Anatomia Humana enquanto conteúdo da Educação Física Escolar Michel Binda Beccalli – Graduando em Educação Física (ESFA) Desde épocas mais remotas e primitivas o corpo humano desperta a curiosidade dos seres humanos, incitando‐os a buscar por esse conhecimento das mais diversas formas. Os primeiros registros de explorações do corpo humano são do Antigo Egito, através do processo de mumificação. Contudo, mesmo com os diversos avanços conseguidos no sentido de conhecer essa fantástica e complexa criação da natureza, muitas pessoas desconhecem seu próprio corpo. Algumas pessoas são acometidas por patologias diversas que poderiam ser prevenidas com simples mudanças de hábitos corporais a nível motor. O motivo desse desconhecimento deve ser contextualizado, entretanto, embora haja tal curiosidade, os meios para saná‐la são uma incógnita para a maioria das pessoas. A partir das constatações feitas, é percebido no meio acadêmico uma maneira viável de proporcionar à população, de uma maneira geral, um conhecimento mais amplo, porém básico do corpo humano e, conseqüentemente, de seu próprio corpo. Através dos conhecimentos produzidos no laboratório de Anatomia Humana, pode‐se potencializar esse (auto)conhecimento e (auto)percepção. Nessa perspectiva, acredita‐se que um nível mais elevado de auto‐conhecimento eleva proporcionalmente o auto‐cuidado, bem como a capacidade de manutenção e promoção de saúde em indivíduos de qualquer faixa etária. Contudo, devido a uma cultura estabelecida historicamente, a preocupação com o próprio corpo mostra‐se evidente o mais tardiamente possível. Frente a tal realidade, a disponibilização de informações/conhecimento acerca do próprio corpo é algo que não deve ser omitido da população de forma geral, visando uma maior (auto)preservação e promoção e manutenção de saúde, entendendo tal tarefa enquanto um ato de responsabilidade social. A partir do acima exposto e do entendimento da necessidade de criar nos indivíduos uma autonomia no sentido de promoção e manutenção de saúde, reconhece‐se a importância de ações preventivas, principalmente no que diz respeito à Educação Básica. Nesse contexto, a Educação Física constitui‐se enquanto meio promissor para a disseminação desse tipo de conhecimento, através das aulas de Educação Física Escolar. Foi utilizada uma pesquisa de caráter qualitativo do tipo exploratória com procedimento de pesquisa de campo. Como instrumentos de coleta, foram adotadas observação participante e entrevistas semi‐estruturadas. Para a análise de dados foi utilizada a análise de conteúdo proposta por Minayo (2001). A amostra da pesquisa corresponde a jovens regularmente matriculados na 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio da Escola São Francisco de Assis buscando preencher a lacuna supracitada, proporcionando um momento de (auto)conhecimento no que tange o corpo humano e seus diversos componentes, bem como maneiras de potencializar a preservação de sua integridade no que se refere à saúde uma vez que, dada a complexidade do corpo humano, as ações preventivas devem ser também complexas. O feedback dos educandos permite inferir que todos os pressupostos apresentados até então se legitimam, apontando para a necessidade crescente de ações preventivas no âmbito das Ciências da Saúde, uma vez que a melhor maneira de prevenir é disseminando o conhecimento necessário para a construção de autonomia. Nesse sentido, pode‐se estabelecer tais ações como papel não só da disciplina de Educação Física, mas de todas as outras constituintes do currículo escolar, uma vez que, com base na teoria da complexidade de Morin (2000), a escola é um todo indissociável e que esse todo é muito mais que a soma de suas partes. Portanto, é papel da escola, enquanto instituição educacional, correlacionar os saberes construídos dentro dela com a vida cotidiana dos educandos, o que facilita o processo de (re)significação do conhecimento produzido. Portanto, o conteúdo deve transcender a esfera escolar e levar em consideração as diversas dimensões que permeiam o ser humano (cognitiva, biológica e social), as quais influenciam diretamente na saúde do indivíduo, a partir do entendimento de que saúde é mais que a simples ausência de doenças. Feitas as devidas considerações, pode‐se inferir que qualquer desconfiguração de alguma das dimensões que constituem o ser humano é caracterizado como um estado não‐ saudável. Tal constatação vai de encontro ao que é proposto pela abordagem pedagógica “saúde renovada”, defendida por Guedes e Guedes (199_), ao enfatizar o papel da Educação Física no processo efetivo de promoção de saúde no ambiente escolar, porém, transcendendo‐o e propiciando aos educandos a autonomia necessária para adotarem e manterem um estilo de vida saudável. Referências GUEDES, D.P. e GUEDES J.E.R.P.. Sugestão de conteúdo programático para programas de Educação Física Escolar direcionados à promoção da saúde. 199_ MINAYO, Maria Cecília Souza (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessário à educação do futuro; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2000.