Dossiê Pesquisa Narrativa, (auto)Biografias e História Oral: ensino, pesquisa e formação em Educação Matemática Elizeu Clementino de Souzaa RESUMO A intenção deste trabalho é discutir as aproximações e possíveis distanciamentos entre a pesquisa narrativa, as (auto)biografias, a história oral e as práticas de formação em Educação Matemática. Busca-se, através dos textos selecionados pelo GT de Educação Matemática, no que se refere à utilização e aos modos próprios de trabalho com as narrativas, as (auto)biografias, os memoriais, as práticas de escritas de si e a história oral, levantar algumas questões, sistematizar reflexões e discutir aspectos teórico-metodológicos da abordagem biográfica. Assim, com ênfase na pesquisa narrativa e na História Oral, tais questões serão tratadas no contexto da formação de professores e das práticas de formação empreendidas pelos grupos de pesquisa em educação matemática e no âmbito da pós-graduação em educação. Palavras-chave: Pesquisa (auto)biográfica; História Oral; Educação Matemática. Narrative Research, (Auto) Biographies And Oral History: teaching, research and formation in mathematical education ABSTRACT The intention this work is to discuss about the approaches and possible estrangements between the research narrative, biography, oral history and the practice of formation in Mathematics Education. Researches from the texts called for the GT of Mathematical Education, with respect to use and in the proper ways of work with the narratives, biographies, memorials, practical of writings of oneself and oral history, to raise some questions, to systemize reflections and to discuss aspects theoretical methodologies of the biographical approaches, with emphasis in the narrative research and oral history, focusing the context of the formation of teachers and the practical of formation undertaken by the groups of research in mathematical education, the scope of the after-graduation in education, when pointing out epistemologies passages of the research with history of life or narratives of formation. Key words: Biography research; Oral history; Mathematics education. Pesquisador do CNPq. Doutor em Educação. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia (PPGEduC/UNEB). Coordenador do GRAFHO/PPGEduC/UNEB/CNPq. Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica. Membro do Conselho de Administração da Associação Internacional das Histórias de Vida em Formação (ASSIHVIF) e da Associação Norte e Nordeste das Histórias de Vida em Formação (ANNIHVIF). Pesquisador Associado do EXPERICE – Paris 8 / Paris 13/ Nord. Secretario Adjunto da ANPEd (Biênio 2010/11). a 13 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 13 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... As discussões sobre pesquisa narrativa, (auto)biografias e História Oral têm se intensificado nos domínios das pesquisas das Ciências Sociais e, mais especificamente, no campo educacional brasileiro, que desde o final dos anos 80, vem aprofundando discussões sobre questões vinculadas às fontes, procedimentos de recolha, análise e interpretação na pesquisa no contexto da formação de professores, na didática e na História da Educação. Tal prática confirma a relevância e o significado da temática para o campo das pesquisas na Educação Matemática, tanto no âmbito dos programas de pós-graduação em educação e em educação matemática, quanto no que se refere à criação da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) e à consolidação dos grupos de pesquisas nas diferentes regiões do país. A proposição do trabalho encomendado busca dar visibilidade a outras fontes (orais e escritas), a perspectivas de pesquisa-formação e a modos próprios de trabalho com as narrativas, (auto)biografias e história oral, no contexto da educação matemática. A intenção deste trabalho é discutir as aproximações e os possíveis distanciamentos entre a pesquisa narrativa, as (auto)biografias, a história oral e as práticas de formação em Educação Matemática, por entender, como afirma Catani, que, “as escritas das obras autobiográficas que testemunham as relações pessoais com a escola pode ser útil como fonte para a elaboração da história da educação” (2005, p. 32) ao traduzir sentimentos, representações e significados individuais das memórias, das histórias e das relações sociais com a escola. Procura-se, neste trabalho, por meio dos textos selecionados pelo GT de Educação Matemática1, no que se refere à utilização e aos modos próprios de trabalho com as narrativas, as (auto)biografias, os memoriais, as práticas de escritas de si e a História Oral, levantar algumas questões, sistematizar reflexões2 e discutir aspectos teórico-metodológicos da abordagem biográfica. Assim, com ênfase na pesquisa narrativa e na história oral, tais questões são tratadas no contexto da formação de professores e das práticas de formação empreendidas pelos grupos de pesquisa em educação matemática e no âmbito da pós-graduação em educação. (Esse parágrafo está muito confuso, seria mais interessantes reescrevê-lo, fazendo frases menores). Pesquisa (auto)biográfica: cenário e tipificações O cenário no qual se pode tentar compreender como os trabalhos com histórias de vida em pesquisa e em formação e o que se convencionou chamar de métodos autobiográficos responderam e respondem a demandas presentes no campo educacional deve ser assim explicitado. Inicia-se ponderando que, decerto, as formas de trabalho, as escolhas de procedimentos e os argumentos utilizados para justificá-los e fundamentá-los são extremamente variados e que, para compreendê-los, é preciso entender o espaço acadêmico no qual surgem. A proliferação de estudos que buscam, no território da formação de professores, encontrar modalidades mais significativas para os próprios sujeitos favoreceu a leitura e a apropriação das ideias, principalmente europeias e norte-americans, voltadas para as vertentes autobiográficas. Do mesmo modo, o recurso às histórias de vida como fonte para a elaboração de estudos sócio-históricos dos processos educacionais deve-se ao entendimento de que elas são fontes potentes para a consideração dos processos de dotação de sentidos das experiências dos sujeitos. A História da Educação, a educação matemática e as práticas de formação têm sido, no caso 14 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 14 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. brasileiro e, mais especificamente nos grupos de pesquisa de educação matemática, importantes vertentes nas quais se fazem presentes as histórias de vida e o trabalho com as narrativas de formação e a História Oral. As histórias de vida são, atualmente, utilizadas em diferentes áreas das ciências humanas e da formação. Tal utilização ocorre por meio da adequação de seus princípios epistemológicos e metodológicos à outra lógica da formação do adulto, através dos saberes tácitos ou experienciais e da revelação das aprendizagens construídas ao longo da vida como uma metacognição ou metareflexão do conhecimento de si. As histórias de vida adotam e comportam uma variedade de fontes e de procedimentos de recolha, podendo ser agrupadas em duas dimensões: os diversos documentos pessoais (autobiografias, diários, cartas, fotografias e objetos pessoais) e as entrevistas biográficas, que podem ser orais ou escritas. De fato, as biografias são bastante utilizadas em pesquisas na área educacional como fontes históricas. Cada texto deve ser utilizado como objeto de análise considerando, sobretudo, o contexto de sua produção, sua forma textual e o seu conteúdo em relação ao projeto de pesquisa a que está vinculado. Ainda assim, as pesquisas biográficas partem do princípio de que a educação caracteriza-se como uma narratividade intersubjetiva, recolocando a subjetividade como categoria heurística e fenomenológica de tal abordagem. A revalorização das autobiografias instaura-se no campo da história social, especificamente, com a viragem e as contribuições teórico-epistemológicas da história cultural e seu interesse pelo cotidiano, pelo pessoal, pelo privado, pelo familiar e suas representações e apropriações. A utilização das autobiografias, tanto na história da educação quanto em outros campos educacionais, dá-se através do estudo da história do currículo, das reformas educativas, das práticas e culturas escolares, da feminização da profissão, do processo de profissionalização, do acompanhamento das práticas docentes e, mais especialmente, dos estudos vinculados à História Oral e à Educação Matemática. Pineau (2006), ao discutir sobre a diversificação das entradas e das terminologias das pesquisas, afirma que “a flutuação terminológica em torno das histórias e relatos de vida, biografias e autobiografias é indicativa da flutuação do sentido atribuído a essas tentativas de expressão da temporalidade vivida pessoalmente.” (PINEAU, 2006, p. 41). O autor destaca também as possibilidades de experiências na educação e na formação do adulto ao buscar ampliar a discussão epistemológica e o panorama histórico, em uma dialética ascendente/descendente entre os discursos e os percursos de vida, articulando o bio-questionamento à expansão das artes da existência. 15 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 15 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... Tabela I Diferenciação terminológica das abordagens entrando pela vida segundo os tipos de vida abordados Fonte: PINEAU, Gaston – Experiências de Aprendizagem e Histórias de vida, 1999, p. 344. Diferenciação terminológica3 apresentada por Pineau (1999) marca uma análise de diferentes trabalhos desenvolvidos, desde o final dos anos 80, com a abordagem biográfica, na qual a história de vida se cruza com o tempo, a memória, as lembranças, mas que são marcados pela diversidade da forma de abordagem e dos tipos de vida abordados. Nessa perspectiva, a biografia é entendida “como escrito da vida do outro” (PINEAU, 1999, p. 343) e inscreve-se em uma abordagem denominada abordagem biográfica. Pierre Dominicé (1996) a define como “biografia educativa” por fazer entrada na trajetória educativa dos sujeitos e Christine Josso (1991) a reconhece como “biografia formativa”, pressupondo que o sujeito não pode entender o sentido da autoformação se não perceber as lógicas de apropriação e da transmissão de saberes que viveu ao longo da vida através de suas aprendizagens pela experiência. 16 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 16 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. Já a autobiografia expressa o “escrito da própria vida” (idem, p. 343), caracterizando-se como oposta à biografia, porque o sujeito desloca-se entre o papel de ator e de autor de suas próprias experiências, sem que haja uma mediação externa de outros. Dessa forma, entende-se que a abordagem biográfica e a autobiografia das trajetórias de escolarização e de formação, tomadas como narrativas de formação, inscrevem-se nesta abordagem epistemológica e metodológica por serem compreendidas como processo formativo e autoformativo por meio das experiências dos sujeitos em formação. Inserem-se também nessa abordagem porque ela constitui estratégia adequada e fértil para ampliar a compreensão do mundo escolar e de práticas culturais do cotidiano dos sujeitos em processo de formação. Assim, para Nóvoa, [...] as histórias de vida e o método (auto) biográfico integram-se no movimento actual que procura repensar as questões da formação, acentuando a idéia que ‘ninguém forma ninguém’ e que ‘a formação é inevitavelmente um trabalho de reflexão sobre os percursos de vida’ [...]” (NÓVOA, 1988, p. 116 – grifos do autor).(Fazer a referência corretamente). O entendimento de Josso (2002) e de Dominicé (1988, 1990 e 1996) sobre a abordagem biográfica como um processo de conhecimento ou de investigação/formação nasce das experiências desenvolvidas na Universidade de Genebra, através das aprendizagens significativas e formativas que são construídas, nos seus diferentes momentos, pelos sujeitos que participaram do seminário História de Vida em Formação. Essa perspectiva de trabalho, centrada na abordagem biográfica, configura-se como investigação porque se vincula à produção de conhecimentos experienciais dos sujeitos adultos em formação. Por outro lado, é considerada como formação porque parte do princípio de que o sujeito toma consciência de si e de suas aprendizagens experienciais quando vive, simultaneamente, os papéis de ator e de investigador da sua própria história. Segundo Pineau, o relato de vida “insiste sobre ‘o enunciado de uma intriga’ sem privilegiar o escrito ou o oral” (PINEAU, 1999, p. 343) , sendo utilizado no processo de investigação e de formação, como também na investigação e na intervenção. Para Pineau (op. cit), D. Bertaux4 foi quem introduziu a utilização dessa abordagem, em uma perspectiva sociológica, na França. A utilização do termo História de vida corresponde a uma denominação genérica em formação e em investigação visto que se revela como pertinente para a autocompreensão do que cada um é, das aprendizagens que são construídas ao longo da vida, das experiências e de um processo de conhecimento de si e dos significados atribuídos aos diferentes fenômenos que mobilizam e tecem a vida individual/coletiva. Tal categoria integra diversas pesquisas ou projetos de formação, através das vozes dos atores sobre uma vida singular, sobre vidas plurais ou sobre vidas profissionais, no particular e no geral, por meio da tomada da palavra como estatuto da singularidade, da subjetividade e dos contextos dos sujeitos. Após a diferenciação conceitual e terminológica apresentada, percebe-se que é pertinente refletir sobre a origem da história de vida como método e técnica de pesquisa. Isso possibilita um novo olhar sobre os sujeitos em formação, aproximando-se de aspectos concernentes à 17 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 17 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... Escola de Chicago e às influências gestadas no movimento de ruptura e de reformulação de diferentes campos do conhecimento. A História Oral e seu imbricamento com a dinâmica da Escola dos Annales toma as fontes orais e a pesquisa com os excluídos da história como potencializadores de uma nova forma de compreender o cotidiano e as vozes dos atores negada por uma perspectiva histórica factual e centrada nos valores dos vencedores, visto que permite reafirmar o sentido da história de vida como método e técnica de pesquisa. As variadas tipificações ou classificações presentes no uso do método biográfico inscrevem-se no âmbito de pesquisas sócio-educacionais como uma possibilidade de, através da voz dos atores sociais, recuperar a singularidade das histórias narradas por sujeitos históricos, sócioculturalmente situados, garantindo o seu papel de construtores da história individual/ coletiva. No contexto internacional e nacional, situam-se as experiências com História de Vida no início do século XX na Escola de Chicago até as desenvolvidas a partir da década 60 até a atualidade na França, Inglaterra, Suíça, Canadá, Portugal, na América Latina. Sobre essas experiências, no que se refere à educação, buscam-se, em Nóvoa e Finger (1988), reflexões que permitam compreender melhor a autonomia, as críticas e os desafios da história de vida ou da abordagem autobiográfica. No contexto brasileiro, a utilização da história de vida inscreve-se sob as influências da História Oral. Foi introduzida nos anos 60 com o programa de História Oral do CPDOC/FGV (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - Fundação Getúlio Vargas), que tinha o objetivo de colher depoimentos da elite política nacional. Expandiu-se nos anos 90, época em que foi criada a ABHO (Associação Brasileira de História Oral – 1994), que influênciou na realização de seminários e na divulgação de pesquisas da área. No campo da sociologia, as pesquisas desenvolvidas pelo CERU (Centro de Estudos Rurais e Urbanos – 1976) são empreendidas com a utilização da História Oral. Como expressão dessa produção, Demartini (1992) aponta que as investigações têm girado em torno de questões que envolvem diferentes procedimentos de recolha e trabalho das falas e das narrativas dos atores sociais. As pesquisas desenvolvidas na pós-graduação em educação no Brasil e a criação de diferentes grupos de pesquisas, conforme Souza (2006) e Sousa, Catani, Bueno e Chamlian (2006), contribuíram para a ampliação das pesquisas com as histórias de vida e as (auto)biografias na área educacional, seja como prática de formação, seja como investigação ou como investigaçãoformação. Essas questões levam à conclusão de que a diversidade da produção brasileira sofre influência teórica e metodológica de diferentes disciplinas e áreas do conhecimento. As diferentes tipificações e entradas construídas como prática de pesquisa, de formação ou de pesquisaformação com histórias de vida nas Ciências Sociais e, mais especificamente, na educação, destacam que a heterogeneidade da temática e dos percursos da abordagem de investigação deve-se ao fato de serem constituídos de diferentes campos disciplinares. 18 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 18 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. O Movimento biográfico no Brasil O movimento biográfico no Brasil é vinculado às pesquisas na área educacional (SOUZA, SOUSA e CATANI, 2007), tanto no âmbito da História da Educação, da didática, da formação de professores, da educação matemática, quanto em outras áreas que tomam as narrativas como perspectiva de pesquisa e de formação. Destaca-se, aqui, a análise desenvolvida por Stephanou (2008), que realizou o mapeamento de 150 resumos de teses e dissertações da área de Educação, disponibilizados no Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O autor, ao tomar os dois descritores – biografia e (auto)biografia – e ter como recorte temporal o período entre 1997 e 2006, evidenciou uma proliferação de pesquisas sobre memórias, histórias de vida, história oral, biografias e (auto)biografias, no âmbito da formação docente, no território da pesquisa e da pós-graduação brasileira na última década. A diversificação de temática e abordagens tem caracterizado as perspectivas de trabalho e utilização das histórias de vida no campo educacional que se desenvolve na pesquisa e pósgraduação no Brasil, bem como com outras áreas que tomam as narrativas como perspectiva de pesquisa e de formação. A criação e atuação do Grupo de Estudos Docência, Memória e Gênero (GEDOMGE-FEUSP) marcam as primeiras experiências com pesquisas sobre as (auto)biografias como práticas de formação, através das aproximações das memórias e das trajetórias de professoras com seus percursos e aprendizagens da docência, entrecruzando com questões de gênero. O trabalho de Sousa, Catani, Bueno e Chamlian (2006a) sistematiza o percurso do grupo, destacando pesquisas realizadas, experiências desenvolvidas com projetos de formação de professores em serviço com base nas histórias de vida como perspectiva de formação e auto-formação. Cabe destacar o 1º Seminário Memória, Docência e Gênero (1997), que teve a intenção de reunir pesquisadores e conhecer as investigações desenvolvidas no âmbito das histórias de vida e suas relações com a formação, o trabalho docente e a identidade profissional, o que se configura como uma das primeiras possibilidades de aglutinação e mapeamento de pesquisas com as histórias de vida na educação brasileira, no campo da formação de professores. As edições do Congresso Internacional sobre Pesquisa (Auto)Biográfica, realizadas em Porto Alegre (2004), em Salvador (2006) e em Natal (2008), configuram-se como momentos significativos para o campo biográfico no Brasil, tendo em vista a sistematização de peculiaridades das produções, das formas de trabalho, dos espaços acadêmicos onde emergem e se consolidam tais estudos com ênfase nos métodos (auto)biográficos, a diversidade de estudos que se apropriam das autobiografias como prática de formação no âmbito da formação de professores, as análises na esfera da história da educação e das práticas de formação, e, por fim, a re-invenção dos modos de trabalhos ancorados em uma base teórica e autores que apresentam diferentes práticas de pesquisa com histórias de vida. A organização do I CIPA, realizado em Porto Alegre (2004), oportunizou aos pesquisadores brasileiros, em parceria com pesquisadores de diferentes países, discutirem questões teóricometodológicas da pesquisa (auto)biográfica, pautadas em resultados de pesquisa, que deram origem ao livro A pesquisa (auto) biográfica: teoria e empiria (ABRAHÃO, 2004), e sua socialização no espaço do referido congresso, que tomou como tema o título do livro. O II Congresso Internacional de Pesquisa Autobiográfica (CIPA)5 – Tempos, narrativas e ficções: a invenção de si 19 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 19 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... –, realizado em Salvador (2006), fortaleceu o intercâmbio entre grupos de pesquisa do país, permitindo definir melhor alguns pontos sobre a configuração do campo da pesquisa (auto)biográfica na área educacional. Em função desses pontos foram pensados os encaminhamentos para a realização do III CIPA e os indicativos para a criação da Associação brasileira de pesquisa (auto)biográfica. Cabe destacar a criação da ANNHIVIF (Associação Norte e Nordeste das Histórias de Vida em Formação), em junho de 2007, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A ANNHIVIF tem por ‘fim desenvolver pesquisas e práticas no domínio da abordagem (auto) biográfica. Seus principais meios de ação inscrevem-se no domínio da pesquisa, da formação de adultos e de publicações’. (Estatuto ANNHVIF). É importante ressaltar a contribuição que a referida Associação trará para a consolidação das pesquisas no campo das histórias de vida e das (auto)biografias em educação e na formação no Norte e Nordeste do Brasil. O III Congresso Internacional sobre Pesquisa (Auto)biográfica (III CIPA) elegeu como temática – (Auto)Biografia: formação, território e saberes – ao introduzir a noção de espaço como condição constitutiva do indivíduo e, por extensão, dos grupos sociais. Sua intenção é evidenciar as relações dialéticas entre a formação, seus territórios e saberes de interesse ímpar para os objetivos da pesquisa (auto)biográfica. A noção de territórios ocupa, portanto, uma posição central e faz apelo aos vínculos que se estabelecem entre a memória e os lugares, entre espaços e aprendizagens, deslocamentos e experiências na constituição do eu e suas (trans)formações. Interrogam-se as tradicionais concepções de espaço e de território, substancialmente modificadas pela sociedade da informação e pela globalização da economia, buscando evidenciar suas repercussões sobre o humano, situado entre espaços planetários e a realidade corpórea e sensível. No que se refere às publicações no III CIPA, destaca-se o lançamento de duas coleções6 sobre a pesquisa (auto)biográfica que resultaram dos trabalhos de cooperação internacional entre pesquisadores brasileiros e pesquisadores franceses do Centre Interuniversitaire EXPERICE (Paris 13/Nord-Paris 8). As duas coleções têm um duplo objetivo: divulgar na França as pesquisas realizadas por pesquisadores brasileiros e colocar ao alcance de pesquisadores brasileiros os trabalhos realizados na França. Cabe aqui ainda destacar o lançamento, em 2009, da Coleção Argentina, intitulada Narrativas, Autobiografías y Educación e publicada pelo Laboratório de Políticas Públicas de Buenos Aires (LPP), pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (FFyL-UBA) e pelo Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (CLACSO). As diferentes ações e trajetórias construídas ao longo dos anos contribuem para novos e constantes questionamentos sobre os destinos e os domínios das pesquisas (auto)biográficas e suas vinculações com as práticas de formação. O IV CIPA, que tem como temática Espaço (auto)biográfico: artes de viver, conhecer e formar e está sendo organizado pelo Programa de Pós-graduação em Educação da FE/USP e pela BIOgraph (Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica), será realizado no período de 26 a 29 de julho de 2010, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 20 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 20 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. Os trabalhos desenvolvidos no âmbito do GRAFHO (Grupo de Pesquisa (Auto)biografia, Formação e História Oral) permitem a apreensão de diferentes entradas de pesquisas centradas nas práticas de formação com as histórias de vida. Estas são denominadas de narrativas (auto)biográficas ou narrativas de formação por entender que as mesmas possibilitam analisar possíveis implicações da utilização desse recurso metodológico como fértil para a compreensão de memórias e histórias de escolarização de professores/professoras em processo de formação. Entende-se, também, que a experiência construída através da história da escolarização pode apresentar contribuições significativas para o campo educacional em seus diferentes aspectos, especificamente, aqueles relativos aos estudos e às pesquisas sobre a formação docente, sobre o ensino e sobre as semelhantes ou diferentes práticas pedagógicas vivenciadas pelos alunos. Pesquisa narrativa e educação matemática: pesquisa e formação Cabe aqui destacar a análise realizada sobre os textos encomendados pelo GT de Educação Matemática da ANPEd, por entender que os oito textos apresentados utilizam modos próprios de trabalho, no que se refere às pesquisas e às práticas de formação com história oral e Educação Matemática, especialmente, no contexto e no domínio de proliferação das práticas de investigaçãoformação com autobiografias, memoriais, entrevistas narrativas e história oral na área educacional e no campo da Educação Matemática. 21 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 21 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... Quadro II - Síntese dos trabalhos Encomendados – GT Educação Matemática – 32ª Reunião Anual da ANPEd Fonte: Textos apresentados no Trabalho Encomendado no GT – Educação Matemática – 32ª Reunião Anual da ANPEd – 04 a 07/10/2009 – Caxambu-MG A análise realizada levou à identificação dos grupos de pesquisa sobre História Oral e/ou Histórias de vida e Educação Matemática cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na tentativa de identificar princípios teóricos utilizados pelos grupos e cruzá-los com os trabalhos aqui referenciados. Conforme já destacado ao longo do texto, compreende-se que a flutuação terminológica identificada por Pineau (1999) ajuda a estabelecer três eixos centrais ou palavras-chave que aparecem com recorrência nos oito textos analisados, a saber: pesquisa narrativa, narrativas autobiografias e história oral. Os três descritores identificados no conjunto dos textos parecem 22 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 22 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. remeter a uma mesma lógica e a um mesmo procedimento de pesquisa/análise sobre as fontes orais e ou escritas, no contexto da pesquisa biográfica. Contudo, faz-se necessário compreender, conforme já explicitado, as especificidades que guardam cada um desses termos. Evidencia-se a base epistemológica utilizada pelos diferentes grupos e autores analisados no que concerne aos princípios da abordagem qualitativa e à influência da virada paradigmática das pesquisas no campo das Ciências Humanas e Sociais. É deste lugar que os trabalhos de Garnica (2003 e 2009) são utilizados como referência para os pesquisadores da Educação Matemática, tendo em vista o modo como utiliza no espaço do GHOEM (Grupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática) e por constituir-se referência e suporte teórico para os pesquisadores da área de Educação Matemática. O balanço teórico-metodológico apresentado no texto de Garnica caracteriza-se como um ensaio teórico, especialmente, por apresentar o ‘estado da arte’ das pesquisas da área, aproximando-se de outros trabalhos que mapeiam o campo da pesquisa (auto)biográfica na área educacional (SOUSA et. al., 2006; SOUZA et. al., 2007 e STEPANHOU, 2008). A análise evidencia que os oito textos apresentados circunscrevem-se como produções de três Grupos de Pesquisa: GHOEM, GEPFPM e GRIFARS. Destaca-se também a representatividade regional, com ausência de produções da região Norte. No que se refere à abordagem e ao método utilizado, todos os textos adotam princípios e orientações da abordagem qualitativa, oscilando entre fontes orais (História Oral e entrevistas narrativas) e escritas (memoriais e diários de formação). Três fazem uma discussão teórica sobre as pesquisas com História Oral e Educação Matemática, sistematizando questões epistemológicas para o domínio de pesquisa ao tomarem a produção brasileira e as contribuições da História Oral de corrente inglesa e norte-americana. As contribuições teóricas e as produções brasileiras possibilitam modos próprios de pensar a pesquisa, configurando-se na análise de teses e dissertações produzidas no GHOEM e na investigação da forma como os pesquisadores estão trabalhando com a História Oral e das possíveis interlocuções com outras áreas. O que há em comum entre estes textos? Primeiro, a identificação do modo como os pesquisadores propõem o trabalho de formação através das narrativas orais e das proposições de escritas de si como dimensão de formação inicial ou continuada. As especificidades nacionais possibilitam aos pesquisadores inventarem modos de trabalhos que guardam em si aproximações, vizinhanças e distâncias, o que não significa fragilidade teórica ou metodológica. Pelo contrário, explicitam perspectivas de verticalização do trabalho de pesquisa com as narrativas, a História Oral e as práticas de formação em Educação Matemática, resguardando o espaço-tempo acadêmico em que cada trabalho foi produzido. Segundo, a pluralidade de abordagem e a diversificação terminológica apresentadas nos textos destacam modos de trabalhos centrados na oralidade e na escrita em uma perspectiva colaborativa através da análise teórico-prática dos processos constitutivos da identidade docente e dos saberes de professores de matemática. Evidencia-se que o modo como os professores narram e compartilham suas histórias de vida-formação, através da apreensão de memórias e lembranças da trajetória de escolarização, dos dispositivos de formação, dos episódios de aula, do trabalho com os memoriais de formação, das narrativas compartilhadas e das práticas exploratório-investigativas, configuram-se como adjetivações de conceitos que os pesquisadores 23 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 23 09/11/2011, 15:57 Pesquisa narrativa, (auto)... adotam para apreender singularidades na pesquisa da vida e das aprendizagens profissionais no contexto da docência em educação matemática. Os caminhos trilhados desde o início do século XX e os embates travados em diferentes campos do conhecimento têm permitido compreender melhor e reafirmar a abordagem biográfica e a utilização da narrativa (auto)biográfica e das pesquisas com história oral como opção metodológica para a formação de professores, visto que as mesmas possibilitam, inicialmente, um movimento de investigação sobre o processo de formação. Além disso, tornam possível, por meio das narrativas (auto)biográficas, entender os sentimentos e representações dos atores sociais no seu processo de formação e (auto)formação. Referências ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (Org.) - A Aventura (Auto) biográfica: teoria e empiria. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. Atas 1º Seminários Docência, Memória e Gênero, 1: GEDOMGE-FEUSP, São Paulo: FEUSP, Ed. Plêiade, 1997. CATANI, Denice Bárbara. As leituras da própria vida e a escrita de experiências de forma. 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Megrid, professora da PUC-Campinas; ‘Registrar oralidades, analisar narrativas: sobre pressupostos da história oral em educação matemática’, de autoria de Antonio Vicente Marafioti Garnica, professor da UNESP-Bauru e membro do Grupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática – GHOEM; ‘Educação matemática e história oral: contribuições para um referencial teórico’, de autoria de Maria Ednéia Martins-Salandim (Professora UNESP/Bauru/SP), Luzia Aparecida de Souza (Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, campus de Paranaíba) e Déa Nunes Fernandes (Professora do Departamento de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia- IF-MA, campus Monte Castelo- São Luís), as quais são doutorandas do Programa de Pós- Graduação em Educação Matemática da UNESP- Rio Claro, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Vicente Marafioti Garnica; ‘O potencial heurístico e autoformativo das biografias educativas para os formadores de professores de matemática’, escrito com resultado da tese de doutoramento de Bárbara Cristina Moreira Sicardi na FE-UNICAMP (Coordenadora do Curso de Matemática e Docente do Centro Universitário Metodista IPA – Porto Alegre, RS), Dario Fiorentini (FE-UNICAMP e Joaquim Gonçalves Barbosa (UMESP); ‘Narrativas e investigações matemática: professoras avaliando suas aprendizagens’, Cármen Lúcia Brancaglion Passos (UFSCar); ‘Mediação virtual: a narrativa escrita em foco na formação de professores de matemática’, de autoria de Maria Teresa Menezes Freitas (UFU) e, por fim, o trabalho ‘Traçando horizontes de pesquisa com fontes autobiográficas’, de autoria de Maria José Dantas de Melo e Maria da Conceição Passeggi (GRIFARS – UFRN). 2 As reflexões aqui apresentadas correspondem à revisão e ampliação do texto ‘A arte de contar e trocar experiências: reflexões teórico-metodológicas sobre história de vida em formação’, publicado na Revista Educação em Questão, do PPGE/CCSO/UFRN, (SOUZA, 2006a). 3 A diferenciação apresentada pelo autor, através do exame realizado sobre as produções europeias da área, evidencia quatro categorias: a biografia, a autobiografia, os relatos orais e as histórias de vida. 4 Sobre essa questão, Pineau (1999) faz referência ao Livro de D. Bertaux, Lês récits de vie. 1 26 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 26 09/11/2011, 15:57 SOUZA, E. C. Perspective ethnosociologique, Paris, Nathan-Université, 1997. O referido livro será publicado, na Coleção Brasileira – Pesquisa (auto)biográfica & Educação, no âmbito da ‘Série Clássicos ’. 5 Os trabalhos organizados por Souza (2006b), Autobiografias, histórias de vida e formação: pesquisa e ensino e Souza e Abrahão (2006), Tempos, Narrativas e Ficções: a invenção de si, resultaram das mesas, conferências, sessões dos grupos de pesquisas como atividades organizadas no âmbito do II CIPA, em Salvador. Desataca-se também o livro organizado por Souza e Mignot (2008), Histórias de vida e formação de professores, como resultado e ampliação do Boletim apresentado no Programa realizado em 2007, na Série Salto para o Futuro, realizada pela TVE/Brasil, ainda como extensão de ações do II CIPA. 6No período do Congresso foram lançadas as seguintes coleções: 1.Collection « (Auto) biographie et Education », dirigida por Christine DeloryMomberger, Maria da Conceição Passeggi e Elizeu Clementino de Souza. 2.Coleção « Pesquisa (Auto) Biográfica e Educação » dirigida por Maria da Conceição Passeggi, Elizeu Clementino de Souza e Christine Delory-Momberger, publicada pelas Editoras da EDUFRN (Natal) e Paulus (São Paulo). 27 Ci. Huma. e Soc. em Rev. Seropédica v. 32 n.2 Julho/Dezembro 13-27 2010 Hum 32n2 miolo_gabriel_novo_tamanho_fim.pmd 27 09/11/2011, 15:57