussão
As avaliações demonstraram que o aumento do espaçamento de plantas na fileira ocasiona melhores
condições para a produção de batata para o consumo, aumentando o tamanho e a massa média dos tubérculos.
Nesta condição o número de tubérculos por planta apresentou comportamento oposto, decrescendo com o
XXV Congreso de la Asociación Latinoamericana de la Papa - ALAP, 17/20 de septiembre de 2012, Uberlândia, MG, Brazil
aumento do espaçamento, como se pode verificar na Figura 1 (A), (B) e (C). A partir destes resultados
considera-se que para a produção de batata-semente devem ser preferidos os menores espaçamentos.
Teixeira et al. (2010) que descrevem que os maiores espaçamentos entre tubérculos no plantio são mais
adequados para a produção de batata-consumo resultando em tubérculos de maior tamanho, sendo, neste caso,
consensual entre os produtores que nesta situação o maior espaçamento no plantio desonera os custos de
produção reduzindo os gastos com tubérculos-semente.
(A)
(B)
(C)
Figura 1. Características da produção de tubérculos da cultura da batata em função do espaçamento entre plantas.
Além disso, a verificou-se que a redução do espaçamento de plantas ocasionou aumento da incidência de
esverdeamento dos tubérculos por ocasionar maior exposição á luz com o afloramento dos tubérculos para a
superfície do solo. Quanto as avaliações em relação a amontoa, observou-se que a realização desta prática
mostrou-se como essencial para reduzir a incidência de esverdeamento dos tubérculos produzidos, conforme
se pode observar na (Tabela 1).
Tabela 1. Taxa de ocorrência e intensidade de esverdeamento de tubérculos de batata submetidos a quatro
manejos de amontoa.
Esverdeamento (%)
Amontoa
Ocorrência
Intensidade
Amontoa no plantio
4,68 b
0,44 b
Amontoa aos 10 DAE
5,23 b
0,34 b
Amontoa aos 20 DAE
8,33 b
0,91 b
Sem amontoa
21,87 a
1,66 a
DMS
6,02
0,82
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (p<0,05).
Os resultados estão corroborando com Filgueira (1999), que descreve que a não realização de amontoa
tende a expor os tubérculos à luz, especialmente no caso de anos mais chuvosos ou em locais com solo de
textura leve, com reduzido teor de argila ou baixa matéria orgânica.
Conclusões
A produtividade da cultura é beneficiada pela realização de amontoa anteriormente à emergência das
plantas. O espaçamento entre plantas na fileira de aproximadamente 34 cm associado à realização de amontoa
no momento do plantio destacou-se como o melhor manejo para a produção de batata para o consumo.
Agradecimentos
Ao Grupo de produtores de Batata de Guarapuava-PR, que apoiam na unidade de pesquisa.
Referências bibliográficas
FILGUEIRA, F. A. R. Práticas culturais adequadas em bataticultura. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v. 20, n. 197, p. 34-41, 1999.
TEIXEIRA, A. L.; SILVA, C. A.; SANTOS, L. P.; LEPRE, A. L. Eficiência na emergência e produtividade
dos diferentes tipos de batata-semente. Scientia Agraria, Curitiba, v. 11, n. 3, p.215-220, 2010.
GRUNENFELDER, L.; HILLER, L. K.; KNOWLES, N. R. Color indices for the assessment of chlorophyll
development and greening of fresh market potatoes. Postharvest Biology and Technology, Elsevier, v. 40, n.
1, p. 73-81, 2006.
BRUNE, S.; MELO, P. E. de. Método rápido de avaliação do esverdeamento em tubérculos de batata.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n. 5, p. 809-814, 2001.
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