Principais Doenças da Batata Requeima (Phytophthora infestans) - Ocorrência da requeima associada às baixas temperaturas e à elevada umidade do ar. - O fator climático mais importante para o início da doença é a umidade. - Os esporângios em poucos minutos aderem à superfície e, em menos de três horas ocorrem a germinação e a penetração. - Os primeiros sintomas surgem depois de três a quatro dias: são pequenas manchas de cor verde oliva, muito discretas e de difícil visualização. - Após três ou quatro dias as lesões são facilmente visualizadas, com a formação dos esporângios e zoosporângios na face inferior das lesões (massa pulverulenta de cor branca). - O fungo sobrevive por muito tempo na batata semente. Disseminação: - Vento (até 50 km), que remove os esporângios e zoosporângios das lesões e os distribui dentro da área, ou os transporta para novos locais. - Respingos de água da chuva ou irrigação - Tubérculos contaminados, no caso da batata. Folha: entre o tecido necrosado e a parte sadia, se forma um anel de massa esbranquiçada – é a concentração de esporângios germinam originam novas lesões. que quando - Ainda não há cultivares resistentes de batata. OBS: o excesso de nitrogênio (causando exagerado vigor vegetativo) aliado à deficiência de boro e ao plantio mais adensado deixa as plantas mais suscetíveis ao ataque do fungo. - Devem-se evitar as irrigações no final do dia (durante a noite (período de maior esporulação) as folhas ficam molhadas (aumentando o período de umidade livre), facilitando a infecção). - Fungicidas são aplicados preventivamente. OBS: Aplicar fungicidas de ação sistêmica na fase jovem. - Quando a requeima já está instalada, o intervalo deve ser reduzido para dois ou três dias, até que a doença esteja bem controlada. EX: fungicidas ( Consento e Infinito). - Estas duas soluções devem ser aplicadas a partir da “amontoa“ na cultura da batata. Mancha de alternaria (Alternaria solani) - É encontrada em todas as regiões produtoras de batata. - Sua incidência é maior nos períodos de verão, com temperatura e umidade elevadas. - Recebe também as denominações de “crestamento alternário”, “queima”, “queima das folhas” e “crestamento precoce”. Danos: O Fungo ataca toda a parte aérea da planta, pecíolos e caule. Sintomas: - Iniciam-se normalmente nas folhas mais baixas e velhas da planta, onde surgem pequenas manchas (de 1 a 2 mm) escuras. Posteriormente, estas crescem, adquirindo um formato ovóide, delimitado pelas nervuras da folha, de coloração escura e com zonas concêntricas características. Mancha de Alternaria (Alternaria solani) - O tecido entre e ao redor das lesões apresenta-se normalmente clorótico. Mancha de Alternaria (Alternaria solani) - O aumento da intensidade da doença no campo ocorre tanto pelo surgimento de lesões novas como pela expansão das mais velhas, que podem coalescer, atingindo uma área considerável da folha. - Nos pecíolos e caules os sintomas são semelhantes. - Maior número de lesões pode surgir em plantas com deficiência de magnésio, e com infecções de viroses, como o vírus do enrolamento da folha. Tubérculos: as lesões são escuras, de formato circular a irregular, deprimidas, tendendo a provocar podridão seca. - A infecção nestes normalmente ocorre através de ferimentos. Controle: - Boa nutrição das plantas e a sanidade da batatasemente - Cultivares nacionais como Aracy e Contenda têm resistência intermediária. Exemplos de Fungicidas: iprodione e tebuconazole. Rhizoctonia solani - Está presente em todas as regiões produtoras do mundo. - Sua presença é mais comum em solos cultivados intensivamente e onde não se pratica a rotação de culturas com espécies não hospedeiras. Sintomas da doença - Ocorre em reboleiras, provocando a formação de manchas de plantas doentes e plantas sadias no campo. - O patógeno pode atacar todos os órgãos da planta, mais comum nos órgãos subterrâneos da planta ou naqueles próximos ao solo. Sintomas de Reboleira (Rhizoctonia solani) Brotações do tubérculo: causa o retardamento da emergência e/ou morte dos brotos; resultando em um menor estande, desenvolvimento irregular das plantas e consequente redução na produção. - Os brotos atacados podem emergir, apresentar cancros, que podem crescer levando-o à morte. - O fungo também pode atacar a planta já desenvolvida, causando cancros nos tubérculos, nos estolões e na base das ramas, podendo estrangulá-las e levá-las à morte. Tubérculo: este pode apresentar uma crosta preta, também chamada de mancha asfalto, que é resultante da formação de escleródios do patógeno na sua superfície. - Tubérculos infectados podem ainda apresentar sintomas de rachaduras, malformação e necrose. Rhizoctonia solani Sintomas reflexos da doença: tem-se a clorose e o enrolamento das folhas, normalmente mais severos na parte apical da planta, podendo confundir com os sintomas do vírus do enrolamento das folhas (PLRV). - Outros sintomas reflexos são a formação de tubérculos aéreos, enfezamento geral da planta e murcha. Vírus do enrolamento das folhas (PLRV) - Em algumas cultivares, pode ocorrer pigmentação de cor púrpura nas folhas, devido ao acúmulo de antocianina. Canela Preta (Erwinia carotovora) - Podridão-mole e a canela-preta da batata são doenças causadas pelas “erwínias apodrecedoras”, Bactérias: produzem enzimas que degradam substâncias componentes das paredes celulares das plantas, provocando colapso dos tecidos, o que dá aos tubérculos e ramas afetados um aspecto amolecido. Erwinia carotovora - Provocam grandes perdas - Perdas são resultado da infecção das ramas (podridão-mole ou canela- preta), podendo comprometer toda a planta, ou da podridão de tubérculos em campo e/ou após a colheita (podridão-mole). Bactéria causadora As espécies de Erwinia que infectam batata são E. chrysanthemi (ECHR) e E. carotovora. Sendo: Erwinia carotovora subsp. carotovora (ECC) e E. carotovora subsp. atroseptica (ECA). - A diferenciação destas três espécies/subespécies é baseada principalmente em testes bioquímicos. - Erwinia carotovora subsp. carotovora (ECC) tem a distribuição mais ampla, principalmente entre as hortaliças. - E. carotovora subsp. atroseptica (ECA) é mais restrita à batata, sendo facilmente encontrada em regiões de climas frios. - E. chrysanthemi (ECHR) é a prevalecente em situações onde são freqüentes temperaturas elevadas, acima de 28 ºC. Sintomas - Todas provocam sintomas muito similares. - Os sintomas e a rapidez com que a doença evolui depende muito mais da umidade do solo e do ar e principalmente, da temperatura, do que da própria espécie ou subespécie de Erwinia envolvida. Sintomas de apodrecimento: com ou sem escurecimento das ramas, resultam da infecção através de ferimentos na parte aérea da planta. - São freqüentes quando a batata é cultivada sob alta temperatura e umidade relativa do ar. - Observa-se também a murcha e às vezes, o amarelecimento das plantas o que pode ser confundido com a murcha-bacteriana provocada por Ralstonia solanacearum. OBS: Para um diagnóstico correto da doença, a maneira mais fácil é observar o apodrecimento externo na base da planta, provocado por Erwinia spp., o que não acontece no caso da murchabacteriana. - O apodrecimento de tubérculos se inicia por ferimentos ou pelas lenticelas. - Daí, sob alta temperatura e alta umidade, avança rapidamente e toma todo o tubérculo, com um escurecimento no limite entre os tecidos afetados e sadios da polpa. - Tecido apodrecido é normalmente associado a um odor desagradável em decorrência da invasão de organismos secundários. - Em solos excessivamente úmidos, os sintomas nos tubérculos infectados se agravam pela ação de outras bactérias anaeróbicas presentes no solo (todo o tubérculo apodrece, permanecendo somente a sua casca). às vezes - Quando a infecção ocorre pelas lenticelas e as condições ambientais tornarem-se desfavoráveis após o início do apodrecimento, por uma redução da umidade do solo, por exemplo, as lesões podem secar, formando pontuações escuras e deprimidas na superfície do tubérculo. Epidemiologia - As espécies de Erwinia são considerados habitantes do solo (sobrevivem por longos períodos na ausência de plantas de batata). - Ocorre um decréscimo do seu nível populacional. Sobrevivência: após a colheita permanecerem resíduos de tubérculos, plantas voluntárias (plantas de batata que brotam de tubérculos remanescentes) e plantas daninhas. - Praticamente todo tubérculo produzido em campo carrega um grande número de células bacterianas nesta forma. Manutenção e Disseminação: -Tubérculos sementes - Durante a colheita, transporte ou armazenamento. - Ferimentos no caule ou folhas, provocados por ventos ou equipamentos agrícolas. - A bactéria atinge os sítios de infecção através de aerossóis formados durante a irrigação por aspersão ou chuvas, ou levadas por insetos. - Fatores ambientais mais temperatura e umidades altas. importantes: Resumo das medidas de controle 1. Escolher área de plantio que não tenha sido cultivada nos últimos anos com batata ou com outras hortaliças; 2. Preferir solos bem drenados, não sujeitos a empoçamentos de água; 3. Plantar batata-semente certificada, bem brotada e seca; 4. Plantar em solo ligeiramente úmido e não irrigar nos primeiros dias após o plantio; 5. Controlar a irrigação, evitando principalmente excesso de água e formação de poças d’água; 6. Fazer adubação balanceada, evitando especialmente o excesso de nitrogênio e a falta de cálcio; 7. Evitar ferimentos à planta durante a pulverização e amontoa. Plantas feridas por granizo, vento ou máquinas devem ser imediatamente protegidas com pulverização com antibiótico e/ou fungicida à base de cobre; 8. Não usar água contaminada por outras lavouras ou restos de produtos; 9. Evitar ferimentos nos tubérculos durante a colheita, transporte e lavação; 10. Colher os tubérculos somente após a fixação da casca (cerca de uma semana após a morte das ramas), mas não atrasar muito a colheita; 11. Evitar a lavação da batata. Quando lavados, os tubérculos devem sofrer secagem completa antes do ensacamento; 12. Fazer rotação de culturas de preferência com gramíneas. SARNA PRATEADA DA BATATA A sarna prateada, que até poucos anos era considerada doença secundária da batata, vem ganhando importância. O que causa a sarna prateada? É causada pelo fungo Helminthosporium solani (deuteromiceto, família Demathiacea,), que só ataca a cultura da batata. Como essa doença se manifesta? Nos tubérculos, e somente na periderme (pele) destes, nunca se aprofundando na polpa. - Tubérculos recém-colhidos, principalmente após a lavação, apresentam manchas superficiais irregulares, de aspecto metálico-prateado. - Os sintomas são mais evidentes em cultivares de pele mais escura, como a Asterix e a Baronesa. - No caso de batata semente, que é armazenada por período mais longo, a superfície afetada pelo fungo vai se enrugando com o tempo. Por que as manchas são prateadas e enrugadas? O fungo provoca a morte das células da periderme, onde se formam pequenas bolsas de ar, que conferem o aspecto prateado às lesões. O enrugamento ocorre devido ao comprometimento da integridade da superfície do tubérculo colonizada pelo fungo, o que acelera a perda de água armazenamento. durante o período de Por que essa doença tem aumentado de importância nos últimos anos? 1. Porque o fungo tornou-se resistente ao fungicida mais usado para seu controle, o thiabendazole. – - Por isso, o controle químico padrão perdeu a eficácia, acarretando no aumento de sementes contaminadas; 2. Porque a competitividade do setor exige cada vez mais um produto sem defeitos de pele, por menores que sejam; 3. Porque tem diminuído a oferta de batatas não lavadas (escovadas), como era a Baraka, que “escondia” os sintomas da doença; 4. Porque os produtores estão cada vez mais treinados em diagnosticar a doença. A doença afeta outras partes da planta? Não. Mesmo outros órgãos subterrâneos da planta, como raízes e estolões, não são afetados. Qual é o efeito da doença no rendimento? Embora raramente interfira na produtividade, a sarna prateada afeta a aparência do produto comercial, especialmente no sofisticado mercado brasileiro de batatas lavadas, onde predominam cultivares de peles lisas e brilhantes. A doença é transmitida pela batata-semente? Sim. A batata-semente é o principal veículo de transmissão. Logo após o plantio, o fungo começa a se multiplicar através das estruturas presentes na superfície dos tubérculos infestados, com ou sem manifestação de sintomas. - Essas estruturas, principalmente os esporos, contaminam os tubérculos filhos e iniciam novo ciclo da doença. Se a doença é eficientemente transmitida pela batata-semente, a tolerância para ela não deveria ser “zero”? Tecnicamente, a tolerância “zero” seria a mais recomendada, mas isso não é possível na prática, pois a freqüência com a doença que vem acontecendo comprometeria a oferta de batatasemente, colocando em risco a produção de batata-consumo. Qual a tolerância atual para a sarna prateada na batata-semente? Essa tolerância está oficializada pela Instrução Normativa de 05 de março de 2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). - Se os tubérculos tiverem acima de 1/8 da superfície atacada, as tolerâncias são de 2%, 3% e 5% nas classes básica, registrada e certificada, respectivamente. - Se os tubérculos apresentarem menos de 1/8 da superfície tomada pela doença, a tolerância é de 20% para todas as classes. - Se os tubérculos apresentarem menos de 1/16 da superfície tomada, a tolerância é de 30% para todas as classes. O plantio de sementes contaminadas vai resultar sempre na presença da doença na colheita? Não. Batata-semente contaminada com o fungo pode produzir tubérculos sadios, pois o desenvolvimento da doença requer, além da presença do fungo, um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Quais são as condições de clima e solo que favorecem o desenvolvimento da doença? A umidade alta é fundamental para a multiplicação do fungo e para iniciar novas lesões. Assim, tubérculos de batata-consumo “armazenados” em solo úmido ou de batata- semente armazenados em armazéns e câmaras frias úmidas têm maiores chances de desenvolver a doença. - A partir de 3°C, o fungo se multiplica com maior intensidade à medida que a temperatura aumenta. - Condições físicas, químicas e biológicas do solo certamente afetam a taxa de multiplicação do fungo, mas essas interações ainda não estão bem definidas. Esse fungo permanece no solo por muitos anos? Não. Se for feita rotação de culturas, recomendada para o controle de várias outras doenças, e se eliminar a soqueira (resteva), o solo não é uma fonte de inóculo significativa. - Entretanto, como o fungo apresenta atividade celulolítica, pode permanecer por algum tempo no solo associado a restos de culturas não decompostos e até mesmo em caixas usadas de batata-semente. Como posso ter garantia de que a batatasemente não está contaminada com o fungo? - Atualmente, não há tecnologia economicamente viável para tal, principalmente devido a dificuldades de amostragem. - Assim, a princípio, toda batata-semente pode estar contaminada. - Deve-se examinar cuidadosamente os tubérculos após a colheita, durante o armazenamento e na ocasião do plantio, eliminando-se aqueles com sintomas mais severos. - se a batata for armazenada em câmara fria, as temperaturas baixas inibem o crescimento do fungo. Qual é o tratamento recomendado para eliminar o fungo na batata-semente? O produto mais indicado para tratamento de tubérculos recém colhidos é o thiabendazole. Entretanto, várias cepas desse fungo já adquiriram resistência ao produto, fazendo com que o tratamento não seja sempre eficaz. - Alternativas de controle químico, biológico e cultural vêm sendo estudados em instituições de pesquisa em todo mundo. Existem cultivares resistentes à sarna prateada? Não. Algumas cultivares podem apresentar quantidades menores de lesões muito mais em resposta ao manejo da cultura do que devido à resistência genética. - Entretanto, cultivares de pele lisa e escura se mostram aparentemente mais suscetíveis por evidenciarem mais os sintomas. Quais as medidas de controle eficazes para se controlar a doença na produção de batata consumo? 1. Plantar batata-semente de boa qualidade, de preferência certificada; 2. Colher o mais rápido possível após a morte das ramas; 3. Fazer rotação de culturas; 4. Eliminar a soqueira. 5. Após retirada da câmara fria, deixar os tubérculos secarem em ambiente de baixa umidade antes do plantio. E as medidas para a produção de batatasemente? 1. Plantar material propagativo de boa procedência, como as classes pré-básica e básica; 2. Colher o mais rápido possível após a morte das ramas, desde que a película já esteja fixada (cerca de 5-7 dias); 3. Não armazenar em caixas de madeira que já tenham sido utilizadas; 4. Armazenar em balcão ou câmara limpa e desinfestada; 5. Separar lotes diferentes de sementes, pois a ventilação pode desalojar esporos e conduzi-los a outros lotes; 6. Como os esporos não germinam em umidade relativa abaixo de 90%, manter os primeiros dias de armazenamento em ambiente mais seco, aumentando a seguir para evitar murchamento dos tubérculos; 7. Armazenar em câmara fria para inibir o crescimento do fungo. A batata-semente importada é menos contaminada com a sarna prateada? Não. Independentemente do país de origem, a batata-semente pode até vir infectada, de acordo com uma tabela de tolerância estabelecida pelo Ministério da Agricultura. - Inclusive o lote pode chegar ao Brasil muito contaminado sem que tenha havido má fé por parte do país exportador, já que os sintomas se desenvolvem durante o período de transporte e armazenamento. Se desconfiar que minhas batatas-sementes estão contaminadas com este fungo, o que faço para ter a confirmação do diagnóstico? - Enviar amostras para uma instituição de sua confiança para confirmação em laboratório.