AGNA ALMEIDA MENEZES
PRODUTIVIDADE DO EUCALIPTO E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE
E A CLASSE DE SOLO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de PósGraduação em Solos e Nutrição de
Plantas, para obtenção do título de
Doctor Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2005
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
M543p
2005
Menezes, Agna Almeida, 1971Produtividade do eucalipto e sua relação com a
qualidade e a classe de solo / Agna Almeida Menezes.
– Viçosa : UFV, 2005.
xi, 98f. : il. mapas col. ; 29cm.
Orientador: Júlio César Lima Neves.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 88-98.
1. Fertilidade do solo. 2. Solos - Produtividade.
3. Solos florestais - Fertilização. 4. Levantamentos do
solo. 5. Eucalipto - Produção. I. Universidade Federal de
Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 631.422
A Deus, pela beleza da vida, e de poder conceber uma vida.
Aos meus pais Alcides e Aydê, pelo verdadeiro amor.
Aos meus irmãos, meu nicho ecológico, por nunca me deixar me perder.
Ao meu filho, Roberto, por tudo e por tanto.
ii
AGRADECIMENTO
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Solos, pela
oportunidade de realização do Curso.
À Universidade Estadual de Santa Cruz e ao Departamento de
Ciências Agrárias e Ambientais, pela liberação das atividades acadêmicas que
possibilitou a realização e conclusão deste Curso.
Ao povo brasileiro, por meio dos seus impostos e “esforços”,
possibilitou que a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior
(CAPES), fizesse a concessão da bolsa de estudo.
À CENIBRA Nipo Celulose S.A. pela concessão da base de dados que
possibilitou a realização deste trabalho, especialmente na pessoa do Doutor
Fernando Palha Leite, sempre disposto em atender às minhas solicitações.
Ao Professor Julio César Lima Neves, pela amizade, carinho,
compreensão, incentivo, confiança depositada desde sempre e pela dedicação
para realização deste trabalho.
Ao Professor Nairam Félix de Barros, exemplo de dedicação e trabalho,
pela simplicidade na tomada de uma decisão considerada tão complexa para
muitos, mas que me trouxe grande felicidade.
Ao Professor João Carlos Ker, pela amizade, pelos ensinamentos, pelo
exemplo de dedicação ao trabalho, pelas contribuições
ao trabalho
desenvolvido e pelas reuniões “extra solos”, que tanto me fizeram feliz.
iii
Ao Professor Elpídio Inácio Fernandes Filho, pela amizade, pelo
carinho e pela simplicidade nos ensinamentos de SIG, fundamentais para
conclusão deste trabalho.
Aos demais professores do Departamento de Solos, especialmente
Victor Hugo Alvarez V. e Roberto Ferreira de Novais, exemplos de trabalho e
dedicação, pelas “sementes” que plantaram quando da minha chegada a UFV.
Aos primeiros “culpados” de todo esse processo, Paulo Gabriel
Soledad Nacif e Jorge Antonio Gonzaga Santos.
Aos amigos Felipe e Karina, pela amizade, carinho e especial atenção
a mim e a minha família num momento decisivo para conclusão deste Curso.
Aos amigos Clístenes, Cristiane, Marcelo Metri, Beto Bananeira, José
Augusto, Marco Antônio, Isaías, Ronessa, Paraná e Oldair, por todos os
momentos de risos e “discussões sadias” que fizeram com que minha estada
em Viçosa fosse muito gratificante.
Aos amigos, Joelson, Tarcísio, Marco Faca, Cleber, Aline, Antônio
Fábio, Paula, Alex e Naiara, pela amizade e por todos momentos de alegria
que me proporcionaram durante a realização deste trabalho.
Às pessoas que não foram citadas, mas que tenho a certeza o quão
importantes foram neste momento de minha vida.
A Luís Maurício Brandão Leal, pelo grande amor, compreensão, auxílio
e estímulo que tanto contribuiu para realização deste doutoramento.
iv
BIOGRAFIA
AGNA ALMEIDA MENEZES, filha de Alcides Menezes Oliveira e Aydê
Fontana de Almeida Oliveira, nasceu em 4 de agosto de 1971, na cidade de
Itapetinga, Bahia.
Em 1990, iniciou o Curso de Agronomia, na Universidade Federal da
Bahia, Cruz das Almas (BA). Em 1991, iniciou suas atividade de pesquisa
como membro do Programa Especial de Treinamento (PET) da CAPES, onde
permaneceu até a conclusão do curso de graduação em agosto de 1994.
No mesmo mês e ano ingressou no Programa de Pós-Graduação em
Solos e Nutrição de Plantas, na Universidade Federal de Viçosa, submetendose à defesa de tese em 27 de junho de 1997.
Em 1996, durante o período de Mestrado, ingressou como Professora na
Universidade Estadual de Santa Cruz, função que exerce desde então.
Em 2000, iniciou o Curso de Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas,
submetendo-se à defesa de tese em 28 de janeiro de 2005.
v
CONTEÚDO
Página
RESUMO
viii
ABSTRACT
x
1. INTRODUÇÃO
1
2. REVISÃO DE LITERATURA
3
2.1. Métodos diretos para determinação da qualidade do sítio
florestal
2.2. Métodos indiretos para determinação da qualidade do sítio
florestal
2.2.1. Tipos e aplicação dos levantamentos de solo
5
6
8
2.3. Características de sítios e produtividade florestal
10
2.4. Índice de qualidade de solo: uma ferramenta de integração
15
3. MATERIAL E MÉTODOS
20
3.1. Caracterização geral da área
20
3.2. Levantamento de solos
22
3.2.1. Tratamento dos dados do levantamento
23
3.3. Estimativa da produtividade atingível
25
3.4. Método solo-local
26
3.5. Avaliação integrada utilizando a classe de solo
26
vi
Página
3.6. Índice de Qualidade de Solo (IQS)
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
29
33
4.1. Produtividade de eucalipto nas áreas estudadas
33
4.2. Relacionamento entre produtividade e características de solo
36
4.3. Relacionamento entre produtividade e classe de solo
42
4.3.1. Relações entre classe de solo, características
morfológicas e fisiografia
4.3.1.1 – Região de Belo Oriente
4.3.1.2 – Região de Virginópolis
4.4. Índice de qualidade de solo
59
59
69
75
5. CONCLUSÕES
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
87
vii
RESUMO
MENEZES, Agna Almeida, D.S., Universidade Federal de Viçosa, janeiro de
2005. Produtividade do eucalipto e sua relação com a qualidade e a
classe de solo. Orientador: Júlio César Lima Neves. Conselheiros: Nairam
Felix de Barros, João Carlos Ker e Elpídio Inácio Fernandes Filho.
A obtenção da produtividade florestal máxima ou atingível, que é definida
pelo clima e pela qualidade do material genético, se dá quando nenhum outro
fator de produção seja limitante, tais como água, nutrientes e características
físicas do solo. Portanto, para um dado clima e material genético, pode-se propor
que a diferença entre a estimativa de produtividade atingível e a produtividade
medida seja reflexo das características de solo que possam estar limitando a
aquisição dos recursos água e nutrientes. Este trabalho objetivou: estimar a
produtividade atingível de plantios de eucalipto em áreas da CENIBRA S.A., na
região Leste de Minas Gerais; relacionar a produtividade média desses plantios
com características de solo, pelo método solo-local, e integradas mediante a
classe taxonômica e por índices de qualidade de solo (IQS). Para tanto, fez-se a
estimativa da produtividade atingível, mediante o modelo baseado em processos
3_PG, parametrizado para as condições da CENIBRA, e calculou-se a diferença
entre essa produtividade e a produtividade de tronco obtida em parcelas do
inventário florestal da empresa. Selecionaram-se as regiões de Virginópolis e de
Belo Oriente, as mais contrastantes em termos de condições climáticas e
produtividade, porém semelhantes em classes de solo. Avaliou-se, por meio de
viii
correlação e de regressão múltipla a relação entre características físicas, químicas
e mineralógicas do solo e a produtividade do eucalipto, utilizando-se o
levantamento pedológico semi-detalhado e a produtividade de tronco. Para essas
duas regiões, classificaram-se os projetos em mais produtivos e em menos
produtivos. Utilizando-se ferramentas de SIG calculou-se a área de cada classe de
solo nos projetos e confeccionou-se o modelo digital de elevação, para a definição
do grau de declive associado a cada classe de solo e da freqüência de ocorrência
dessas classes nos projetos. Os teores de nutrientes no solo, estimados para a
fase inicial de crescimento das árvores, foram utilizados no ajuste do modelo de
regressão múltipla e no modelo de qualidade de solo. Para a obtenção dessas
estimativas se baseou nos teores de nutrientes obtidos nas análises químicas do
solo e nos conteúdos de nutrientes nas árvores ao final do ciclo, Concluiu-se que a
utilização de modelos baseados em processos pode estimar a capacidade
produtiva do sítio e assim subsidiar e priorizar as técnicas a serem utilizadas
visando aumentar a produtividade, ou mantê-la se em níveis já satisfatórios. Na
avaliação do relacionamento entre a produtividade da cultura do eucalipto e
características do solo, pelo método solo-local, os melhores modelos incluíram as
características matéria orgânica e P-remanescente, que refletem a extensão e
a qualidade da superfície adsorvente da fase sólida, e o teor de potássio no
solo estimado para a fase inicial de crescimento da cultura. Assim, no método
solo-local, para solos altamente intemperizados de regiões tropicais, devem ser
considerados os teores de nutrientes no solo na fase inicial de crescimento da
cultura, que podem ser estimados pelo acréscimo dos teores no solo derivados
dos conteúdos de nutrientes nas árvores aos teores de nutrientes no solo
medidos ao final do ciclo ou por ocasião do monitoramento. A classe de solo
definida nos níveis categóricos mais baixos, pelo menos no 4º, aliada às feições
fisiográficas, é indicadora de produtividade de eucalipto. O IQS foi sensível às
regiões,
indicando
maior
qualidade
para
os
solos
de
Virginópolis,
comparativamente aos de Belo Oriente. O IQS foi também sensível às variações
das características de solo dentro de cada unidade taxonômica, e, em Virginópolis,
relacionou-se estreitamente com a produtividade do eucalipto.
ix
ABSTRACT
MENEZES, Agna Almeida, D.S., Universidade Federal de Viçosa, January,
2005. Eucalypt productivity and its relation with soil quality and class.
Adviser: Júlio Cesar Lima Neves. Committee members: Nairam Félix de
Barros, João Carlos Ker and Elpídio Inácio Fernandes Filho.
The maximum forest productivity is determined by climate conditions and
by the quality of the genetic material when no other growth factor, such as
water, nutrients and soil physical properties, is limiting. Hence, for a given
climatic condition and genetic material, the difference between the actual and
the estimated forest productivity is supposedly due to soil characteristics which
limit water and nutrient acquisition by plants. This paper has the main aim: 1) to
estimate the maximum eucalypt productivity in areas of the East Region of
Minas Gerais State, belonging to CENIBRA S.A. and, 2) to study the
relationship between eucalypt productivity and soil characteristics through the
soil-site method and integrated by soil taxonomic class and soil quality indexes
(IQS). The 3PG Model, adjusted to CENIBRA’s conditions, was used to
estimate eucalypt potential productivity. The difference between the estimated
and the actual productivity was calculated. Two contrasting regions, in terms of
climate and productivity, Belo Oriente and Virginópolis, but similar in terms of
soil classes, were selected for the study. The relation between soil
mineralogical, chemical and physical properties and eucalypt stem productivity
x
was examined by correlation and regression equations. For both regions the
stands were grouped into high and low productivity. A digital elevation model
was constructed and the area of each soil class was estimated using GIS tools,
according to location and stand productivity. As soil chemical analyses, at the
planting time, were not available for all the stands, soil nutrient content required
for sustaining the actual forest growth was estimated and used to fit the
regression equations and the model of soil quality. For this estimation, soil
analyses performed at the end of the rotation and the amount of nutrients in the
tree were summed up and converted into soil analyses unities. It was concluded
that the estimations obtained with the 3PG Model for site productivity were
reliable and comparable to the actual tree growth. The best models relating
tree growth (soil-site method) and soil characteristics included soil organic
matter content and the concentration of P in the solution (remaining-P), when
60 mg/L of P was shaken with soil samples for 16 hours, which reflect soil
adsorbing capacity and soil potassium content at the planting time. Therefore,
the reliability of tree growth estimation by the soil-site method for highly
weathered soils of the tropical conditions depends upon soil nutrient content at
the planting time. Detailed soil classification, at least at the series level,
associated with physiographic features, represents a good system for defining
tree productivity. The IQS values varied between regions, with higher values for
Virginopolis than for Belo Oriente, being also sensible to variations at the soil
class level, showing a close relation with eucalypt growth.
xi
1. INTRODUÇÃO
As plantações de eucalipto no Brasil são de grande importância
ambiental e econômica. Abrangem, atualmente, representando em torno de
62% de cerca de 5 milhões de hectares, área total de plantações florestais com
espécies de rápido crescimento (SBS, 2001).
Em 2001, essa cultura apresentou PIB da ordem de US$ 21 bilhões
(4% do PIB do País), assim distribuídos: madeira e móveis: US$ 9,3 bilhões,
celulose e papel: US$ 7,5 bilhões, e siderurgia a carvão vegetal: 4,2 US$
bilhões (Leite, 2002).
O setor de base florestal, em 2001, foi responsável pela obtenção de
divisas da ordem de US$ 5,4 bilhões, recolheu US$ 2 bilhões de impostos, e
proporcionou 2 milhões de empregos diretos mais indiretos, dos quais 500.000
em plantações florestais (Leite, 2002). Dados mais recentes, do Ministério da
Agricultura e Abastecimento, relativos às exportações no ano de 2004, e
apresentados pela Folha de São Paulo em sua edição de 7 de janeiro de 2005,
revelam que o agronegócio foi responsável por 40% das vendas do País ao
exterior, liderados pelo complexo soja (US$ 10 bilhões), vindo a seguir madeira
e derivados mais papel e celulose (US$ 6,7 bilhões).
A obtenção de madeira, para as mais diversas utilizações, a partir de
plantações florestas diminui a pressão de utilização sobre as florestas nativas,
contribuindo para a conservação de seus recursos naturais.
1
Deve-se considerar, porém, que as culturas de eucalipto e de Pinus, as
mais utilizadas nas plantações florestais no País apresentam altas taxas de
crescimento, que implicam em elevada demanda de água e nutrientes. Esse
fato ressalta a importância do solo, especialmente tendo em vista a
sustentação da produtividade ao longo do tempo (Barros & Comerford, 2002),
base para a manutenção da competitividade do setor (Neves, 2004).
Para avaliação da capacidade produtiva de determinado local, as
empresas do setor florestal, utilizam duas principais técnicas: levantamento de
solos e inventário florestal. Em síntese, a primeira tem por objetivo a descrição
das áreas e o mapeamento do contínuo das terras em unidades taxonômicas
de solos, enquanto que a segunda permite a obtenção da produtividade ao final
do ciclo de produção. No entanto, não há uma harmonia entre as duas ações
que permitam o entendimento dos processos que expliquem as diferenças na
produção de locais distintos, visto que para a realização do inventário florestal,
mais comum é utilizar amostragem simples, ou seja, não há uma preocupação
de estratificar as áreas dadas às suas características, tais como tipo de solo ou
relevo. Desse modo, a média de produção obtida nas parcelas de inventário,
pode não refletir a produção total de um talhão, por exemplo, quando esse for
heterogêneo em tipo de solo ou classe de relevo.
Por isso é conveniente ressaltar a importância de harmonizar, por meio
de técnicas de modelagem, os resultados dessas duas ações, visando melhor
elucidar o relacionamento entre produtividade, sua sustentabilidade, e
características do ambiente físico, com ênfase no solo, principalmente para
plantios florestais sob manejo intensivo, como no Brasil. Neste contexto
objetivou-se avaliar a produtividade de plantações de eucalipto na região centro
leste de Minas Gerais relacionando-a com características do sitio e integradas
mediante o conceito de classe e por um modelo de qualidade de solo.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
A produtividade de uma espécie é função de solo, clima, material
genético, relevo e manejo. A esses fatores, Gerding & Schlatter (1995)
adicionam a estrutura da comunidade vegetal e o tempo.
Por mais conhecida que seja essa função, as dificuldades em
estabelecer quantitativamente a influência de vários desses fatores tornam
difícil equacionar e ou modelar a produtividade vegetal. De modo geral, os
estudos são feitos variando um só fator e mantendo os demais fixos, no intuito
de se estabelecer amplitudes para aquele fator e mensurar seus efeitos, que
são não apenas aditivos, mas também interativos. Além disso, no ambiente
natural, na maioria das situações, os fatores clima e relevo são definidores de
produtividade, pois são difíceis de serem modificados, ou seja, na prática, são
não manejáveis e com eles há uma relação de convivência. Por isso é
importante conhecer as amplitudes de variação destes fatores, e mensurar
seus efeitos, para se ter o prognóstico de produtividade de determinado local,
ou sítio, já que tanto o solo como os materiais genéticos são mais facilmente
modificáveis, ou manejáveis.
O sítio é definido pelos ecologistas como uma unidade geográfica
uniforme caracterizada por uma combinação estável das características do
meio; já na visão dos silvicultores, é um fator de produção primário uniforme
com capacidade para produzir madeira ou outros produtos florestais (Schonau,
1987).
3
Para melhor compreensão de como os fatores do meio influenciam na
produtividade de plantações florestais, faz-se necessário, inicialmente,
esclarecer como os termos sítio (ou local) e capacidade produtiva (ou
qualidade de sítio) serão abordados neste trabalho.
Para identificação do sítio, Grey (1985) listou os seguintes requisitos: 1)
o sítio é uma subdivisão arbitrária da paisagem, onde há, independentemente
da escala, mudanças no solo, clima e vegetação entre áreas adjacentes; 2) o
reconhecimento de sítios deve estar baseado em princípios ecológicos, que
considerem os múltiplos usos possíveis, 3) a área mínima de um sítio deve
corresponder à menor unidade de manejo possível, e 4) a pedoforma
representa um importante critério de identificação de sítios, por estar
fortemente associada com microclima, solo, vegetação, regime hídrico e
geologia. Esse autor ressalta que a inclusão do requisito pedoforma se deve ao
fato de que características fisiográficas e de solos devem ser utilizadas como
indicadores da capacidade produtiva ou qualidade do sítio, uma vez que podem
sintetizar as interações entre os fatores de produção.
Reunindo esses requisitos pode-se definir que o sítio ou local se
caracteriza pela soma de todos os fatores que afetam a capacidade produtiva
do povoamento florestal. Dentre esses fatores, destacam-se as características
físicas, químicas e mineralógicas do solo, características climáticas e
fisiográficas, bem como fatores bióticos (Barnes et al,1998).
Observa-se que para a definição de sítio é necessário utilizar o termo
capacidade produtiva que resulta da ação e interação dos fatores do sítio,
influenciada por práticas silviculturais (Barros, 1974).
Para avaliar a capacidade produtiva ou a qualidade do sítio florestal
podem-se utilizar a mensuração do efeito específico dos fatores ambientais no
local sobre a vegetação (métodos diretos) e a análise dos fatores do ambiente
e a avaliação do resultado de sua ação combinada (métodos indiretos). O
primeiro permite avaliar a qualidade presente no sítio com relação às espécies
existentes; o segundo permite avaliar a qualidade do sítio de forma
independente da espécie.
4
2.1. Métodos diretos para determinação da qualidade do sítio florestal
O método direto mais utilizado historicamente para determinação da
qualidade de sítios florestais é o índice de sítio ou “site-index” (Landsberg,
1997). Seu uso é especifico para florestas equiâneas e de composição pura,
pois o índice de sítio varia com a espécie que compõe um dado povoamento.
Em termos práticos, a classificação e comparação das qualidades dos
diferentes sítios mediante o emprego do índice de sítio se estabelece pelo
relacionamento da altura com a idade das árvores. Em princípio, acredita-se
que a altura das árvores pode ser usada como índice de qualidade de sítio, por
não ser afetada pela densidade e histórico silvicultural (Clutter et al, 1983).
Embora a altura seja uma medida simples e bem relacionada à produtividade
do sítio para determinadas espécies, esses autores afirmam não existir
completa independência de outros fatores, citando a influência originada nas
densidades “extremas” dos povoamentos. Pelo termo “site index” como foi
definido nos EUA, entende-se a “altura média das árvores dominantes e
codominantes de uma floresta numa determinada idade prefixada (idade-índice
ou base-age)” (Carmean, 1970; Clutter et al, 1983) que pode variar, naquelas
condições, entre 35 anos, no Sul, a 100 anos, na costa oeste (Spurr & Barnes,
1980). A idade índice é escolhida arbitrariamente, mas em geral, deve ser
próxima da idade técnica de colheita (Campos e Leite, 2002); por isso no
Brasil, para eucalipto tem-se usado a idade-índice de sete anos.
A classificação das árvores em dominantes e codominantes se refere à
posição relativa de suas copas. As dominantes são aquelas que estendem
suas copas acima do nível geral do dossel do povoamento, recebendo luz
direta na sua parte superior e parcial nas laterais. As codominantes são as que
recebem luz direta na parte superior e pouca luz lateralmente (Smith, 1962).
Em povoamentos clonais, a percepção das árvores dominantes e
codominantes, como proposto por Smith (1962), não é tão fácil em relação aos
povoamentos propagados por sementes, já que nestes a variabilidade entre
árvores é muito maior. Por isso, talvez seja mais apropriado utilizar o extrato
superior das árvores, calculado por meio da média das alturas acrescida de
certa magnitude em termos de desvio padrão, por exemplo, média mais um
desvio padrão.
5
Outro método para avaliar a qualidade de sítio é por meio do histórico
da produção e também por dados de volume do “stand” (produtividade), as
denominadas tabelas de produção (Clutter et al,1983), que segundo Landsberg
(1997) fornecem a mesma informação do índice de sítio, já que se originam de
medições de árvores de um determinado sítio e, ao mesmo tempo é por meio
de tabelas de produção que são calculados os índices de sítio.
Apesar disto, para a Ciência Florestal, o método de índice de sítio temse mostrado eficiente, pois considera a altura das árvores do extrato superior
como a expressão integrada de todas as variáveis biológicas e ambientais que
afetaram o crescimento até o momento da medição e por ser, segundo Alder
(1980) citado por Leite (1994), um bom indicador de produtividade uma vez que
não é influenciado pela densidade do povoamento.
Barros et al. (1986), por outro lado, comentam que o método do índice
de sítio foi desenvolvido e aplicado inicialmente em regiões onde os sítios
apresentavam, relativamente, maior potencial do ponto de vista químico
(fertilidade do solo) para a manutenção da produtividade, e onde o manejo
florestal não era tão intensivo como no Brasil. Assim é de se supor que para
locais onde as produtividades são afetadas a cada corte, como nas regiões
tropicais, a capacidade preditiva deste método parece ser bastante baixa.
Nesta colocação está implícita a idéia de sustentabilidade da produção, que,
segundo Barros e Comerford (2002), é “a manutenção da produtividade
florestal, podendo haver acréscimo, ao longo de rotações ou de colheita
sucessivas”.
2.2. Métodos indiretos para determinação da qualidade do sítio florestal
Dentre os métodos indiretos de maior uso, encontra-se o método “sololocal” e o levantamento de solos.
O método “solo-local” caracteriza-se pela utilização de variáveis de
crescimento de árvores e de características físicas e químicas de um
determinado do solo, de modo a estabelecer uma relação matemática entre o
crescimento ou produção e essas características (Hannah, 1968; Carmo et al,
1990; Gonçalves, 1990). Para aplicação deste método, fica subentendida a
existência de variações consideráveis de crescimento dentro da área que se
6
deseja dividir em unidades, mas raramente, dentro de uma determinada região,
observa-se resposta de crescimento de uma espécie numa ampla faixa de
variação de uma característica de solo (Fabres et al, 1987).
Leite (1994) destaca que a classificação da capacidade produtiva com
base em propriedades do solo pode não ser eficiente, já que é praticamente
impossível quantificar o efeito de fatores isolados e cita, para exemplificar, o
modelo de Billings (1952): S = βo + β1 (P) + β2 (Ca) + ε,. O modelo mostra o
efeito direto do fósforo (P) e do cálcio (Ca) sobre o crescimento das árvores
(S= índice de local), porém, segundo Leite (1994), sabe-se que a absorção
destes elementos pela planta depende de outros fatores, tais como
precipitação e microclima, de suas interações e de características do próprio
tipo de solo, de modo ser difícil definir se a produção é resposta direta dos
nutrientes ou se ela resulta da interação com outros fatores do sítio.
Outro fato que mostra a baixa capacidade preditiva do método sololocal é a presença de relações negativas, por exemplo, entre o teor de
nutrientes no solo e a produtividade. Por exemplo, Fabres et al (1987)
relacionando a biomassa de tronco de eucalipto com o teor de cálcio e de
potássio no solo encontraram o seguinte modelo: Ŷ = 23,6 + 159 Ca – 0,9 K (R2
=0,99). O relacionamento negativo entre K e a produção pode sugerir, por
exemplo, afirmativas equivocadas tais como: diminuição da produção por
aumento dos teores de potássio disponível no solo! No entanto, esse fato se
deve aos baixos teores de K disponível no solo, na época de corte, em razão
do K estar imobilizado na biomassa da árvore, e também porque em solos
muito intemperizados, predominantes em ambiente tropical, as reservas do
solo não são suficientes para a manutenção dos teores trocáveis (Barros e
Novais, 1996). Por isso entende-se a proposta de Santos (2004b) no sentido de
se realizar o monitoramento da fertilidade do solo antes do plantio.
Alternativamente, pode-se fazer uso do método do coeficiente de utilização
biológico (Barros et al., 1986), que considera também a quantidade de
nutrientes na biomassa das árvores e, segundo esses autores, é assim uma
associação de métodos diretos e indiretos de avaliação da qualidade do sítio.
O levantamento de solos ou levantamento pedológico é definido como
uma pesquisa de campo e laboratório, cuja síntese é o registro de
observações, análises e interpretações de aspectos do meio físico e de
7
características morfológicas, físicas, químicas, mineralógicas e biológicas dos
solos, visando a caracterização e a classificação destes (EMBRAPA, 1995).
Essa pesquisa para Carmo et al (1990) traduz-se em uma extraordinária
ferramenta para fins de zoneamento ecológico, já que tanto a classificação
taxonômica de solos quanto a indicação de seus limites físicos, por meio de
mapas pedológicos, se apóiam em critérios que sintetizam as principais
características ambientais, variáveis de elevado poder de síntese e capacidade
preditiva.
Em áreas onde se processa a atividade florestal, contudo, além da
inexistência de mapas, ou a sua existência apenas em caráter exploratório, os
levantamentos de solo apresentam baixa capacidade preditiva, especialmente
em áreas homogêneas (Carmo et al, 1990). Isto sugere o questionamento: as
áreas são realmente homogêneas em classe de solo, ou o tipo de
levantamento utilizado, por ser exploratório, não permite a identificação e o
mapeamento das diferentes classes?
2.2.1. Tipos e aplicação dos levantamentos de solo
Os levantamentos de solo são classificados pelo nível de detalhe ou
tamanho
da
escala
em:
exploratório,
reconhecimento,
semidetalhado,
detalhado e ultradetalhado. As relações entre as escalas, as áreas mínimas
mapeáveis e as densidade de observações variam conforme os diversos tipos,
de modo que nível de detalhamento aumenta do primeiro, exploratório, que tem
área mínima mapeável de 22,5 a 250 km2 e escala de publicação 1:750.000 a
1:2.500.000, ao último, ultradetalhado, que tem área mínima mapeável menor
que 0,4 ha e escala de publicação maior que 1:10.000 (EMBRAPA, 1995).
A escolha do tipo de levantamento depende da utilidade que será dada
a ele. O tipo exploratório visa exclusivamente a obtenção de informação
generalizada do recurso solo, enquanto que o tipo ultradetalhado é conduzido
onde são necessárias decisões em termos de pequenas áreas para
planejamento de sistemas sofisticados de agricultura, áreas urbanas e
industriais e em projetos especiais de irrigação (Resende et al, 1995).
No Brasil, o mais comum, no entanto é o tipo reconhecimento, que de
há muito vem sendo feito em todo território nacional, visto os grandes projetos:
8
RADAMBRASIL, iniciado na década de 70 e os levantamentos de solos feitos
pelo Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do Solo (SNLCS),
atualmente Embrapa-Solos. Contudo, as empresas florestais buscando
subsidiar melhores práticas de manejo, que levem ao aumento de
produtividade, vêm realizando levantamentos pedológicos com escalas cada
vez maiores ou maior nível de detalhe; a exemplo citam-se o levantamento de
reconhecimento de média intensidade do Jarí (Solos do Jarí, 1989), os
levantamentos semi-detalhados da Aracruz Celulose S. A. (1971; 1998) e da
CENIBRA S.A. (2004). Levantamentos de solo em maior nível de detalhe, bem
planejados, podem subsidiar e confecção de mapas de sítios florestais que
possam orientar decisões relativas ao manejo do sítio (Grey, 1985).
O aumento do nível de detalhe de levantamentos pedológicos significa
unidades de mapeamento cada vez mais homogêneas de modo a ter em cada
área demarcada no mapa uma única unidade taxonômica, estabelecida por
meio de um sistema de classificação (EMBRAPA, 1995).
A grande vantagem disto é o poder de síntese que a classe de solo
representa em termos de diversas características do solo (Wilnding et al., 1983;
Carmo et al.,1990; Buol et al., 1997). Além disso, a individualização de
unidades de mapeamento permite a classificação dos solos nos níveis
categóricos mais baixos, por exemplo, a classificação em “séries de solos”, que
tem por base características diretamente relacionadas com o crescimento de
plantas, principalmente no que concerne ao desenvolvimento do sistema
radicular e relações solo-água-planta (USA, 1994; FAO, 1994; EMBRAPA,
1999). Não obstante, questiona-se a utilidade das unidades de mapeamento,
para a definição de unidades de manejo, já que séries de solos diferentes
podem comportar-se tanto de forma distinta como semelhantes em relação ao
manejo (Bouma, 1997). Maior utilidade do levantamento de solos para fins
florestais visando subsidiar a classificação de sítios quanto ao manejo pode ser
obtida pela utilização de observações da configuração da paisagem no campo
(Carmean, 1967; Grey, 1983)
Nos EUA, visando aumentar a capacidade preditiva da produtividade,
de há muito se recomenda aplicar correção por um fator topográfico nos
levantamentos detalhados em nível de série (Richards & Stone, 1964;
Carmean, 1967). McNab (1993) propôs um método para a obtenção desse tipo
9
de fator, e salienta que outros autores (Pyatt et al., 1969 e Wilson, 1984), por
ele citados, também propuseram fatores semelhantes para solos sob florestas.
Reschutzegger (2003) relata que a discriminação das unidades de
mapeamento deve permitir, idealmente, a obtenção de correlação com a
produtividade florestal do local. Esse autor acrescenta que a falta dessa
capacidade de predição e extrapolação é conseqüência da carência de
informações sobre as exigências das árvores por parte dos pedólogos, ou por
se ter enfatizado o estudo dessas exigências para as culturas produtoras de
alimentos.
2.3. Características de sítios e produtividade florestal
Ainda que seja mais comum relacionar capacidade produtiva
principalmente às características climáticas, atribuindo-se pequena importância
às características edáficas do local, em áreas menores aspectos como
vegetação, pedoforma e solo tornam-se mais importantes (Spurr & Barnes,
1980; Schönau, 1987; Schönau & Aldworth, 1991).
Coile (1952) enumerou 10 características relevantes do meio para a
produtividade florestal:
I.
Profundidade da camada permeável do solo até o aparecimento de
mosqueados, que refletem a profundidade efetiva de exploração
radicular;
II.
Profundidade total do solo, para o caso de perfis pouco
diferenciados;
III.
Natureza física do subsolo, com ênfase particular ao estudo da
permeabilidade, disponibilidade hídrica e impedimentos mecânicos
à penetração radicular e, como fatores determinantes destes,
destacou a textura, distribuição do espaço poroso, capacidade de
armazenagem de água e mudanças no volume em função da
umidade (devido aos processos de expansão-contração);
IV.
Natureza física do horizonte superficial, principalmente distribuição
do espaço poroso e textura, que afetam a infiltração e
armazenagem de água;
10
V.
Teor de matéria orgânica, por atuar sobre o regime hídrico,
estrutura e porosidade;
VI.
Características químicas, como teor e disponibilidade de nutrientes;
VII. Clima e comprimento do dia, em especial precipitações e número
de dias livres de geadas (expressos indiretamente pela latitude e
longitude) são relacionáveis ao crescimento de forma independente
das condições do solo;
VIII. Azimute, por condicionar variação na umidade e temperatura do
solo;
IX.
Topografia,
de
caráter
indireto,
por
ser
determinante
da
profundidade do lençol freático, e
X.
Geologia, principalmente quando afeta a penetrabilidade do
sistema radicular.
Destas, sete estão mais diretamente relacionadas a solo. Tendo em
vista áreas menores, onde a variação climática é mínima, o fator solo pode se
apresentar como o indicador da capacidade produtiva de um local, já que ele é
um estratificador natural do ambiente (Resende e Rezende, 1983; Carmo et al
1990).
Além disso, a consideração da fisiografia pode melhorar a explicação
da capacidade produtiva. A propósito, Resende et al (2002b) explicam a
influência da face de exposição norte e sul no crescimento de plantas,
demonstrando que ela se dá diretamente pela disponibilidade de energia
(radiação solar) ou pelo efeito em outros fatores, como disponibilidade de água
e nutrientes. No vale do Belo Oriente, Braga (1996) verificou que a
produtividade do eucalipto este mais associada à face de exposição NE, à
baixa declividade do terreno e à pedoforma côncavas e posições médias e
inferiores das encostas.
Em síntese, a ação e interação dos fatores que se relacionam com a
aquisição de água e nutrientes pelas plantas é capaz de explicar a capacidade
produtiva de um local.
O eucalipto, por exemplo, tem apresentado reduções significativas na
produtividade quando submetido à condições de estresse hídrico. Almeida &
Soares (1997) estimaram que para cada 100 mm de incremento no déficit
hídrico a produtividade do eucalipto na região costeira do Espírito Santo foi
11
reduzida em 4,85 m3 ha-1 ano-1. O efeito do estresse hídrico sobre a
produtividade do eucalipto também pode ser inferido dos resultados de Leite et
al (1997) no qual se constatou que a taxa de incremento do crescimento em
diâmetro de E. grandis foi reduzida em 35,9 % com o decréscimo da água
disponível no solo.
O regime hídrico, as trocas gasosas e os processos de transferência de
nutrientes até as raízes também são condicionados pela textura e estrutura do
solo (Bennie,1991; Marschner, 1995; Gonçalves, 2002), as quais assim
também influenciam o crescimento radicular. A presença da rocha matriz à
pequena profundidade, ou de cascalhos, ou de horizontes adensados ou
camada endurecidas (fragipan e duripan) são outros obstáculos que interferem
na arquitetura e no desenvolvimento radicular (Feldman, 1984; Bennie,1991;
Alvarenga et al., 1996), sendo, portanto definidores da profundidade efetiva do
solo. Neste sentido, Amaral (1999) concluiu que as menores profundidades de
solum (horizonte A + B) constituem, de certa forma, limitação ao crescimento
do eucalipto.
Por isso é que profundidade efetiva e textura são as características
físicas mais mencionadas na determinação da produtividade do sítio. A
espessura da camada superficial e total do solo é geralmente correlacionada
com o índice de sítio (Doolittle,1957; Zahner, 1958; Hannah, 1968)
A influência da textura na produtividade tem sido relatada mais como
um fator determinante da disponibilidade de água para as plantas
(Doolittle,1957; Zahner, 1958; Gonçalves et al, 1990; Grespan, 1997). Assim, o
aumento do teor de argila mais silte, até determinados valores nos horizontes
superficiais e subsuperficiais, geralmente está associado ao aumento no
crescimento (Doolittle,1957; Zahner, 1958; Gonçalves et al, 1990). No entanto,
correlações
inversas
Reschutzegger,
2003).
também
Grespan
são
apresentadas
(1997),
estudando
(Grespan,
a
1997;
influência
de
características do solo sobre produtividade de eucalipto em solos de tabuleiro,
verificou que o aumento de areia em subsuperficie tem efeito benéfico sobre o
crescimento do eucalipto, porque os solos de tabuleiro são coesos e de
mineralogia predominantemente caulinítica. A areia, neste caso, atua sobre o
arranjamento da estrutura laminar da caulinita, modificando o aspecto maciço
da estrutura, o que influencia o espaço poroso, facilitando o crescimento
12
radicular e assim a aquisição de água e nutrientes pelas plantas.
Reschutzegger (2003) constatou em solos do Uruguai correlação negativa
entre a produtividade de eucalipto e o teor de argila na camada de 20 a 40 cm
e considerou que esta característica possa estar representando uma medida
indireta de outras propriedades que afetam o crescimento.
Magalhães e Blum (2000) caracterizaram o tipo de arquitetura radicular
das espécies Cedrelinga cateneaformis (Cedrorana), Carapa guianensis
(Andiroba) e Eucaliptus Deglupta, em solos de textura média (26% argila) e
argiloso (41% de argila) e verificaram que as três espécies apresentaram
arquiteturas semelhantes, com pivotantes bifurcadas, refletindo, segundo esses
autores, restrições relacionadas ao suprimento de água, aos baixos teores de
cátions básicos e ao baixo pH. Isto se deve ao fato de que sob condições de
estresse no meio, como déficit hídrico e deficiência nutricional, há maior
partição de carbono para as raízes (Reis et al., 1985; Gower, 1987; Sands e
Mulligan, 1990; Oren e Sheriff, 1995; Landsberg e Waring, 1997; Lima et al.,
1997), até mesmo para as raízes finas (Gonçalves, 1994), e alteração do
comprimento das raízes produzidas, que ficam mais longas (Gonçalves &
Mello, 2000), refletindo em aumento da superfície de aquisição de água e
nutrientes (Neves, 2000). Já em solos mal drenados o desenvolvimento
radicular da maioria das espécies (Drew e Stolzy, 1991), inclusive as arbóreas
(Andrade, 1997), é prejudicado devido à falta de oxigenação.
Pelo fato de ser a fertilidade do solo “a capacidade dele em ceder
nutrientes às plantas”, e em síntese esta capacidade não depender somente da
presença do nutriente disponível no solo, mas também da capacidade tampão,
definida pela quantidade e qualidade de argila, o teor de nutrientes
individualmente, é menos mencionado como fator limitante ao crescimento
florestal de que outras propriedades (as definidoras do sistema solo), pois a
aquisição do nutriente depende de, ou se relaciona com, outras características
do solo (Ralston, 1964). De todo modo, essa abordagem da fertilidade do solo
parece atribuir um papel “passivo” à planta. Porém, mais recentemente além
dos fatores de solo tem sido ressaltado que a aquisição dos nutrientes pelas
plantas deve-se também a modificações químicas que ocorrem na rizosfera,
ocasionadas pela liberação de exudatos radiculares (Marschner, 1995;
Hinsinger, 1998; Tinker e Nye, 2000).
13
Dessa forma, o estudo de características ou propriedades do solo mais
associadas à aquisição de água e nutrientes pelas plantas é a abordagem mais
apropriada quando se deseja entender tais processos. A propósito, é comum a
avaliação da quantidade de água disponível no solo, uma vez que ela integra e
sintetiza características de solo e de clima e permite inferir sobre o
metabolismo da planta, já que a ausência de água no solo pode promover o
fechamento estomático, inibindo a assimilação de CO2 pelo processo
fotossintético e, assim, diminui a produção da planta.
Uma das maneiras de estimar o estresse hídrico a que as plantas
podem ser submetidas é por meio do balanço hídrico, metodologia muito
utilizada para se avaliar o armazenamento de água no solo e quantificar déficits
e excessos hídricos ao longo do tempo. O balanço hídrico, portanto, é um
sistema contábil de monitoramento da água do solo e resulta da aplicação do
princípio de conservação da massa em um volume de solo vegetado. A
variação do armazenamento representa o balanço entre as entradas e as
saídas de água do volume de solo de controle, em um dado intervalo de tempo
(Pereira et al., 1997).
Os resultados do balanço hídrico podem ser utilizados no zoneamento
agroclimático, na determinação da demanda hídrica potencial das culturas
irrigadas, no planejamento da pesquisa e para identificar o regime hídrico de
uma região (Aguilar et al., 1986).
Reichardt (1987) faz uma distinção entre balanço hídrico real e
climatológico: o primeiro contabiliza as adições e retiradas de água em uma
área de produção agrícola, fornecendo subsídios para definir quando e quanto
irrigar. O balanço hídrico climatológico, descrito por Thornthwaite & Mather
(1955), estima com base em dados climáticos de vários anos, o que vai ocorrer
e possibilita a caracterização hídrica de uma região. Nos modelos de balanço
hídrico, a lâmina de água no solo é obtida pela diferença entre precipitação e
evapotranspiração, sendo o solo tratado como uma única camada. Entretanto,
utilizando modelo de balanço hídrico multicamada, verificou-se que a
contribuição das camadas de solo para água transpirada pelo dossel variou
com a distribuição de raízes absorventes e com a disponibilidade de água ao
longo do perfil de solo (Neves, 2000; Sacramento Neto, 2001). O tratamento
multicamada, portanto, relaciona-se melhor à aquisição de água e de nutrientes
14
pelas plantas. Níveis adequados dos fluxos de água e de nutrientes e sua
manutenção são tidas como os mais importantes para a produtividade e
sustentabilidade de plantações florestais, notadamente, em condições tropicais
(Nambiar, 1996; Barros e Comerford, 2002).
2.4. Índice de qualidade de solo: uma ferramenta de integração
Para a avaliação da capacidade de produção ser mantida ao longo do
tempo (sustentabilidade) é necessário o monitoramento contínuo dos fatores
envolvidos na produção, enfocando sua dinâmica e suas relações com a
produção (Barros & Comerford, 2002). Não se deve basear apenas nas
produtividades, pois, segundo Burger & Kelting (1999), as dificuldades e ou
contradições conceituais e experimentais na prognose da produtividade a longo
prazo, levam a que o funcionamento do ecossistema e sua estabilidade deva ser
monitorado por meios alternativos, utilizando-se indicadores.
Os indicadores são classificados no tempo, em dinâmicos - aqueles que
estiverem causando maior limitação no crescimento da floresta em determinado
momento; e no espaço, em locais - aqueles específicos para determinado local.
Também há uma classificação baseada em características químicas e físicas do
solo, como teor de nutrientes e densidade do solo, bem como aqueles
relacionados mais especificamente com a matéria orgânica do solo e com a
fauna e flora (os bioindicadores) (Turco e Blume, 1998; Amézquita et al., 1999;
Mielniczuck, 1999; Stenberg, 1999).
Assim, a sustentabilidade florestal nos trópicos pode ser avaliada
enfocando os recursos do solo (água e nutrientes) visto ser este componente o
que mais influencia a sustentabilidade de um ecossistema (Nambiar, 1996),
porque, nessas regiões, os demais recursos determinantes da produtividade
florestal, radiação solar e CO2, não são limitantes (Barros e Comerford, 2002).
Por isso há um forte relacionamento entre a qualidade de solo e
sustentabilidade florestal (Schoenholtz et al, 2000), ficando assim evidente,
portanto, a ligação entre qualidade de solo, produtividade e sua manutenção no
tempo.
15
Características de solo que reflitam os fluxos de água e nutrientes
podem ser usadas em modelos de qualidade do solo, como indicadoras de
sustentabilidade florestal, após melhor definidas e calibradas.
O monitoramento da qualidade do solo pode levar a que sejam
sugeridas modificações nos sistemas de manejo a tempo de evitar sua
degradação (Mielniczuck, 1999), sendo necessário definir atributos de solo e do
ambiente sensíveis ao manejo e de fácil determinação. Neste sentido, diversos
autores (Turco e Blume, 1998; Amézquita et al., 1999; Mielniczuck, 1999;
Stenberg, 1999; Chaer, 2001; Tótola e Chaer, 2002; Santos, 2004a) têm
utilizado atributos químicos, físicos e biológicos dos solos como indicadores
das condições do mesmo.
Algumas propriedades físicas e químicas do solo têm sido utilizadas
como indicadores de qualidade, devido à facilidade com que são acessadas,
uma vez que há grande disponibilidade desses dados. Por outro lado, os
atributos biológicos são utilizados, ainda, com pouca freqüência, provavelmente
devido à falta de metodologias-padrão, à dificuldade de predição e de
quantificação do comportamento biológico e de obtenção de repetibilidade nas
determinações (Stenberg, 1999), sendo necessário que sejam confeccionados
bancos de dados sobre tais indicadores (Tótola e Chaer, 2002).
Turco e Blume (1998), citando Halloway e Stork (1991), sugerem que
os indicadores devem: fornecer respostas imediatas e acuradas a respeito da
perturbação, refletir alguns aspectos da funcionalidade do ecossistema, ser
fácil e economicamente acessíveis, e ser de distribuição universal, ou seja, não
possuir característica reducionista ou de aplicabilidade pontual para um
determinado local. Além disso, segundo Stenberg (1999), os indicadores
devem: integrar propriedades e processos físicos, químicos e biológicos e
representar propriedades ou funções do solo de mais difícil mensuração, sendo
que a utilização conjunta de vários indicadores pode ser necessária para
garantir boas interpretações; possuir relevância ecológica, sendo que a
variação natural dos indicadores deve ser bem entendida; ser sensíveis a
variações de longo prazo, no que diz respeito ao manejo e ao clima, mas
também resistentes às flutuações de curto prazo devido a mudanças nas
condições atmosféricas ou fases de desenvolvimento das culturas.
16
Conciliar alguns desses requisitos num único indicador parece ser
difícil. Certamente assim se explica a utilização conjunta de vários indicadores,
com sensibilidades e características preditivas distintas e capazes de refletirem
diferentes processos que ocorrem nos ecossistemas. Portanto, nas avaliações
da qualidade do solo devem ser consideradas as múltiplas funções do solo e
suas variações no espaço e no tempo (Larson & Pierce, 1994). Tendo em vista
os aspectos funcionais em florestas plantadas Burger & Kelting (1998) listaram
alguns atributos e indicadores da qualidade do solo (Quadro 1)
Quadro 1 – Atributos e indicadores da qualidade do solo de acordo algumas
funções do solo de florestas plantadas
Função
Produção
florestal
Atributo
Indicador
Promover
o Resistência do solo; faixa mínima de
crescimento de raízes água; índice de cultivo
Receber, reter e suprir Infiltração, capacidade de retenção
água
d’água, condutividade hidráulica não
saturada, profundidade do lençol
freático
Reter, suprir e ciclar Suprimento de N, teor de matéria
nutrientes
orgânica, CTC, CTA, nutrientes lábeis,
pH
Promover
gasosa
troca Porosidade, condições água e de ar
Promover
biológica
atividade Matéria orgânica biológicamente ativa,
temperatura e umidade do solo e pH
Regular
o Receber,
balanço de C liberar C
reter
e Queda de litter, renovação de raízes,
respiração do solo, matéria orgânica do
solo
Regular
o Receber, reter e supri Infiltração, capacidade de retenção
ciclo
água
d’água, evaporação
hidrológico
Burger & Kelting (1998)
A concepção da função do solo para uma determinada atividade
permite o entendimento do funcionamento do sistema. Essa concepção norteia
a proposta de composição de um índice integrado de qualidade do solo, onde a
cada atributo é associado um peso, ou pontuação (Karlen & Stott,1994; Glover
et al, 2000).
17
Desse modo, os modelos de qualidade do solo propostos são
conceitualmente similares, na maioria, modelos aditivos (Tótola & Chaer,
2002); diferindo, contudo, pelas características ou propriedades utilizadas e
pelo peso a elas atribuídas, etapas importantes para definição do índice que
melhor represente a realidade (Glover et al., 2000). Esses autores explicam
que os pesos associados às funções do solo podem ser modificados para
refletir prioridades e necessidade especiais dos pesquisadores ou produtores,
de modo a tornar a tabela de pontuação uma ferramenta útil para a
interpretação da qualidade do solo a partir de múltiplas perspectivas.
Karlen & Stott (1994) propuseram o modelo aditivo de índice de
qualidade avaliado por meio de pontuações normalizadas, criadas por meio de
sistemas de aproximação desenvolvidos por Wymore (1993), onde:
IQS = qWE (wt) + qWMA(wt) + qRD (wt) + qFQP (wt)
Nesse modelo, as pontuações são atribuídas para a habilidade do solo
de permitir a entrada de água (qWE), de facilitar a transferência e a absorção de
água (qWMA), de resistir à degradação (qRD) e de sustentar o crescimento de
plantas (qFQP), sendo o wt o peso relativo aplicado a cada atributo. Os pesos
numéricos do atributo são definidos de acordo com a interpretação empírica da
importância desses atributos em preencher todos os requisitos que mantêm a
qualidade do solo sob uma condição específica de uso, de modo que os pesos
definidos para todas as funções de um solo admitido como ideal, somariam 1.
Como as variáveis que compõe o modelo possuem diferentes escalas
e magnitudes, há necessidade delas serem padronizadas. Para obtenção dos
valores padronizados, entre 0 e 1, faz-se o produto entre os pesos e a
pontuação padronizada, esta sendo definida mais comumente por meio da
equação proposta por Wymore (1993).
As equações das curvas de pontuação podem gerar três tipos de
funções de pontuação padronizadas (Figura 1), as quais são usadas para
avaliar a qualidade do solo: (a) “mais é melhor”, (b) “menos é melhor” e (c)
“ótimo”.
Glover et al (2000) utilizaram esse modelo e explicaram que a forma
dessas curvas é determinada pelos valores críticos, que incluem os valores18
limites e os da linha-base. Esses valores críticos são baseados na literatura, na
experimentação, na opinião de especialistas ou podem ser observados sob
condições ideais em locais preservados ou em culturas específicas (Karlen et
(a
0,75
0,5
0,25
0,0
1,0
Pontuação normalizada
1,0
Pontuação normalizada
Pontuação normalizada
al, 1994; Burger & Kelting, 1999).
(b
0,75
0,5
0,25
1,25
2,5
3,75
Matéria orgânica (dag.kg-1)
5,0
(c)
0,75
0,5
0,25
0,0
0,0
0
1,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Densidade do solo (g.cm-3)
2,5
0
2
4
6
8
10
pH
Figura 1 – Tipos de funções de pontuação normalizadas geradas em função do
indicador de qualidade do solo; (a) “mais é melhor”, (b) “menos é
melhor” e (c) “ótimo”.
Aplicações do modelo de qualidade de solo proposto por Karlen & Stott
(1994) no Brasil foram feitas por Chaer (2001) e Santos (2004a). No trabalho
de Chaer (2001), realizado no estado de São Paulo, o modelo foi utilizado para
avaliar o efeito de diferentes métodos de limpeza da área e preparo do solo,
adotados durante a reforma de um povoamento de eucalipto, utilizando
indicadores físicos, químicos e microbiológicos. Já no trabalho de Santos
(2004a), foram avaliados os efeitos de diferentes manejos aplicados à cultura
do eucalipto, e de diferentes usos da terra na região do Vale do Belo Oriente –
MG.
19
12
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização geral da área
O estudo abrangeu as regiões de Belo Oriente (Rio Doce) e
Virginópolis, na região Centro-Leste de Minas Gerais, em áreas da Celulose
Nipo Brasileira (CENIBRA S.A.) localizadas no quadrante entre os paralelos
18° a 20° de latitude Sul e entre os meridianos 42° a 44° a oeste de
Greenwhich (Figura 2).
Os seguintes tipos climáticos ocorrem nas áreas estudadas, segundo a
classificação de Köeppen:
Aw – Clima tropical, com inverno seco e estação chuvosa no verão.
Esta classe ocorre na regional Belo Oriente, principalmente nas cotas inferiores
a 400 metros;
Cwa – Clima de inverno seco e verão chuvoso. A temperatura do mês
mais frio é inferior a 18 °C e a do mais quente ultrapassa 22 °C. É
característico da região de Virginópolis.
De modo geral, a geologia da área pode ser resumida em
embasamento cristalino, Granito-Gnáissico Indiviso, com a presença em
20
Figura 2 – Localização das áreas do estudo.
21
pequena escala de afloramentos rochosos com caráter básico, Gabro e
Charonoquito (Almeida & Litwinski, 1984). Na região de Virginópolis verifica-se
a ocorrência de batólitos de Granito e de Granodiorito (Dallwig, 1983). Na
região do Belo Oriente ocorrem sedimentos recentes, do terciário e quaternário,
originários de deposição fluvial ou coluvial, presentes nos terraços fluviais e
aluviões (Oliveira & Leite, 2000)
O relevo dominante é forte ondulado, com interflúvios normalmente
estreitos levemente aplanados e encostas com pendentes longas, de forma
convexa ou convexo-concava, com declividade de até 45 graus.
A vegetação natural da área se caracteriza pela floresta estacional
semidecidual, formada de tipos arbóreos de médio a grande porte, com
distribuição espaçada e que se intercalam com tipos de menor tamanho.
Grande parte dessa vegetação foi substituída por pastagem (Oliveira e Leite
2000). Grandes extensões de áreas de pastagens, degradadas, foram e vêm
sendo utilizadas com a cultura do eucalipto, na maioria das áreas sob manejo
intensivo.
3.2. Levantamento de solos
Utilizaram-se as informações dos 165 perfis de solo descritos no
levantamento semidetalhado para as áreas da CENIBRA (CENIBRA, 2003) que
abrange cerca de 30 mil hectares. Esses perfis, em conjunto, representam 46
unidades de mapeamento (Quadro 2).
Na descrição de cada perfil tem-se a descrição geral da área; a
morfologia (cor, grau, tamanho e tipo de estrutura e consistência seca, úmida e
molhada) de acordo com Lemos e Santos (1995); as análises físicas
(granulometria, densidade do solo densidade de partículas e argila dispersa em
água) e as análises químicas (pH em água e em KCl; cálcio e magnésio
trocáveis; acidez trocável; acidez potencial; potássio trocável; fósforo
disponível; carbono orgânico; Fe, Mn, Cu e Zn conforme metodologias
constantes em EMBRAPA (1997); P_remanescente determinado de acordo
(Alvarez V et al, 2000), para todos os horizontes. Para um dos horizontes
subsuperficiais foram determinados os teores de SiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO,
P2O5, CaO, MgO, Zn e Cu obtidos por ataque sulfúrico.
22
Quadro 2 – Número de unidades de mapeamento e número de perfis de cada
classe de solo para as regiões de Virginópolis e Belo Oriente
Classe
de solo
Regiões
Belo Oriente
8_34
Virginópolis
3 _21
2 _2
4 _11
5 _18
4 _14
CX
FF
LA
6_31
LV
2_8
LVA
3_11
PA
2_2
RU
4_9
3 _4
TOTAL
25_95
21 _70
N° de unidades de mapeamento_N°de perfis por classe de solo
Total
11 _55
2 _2
10 _42
7 _26
7_25
2 _2
7 _13
46_165
3.2.1. Tratamento dos dados do levantamento
Inicialmente, as características qualitativas da descrição da área
(material de origem, relevo regional, relevo local e classe de drenagem) e
morfologia do perfil (grau, tamanho e tipo de estrutura; consistência seca,
úmida e molhada) foram convertidas em valores numéricos (Quadros 3 e 4).
Com a cor (matiz, croma e valor), calculou-se o índice de avermelhamento,
segundo Torrent et al. (1980).
A estimativa da mineralogia foi feita apenas para a classe dos
Latossolos utilizando-se o programa ALOCA (Resende et al, 1987).
O intervalo de água disponível (AD), definida como a diferença entre
água retida à -33kPa e a -1.500 kPa, foi estimado, para cada horizonte, por
meio de equações ajustadas em função dos teores de silte+argila (Quadro 5)
para cada classe de solo (Sans, comunicação pessoal). Pelo produto de AD
média do perfil de solo (ΣAD horizonte/número de horizontes) e profundidade de
100 cm de solo, obteve-se a disponibilidade total de água no solo (CAD).
A ordem Cambissolo foi fasada pela posição no relevo em Cambissolo
fundo de vale (CX_fv), caracterizado relevo plano e Cambissolo típico
(CX_típico), caracterizados pelas áreas de relevo ondulado e forte ondulado
descritos em encostas.
Dr. Luiz Marcelo Aguiar Sans, EMBRAPA Milho e Sorgo.
23
Quadro 3 – Valores numéricos (n) atribuídos à algumas características
descritivas da área
Material de
origem
Tipo
Relevo regional
n
Tipo
Situação local
n
Tipo
Classe de drenagem
n
Tipo
Erosão
n
Tipo
n
Gnaisse,
granito 1
gnaisse
Plano 1
Topo 1
Bem drenado 1
Ausente 0
Filitos, xistos 2
Suave
2
ondulado
Terço
2
superior
Moderadamente
2
drenado
Laminar
1
fraca
Granito
gnaisse, 3
migmatitos
Ondulado 3
Meia
3
encosta
Imperfeitamente
3
drenado
Laminar
2
moderada
Sedimentos
coluvio- 4
aluviais (1)
Forte
4
ondulado
Terço
4
inferior
Mal drenado 4
Laminar
3
forte
Sedimentos
5
recentes (2)
Montanhoso 5
Encosta
5
suave
Muito mal
5
drenado
Laminar
4
muito forte
Final de
6
encosta
Siltitos 6
Fundo de
7
vale
Terraço 8
Várzea 9
(1) Período Terciário; (2) Período Quaternário
Quadro 4 – Valores numéricos (n) atribuídos à estrutura e consistência dos
perfis de solo
Consistência
Estrutura
Grau
n
Seca
Forma
n
Tamanho
n
Granular
1
Muito
Pequena
1 Forte
1
Blocos
Subangulares
2 Pequena
2 Moderada
2 Macio
Blocos
Angulares
3 Média
3 Fraca
3
Prismá-tica
ou Colunar
4 Grande
Laminar
5
Muito
Grande
Sem
Estrutura
6
n
Úmida
n
Molhada
Plast.. n
Pegaj. n
Não
Pegajoso 1
1
Solto
1
Não
1
Plástico
2
Muito
Friável
2
Lig.
2
Plástico
Lig.
2
Pegajoso
Lig.
Duro
3
Friável
3
Plástico 3
Pegajoso 3
4
Duro
4
Firme
4
Muito
4
Plástico
Muito 4
Pegajoso
5
Muito
Duro
5
Muito
Firme
5
Extre.
duro
6
Extre.
Firme
6
Solto
24
Quadro 5 – Equações ajustadas para estimativa da água disponível (AD, em
%) em função de silte+argila (SA, em %) em diferentes classes de
solo
Classe de solo
Equação
R2
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO
AD = -0,560 + 0,163 SA
0,98***
CAMBISSOLO
AD = -1,476 + 0,193 SA
0,98***
LATOSSOLO VERMELHO
AD = -0,388 + 0,134 SA
0,98***
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO
AD = 0,074 + 0,133 SA
0,97***
Fonte: Dr. Luiz Marcelo Aguiar Sans, EMBRAPA Milho e Sorgo (comunicação pessoal)
3.3. Estimativa da produtividade atingível
A estimativa da produtividade atingível foi feita, para cada região, pelo
modelo 3PG - Physiological Principles in Predicting Growth (Landsberg &
Waring, 1997). O 3PG é um modelo baseado em processos que utiliza
princípios fisiológicos para estimar a produtividade de povoamentos florestais
eqüiâneos, que contempla essencialmente, a quantidade de energia radiante
que será absorvida pelo dossel, convertida em carboidratos e alocada nos
diferentes componentes da árvore (Landsberg & Waring, 1997).
Cinco sub-modelos constituem o 3PG: produção de biomassa,
alocação de biomassa, mortalidade de árvores, balanço de água no solo e
caracterização dendométrica. Para a estimativa de produtividade é necessário
informar os valores para as seguintes variáveis: climáticas (Temperatura
máxima, Temperatura mínima, Temperatura média, precipitação, números de
dias de chuva e radiação solar), de solo (nível de fertilidade, classe textural e
CAD), e da cultura (biomassa inicial de folhas, raízes e lenho, além de várias
características fisiológicas). Dessa forma, para o processamento do 3PG, além
das características climáticas requeridas, foi utilizada a parametrização que
vem sendo obtida para as condições da CENIBRA (Neves, comunicação
pessoal). Como se desejou estimar a produtividade atingível (PAt) limitada pelo
clima, o modificador de fertilidade (FR) do modelo 3PG foi ajustado para o valor
igual a 1, ou seja, uma condição de fertilidade plena.
Prof. Julio César Lima Neves, Departamento de Solos UFV
25
Pela comparação desta produtividade com as produtividades médias
(PMe) obtidas pelos inventários da empresa, foram calculados os valores
relativos de delta de produtividade (ΔP), conforme a expressão: ΔP = ((PAt –
PMe)/ PAt * 100).
3.4. Método solo-local
As características físicas e químicas de rotina, os elementos obtidos pelo
ataque sulfúrico, a mineralogia do solo, e o índice de avermelhamento, são
variáveis contínuas e assim foram correlacionadas com a produtividade, por
meio da correlação de Pearson. Para os valores numéricos atribuídos às
características que descrevem a área e a morfologia do perfil (Quadros 3 e 4),
por se constituírem em variáveis discretas,
utilizou-se a correlação de
Spearman.
A estimativa dos teores de nutrientes no solo na profundidade de 0 a
40 cm que existiriam antes do plantio ou na fase inicial de crescimento, foi
baseada nos teores de nutrientes obtidos nas análises químicas do solo
acrescidos dos teores estimados a partir dos conteúdos de nutrientes nas
árvores ao final do ciclo, conforme fluxograma apresentado na Figura 3.
Inicialmente, as correlações foram feitas separadamente, considerando
os valores referentes aos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C); a
seguir as correlações foram feitas considerando a média dos horizontes A e B.
As variáveis contínuas que melhor se correlacionaram com a
produtividade foram utilizadas para criar modelos de regressão múltipla. Uma
vez obtidos esses modelos foram verificados mediante o processamento do
modo estratificado por classe de solo, sendo considerados as ordens:
Cambissolos, Latossolos e Neossolos.
3.5. Avaliação integrada utilizando a classe de solo
Nas áreas estudadas, os dados de produtividade média foram obtidos das
parcelas de inventário, e retratam a produtividade em nível de talhão ou projeto
da Empresa. De modo geral, essas parcelas são alocadas sem considerar
características
da
área,
tais
como
26
classe
de
solo
e
aspectos
Quadro 6 – Características climáticas das regiões de Belo Oriente e
Virginópolis
Mês Precipitação(1) Evapotranspiração
Balanço
hídrico(2)
---------------------- mm --------------------Belo Oriente
Temperatura
Média (1)
Mínima (1) Máxima(1)
--------------- °C -----------------
Jan
196,0
185,4
10,6
27,4
21,8
33,9
Fev
116,9
159,8
-42,9
27,5
21,3
34,2
Mar
135,0
157,2
-22,2
27,5
21,8
34,2
Abr
52,3
83,5
-31,2
26,4
20,3
32,9
Mai
27,0
29,7
-2,7
23,8
17,5
29,8
Jun
11,6
22,7
-11,1
21,9
15,3
28,7
Jul
10,1
18,1
-8,0
21,8
15,1
29,3
Ago
16,4
17,0
-0,6
22,3
15,1
29,6
Set
38,1
19,4
18,7
24,5
18,3
31,0
Out
96,9
39,9
57,0
25,6
19,9
31,5
Nov
248,9
144,3
104,6
25,7
20,6
31,1
Dez
256,1
170,0
86,1
25,8
20,8
31,3
Σ
1205,3
1047,1
158,2
300,2
227,8
377,5
Média
100,4
87,3
13,2
25,0
19,0
31,5
Virginópolis
Jan
197,9
161,9
36,0
24,2
18,6
29,2
Fev
123,2
139,8
-16,6
24,7
18,6
29,9
Mar
127,1
143,3
-16,2
24,3
18,3
29,3
Abr
53,6
104,0
-50,4
23,1
17,0
28,2
Mai
24,4
19,4
5,0
20,9
14,7
25,9
Jun
8,1
17,8
-9,7
19,0
12,3
24,5
Jul
10,0
14,1
-4,1
18,0
11,6
24,4
Ago
15,9
15,0
0,9
19,4
12,1
25,4
Set
43,3
19,6
23,7
21,0
14,2
26,6
Out
103,2
50,4
52,8
22,6
16,5
27,7
Nov
206,1
143,6
62,5
22,9
17,7
27,5
Dez
273,6
158,7
114,9
23,5
18,5
27,7
1.186,4
987,7
198,7
263,6
190,0
326,2
98,9
82,3
16,6
22,0
15,8
27,2
Σ
Média
(1) Dados referentes ao período de 1985 a 2002
(2) Calculada confome Pennam-Monteith
27
1 / Teor do
nutriente no
tronco
Massa de
tronco/ CUB
CUB
Quantidade de
nutriente no
tronco (kg) (A)
Partição
para o tronco
(pT) = 62%
Nutriente na
planta +
Nutriente na
raiz
Nutriente na
planta
Fonte: Silva (2001)
(A) / Pt
Contribuição
das camadas:
80% 0 – 20 cm
20% 20 – 40 cm
Nutriente na
parte aérea
Partição
para a raiz
(pR) = 15%
Fonte: Neves (2000)
Taxa de
recuperação
pela planta
(4,508(0,0347*P_rem)*2,5 para P
Fonte: Santos (2002) modificado
80% para Ca, Mg e K
Nutriente
recuperado
pelo extrator (B)
QS ÷ ( E) ÷ 10)
(B) * (espessura
do horizonte (E) ÷
10)
Teor do
nutriente no
Solo pelo
extrator (TNSE)
÷ Taxa de
recuperação
pelo extrator
Nutriente
recuperado
pela planta
Nutriente
no solo(C)
TNSE * Taxa de
recuperação
pelo extrator
(0,0673+0,01216*P_rem)
75% para Ca, Mg e K
Fonte:Santos (2002)
B+C
Quantidade no
Sistema (QS)
Estimativa do teor de
nutriente no solo na
camada 0–40 cm antes
do plantio
Figura 3 – Fluxograma utilizado para obtenção do teor de nutrientes no solo, na
camada de 0 – 40 cm, antes do plantio.
fisiográficos. Dessa forma, para o estudo do relacionamento entre a
produtividade e a classe de solo, tornou-se necessário concatenar essas duas
ferramentas: o levantamento de solos e o inventário florestal.
Para tanto, os projetos das duas regiões foram estratificados quanto à
produtividade média utilizando-se a ferramenta “classify” do programa Arcview
3.2a, que permite a obtenção de intervalos de classe por meio de quebra
natural. Foram assim obtidos cinco estratos de produtividade. O agrupamento
dos dois estratos de maiores produtividades resultou nos “projetos mais
produtivos”, enquanto que o agrupamento dos dois estratos de menor
produtividade deu origem aos “projetos menos produtivos”. Para estes dois
grupos de estratos, calculou-se, com base no mapa de solos, em formato
digital, a área de cada classe de solo e unidades de mapeamento, visando
inferir sobre a probabilidade de alocação das parcelas de inventário nas várias
classes de solo. Por exemplo, se num determinado projeto a área da classe
Latossolo, representava 80% de sua área total, inferiu-se que a produtividade
fosse proveniente de árvores crescidas nessa classe.
28
Adicionalmente, quando as áreas relativas das diferentes classes de
solo nos projetos eram semelhantes, consultou-se o trabalho de Leite e Garcia
(2001) no qual foram feitos estudos relacionados ao inventário florestal da
Empresa, e que contém informações sobre a freqüência de árvores medidas
nas classes de declive maior e menor que 20°. De posse dessa informação,
consultou-se o modelo digital de elevação (MDE), para definir que classes de
solo estavam mais relacionadas à determinadas classes de declive, e assim
inferir sobre de que classe fossem provenientes os dados de produtividade,
mais provavelmente.
O MDE foi criado utilizando o programa ArcView 3.2a, com as extensões
Geoprocessing Wizard e Spatial Analyst (ESRI, 1996). O tema inicialmente
utilizado foi o de classes de solos, que se caracteriza por um tema de
polígonos, que dimensiona os limites das unidades de mapeamento. Para a
definição do grau de elevação, foram utilizadas as cartas do IBGE abrangendo
às áreas do estudo, na escala 1:50.000, e curvas de nível espaçadas em 100
m. O grau de declive de cada unidade de mapeamento foi definido por meio da
opção merge entre o MDE e o mapa de polígonos, que criou uma tabela
informando o máximo, mínimo e média de declividade para cada unidade de
mapeamento.
Por fim, as áreas relativas de cada classe de solo dentro dos projetos,
foram correlacionadas com a produtividade.
3.6. Índice de Qualidade de Solo (IQS)
Foi utilizado o modelo de um índice de qualidade de solo proposto por
Karlen & Scott (1994), também utilizado por Chaer (2001) e Santos (2004a)
para solos sob eucalipto, com ajustes, para possibilitar a definição do IQS das
classes de solo principais.
A qualidade do solo foi avaliada considerando quatro funções do solo
relacionadas à sustentabilidade da produção florestal: 1) receber, armazenar e
suprir água; 2) armazenar, suprir e ciclar nutrientes; 3) promover crescimento
das raízes e 4) promover atividade biológica. Cada função foi associada a um
conjunto de indicadores, que foram selecionados de modo a incluir aqueles que
mais influenciam cada função. Os valores determinados para cada indicador
29
foram transformados em escores que variam de 0 a 1, por meio das funções de
pontuação padronizadas. O somatório dos produtos dos escores e dos pesos
relativos atribuídos a cada indicador gerou um sub-índice para cada função do
solo, e o somatório destes sub-índices originou o IQS. Os pesos relativos de
cada indicador e cada função de solo e a estrutura do modelo utilizado para
determinação do IQS são apresentados no Quadro 7.
Para a padronização dos valores dos indicadores de qualidade utilizados
no modelo, foram geradas curvas de pontuação padronizadas (Wymore, 1993),
por meio da função sigmoidal:
PP =
1
1 + ((B-L)/(x-L))2S (B+x-2L)
em que: PP é a pontuação padronizada; B é o valor na linha base da
propriedade do solo, onde a pontuação equivale a 0,5; L é o limite inferior (valor
da pontuação igual a zero quando a curva é do tipo “menos é melhor” ou igual
a um quando a curva é do tipo “mais é melhor”); S é a inclinação da tangente
da curva na linha-base e x é o valor da propriedade do solo.
Para a utilização da PP foi calculada inicialmente a tangente (S). Isso
foi feito assumindo o valor de PP igual 0,995, ou melhor, igualando a equação
a este valor com a finalidade de obter a tangente, para curvas do tipo “mais é
melhor”. Para curvas do tipo “menos é melhor” o valor de PP para definição da
tangente foi de 0,004.
O Quadro 8 mostra os tipos de curva, os limites superior e inferior e a
declividade das curvas que foram ajustadas para as características do solo
utilizadas como indicadores na definição do IQS dos horizontes A e B.
O modelo de IQS foi processado considerando as características dos
horizontes A e B, dos perfis de cada classe de solo. A média aritmética dos
valores de IQS dos horizontes A e B deu origem ao IQS do perfil. Os valores
assim obtidos, bem como os coeficientes de variação dos valores de IQS entre
as funções do modelo de qualidade, foram relacionados com a produtividade
média.
30
Quadro 7 – Pesos numéricos associados aos indicadores e funções do solo e
estrutura do modelo utilizado para determinação do índice de
qualidade do solo (IQS)
Funções
Receber,
armazenar e
suprir água
Peso
0,25
Promover
crescimento das 0,25
raízes
Indicador 1º
Densidade do solo
0,20
Matéria orgânica
0,30
Argila+silte
0,50
Densidade do solo
0,25
Matéria orgânica
0,25
Acidez /Toxidez de Al3+
Nutrientes minerais
Armazenar
suprir e ciclar
nutrientes
Peso
0,25
0,25
Matéria orgânica
0,25
CTC pH 7,0
0,25
0,25
Nutrientes minerais
0,40
Indicador 2º
pH
0,33
H+Al
0,33
Al3+
0,33
P
0,40
+
K
0,10
Ca2+
0,40
Mg2+
0,10
P
0,25
K+
0,25
Ca2+
0,25
2+
0,25
Mg
Promover
atividade
biológica
0,25
Saturação por Al3+
0,10
pH
0,25
Nutrientes minerais
Matéria orgânica
31
0,25
0,50
Peso
P
0,30
K+
0,20
Ca2+
0,30
Mg2+
0,20
Quadro 8 – Valores de características utilizadas nas funções de pontuação dos
indicadores de qualidade do solo
Declividade
na linha
base
--------------------------------- Horizonte A ---------------------------------
Tipo de curva
Limite Linha
inferior base
Indicador
Limite
superior
Ótimo
Argila+silte (dag kg-1)
15
36
60
0,052
Ótimo
pH
3,8
4,0
5,5
0,649
Mais é melhor
P (mg kg-1)
0
5
10
0,253
Mais é melhor
CTC (cmolc kg-1)
0
4,5
9,0
0,281
Mais é melhor
Mat. orgânica (dag kg-1)
0
1,5
4,5
0,400
Mais é melhor
K (mg kg-1)
0
58,5
117
0,022
Mais é melhor
Ca (cmolc kg-1)
0
0,65
1,35
1,798
Mais é melhor
Mg (cmolc kg-1)
0
0,20
0,40
6,318
Menos é melhor
H+Al (cmolc kg-1)
0
4,0
7,7
-0,358
Menos é melhor
Al3+(cmolc kg-1)
0
0,8
1,7
-1,552
Menos é melhor
Densidade do solo (g cm-3)
0,75
1,5
2,0
-2,679
Menos é melhor
Sat. por Al3+ (%)
0
50
100
-0,025
--------------------------------- Horizonte B --------------------------------Ótimo
Argila+silte (dag kg-1)
15
36
60
0,052
Ótimo
pH
3,8
4,0
5,5
0,649
Mais é melhor
P (mg kg-1)
0
2,5
5,0
0,505
Mais é melhor
CTC (cmolc kg-1)
0
4,5
9,0
0,281
Mais é melhor
Mat. orgânica (dag kg-1)
0
0,5
1,0
2,527
Mais é melhor
K (mg kg-1)
0
25
50
0,051
Mais é melhor
Ca (cmolc kg-1)
0
0,20
0,40
6,318
Mais é melhor
Mg (cmolc kg-1)
0
0,10
0,20
12,636
Menos é melhor
H+Al (cmolc kg-1)
0
2,0
5,0
-0,428
Menos é melhor
Al3+(cmolc kg-1)
0
0,8
1,7
-1,552
Menos é melhor
Densidade do solo (g cm-3)
0,75
1,5
2,0
-2,679
Menos é melhor
Sat. por Al3+ (%)
0
50
100
-0,025
32
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Produtividade de eucalipto nas áreas da CENIBRA
A produtividade atingível, estimada pelo 3PG, em média, é de 47 m3
ha-1 ano-1 para toda a área da empresa, enquanto que a produtividade média
atualmente obtida é de 33 m3 ha-1 ano-1 (Quadro 10). A diferença relativa entre
elas, o delta, indica que produtividade obtida é 29% menor do que a
produtividade que se pode atingir. De modo geral, a produtividade atingível
obedece a seguinte ordem: Cocais > Virginópolis > Sabinópolis > Santa
Bárbara > Belo Oriente, enquanto que a produtividade média tem a seguinte
seqüência: Virginópolis > Cocais > Sabinópolis > Santa Bárbara > Belo Oriente.
Observa-se que a ordem só se modifica entre Virginópolis e Cocais.
A capacidade produtiva do sítio é normalmente expressa com base no
crescimento das árvores pertencentes ao estrato superior da população. Logo,
tendo em vista que a produtividade média constitui o ponto ótimo da
distribuição de freqüência normal é razoável esperar que uma maior
produtividade média corresponda à maior capacidade produtiva. Nessa linha de
raciocínio, a capacidade produtiva de Virginópolis seria maior que a de Cocais.
33
Uma vez que a produtividade atingível, como obtida neste trabalho, para
Cocais foi superior a de Virginópolis (Quadro 10), à primeira vista isso indica
que a estimativa obtida pelo 3PG pode não refletir, acuradamente, a
capacidade produtiva. Contudo, é necessário ressaltar que tanto as
produtividades médias como as atingíveis dessas duas regiões são muito
próximas (Quadro 10), o que parece indicar que o 3PG esteja propiciando
estimativas satisfatórias da capacidade produtiva, pelo menos em nível das
regiões estudadas. Não obstante, esse modelo deve ser refinado no sentido de
considerar outros fatores, por exemplo, aqueles mais relacionados ao solo e a
fisiografia. Na versão utilizada neste trabalho, o 3PG atribui peso maior às
características climáticas, e na resposta da planta a essas condições, em
comparação às do solo.
Quadro 10 – Produtividade média e atingível de tronco de eucalipto em áreas
da CENIBRA S.A. no Centro Leste de Minas Gerais
Regional
Cocais
Belo Oriente
Sabinópolis
Sta. Bárbara
Virginópolis
IMA Médio
(m3 ha-1 ano-1)
36,8
28,9
32,6
29,9
38,4
IMA Potencial(1)
(m3 ha-1 ano-1)
53,7
39,5
50,2
40,3
52,4
Delta
(%)
31,5
26,8
35,0
25,9
26,7
33,3
12,5
47,2
14,4
29,2
13,5
Média
CV (%)
(1) Estimado pelo modelo 3PG
As regiões de Cocais e Virginópolis, ambas regiões “altas”, diferem,
contudo, especialmente quanto à fisiografia, além, obviamente, de serem
distintas quanto a solo, como pode se depreender do Quadro 2. Neste,
observa-se que na região de Cocais têm-se 30 enquanto que em Virginópolis
há 21 unidades de mapeamento. Cocais é uma região mais alta, de clima mais
ameno e por isso impõe menos estresses fisiológicos às plantas, o que faz com
que o 3PG estime maior produtividade. Porém, Cocais é a região que possui
relevo mais montanhoso, ou seja, declives mais fortes. Por sua vez,
Virginópolis, possui relevo forte ondulado a montanhoso, mas muitas áreas
planas.
34
Para as duas regiões mais contrastantes, Belo Oriente e Virginópolis, a
produtividade atingível, pouco variou com a classe de solo comparativamente à
produtividade média, como pode ser visto pelos respectivos coeficientes de
variação (Quadros 11 e 12).
Quadro 11 – Produtividade média e atingível(1) das regiões Belo Oriente e
Virginópolis em projetos mais produtivos e menos produtivos
Projetos mais produtivos
Classe de IMA Médio
IMA atingível Delta
3
-1
-1
(m
ha
ano
)
(m3 ha-1 ano-1)
solo
(%)
Projetos menos produtivos
IMA atingível Delta
IMA Médio
(m3 ha-1 ano-1) (m3 ha-1 ano-1) (%)
CX_fv
CX_típico
LA
LVA
LV
-------------------------------- Belo Oriente ---------------------------28,6
39,2
27,0
23,5
41,1
29,0
38,9
25,4
24,0
39,8
29,2
39,1
25,3
24,0
38,4
28,7
39,1
26,6
24,6
39,1
28,7
39,1
26,6
23,8
39,6
42,8
39,7
37,5
37,1
39,9
Média
28,8
39,1
26,3
24,0
39,6
39,4
CV (%)
0,9
0,3
2,7
1,7
2,5
3,7
CX_típico
LA
LVA
LV
--------------------------------- Virginópolis ------------------------40,0
53,2
24,8
28,0
53,8
51,0
52,0
1,9
43,3
51,8
16,4
21,4
52,9
44,2
51,8
14,7
32,5
51,9
48,0
59,5
37,4
Média
44,6
52,2
14,5
27,3
52,9
48,3
CV (%)
10,3
1,3
65,5
20,5
1,8
22,9
(1) Estimada pelo modelo 3PG
Assim, há falta de sensibilidade do modelo 3PG quanto às características
de solo, fato aqui mostrado por meio da estratificação da produtividade
atingível por unidades taxonômicas. No entanto, pelo menos para a condição
de fertilidade plena, percebeu-se que na classe textural mais argilosa tendeu a
ter maior produtividade atingível, apesar de serem sutis as diferenças nas
estimativas. A influência da classe textural, nesse modelo, se dá por meio de
constantes associadas ao modificador de água no solo, e pela CAD, podendose destacar que, houve maior efeito dessas constantes (dados não mostrados).
No entanto, no 3PG não há nenhum tratamento para a organização do espaço
poroso do solo, na forma de um modificador ou uma nota.
35
A análise dos valores de delta constantes do Quadro 11 sugere em que
situações deveriam ser priorizadas medidas de manejo visando o aumento de
produtividade (maiores deltas), ou aquelas mais associadas à manutenção da
produtividade (menores deltas). Contudo, há a necessidade de maior
refinamento do modelo, conforme já destacado, além de continuar a busca por
uma melhor parametrização, visando seu melhor desempenho e maior
resolução em termos de outros fatores, que não os climáticos, determinantes
da produção florestal.
4.2. Relacionamento entre produtividade e características de solo
Para
o
estabelecimento
da
relação
entre
a
produtividade
e
características do solo, ou seja, o método solo-local, fez-se, inicialmente, a
análise de correlação entre essas variáveis (Quadros 12 e 13).
Dentre as 26 características químicas consideradas, obtiveram-se
correlações significativas para 15 delas, ou seja, a freqüência de características
significativas foi de 57,7%. O grupo de variáveis melhor correlacionadas incluiu
matéria orgânica do solo (MOS), teor de potássio na camada de 0 a 40 cm de
solo (K_est), estimado para a fase inicial de crescimento e P_remanescente
(P_rem). Em valores absolutos, os coeficientes de correlação para esse grupo,
variaram de 0,53 a 0,40, média de 0,47, não diferindo estatisticamente entre si.
Para as 11 características físicas consideradas foram significativas
apenas quatro, densidade do solo, areia fina, silte e argila, numa freqüência de
36,4%. Em valores absolutos, os coeficientes de correlação para essas
características variaram de 0,33 a 0,20, média de 0,27, não diferindo
estatisticamente entre si.
Dentre as características que descrevem as áreas onde estão situados
os perfis amostrados o relevo local e a classe de erosão correlacionaram
negativamente e significativamente com a produtividade (Quadro 14). As
características material de origem e classe de drenagem são pouco variáveis
nas áreas estudadas, podendo-se atribuir a tal fato essa ausência de
correlações significativas. Como já visto na descrição da área, os materiais de
origem das regiões Belo Oriente e Virginópolis podem ser separados em
apenas dois grandes grupos, o embasamento cristalino (gnaisse-granito) e os
sedimentos do terciário e quaternário. Assim, para material de origem apenas
36
dois valores numéricos (Quadro 3) foram utilizados nas correlações, o que não
possibilitou a percepção de relacionamentos significativos. Por analogia,
explica-se a ausência de correlações significativas, para classe de drenagem.
Quadro 12 – Coeficientes de correlação de IMA com características químicas
dos solos das regionais Virginópolis e Belo Oriente
Característica
A
B ou C
Perfil
pH (água)
n = 91
-0,08
n = 88
-0,07
pH (KCl)
0,07
0,13
0,02
0,21*
0,27*
0,26*
0,52*
0,56*
0,53*
-0,02
-0,11
-0,03
-0,11
-0,09
-0,11
-0,03
-0,08
-0,04
-0,25*
-0,26*
-0,26*
-0,18°
-0,15
-0,17°
0,20°
0,55*
0,35*
0,39*
0,52*
0,50*
-0,02
0,09
-0,03
0,09
0,19°
0,13
0,08
-0,15
-0,02
0,16
0,13
0,16°
-0,24*
-0,24*
-0,25*
-0,22*
-0,35*
-0,30*
0,09
0,07
0,09
Tc, cmolc kg
-0,07
-0,17
-0,09
V, %
-0,25*
-0,24*
-0,26*
∆Ph
-1
MOS, dag kg
-1
P, mg kg
K, mg kg-1
-1
Na, mg kg
-1
Ca, cmolc kg
Mg, cmolc kg-1
(1)
-3
P_est , mg dm
(1)
-3
K_est , cmolc dm
Ca_est(1), cmolc dm-3
(1)
-3
Mg_est , cmolc dm
Al, cmolc kg
-1
H+Al, cmolc kg-1
S, cmolc kg
t, cmolc kg
-1
-1
T, cmolc kg-1
-1
m, %
n = 110
-0,08
0,23*
0,17
0,17°
-1
-0,17
-0,15
-0,19*
-1
-0,31*
-0,30*
-0,27*
-0,13
-0,07
-0,04
-0,18°
-0,20°
-0,21*
-0,44*
-0,39*
-0,40*
Zn, mg kg
Cu, mg kg
Fe, mg kg-1
-1
Mn, mg kg
-1
P-rem, mg L
Perfil = média aritmética dos horizontes A e (B ou C); °, * significativo a 10% e 5%, respectivamente.
(1) Teores de nutrientes no solo estimados para fase inicial de crescimento da cultura
MOS = Matéria orgânica do solo; t = CTC efetiva; T = CTC a pH 7,0; Tc = CTC corrigida por argila;
V = Valor de saturação por bases; m = Porcentagem de saturação por Al3+.
37
O relevo regional pouco varia em Belo Oriente e Virginópolis. Como pode ser
observado no item 2.1, o relevo de todas as áreas da empresa, é descrito como
movimentado; na descrição de 95% dos perfis o relevo regional foi classificado
em ondulado e forte ondulado. As correlações significativas e negativas entre
relevo local, classe de erosão e a produtividade indicam que às posições mais
altas do relevo e áreas menos erodidas estão associadas maiores
produtividades, visto que, pela codificação utilizada (Quadro 3) maiores valores
para relevo local foram atribuídos às posições mais baixas da paisagem e
também maiores valores foram atribuídos a áreas mais erodidas, evidenciando,
portanto, a influência da fisiografia e da conservação do solo na produtividade.
Carmean (1975) destacou forte evidência na relação entre topografia e
características específicas do solo, tais como: espessura do horizonte A, teor
de argila em subsuperfície, pedregosidade e matéria orgânica. Dessa forma
relacionada à topografia, comumente é citada a orientação com respeito a
radiação solar recebida pela superfície plantada (Hannah, 1968; Resende et al;
2002a). Por isso vale ressaltar que a auto correlação natural entre
características de solo e posição no relevo, não permite quantificar o efeito de
isolado de cada fator sobre a produtividade.
No entanto, Santana (1986) e Teixeira (1987) também verificaram
maiores produtividades de eucalipto nas posições de topo do que na baixada.
Eles explicam que isso se deve às boas características físicas do solo,no topo,
que permitiram maior aprofundamento do sistema radicular e maior
armazenamento de água, apesar da baixa fertilidade, enquanto que, na
baixada o crescimento foi menor pela dificuldade da drenagem, embora a
fertilidade natural fosse superior.
Quanto
às
características
morfológicas
do
perfil,
observa-se
significância para três delas, dentre as sete avaliadas, consistência seca e
úmida e tipo de estrutura, cujos coeficientes de correlação com a produtividade
são todos negativos. Isso indica que menores produtividades estão associadas
a solos mais duros, quando secos, e mais firmes, quando úmidos. Esses tipos
de consistência são verificados em solos argilosos (Resende et al, 1995). No
entanto, em tais solos, se bem estruturados, os efeitos negativos desses tipos
de consistência sobre o crescimento radicular (Spurr & Barnes, 1980), bem
como sobre o transporte de nutrientes (Kemper et al, 1971; Ruiz, 1985;
38
Marschner,1995) e o arejamento no solo (Hillel, 1982; Bennie,1991), são
atenuados. Como indicado pela correlação negativa com o tipo de estrutura,
maiores produtividades estão associadas aos tipos granular e blocos
subangulares.
Quadro 13 – Coeficientes de correlação de IMA com características físicas dos
solos das regionais Virginópolis e Belo Oriente
Característica
A
B ou C
91
-0,05
-0,50*
0,30*
-0,06
-0,23*
-0,13
-0,16
0,22*
0,13
0,04
0,41*
Índice vermelho
Densidade do solo, g cm-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg-1
Areia fina, dag kg-1
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
Silte+argila, dag kg-1
Silte/argila
Floculação, %
Perfil
88
-0,06
-0,18°
-0,12
-0,09
-0,28
-0,14
-0,19°
0,24*
0,16
-0,15
-0,51*
110
-0,06
-0,33*
-0,12
-0,09
-0,26*
-0,14
-0,22*
0,20*
0,08
0,02
-0,04
Perfil = média aritmética dos horizontes A e (B ou C); °, * significativo a 10% e 5%, respectivamente
Quadro 14 – Coeficientes de correlação de Spearman entre IMA e
características que descrevem a área, estrutura e consistência
de solo
Característica
A
n
B
r
n
Perfil
R
n
r
Material de origem
97
-0,09
Relevo local
96
-0,21*
Relevo regional
97
0,05
Classe de erosão
81
-0,26*
Classe de drenagem
96
-0,11
Grau de estrutura
88
0,05
65
0,09
97
-0,03
Tamanho de estrutura
87
-0,03
86
-0,07
97
-0,16
Tipo de estrutura
92
-0,25*
89
-0,17
97
-0,25*
Consistência – seco
25
-0,15
20
-0,65*
67
-0,46*
Consistência – úmido
90
-0,14
86
-0,01
97
-0,23*
Molhado – Plasticidade
92
0,12
92
0,17
97
0,06
Molhado – Pegajosidade
89
0,01
88
0,18°
97
-0,02
Perfil = média aritmética dos horizontes A e (B ou C); °, * significativo a 10% e 5%, respectivamente
39
No estudo do relacionamento da produtividade com características de
solo, consideradas de modo integrado, e não estratificado por classe de solo
(Quadro 15 Eq. 1 e 2,) dois modelos foram os melhores. No primeiro deles,
apenas duas características, MOS e P_rem, explicam 29% das variações de
produtividade. A MOS e o P_rem são características associadas à extensão da
superfície adsorvente da fase sólida e à qualidade da mesma, que se refletem
na capacidade tampão do solo, fornecendo, assim, informações que se
complementam (MOS vs P_rem r= –0,49, p<0,05) no sentido de melhor refletir
propriedades distintas do mesmo. A MOS é amplamente considerada como
boa indicadora da qualidade do solo, relacionando-se assim à sustentabilidade
da produção. Neste modelo, cabe ressaltar que a MOS possui coeficiente
positivo, enquanto que o P_rem possui coeficiente negativo, como também
verificado na análise de correlação simples (Quadro 12).
Quando se adicionou a essas características o teor estimado de K no
solo para a fase inicial de crescimento dos plantios, obteve-se aumento da
capacidade preditiva para 45%. Observa-se também que o sinal do coeficiente
que mede o efeito de K é positivo, contrariamente ao observado na análise de
correlação
simples
(Quadro
12)
para
este
e
demais
nutrientes.
Freqüentemente, em solos tropicais, quando se faz este tipo de relacionamento
ao final do ciclo, geralmente utilizando o monitoramento da fertilidade realizado
por ocasião do inventário pré-corte, o que se observa é o relacionamento
negativo entre a produtividade e o teor de nutriente no solo (Barros, 1974;
Barros et al, 1986; Fabres et al, 1987; Braga, 1996; Ortiz, 2003). Tal fato é
explicado pela transferência do nutriente do solo para a biomassa vegetal e
também por serem pequenas as formas de reserva de nutrientes,
especialmente os cátions básicos, nessas condições de solos muito
intemperizados.
Reforça-se assim a necessidade do conhecimento dos teores de
nutrientes no solo no início do ciclo, como também proposto por Santos
(2004b). Tais teores idealmente devem ser medidos, porém podem também ser
estimados, levando-se também em conta o conteúdo de nutrientes na
biomassa, o que empresta maior utilidade ao monitoramento da fertilidade do
solo normalmente realizado junto com o inventário pré-corte.
40
Quadro 15 – Modelos de regressão múltipla entre IMA e características de solo
Classes de solo
Todas
Cambissolos
Latossolos
Neossolos
o
**, * , e
ns
n
Eq.
Equações de regressão múltipla
R2
R2 ajust.
110
(1)
Ŷ = 25,5 + 4,522** MOS – 0,323* P_rem
0,31
0,29
110
(2)
Ŷ = 20,0 + 2,772** MOS + 54,261 ** K_est – 0,434** P_rem
0,45
0,43
36
(3)
Ŷ = 26,1 + 5,166* MOS – 0,469° P_rem
0,36
0,32
36
(4)
Ŷ = 20,5 + 3,843° MOS + 37,010*K_est – 0,428° P_rem
0,43
0,38
62
(5)
Ŷ = 22,5 + 5,327** MOS – 0,257ns P_rem
0,31
0,29
62
(6)
Ŷ = 17,3 + 1,950ns MOS + 85,956** K_est – 0,520* P_rem
0,55
0,53
9
(7)
Ŷ = 35,3 + 0,191 ns MOS – 0,315 ns P_rem
0,33
0,11
9
(8)
Ŷ = 35,0 + 2,000 ns MOS – 32,328ns K_est – 0,071ns P_rem
0,52
0,23
3
-1
-1
significativo a 1%, 5%, 10% e não )significativo, respectivamente; IMA = Incremento Médio Anual (m ha ano ).
41
Considerando os modelos pelas equações 1 e 2 (Quadro 15)
aplicados de modo estratificado pelas classes de solo, Cambissolo, Latossolo
e Neossolo, verifica-se somente para os Cambissolos significância para todos
os coeficientes que definiram a escolha do modelo (Quadro 15, Eq. 3 e 4).
Para os Latossolos, o P_rem não se mostrou significativo (Quadro 15, Eq. 5).
Isto parece estar relacionado a uma provável menor heterogeneidade na
mineralogia destes solos em comparação aos Cambissolos. O efeito de K_est
foi significativo nas classes Cambissolo e Latossolo, além disso, a inclusão de
K_est aumentou apreciavelmente a capacidade preditiva dos modelos,
mesmo para os Neossolos, classe em que não se verificou significância dos
coeficientes das equações (Quadro 15, Eq. 7 e 8). Essa inclusão permitiu que
sempre houvesse aumento da capacidade preditiva, mesmo quando o modelo
geral foi processado de modo estratificado por classe de solo. Isso pode ser
visto pela comparação dos valores de R2 obtidos para as equações 2, 4, 6, e
8 versus os R2 das equações 1, 3, 5, e, 7 (Quadro 15)
4.3. Relacionamento entre produtividade e classe de solo
Os Quadros de 16 a 23 apresentam os detalhes do levantamento de
solo destas duas regiões: as unidades de mapeamento de cada classe de
solo, o material de origem e as médias e coeficientes de variação de
características químicas e físicas dos horizontes superficiais e subsuperficiais.
Os solos predominantes das áreas de Belo Oriente e Virginópolis
pertencem às ordens Cambissolo, Latossolo, Neossolo e Plintossolo, sendo
mais predominantes os Latossolos e Cambissolos nas duas regiões (Quadro
24, Figuras 4 e 5). No segundo nível categórico são Cambissolo Háplico,
Latossolo Amarelo, Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho. Para
os Cambissolos há ainda o fasamento em típicos e de fundo de vale,
considerando a posição no relevo e o material de origem, já que estes estão
em posição mais baixa no relevo e se originam de sedimentos coluviais,
42
enquanto os chamados típicos estão relacionados ao cristalino (gnaisse e
complexo granito-gnaisse).
Os Latossolos estão associados a relevo muito movimentado. Sendo
que os Amarelos e Vermelhos se encontram predominantemente em classe
de declives mais suaves, em média 16° e 11°, respectivamente, enquanto que
os Vermelho-Amarelos se encontram em situações com declividade média de
24°.
Em
geral,
são
profundos,
bem
drenados,
praticamente
sem
impedimentos ao crescimento do sistema radicular do eucalipto.
Os Cambissolos (CX) também estão associados a relevo muito
movimentado, no entanto os denominados CX_típicos se encontram em
declives mais acentuados, em média 31° em Belo Oriente e 24° em
Virginópolis, enquanto que os fundo de vale estão em declive médio de 15°
nas duas regiões. Os CX típicos são, em geral, profundos e bem drenados,
enquanto que os CX de fundo de vale são menos profundos e possuem
alguma restrição à drenagem.
43
Quadro 16 – Produtividade e características químicas do horizonte A dos solos da regional Belo Oriente
Característica
CAMBISSOLO HÁPLICO
CXbd1, CXbd2, CXbd3,
CXbd4, CXbd5,
CXbd5+CXbd1, CXbd9
Material de
Gnaisse e granito gnaisse,
origem
sedimentos coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
IMA ,m3 ha-1 ano-1 23
25,5
11,6
pH (água)
23
4,9
12,4
pH (KCl)
23
4,3
10,7
∆pH
23
-0,6
33,9
-1
23
2,2
48,1
MOS, dag kg
-1
23
2,4
85,4
P, mg kg
K, mg kg-1
23
42,4
83,4
Na, mg kg-1
23
7,9
125,5
-1
23
1,0
112,8
Ca, cmolc kg
Mg, cmolc kg-1
23
0,3
106,1
Al, cmolc kg-1
23
1,1
81,8
-1
23
5,5
56,7
H+Al, cmolc kg
S, cmolc kg-1
23
1,5
101,4
t, cmolc kg-1
23
2,5
41,0
-1
23
7,0
38,9
T, cmolc kg
Tc, cmolc kg-1
23
23,2
175,6
V, %
23
23,1
97,1
m, %
23
50,5
76,2
-1
23
1,0
147,6
Zn, mg kg
Cu, mg kg-1
23
0,8
69,4
-1
23
63,7
83,2
Fe, mg kg
Mn, mg kg-1
23
45,6
133,9
P-rem, mg L-1
23
16,3
58,3
n = número de perfis
Unidades de
mapeamento
LATOSSOLO
AMARELO
LAd1, LAd1+ CXbd5,
LAd2, LAdf1, LAw1,
LAw2
Gnaisse e granito
gnaisse
n
Média
CV (%)
17
26,2
10,4
17
4,5
6,4
17
4,0
5,6
17
-0,5
30,9
17
2,4
28,2
17
2,2
52,5
17
29,1
68,1
17
3,0
36,3
17
0,6
153,6
17
0,1
98,7
17
1,5
49,0
17
8,4
29,6
17
0,8
126,4
17
2,4
34,8
17
9,2
23,5
17
15,5
17,9
17
9,3
135,8
17
70,1
41,9
17
0,4
82,3
17
0,2
101,8
17
82,3
57,2
17
5,6
132,4
17
16,2
39,5
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO - AMARELO
VERMELHO
LVAd1, LVAw1, LVAd2
Gnaisse e granito
gnaisse
n
Média CV (%)
7
26,3
8,9
7
4,3
4,8
7
4,0
3,5
7
-0,3
30,8
7
2,5
18,3
7
2,2
106,5
7
24,2
37,0
7
2,1
60,5
7
0,1
82,3
7
0,0
41,8
7
1,7
19,2
7
8,6
16,8
7
0,2
46,7
7
1,9
17,7
7
8,8
16,8
7
14,1
21,8
7
2,2
40,4
7
89,6
5,3
7
0,3
66,0
7
0,2
43,0
7
81,8
21,5
7
2,3
30,8
7
12,4
36,3
44
ARGISSOLO
LVd1, LVw1
Gnaisse e granito
gnaisse
n Média CV (%)
5
24,8
10,8
5
4,3
2,0
5
4,0
0,7
5
-0,4
20,9
5
2,5
28,1
5
1,3
35,4
5
18,9
17,8
5
2,5
100,2
5
0,1
62,3
5
0,1
42,7
5
1,8
22,4
5
9,2
29,0
5
0,3
37,4
5
2,1
17,4
5
9,4
27,6
5
14,0
25,5
5
3,0
43,6
5
87,2
5,9
5
0,2
14,8
5
0,3
72,2
5
83,0
43,3
5
2,6
81,3
5
11,8
35,8
PAd1, PVAd3
n
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
Média
28,6
6,0
5,2
-0,8
1,9
2,5
74,2
2,0
2,7
0,5
0,0
2,0
3,4
3,4
5,4
16,5
63,6
1,4
1,3
0,5
14,8
78,4
1,4
CV (%)
3,2
7,2
9,0
4,6
51,1
18,1
57,3
70,0
34,0
31,4
110,0
47,4
18,1
16,6
6,0
36,8
24,1
109,0
78,6
10,9
7,4
4,9
28,9
NEOSSOLO
FLÚVICO
RUbd2, RUbd3,
RUbd4, Rube +
RUbd1
Sedimentos aluviais
recentes
n Média CV (%)
6
28,9
5,3
6
5,4
7,6
6
4,5
9,0
6
-1,0
29,0
6
1,6
21,7
6
1,9
39,4
6
53,1
38,5
6
2,6
34,1
6
1,3
27,9
6
0,3
45,3
6
0,4
75,8
6
3,6
34,7
6
1,8
24,8
6
2,2
16,6
6
5,4
23,4
6
16,6
35,2
6
35,0
33,2
6
17,1
80,4
6
2,2
32,2
6
0,9
60,1
6
20,5
45,3
6
53,6
30,2
6
23,2
52,3
Quadro 17 – Características físicas do horizonte A dos solos da regional Belo Oriente
Característica
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
CAMBISSOLO HÁPLICO
LATOSSOLO
AMARELO
Unidades de
mapeamento
CXbd1, CXbd2, CXbd3,
CXbd4, CXbd5,
CXbd5+CXbd1, CXbd9
LAd1, LAd1+ CXbd5,
LAd2, LAdf1, LAw1,
LAw2
LVAd1, LVAw1, LVAd2
Material de origem
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio- aluviais
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse
n
Média
Espessura, cm
23
Índice vermelho
Densidade do
solo, g cm-3
Dendidade de
partícula, g cm-3
Porosidade, %
-1
Areia grossa, dag kg
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
19,7
49,3
17
19,1
40,9
7
21
5,3
70,8
15
0,3
263,9
23
1,1
12,5
17
1,1
23
2,3
31,9
17
21
56,0
10,2
ARGISSOLO
NEOSSOLO FLÚVICO
LVd1, LVw1
PAd1, PVAd3
RUbd2, RUbd3,
RUbd4, RUbe +
RUbd1
Gnaisse e granito
gnaisse
-
Sedimentos aluviais
recentes
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média CV (%)
n
Média
CV (%)
23,3
55,0
5
31,4
40,5
2
21,0
26,9
6
21,8
33,2
5
2,3
99,1
5
3,8
94,3
-
-
-
6
3,3
244,9
9,3
7
1,1
9,8
5
1,0
15,4
2
1,3
14,2
6
1,3
5,7
2,6
2,2
7
2,6
2,6
5
2,6
2,8
2
2,6
0,8
6
2,5
6,8
17
57,2
6,4
7
58,1
7,2
5
62,8
8,5
2
48,2
14,4
6
49,8
6,9
23
22,1
42,8
17
21,8
41,8
7
20,3
36,8
5
17,7
27,8
2
43,3
30,3
6
37,7
41,1
-1
23
12,7
24,0
17
13,6
40,8
7
10,5
29,2
5
9,1
42,6
2
12,5
13,7
6
14,8
20,0
-1
23
34,7
33,2
17
33,5
40,1
7
30,8
28,2
5
26,8
30,1
2
55,8
26,6
6
52,6
27,9
23
17,9
100,2
17
4,4
56,0
7
5,5
21,3
5
5,3
36,7
2
8,8
2,1
6
12,7
35,8
23
47,4
34,2
17
60,1
19,2
7
63,7
14,7
5
68,0
13,3
2
35,4
42,4
6
34,8
33,9
Silte+argila, dag kg
23
65,3
17,7
17
64,5
15,9
7
69,2
12,5
5
73,2
11,0
2
44,2
33,5
6
47,4
30,9
Floculação, %
23
16,6
161,6
17
5,1
228,6
7
19,6
98,7
5
22,3
63,3
2
43,7
42,1
6
9,0
244,9
Dispersão, %
23
18,2
158,3
17
12,5
223,7
7
37,6
95,0
5
57,7
57,1
2
56,3
32,6
6
7,7
244,9
Silte/argila
23
1,4
291,1
17
0,1
82,5
7
0,1
38,8
5
0,1
45,7
2
0,3
43,7
6
0,4
46,1
Areia fina, dag kg
Areia total,dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
Argila, dag kg
-1
n = número de perfis
45
Quadro 18 – Características químicas dos horizontes sub superficiais diagnóstico B ou C dos solos da regional Belo Oriente
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
Característica
Unidades de
mapeamento
CAMBISSOLO HÁPLICO
LATOSSOLO
AMARELO
LATOSSOLO
VERMELHO–AMARELO
LATOSSOLO
VERMELHO
ARGISSOLO
NEOSSOLO FLÚVICO
CXbd1,CXbd2, CXbd3,
CXbd4, CXbd5,
CXbd5+CXbd1, CXbd9
LAd1, LAd1+ CXbd5,
LAd2, LAdf1, LAw1,
LAw2
LVAd1, LVAw1, LVAd2
LVd1, LVw1
Pad1, PVAd3
RUbd2, RUbd3,
RUbd4, Rube +
RUbd1
Material de
origem
Gnaisse e granito gnaisse,
sedimentos coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
pH (água)
23
4,9
10,2
pH (KCl)
23
4,4
8,8
∆pH
23
-0,5
47,4
-1
23
0,9
MOS, dag kg
48,2
-1
P, mg kg
23
0,8
76,3
-1
23
18,1
K, mg kg
147,7
Na, mg kg-1
23
4,1
102,8
Ca, cmolc kg-1
23
0,4
120,7
-1
23
0,2
Mg, cmolc kg
98,6
-1
23
0,8
Al, cmolc kg
72,6
H+Al, cmolc kg-1 23
3,5
50,3
-1
23
0,6
S, cmolc kg
104,8
-1
23
1,4
t, cmolc kg
28,8
T, cmolc kg-1
23
4,1
41,7
-1
23
9,1
Tc, cmolc kg
38,2
V, %
23
18,5
100,0
m, %
23
60,3
61,7
-1
23
0,3
Zn, mg kg
143,8
Cu, mg kg-1
23
1,2
84,5
Fe, mg kg-1
23
66,8
117,1
-1
23
14,2
Mn, mg kg
125,9
23
12,2
P-rem, mg L-1
46,2
n = número de perfis
n
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
17
Gnaisse e granito
gnaisse
Média
CV (%)
4,3
6,3
4,1
4,6
-0,3
49,9
1,0
25,3
0,7
76,4
7,0
50,2
1,6
72,1
0,1
119,4
0,0
95,3
1,5
26,3
5,9
23,7
0,1
66,7
1,6
24,5
6,0
22,9
8,7
21,8
1,8
80,8
93,1
6,1
0,4
247,5
0,3
114,3
51,1
34,2
1,4
73,7
10,8
38,0
n
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
Gnaisse e granito
gnaisse
Média
CV (%)
4,4
3,9
4,3
3,1
-0,1
112,0
1,3
34,6
0,5
42,0
8,8
55,4
2,4
89,9
0,0
101,1
0,0
58,2
0,8
21,3
4,8
22,9
0,1
31,0
0,9
19,0
4,9
22,4
6,7
20,7
1,7
49,9
90,6
4,2
0,3
115,9
0,2
38,9
45,7
42,5
1,8
58,1
6,1
42,4
46
Gnaisse e granito
gnaisse
n
Média CV (%)
5
4,4
3,9
5
4,3
0,8
5
-0,2
123,3
5
1,2
26,6
5
0,5
29,0
5
4,8
39,9
5
2,7
87,4
5
0,0
74,3
5
0,0
94,9
5
0,9
26,8
5
4,8
25,8
5
0,1
52,3
5
0,9
26,3
5
4,9
25,3
5
6,4
18,9
5
1,2
62,8
5
93,7
2,1
5
0,1
44,2
5
0,3
56,2
5
35,4
17,0
5
1,6
75,9
5
5,5
23,6
n
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
Média
5,0
4,3
-0,7
0,7
2,2
24,4
3,0
0,3
0,1
0,9
3,6
0,5
1,4
4,1
7,2
12,2
56,5
0,3
0,8
16,6
5,0
10,0
CV (%)
4,6
7,0
9,7
25,1
109,2
13,1
23,2
17,1
45,6
95,5
35,1
0,5
61,3
30,8
33,2
29,5
46,2
110,4
6,6
22,2
48,6
4,5
Sedimentos aluviais
recentes
n
Média CV (%)
6
5,4
4,7
6
5,0
7,7
6
-0,5
73,3
6
0,4
21,1
6
1,9
37,2
6
29,6
81,4
6
2,5
66,5
6
0,6
47,0
6
0,3
110,8
6
0,1
96,9
6
1,8
15,1
6
0,9
42,3
6
1,0
38,1
6
2,8
16,9
6
12,7
33,1
6
32,2
31,3
6
9,9
76,5
6
0,8
26,2
6
1,0
43,7
6
21,3
70,6
6
17,3
79,4
6
13,2
43,3
Quadro 19 – Características físicas dos horizontes sub superficiais diagnóstico B ou C dos solos da regional Belo Oriente
Característica
Unidades de
mapeamento
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
CAMBISSOLO HÁPLICO
LATOSSOLO
AMARELO
CXbd1, CXbd2, CXbd3,
CXbd4, CXbd5,
CXbd5+CXbd1, CXbd9
LAd1, LAd1+ CXbd5,
LAd2, LAdf1, LAw1,
LAw2
LVAd1, LVAw1, LVAd2
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
Espessura, cm
23
78,8
14,2
17
80,9
9,7
7
Índice vermelho
22
4,7
64,9
17
0,6
162,9
23
1,1
11,3
17
1,1
21
2,6
2,5
16
21
56,6
9,2
Areia grossa, dag kg
23
14,7
Areia fina, dag kg-1
23
-1
Material de origem
ARGISSOLO
NEOSSOLO FLÚVICO
LVd1, LVw1
PAd1, PVAd3
RUbd2, RUbd3,
RUbd4, Rube +
RUbd1
Gnaisse e granito
gnaisse
-
Sedimentos aluviais
recentes
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média CV (%)
n
Média
CV (%)
76,7
16,7
5
68,6
18,5
2
79,0
7,2
6
76,5
10,3
6
3,0
51,9
4
3,0
71,6
2
0,0
-
6
0,6
244,9
6,9
7
1,1
11,6
5
1,0
12,3
2
1,3
12,7
6
1,2
18,5
2,6
4,7
7
2,6
3,3
5
2,7
2,3
2
2,7
1,1
5
2,6
2,7
16
58,7
6,3
7
59,5
9,4
5
63,8
7,6
2
50,6
11,4
6
47,7
16,9
45,3
17
16,2
42,4
7
13,6
19,2
5
12,0
25,2
2
27,3
3,7
6
23,6
46,1
10,6
25,5
17
11,0
26,2
7
8,7
26,0
5
7,6
37,6
2
9,9
19,7
6
13,7
45,5
23
25,4
31,4
17
25,8
42,5
7
22,3
19,9
5
19,6
24,4
2
37,2
8,0
6
37,3
40,8
23
25,1
70,9
16
3,5
45,9
7
5,1
47,2
5
5,1
58,0
2
5,4
31,5
6
33,3
37,6
23
49,6
36,5
17
69,6
14,4
7
72,6
8,8
5
75,2
8,4
2
57,4
2,2
6
29,4
60,5
Silte+argila, dag kg
23
74,6
10,7
17
72,9
12,0
7
77,7
5,7
5
80,4
6,0
2
62,8
4,7
6
62,7
24,3
Floculação, %
8
79,6
22,2
3
25,2
34,1
4
53,0
40,8
4
74,4
46,7
2
72,3
41,3
1
94,5
-
Dispersão, %
8
20,4
86,7
3
74,8
11,5
4
47,0
46,0
4
25,6
136,1
2
27,7
107,7
1
5,5
-
Silte/argila
23
0,9
112,7
16
0,1
66,0
7
0,1
55,4
5
0,1
64,1
2
0,1
28,0
6
1,9
Densidade do
solo, g cm-3
Dendidade de
-3
partícula, g cm
Porosidade, %
-1
Areia total,dag kg
Silte, dag kg
-1
Argila, dag kg-1
-1
n = número de perfis
47
49,9
Quadro 20 – Produtividade e características químicas do horizonte A dos solos da regional Virginópolis
Característica
Unidades de
mapeamento
CAMBISSOLO HÁPLICO
CXbd1, CXbd1+ FFcd,
CXbd5, CXbd5+CXbd1
Gnaisse e granito
Material de
gnaisse, sedimentos
origem
coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
IMA, m3 ha-1 ano-1 13
40,2
29,8
pH (água)
13
4,6
7,0
pH (KCl)
13
4,2
3,8
∆pH
13
-0,4
74,5
-1
13
3,8
24,7
MOS, dag kg
-1
13
2,2
35,7
P, mg kg
-1
13
27,5
54,6
K, mg kg
Na, mg kg-1
13
4,6
48,0
-1
13
0,2
249,0
Ca, cmolc kg
-1
13
0,1
191,6
Mg, cmolc kg
Al, cmolc kg-1
13
1,5
37,3
-1
13
8,4
29,0
H+Al, cmolc kg
-1
13
0,4
179,6
S, cmolc kg
t, cmolc kg-1
13
1,9
34,2
-1
13
8,8
27,9
T, cmolc kg
Tc, cmolc kg-1
13
15,2
27,5
V, %
13
4,3
173,9
m, %
13
83,3
25,2
-1
13
0,4
75,7
Zn, mg kg
Cu, mg kg-1
13
0,3
119,4
-1
13
86,1
64,3
Fe, mg kg
-1
13
6,4
248,6
Mn, mg kg
P-rem, mg L-1
13
7,4
66,0
n = número de perfis
LATOSSOLO AMARELO
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
NEOSSOLO
FLÚVICO
PLINTOSSOLO
PÉTRICO E HÁPLICO
FFcd, FXd1
LAd1, LAw1, LAw2, LAwf
LVAd1, LVAd3, LVAw1,
LVAw1+LAw1
LVd1, LVd2, LVw1,
LVwf1
RUbd5, RUbd6,
Rube + RUbd1
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse e siltitos
Gnaisse e granito
gnaisse
Sedimentos aluviais
recentes
n
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
Média
48,1
4,7
4,2
-0,5
5,2
2,3
22,9
6,9
0,1
0,1
1,5
10,0
0,2
1,7
10,2
13,9
2,1
85,9
0,3
0,1
78,0
1,8
4,3
CV (%)
29,9
8,8
3,0
-82,5
23,2
30,5
25,9
53,4
66,4
36,7
42,6
18,9
23,0
38,9
18,6
14,7
26,0
5,7
28,2
84,5
42,0
75,8
47,9
n
12
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
Média
39,2
4,6
4,3
-0,2
4,2
1,9
25,4
3,8
0,1
0,1
1,4
8,4
0,3
1,8
8,8
14,4
4,2
80,4
0,3
0,2
70,1
3,2
8,1
48
CV (%)
24,4
4,9
7,7
147,3
24,7
22,4
26,7
50,8
94,3
63,1
20,5
17,7
63,6
18,1
16,0
12,5
70,3
15,3
38,8
71,5
31,5
88,3
70,5
n
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
12
Média
39,2
4,7
4,2
-0,5
5,0
1,9
29,6
5,3
0,1
0,1
1,6
8,4
0,2
1,8
8,6
13,6
2,7
86,7
0,4
0,2
82,7
1,8
7,2
CV (%)
25,8
7,3
3,5
64,1
27,0
31,7
58,5
66,1
74,4
52,9
38,3
20,9
48,4
37,1
21,0
29,8
42,9
5,7
47,9
72,2
54,7
51,6
46,9
n
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Média
30,3
4,7
4,0
-0,7
4,3
4,1
58,1
13,8
0,6
0,5
1,5
9,7
1,3
2,9
11,0
16,6
13,7
50,0
1,1
1,4
262,9
16,6
11,4
CV (%)
34,5
3,1
3,0
19,5
31,3
58,7
41,5
49,6
60,4
30,3
54,7
36,8
16,7
25,9
31,2
10,8
50,4
38,3
37,6
39,6
79,1
70,6
63,4
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média CV (%)
1
25,6
1
4,5
1
4,0
1
-0,5
1
4,0
1
1,6
1
19,0
1
3,0
1
0,0
1
0,1
1
2,7
1
9,1
1
0,1
1
2,9
1
9,2
1
12,9
1
1,6
1
94,8
1
0,2
1
0,3
1
93,6
1
1,1
1
10,9
-
Quadro 21 – Características físicas do horizonte A dos solos da regional Virginópolis
Característica
Unidades de
mapeamento
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
CAMBISSOLO HÁPLICO
LATOSSOLO
AMARELO
CXbd1, CXbd1+ FFcd,
CXbd5, CXbd5+CXbd1
LAd1, LAw1, LAw2,
LAwf
LVAd1, LVAd3, LVAw1,
LVAw1+LAw1
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse e siltitos
NEOSSOLO
FLÚVICO
PLINTOSSOLO
PÉTRICO e HÁPLICO
LVd1, LVd2, LVw1,
LVwf1
RUbd5, RUbd6,
Rube + RUbd1
FFcd, FXd1
Gnaisse e granito
gnaisse
Sedimentos aluviais
recentes
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
Espessura, cm
13
29,2
51,9
7
25,1
35,4
12
18,2
16,1
13
23,1
40,2
3
15,0
63,6
1
23,0
-
Índice vermelho
13
4,2
47,4
6
0,6
244,9
12
1,9
108,0
13
4,4
58,3
3
0,0
-
1
0,0
-
11
0,9
13,6
6
0,8
8,7
11
0,9
16,3
12
0,8
15,9
3
1,1
26,5
1
1,1
-
13
2,5
6,6
7
2,5
7,4
11
2,5
5,5
13
2,5
3,6
4
2,5
8,3
1
2,6
-
11
55,1
33,1
6
58,4
39,4
11
62,9
7,5
12
65,9
7,9
3
59,0
14,4
1
57,8
-
Material de origem
Densidade do
-3
solo, g cm
Dendidade de
-3
partícula, g cm
Porosidade, %
-1
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média CV (%)
13
21,4
45,0
7
14,9
57,6
11
21,2
40,6
13
16,8
42,7
4
15,5
128,5
1
12,2
-
-1
13
11,5
33,6
7
8,8
46,4
11
9,0
32,9
13
8,9
25,3
4
5,8
58,8
1
10,9
-
-1
13
33,0
25,9
7
20,8
58,2
11
30,2
35,5
13
25,7
34,2
4
21,3
104,9
1
23,1
-
13
8,7
27,5
7
3,0
88,9
11
7,8
83,6
13
8,9
94,1
4
11,8
30,7
1
5,2
-
13
58,4
15,1
7
73,8
13,0
11
62,0
19,0
13
65,4
15,2
4
67,0
34,1
1
71,7
-
Silte+argila, dag kg
13
67,0
12,7
7
76,8
11,7
11
69,8
15,4
13
74,3
11,8
4
78,8
28,4
1
76,9
-
Floculação, %
7
32,1
12,9
4
47,1
11,4
5
37,6
26,8
5
36,3
14,6
3
30,0
22,4
-
-
-
Dispersão, %
7
67,9
6,1
4
52,9
10,2
5
62,4
16,1
5
63,7
8,3
3
70,0
9,6
-
-
-
Silte/argila
13
0,2
31,8
6
13,5
243,9
11
0,1
94,6
13
0,2
108,9
4
0,2
43,8
1
13,8
-
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
Areia total,dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
Argila, dag kg
-1
n = número de perfis
49
Quadro 22 – Características químicas dos horizontes sub superficiais diagnóstico B ou C dos solos da regional Virginópolis
Característica
Unidades de
mapeamento
CAMBISSOLO HÁPLICO
CXbd1, CXbd1+ FFcd,
CXbd5, CXbd5+CXbd1
Gnaisse e granito
Material de
gnaisse, sedimentos
origem
coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
pH (água)
13
4,9
7,4
pH (KCl)
13
4,4
3,5
∆pH
13
-0,5
76,9
-1
13
1,7
33,9
MOS, dag kg
-1
12
0,7
45,0
P, mg kg
K, mg kg-1
13
9,9
92,1
-1
13
2,4
90,8
Na, mg kg
-1
13
0,1
255,2
Ca, cmolc kg
Mg, cmolc kg-1
13
0,1
219,4
-1
13
0,6
45,7
Al, cmolc kg
-1
13
4,2
35,0
H+Al, cmolc kg
S, cmolc kg-1
13
0,2
200,6
-1
13
0,8
53,4
t, cmolc kg
T, cmolc kg-1
13
4,4
33,9
Tc, cmolc kg-1
13
7,5
41,6
V, %
13
3,5
182,8
m, %
13
82,6
21,0
-1
13
0,2
98,3
Zn, mg kg
-1
13
0,2
100,7
Cu, mg kg
-1
13
73,2
86,0
Fe, mg kg
Mn, mg kg-1
13
1,8
122,8
-1
13
7,8
61,4
P-rem, mg L
n = número de perfis
LATOSSOLO
AMARELO
LAd1, LAw1, LAw2,
LAwf
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
LVAd1, LVAd3, LVAw1,
LVd1, LVd2, LVw1,
LVAw1+LAw1
LVwf1
Gnaisse e granito
gnaisse
n
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
Média
4,7
4,7
0,1
1,9
0,6
3,5
1,5
0,0
0,0
0,6
4,8
0,1
0,7
4,8
7,1
1,5
89,2
0,1
0,1
37,5
0,7
3,1
CV (%)
7,1
7,6
940,5
33,0
46,6
59,9
35,0
67,3
70,2
76,9
39,0
46,2
71,2
38,5
48,4
76,3
7,0
31,8
121,8
44,5
66,0
72,7
Gnaisse e granito
gnaisse e siltitos
n
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
Média
4,8
4,5
-0,3
1,8
0,5
9,7
2,0
0,0
0,1
0,6
4,8
0,1
0,7
4,9
7,1
2,2
81,4
0,1
0,2
49,8
1,2
4,8
CV (%)
5,3
3,8
72,9
21,9
36,1
57,7
58,1
87,2
54,1
48,0
11,8
46,5
45,6
12,2
17,2
38,3
11,3
52,5
71,9
39,2
46,5
73,5
50
Gnaisse e granito
gnaisse
n
13
13
13
13
12
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
13
12
13
13
13
Média
4,9
4,6
-0,3
1,7
0,4
7,4
2,1
0,0
0,0
0,5
4,1
0,1
0,5
4,2
5,9
1,6
82,8
0,2
0,2
49,3
0,8
7,3
CV (%)
5,9
4,6
65,7
26,4
50,2
83,7
55,8
77,3
50,7
63,7
23,2
44,9
57,7
22,9
24,2
43,8
13,7
80,4
90,5
34,3
47,3
64,5
NEOSSOLO
FLÚVICO
RUbd5, RUbd6, Rube
+ RUbd1
Sedimentos aluviais
recentes
n
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Média
5,1
4,5
-0,7
1,0
1,1
10,0
3,1
0,1
0,1
0,6
3,5
0,2
0,9
3,7
7,3
7,7
61,8
0,2
1,1
103,8
1,0
9,9
CV (%)
4,8
8,3
53,4
24,5
83,5
57,7
31,0
98,1
32,2
72,8
42,2
53,5
47,7
37,0
47,8
73,5
44,0
16,9
11,6
64,7
85,8
59,1
PLINTOSSOLO
PÉTRICO E HÁPLICO
FFcd, FXd1
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
CV
n
Média
1
4,8
1
4,3
1
-0,5
1
2,0
1
0,9
1
6,0
1
2,0
1
0,0
1
0,0
1
1,3
1
5,2
1
0,1
1
1,4
1
5,3
1
6,5
1
1,5
1
94,1
1
0,1
1
0,3
1
97,2
1
1,2
1
8,4
-
Quadro 23 – Características físicas sub superficiais diagnóstico B ou C dos solos da regional Virginópolis
Característica
Unidades de
mapeamento
CLASSES DE SOLOS PRINCIPAIS
LATOSSOLO
LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO
VERMELHO
CAMBISSOLO HÁPLICO
LATOSSOLO
AMARELO
CXbd1, CXbd1+ FFcd,
CXbd5, CXbd5+CXbd1
LAd1, LAw1, LAw2,
LAwf
LVAd1, LVAd3, LVAw1,
LVAw1+LAw1
Gnaisse e granito
gnaisse
Gnaisse e granito
gnaisse e siltitos
NEOSSOLO
FLÚVICO
PLINTOSSOLO
PÉTRICO e HÁPLICO
LVd1, LVd2, LVw1,
LVwf1
RUbd5, RUbd6,
Rube + RUbd1
FFcd, FXd1
Gnaisse e granito
gnaisse
Sedimentos aluviais
recentes
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
n
Média
CV (%)
Espessura, cm
13
63,8
28,4
7
71,3
18,1
12
81,8
3,6
13
74,2
20,9
3
85,0
11,2
1
47,0
-
Índice vermelho
13
4,9
34,9
6
1,0
111,3
12
3,0
35,3
12
4,4
35,0
4
6,6
200,0
1
4,2
-
11
1,0
6
1,0
11
0,9
10
0,9
4
1,0
1
0,8
-
13
2,5
7
2,7
11
2,5
13
2,6
4
2,4
1
2,5
-
11
45,3
32,5
6
57,7
20,8
11
50,3
32,7
11
38,8
55,8
4
45,0
42,8
1
67,0
-
Material de origem
Densidade do
-3
solo, g cm
Dendidade de
-3
partícula, g cm
Porosidade, %
-1
20,7
11,8
18,2
4,6
14,8
11,1
8,4
4,2
22,1
16,3
Gnaisse e granito
gnaisse, sedimentos
coluvio-aluviais
n
Média CV (%)
13
15,7
33,4
7
10,2
44,8
11
14,6
48,6
13
12,1
48,0
4
10,2
129,9
1
8,0
-
-1
13
10,0
16,3
7
6,3
34,1
11
7,2
14,5
13
7,9
29,3
4
6,8
70,2
1
9,1
-
-1
13
25,7
20,3
6
14,2
10,5
11
21,8
35,3
13
20,1
38,1
4
16,9
102,0
1
17,1
-
13
12,2
79,7
7
9,0
180,0
11
7,2
54,1
13
7,5
121,3
4
25,7
22,8
1
1,7
-
13
62,1
17,6
7
74,5
24,0
11
71,0
11,2
13
72,4
15,1
4
57,2
24,1
1
81,2
-
Silte+argila, dag kg
13
74,3
7,0
7
83,5
7,6
11
78,2
9,8
13
79,9
9,6
4
82,9
20,8
1
82,9
-
Floculação, %
7
25,8
63,2
4
49,9
69,1
5
23,5
41,8
5
28,8
51,0
3
64,2
13,4
-
Dispersão, %
7
74,2
22,0
4
50,1
68,7
5
76,5
12,9
5
62,3
55,3
3
37,6
29,3
-
Silte/argila
13
0,3
157,0
7
0,3
232,7
11
0,1
61,5
13
0,1
181,0
4
0,4
45,2
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
Areia total,dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
Argila, dag kg
-1
n = número de perfis
51
1
0,0
-
52
53
Nos projetos mais produtivos de Belo Oriente (BO), há predomínio de
Cambissolo Háplico típico (CX_típico) e Cambissolo Háplico de fundo de vale
(CX_fv) sobre os Latossolos (Quadro 24), enquanto que nos projetos menos
produtivos (Quadro 24) a área relativa de Latossolos é ligeiramente maior que
os Cambissolos. Nestes projetos, as áreas de Latossolo Vermelho-Amarelo
(LVA) e Latossolo Vermelho (LV) são maiores que nas áreas dos projetos mais
produtivos, enquanto que o predomínio da classe Latossolo Amarelo (LA) é
ligeiramente maior nas áreas mais produtivas. Há ainda a ocorrência de
Neossolos Flúvicos, nos projetos mais produtivos, classe que não ocorre nos
projetos menos produtivos.
Em Virginópolis (VG), a classe Latossolo é predominante tanto em
projetos mais como nos menos produtivos. Nos projetos menos produtivos há
aumento da área de LV em detrimento de LA, este tem maior área relativa em
projetos mais produtivos (Quadro 24).
Quadro 24 – Área (ha) das classes de solos predominantes das regionais Belo
Oriente (BO) e Virginópolis (VG) nas áreas da CENIBRA, em
projetos classificados como mais e menos produtivos
Classes de solo
VG
Projetos mais Projetos menos
produtivos
produtivos
IMA = 46,3
ha
%
CX_típico
CX_fundo de vale
LA
LVA
LV
IMA = 28,1
ha
%
1.387,6
34,9
462,3
10,6
0,3
688,7
17,3
45,7
1.172,9
29,5
635,0
16,0
IMA = 28,9
ha
%
29,8 2.196,3
IMA = 24,0
ha
%
49,8 1.332,6
43,0
330,0
7,5
222,0
7,2
2,9
812,9
18,4
490,2
15,8
349,7
22,5
227,8
5,2
870,0
28,1
596,3
38,4
36,0
0,8
185,1
6,0
40,4
2,6
3,8
809,4
18,3
FF e FX
RU
BO
Projetos mais Projetos menos
produtivos
produtivos
77,4
1,9
59,3
CAMBISSOLO
1.398,2
35,2
462,3
29,8 2.526,3
57,3 1.554,5
50,1
LATOSSOLO
2.496,6
62,9
991,7
63,8 1.076,6
24,4 1.545,2
49,9
TOTAL
3.972,2
1.553,7
4.412,4
3.099,7
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
54
Assim, a produtividade de tronco em VG está mais relacionada à
classe Latossolos. Em BO não pode se fazer tal afirmativa, principalmente para
os projetos classificados como menos produtivos, tendo em vista serem as
áreas de Latossolo e Cambissolo muito similiares. Para os projetos mais
produtivos é provável que as parcelas de inventários estejam alocadas em
Cambissolos, já que nestes projetos há predomínio desta classe. No entanto,
pode-se ainda inferir que como as áreas de CX_fv, LA e LV são mais planas é
possível que as parcelas de inventários estejam alocadas nestas áreas, de
relevo menos acidentado, o que facilita a mensuração. Para a localidade BO
vê-se no trabalho de Leite e Garcia (2001), realizado em áreas da CENIBRA
S.A., que as mensurações foram feitas com maior freqüência, em árvores
localizadas em declividade média em torno de 16° (38% de declividade). Neste
declive predominam os LA, LV e CX_fv e nos declives superiores a 20° estão
os LVA e CX_típicos.
Assim,
vê-se
que
para
BO
há
maior
necessidade
de
georreferenciamento das parcelas de inventário, com a finalidade de obter a
produtividade média do projeto atrelada a um determinado tipo de solo, e ao
mesmo tempo buscar aplicar outros tipos de fase para a classe Cambissolo,
além da posição no relevo, como utilizada neste trabalho, com a finalidade de
entender as variações na produtividade dentro desta classe, visto ser ela
predominante em toda a regional.
Porém, pode-se propor que a diminuição na produtividade seja reflexo
do aumento da área das classes LVA e LV e a não ocorrência da classe RU
nos projetos classificados como menos produtivos em BO (Quadro 25).
Para VG vê-se, em termos relativos, que a área de LV é muito maior
em projetos menos produtivos, que a classe LA tem maior representatividade
em projetos mais produtivos e a LVA tem área relativa similar em ambos
(Quadro 26). Para a região de VG, nos projetos classificados como mais
produtivos a área relativa de LA sobre as outras classes é maior. Além da
classe LA, parece que a associação desta com LVA está mais bem relacionada
a áreas mais produtivas de VG.
A relação entre a área relativa de LA e o aumento de produtividade, em
VG pode ser também verificada por meio dos coeficientes de correlação
positivos
e
significativos
entre
estas
55
duas
variáveis
(Quadro
27).
Quadro 25 – Área relativa das classes de solos predominantes nos projetos
mais e menos produtivos da região Belo Oriente
Projetos menos produtivos
Classe
Área relativa
Nome
IMA
de solo
(%)
Boa Vista III
25,4 CX_típico
55,5
LA
20,0
LVA
24,5
Boa Vista IV
23,6 CX_fv
CX_típico
LA
LV
LVA
10,4
32,6
15,1
6,3
45,3
Córrego da
Coruja
23,1 CX_fv
CX_típico
LA
3,0
79,5
27,5
Córrego
Fundo
23,1 CX_fv
CX_típico
LA
LV
LVA
9,2
18,9
11,6
50,8
9,6
25,1 CX_típico
LA
LVA
39,2
14,3
46,5
23,6 CX_fv
CX_típico
LA
LV
22,6
51,5
24,2
1,7
24,3 CX_fv
CX_típico
LA
9,0
55,2
35,9
24,9 CX_típico
LA
LV
LVA
17,7
32,7
36,8
12,8
24,3 CX_fv
CX_típico
LVA
26,7
18,5
54,8
Felicina
Sabiá
Simião
Santa Cruz
Volta
Redonda
Projetos mais produtivos
Classe
Área
Nome
IMA
de solo
relativa (%)
Água Suja
27,6 CX_fv
17,1
CX_típico
60,8
LA
18,6
LV
0,7
LVA
2,9
Aviação
31,7 CX_típico
LA
RU
45,1
13,0
41,9
Bião
29,3 CX_fv
CX_típico
LA
LV
LVA
19,0
57,8
16,0
2,1
5,1
Cajá
28,6 CX_fv
CX_típico
LA
LVA
RU
6,0
63,3
22,9
2,0
5,8
Córrego
Grande
28,0 CX_típico
LVA
84,1
15,9
Fábrica
29,3 CX_típico
LA
LVA
RU
18,8
18,3
2,2
60,7
Macedinho
56
28
CX_típico
LVA
PA
RU
47,9
35,5
2,4
14,1
Milagre
28,6 CX_fv
CX_típico
LA
RU
2,9
32,0
31,8
33,3
Muquirana
29,3 CX_fv
CX_típico
LVA
17,3
41,1
41,7
Resplendor
29,3 CX_típico
LA
LV
LVA
31,6
20,1
28,4
19,9
Quadro 26 – Área relativa das classes de solos predominantes nos projetos
mais e menos produtivos da região Virginópolis
Projetos menos produtivos
Nome
IMA Classe
Área
de solo
relativa
(%)
Chalé
27,0 CX_típico
40,6
LA
7,1
LVA
39,2
Projetos mais produtivos
Nome
IMA Classe
Área
de solo relativa (%)
Bem-te-vi
44,0 CX_típico
LA
LVA
28,4
21,4
71,2
28,0 CX_típico
LA
LV
LVA
25,7
0,4
56,6
15,2
Boa Vista
41,0 CX_típico
LA
LV
LVA
32,0
32,1
6,5
25,7
Divinolândia 32,0 CX_típico
LA
LV
LVA
34,6
2,5
54,5
8,3
Borges
45,0 CX_típico
LV
LVA
30,7
48,9
20,4
Cataquinho
17,0 CX_típico
LA
LV
LVA
14,6
6,0
23,1
41,4
44,0 CX_típico
LV
LVA
32,0
52,3
15,7
Cristais
28,0 CX_típico
LV
55,3
44,7
75,0 CX_típico
LA
LVA
17,7
75,9
6,3
Gaivotas
42,0 CX_típico
LV
LVA
47,4
36,5
16,1
Madeira I
40,0 CX_típico
LA
LV
LVA
35,4
2,4
8,4
53,9
Matuzalém
44,0 CX_típico
LA
LVA
57,8
38,3
3,8
São
Leonardo
41,0
CX_típico
LA
LV
LVA
42,6
12,6
2,0
33,6
Serra Negra 47,0 CX_típico
LA
LV
LVA
34,3
0,9
22,6
38,7
Dionísios
Horácio
Lontra
Oliveira
25,5 CX_típico
LA
LV
LVA
44,8
1,4
1,7
36,7
57
Quadro 27 – Coeficientes de correlação entre a área relativa das classes de
solo predominantes nos projetos mais e menos produtivos e IMA,
para as localidades Belo Oriente e Virginópolis
Classe de solo
CX_típico
VG
n
RD
r
16
-0,23
ns
n
r
19
0,08 ns
-
-
11
0,07 ns
LA
12
0,81*
15
-0,23 ns
LVA
12
-0,11 ns
14
-0,41 ns
LV
15
-0,24 ns
7
-0,28 ns
RU
-
-
5
0,51 ns
CX_fundo de vale
* significativo a 5% de probabilidade; ns = não siginificativo
É importante ressaltar que toda a preocupação de definição do
predomínio de que classes compõem os projetos estudados, se deve ao fato
de que não há uma correlação estreita da produtividade com características
dos solos, ou seja, não se pode explicar bem a variação na produtividade das
áreas por meio de uma ou duas características dos solos.
Por outro lado é interessante entender que a classe de solo em
essência integra todos os atributos e características do solo que podem
influenciar o crescimento de um planta, principalmente plantas perenes, haja
vista que estas exploram maior volume do solo e por mais tempo.
Segundo Neves (2000) espera-se que uma maior produtividade da
cultura do eucalipto seja resultante de maior aquisição de recursos do
ambiente, e ou de utilização mais eficiente dos mesmos pelas plantas; dentre
eles, o carbono proveniente da fotossíntese, a água e os nutrientes minerais do
solo. Considerando uma mesma capacidade fotossintética para as plantas de
um povoamento e a mesma partição de carbono para o sistema radicular, é
fato que se o solo possui limitações para emissão de raízes, a aquisição dos
recursos água e nutrientes será prejudicada, o que deve resultar em diminuição
de produtividade. Assim, todas as características que influenciam o
crescimento das árvores devem ser estudadas de modo integrado com a
finalidade de entender a influência do perfil do solo na produtividade.
58
4.3.1. Relações entre classe de solo, características morfológicas e
fisiografia
4.3.1.1 – Região de Belo Oriente
Os Cambissolos típicos da região de Belo Oriente nos projetos mais
produtivos são mais rasos, possuem um teor de nutrientes extraído por ataque
sulfúrico maior e são menos intemperizados, visto o maior Ki, do que os
CX_típicos dos projetos menos produtivos (Quadro 28). De modo geral
possuem o mesmo tipo, tamanho e grau de estrutura nos horizontes A e B,
diferindo apenas no tamanho da estrutura do horizonte A, que nos projetos
mais produtivos são menores. Quanto ao relevo, tanto nos projetos mais como
nos menos produtivos predominam nas posições de meia encosta e são
representados
pelas
mesmas
unidades
de
mapeamento
CXbd5
(CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, textura muito argilosa, A
proeminente ou moderado, álico, caulinítico, hipoférrico ou mesoférrico) e
CXbd1(CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura muito argilosa ou
argilosa, A moderado, álico, caulinítico, hipoférrico ou mesoférrico).
Nos projetos menos produtivos há ainda a unidade de mapeamento
CXbd9
(CAMBISSOLO
HÁPLICO
Tb
Distrófico
latossólico,
textura
média/argilosa, A proeminente ou moderado, caulinítico, hipoférrico ou
mesoférrico) que se difere das demais pela textura que varia de média a
argilosa.
Assim parece que para esta classe o teor de nutrientes obtidos por
meio do ataque sulfúrico deva ser a característica que mais influencia a
obtenção de maiores produtividades na região de Belo Oriente. Para potássio,
por exemplo, a contribuição de formas não-trocáveis desse nutriente às plantas
foi observada por diversos autores (Patela, 1980, Nachtigall & Vahl, 1991,
Melo, 1994), portanto o conhecimento da reserva total do solo, é importante
para a avaliação da disponibilidade a médio e a longo prazo (Mielniczuk, 1977;
Ricci, 1989, Nachtigall & Vahl, 1991) e há boa correlação (r=0,97) entre o teor
total deste elemento e o teor obtido pelo ataque sulfúrico (Amaral, 1999). Neste
raciocínio, pode-se conceber a idéia de haver, para outros nutrientes, uma
contribuição do teor não-trocável no suprimento às plantas.
59
Para os CX_fv (Quadros 28 e 29) o padrão é diferente. Os perfis
descritos para CX_fv nos projetos mais produtivos são mais profundos, menos
intemperizados e possuem menores teores de nutrientes trocáveis e obtidos
por meio do ataque sulfúrico. No entanto, apresentam tipo de estrutura do solo
similar à dos CX_típicos, já que nos projetos mais produtivos a estrutura do
horizonte A é de tamanho menor. Apesar de terem estruturas semelhantes, os
CX_fv tem maior densidade no horizonte A e B, quando comparado aos
CX_típicos. Quando comparada a densidade do solo, horizontes A e B, entre
os projetos mais produtivos e menos produtivos, vê-se que os mais produtivos
tem menor densidade e, além disso, pelas características que descrevem a
área apresentam alguma restrição à drenagem. Desse modo, pode-se inferir
que para os CX_fv a maior densidade diminui a infiltração de água no solo e a
interação entre estas características afetam negativamente o crescimento de
raízes, o que pode estar promovendo redução na produtividade, o que é
corroborado pelos trabalho de Santana (1986) e Teixeira (1987) que explicam
menor crescimento de plantas em áreas de baixada pela dificuldade da
drenagem, apesar do maior teor de nutrientes, quando comparado às áreas de
topo.
60
Quadro 28 – Características dos Cambissolos Típicos, da regional Belo Oriente,
em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos
Projetos mais
Projetos mais
menos
menos
produtivos
produtivos
produtivos
produtivos
(IMA =28,4)
(IMA =28,4)
(IMA = 24,4)
(IMA = 24,4)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg
P, mg kg
-1
K, mg kg
-1
Ca, cmolc kg
16,11
151,50
125,78
1,33
2,87
0,97
0,98
1,17
3,39
1,02
0,74
24,64
43,07
15,52
15,42
1,05
0,63
0,51
0,11
-1
0,27
0,19
0,26
0,05
0,50
1,69
0,47
1,30
3,27
8,09
3,54
4,32
-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg
S, cmolc kg
15,00
-1
Mg, cmolc kg
Al, cmolc kg
-1
-1
-1
1,40
0,99
0,85
0,21
-1
1,90
2,68
1,32
1,51
-1
0,48
1,15
0,20
0,39
-1
0,72
0,82
1,47
1,08
-1
51,20
103,82
42,72
95,47
35,11
39,48
18,95
8,43
14,53
14,48
9,84
11,08
1,14
1,06
1,09
1,08
54,75
58,67
58,31
59,00
26,98
17,28
18,46
11,96
12,17
11,74
10,43
10,28
39,15
29,02
28,89
22,24
23,76
20,05
19,42
18,71
37,09
50,93
51,69
59,05
SiO2, %
17,40
23,97
P2O5, %
0,08
0,08
Fe2O3, %
9,23
9,29
t, cmolc kg
Zn, mg kg
Cu, mg kg
Fe, mg kg
Mn, mg kg
-1
-1
P_rem, mg L
Densidade do solo, g dm
-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
-1
Areia total, dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
-1
Argila, dag kg
-1
Al2O3, %
21,12
22,10
-1
637,85
86,89
-1
131,91
180,20
MnO, mg kg
CaO, mg kg
MgO, mg kg
-1
239,54
135,55
Zn H2SO4, mg kg
-1
78,58
165,43
Cu H2SO4, mg kg
-1
33,66
33,89
1,43
2,00
1,11
1,52
Ki
Kr
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
61
Quadro 29 – Características dos Cambissolos fundo de vale, da regional Belo
Oriente, em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos
Projetos mais
Projetos mais
menos
menos
produtivos
produtivos
produtivos
produtivos
(IMA =27,8)
(IMA =27,8)
(IMA = 23,5)
(IMA = 23,5)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg
P, mg kg
-1
K, mg kg
-1
Ca, cmolc kg
20,50
124,67
161,50
2,38
2,05
0,50
0,71
1,52
2,18
0,51
0,54
83,75
38,52
24,63
6,34
2,34
1,39
0,78
0,16
-1
0,52
0,42
0,24
0,09
0,48
0,81
0,66
0,75
2,85
4,36
1,52
2,52
-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg
S, cmolc kg
18,75
-1
Mg, cmolc kg
Al, cmolc kg
-1
-1
-1
3,09
1,96
1,10
0,29
-1
3,57
2,77
1,75
1,04
-1
1,53
1,56
0,28
0,17
-1
1,22
0,53
1,37
0,77
-1
32,53
64,98
27,73
84,64
79,26
89,93
13,34
9,87
18,39
17,21
15,17
20,22
1,24
1,12
1,25
1,27
50,59
54,36
52,29
51,24
20,40
27,69
10,73
25,48
12,73
13,60
10,36
10,73
33,13
41,28
21,09
36,22
14,23
14,93
49,84
42,78
52,64
43,78
29,08
21,00
SiO2, %
23,19
22,01
P2O5, %
0,11
0,07
Fe2O3, %
11,52
5,78
t, cmolc kg
Zn, mg kg
Cu, mg kg
Fe, mg kg
Mn, mg kg
-1
-1
P_rem, mg L
Densidade do solo, g dm
-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
-1
Areia total, dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
-1
Argila, dag kg
-1
Al2O3, %
29,45
17,75
-1
495,12
222,08
-1
179,50
275,36
MnO, mg kg
CaO, mg kg
MgO, mg kg
-1
317,52
280,08
Zn H2SO4, mg kg
-1
170,24
132,61
Cu H2SO4, mg kg
-1
34,03
22,32
1,37
2,18
1,07
1,81
Ki
Kr
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
62
Para a classe Latossolo, tanto os Amarelos como os Vermelho
Amarelos, a espessura do solo também é menor nos projetos mais produtivos
do que nos menos produtivos, além disso, assim como nos Cambissolos, o
grau de intemperismo é menor nas áreas de projetos mais produtivos (Quadros
30 e 31), apesar de não apresentarem a característica de maior teor de
nutrientes obtidos por meio do ataque sulfúrico como os Cambissolos, fase
CX_típico
Para os Latossolos, além das características intrínsecas dos solos há
um relacionamento entre o relevo e a produtividade de eucalipto nestas áreas.
Os LA descritos nos projetos mais produtivos estão predominantemente em
posição de topo, são representados pelas unidades de mapeamento LAd1
(LATOSSOLO
AMARELO
Distrófico
típico,
textura
muito
argilosa,
A
proeminente, álico, caulinítico, mesoférrico) em 90% das áreas e LAw1
(LATOSSOLO AMARELO Ácrico típico, textura muito argilosa, A moderado,
álico, caulinítico, caulinítico-oxídico mesoférrico) em 10% da área. Essas
unidades de mapeamento se encontram em classes de declive cujos valores
máximos são 20° e 14° respectivamente.
Os LA dos projetos menos produtivos, que estão no topo ou no terço
superior
encosta
e
encontram-se
associados
com
CX_típico.
São
representados pelas unidades de mapeamento LAd1 (LATOSSOLO AMARELO
Distrófico típico, textura muito argilosa, A proeminente, álico, caulinítico,
mesoférrico) em 75% da área e LAw2 (LATOSSOLO AMARELO Ácrico típico,
textura argilosa, A moderado, álico, caulinítico , caulinítico-oxídico mesoférrico)
em 13% da área, LAd2 (LATOSSOLO AMARELO Distrófico típico, textura
argilosa, A proeminente, álico, caulinítico, mesoférrico) em 12% da área. São
encontradas em condição de declive máximo de 20° o LAd1, 14° o LAw2 e 23°
do LAd2.
A mesma analise pode ser feita para a classe LVA (Quadro 31). Nos
projetos mais produtivos, este tipo de solo predomina em posição de relevo
meia encosta e terço inferior de encosta. Está representado pela unidade de
mapeamento LVAd1 (LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico,
textura muito argilosa, A proeminente ou moderado, álico, caulinítico,
caulinítico-oxídico ou gibbsítico-oxídico, mesoférrico) associados ao grau
declive máximo de 33°
63
Quadro 30 – Características dos Latossolos Amarelos da regional Belo Oriente,
em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos mais
Projetos
Projetos mais
menos
produtivos
menos
produtivos
produtivos
(IMA =28,3)
produtivos
(IMA =28,3)
(IMA = 23,4)
(IMA = 23,4)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg-1
Areia fina, dag kg-1
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
Al2O3, %
14,71
2,61
2,45
42,98
1,07
0,23
1,29
8,14
1,43
2,72
0,43
0,29
73,26
10,49
16,38
1,15
55,49
18,67
13,89
32,56
3,74
63,71
185,67
1,20
0,66
6,16
0,04
0,01
1,40
6,38
0,08
1,48
0,17
0,21
56,73
1,77
7,43
1,04
60,29
18,67
10,53
30,64
4,56
66,24
15,82
0,09
9,85
174,14
0,94
0,77
9,13
0,08
0,03
1,46
5,26
0,14
1,60
0,16
0,34
51,52
1,46
12,19
1,09
59,22
13,69
11,06
24,74
2,99
72,26
22,66
0,06
10,12
19,07
19,65
-1
87,25
72,77
-1
142,56
83,14
MnO, mg kg
CaO, mg kg
19,25
2,26
1,99
19,43
0,27
0,08
1,69
8,70
0,41
2,10
0,43
0,29
106,50
3,52
15,28
1,12
57,35
28,18
12,67
41,81
6,38
52,77
MgO, mg kg
-1
287,61
146,86
Zn H2SO4, mg kg
-1
124,09
119,07
Cu H2SO4, mg kg
-1
13,51
16,79
1,37
2,14
Ki
Kr
Caulinita, %
1,03
1,55
33,33
36,28
Goethita, %
12,58
12,69
5,54
6,69
Hematita, %
Gibbisita, %
Sílica amorfa, %
9,60
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
64
Quadro 31 – Características dos Latossolos Vermelho-Amarelos da regional Belo
Oriente, em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos
Projetos mais
Projetos mais
menos
menos
produtivos
produtivos
produtivos
produtivos
(IMA = 28,3)
(IMA = 28,3)
(IMA = 24,3)
(IMA = 24,3)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
18,50
2,48
1,03
17,22
0,05
0,04
1,60
8,42
0,14
1,73
0,17
0,20
74,41
2,37
9,76
19,50
2,76
1,92
28,51
0,05
0,07
1,68
8,65
0,21
1,89
0,44
0,20
92,18
2,55
14,37
209,25
1,29
0,53
7,50
0,03
0,03
0,78
4,93
0,09
0,87
0,34
0,20
36,15
1,95
5,20
170,50
1,35
0,48
10,67
0,03
0,03
0,84
4,48
0,10
0,94
0,17
0,16
69,75
1,18
9,56
1,06
1,04
0,98
1,22
Porosidade, %
59,01
58,53
63,11
50,62
19,62
22,37
13,63
13,67
8,33
12,44
7,30
10,19
27,94
5,52
66,54
34,81
5,41
59,78
20,93
5,24
73,83
20,05
0,12
12,68
26,47
67,87
0,00
58,27
23,85
5,22
70,92
25,67
0,05
7,43
21,24
24,99
223,73
48,01
89,48
66,23
12,56
21,30
Ki
1,29
2,06
Kr
0,99
1,68
Caulinita, %
41,94
50,12
Goethita, %
11,41
6,68
Hematita, %
4,13
2,42
Gibbisita, %
11,29
Areia grossa, dag kg
-1
-1
Areia fina, dag kg
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
Al2O3, %
MnO, mg kg-1
CaO, mg kg-1
MgO, mg kg-1
Zn H2SO4, mg kg-1
Cu H2SO4, mg kg
-1
Sílica amorfa, %
1,70
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
65
Latossolos Vermelhos (Quadro 32) ocorrem com maior freqüência em
projetos classificados como menos produtivos, já que nos projetos mais
produtivos a área relativa dessa classe é menor que 1%.
Nos projetos menos produtivos, ocorrem as unidades de mapeamento
LVw1 (LATOSSOLO VERMELHO Ácrico típico, textura argilosa, A proeminente
ou moderado, álico, caulinítico, caulinítico-oxídico ou gibbsítico-oxídico,
hipoférrico ou mesoférrico) em 4,1 % da área, LVd1 (LATOSSOLO
VERMELHO Distrófico típico, textura muito argilosa, A proeminente ou
moderado, álico, caulinítico, mesoférrico) e LVwf1 (LATOSSOLO VERMELHO
Acriférrico típico, textura muito argilosa, A moderado, álico, caulinítico,
caulinítico-oxídico ou gibbsítico-oxídico, férrico) que ocupam 4,2% da área.
Estas unidades de mapeamento possuem declive máximo de 13° para LVw1,
17° para LVd1, e 3° para LVwf1 sendo a área de LVw1 maior que as demais.
Em comparação à todos os Latossolos, os Vermelhos, em média, são os
que ocorrem nas áreas mais planas, declive médio de 11°, mas em situação
local de meia encosta, ao contrário dos Amarelos e Vermelho-Amarelos, que
ocorrem predominantemente em posição de topo e terço superior de encosta.
Os Neossolos não ocorrem em projetos classificados como menos
produtivos assim não se pode fazer comparações (Quadro 33). São solos que
ocorrem nos terraços, possuem estrutura forte média a grande granular o
horizonte A, e sem estrutura no horizonte C. São representados pelas unidades
de mapeamento RUbd2 (NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico típico, textura
muito argilosa ou argilosa /média ou arenosa, A moderado, álico ou não,
gibbsítico-oxídico, mesoférrico), RUbd3 (NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico
típico, textura média ou média /arenosa, A moderado, caulinítico, hipoférrico) e
RUbd4
(NEOSSOLO
argilosa/média/arenosa
FLÚVICO
ou
Tb
média/arenosa,
Distrófico
A
típico,
proeminente,
textura
caulinítico,
mesoférrico) esta última com maior área relativa, aproximadamente 12%
Apesar de serem solos relacionados à projetos maiôs produtivos em
BO, esses solos possuem densidade elevada nos horizontes A e B, o que pode
ser a característica a ser melhorada com o intuito de aumentar a produtividade
nestas áreas.
66
Quadro 32 – Características dos Latossolos Vermelhos da regional Belo Oriente,
em projetos classificados como menos e mais produtivos
Projetos
Projetos
Projetos mais
Projetos mais
menos
menos
produtivos
produtivos
produtivos
produtivos
(IMA = 29,3)
(IMA = 29,3)
(IMA = 23,4)
(IMA = 23,4)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
20,14
2,60
1,20
18,84
0,10
0,10
1,89
9,70
0,25
2,14
0,24
0,25
92,01
2,61
10,79
16,00
2,49
1,76
21,06
0,18
0,09
1,60
7,96
0,35
1,95
0,23
0,27
78,00
1,19
14,19
160,25
1,08
0,41
4,69
0,03
0,01
0,84
4,50
0,06
0,90
0,12
0,29
29,58
1,79
5,17
164,00
1,34
0,68
7,02
0,02
0,03
0,72
4,40
0,11
0,83
0,13
0,36
58,00
0,93
7,70
0,92
1,06
0,95
0,98
Porosidade, %
64,40
59,97
64,58
63,48
15,39
25,25
10,68
17,20
7,84
10,81
7,31
9,57
23,23
36,07
17,99
26,77
5,01
4,57
6,34
4,93
71,76
59,37
75,68
21,07
0,09
13,18
25,23
70,12
4,97
103,85
61,29
15,73
1,44
1,08
68,29
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
-1
-1
Areia total, dag kg
-1
-1
Silte, dag kg
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
Al2O3, %
MnO, mg kg-1
CaO, mg kg-1
MgO, mg kg-1
Zn H2SO4, mg kg-1
Cu H2SO4, mg kg-1
Ki
Kr
Caulinita, %
45,16
Goethita, %
7,15
Hematita, %
7,43
Gibbisita, %
7,73
Sílica amorfa, %
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
67
Quadro 33 – Características dos Neossolos Flúvicos da regional Belo Oriente,
em projetos classificados mais produtivos
Projetos mais produtivos
(IMA = 28,9)
Projetos mais produtivos
(IMA = 28,9)
------- Horizonte A --------
------ Horizonte C --------
Espessura, cm
MOS, dag kg
P, mg kg
-1
K, mg kg
-1
-1
18,71
234,00
1,55
0,43
1,82
2,08
49,87
27,76
-1
1,33
0,52
-1
0,31
0,24
0,32
0,11
3,28
1,83
S, cmolc kg-1
1,78
0,84
t, cmolc kg-1
2,10
0,95
Zn, mg kg-1
2,04
0,76
Cu, mg kg-1
0,92
0,85
Fe, mg kg-1
19,98
23,25
Mn, mg kg-1
55,66
16,46
20,05
13,66
1,27
1,28
49,61
50,42
39,50
23,51
14,57
14,45
54,06
37,96
11,83
33,99
34,11
28,05
Ca, cmolc kg
Mg, cmolc kg
Al, cmolc kg
-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg
-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm
-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
-1
Areia total, dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
-1
Argila, dag kg
-1
SiO2, %
16,38
P2O5, %
0,08
Fe2O3, %
7,53
Al2O3, %
21,57
-1
512,73
-1
113,57
MnO, mg kg
CaO, mg kg
MgO, mg kg
-1
363,91
Zn H2SO4, mg kg
-1
105,47
Cu H2SO4, mg kg
-1
14,88
Ki
1,32
Kr
1,08
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
68
4.3.1.2 – Região de Virginópolis
Os Cambissolos típicos dos projetos mais produtivos da região de VG,
possuem estrutura predominante forte média granular e blocos subangulares
no horizonte A e moderada a fraca pequena a média granular e blocos
subangulares no horizonte B, são solos encontrados em diferentes posições no
relevo: topo, terço superior de encosta e meia encosta e estão representados
pela unidade de mapeamento CXbd5 que nesta região está associada à
classe de declive máximo 28°. Nos projetos menos produtivos a estrutura
predominante forte pequena a média granular e blocos subangulares no
horizonte A e moderada pequena a média granular e blocos subangulares e
angurlares no B. No relevo são encontrados no terço inferior de encosta e está
representado pela unidade de mapeamento CXbd1, que possui classe de
declive máximo 23°. Assim como observado na região de RD nos projetos mais
produtivos CX_típicos possuem maiores Ki e teor de nutrientes obtidos por
meio de ataque sulfúrico, para a maioria dos perfis em que esses foram
analisados, que nas áreas menos produtivas (Quadro 34). O que permite
conceber a idéia de que para a classe CX_típico o teor de nutrientes obtidos
por meio do ataque sulfúrico é indicador de produtividade.
Para a classe LVA nos projetos mais produtivos, a estrutura predominante
é forte pequena a média blocos subangulares no A, moderada a fraca pequena
a média granular e blocos subangulares e angulares no B. Ocorrem nas posições
de relevo, terço superior de encosta e meia encosta, sendo representados pela
unidade de mapeamento LVAd1, LVAw1 e associação com LAw1, classes de
declive cujos valores máximos são 25° e 18° sendo que a área de LVAd1 é 1,5
vezes maior que LVAw1. Nos projetos menos produtivos, esta classe de solo
possui estrutura predominante forte a moderada pequena a média blocos
subangulares e granular no A e fraca pequena a média granular e blocos
subangulares no B, ocorrem nas posições de topo são representados pela
unidade de mapeamento LVAd1, LVAw1 classe de declive máximos de 25° e
18° com as áreas de abrangência muito similares. Sendo assim não é possível
para esta classe de solo fazer uma associação entre a classe de declive e
produtividade. No entanto, assim como para qualquer outra classe, nos projetos
mais produtivos o Ki é maior (Quadro 35) indicando serem solos menos
intemperizados, ou melhor, mais cauliníticos.
69
Quadro 34 – Características dos Cambissolos Típicos, da regional Virginópolis,
em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos mais
Projetos
Projetos mais
menos
produtivos
menos
produtivos
produtivos
(IMA =40,0)
produtivos
(IMA =40,0)
(IMA = 28,0)
(IMA = 28,0)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg
P, mg kg
-1
K, mg kg
-1
Ca, cmolc kg
23,57
75,50
159,80
2,88
3,23
1,37
1,59
1,06
2,15
0,40
0,67
19,00
19,31
5,33
10,51
0,01
0,03
0,03
0,02
-1
0,02
0,05
0,03
0,03
1,07
1,27
0,36
0,64
6,41
7,11
2,77
4,40
-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg
S, cmolc kg
23,67
-1
Mg, cmolc kg
Al, cmolc kg
-1
-1
-1
0,10
0,15
0,08
0,08
-1
1,16
1,42
0,44
0,72
-1
1,24
0,23
0,34
0,15
-1
0,23
0,17
0,30
0,17
-1
93,17
62,52
69,38
43,36
1,29
2,22
0,70
1,20
10,94
5,08
10,35
6,84
0,94
0,88
1,17
0,93
63,47
64,54
55,06
64,33
20,62
28,49
10,87
17,69
14,44
9,40
11,73
9,40
35,07
37,89
22,60
27,09
10,02
7,78
15,70
6,75
54,92
54,33
61,70
66,18
SiO2, %
14,67
20,26
P2O5, %
0,04
0,08
Fe2O3, %
9,79
11,83
t, cmolc kg
Zn, mg kg
Cu, mg kg
Fe, mg kg
Mn, mg kg
-1
-1
P_rem, mg L
Densidade do solo, g dm
-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg
Areia fina, dag kg
-1
Areia total, dag kg
Silte, dag kg
-1
-1
-1
Argila, dag kg
-1
Al2O3, %
26,12
21,53
-1
75,36
118,28
-1
181,96
185,32
MnO, mg kg
CaO, mg kg
MgO, mg kg
-1
132,33
168,97
Zn H2SO4, mg kg
-1
139,33
79,01
Cu H2SO4, mg kg
-1
15,04
11,24
0,93
1,73
0,75
1,23
Ki
Kr
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
70
Quadro 35 – Características dos Latossolos Vermelho-Amarelos da regional
Virginópolis, em projetos classificados como mais e menos
produtivos
Projetos
Projetos mais
Projetos
Projetos mais
menos
produtivos
menos
produtivos
produtivos
(IMA =43,3)
produtivos
(IMA =43,3)
(IMA = 21,4)
(IMA = 21,4)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg-1
Areia fina, dag kg-1
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
Al2O3, %
MnO, mg kg-1
CaO, mg kg-1
MgO, mg kg-1
Zn H2SO4, mg kg-1
Cu H2SO4, mg kg-1
Ki
Kr
Caulinita, %
Goethita, %
Hematita, %
Gibbisita, %
Sílica amorfa, %
18,50
5,10
2,11
24,05
0,03
0,07
1,37
10,11
0,18
1,55
0,45
0,04
82,34
1,41
5,30
0,94
61,88
11,25
5,24
16,49
6,16
77,35
3
-1
18,80
3,96
1,93
27,23
0,23
0,16
1,55
7,98
0,47
2,02
0,27
0,24
61,95
4,81
8,75
0,95
61,51
23,82
10,80
34,63
5,46
59,91
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
71
197,50
2,27
0,55
5,76
0,02
0,04
0,39
5,19
0,09
0,49
0,18
0,02
51,38
1,05
3,12
0,92
63,26
7,18
5,86
13,03
4,88
82,09
17,08
0,03
12,87
35,51
69,82
121,41
171,38
95,64
7,81
0,80
0,65
35,49
13,53
2,47
29,38
168,60
1,81
0,68
13,00
0,04
0,07
0,88
5,06
0,15
1,02
0,10
0,29
52,01
1,65
5,62
0,97
62,58
16,66
7,89
24,55
9,42
66,03
20,71
0,06
10,24
30,06
81,04
46,17
172,20
93,61
11,28
1,35
1,06
41,74
10,49
2,18
22,03
3,95
Esse padrão pode também ser visto no Quadro 36, que apresenta as
características da classe LV. Apesar de possuírem os menores valores de Ki
de todas as classes, esse é ligeiramente maior nos solos das áreas mais
produtivas (Quadro 36). Nos projetos mais produtivos, esta classe possui
estrutura predominante moderada à fraca pequena a média granular no A,
moderada a fraca pequena a média blocos subangulares e angulares no B se
encontra na posição de topo, são representados pela unidade de mapeamento
LVd1, LVw1 e LVwf1 e possuem grau de declive máximos de 28°, 20° e 22°
sendo que este último não ocorre em locais planos (declive = 0°). Além disso, a
área de LVd1 é muito maior que LVw1 e LVwf1, estes possuem áreas muito
pequenas nestes projetos. Para os projetos menos produtivos, a estrutura
predominante é forte a moderada pequena a média granular e blocos
subangulares no A, moderada a fraca pequena a média granular e blocos
subangulares no B, ocorrem em posição de topo e meia encosta e são
representados pela unidade de mapeamento LVd1, LVw1 e LVd2 com graus de
declives máximos de 28°,20° e 10° sendo que este último não ocorre em locais
planos (declive = 0°). Nestes projetos as áreas de LVw1 > LVd1 >> LVd2.
A classe LA não ocorre em projetos menos produtivos, assim não se
pode fazer comparações entre as áreas mais e menos produtivas. No entanto,
é conveniente ressaltar que esta classe predomina na posição de topo e está
representada pelas unidades de mapeamento LAd1, LAw1 e LAwf com grau de
declive máximo de 18°,18° e 19°, respectivamente. A classe LA, portanto, é a
classe entre os Latossolos, mais associada a relevo mais plano e também a de
maior produtividade, 51 m3 ha-1 ano-1 (Quadro 37)
O interesse de relacionar a classe de solo, com suas respectivas
unidades de mapeamento, ao tipo de relevo e posição na paisagem, se deve
ao fato de esta avaliação conjunta permite entender a influência dos aspectos
fisiográficos tanto na produtividade das áreas como também na adoção de
técnicas de manejo, que visem a não degradação do solo.
No entanto, viu-se que não existe um padrão claro para todas as
classes. Na região de Belo Oriente, não se percebeu a um relacionamento
entre o relevo e a produtividade, exceto para a classe RU, que está relacionada
72
Quadro 36 – Características dos Latossolos Vermelhos da regional Virginópolis,
em projetos classificados como mais e menos produtivos
Projetos
Projetos mais
Projetos
Projetos mais
menos
produtivos
menos
produtivos
produtivos
(IMA =44,2)
produtivos
(IMA =44,2)
(IMA = 32,5)
(IMA = 32,5)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg-1
Areia fina, dag kg-1
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
18,80
4,90
1,67
24,80
0,06
0,07
1,67
8,08
0,21
1,88
0,36
0,19
109,22
2,39
6,45
0,90
63,05
18,44
9,99
28,43
7,68
63,89
19,11
4,21
1,62
28,27
0,05
0,07
1,40
8,63
0,21
1,60
0,26
0,19
58,63
1,15
7,77
0,81
66,79
17,55
8,08
25,63
6,10
68,27
Al2O3, %
178,40
1,59
0,31
11,83
0,01
0,02
0,55
4,45
0,07
0,62
0,10
0,23
41,90
0,57
5,83
0,91
65,70
13,80
7,28
21,07
3,91
75,01
17,05
0,06
13,41
12,61
33,89
26,89
-1
78,25
120,33
-1
108,51
6,19
MnO, mg kg
CaO, mg kg
183,60
1,61
0,32
5,58
0,02
0,02
0,39
3,76
0,07
0,45
0,21
0,15
54,71
0,83
4,75
0,93
64,24
14,11
9,51
23,62
7,37
69,01
13,68
0,08
MgO, mg kg
-1
156,41
144,81
Zn H2SO4, mg kg
-1
124,61
55,24
Cu H2SO4, mg kg
Ki
Kr
-1
8,23
13,49
0,68
1,09
0,54
0,84
Caulinita, %
27,96
35,49
Goethita, %
7,02
5,94
Hematita, %
8,22
6,66
Gibbisita, %
31,68
19,29
Sílica amorfa, %
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
73
Quadro 37 – Características dos Latossolos Amarelos da regional Virginópolis,
em projetos classificados mais produtivos
Projetos menos produtivos
(IMA = 51,0)
--------- Horizonte A -------- --------- Horizonte B -------Espessura, cm
MOS, dag kg-1
P, mg kg-1
K, mg kg-1
Ca, cmolc kg-1
Mg, cmolc kg-1
Al, cmolc kg-1
H+Al pH 7,0, cmolc kg-1
S, cmolc kg-1
t, cmolc kg-1
Zn, mg kg-1
Cu, mg kg-1
Fe, mg kg-1
Mn, mg kg-1
P_rem, mg L-1
Densidade do solo, g dm-3
Porosidade, %
Areia grossa, dag kg-1
Areia fina, dag kg-1
Areia total, dag kg-1
Silte, dag kg-1
Argila, dag kg-1
SiO2, %
P2O5, %
Fe2O3, %
Al2O3, %
MnO, mg kg-1
CaO, mg kg-1
MgO, mg kg-1
Zn H2SO4, mg kg-1
Cu H2SO4, mg kg-1
Ki
Kr
Caulinita, %
Goethita, %
Hematita, %
Gibbisita, %
Sílica amorfa, %
16,50
157,25
5,39
2,39
2,30
0,77
20,20
5,72
0,04
0,03
0,06
0,02
1,41
0,74
10,15
5,94
0,18
0,07
1,59
0,81
0,23
0,10
0,04
0,02
77,74
42,57
2,02
0,89
4,12
2,46
0,81
0,83
59,34
68,14
11,21
8,91
8,25
5,36
16,05
14,27
2,40
2,11
78,70
83,61
19,82
0,06
13,76
26,31
107,03
192,81
224,61
131,18
10,75
1,28
0,96
37,64
14,78
13,50
3
-1
-1
IMA = Incremento médio anual m ha ano
74
à projetos mais produtivos e são solos associados a relevo plano. Na região de
Virginópolis o padrão foi o mesmo, ou seja, somente para a classe LA observouse um relacionamento entre relevo e produtividade. Deve-se, entretanto, citar
que há uma forte associação entre classe de solo e tipo de relevo. Oliveira et al
(1992) relacionam relevos mais planos à classe de Latossolos Amarelos e
Vermelhos, enquanto citam que os LVA ocorrem em todos os tipos de relevo.
Essa dependência entre classe de solo e tipo de relevo mostra que nem
sempre é possível discernir se as variações de produtividades se devem à
classe de solo ou ao tipo de relevo. Por isso além de utilizar a classe como
integradora das características de solo que explicam a produtividade deve-se
avaliar, como que elas se harmonizam para obtenção de alta produtividade.
4.4. Índice de qualidade de solo
Os valores médios dos índices relacionados às funções do solo
consideradas, bem como o índice de qualidade do solo (IQS) são apresentados
no Quadro 37, para as regiões Belo Oriente e Virginópolis.
O efeito da região pode ser visto nos valores dos índices das funções e
no IQS, todos maiores estatisticamente (p<0,01) na região de Virginópolis do
que na região Belo Oriente (Quadro 38). Para as funções receber, armazenar e
suprir água (F1), armazenar, suprir e ciclar nutrientes (F2), promover
crescimento das raízes (F3) e promover a atividade biológica (F4) essas
superioridades são de 8%, 6%, 9% é 12%, respectivamente. O efeito médio de
região pode também ser visto em termos da variabilidade média entre os
índices das funções que foi maior também na região de Virginópolis (14,1%) do
que na região Belo Oriente (8,2%), evidenciando o maior equilíbrio entre as
funções do modelo de qualidade nesta região. Em síntese, a qualidade do solo
na região Virginópolis é melhor. Não obstante, o IQS desta região (0,848) é em
torno de 15% menor do que o máximo possível (1,00).
Admitindo-se que a qualidade do solo possa refletir a sustentabilidade
da produção, como amplamente proposto na literatura (Burger e Kelting, 1998;
Mielniczuck, 1999; Stenberg, 1999; Schoenholtz et al, 2000; Chaer, 2001;
Barros e Comerford, 2002; Tótola e Chaer, 2002), esses resultados
evidenciam, numa primeira análise, a maior sustentabilidade em Virginópolis.
75
Nessa linha, cabe avaliar o relacionamento da qualidade do solo –
medida neste trabalho pelo IQS – com a produtividade. O IQS e a
produtividade correlacionaram-se significativamente e de modo positivo nas
duas regiões (Figura 6).
Quadro 38 – Índices de qualidade das funções e do solo (IQS), e respectivas
variabilidades, nas regiões Belo Oriente e Virginópolis
Belo Oriente
Virginópolis
23 unidades de mapeamento 11 unidades de mapeamento
52 perfis
29 perfis
Funções do solo
Receber, armazenar e
suprir água
Promover crescimento
das raízes
Armazenar suprir e ciclar
nutrientes
Promover atividade
biológica
Média das funções
IQS
Média
CV%
Média
CV%
0,229 b
11,0
0,249 a
1,1
0,180 b
10,7
0,192 a
6,0
0,171 b
13,8
0,187 a
12,4
0,194 b
9,2
0,221 a
5,4
0,194 b
8,2
0,212 a
14,1
0,775 b
8,2
0,848 a
5,3
As letras indicam diferença entre regiões, para cada função e para o IQS, a pelo menos 5% de
probabilidade
90
IMA = - 166,5 + 245,2 IQS
r = 0,840***
-1
70
60
50
3
-1
IMA (m ha ano )
80
40
30
20
IMA = 16,6 + 12,507 IQS
r = 0,307*
10
0
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
IQS
Belo Oriente
Virginópolis
Figura 6 – Relação entre produtividade e qualidade do solo (IQS) nas regiões
Belo Oriente e Virginópolis.
76
Não obstante, em Virginópolis haja um relacionamento mais estreito
entre IQS na produtividade (r=0,84, p<0,01) e seja mais pronunciado o efeito
da qualidade do solo sobre a produtividade, dada a maior declividade da
curva, nesta região.
Além disso, a produtividade correlacionou-se significativamente, mas
de modo negativo, com a variabilidade entre os índices das funções do modelo
de qualidade do solo utilizado (Figura 7). Assim, além do IQS, o equilíbrio entre
as funções que o compõe tem que ser considerado. Isto é evidenciado, neste
trabalho, pelo fato de que a correlação entre essa variabilidade e o IQS, apesar
de ser negativa e estatisticamente significativa, indicar que nem sempre
maiores valores de IQS estão associados ao maior equilíbrio entre as funções.
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
90
80
70
r = 0,83***
60
50
40
30
20
10
0
r = -0,47***
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
CV (%) das funções do solo
Belo Oriente
Virginópolis
Figura 7 – Relação entre produtividade e variabilidade entre as funções que
compõe o modelo de qualidade do solo utilizado para as regiões
Belo Oriente e Virginópolis.
Para a região de Belo Oriente a menor correlação entre IQS e
produtividade e menor declividade da curva, indica que há a necessidade de
serem consideradas outras características do ambiente também influentes na
oferta e na aquisição pelas plantas dos recursos radiação solar, água e
nutrientes. Daí a importância de investigar de para áreas a influência da
fisiografia e pedoforma. Os estudos de Santana (1986) e Teixeira (1987)
buscaram, nesta região, relacionar produtividade com a posição dos solos na
paisagem. Mais recentemente, estudos têm avaliado o balanço de energia e de
água em plantações de eucalipto, considerando declividade e face de
exposição (Facco, 2004).
77
No entanto, como comentado anteriormente, parece ser necessário
para esta região maior número de fases para as classes de solo, considerando,
por exemplo, para Cambissolos, espessura do solum (horizonte A+B) e
pedregosidade.
Neste trabalho, em ambas as regiões, os índices das funções e os
valores de IQS (Quadros 39 e 40) não variaram estatisticamente com a classe
de solo ao nível de 5% de probabilidade. Apenas para as funções F1 e F2, em
Belo Oriente, houve tendência (p< 0,1) para o efeito da classe.
Em Belo Oriente, por exemplo, a classe RU só ocorre em projetos mais
produtivos, como já discutido, no entanto tem o mesmo valor numérico de IQS
que a classe CX_típico, esta predominante em toda a regional. O mesmo pode
ser observado para a classe LV, predominante em áreas menos produtivas, no
entanto com o valor de IQS próximo do RU, o que indica novamente a
necessidade de separação em maior número de fases cada classe de solo. O
maior IQS é o da classe LA e o menor do CX_fv, e ambos possuem o mesmo
CV entre a funções, indicando que nem sempre maiores valores de IQS estão
associados ao maior equilíbrio entre as funções.
Prosseguindo na análise de tendências, vê-se que em Virginópolis os
maiores valores numéricos de IQS foram os das classes LA e LVA, as quais
estão mais associadas a projetos mais produtivos, contrariamente às classes
CX_típico e LV que apresentaram os menores valores numéricos de IQS. É
interessante notar, também nessa região, que a esses maiores valores
numéricos de IQS não correspondem as menores variabilidades entre os
índices que medem as funções do modelo, reafirmando que nem sempre o
relacionamento entre IQS e essa variabilidade é inverso.
Nessa discussão sobre a ausência de efeito de classe sobre a
qualidade do solo, como aqui avaliado, é importante ressaltar que a classe foi
tratada no 3° nível categórico. No entanto, foi visto no item 3.3.1, a
necessidade de refinar as informações concernentes às classes, tais como,
unidade de mapeamento, posição no relevo, morfologia do perfil, dentre outras
relacionadas ao crescimento de plantas. A adição dessas informações à
classificação dos solos, resulta no seu refinamento, o que corresponde a níveis
categóricos mais baixos, famílias e séries.
78
Quadro 39 – Índices de qualidade das funções e do solo (IQS), e respectivas
variabilidades, das classes de solo predominantes na região de
Belo Oriente
CX_típico
Funções do solo
(1)
6 UM
14 perfis
CX_fv
LA
LVA
LV
RU
2 UM
6 perfis
6 UM
13 perfis
2 UM
6 perfis
2 UM
5 perfis
3 UM
6 perfis
Média CV% Média CV% Média CV% Média CV% Média CV% Média CV%
Receber, armazenar
0,232 10,7 0,217
e suprir água
3,7 0,237
7,8 0,244
2,5 0,244
2,2 0,198 14,4
Promover
crescimento
das raízes
0,181 10,9 0,194
7,6 0,174
8,8 0,166
4,2 0,166
5,0 0,201
5,4
Armazenar suprir e
ciclar nutrientes
0,166 18,5 0,165 18,8 0,177 13,0 0,164
5,7 0,170
8,0 0,182
8,7
5,1 0,193
7,2 0,196 10,5
Promover atividade
0,195 11,8 0,186
biológica
7,8 0,196
7,7 0,194
Média das funções
0,194 14,7 0,191 11,3 0,196 14,8 0,192 19,3 0,193 18,6 0,194
4,3
IQS
0,775 10,7 0,763
8,6
7,5 0,783
7,5 0,769
3,5 0,772
5,2 0,776
(1) UM = unidade de mapeamento
Quadro 40 – Índices de qualidade das funções e do solo (IQS), e respectivas
variabilidades, das classes de solo predominantes na região de
Virginópolis
CX_típico
Funções do solo
(1)
1 UM
7 perfis
LA
LVA
LV
3 UM
4 perfis
3 UM
7 perfis
4 UM
11 perfis
Média
CV%
Média
CV%
Média
CV%
Média
CV%
Receber, armazenar e
suprir água
0,247
1,5
0,250
0,0
0,248
1,6
0,249
0,4
Promover crescimento das
raízes
0,193
5,7
0,198
6,5
0,189
6,3
0,191
6,4
Armazenar suprir e ciclar
nutrientes
0,183
14,2
0,195
14,0
0,189
12,8
0,184
11,9
Promover atividade
biológica
0,220
4,8
0,225
6,8
0,222
6,5
0,221
5,4
Média das funções
0,211
14,2
0,217
12,6
0,212
13,9
0,211
14,6
IQS
0,842
5,4
0,867
6,1
0,848
5,9
0,845
5,2
(1) UM = unidade de mapeamento
79
Por isso avaliou-se, em nível de perfil dentro de cada classe de solo, o
relacionamento entre a produtividade e a qualidade do solo. Em Belo Oriente
só houve relacionamento estatisticamente significativo entre a produtividade e
o IQS e entre a variabilidade entre as funções do modelo e a produtividade
para a classe LA (Figuras 8 e 9). Contrariamente, em Virginópolis, os valores
de IQS e a produtividade foram sempre estreitamente correlacionados, fato
também verificado para as correlações da produtividade com a variabilidade
dos índices das funções do modelo (Figura 10).
80
-1
-1
r = 0,71*
3
-1
26
24
3
-1
IMA (m ha ano )
30
28
IMA (m ha ano )
LA
32
22
20
18
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
LA
32
30
28
26
24
22
20
18
1,0
r = - 0,59*
0,0
IQS
-1
IMA (m ha ano )
ns
-1
24
r = -0,46
3
-1
26
3
-1
IMA (m ha ano )
30
28
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
LVA
32
LVA
32
5,0
CV (% ) entre a funções do solo
22
20
30
r = 0,38
ns
28
26
24
22
20
18
18
0,0
5,0
0,5
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
0,6
0,7
LV
-1
IMA (m ha ano )
ns
-1
r = 0,43
3
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
CV (% ) entre a funções do solo
32
30
28
26
24
22
20
18
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0,8
0,9
1,0
IQS
1,0
LV
32
30
28
26
24
22
ns
r = - 0,58
20
18
0,0
IQS
5,0
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
CV (% ) entre a funções do solo
Figura 8 – Gráficos de dispersão e respectivos coeficientes de correlação entre
a produtividade e o IQS, ou a variabilidade entre as funções do solo
dentro da classe Latossolo, na região de Belo Oriente.
81
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
CX_típico
32
30
28
26
24
22
20
18
ns
r = 0,39
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
CX_típico
32
30
28
26
24
22
20
18
r = - 0,14
0,0
1,0
-1
IMA (m ha ano )
ns
-1
r = 0,051
3
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
CX_fv
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
CX_fv
32
30
28
26
24
22
20
18
1,0
0,0
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
RU
32
-1
IMA (m ha ano )
-1
ns
3
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
5,0
CV (% ) entre as funções
RU
r = -0,282
ns
r = 0,10
IQS
32
30
28
26
24
22
20
18
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
CV (% ) entre a funções do solo
IQS
32
30
28
26
24
22
20
18
5,0
ns
30
28
26
24
ns
22
20
r = 0,25
18
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0,0
1,0
5,0
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
CV (% ) entre a funções do solo
IQS
Figura 9 – Gráficos de dispersão e respectivos coeficientes de correlação entre
a produtividade e o IQS, ou a variabilidade entre as funções do solo
dentro das classes Cambissolo e Neossolo, na região de Belo
Oriente.
82
CX_típico
CX_típico
r = 0,91**
60,0
80,0
-1
IMA (m ha ano )
70,0
60,0
-1
50,0
40,0
3
40,0
3
30,0
20,0
10,0
0,0
0,50
20,0
r = - 0,82*
0,0
0,0
0,60
0,70
0,80
0,90
CV (%) entre a funções do solo
IQS
-1
-1
-1
r = 0,98*
3
3
40,0
20,0
0,0
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
LA
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
IMA (m ha ano )
-1
IMA (m ha ano )
LA
80,0
60,0
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
1,00
1,00
r = -0,96*
0,0
IQS
5,0
-1
IMA (m ha ano )
60,0
r= 0,91**
-1
40,0
30,0
3
3
-1
-1
IMA (m ha ano )
LVA
50,0
20,0
10,0
0,0
0,50
0,60
0,70
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
CV (% ) entre a funções do solo
0,80
0,90
1,00
LVA
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
r = - 0,97**
0,0
IQS
5,0
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
CV (%) entre a funções do solo
LV
r = 0,84**
30,0
20,0
10,0
0,0
0,50
80,0
70,0
60,0
50,0
IMA (m ha ano )
40,0
-1
50,0
3
IMA (m3 ha-1 ano-1)
LV
60,0
-1
-1
-1
IMA (m ha ano )
80,0
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
IQS
r = -0,89**
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
CV (% ) entre a funções do solo
LV
83
30,0
Figura 10 – Gráficos de dispersão e respectivos coeficientes de correlação
entre a produtividade e o IQS, ou a variabilidade entre as funções
do solo dentro de cada classe, na região de Virginópolis.
Em Belo Oriente, para a classe LA, esse comportamento do modelo,
mesmo quando aplicado aos perfis dentro dessa classe, demonstra haver um
relacionamento entre a classe e a produtividade florestal. Para Virginópolis,
contudo, os relacionamentos estreitos, todos significativos, da produtividade
com os valores de IQS dos perfis para todas as classes de solo, indicam que o
modelo foi sensível às variações de características de solo que se relacionam
com a produtividade do sítio, e também às variações existentes dentro de cada
classe nos níveis categóricos mais baixos, neste caso em nível de perfil.
A melhor performance do modelo em Virginópolis sugere a
necessidade de que o ele seja aplicado a sítios florestais distintos dos que
foram estudados neste trabalho, de modo a obter informações adicionais
capazes de subsidiarem o seu refinamento e dotá-lo de capacidade preditiva
também em escala temporal e espacial. Esse refinamento deveria contemplar a
inclusão no modelo de informações sobre a funcionalidade do sistema, que
está associada à microbiota do solo, sobre a fisiografia da área e morfologia do
perfil, este associado à unidade taxonômica em nível categórico mais baixo.
84
5. CONCLUSÕES
§
A utilização de modelos baseados em processos pode estimar a
capacidade produtiva do sítio e assim subsidiar e priorizar as técnicas
a serem utilizadas visando aumentar a produtividade, ou mantê-la se
em níveis já satisfatórios.
§
Na avaliação do relacionamento entre a produtividade da cultura do
eucalipto e características do solo, pelo método solo-local, os
melhores modelos incluíram as características matéria orgânica e Premanescente, que refletem a extensão e a qualidade da superfície
adsorvente da fase sólida, e o teor de potássio no solo estimado para
a fase inicial de crescimento da cultura. Assim, no método solo-local,
para solos de regiões tropicais, devem ser considerados os teores de
nutrientes no solo na fase inicial de crescimento da cultura, que
podem ser estimados pelo acréscimo dos teores no solo derivados
dos conteúdos de nutrientes nas árvores aos teores de nutrientes no
solo medidos ao final do ciclo ou por ocasião do monitoramento.
§
A classe de solo definida nos níveis categóricos mais baixos, pelo
menos no 4º, aliada às feições fisiográficas, é indicadora de
produtividade de eucalipto.
85
§
O índice de qualidade de solo foi sensível às regiões, indicando maior
qualidade para os solos da região de Virginópolis, comparativamente
à de Belo Oriente. Esse índice foi também sensível às variações das
características de solo dentro de cada unidade taxonômica, e, na
região
de
Virginópolis,
relacionou-se
produtividade da cultura de eucalipto.
86
estreitamente
com
a
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