ANAMNESE ID: L.R.N., 73 anos, natural de Uruburetama e procedente de Maracanaú, viúvo, católico e aposentado (pedreiro). Fonte da História: Paciente e revisão de prontuário. QP: “Dor pra urinar” HDA: Paciente previamente hígido, há 2 anos refere disúria e falta de ar em repouso. Nega hematúria e proteinúria. Procurou AM em Maracanaú, onde só receitaramno analgésicos. Há 3 meses, realizou, no HUWC, consulta com urologista com o mesmo quadro. No dia 10/07, realizou RTU de próstata devido à HPB. No 1º PO, pcte evoluiu com IAM sem supradesnivelamento de ST, edema agudo de pulmão e IRA dialítico agudizada por urossepse, daí sendo encaminhado para UTI com choque cardiogênico. Por volta de 10 dias depois, apresentou outro IAM sem supra, novamente sendo encaminhado para UTI. Atualmente, pct não refere nenhuma queixa e está na enfermaria há 20 dias. HPP: Refere HAS, DM e cardiomegalia. Refere também cirurgia de catarata e 2 transfusões sanguíneas. Nega acidentes ou traumas. HF: Mãe falecida por AVC e pai falecido em acidente de trabalho. 3 irmãos falecidos (1 em acidente de trabalho e os outros não sabe informar) e 1 irmã saudável. Possui 1 filha hipertensa. HPs: Mora com a filha em casa com boas condições hidrossanitárias. Possui uma alimentação rica em gorduras. Refere etilismo(1L/sem) e tabagismo (80maços/ano) pesados, porém parou há 20 anos. IOA: Refere palpitações quando há falta de ar. EXAME FÍSICO Sinais Vitais: FC: 70 bpm; PA: 110x70 mmHg; T: 36°C e FR: 24 irpm. Geral: EGB, aaa, hipocorado (3+/4+), hidratado, emagrecido, orientado e cooperativo ao exame. AC: RCR, BNF, 2T, s/s. AP: MVU com crepitações em terço médio E e terço inferior D. Abd: Escavado, RHA +, flácido, sem VMG, traube livre, sem dor, hepatimetria: 9cm. Ext.: ppp, sem cianose, com edema (2+/4+) com cacifo + em pés. HD: SCA evoluindo para EAP. Conduta: Solicitado exames laboratoriais de rotina, ECG, enzimas cardíacas e ECO. Atualmente pcte em uso de: Hidralazina, ácido fólico, sinvastatina, carvedilol, sulfato ferroso, furosemida, omeprazol, eprex, AAS e clexane. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA Aumento benigno da próstata, que normalmente se inicia em homens com mais de 40 anos. Hiperplasia das células do estroma e do epitélio da glândula prostática, resultando no aumento volumétrico desta e na possibilidade de interferência no fluxo normal de urina causada pela compressão da uretra prostática e pelo relaxamento inadequado do colo vesical. Pode gerar sintomas obstrutivos e irritantes. ANATOMIA ANATOMIA Zona Central (desenvolve-se a HPB) Zona de Transição (predomina HPB, porém 5% dos tumores) Zona Periférica (CA de próstata- andrógeno dependente) HPB é uma condição frequente em homens idosos. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Prevalência de HPB por idade Até 30 anos 41-50 anos 51-60 anos Mais de 80 anos CONSEQUÊNCIAS Comprometimento da qualidade de vida Retenção urinária aguda (2-20%) Insuficiência renal aguda (1,7%) Litíase vesical (3,4%) ITU complicada FATORES DE RISCO Intrínsecos: Idade e andrógenos Extrínsecos: dieta, tabagismo, consumo de álcool, hábitos de higiene e modo de vida. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (LUTS) Sintomas obstrutivos oJato fraco oEsforço miccional oJato interrompido oHesitação oGotejamento oIncontinência oEsvaziamento Sintomas irritantes oUrgência oPolaciúria oDor suprapúbica oNoctúria AVALIAÇÃO DO PACIENTE Anamnese cuidadosa e bem orientada Escore IPSS (leve-0a7; moderado-8 a 10; grave-20 a 35) Exame físico completo com exame digital da próstata PSA (para pcts com expectativa de vida maior que 10 anos) Exame de urina Creatinina sérica e citologia urinária Volume pós-miccional Urofluxometria Ultra-sonografia Curva fluxo/pressão Uretrocistoscopia Uretrocistografia Urografia excretora ESCORE IPSS TRATAMENTO Expectante Clínico Minimamente invasivo Cirúrgico TRATAMENTO EXPECTANTE Sintomas leves Moderados ou graves, sem complicações Redução da ingesta de líquidos à noite, exercícios para treinamento vesical, redução de álcool, café e cigarros TRATAMENTO MEDICAMENTOSO α-bloqueadores Inibidores da 5-α-Redutase Fitoterápicos (estudos clínicos bem estruturados não estão disponíveis) Terapia combinada Α-BLOQUEADORES Inibe o aumento do tônus da musculatura lisa prostática, evitando o aparecimento de sintomas obstrutivos. Diminui a indicação de tratamento cirúrgico Terazosina, alfuzosina, doxazosina, tansulozina Efeitos colaterais: hipotensão ortostática, vertigem, astenia, problemas ejaculatórios e congestão nasal INIBIDORES DA 5-Α-REDUTASE Redução dos níveis séricos e intraprostáticos da di-hidrotestosterona, porém não comparada à castração Risco de disfunção sexual Diminui o valor do PSA em até 50% após 6 meses de uso Finasterida e dutasterida TERAPIA COMBINADA Estudo publicado em 2003 apresenta resultados, mostrando que a utilização de finasterida e doxazosina de forma combinada reduz os riscos de retenção urinária aguda e da necessidade de procedimentos invasivos em pacientes com HPB, quando comparada à utilização isolada destas drogas TERAPIAS MINIMAMENTE INVASIVAS Termoterapia transuretral com microondas Ablação transuretral com agulha Endopróteses uretrais ou stents Dilatação uretral com balão Ultra-som focado de alta intensidade Coagulação intersticial com laser Termoterapia induzida por água Injeção intraprostática de etanol TRATAMENTO CIRÚRGICO Indicações: o Retenção urinária persistente e refratária às tentativas de tratamento o Uretero-hidronefrose, com ou sem alteração da função renal o Insuficiência renal devido à hiperplasia prostática benigna o Infecções recorrentes do trato urinário o Hematúria macroscópica recorrente de origem prostática o Cálculo vesical devido à hiperplasia prostática benigna o Pacientes refratários a outras terapias o Divertículos vesicais associados à infecção recorrente ou disfunção vesical TIPOS DE CIRURGIA Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP) Eletrovaporização Transuretral da Próstata (ETUP) Incisão Transuretral da Próstata (ITUP) Terapia com Laser Coagulação Transuretral com Laser Vaporizaação Transuretral com Laser Ressecção/Enucleação Transuretral com Holmium Laser Cirurgia Aberta RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA PRÓSTATA (RTUP) Padrão-ouro entre as técnicas cirúrgicas Melhora dos sintomas: 85% após um ano; 75% após três anos. É uma manobra cirúrgica endoscópica, que se realiza com um ressectoscópio introduzido através da uretra, que tem uma fonte de luz, um circuito para o líquido de irrigação e uma aleta eléctrica que corta o tecido e coagula os vasos sanguíneos. Os pedaços de tecido obtidos são removidos da bexiga no final da cirurgia e enviados para estudo anatomopatológico. CONTRA-INDICAÇÕES Volume prostático superior a 80mL Cálculos ou divertículos vesicais Estenose uretral Anquilose importante de quadril COMPLICAÇÕES Sangramentos durante a cirurgia (2,5%) Tamponamento vesical no PO (3,3%) Perfuração da cápsula prostática com extravasamento de líquido para o retroperitôneo (2%) Síndrome pós-RTUP (2%)- confusão mental, náuseas, vômitos, hipertensão, bradicardia e distúrbios visuais, está relacionada à hiponatremia por absorção de líquido na corrente sanguínea. BIBLIOGRAFIA http://www.projetodiretrizes.org.br/5_volume/24-Hiperpla.pdf http://www.apurologia.pt/pdfs/101P_HBP.pdf Averbeck et al. “Diagnóstico e tratamento da hiperplasia benigna da próstata”. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 54 (4): 471-477, out.-dez. 2010. “o Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas.” Eclo 38,6