UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA UFPB/UFC/UFRPE Tese de Doutorado NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES PARA PINTOS DE CORTE RAUL DA CUNHA LIMA NETO Zootecnista AREIA-PB FEVEREIRO/2010 RAUL DA CUNHA LIMA NETO NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES PARA PINTOS DE CORTE Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Comitê de Orientação: Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa- Orientador Principal Prof. Dr. José Humberto Vilar Silva - Segundo Orientador Prof. Dr. Renato Luis Furlan – Terceiro Orientador AREIA-PB FEVEREIRO/2010 Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB. L732n Lima Neto, Raul da Cunha. Níveis de treonina, glicina+serina e suas relações para pintos de corte. / Raul da Cunha Lima Neto. - Areia: UFPB/CCA, 2010. 107 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2010. Bibliografia. Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa. 1. Avicultura 2. Pintos de corte – níveis de aminoácidos 3. Aminoácidos – relação – pintos de corte 4. Proteína – desempenho I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II. Título. UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2) DADOS CURRICULARES DO AUTOR RAUL DA CUNHA LIMA NETO – nasceu em João Pessoa, estado da Paraíba, aos 30 dias do mês de Dezembro do ano de 1975. Filho do professor de ensino médio Antônio José Cândido da Cunha Lima e da professora de ensino fundamental Maria Luzinete Martins da Cunha Lima. Cursou a primeira parte do ensino fundamental no Colégio Santa Rita, um educandário particular dirigido por freiras católicas na cidade Areia. Em seguida concluiu o ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Carlota Barreira” e cursou o ensino médio no Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Min. José Américo de Almeida”, ambos na cidade de Areia-PB, tendo concluído o ensino médio no ano de 1995. Em 1996, ingressou no curso de Zootecina da Universidade Federal da Paraíba, também no município de Areia, onde se formou Zootecnista em 2002, trabalhou como professor de ensino médio no município de Cachoeirinha-TO, entre 2002 e 2003. Em 2004 ingressou no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFPB em Areia, na área de Nutrição de Não-Ruminantes, para desenvolver pesquisas na área de Avicultura. Tendo concluído o mestrado em 2006, ingressou em seguida no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, na sub sede da UFPB em Areia, onde realizou pesquisas na área de nutrição de não-ruminantes, concluindo o doutorado em fevereiro de 2010. Epígrafe A vida nada pode lhe garantir. Ela apenas lhe dá tempo para fazer escolhas, assumir riscos e descobrir os segredos escondidos em seu caminho. Se estiver disposto a aceitar as oportunidades que lhe são dadas e utilizar a capacidade que tem, você sempre preencherá sua vida com momentos especiais e inesquecíveis. Ninguém conhece os mistérios da vida, nem seu significado definitivo, mas, para aqueles que desejarem acreditar em seus sonhos e em si mesmos, a vida é uma dádiva preciosa na qual tudo é possível. Dedicatória À minha mãe Luzinete, Ao meu Pai Antônio José, À minha esposa Elba, e À minha filha Evelyn, Dedico. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por ter me concedido a graça e o discernimento para realizar e concluir esta empreitada. Agradeço aos meus pais, Antônio José e Luzinete, por me criarem e educarem com valores e preceitos que me permitiram crescer como uma pessoa de bem, me orgulho de ser seu filho. Agradeço à minha esposa e filha, Elba e Evelyn, por terem sempre estado ao meu lado, me ajudando e incentivando de todas as formas. Agradeço ao professor Fernando Guilherme, não só pela sua orientação franca e aberta, mas principalmente pela sua amizade e confiança, bem como pela sua grande capacidade de me fazer acreditar que era capaz, mesmo quando me julgava incapaz e inapto. Professor, obrigado pela força, apoio e compreensão. Agradeço à minha colega e amiga Claudia Goulart, pela amizade sincera e pela enorme parcela de ajuda que me prestou durante todo o meu doutorado. Amiga, você tem grande culpa por eu ter me tornado um professor e uma pessoa melhor. Agradeço aos meus colegas do Setor de Avicultura Cleber, Valéria, Matheus, Sergio, Rafael, Rafaela, Janaíne e Cristóvão, pela imensa ajuda e amizade que gentilmente me ofereceram durante o tempo que trabalhamos juntos. Agradeço aos funcionários do Aviário Josa e Ramalho, que acabaram se tornando meus amigos e que sempre me deram motivos para admirá-los, por sua força, honestidade e compreensão. Agradeço aos professores Severino Gonzaga, Patrícia Givisiez, Ariosvaldo Medeiros, Edgard Pimenta e Paulo Sergio pelas lições, orientações, exemplos e amizade que gentil e generosamente me concederam, quero que saibam que aprendi muito com vocês e os admiro. Agradeço a todos os meus alunos, cujo convívio me mostrou que somos pessoas inacabadas e que estamos sempre em construção, pois mesmo a pessoa mais sábia tem sempre algo que aprender. Agradeço ainda, a todas as pessoas, amigos ou familiares que me ajudaram ou torceram por mim, espero poder retribuir de alguma forma essa gentileza. Muito Obrigado SUMÁRIO Capítulo 1: Revisão Bibliográfica Resumo Abstract 1.1. Introdução 1.2. Bioquímica da treonina e funções fisiológicas relacionadas 1.3. Digestibilidade, absorção e metabolização da treonina 1.4. Relação Treonina:Lisina e excreção de N 1.5. Influência da treonina sobre o TGI 1.6. Influência da Glicina sobre o desempenho de frangos de corte 1.7. Considerações Finais 1.8. Referências Bibliográficas Capítulo 2: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas relações para pintos de corte machos na fase pré-inicial Resumo Abstract 2.1. Introdução 2.2. Material e Métodos 2.2.1. Animais, dietas experimentais e delineamento experimental 2.2.2. Parâmetros avaliados 2.2.3. Análise Estatística 2.3. Resultados e Discussão 2.3.1. Desempenho zootécnico 2.3.2. Composição Corporal 2.3.3. Morfometria Intestinal 2.4. Conclusões 2.5. Literatura Citada Capítulo 3: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina para pintos de corte machos na fase inicial Resumo Abstract 3.1. Introdução 3.2. Material e Métodos 3.2.1. Instalações e equipamentos 3.2.2. Animais e dietas experimentais 3.2.3. Parâmetros avaliados 3.2.4. Análise Estatística 3.3. Resultados e Discussão 3.3.1. Desempenho Zootécnico 3.3.2. Composição Corporal 3.3.3. Morfometria Intestinal 3.3.4. Conclusões 3.3.5. Literatura citada 4. Considerações Finais Página 1 2 3 4 5 7 9 12 16 20 21 29 30 31 33 37 37 39 42 43 43 50 57 62 63 67 68 69 71 74 74 75 77 80 80 80 88 96 100 102 106 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Níveis de treonina total e digestível em alguns ingredientes vegetais de rações de frango de corte. Tabela 2. Níveis de proteína bruta, treonina digestível, glicina+serina total e relações treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina total nos experimentos 1 e 2. Tabela 3. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase pré-inicial. Tabela 4. Médias de desempenho de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações treonina:lisina e treonina:glicina das dietas na fase pré-inicial. Tabela 5. Médias de composição corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli+ser das dietas na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade). Tabela 6. Médias de altura de vilos (AV), profundidade de criptas (PC) e relação vilo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase pré-inicial. Tabela 7. Valores médios das temperaturas obtidos durante o período experimental. Tabela 8. Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais nos experimentos 1 e 2. Tabela 9. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase inicial. Tabela 10. Médias de desempenho dos frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Tabela 11. Composição Corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Tabela 12. Medias de Altura de Vilos (AV), Profundidade de Criptas (PC) e relação volo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Página 8 38 40 43 51 57 74 76 79 81 89 96 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação esquemática do catabolismo da treonina. Figura 2: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. Figura 3: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final aos 7 dias de idade em frangos de corte machos na fase pré-inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Figura 4: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. Figura 5: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) sobre a conversão alimentar de frangos de corte machos na fase pré-inicial. Figura 6: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. Figura 7: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a proteína bruta da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2). Figura 8: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o s teores de gordura na carcaça de frangos de corte machos aos 7 dias de idade nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Figura 9: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de gordura na carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 1 (Y1). Figura 10: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação PB:GD na carcaça de frangos de corte machos na fase pré-inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Figura 11: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de cinzas da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2). Figura 12: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a profundidade de cripta no duodeno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no E1 (Y1). Figura 13: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no experimento 1 (Y1). Figura 14: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 15: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final de frangos de corte machos na fase inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Figura 16: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte Página 6 44 45 46 47 48 52 53 54 55 56 58 59 82 83 84 machos na fase inicial. Figura 17: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão alimentar de frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Figura 18: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 19: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão protéica nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 20: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de MS na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 21: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de proteína na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 22: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de proteína na carcaça nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 23- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a eficiência protéica no experimento 1 (Y1) em frangos de corte machos na fase inicial. Figura 24: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 2 (Y2). Figura 25: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação vilo:cripta no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 1(Y1) Figura 26- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1(Y1) e 2 (Y2). 85 85 86 90 91 92 92 97 98 98 NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES PARA PINTOS DE CORTE Resumo Geral Objetivou-se avaliar o efeito de níveis de treonina (tre) digestível e glicina+serina totais e as relações lisina:treonina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais sobre o desempenho de pintos de corte nas fases pré-inicial e inicial. Foram realizados 4 experimentos, sendo 2 na fase pré-inicial e 2 na inicial, utilizando 720 pintos de um dia cada, distribuídos em seis tratamentos (dieta controle + cinco níveis de treonina digestível), com seis repetições de 20 animais cada. Em cada fase, no experimento 1 (E1), uma dieta controle com alta proteína bruta (PB) foi suplementada com L-LisinaHCL, DL-Metionina e L-Treonina, e as outras cinco dietas continham níveis crescentes de tre digestível e suplementadas também com outros aminoácidos (L-Triptofano, LArginina, L-Glicina, L-Valina e L-Isoleucina) e nível de PB reduzido em aproximadamente 5% em relação à dieta controle. No experimento 2 (E2), a mesma dieta controle foi utilizada, juntamente com outras cinco dietas contendo níveis crescentes de treonina digestível e glicina+serina totais, também suplementadas com aminoácidos citados acima para atender as exigências aminoacídicas. Neste segundo experimento, o nível de PB foi reduzido em aproximadamente 21% em relação à dieta controle. Na fase pré-inicial, o desempenho das aves submetidas às dietas com níveis crescentes de treonina suplementadas com aminoácidos industriais foi semelhante ao obtido com a dieta controle. A conversão alimentar melhorou com o aumento dos níveis de treonina digestível da dieta. A exigência de treonina digestível para maior ganho de peso foi de 0,868%, correspondente ao consumo diário de 168 g, com uma relação treonina:lisina de 0,69 e relação treonina:glicina de 0,40%. Na fase inicial, o desempenho das aves foi prejudicado pela redução dos níveis de proteína, treonina e glicina+serina das rações, sendo que o aumento desses níveis com adição de L-treonina e L-glicina industriais não reverteu essa perda. A composição corporal e a morfometria intestinal também foram prejudicadas pela redução dos níveis aminoacídicos nas duas fases experimentais. Palavras Chave: aminoácidos, composição corporal, desempenho, morfometria intestinal, proteína. LEVELS OF THREONINE, GLYCINE+SERINE AND RATIOS IN BROILER CHICKS General Abstract This study evaluated the levels of digestible threonine (tre) and total glycine+serine and the ratios lysine:digestible threonine and digestible threonine:total glycine+serine on the performance of broiler chicks in the pre-initial and initial phases. Four experiments were conducted (two in each phase), using 720 broiler chicks with one day of age distributed in six treatments (control and five levels of digestible threonine), with six repetitions with 20 birds each. In the pre-initial and in the initial phase of experiment 1 (E1), a high-protein control diet was supplemented with L-lysine-HCl, DL-Methionine and L-Threonine and the other five diets contained increasing levels of digestible tre and supplemented with other amino acids (L-tryptophan, L-arginine, L-glycine, Lvaline and L-isoleucine) and CP level was decreased at approximately 5% of the control diet. In experiment 2 (E2), the same control diet was used, whereas the five diets contained increasing levels of digestible threonine and total glycine+serine, and were supplemented with the same amino acids to meet the requirements. The level of CP was reduced 21% in relation to the control diet. In the pre-initial phase, the performance of birds fed diets with increasing threonine levels and supplemented with amino acids was similar to the performance of control birds. The feed:gain ratio was improved with increasing levels of digestible threonine. The requirement of digestible threonine for weight gain was 0.868%, corresponded to a daily intake of 168 g; the lysine:threonine ratio was 0.69 and threonine:glycine ratio was 0.40%. In the initial phase, performance was impaired by the reduction in protein, threonine and glysine+serine levels in the diet. Besides, increasing levels with supplementation of L-threonine and L-glycine did not result in recovery. Body composition and intestinal morphology were also impaired by the reduction in the amino acid levels in the two experimental phases. Keywords: amino acids, body composition, intestinal morphology, performance, protein. Capítulo 1 Revisão Bibliográfica 1 Resumo: A treonina além de ser um aminoácido limitante em dietas de animais monogástricos, é, geralmente, o ponto crítico nas formulações de ração para frangos de corte, influencia a quantidade de proteína bruta das dietas. Seu uso em formulações para frangos permite, portanto, reduzir a quantidade de Nitrogênio excretado pelas aves, contribuindo para uma maior qualidade ambiental nos galpões de criação. Além de sua participação na síntese da proteína corporal, e nas moléculas de algumas imunoglobulinas do sistema imune, a treonina aparece também como um dos fatores que influenciam o desenvolvimento e o funcionamento do trato gastrintestinal, como um componente importante da mucosa intestinal e do muco que a protege da autodigestão. Em função desse grande número de funções, os requerimentos de treonina para frangos de corte podem variar em função de muitos fatores, entre os quais estão o nível de proteína bruta da ração, o balanceamento aminoacídico, a fase de crescimento e o estágio fisiológico do animal. Seu requerimento em frangos vem sendo bastante estudado, e as pesquisas mostram que o uso L-treonina nas rações tem se mostrado eficiente em melhorar o desempenho e reduzir a excreção de nitrogênio das aves, promovendo melhorias na condição geral dos galpões e das aves, contribuindo para um melhor aproveitamento das dietas e uma conseqüente menor excreção de nitrogênio no ambiente. A glicina é um aminoácido considerado essencial para frangos de corte até os 21dias de idade, pois sua síntese no organismo da ave não é suficiente para atender o seu alto requerimento para crescimento. Envolvida diretamente na síntese de ácido úrico para a excreção de nitrogênio do corpo das aves, esse aminoácido influencia o requerimento de treonina, pois quando presente no organismo ele reduz a necessidade de transaminação de treonina para formar as moléculas de ácido úrico que serão excretadas. A suplementação de glicina é importante para melhorar o desempenho de pintos de corte, visto a essencialidade deste aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no metabolismo de nitrogênio das aves. Abstract: Threonine, is one of the limiting amino acid in non-ruminant diets. Usually, it is also a critical component in broiler diets and influences the levels of dietary crude protein. The supplementation with threonine allows decreasing the excretion of nitrogen by broilers, which contributes for a better environmental conditions of the poultry houses. Threonine is involved in the synthesis of body protein and is part of the immunoglobulins. Furthermore, it affects the development and function of the gastrointestinal tract, as a component of the mucosa and the protecting mucus. Therefore, threonine requirements for chickens vary due to many factors, including the crude protein level of the diet, the amino acid balance, age and 2 physiological condition. Threonine requirements have been largely studied in broiler chickens and threonine supplementation has been shown to effectively improve the performance and decrease nitrogen excretion, resulting in better environmental conditions and better feed utilization. Glycine is considered an essential amino acid for broiler chickens until 21 days of age, since its synthesis is not enough to fulfill the growth requirements. It is directly involved in the synthesis of uric acid and nitrogen excretion. This amino acid also affects threonine requirements, since threonine transamination to form uric acid is lower in the presence of glycine. Glycine supplementation is important to improve broiler chick performance, because it is essential for birds in the first days of age and is involved in the nitrogen metabolism in birds. 3 1.1. Introdução O uso de aminoácidos sintéticos nas rações é uma decisão econômica no sentido de reduzir o custo das dietas. Além disso, a produção industrial de aminoácidos essenciais como Dl-metionina, L-lisina, L-treonina e L-triptofano, juntamente com a redução dos seus preços de comercialização tem impulsionado as pesquisas. Segundo Kidd et al. (2005), a treonina, mesmo sendo apenas o terceiro aminácido limitante para frangos de corte é geralmente o ponto crítico em formulações de custo mínimo, pois influencia o nível de proteína bruta (PB) da dieta. De acordo com Berres (2006), a formulação de rações com metionina, lisina e treonina industriais permite reduzir a PB da dieta e contribui, em conseqüência, para a redução da excreção de ácido úrico e água, evitando assim a excreção de N no ambiente. A treonina representa aproximadamente 4,9% da proteína das penas e 4,2% da proteína da carcaça em frangos (Stilborn et al., 1997), e suas funções incluem a síntese da proteína corporal e penas (4-5% da proteína bruta), sistema tegumentar, enzimas e músculos (Tillman, 2008). Ademais, encontra-se também no epitélio gastrintestinal (células da mucosa, muco e enzimas digestivas) e algumas imunoproteínas são particularmente ricas em treonina (Wu, 1998). Nas aves, a treonina além de ser importante para os aspectos acima referidos é precursora da glicina e da serina no metabolismo, está envolvida na resposta imune, fazendo parte das moléculas de determinadas globulinas do sistema imunitário (imunoglobulinas) e necessário na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001; Ojano-Dirain e Waldroup, 2002), atuando diretamente na integridade e no desenvolvimento do intestino, onde grande parte da treonina consumida pelos animais é usada (Stoll et al., 1998; Bertolo et al., 1998; Burrin et al., 2001). Como nutriente, ajuda a reduzir o estresse calórico e a melhorar a qualidade do ar em galpões de aves através de um contrapeso dietético, melhorando o balanço de aminoácidos 4 com subseqüente redução do excesso de proteína bruta na dieta. Além disso, vários estudos indicam que a treonina, quando em deficiência no organismo, reduz o consumo alimentar. 1.2. Bioquímica da treonina e funções fisiológicas relacionadas A treonina possui quatro isômeros químicos: D- e L-treonina e D- e L-alotreonina (Lewis, 2001), mas aves e suínos podem utilizar apenas a L-treonina (Kidd et al., 2005), por conta de sua inabilidade para fazer a transaminação entre os isômeros. Segundo De Blas et al. (2000) a treonina é um dos aminoácidos de menor peso molecular (119,12) e contém 11,76% de N em sua molécula. Sua estrutura contém dois átomos de carbono assimétricos e uma cadeia lateral polar neutra(sem carga líquida). Como possui um grupo hidroxila capaz de formar ligações com a água, tem característica hidrofílica. Portanto, geralmente a treonina é encontrada na superfície da molécula protéica (Marzzoco & Torres, 1999). O metabolismo da treonina envolve síntese, degradação, incorporação do N na molécula de ácido úrico, conversão dos esqueletos de carbono em glicose, energia ou CO2 e H2O e ainda formação de derivados não protéicos (Kidd et al., 1996). Segundo Lehninger (1991) participa da síntese protéica e seu catabolismo pode gerar numerosos produtos importantes no metabolismo como por exemplo: glicina, acetilCoA, succinilCoA e piruvato. Os esqueletos de carbono resultantes do seu catabolismo geram piruvato ou outros compostos intermediários do Ciclo de Krebs (acetilCoA e SuccinilCoA) para produção de energia e glicina para necessidades metabólicas tais como a síntese de proteína, creatina, serina, ácido úrico, sais biliares e glutationa. Na célula, a treonina atua como aminoácido glicocetogênico, tendo seu carbono α oxidado e sua cadeia carbônica partida, gerando uma molécula de glicina e outra de acetoaldeído que se converte em acetilCoa (Nelson & Cox, 2005). Esta última é aproveitada pelo Ciclo de Krebs resultando em Piruvato (Marzzoco & Torres, 1999) ou, em outra via, converte-se em Succinil-CoA (Lehninger, 1991). Neste processo estão envolvidas as enzimas 5 treonina desidratase e serina desidratase. Segundo Davis & Austic (1982), há maior atividade da treonina desidrogenase no pâncreas e da treonina desidratase e treonina aldolase no fígado e músculo, indicando que estas enzimas são as mais importantes na degradação da treonina em frangos (figura 1). Figura 1: Representação esquemática do catabolismo da treonina (Kidd & Kerr, 1996). A treonina e a serina estão presentes nas moléculas de N-acetilgalactosamina, uma glicoproteína envolvida na síntese de mucinas que podem ser encontradas nas mucosas repiratória, reprodutiva e do trato gastrintestinal, bem como na glicosaminoglicana KS II presente no tecido conectivo (Murray et al., 2003). A treonina é muito importante na função intestinal (Law et al., 2007) pois o revestimento mucoso do intestino o protege da ação de toxinas, bactérias, autodigestão e abrasão física. Segundo Specian & Oliver (1991) a produção de muco no epitélio intestinal contribui para o seu funcionamento e proteção, além de influenciar a absorção de nutrientes no lúmem. O muco é constituído de glicoproteínas de alto peso molecular, nas quais a treonina representa 40% do resíduo de proteína na molécula (Calrstedt et al., 1993). A camada de gel mucoso, secretada pelas células Caliciformes é constituída por 95% de água e 5% de mucinas, glicoproteínas particularmente ricas em treonina (Corfield et al., 2001). É um componente importante da barreira não-imune do 6 intestino, que atua protegendo a mucosa das enzimas digestivas e dano físico pela digesta (Faure et al., 2005; Faure et al., 2007). 1.3. Digestibilidade, absorção e metabolização da treonina Nos ingredientes, os coeficientes da digestibilidade para a treonina são geralmente mais baixos do que para lisina e variáveis entre matérias-primas, devido à sua hidrólise e absorção mais lentas (De Blas et al, 2000). A absorção mais lenta da treonina em relação à proteína como um todo está relacionada à sua baixa digestibilidade, propriedade esta que a torna eficiente como constituinte das mucinas (proteínas indigestíveis), que protegem o trato gastrintestinal da ação das suas próprias enzimas que resultaria em autodigestão (Buraczewska et al., 2006). Outro aspecto que talvez contribua para a menor taxa de absorção da treonina é a competição por transportadores no lúmen intestinal, pois aminoácidos com estruturas semelhantes competem pelos mesmos carreadores, sendo a serina e o triptofano competidores diretos da treonina nesse sentido. Além disso, a digestibilidade dos aminoácidos pode ser muito baixa em algumas fontes de proteína vegetal de rações para frangos, dependendo da quantidade de fibra na matéria-prima utilizada (Leeson & Summers, 2001), como pode ser verificado na tabela 1. Berres (2006) afirmou que a digestibilidade da treonina é inferior à média da proteína e bastante variável. Além disso, as elevadas concentrações de treonina nas perdas gastrintestinais que alcançam o ceco indicam que a digestibilidade ileal aparente subestima as quantidades de treonina que podem ser absorvidas no final do intestino delgado das aves. O conteúdo ileal é muito rico em treonina (Le Bellego et al., 2002), e possui relação tre:lis de 1,74, enquanto nas excretas de aves domésticas esta relação é de 1,32 (Kadim et al., 2002), indicando que a quantidade de treonina perdida nas fezes é bem superior à de lisina. Esta característica específica da treonina, que está ligada as suas funções metabólicas, ressalta a importância da utilização de valores digestíveis. Além disso, secreções endógenas (muco e 7 enzimas), o turnover protéico e a utilização dos aminoácidos pelas bactérias podem influenciar a digestibilidade e o uso da treonina pelo trato gastrintestinal (Melchior et al., 2006). Tabela 1. Níveis de treonina total e digestível em alguns ingredientes vegetais de rações de frango de corte. Fonte Treonina total (g/kg) 3,7 3,7 3,2 3,1 4,9 Coeficiente de digestibilidade (%) 81,4 83 83,8 85,4 85,7 Treonina digestível (g/kg) 3,0 2,7 2,7 2,6 4,2 Relação treonina:lisina digestíveis 1,03 0,91 1,28 1,53 1,2 92,5 19,4 2,13 70,9 87,4 88,6 89,3 84 87 69,5 48,3 3,5 12,9 15,7 16,6 13 8,7 6,7 10,6 0,73 0,63 0,61 0,61 0,73 0,80 0,73 0,5 Trigo Triticale Milho Sorgo Milheto Far. de glúten de milho 21 (60%) Far. de arroz integral 4,9 Soja integral extrusada 14,7 Farelo de soja 45% 17,8 Farelo de soja 48% 18,6 Farelo de canola 15,5 Farelo de girassol 10 Farelo de algodão 9,7 Levedura de álcool 22 Fonte: Adaptado de Rostagno et al., 2005 As características de absorção e digestão da treonina acima citadas ressaltam a importância da suplementação dietética das rações de aves com aminoácidos sintéticos, como os animais não utilizam os nutrientes de forma semelhante nos diferentes ingredientes, em alguns casos, estes não são totalmente digeridos pelo animal, dependendo da qualidade dos ingredientes usados e da presença de fatores antinutricionais neles. O uso de valores digestíveis em vez dos valores totais é importante para a formulação de rações, porque considera valores mais próximos dos que serão realmente aproveitados pelo animal. Além disso, a fração da treonina absorvida pelo íleo não é inteiramente entregue ao sangue portal 8 que coleta os nutrientes do processo de digestão, pois uma parte significativa da treonina digestível é usada pelo próprio trato digestivo. Sendo assim, o uso da treonina absorvida e a exigência do trato intestinal são dependentes de fatores diversos tais como: desenvolvimento da microflora do intestino, atividade dos tecidos linfáticos, estado nutricional do animal e desordens digestivas. Sendo assim, a formulação com valores digestíveis em vez de totais reduz o risco de ter na dieta que será oferecida ao animal uma quantidade de aminoácidos muito inferior daquele que se buscou na formulação, isto se aplica principalmente à treonina, devido à sua digestibilidade relativamente baixa. 1.4. Relação Treonina:Lisina e excreção de N A eficiência de utilização aminoacídica para aves em crescimento depende da adequação dos níveis dietéticos (Samadi & Liebert, 2008). Existem várias pesquisas mostrando o efeito positivo da L-treonina em possibilitar a redução da PB da dieta sem prejudicar o desempenho. Wang et al. (2007) estudando a redução da PB da ração com ou sem adição de L-treonina, verificaram que a adição foi eficiente em recuperar variáveis de desempenho em frangos consumindo ração com baixa proteína bruta (19%) em comparação com o controle (21%). Dozier et al. (2001) relataram que dietas com baixo nível de treonina podem afetar negativamente a absorção de nutrientes, por conta da alta concentração do aminoácidos nas proteínas associadas à mucosa intestinal. Os autores relataram que o aumento do nível de treonina (0,52 a 0,74%) na dieta de frangos machos (45 dias) melhorou a retenção de N, mas que o mesmo não ocorreu com fêmeas. Segundo Tillman (2008), a treonina é um importante ingrediente nas dietas de frangos, porque permite formulações mais próximas dos requerimentos aminoacídicos das aves, já que o excesso de aminoácidos pode ser prejudicial ao desempenho. De acordo com Berres et al. 9 (2007) a relação tre:lis de 63,5% é suficiente para maximizar o desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais de frangos de corte dos 17 aos 37 dias de idade. Lensing & Van Der Klis (2006) estudaram o efeito da redução dietética da proteína no desempenho do crescimento de frangos (Ross 308) com ou sem adição de L-treonina até os 39 dias de idade, avaliando rações com 21% de PB e relação tre:lis de 65% e com 19% de PB e relações tre:lis de 55 e 65%, esta última obtida com adição de L-treonina industrial. A suplementação de L-treonina na dieta com reduzida PB permitiu que as aves alcançassem o mesmo desempenho de crescimento que as aves alimentadas com a dieta de alta proteína (21%); já sem L-treonina suplementar as aves tiveram uma significativa diminuição no peso tanto aos 29 como aos 39 dias de idade bem como uma redução significativa no consumo de alimento. Além disso, a dieta com PB reduzida (sem L-treonina) resultou em uma cama significativamente mais seca do que a dieta com alta PB, enquanto a dieta com PB reduzida e suplementação de L-treonina obteve valor intermediário para este parâmetro. Segundo Barbosa et al. (2001) a exigência de treonina digestível para melhor GP e CA na fase final de criação foi de 0,87% em dietas com 18% de PB. Alguns autores (Leclerq, 1998; Kidd et al., 2003; Kidd et al., 2004; Corzo et al., 2007) relatam que o efeito da relação tre:lis na carcaça (rendimento de carne do peito e da carcaça) é muito baixo e que as exigências são as mesmas que para o ganho de peso. Sendo assim, abaixo da exigência, o nível crescente de treonina melhoraria as características de carcaça (Ciftci & Ceylan, 2004). Por outro ldo, segundo Relandeau & Le Bellego (2004) ao se aumentar o nível de treonina na dieta (acima da exigência) há um aumento do rendimento da carne de peito. Não obstante, algumas pesquisas relataram uma melhoria linear no rendimento coxa (Atencio et al., 2004) e no rendimento da carcaça (Corzo et al., 2003) com o aumento da relação tre:lis de 60 até 80%. Dozier et al. (2000) reportaram que, para obter máximo desempenho e rendimento de carcaça em frangos foram necessários 0,74% de treonina 10 digestível. Desta forma, mais estudos são necessários para avaliar o efeito da relação treonina:lisina sobre as características de carcaça. O status sanitário na produção das aves pode ser melhorado reduzindo a PB dietética. Nas aves, o nível de PB é relatado como um fator predisponente da Enterite Necrótica (Drew et al., 2004; Dahiya et al., 2005; Mc Devitt et al., 2006). Portanto, a utilização de L-treonina nas rações de frangos pode contribuir decisivamente para evitar este problema. Todos os aminoácidos que excedem os requerimentos para mantença e produção são catabolizados; ocorre a remoção do grupo α-amino por transaminação e desaminação oxidativa, formando amônia e os α-cetoácidos correspondentes (Champe & Harvey, 1996). Além disso, quando a proteína dietética é alta, uma quantidade maior de água é exigida para a excreção eficiente de N. A conseqüência prática deste efeito nos frangos é a degradação da qualidade da cama que conduz à deterioração sanitária do ambiente. No entanto, o uso de dietas com reduzida PB é possível sem efeito prejudicial no desenvolvimento, através da adição de aminoácidos tais como a L-Treonina. Kidd et al. (2003) realizaram um experimento avaliando o impacto da condição sanitária na exigência de treonina em frangos machos (Cobb, 42-56 dias) em circunstâncias ambientais diferentes, verificando que o desempenho (GP e CA) das aves em ambiente limpo teve uma resposta positiva quadrática ao aumento da relação tre:lis com exigência estimada em 0,70, já no ambiente sujo, as aves mostraram uma resposta positiva linear ao aumento da relação tre:lis que aumentou até 0,85 (nível máximo utilizado). Corzo et al. (2007) avaliaram o efeito da condição da cama na exigência de treonina em frangos (Ross x Ross 708) entre 21 e 42 dias de idade. As aves foram criadas em cama nova (raspa de madeira macia) ou usada anteriormente por 4 lotes. Foram avaliadas seis relações Tre:Lis (44, 52, 57, 64, 70 e 76%) em rações que continham 18,6% PB e 1,03% de Lis. Em ambas as circunstâncias, foram observadas respostas quadráticas, mas no ambiente sujo, a 11 relação ótima foi sempre maior do que em circunstâncias limpas, tanto para o desempenho como para características de carcaça. O melhor ganho de peso foi obtido com relação Tre:Lis de 66% no ambiente limpo. A exigência de treonina para a mantença é alta, devido a sua alta taxa de turnover e perda na forma de mucinas nas secreções intestinais endógenas (Fernandez et al., 1994). As aves excretam a maior parte do N do catabolismo protéico na forma de ácido úrico, pois não possuem a carbamoil fosfato sintetase, enzima que fixa o nitrogênio livre em mamíferos (Bertechini, 2006). Durante a formação do ácido úrico na célula, existe uma necessidade aumentada de alguns aminoácidos que são chaves no processo como metionina (doadora de metila CH4), arginina e glicina (Murray et al., 2003). A utilização de altos níveis de PB nas dietas provoca um incremento nas necessidades dietéticas desses aminoácidos para garantir a excreção normal de N, sendo assim, gasta-se 1 mol de glicina para cada molécula de ácido úrico produzido. Ademais, apesar da molécula de ácido úrico ser relativamente pequena, a necessidade energética para a sua biossíntese é 87,5% maior do que para a uréia, um gasto de aproximadamente 3,75 ATPs/mol de N excretado na forma de ácido úrico, enquanto no caso da uréia este valor é de 2,0 ATPs/mol (Bertechini, 2006). 1.5. Influência da treonina sobre o TGI A sobrevivência e o bom desempenho das aves dependem da obtenção adequada de energia e compostos químicos pelo organismo. Para que isso ocorra é necessário que o trato digestivo apresente características estruturais funcionais desde a ingestão dos alimentos até a sua absorção (Romer & Parsons, 1981). Além da síntese protéica, a treonina está envolvida em importantes funções biológicas como a manutenção, integridade e imunidade do trato gastrintestinal e de algumas mucosas, consequentemente, sua exigência pode variar de acordo com a importância de cada função (Primot et al., 2008). 12 Segundo Gomide-Junior et al. (2004), a avaliação quantitativa e qualitativa da integridade intestinal são relevantes, pois permitem uma confiável reavaliação da capacidade digestiva e de absorção do intestino, como também a análise de danos à mucosa intestinal causados pelo jejum ou agentes patogênicos. Assim torna-se evidente a necessidade de se conhecer mais detalhadamente as características morfofuncionais do Sistema Digestório e a capacidade do mesmo em responder a agentes externos (Macari et al., 2002), pois a máxima capacidade de digestão e absorção ocorre quando o animal apresenta uma grande área luminal, com altas vilosidades e enterócitos maduros, sendo fundamental para o seu desenvolvimento (Cera et al., 1988). A mucosa intestinal responde aos agentes exógenos por meio de modificações morfológicas na altura e número das vilosidades intestinais, profundidade de criptas intestinais, proliferação celular e número de células mortas por perda epitelial (Gomide-Junior et al., 2004). Macari (1999) relatou que o número de vilosidades e seu tamanho, bem como o de microvilos, em cada segmento do intestino delgado, conferem a eles características próprias, sendo que na presença de nutrientes a capacidade absortiva do segmento será diretamente proporcional ao número de vilosidades ali presentes, tamanho dos vilos e área de superfície disponível para a absorção. Sabe-se que o desenvolvimento da mucosa intestinal é decorrente de dois eventos citológicos primários associados: a renovação celular (proliferação e diferenciação), resultante das divisões mitóticas sofridas por células localizadas na cripta e ao longo dos vilos (Uni et al., 1998; Uni, 2000) e a perda de células por descamação, que ocorre naturalmente no ápice dos vilos. O equilíbrio entre esses dois processos é determina a capacidade digestiva e absortiva do intestino. Segundo Yamauchi e Ishiki (1991), a densidade de vilos é diferente nas várias porções intestinais (duodeno, jejuno e íleo), onde o número de vilos é reduzido aos 10 dias de idade, 13 independente da raça. O fato não implica em menor capacidade absortiva, e sim em maior desenvolvimento do vilo. Assim, o número de vilos/área é reduzido em função da idade, sendo observada uma redução maior no frango de corte em relação à poedeira. Aptekmann et al. (2001) afirmaram que os arranjos das vilosidades intestinais são controlados pela absorção dos nutrientes. Existe pouca informação a respeito do desenvolvimento morfológico e funcional do intestino delgado em frangos após a eclosão. Após o nascimento, o intestino delgado das aves continua a crescer em peso mais rapidamente do que a massa corporal total. Este crescimento relativo do intestino delgado é máximo entre seis e dez dias de idade nos frangos e ocorre na presença ou ausência de alimentos (Mateos et al., 2004; Sklan, 2004), porém, a ingestão de alimentos estimula o desenvolvimento do TGI (Gracia et al., 2003) sendo que o crescimento do duodeno ocorre mais cedo do que do jejuno e do íleo (Uni et al., 1999). A interação entre o crescimento intestinal, as funções digestivas e a dieta é crítica durante o período pós-eclosão, quando as aves passam a não mais depender da nutrição entérica (Uni et al., 1999) a influência da presença ou não de alimento torna-se maior sobre o TGI e principalmente sobre a mucosa intestinal. O peso do intestino delgado aumenta paralelamente à ingestão de nutrientes em frangos jovens (Obst & Diamond, 1992; Uni et al., 1999). É sabido que durante as primeiras semanas de vida, o crescimento do trato digestório excede o crescimento de outros órgãos das aves e esse desenvolvimento é fundamental para que a ave maximize a absorção dos nutrientes fornecidos pela dieta (Loddi, 1998). Em aves recém eclodidas, as enzimas exigidas para a digestão dos alimentos devem ser segregadas em quantidades suficientes para a hidrólise antes do aumento do enterócito. A digestão inicial da alimentação é executada pela pepsina, proteases, peptidases, lipase e amilase pancreáticas. Os estágios finais da digestão são realizados por enzimas da borda em escova (Uni et al.1999). No pintainho, após a eclosão, a secreção de enzimas pancreáticas por 14 grama de alimento consumido não muda com a idade (Noy & Sklan, 1997). Ao contrário, tanto a dissacaridase mucosal como a fosfatase alcalina (ALP), atingem sua atividade máxima já no 2º dia de idade (Uni et al, 1998). De acordo com Uni et al. (1999), a altura e a área dos vilos no duodeno e no jejuno aumentam rapidamente nos primeiros doze dias de idade, após esse período o crescimento é muito menor. A área das vilosidades tem uma correlação linear com o peso em todos os segmentos. As mudanças na profundidade de criptas com a idade são pequenas, e são inicialmente mais rápidas no duodeno que no jejuno e no íleo, entretanto, no jejuno elas aumentam a partir do 3º dia de idade, semelhantemente ao duodeno. No íleo, após o sexto dia praticamente não ocorrem mudanças. O jejuno aumenta sua massa mais rapidamente que o duodeno e o íleo após o 3º dia. Os três segmentos do intestino delgado atingem a proporção máxima em relação ao peso corporal 6 a 7 dias após a eclosão. O elemento funcional do intestino delgado é a mucosa, que pode ser caracterizada como uma camada permeável a nutrientes e barreira contra compostos nocivos. A competição entre bactérias e hospedeiro por nutrientes e a formação de metabólitos depressores do crescimento no intestino podem ter efeitos negativos sobre a mucosa do intestino delgado (Oliveira et al., 2008). O muco tem como uma das suas funções mais importantes a proteção contra invasão bacteriana decorrente da ingestão de bactérias patogênicas, como a Salmonella sp (Ito, 1997), ou quando ocorre alteração da flora bacteriana induzindo proliferação anormal de bactérias patogênicas .O muco forma um filme protetor no qual as bactérias são retidas e destruídas pela ação do pH , lisosimas e anticorpos do tipo IgA. De acordo com Stoll et al. (1998), quase 90% da treonina usada pelo TGI ou é secretada como proteína mucosal ou catabolisada, pois a mucina é praticamente indigestível, e a treonina nela contida não pode ser recuperada e se perde nas excretas (Fuller, 1994), isto corresponde a aproximadamente 50% do AA na dieta (Wu, 1998). De acordo com Le Bellego 15 et al. (2002) 40 a 50% da treonina consumida pelos animais é usada pelo intestino, já Myrie et al. (2003) relataram que 60% da treonina consumida é utilizada para síntese de mucina, já que é encontrada em elevadas concentrações nas secreções gastrintestinais (Burrin et al., 2001). Isto implica que uma parte da exigência de treonina não está associada com a deposição de proteína muscular, mas com funções do trato gastrintestinal, que parece ter uma grande necessidade desse aminoácido, contribuindo extensivamente para com as exigências totais do animal. 1.6. Influência da Glicina sobre o desempenho de frangos de corte A glicina é um aminoácido considerado não essencial, mas para frangos de corte até 21 dias de idade isto não se aplica, pois apesar dessas aves serem capazes de sintetizar glicina, esta síntese não atende as exigências para o seu rápido crescimento. O aumento do requerimento de glicina em aves jovens ocorre em função do elevado turnover protéico em seu organismo, que resulta em uma maior excreção de N que é, nas aves, excretado na forma de ácido úrico, sendo que cada molécula de ácido úrico excretada representa a perda de uma molécula de glicina (Waldroup et al., 2005). Além de utilizada para a síntese protéica, formação de DNA, RNA, creatina, sais biliares e ácido úrico, a glicina é o único AA incorporado inteiramente na molécula de ácido úrico no processo de excreção de N. Sève et al. (1993) relataram que um déficit de glicina poderia causar um aumento na exigência de treonina. Portanto, como a treonina é precursora da glicina, um excesso de PB na dieta resulta em aumento da exigência de treonina, que transformada em glicina, é incorporada na molécula de ácido úrico e eliminada. Sendo assim, animais em crescimento sem suplementação de L-glicina podem ter suas necessidades de treonina aumentadas, pois além de sua perda na forma de mucinas devido ao elevado turnover protéico, a treonina pode ser modificada para suprir necessidades de serina e/ou glicina. De acordo com Rostagno et al. (2003) a exigência de glicina e de serina em aves é 16 maior na fase inicial e a exigência metabólica de glicina aumenta quando aumenta a excreção de ácido úrico. Estudos indicam que, com a suplementação de treonina, ocorre redução na exigência de glicina. A glicina e a serina, segundo Corzo et al. (2004), podem se tornar deficientes para pintos de corte alimentados com dietas vegetais, com baixo nível de proteína bruta e com níveis inferiores de treonina. Corzo et al. (2004) trabalharam com níveis crescentes de 0,62 a 1,22% de glicina em rações para frangos de corte de 7 a 20 dias, e determinaram uma exigência de 0,98 e 1,02% de glicina (1,76 e 1,80% de glicina+serina) para máximo ganho de peso e melhor conversão alimentar, respectivamente. Os autores enfatizam que a glicina deve ser considerada limitante em dietas para animais jovens, principalmente quando estas dietas são formuladas com ingredientes exclusivamente de origem vegetal. Han & Baker (1992) apontam o nitrogênio amino não específico (necessário para a síntese de aminoácidos não essenciais) como fator limitante em dietas de baixa proteína, indicando uma possível necessidade de suplementação com aminoácidos não essenciais (glicina e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria do desempenho. Sohail et al (2003) desenvolveram um estudo para se verificar os efeitos da adição de três níveis de glicina (0,00, 0,05 e 0,10%) sobre o desempenho de frangos de corte submetidos a três dietas: dieta controle (atendendo ao requerimento de todos os aminoácidos), dieta com deficiência de aminoácidos (com redução de 15% dos aminoácidos) e dieta com correção de lisina e metionina (redução de 15% dos aminoácidos, exceto lisina e metionina). Os autores concluíram que a adição de glicina sintética (0,05 ou 0,10%) nas dietas com ou sem redução dos aminoácidos não teve efeito significativo sobre o desempenho das aves, porém, quando houve a correção dos níveis de lisina e metionina, um aumento parcial do desempenho foi verificado. 17 Dean (2005) realizou experimentos para determinar até que ponto os valores de PB da dieta podem ser reduzidos sem prejudicar o desempenho dos frangos de corte e avaliar diferentes perfis de aminoácidos essenciais e não essenciais em dietas de alta e baixa PB, suplementadas com aminoácidos industriais. No primeiro experimento, o ganho de peso, o peso final e a conversão alimentar das aves decresceram linearmente com o decréscimo dos níveis de PB, mesmo com as concentrações constantes dos três primeiros aminoácidos limitantes (metionina+cistina, lisina e treonina). No segundo experimento, quando os aminoácidos não essenciais glicina, aspartato, prolina, alanina e glutamato foram adicionados às dietas de baixa PB, o ganho de peso, peso final e conversão alimentar foram semelhantes aos observados em aves alimentadas com dietas de alta PB. Um terceiro experimento foi conduzido com a finalidade de se determinar o efeito da suplementação individual dos aminoácidos não essenciais. Os resultados mostraram que somente a glicina e combinação de glicina, glutamato, aspartato, alanina e prolina aumentaram efetivamente o ganho de peso e melhoraram a conversão alimentar. As exigências de glicina+serina foram determinadas nos experimentos 4 e 5; os autores concluíram que a conversão alimentar foi otimizada quando foi fornecido 2,14% de glicina+serina na dieta, para frangos de corte de 0 a 17 dias. Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da suplementação de glicina em dietas de frangos de corte com diferentes níveis de proteína bruta sobre o desempenho das aves. Os autores encontraram que a adição de 0,2 ou 0,4% de glicina nas dietas com menores teores de proteína (16 e 18%de PB e 0,62 e 0,78% de glicina, respectivamente) melhorou o desempenho das aves, enquanto não houve resposta da adição de glicina em dietas com maiores teores de proteína (20, 22 e 24%). Os autores sugerem que as exigências em glicina para frangos de corte do NRC (1994) são inadequadas para dietas com baixos níveis de proteína bruta. 18 Dahiya et al. (2005) relatam que alguns trabalhos têm demonstrado haver uma correlação entre certos aminoácidos, especialmente glicina, e populações de Clostridium perfringens e produção de toxina. Embora o C. perfringens seja um habitante normal dos intestinos das aves, em certas circunstâncias sua população pode aumentar desordenadamente, podendo causar enterite necrótica clínica ou subclínica, reduzindo o ganho de peso e a conversão alimentar das aves e aumento das taxas de mortalidade. Com o objetivo de verificar o efeito dos níveis de glicina sobre as populações de C. perfrigens nos intestinos de frangos de corte, os autores executaram três experimentos, em que confirmaram que teores de glicina acima de 2,0% levaram ao aumento significativo da população do C. perfringens, podendo ser um fator predisponente à enterite necrótica. Nos dois primeiros experimentos ocorreu uma redução significativa no ganho de peso das aves que receberam dietas com 3,04 e 4,21% de glicina, em comparação com aquelas alimentadas com dietas contendo 0,75% de glicina, de 14 a 21 e 21 a 28 dias. Já no terceiro experimento, utilizando-se os níveis de 0,50; 0,75; 1,00; 1,50; 2,00 e 4,00% de glicina, somente as dietas com 4,00% reduziram o ganho de peso das aves, no período de 14 a 21 dias, provocando piora na conversão alimentar de 1 a 21 e de 21 a 28 dias. Em estudo conduzido por Dean et al. (2006) com o objetivo de se avaliar os efeitos da suplementação de glicina em dietas de baixa proteína suplementadas com aminoácidos sintéticos sobre o desempenho produtivo de frangos de corte, concluiu-se que a adição de glicina em uma dieta de 16% de PB suplementada com aminoácidos essenciais resultou em GP e eficiência alimentar semelhantes aos daqueles que receberam dietas com 22% de PB, estabelecendo um requerimento de glicina+serina de 2,32% para frangos de corte de 0 a 17 dias de idade. 19 1.7. Considerações Finais Os estudos mostram que a treonina é um dos aminoácidos mais importantes no metabolismo e na nutrição de frangos, pois exerce um papel bastante variado no organismo animal, com participações importantes na síntese protéica, no desenvolvimento e funcionamento do trato gastrintestinal e na função imune, fazendo parte das moléculas de algumas imunoglobulinas. Seu requerimento em frangos vem sendo bastante estudado, e as pesquisas mostram que o uso L-treonina nas rações tem se mostrado eficiente em melhorar o desempenho e reduzir a excreção de nitrogênio das aves, promovendo melhorias na condição geral dos galpões e das aves, contribuindo para um melhor aproveitamento das dietas e uma conseqüente menor excreção de N no ambiente. A suplementação de glicina é importante para melhorar o desempenho de pintos de corte, visto a essencialidade deste aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no metabolismo de nitrogênio das aves, além disso, a adição de glicina industrial nas dietas tem efeito poupador da treonina, pois reduz a sua trasaminação para formar as moléculas de ácido úrico excretadas pelas aves. 20 1.8. Referências Bibliográficas APTEKMANN, K. P.; BARALDI-ARTONI, S. M.; STEFANINI, M. A.; ORSI, M. A. Morphometric analysis of the intestine of domestic quails (Coturnix coturnix japonica) treated with different levels of dietary calcium. Anatomia, Histologia, y Embryologia, v. 30, n. 5, p. 277-280, 2001. ATENCIO, A.; ALBINO, L.F.T., ROSTAGNO, H.S., OLIVEIRA, J.E., VIEITES, F.M., DONZELE, J.L. Exigências de Treonina para Frangos de Corte Machos nas Fases de 1 a 20, 24 a 38 e 44 a 56 Dias de Idade. R. Bras. Zootec., v.33, n.4, p.880-893, 2004. 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No primeiro experimento (E1), os tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (0,821; 0,631; 0,710; 0,789; 0,868 e 0,947%), com nível constante de glicina+serina total (2,089), resultando em diferentes relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37; 0,41 e 0,45). No segundo experimento (E2), os tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (os mesmos do E1) e glicina+serina total (2,329; 1,601; 1,804; 2,005; 2,206 e 2,407%), mantendo sempre a mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) e variando as relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75). Em ambos os experimentos o primeiro tratamento (T1) foi o controle. Foram avaliados os parâmetros de desempenho, composição corporal e morfometria intestinal. O desempenho no foi afetado pelos níveis e relações aminoacídicas, que resultaram em reduções no conteúdo de proteína bruta das dietas, sendo estas reduções de 4,8% no E1 e de 23,7% no E2. No E1 houve redução do peso final e do ganho de peso, os dados apresentaram regressão quadrática e atingiram os mesmos valores que o tratamento controle com 0,813% de treonina digestível. As conversões alimentar e protéica foram melhores que o controle, sendo que a conversão alimentar melhorou linearmente com aumento do nível de treonina digestível na dieta. Na composição corporal houve aumento de gordura, redução da deposição protéica e piora na relação proteína:gordura da carcaça, essas variáveis melhoraram com o aumento do nível de treonina digestível atingindo os melhores resultados com 0,856%. No E2 o consumo foi menor que o controle nos tratamentos teste, o peso final e o ganho de peso tiveram uma redução, que foi recuperada com o aumento dos níveis de treonina digestível e glicina+serina total, atingindo os melhores resultados com 0,864% de treonina digestível e 2,192% de glicina+serina total, sendo que esta recuperação não foi suficiente para alcançar o mesmo desempenho do controle. A composição corporal apresentou uma melhora linear nos teores de proteína e gordura da carcaça com o aumento do nível de treonina digestível, mas ainda assim os valores foram piores que os do tratamento controle. A relação proteína:gordura da carcaça apresentou regressão quadrática e se igualou ao controle com 30 0,834% de treonina digestível e 2,196% de glicina+serina total. A morfometria intestinal das aves foi afetada pelos tratamentos em ambos o experimentos, mas os resultados são inconclusivos. Conclui-se que é possível reduzir o teor de proteína da dieta com a suplementação de aminoácidos industriais e recomenda-se, para pintos de corte na fase préinicial, as relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição corporal, respectivamente, de 0,68 e 0,40. Os níveis de treonina digestível e de glicina+serina totais que proporcionam os melhores resultados nesta fase são, respectivamente, de 0,864% e 2,192%. Abstract: The reduction of crude protein levels in the diet of broiler chickens involves the adjustment of amino acid requirements, especially in the initial phases. The objective of this study was to evaluate the effect of digestible threonine and of the ratios threonine:lysine and threonine:glycine on the performance, body composition and intestinal morphology of broiler chicks in the pre-initial phase (1 to 7 days of age). Two trials were carried out, with six treatments and six repetitions of 20 birds in each trial. Male Cobb chicks with mean body weight of 47 ± 1 g were distributed into a completely randomized experimental design. In the first trial, treatments consisted of different digestible threonine levels (0.821; 0.631; 0.710; 0.789; 0.868 and 0.947%) and constant total glycine+serine level (2.089), which resulted in different threonine:lysine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75) and threonine:glycine+serine (0.30; 0.33; 0.37; 0.41 and 0.45). In the second trial, the treatments comprised diets with different digestible threonine levels (similar to trial 1) and total glycine+serine levels (2.329; 1.601; 1.804; 2.005; 2.206 and 2.407%), with a constant threonine:glycine+serine ratio (0.393) and different threonine:lysine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75). In both trials, the first group was the control treatment (T1). Performance, body composition and intestinal morphology were evaluated. Performance was not affected by amino acid levels and ratios, which resulted in decreased crude protein contents in the diets (4.8% in Trial 1 and 23.7% in trial 2). Body weight and weight gain decreased in trial 1; there was a quadratic effect and values were similar to control treatment when 0.813% digestible threonine was used. Feed conversion and protein conversion were better than T1, so that feed conversion improved linearly with increasing digestible threonine levels. There was increased fat, lower protein deposition and worse protein:fat ratio in the carcass; the variables were improved with increasing digestible threonine levels until the level of 0.856%. In the second trial, the intake was lower in the treatments when compared to control. Final body weight and weight gain decreased and then improved with the increase in digestible threonine levels and total glycine+serine levels; the better results were seen with 31 0.864% digestible threonine and 2.192% total glycine+serine, but values were still lower than the control treatment. Improved protein and fat carcass levels were seen with increasing digestible threonine levels, but the control treatment was still better. Carcass protein:fat ratio data showed a quadratic regression and was similar to the control with 0.834% of digestible threonine and 2.196% of total glycine+serine. Intestinal morphology was affected by the treatments in both trials, but results are inconclusive. It is concluded that dietary protein can be reduced when amino acids are supplemented. It is recommended a threonine:lysine ratio of 0.68 and a threonine:glycine ratio of 0.40 for broiler chicks in the pre-initial phase. The recommended levels of digestible threonine and total glycine+serine are 0.864% and 2.192%, respectively. 32 Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas relações para pintos de corte machos na fase pré-inicial 2.1. Introdução A possibilidade da redução da proteína bruta (PB) da ração e, também, da utilização de alimentos alternativos necessita de melhor definição das exigências de aminoácidos para frangos de corte. Pesquisas têm sido conduzidas no sentido de estabelecer proporções ideais de AA em relação à lisina, utilizando o conceito de “proteína ideal” (D’Mello, 1993). Com a produção industrial de lisina, metionina, treonina e outros aminoácidos, alguns autores têm indicado a possibilidade de se reduzir o nível protéico das rações, desde que devidamente suplementadas com os referidos aminoácidos sintéticos (Blair et al.1976; Weerden e Schutte 1980 e Carmo 1981). Para obter o melhor desempenho das aves com um mínimo de excreção de N, a meta dos nutricionistas tem sido reduzir os excessos de PB, através da determinação e do atendimento, com maior exatidão das necessidades de cada aminoácido para o animal. Como a proteína é o segundo componente mais caro nas rações, os seus níveis devem ser monitorados em função da elevada perda de N via excreta, que torna insalubres as condições internas das instalações, podendo interferir na saúde das aves. De acordo com Silva et al. (2006), o desperdício de N, além de caro para o organismo, que passa a sintetizar mais ácido úrico com gasto de energia e de aminoácidos como glicina e serina, eleva o risco de contaminação ambiental com N. Segundo Tillman (2008), a treonina atua diretamente na integridade e no desenvolvimento do intestino através da sua presença em glicoproteínas do muco, responsáveis pela proteção do trato gastrointestinal contra a autodigestão, no sistema imunitário fazendo parte das moléculas de determinadas imunoglobulinas e melhorando o balanço de AA essenciais com subseqüente redução do excesso de PB na dieta. 33 Não é desejável que ocorra redução no rendimento de carcaça nem aumento do teor de gordura na carcaça. A alta taxa de participação da treonina na composição de proteína corporal e sua íntima relação com a formação do tecido entérico, que sofre constantes alterações em função da descamação de células no enterócito, podem resultar em alterações na composição corporal caso haja mudanças no teor de treonina ingerido pela ave. Não apenas em função da alteração no teor protéico das dietas, mas principalmente em função da mudança no balanço aminoacídico da proteína ingerida, que sabidamente influencia a utilização e, consequentemente, a deposição de aminoácidos e de proteína na carcaça. Em dietas de frangos, a treonina é considerada o terceiro AA limitante depois da metionina e lisina. Tem papel importante como componente da proteína da pena e precursora da glicina e da serina no metabolismo, além de estar envolvida ainda na resposta imune e ser necessária na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001). A mucina é uma glicoproteína (muco) insolúvel em água, secretada pelas células caliciformes, que funciona como protetor do epitélio intestinal e impede o contato de microorganismos, secreções do próprio organismo com a mucosa e ações mecânicas (Macari & Maiorka, 2000). Segundo Kidd (2002) mesmo sendo apenas o terceiro AA limitante em rações para frangos de corte, a treonina é geralmente o ponto crítico em formulações de custo mínimo, pois influencia o nível de PB da dieta. A formulação de rações com metionina, lisina e treonina industriais permite reduzir a PB da dieta e contribui, por conseqüência, para a redução da excreção de ácido úrico e água, diminuindo a excreção de N no ambiente (Berres, 2007). Parte do processo de digestão acontece no duodeno por ação das enzimas provenientes do pâncreas. A degradação final de proteínas e carboidratos ocorre em nível das microvilosidades, nas quais as peptidases e dissacaridases, aderidas ao glicocálix, liberam 34 aminoácidos e monossacarídeos. Tais monômeros são transportados através das células por ação de proteínas transportadoras específicas (Gartner & Hiatt, 1997). A absorção dos produtos da digestão ocorre inteiramente no intestino delgado, através de três mecanismos, difusão, difusão facilitada e transporte ativo. Essa absorção é facilitadas pela disposição da mucosa em inúmeras projeções, chamadas vilosidades, e invaginações da mucosa entre a base das vilosidades, formando as criptas de Lieberkhun. Na superfície do vilo ocorre, a cada três a cinco dias, a substituição de todo o revestimento epitelial através da extrusão e descamação celular para o lúmen (Bayer et al., 1981), sendo esse processo mais ativo nos frangos de corte. Este fato sugere uma maior atividade mitótica na região vilo:cripta e maior velocidade de migração dos enterócitos nos frangos de corte selecionados para o crescimento (Smith et al., 1990). As células do epitélio intestinal da ave mantêm uma elevada taxa metabólica para suportar suas funções de secreção e absorção dos nutrientes da dieta. Desta maneira, são constantemente substituídas por células indiferenciadas produzidas na cripta de Lieberkuln (Loddi, 1998). O desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento da altura e densidade dos vilos, o que corresponde a um aumento no número de células epiteliais. Os volos determinam a dimensão da superfície de absorção intestinal; quanto maiores forem os vilos melhor será o desempenho das aves. Portanto, quando o intestino responde a algum agente que causa um desequilíbrio no processo de renovação e perda celular (no chamado turnover), ocorre uma modificação na altura dos vilos, e a treonina, como componente importante do muco, está relacionada com este processo. A glicina é um AA não-essencial, exceto para frangos de corte até 21 dias de idade, pois apesar das aves serem capazes de sintetizá-lo, esta síntese não atende às exigências para o seu rápido crescimento (Waldroup et al., 2005). Utilizada para síntese de proteína, serina, creatina e sais biliares, a glicina é o único AA incorporado inteiramente na molécula de ácido úrico. 35 Sève et al. (1993) relatou que um déficit de glicina poderia causar um aumento na exigência de treonina. Como a treonina é uma precursora da glicina, um excesso de PB na dieta resulta em aumento da exigência de treonina e, consequentemente, de glicina para frangos (Ten Doeschate, 1995), uma vez que cada molécula de ácido úrico eliminada carrega consigo uma molécula de glicina. A utilização de glicina industrial nas dietas pode melhorar o desempenho de frangos de corte até os 21dias de idade, além de contribuir para um melhor aproveitamento da treonina dietética, tanto pela melhoria do balanço aminoacídico, como pela menor necessidade de transaminação da treonina para ser excretada na forma de glicina na molécula de ácido úrico (Sohail et al., 2003). A implementação de novas tecnologias em avicultura de corte não está limitada em apenas alterar a velocidade de crescimento dos frangos (Franzoi et al., 2000). Além da eficiência com que as aves crescem, também são importantes os processos metabólicos de transformação dos alimentos e a forma com que os depósitos de proteína e de gordura são formados e acumulados. Quaisquer alterações nas composições de dietas não devem ser acompanhadas de redução na quantidade e/ou qualidade das porções comestíveis produzidas. Neste contexto, objetivou-se avaliar com este trabalho o efeito de níveis de treonina digestível e das relações treonina:lisina e treonina:glicina sobre o desempenho, composição corporal e morfometria intestinal de pintos de corte na fase pré-inicial. 36 2.2. Material e Métodos Foram conduzidos paralelamente dois experimentos no galpão do Módulo de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, no município de Areia-PB, a 6º57’48’’ de longitude sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618m acima do nível do mar. Os experimentos foram conduzidos em novembro de 2008. Foi instalado um termômetro digital de máxima e mínima, na região central do galpão, de forma que o sensor externo ficasse fixado na altura das aves. As médias de temperaturas máxima e mínima registradas no interior do galpão onde ficavam as baterias foram: Máxima de 35,6 ºC, Mínima de 33,2 ºC e Média de 34,4 °C. 2.2.1. Animais, dietas experimentais e delineamento experimental Foram utilizados, em cada experimento, 720 pintos de um dia de idade, machos da linhagem Cobb, vacinados no incubatório contra as doenças de Marek, Newcastle e Gumboro. As aves, com peso médio de 47 ± 1 g, foram distribuídas num delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 20 aves cada. As aves foram pesadas e alojadas ao acaso em baterias metálicas tipo “Brasília”, medindo 100 x 90 x 25 cm (comprimento x largura x altura) com piso de tela coberto com papel e comedouros e bebedouros próprios da bateria (tipo calha), sendo cada compartimento uma unidade experimental. O aquecimento dos pintos foi feito através de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela. O programa de luz adotado durante o período experimental foi contínuo (24 horas de luz = natural + artificial). No primeiro experimento (E1) os tratamentos foram: (T1) uma dieta convencional (controle) formulada para atender todas as exigências nutricionais de frangos de corte machos na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade), suplementada com L-lisina, DL-Metionina e Ltreonina (tabela 2). Os outros cinco tratamentos (T2 a T6) foram dietas com níveis crescentes 37 de treonina digestível, suplementadas também com L-lisina, DL-Metionina, L-Triptofano, LArginina, L-Glicina, L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina industriais. Neste experimento, utilizou-se apenas um nível de glicina+serina total, o que resultou em diferentes relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37; 0,41 e 0,45). Tabela 2- Níveis de proteína bruta, treonina digestível, glicina+serina total e relações treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina total nos experimentos 1 e 2. Tratamentos Experimento 1 T1 (Controle) T2 T3 T4 T5 T6 PB (%) 22,00* 20,925 20,997 21,069 21,141 21,213 Tre dig. (%) 0,821 0,631 0,710 0,789 0,868 0,947 Relação Tre:Lis 0,65* 0,50 0,56 0,62 0,68 0,75 Gli+Ser total (%) 2,335 2,089 2,089 2,089 2,089 2,089 Relação Tre:Gli+Ser 0,393* 0,30 0,34 0,37 0,41 0,45 PB (%) 22,00* 16,781 17,089 17,397 17,705 18,014 Tre dig. (%) 0,821 0,631 0,710 0,789 0,868 0,947 Relação Tre:Lis 0,65* 0,50 0,56 0,62 0,68 0,75 Gli+Ser total (%) 2,329 1,601 1,804 2,005 2,206 2,407 Relação Tre:Gli+Ser* 0,393 0,393 0,393 0,393 0,393 0,393 Experimento 2 *De acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2005). No segundo experimento (E2) foi utilizada no T1 a mesma dieta convencional (controle) adotada no primeiro experimento. Os outros cinco tratamentos foram dietas com níveis crescentes de treonina digestível e glicina+serina total, suplementadas também com Llisina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina industriais. Neste segundo experimento, os níveis de glicina+serina total foram manipulados de forma a manter a mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) em todos os tratamentos testados, acompanhando a variação dos níveis de treonina digestível conforme apresentado na tabela 2. 38 Todas as rações, em ambos os experimentos, foram formuladas para atender 95% das recomendações das Tabelas Brasileiras para Suínos e Aves (Rostagno et al., 2005) para proteína bruta e aminoácidos e para atender 100% das demais necessidades nutricionais das aves (tabela 3). Para obtenção dos tratamentos experimentais, foi formulada uma ração experimental basal, com baixa PB (20,925 no E1 e 16,781% no E2), suplementada com aminoácidos industriais de forma a atender todos as necessidades aminoacídicas, mas deficiente em treonina digestível (0,631%) no primeiro experimento e deficiente em treonina digestível (0,631%) e glicina+serina total (1,601%) no segundo. No E1 a ração basal foi suplementada com L-treonina em substituição ao amido de forma a atingir os níveis de 0,631; 0,710; 0,789; 0,868 e 0,947 % de treonina digestível, fornecendo portanto, as relações tre:lis digestíveis de 50,0; 56,2; 62,5; 68,7, e 75,0 % e relações tre digestível:gli+ser totais de 30,2; 34,9; 37,8; 41,6 e 45,3 %. No E2, a ração basal foi suplementada com L-treonina e L-glicina em substituição ao amido de forma a atingir os níveis de 0,631; 0,710; 0,789; 0,868 e 0,947 % de treonina digestível e 1,601; 1,804; 2,005; 2,206 e 2,407 % de glicina+serina total, fornecendo portanto as relações tre:lis digestíveis de 50,0; 56,2; 62,5; 68,7, e 75,0 % e mantendo a relação tre digestível:glicina+serina total de 39,3%. As aves receberam água e ração à vontade. 2.2.2. Parâmetros avaliados Foram avaliados os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal e a morfometria intestinal dos frangos aos 7 dias de idade. As variáveis analisadas foram: o consumo de ração (CR), que foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e as sobras, pesadas no início e final do experimento, e o peso final (PF) e o ganho de peso (GP), a conversão alimentar (CA), o consumo de proteína e a conversão protéica das aves. 39 Tabela 3. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase pré-inicial. Ingredientes Milho Grão F. de Soja Óleo de Soja F. Bicálcico F. carne e ossos Calcário F. de Trigo Inerte 1 Glúten Amido Sal comum L-Lisina HCl DL-Metionina L-treonina L-Glicina L-Arginina L-Triptofano L-Valina L-Isoleucina Cl. Colina Cl. Potássio Coban Enradim Premix Mineral2 Premix Vitamínico3 Etoxiquim Colistin Total PB % EM kcal/kg Lis dig. (%) Met+Cis dig.(%) Arg. Dig. (%) Tre. Dig. % Trip. Dig. (%) Gli+Ser Tot. (%) Valina dig. (%) Leucina dig. (%) Isoleucina dig. (%) BE (mEq/kg) Experimento 1 Experimento 2 Controle Basal Superior Controle Basal Superior 58,848 62,888 62,888 53,848 68,687 68,687 32,986 19,391 19,391 32,986 7,253 7,253 2,497 0,064 0,064 2,497 0,000 0,000 0,371 0,366 0,366 0,371 0,466 0,466 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 0,418 0,508 0,508 0,418 0,540 0,540 0,000 4,000 4,000 0,000 4,000 4,000 3,025 0,025 0,025 3,031 3,720 3,720 0,000 5,000 5,000 0,000 5,000 5,000 0,500 0,500 0,150 0,500 1,200 0,396 0,376 0,388 0,388 0,376 0,405 0,405 0,314 0,657 0,657 0,314 1,038 1,038 0,325 0,335 0,335 0,325 0,462 0,462 0,040 0,000 0,350 0,122 0,205 0,554 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,455 0,000 0,310 0,310 0,000 0,683 0,683 0,000 0,032 0,032 0,000 0,101 0,101 0,000 0,156 0,156 0,000 0,375 0,375 0,000 0,138 0,138 0,000 0,352 0,352 0,100 0,100 0,100 0,070 0,070 0,070 0,000 0,000 0,000 0,000 0,301 0,301 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 Composição Nutricional 22,000 20,925 21,213 22,000 16,781 18,014 2,950 2,950 2,945 2,950 2,950 2,939 1,258 1,255 1,255 1,261 1,260 1,260 0,898 0,899 0,899 0,899 0,895 0,895 1,295 1,330 1,330 1,295 1,325 1,325 0,822 0,631 0,948 0,823 0,631 0,947 0,220 0,204 0,204 0,220 0,200 0,200 2,335 2,089 2,089 2,329 1,601 2,407 0,883 0,946 0,946 0,882 0,950 0,950 1,590 1,750 1,750 1,596 1,411 1,411 0,790 0,820 0,820 0,790 0,823 0,823 210,61 161,85 161,85 210,61 116,10 116,10 1 -Areia Lavada. 2- Composição/kg do produto: vit. A - 12.000.000 UI; vit. D3 - 3.600.000 UI; vit. B1 - 2,5 g; vit. B2 - 8 g; vit. B6 – 3,0 g; ácido pantotênico - 12 g; viotina - 0,2 g; vit. K – 3,0 g; ácido fólico - 3,5 g; ácido nicotínico - 40 g; vit. B12 - 20 mg; Se - 0,13 g; veículo q.s.p. - 1.000 g. 3- Composição/kg do produto: Mn - 160 g; Fe - 100 g; Zn - 100 g; Cu 20 g; Co - 2 g; I - 2 g. Excipiente q.s.p. - 1.000 g. 40 Um grupo adicional de 10 pintos de 1 dia de idade foi abatido para determinação da composição corporal inicial (proteína, extrato etéreo, cinzas e água) no início dos experimentos. Aos 7 dias de idade foram selecionadas cinco aves com peso representativo da parcela, que, após jejum de 12 horas, foram abatidas por deslocamento cervical. As aves foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos identificados e armazenadas em freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram picados com o auxílio de uma serra fita e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775 rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a 4 vezes, para que se tornassem bem homogêneas para análises laboratoriais. As amostras foram, então, colocadas em bandejas descartáveis de alumínio, pesadas e pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60±5oC, durante o tempo necessário para a estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas e acondicionadas em potes plásticos, os quais foram armazenados para análises posteriores. As análises de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE) e cinzas(CZ) das amostras foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descrito por Silva (1991). Os valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria natural (corrigidos pela matéria seca) e em gramas. As deposições de proteína e de gordura corporal (em gramas) foram calculadas pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de corte no início e final no período experimental. Também foram calculadas a deposição de proteína (Dep. de PB), a deposição de gordura (Dep. de GD), a eficiência relativa de deposição protéica (Efic. Dep. PB) e a relação proteína:gordura na carcaça (Relação PB:GD) Para a morfometria intestinal, no final de cada experimento foram selecionadas duas aves por parcela, com peso representativo do peso médio da parcela para o abate e coleta dos fragmentos de intestino. Após a pesagem as aves foram abatidas e seu intestino foi retirado, aberto e lavado com água destilada. Após a limpeza, foram retiradas amostras medindo 1 cm do intestino delgado (duodeno e jejuno) que foram fixadas em Solução de Bouin. No 41 laboratório de Biodiagnóstico do Centro de Ciências da Saúde CCS/UFPB, as amostras foram desidratadas, infiltradas com parafina, cortadas em micrômetro a uma espessura de 0,5µ e coradas com Hematoxilina e Eosina para análise de altura de vilo e profundidade de cripta em microscópio, conforme metodologia descrita por Corless & Sell (1999). As medições foram realizadas com auxílio do softwere “Image J”, foram visualizadas em microscópio pelo menos três cortes por tratamento, com no mínimo três medições por corte para altura de vilos e profundidade de cripta. 2.2.3. Análise Estatística Os resultados foram submetidos às análises de variância e regressão utilizando-se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000). A regressão foi realizada em função dos níveis crescentes de treonina digestível (exceto o tratamento controle), utilizandose os efeitos lineares e quadráticos para determinação das exigências. As exigências de glicina+serina total, foram determinadas sempre no E2, através de relação matemática e com base no nível de treonina digestível indicado pela equação. Realizou-se também a aplicação do teste Dunnett, para comparar as médias do tratamento controle com as dos demais trtamentos. O modelo matemático utilizado foi: Yij = µ + Ai + εij Em que: Yij = observação no nível de L-treonina i, na repetição j; µ = média geral; Ai = Efeito da utilização da L-treonina; εij = erro aleatório associado a cada observação. 42 2.3. Resultados e Discussão 2.3.1. Desempenho zootécnico As médias das variáveis de desempenho dos animais verificados no experimento 1 estão na tabela 4. Tabela 4. Médias de desempenho de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações treonina:lisina e treonina:glicina das dietas na fase pré-inicial. Tratamentos Parâmetros 1(C) 2 3 4 5 6 Média T2 a T6 Exigência Reg. CV(%) Experimento 1 Tre:Lis 65 50 56 62 68 75 CR (g/ave) 144,0 143,4 144,4 148,2* 145,6 139,0* 144,1 0,770 Q* 4,38 PF (g) 186,6 173,6* 176,2* 183,3 183,9 175,9* 178,6 0,813 Q* 2,89 GP (g/ave) 139,1 126,2* 128,4* 135,6 136,1 128,1* 130,9 0,814 Q* 2,91 CA Consumo de PB (g) Conversão Protéica 1,03 1,13* 1,12* 1,09 1,06 1,08 1,09 - L* 2,61 28,97 27,61 27,56 28,66 28,15 26,95* 27,78 0,778 Q* 3,36 1,59 1,58 1,62 1,55 1,49* 1,60 1,57 - ns 3,37 Experimento 2 Gli+Ser Totais (%) CR (g/ave) 2,089 1,604 1,804 2,005 2,206 2,407 154,7 137,5* 139,6* 142,9* 147,9* 143,9* 142,3 0,897 Q* 1,90 PF (g) 190,1 157,8* 173,1* 177,1* 179,3* 177,5* 172,9 0,864 Q* 2,97 GP (g/ave) 142,3 110,2* 125,2* 129,3* 131,9* 130,4* 125,4 0,880 Q* 2,10 CA 1,08 1,24* 1,11 1,10 1,12* 1,10 1,13 0,859 Q* 2,21 Consumo de 29,07 26,15* 26,79* 27,46* 27,05* 26,89* 26,87 0,790 Q* 3,30 PB (g) Conversão 1,79 1,51* 1,54* 1,55* 1,51* 1,57* 1,53 ns 2,76 Protéica *- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle pelo teste Dunnett, (P<0,05); Q*= efeito quadrático (P<0,05); L*=efeito linear (P<0,05); ns = regressão não significativa. Para o CR, a análise de variância revelou que, no E1, o tratamento T4 (0,789% de treonina digestível) consumiu mais ração que o tratamento controle, enquanto o T6 (0,947%) consumiu menos. No E2, todos consumiram menos ração que o controle. A análise de regressão revelou comportamento quadrático para esta variável em ambos os experimentos, sendo que no E1 a exigência foi de 0,77% de treonina digestível. (Y1 = 2,6783 + 375,53x 43 243,81x2, R² = 0,86),; e no E2 foi de 0,897% de tre digestível e 2,275% de glicina+serina total (Y2 = 47,557 + 217,98x -121,48x2, R² = 0,82), com relações treonina:lisina de 0,61 e 0,71 nos dois experimentos, respectivamente, e uma relação treonina:glicina de 0,36 (figura 2). E1 E2 Figura 2: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. Para o PF aos 7 dias de idade, no E1 os tratamentos 4 e 5 (respectivamente com 0,789 e 0,868% de treonina digestível) apresentaram médias semelhantes ao controle, enquanto os demais tratamentos tiveram médias menores para esta variável. No E2, todos os tratamentos experimentais apresentaram médias inferiores ao controle para esta variável. A análise de regressão revelou um comportamento quadrático dos dados (figura 3), com exigências de 0,813% de treonina digestível no E1 (Y1 = - 27,104 + 15,84x - 317,03x2, R² = 0,79), com relações treonina:lisina de 0,65 e relação treonina:glicina de 0,38; enquanto no E2, obteve-se exigência de 0,864% de treonina digestível (Y2 = - 137,83 + 730,2x - 422,29x2, R² = 0,97) e 2,192% de glicina+serina total, com relação treonina:lisina de 0,68. 44 Figura 3: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final aos 7 dias de idade em frangos de corte machos na fase pré-inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Para o ganho de peso no E1, os tratamentos T2, T3 e T6 (respectivamente com 0,631; 0,710 e 0,947% de treonina digestível) tiveram menor GP que o tratamento controle, os tratamentos T4 e T5 (0,789 e 0,868% de treonina digestível) apresentaram médias iguais ao controle, de acordo com o teste de Dunnett. A análise de regressão mostrou efeito quadrático dos dados, com exigências de 0,814% de treonina digestível no E1 (Y1= - 55,394 + 458,67x 281,67x2, R² = 0,75) e 0,88% no E2 (Y2 = - 116,25 + 563,76x -320,17x2, R² = 0,99), respectivamente, com relações treonina:lisina de 0,65 e 0,68. O nível de glicina+serina total obtido no E2 foi de 2,232% e a melhor relação treonina:glicina no E1 foi de 0,38 (figura 3). O maior ganho de peso, que foi estatisticamente semelhante ao tratamento controle, obtido com 0,813% de treonina digestível no E1, revela que a redução protéica das dietas exige um aumento dos níveis deste aminoácido para manter o mesmo nível de desempenho dos animais. Os resultados de ganho de peso reiteram os do consumo de ração e peso final, mostrando o efeito poupador da glicina sobre a treonina, pois o no E1, onde o nível de glicina foi mantido constante, a exigência de treonina foi menor que no E2. O comportamento das linhas de tendência revela que no E1, o ganho de peso cresceu até o ponto de máxima 45 (0,814% de treonina digestível) e regrediu à medida que a treonina se tornou excessiva causando desbalanço, já no E2, onde o nível de glicina+serina total acompanhava o de treonina digestível para a manter a relação constante e a disponibilidade de AA era limitada, foi necessário um nível maior de treonina digestível (0,88%) para alcançar o melhor GP (figura 4). E1 E2 Figura 4: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. No E1 a CA foi pior que a do controle nos tratamentos T2 e T3, que tinham os menores níveis de treonina digestível (0,631 e 0,710%), o que deve ter ocorrido, provavelmente, em função do aminoácido ter se tornado limitante prejudicando assim a síntese protéica, pois a análise de regressão mostrou uma melhora da conversão alimentar com o aumento do nível de treonina da dieta, alcançando o mesmo valor obtido na dieta controle com 0,868% de treonina digestível. No E2, os tratamentos T2 e T5 (respectivamente 0,631 e 0,868% de treonina digestível) apresentaram pior CA em relação ao controle, e a análise mostrou que houve regressão quadrática dos dados, com exigência de 0,859% de treonina digestível (Y2 = 2,7413 46 - 3,8326x + 2,2297x2, R² = 0,87) e 2,179% de glicina+serina total para melhor conversão alimentar (figura 5), com relações treonina:lisina de 0,68 e treonina:glicina de 0,41. As exigências de treonina digestível e glicina+serina total encontradas no presente trabalho estão próximas ao recomendado pelas Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves, mas as relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina (respectivamente 0,69 e 0,41) estão acima das recomendações das Tabelas Brasileiras. Os resultados revelam, mais uma vez, que com nível constante de glicina+serina total, a exigência de treonina digestível para melhor desempenho é reduzida. Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da a adição de 0,20 ou 0,40% de glicina em dietas de pintos de corte com PB reduzida (16 e 18%de PB e 0,62 e 0,78% de glicina, respectivamente) sobre o desempenho das aves. Figura 5: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) sobre a conversão alimentar de frangos de corte machos na fase pré-inicial. O consumo de proteína no E1 diferiu do controle apenas no T6, que tinha o maior nível de treonina digestível (0,947%), e apresentou média inferior para esta variável. No E2, todos os tratamentos experimentais apresentaram médias menores que a do controle (teste de Dunnett, P<0,05), o que já era esperado em função da redução acentuada dos níveis protéicos 47 das dietas. A análise de regressão revelou efeito quadrático dos dados, com exigências de 0,780 e 0,826% de treonina digestível, respectivamente no E1 e no E2; exigência de 2,095% de glicina+serina total no E2, relações treonina:lisina de 0,62 e 0,65 nos dois experimentos respectivamente, e relação treonina:glicina de 0,37 no E1 (figura 6). Figura 6: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial. A conversão protéica no E1 só diferiu do controle no tratamento T5 (0,868% de tre digestível), que apresentou uma melhor conversão de proteína, os demais tratamentos não apresentaram diferença estatística em relação ao controle (T1). No E2, todos os tratamentos teste obtiveram médias inferiores ao controle e, portanto, apresentaram melhor conversão de proteína, o que já era esperado, pois quanto menor é a disponibilidade do nutriente, no caso a proteína, maior é o seu aproveitamento pelo organismo animal. No E2 houve uma redução protéica relativa de 23,7% em relação ao tratamento controle. No presente trabalho, o aumento do nível de treonina digestível até o limite de 0,815% com relação treonina:lisina de 0,68 e relação treonina:glicina de 0,40 no E1 proporcionaram melhora do desempenho, mesmo com uma redução relativa de 5,1% na PB em relação à ração 48 controle (22% na dieta controle vs. 21,00% na T2). No E2, com uma redução reativa mais acentuada (23,7%) da PB (22% na dieta controle vs. 16,78% na T2), houve uma queda no desempenho, que foi minimizada com o aumento dos níveis de treonina digestível e glicina+serina totais, alcançando os melhores resultados com 0,88% e 2,23%, respectivamente, e relações treonina:lisina de 0,70 e treonina:glicina de 0,39, embora estes valores não tenham permitido atingir o mesmo GP do tratamento controle. Estes resultados reforçam o conceito da proteína ideal, segundo a qual, a redução da PB da dieta aliada à suplementação com aminoácidos industriais traz, além do benefício econômico, benefícios zootécnicos e ambientais, pelo melhor balanceamento de aminoácidos, maximização da retenção de nitrogênio e redução das perdas de nutrientes não digeridos e não aproveitados pelo metabolismo. Por outro lado, vale salientar que há perda de desempenho com reduções muito intensas, refletido por baixo GP e pior CA, mesmo quando há a suplementação com aminoácidos sintéticos, como foi o caso do E2 neste trabalho. Corroborando estes dados, Dean et al. (2006) relataram que a redução de mais de 3% no percentual de PB, mesmo com a correção dos níveis dos principais aminoácidos limitantes (metionina e lisina), resultou em queda no desempenho dos frangos. As relações treonina:lisina obtidas nos E1 (0,68) e E2 (0,70) são superiores à recomendação das Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves (Rostagno et al., 2005), que é de 0,65, enquanto que a relação treonina:glicina (0,39) e igual à recomendação das Tabelas Brasileiras de Rostagno et al. (2005). Segundo Berres et al. (2007), embora as exigências de lisina e de aminoácidos sulfurados tenham sido amplamente avaliadas, são escassas maiores informações sobre a relação ideal entre treonina e lisina digestível para as diversas formas de avaliação de desempenho vivo, de rendimento de carcaça e de partes nobres para frangos de corte nas condições brasileiras. Sklan e Plavnik (2002) observaram que o desempenho de frangos consumindo dietas com baixo conteúdo de PB foi limitado pela deficiência de AA 49 essenciais, e que altos níveis de proteína diminuíram a eficiência da utilização dos AA. Porém, este não foi o caso do presente estudo, já que as dietas experimentais aqui utilizadas foram suplementadas com aminoácidos industriais, de forma a atender todas as necessidades aminoacídicas das aves. No E2, como as dietas tiveram menores níveis protéicos e de glicina+serina, as aves necessitaram de uma quantidade maior de treonina para satisfazer suas exigências, o que não ocorreu no E1, onde os animais dispunham de um nível constante de glicina em todos os tratamentos. Os estudos de Smith et al. (1999) e Rahaman et al. (2002), revelam uma redução do desempenho das aves com dietas de baixa proteína. Segundo Gonzales (2002), o controle do consumo de ração não é somente decorrente da quantidade de PB, mas também do balanceamento entre os AA. Os resultados do presente trabalho corroboram a tese de que a utilização de glicina industrial nas dietas pode melhorar o desempenho nas fases iniciais, além de contribuir para um melhor aproveitamento da treonina dietética, tanto pela melhoria do balanço aminoacídico, como pela menor necessidade de transaminação da treonina para ser excretada na forma de glicina na molécula de ácido úrico. Resultados estes que estão de acordo com Sève et al. (1993), que relatou que o déficit de glicina poderia causar um aumento na exigência de treonina. Segundo Ten Doeschate (1995), como a treonina é uma precursora da glicina, um excesso de PB na dieta resulta em aumento da exigência de treonina e, consequentemente, de glicina para frangos. 2.3.2. Composição Corporal Os resultados da análise de composição corporal estão na tabela 5. Os valores médios para composição corporal das aves aos 7 dias foram semelhantes aos encontrados na literatura. As percentagens médias de proteína, gordura, cinzas e água na matéria natural 50 foram 14,09; 7,76; 2,31 e 74,91%, e estão próximos aos encontrados por Cella et al. (2009), sendo que estes autores não apresentaram os teores de cinzas na composição corporal. Tabela 5. Médias de composição corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli+ser das dietas na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade). Tratamentos 1 (Controle) 2 3 4 5 6 Experimento1 Relação Tre:Lis MS da carcaça (%) PB na Carcaça (%) GD na Carcaça (%) Deposição de PB (g) Deposição de GD (g) Efic. na Dep. PB Relação PB:GD CZ na Carcaça (%) 65 50 56 62 68 75 Média Exigência Reg. CV(%) 24,36 26,36* 25,11 25,25* 24,24 25,18* 25,08 - ns 1,59 25,50 24,73* 24,27* 25,77 26,11* 24,19* 25,10 - ns 2,68 12,00 15,49* 14,10* 13,91* 13,72* 13,73* 13,80 0,872 Q* 2,77 103 100 96* 100 101 96* 99,3 - ns 2,12 54 72* 62* 60* 58* 60* 61 0,858 Q* 2,03 0,63 0,63 0,61 0,64 0,66* 0,62 0,63 - ns 3,32 1,90 1,37* 1,50* 1,61* 1,70* 1,57* 1,61 0,856 Q* 0,38 3,66 4,07* 4,08* 4,43* 4,25* 4,19* 4,11 - ns 2,50 Experimento 2 Gli+Ser 2,089 1,604 1,804 2,005 2,206 2,407 Média Exigência Reg. CV(%) Totais (%) MS da 24,50 26,40* 25,26* 25,01* 24,45 24,97* 25,09 ns 2,09 carcaça (%) PB na 23,50 24,27* 24,73* 25,31* 26,12* 26,21* 25,02 L* 2,29 Carcaça (%) GD na 12,50 15,35* 14,20* 14,02* 13,70* 13,41* 13,86 L* 4,22 Carcaça (%) Deposição 91 100* 96* 98* 102* 97* 97,3 ns 1,80 de PB (g) Deposição 53 74* 61* 64* 60* 62* 62,5 ns 4,60 de GD (g) Efic. na 0,55 0,63* 0,61* 0,62* 0,66* 0,64* 0,62 ns 2,70 Dep. PB Relação 1,69 1,37* 1,50* 1,57* 1,70 1,56* 1,56 0,834 Q* 3,57 PB:GD CZ na 3,43 4,25* 4,08* 4,44* 4,25* 4,03* 4,08 0,785 Q* 3,83 Carcaça (%) *- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05); Q= Efeito quadrático; L=Efeito linear; ns = regressão não significativa; GD = gordura; CZ = cinzas. A análise de variância revelou efeito significativo para matéria seca (MS) da carcaça nos dois experimentos, sendo que no E1, os tratamentos T2, T4 e T6 apresentaram médias 51 superiores ao controle. No E2, os tratamentos T2, T3, T4 e T6 (0,631; 0,710; 0,789 e 0,947% de tre digestível) também apresentaram médias superiores ao controle. A análise de regressão não foi significativa para esta variável. No E1, o teor de proteína na carcaça dos tratamentos T2, T3 e T6 (respectivamente, 0,710; 0,789 e 0,949% de tre digestível) apresentaram médias inferiores ao controle, enquanto que o T5, que tinha 0,868% de tre digestível, relação treonina:lisina de 0,68 e relação treonina:glicina de 0,40 obteve média superior. No E2, todas as médias tiveram valores maiores que o controle, além disso, houve aumento linear do teor de proteína na carcaça à medida que se elevou o nível de treonina digestível e a relação treonina:lisina (figura 7). Figura 7: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a proteína bruta da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2). Para o teor de gordura na carcaça, todos os tratamentos apresentaram médias superiores ao controle em ambos os experimentos. A análise de regressão revelou comportamento quadrático das médias no E1, com exigência de 0,872% de treonina digestível (Y1 = 36,925 53,468x + 30,661x2, R² = 0,96) para menor teor de gordura na carcaça, com relações treonina:lisina de 0,69 e treonina:glicina de 0,41. No E2 a regressão foi linear, com a redução 52 da gordura na carcaça à medida que se aumentou os níveis de treonina digestível, glicina+serina total e a relação treonina:lisina da dieta (figura 8). Para a deposição de proteína no período de 1 a 7 dias de idade, no E1, os tratamentos 3 (0,710% tre digestível) e 6 (0,947% de tre digestível) apresentaram médias inferiores ao controle, já no E2 todos os tratamentos teste apresentaram médias de deposição protéica superiores ao controle. A análise de regressão não foi significativa para nenhum dos experimentos. Figura 8: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o s teores de gordura na carcaça de frangos de corte machos aos 7 dias de idade nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Para deposição de gordura, em ambos os estudos, todos os tratamentos teste tiveram médias superiores ao controle, além disso, no E1 as médias tiveram comportamento quadrático, com exigência de 0,858% (Y1=252,1 - 452,3x + 263,47x2, R² = 0,97) de treonina digestível para menor deposição de gordura (figura 9), com relações treonina:lisina de 0,68 e treonina:glicina de 0,40. 53 Figura 9: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de gordura na carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 1 (Y1). Com relação à eficiência na deposição de proteína, no E1 apenas o tratamento 5 (0,868% de tre dig. e relação tre:lis de 0,68) apresentou média superior ao controle. Já no E2, todos os tratamentos teste apresentaram maior eficiência de deposição protéica que o tratamento controle. A análise de regressão não foi significativa. Para a relação proteína:gordura na carcaça, No E1, todos os tratamentos apresentaram médias inferiores aos respectivos tratamentos controle. No E2, o tratamento T5 (0,868% de ter digestível) não diferiu do tratamento controle, enquanto todos os demais apresentaram médias inferiores. A análise de regressão revelou comportamento quadrático dos dados (figura 10), com exigências de 0,856% de treonina digestível no E1 (Y1= - 2,5905 + 9,8915x - 5,7745x2, R² = 0,91), com relações treonina:lisina de 0,68 e treonina:glicina+serina de 0,40. No E2, a exigência de treonina digestível foi de 0,834% (Y2 = - 3,1853 + 11,564x - 6,9337x2, R² = 0,91), a de glicina+serina total foi de 2,116%, com relação treonina:lisina de 0,68 para maior relação proteína:gordura na carcaça. 54 Figura 10: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação PB:GD na carcaça de frangos de corte machos na fase pré-inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Para o teor de cinzas na carcaça, os tratamentos experimentais apresentaram médias superiores ao controle em ambos os experimentos. No experimento 2 as médias tiveram comportamento quadrático, com exigência de 0,785% de treonina digestível (Y2 = - 3,5218 + 20,1x - 12,8x2, R² = 0,91) para maior teor de cinza na carcaça (figura 11), com relações treonina:lisina de 0,72 e treonina:glicina de 0,37. Os valores de cinzas semelhantes em ambos os experimentos, indicam que a variação ocorrida pode ter sido provocada pela variação do peso corporal e não pelos níveis aminoacídicos da dieta. 55 Figura 11: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de cinzas da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2). O aumento do teor de proteína na carcaça e a redução de do teor de gordura, parecem estar relacionados ao aumento da disponibilidade dos aminoácidos treonina e glicina nas dietas. Aparentemente, os níveis de treonina digestível e glicina+serina total das dietas basais em ambos os estudos limitaram a deposição de proteína na carcaça, fazendo com que o excesso da proteína fosse desaminada e os esqueletos de carbono resultantes desse processo se acumulassem na carcaça sob a forma de gordura. Com a suplementação, em níveis crescentes dos aminoácidos industriais, pois o desbalanço foi sendo reduzido, e as aves puderam aproveitar cada vez mais o conteúdo protéico das dietas, melhorando assim a síntese protéica e reduzindo a deposição de gordura. Considerando que em ambos os experimentos foram atendidas todas as necessidades aminoacídicas com exceção da treonina no E1 e da treonina e glicina+serina no E2, os resultados indicam que parece haver mesmo um efeito poupador da adição de glicina sobre a exigência de treonina, pois os resultados foram, de maneira geral, semelhantes nos dois experimentos, mas a exigência de treonina digestível foi sempre menor no E1, onde foi mantido um nível alto de glicina+serina total. Nas condições do presente trabalho, a melhor 56 relação treonina:lisina parece ser de 68%, pois proporcionou melhores PF e CA, além de ter obtido os melhores resultados nas variáveis de composição corporal. Já a melhor relação treonina:glicina+serina, foi de 0,40, pelos mesmos motivos. 2.3.3. Morfometria Intestinal Os resultados da análise de morfometria intestinal estão na tabela 6. O desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento da altura e densidade dos vilos, o que corresponde ao aumento das células epiteliais, ou seja, uma melhor digestão e absorção intestinal (Macari & Maiorka, 2000). Tabela 6. Médias de altura de vilos (AV), profundidade de criptas (PC) e relação vilo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase pré-inicial. Treonina Dig. (%) Controle (0,821) 0,631 0,710 0,789 0,868 0,947 Média T2 a T6 Exigência (%) Regressão CV (%) AV (µm) 82,23 67,43* 94,44* 80,90 66,85* 66,61* 75,24 ns 3,39 Experimento 1 Duodeno PC (µm) Vilo:Cripta 28,35 2,90 21,34* 3,16 15,71* 6,01* 14,90* 5,43* 18,90* 3,54 19,45* 3,42 18,06 4,25 0,791 Q* ns 4,82 5,09 Experimento 2 Duodeno PC (µm) Vilo:Cripta AV (µm) 40,12 34,62* 35,68* 53,36* 46,21* 38,36 41,64 0,816 Q* 4,51 Jejuno PC (µm) 13,99 12,37* 15,52* 14,31 13,73 13,67 13,92 ns 2,51 Vilo:Cripta 2,86 2,80 2,30 3,73* 3,36 2,80 3,01 Ns 5,89 Jejuno Treonina Gli+Ser Dig. (%) Totais (%) AV (µm) AV (µm) PC (µm) Vilo:Cripta Controle 2,089 68,77 23,50 2,92 40,69 14,03 2,90 (0,821) 0,631 1,064 73,08* 12,26* 5,96* 50,60* 11,34* 4,46* 0,710 1,804 94,10* 18,87* 4,99* 37,71 12,53* 3,01 0,789 2,005 79,80* 20,09* 3,97* 51,83* 18,40* 2,82 0,868 2,206 72,29* 14,80* 4,89* 41,08 10,41* 3,95* 0,947 2,407 65,98 12,73* 5,18* 37,04 12,55* 2,95 Média T2 a T6 77,05 15,75 4,99 43,65 13,04 3,43 Exigência (%) Regressão ns ns ns ns ns Ns CV (%) 4,57 3,28 3,12 4,87 3,43 3,54 * Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05); Q= Efeito quadrático; ns = regressão não significativa. No E1, com exceção do tratamento T4 (0,789% de tre digestível), todos os demais apresentaram médias de altura de vilos no duodeno diferentes do controle pelo teste de 57 Dunnett, sendo que o T3 (0,710% de tre digestível) obteve média superior ao controle, e os demais, T2, T5 e T6 (0,631; 0,868 e 0,949% de tre digestível, respectivamente) obtiveram médias inferiores. No E2, a altura de vilos duodenais foi superior ao controle em todos os tratamentos. A análise de regressão não foi significativa para esta variável. Para a profundidade de criptas no duodeno, todos os tratamentos apresentaram médias inferiores ao controle em ambos os experimentos, o que é desejável, já que a pequena profundidade de criptas indica que está havendo pouca descamação nos ápice e assim, pequena necessidade de migração de células da base para o topo dos vilos. A análise de regressão revelou efeito quadrático para esta variável no E1, com exigência de 0,791% de tre digestível (Y1 = 136,42 - 305,1x + 192,66x2, R² = 0,72) para menor profundidade de criptas (figura 12). No E1, a relação vilo:cripta no duodeno foi superior ao controle nos tratamentos T3 e T4 (0,710 e 0,789% de tre digestível, respectivamente). No E2, todos os tratamentos teste obtiveram médias superiores ao controle. A análise de regressão também não foi significativa para esta variável. Figura 12: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a profundidade de cripta no duodeno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no E1 (Y1). 58 No jejuno, os tratamentos T2, T3, T4 e T5 apresentaram médias de altura de vilos diferentes do tratamento controle no E1, sendo T4 e T5 (0,789 e 0,868% de tre digestível, respectivamente) com médias superiores, e T2, T3 (com 0,631; 0,710% de tre digestível, respectivamente) com médias inferiores ao controle. Verificou-se um efeito quadrático dos níveis de treonina digestível sobre a altura de vilos no jejuno, com exigência de 0,816% de treonina digestível (Y1 = - 261,99 + 759,57x - 465,29x2, R2 = 0,64), relação treonina:lisina de 0,65 e relação treonina:glicina de 0,38 para maior altura de vilos no jejuno (figura 13). No E2, T2 e T4 (0,631 e 0,789% de tre digestível, respectivamente) apresentaram médias de altura de vilos maiores que a do controle (T1). Figura 13: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no experimento 1 (Y1). A altura de vilosidades intestinais é um indicativo da capacidade absortiva da mucosa intestinal, pois quanto maior é altura do vilo, maior é a área de contato dos enterócitos com o alimento, o que facilita a absorção de nutrientes. Nos tratamentos com níveis menores e maiores de treonina, a falta ou excesso de proteína, especialmente de aminoácidos ligados ao processo de desenvolvimento do TGI como a treonina, pode ter limitado a produção de muco 59 pelas células caliciformes, induzindo a uma secreção maior como compensação, com o aumento de produção de células-tronco indiferenciadas que podem se diferenciar em células caliciformes como em células absortivas durante o processo de ascensão para o ápice do vilo levando ao aumento na profundidade da cripta, a fim de suprir tal deficiência. Kisielinski et al. (2002) verificaram que a altura dos vilos é diretamente proporcional à área de absorção, portanto uma importante variável a ser analisada. A mucosa intestinal está envolvida no processo digestivo e representa extensa área de digestão e absorção de nutrientes (Maiorka et al., 2000). Além disso, o adequado e rápido ganho de peso das aves está diretamente relacionado com a integridade morfofuncional do sistema digestório (Smith et al., 1990). Para a profundidade de criptas do jejuno, no E1, os tratamentos T2 e T3, que possuíam os menores níveis de treonina (0,631 e 0,710% de tre digestível, respectivamente), diferiram do controle, o T2 com média inferior e T3 com média superior. No E2, todos os tratamentos experimentais diferiram do tratamento controle, sendo que o T4 (0,789% de treonina digestível) obteve média superior ao controle, os demais com médias inferiores. Para a relação vilo:cripta no jejuno, no E1 o tratamento T4 (0,789% de tre digestível) com média superior, diferiu do controle. No E2, os tratamentos T2 e T5 (0,631 e 0,868% de tre digestível, respectivamente) apresentaram médias superiores ao controle. De acordo com os resultados do presente trabalho, o nível de treonina digestível exerce influência sobre as vilosidades intestinais de pintos na fase pré-inicial, e o nível de 0,791%, com relações treonina:lisina de 0,65 e treonina:glicina de 0,38 são suficientes para maximizar os parâmetros de morfometria intestinal aqui avaliados. Estes resultados mostram que a treonina influencia o desenvolvimento de vilosidades no intestino delgado, portanto, consequentemente influi também na absorção de nutrientes neste segmento do trato gastrintestinal. 60 Os tratamentos que obtiveram os melhores resultados nos parâmetros de morfometria intestinal não foram os mesmos que obtiveram os melhores resultados para desempenho, isto pode ser explicado pela grande quantidade de treonina e de energia necessárias para manter a mucosa intestinal, uma vez que todo o epitélio intestinal está em constante renovação, e se renova totalmente a cada 96 horas, consumindo para isto 20% da energia bruta ingerida. Desta forma, os animais que alcançaram os melhores desempenhos e composições corporais, utilizaram maiores quantidades de treonina, e consequentemente de glicina, e também de energia para síntese protéica, limitando desta forma, a disponibilidade de treonina para o desenvolvimento das vilosidades intestinais. De acordo com Stoll et al. (1998), quase 90% da treonina usada pelo TGI ou é secretada como proteína mucosal ou catabolisada, como a mucina é praticamente indigestível, e a treonina nela contida não pode ser recuperada e se perde nas excretas (Fuller, 1994), isto corresponde a aproximadamente 50% do AA na dieta (Wu, 1998). De acordo com Le Bellego et al. (2002), 40 a 50% da treonina consumida pelos animais é usada pelo intestino, já Myrie et al. (2003), relataram que 60% do AA consumido é utilizado para síntese de mucina, já que é encontrado em elevadas concentrações em numerosas secreções gastrintestinais (Burrin et al., 2001). Isto implica que uma parte da exigência de treonina não está associada com a deposição de proteína muscular, mas com funções do TGI, que parece ter uma grande necessidade deste AA, contribuindo significativamente para com as exigências do animal. O uso de glicina industrial suplementar em níveis acima de 2,0% melhorou o balanço aminoacídico das dietas, exercendo um efeito poupador da treonina, pois as exigências desse aminoácido para melhor desempenho, composição corporal e morfometria intestinal foram menores quando a glicina foi adicionada às dietas, sendo que os melhores resultados foram observados com 2,179% de glicina+serina total. A glicina parece melhorar o balanço aminoacídico, fornecendo N para síntese de aminoácidos não essenciais, poupando assim os 61 essenciais. Além disso, durante a formação do ácido úrico na célula para excreção do N em excesso, existe uma necessidade aumentada de alguns aminoácidos que são chaves no processo como metionina (doadora de metila CH4), arginina e glicina (Murray et al., 2003). A utilização de altos níveis de PB nas dietas provoca um incremento nas necessidades dietéticas desses aminoácidos para garantir a excreção normal de N, sendo assim, gasta-se 1 mol de glicina para cada molécula de ácido úrico produzido. Na ausência de glicina, é a treonina, sua precursora no metabolismo que supre esta necessidade. Han & Baker (1992) apontam o nitrogênio amino não específico (necessário para a síntese de aminoácidos não essenciais) como fator limitante em dietas de baixa proteína, indicando uma possível necessidade de suplementação com aminoácidos não essenciais (glicina e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria do desempenho. 2.4. Conclusões As relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição corporal são, respectivamente, de 0,68 e 0,40, as quais atendem às necessidades para maximizar os parâmetros de morfometria intestinal. Os níveis de treonina digestível e de glicina+serina totais que proporcionam os melhores resultados são, respectivamente, de 0,864% e 2,192%. O nível de treonina digestível exerce influência sobre as vilosidades intestinais de pintos na fase pré-inicial, sendo necessários mais estudos sobre o assunto para esclarecer como se dá essa relação. 62 2.5. Literatura Citada BAYER, R. C., RITTENBURG, J. H., BIRD, F. H., CHAWAN, C. B., ALEEN, M. Influence of short term fasting on chicken alimentary canal mucosa. Poultry Sci., v.60, p.1293-1302, 1981. BERRES, J.; VIEIRA, S.L.; CONEGLIAN, J.L.B.; OLMOS, A.R.; FREITAS, D.M.; BORTOLINI, T.C.K.; SILVA, G.X. Respostas de frangos de corte a aumentos graduais na relação entre treonina e lisina. 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Foram conduzidos dois experimentos, cada um com seis tratamentos e seis repetições de 20 aves. As aves, machos da linhagem Cobb, com peso médio de 196,9 ± 0,52 g/ave, foram distribuídas num delineamento experimental inteiramente casualizado. No primeiro experimento (E1), os tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (0,781; 0,544; 0,612; 0,680; 0,748 e 0,816%), com nível constante de glicina+serina total (2,085), resultando em diferentes relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37; 0,41 e 0,45). No segundo experimento (E2), os tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (os mesmos do E1) e glicina+serina total (2,084; 1,382; 1,555; 1,728; 1,901 e 2,074%), mantendo sempre a mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) e variando as relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75). Em ambos os experimentos o primeiro tratamento (T1) foi o controle. Foram avaliados os parâmetros de desempenho, composição corporal e morfometria intestinal. O desempenho foi prejudicado pela redução dos níveis aminoacídicos e protéicos. No E1 todos os tratamentos apresentaram menor consumo de ração, peso final e ganho de peso em relação aos respectivos tratamentos controle. Os melhores resultados de desempenho foram obtidos com 0,710% de treonina digestível, 1,805% de glicina+serina total e relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina de 0,65 e 0,394, respectivamente. No E2, houve uma redução linear do consumo de ração, o peso final e o ganho de peso foram inferiores ao controle, os melhores resultados foram obtidos com 0,75% de treonina digestível, 1,906% de glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,69. Para a composição corporal o T4 (0,680% de treonina digestível) apresentou teor de matéria seca da carcaça maior que o controle. Para o teor de proteína na carcaça, no E1 os tratamentos T2 e T3(0,544 e 0,612% de treonina digestível) apresentaram valores inferiores ao controle. No E2 todos os tratamentos apresentaram valores menores que o controle, sendo que os melhores resultados foram obtidos com 0,760% de treonina digestível, 1,932% de glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,70. A deposição de proteína, a eficiência de deposição protéica e a relação proteína:gordura na carcaça foram inferiores ao controle em todos os tratamentos em ambos os experimentos, ao passo que a deposição de gordura foi maior. Para a morfometria intestinal, no E1, a melhor relação vilo:cripta no duodeno foi obtida com 0,650% de treonina 68 digestível e relações treonina:lisina e treonina:glicina de 0,65 e 0,36. A altura de vilos no jejuno aumentou linearmente com o aumento do nível de treonina digestível. No E2, altura de vilos no duodeno e no jejuno aumentou linearmente com o aumento dos níveis de proteína bruta, treonina digestível e glicina+serina total. As reduções dos níveis de PB, de treonina digestível e de glicina+serina totais são prejudiciais ao desempenho das aves na fase de 8 a 21 dias de idade. Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram melhor desempenho na fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente, com relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina de 0,66 e 0,40, respectivamente, esses níveis e relações foram suficientes para promover os melhores resultados de composição corporal e morfometria intestinal nas condições deste trabalho. Abstract: Amino acid requirements for broilers change due to age, sex, strain, energy and protein levels in the diets and the amino acid balance. This study evaluated the effect of the levels of digestible threonine, total glycine+serine and the ratios between these amino acids on the performance, body composition and intestinal morphology of broiler chicks in the first phase (8 to 21 days). Two trials were carried out, with six treatments and six repetitions of 20 birds each. Male Cobb chicks with mean body weight of 196.9 ± 0.52 g were distributed according to a completely randomized design. In the first trial (E1), the treatments consisted of different digestible threonine levels in the diet (0.781; 0.544; 0.612; 0.680; 0.748 and 0.816%) and constant total glycine+serine (2.085), which resulted in different threonine:lysine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75) and threonine:serine ratios (0.30; 0.33; 0.37; 0.41 and 0.45). In trial 2 (E2), the treatments consisted of diets with different digestible threonine levels (similar to E1) and different total glycine+serine levels (2.084; 1.382; 1.555; 1.728; 1.901 and 2.074%), with the same threonine:serine+glycine ratio (0.393) and different threonine:serine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75). In both trials, the first group was the control treatment (T1). Performance, body composition and intestinal morphology were evaluated. Performance was impaired by the reduction of amino acid and protein levels. In E1, all treatments showed lower feed intake, final body weight and weight gain when compared to the control treatment. Better performance results were seen with 0.71% of digestible threonine, 1.805% total glycine+serine, and threonine:lysine and threonine:glycine+serine ratios of 0.65 and 0.394, respectively. In E2, there was a linear reduction in feed intake, whereas final body weight and weight gain were lower than control; the better results were obtained with 0.75% of digestible threonine, 1.906% total glycine+serine, and threonine:lysine ratio of 0.69. Dry matter of the carcass was higher in 69 treatment T4 (0.68% of digestible threonine) compared with control birds. In the first trial, carcass protein was lower in T2 and T3 (0.544 and 0.612% digestible threonine). In E2, all treatments were lower than control, and better results were seen with 0.76% of digestible threonine, 1.932% total glycine+serine and threonine:lysine ratio of 0.70. Protein deposition, the efficiency in protein deposition and carcass protein:fat ratio were lower to the control groups in all treatments in both experiments, whereas fat deposition was higher. In E1, better villus:crypt ratio in the duodenum was seen with 0.65% of digestible threonine, and threonine:lysine and threonine:serine ratios of 0.65 and 0.36. Villus height in the jejunum increased linearly with increasing levels of digestible threonine. In E2, villus height in the duodenum and jejunum increased linearly with increasing levels of crude protein, digestible threonine and total glycine+serine. The reductions in crude protein levels, digestible threonine and total glycine+serine impaired the performance of birds from 8 to 21days of age. The levels of digestible threonine and total glycine+serine that resulted in better performance in the initial phase were 0.71% and 1.805%, respectively, with threonine:lysine and threonine:serine ratios of 0.66 and 0.40, respectively. Such levels and ratios resulted in better body composition and intestinal morphology in the study presented herein. 70 Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina para pintos de corte machos na fase inicial 3.1. Introdução A atualização das exigências dos nutrientes nas formulações de rações para frangos de corte é importante em função da produtividade e mantença que são alterados em virtude do melhoramento genético. Além da idade da ave, sexo e linhagem que modificam a exigência em aminoácidos, é do conhecimento geral que tais exigências também são alteradas pelo nível de energia metabolizável e proteína bruta adotados. Com a possível redução do nível de proteína bruta da ração, associada à disponibilidade de aminoácidos sintéticos no mercado, as pesquisas têm sido orientadas no sentido de estabelecer proporções ideais de aminoácidos essenciais em relação à lisina (Soares et al., 1999). Fischer (1994) afirma que os efeitos observados com o incremento progressivo dos níveis de aminoácidos dietéticos nas aves seguem uma hierarquia, a saber: exigência para máximo crescimento, exigência para melhor conversão alimentar, exigência para carcaça com menos gordura, exigência para ótima composição de carcaça e exigência para maior porcentagem de peito. A melhoria genética das linhagens de frangos de corte, com a manifestação de características superiores de desempenho e de carcaça, é dependente de atualizações contínuas nas exigências nutricionais (Bellaver et al., 2002). Somando-se aos efeitos benéficos sobre o desempenho das aves, McLeod (1982) relata que a adição de aminoácidos em dietas balanceadas pode promover redução do conteúdo de gordura na carcaça. Ao contrário, dietas com altos níveis de proteína bruta ou deficiências em aminoácidos limitantes podem provocar maior deposição de tecido gorduroso. Os aminoácidos essenciais nos frangos podem interagir entre si para melhorar uma determinada função de produção (Kidd et al., 1997). Os níveis dietéticos adequados destes 71 aminoácidos são necessários para dar suporte ao rápido crescimento e melhor rendimento de carcaça dos frangos comerciais. Um dos fatores mais importantes para o desempenho satisfatório e boa composição de carcaça dos frangos é o adequado balanceamento aminoacídico das dietas. Leeson (1995) afirma que quando ocorre o imbalanço de aminoácidos, verifica-se limitação no conteúdo de tecido magro e, consequentemente, direcionamento de calorias para o tecido adiposo. O sistema digestivo das aves, à semelhança do que ocorre com o sistema termorregulador e o imunológico, sofre um processo de maturação no período pós-eclosão, sendo que há maior necessidade em se estudar os seus processos de desenvolvimento (Pelicano et al., 2003). De acordo com Macari (1999) o número de vilosidades e seu tamanho, bem como o de microvilos, em cada segmento do intestino delgado, conferem a eles características próprias, sendo que na presença de nutrientes, a capacidade absortiva do segmento é diretamente proporcional ao número de vilosidades ali presentes, tamanho dos vilos e área de superfície disponível para a absorção. Assim, a integridade da mucosa do trato gastrointestinal conferiria ao frango de corte condições adequadas para a digestão e absorção dos nutrientes. Consequentemente, quando algum fator interfere negativamente na formação ou no funcionamento da mucosa intestinal, ocorre diminuição das vilosidades, aumento do turnover celular e diminuição da atividade digestiva e absortiva (Visek, 1978). De acordo com Le Floc'h e Sève (1996), no metabolismo, a treonina é relativamente protegida da oxidação quando é oferecida em quantidade limitada no alimento, mas ela parece ser relativamente mal oxidada quando é ofertada em excessos. Portanto, este aminoácido deve ser adequadamente balanceado na dieta, pois tanto sua falta, como excesso podem causar consequências indesejáveis. 72 A treonina representa aproximadamente 4,9% da proteína das penas e 4,2% da proteína da carcaça em frangos (Stilborn et al., 1997). Portanto, variações no conteúdo de treonina na dieta podem provocar mudanças nos parâmetros citados acima. A treonina está presente no epitélio gastrintestinal (células da mucosa, muco e enzimas digestivas) e algumas imunoproteínas são particularmente ricas em treonina (Wu, 1998). Necessária na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001; Ojano-Dirain & Waldroup, 2002), atua diretamente na integridade e no desenvolvimento do intestino, onde grande parte da treonina consumida pelos animais é utilizada (Stoll et al., 1998; Bertolo et al., 1998; Burrin et al., 2001). Já a glicina, deve ser considerada limitante em dietas para frangos de corte jovens, pois apesar de ser sintetizada pelo organismo, a alta taxa de crescimento e o intenso turnover protéico destes animais fazem com que a quantidade sintetizada seja insuficiente para suprir as necessidades metabólicas. Utilizada não só para a síntese protéica, a glicina da dieta é usada, também, para a formação de DNA, RNA, creatina e ácido úrico. Por isso, a glicina é considerada um aminoácido essencial para pintos de corte até os 21 dias de idade, pois a síntese metabólica não atende às exigências para o rápido crescimento, devendo a glicina ser fornecida via dieta. Em dietas desbalanceadas, com excesso de proteína e/ou de aminoácidos, a exigência de glicina se eleva, pois o excesso protéico e/ou aminoacídico precisa ser excretado na forma de ácido úrico, e cada molécula de ácido úrico excretada carrega consigo uma molécula de glicina (Dean et al., 2006). De acordo com Corzo et al. (2004), a glicina pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa proteína bruta para aves são formuladas com níveis marginais de treonina e serina, que são seus precursores no metabolismo. Segundo estes autores, níveis crescentes de glicina (0,62 a 1,22%) em rações para frangos de corte de 7 a 20 dias, determinaram uma exigência de 0,98 e 1,02% de glicina (1,76 e 1,80% de glicina+serina), para máximo ganho de 73 peso e melhor conversão alimentar, respectivamente. Sohail et al. (2003) e Dahiya et al. (2005) concluíram que a adição de glicina em dietas de frangos, com ou sem redução da PB, prejudicou o desempenho das aves. Portanto, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de níveis de treonina digestível, de glicina+serina totais e das relações lisina:treonina e treonina:glicina sobre o desempenho, composição corporal e a morfometria intestinal de pintos de corte na fase inicial (8 a 21dias de idade). 3.2. Material e Métodos Foram conduzidos paralelamente, em janeiro de 2009, dois experimentos no galpão localizado no Módulo de Avicultura, do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, no município de Areia-PB, a 6º, 57’, 48’’ de longitude sul e 35º, 41’, 30’’ de longitude oeste, com altitude de 618m acima do nível do mar. Foi instalado um termômetro digital de máxima e mínima, na região central do galpão, de forma que o sensor externo ficasse fixado na altura das aves. As médias de temperaturas máximas e mínimas registradas no interior do galpão onde ficavam as baterias estão na tabela 7. Tabela 7. Valores médios das temperaturas obtidos durante o período experimental. Temperatura 8 a 14 dias 15 a 21 dias Máxima (ºC) 32,1 31,5 Mínima (ºC) 29,1 28,0 Média (ºC) 30,6 29,7 3.2.1. Instalações e equipamentos Foram utilizadas baterias metálicas tipo “Brasília”, medindo 100 x 90 x 25 cm 74 (comprimento x largura x altura), com piso de tela coberto com papel e comedouros e bebedouros próprios da bateria (tipo calha), sendo cada compartimento uma unidade experimental. O aquecimento das aves foi feito até o 12º dia, através de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, a temperatura foi controlada de acordo com o comportamento das aves em relação ao calor. O programa de luz adotado durante o período experimental foi contínuo (24 horas de luz = natural + artificial). 3.2.2. Animais e dietas experimentais Foram utilizados em cada experimento 720 pintos com 8 dias de idade, machos da linhagem Cobb, vacinados no incubatório contra as doenças de Marek, Newcastle e Gumboro, com peso médio de 196,9 ± 0,52 g/ave. As aves foram distribuídas num delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 15 aves cada. No primeiro experimento (E1) os tratamentos foram o controle (T1), constituído por uma dieta convencional formulada para atender todas as exigências nutricionais de frangos de corte machos na fase inicial (8 a 21 dias de idade), suplementada com L-lisina, DL-Metionina e L-treonina (tabela 3). Os outros cinco tratamentos (T2 a T6) foram dietas com níveis crescentes de treonina digestível adicionada em substituição ao amido, contendo também Llisina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Glicina, L-Valina, L-Leucina e LIsoleucina industriais, de forma a atender todas as necessidades aminoacídicas. Neste primeiro experimento, utilizou-se apenas um nível de glicina+serina totais, o que resultou em diferentes relações treonina:lisina (0,65 no controle; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,39 no controle; 0,302; 0,339; 0,377 0,415 e 0,453), bem como diferentes níveis destes aminoácidos (tabela 8) nos respectivos tratamentos. 75 Tabela 8: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais nos experimentos 1 e 2. Tratamentos Experimento 1 1(Controle) 2 3 4 PB (%) 20,00 18,806 18,901 18,906 0,781* 0,544 0,612 0,680 Tre dig. (%) 0,65* 0,50 0,56 0,62 Tre:Lis Gli+Ser total (%) 2,085* 1,800 1,800 1,800 0,374 0,302 0,339 0,377 Tre:Gli Experimento 2 PB (%) 20,00 15,781 16,380 16,979 0,781* 0,544 0,612 0,680 Tre dig. 0,65* 0,50 0,56 0,62 Tre:Lis Gli+Ser total (%) 2,084* 1,382 1,555 1,728 Tre:Gli 0,374 0,393* 0,393* 0,393* *De acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2005). 5 18,911 0,748 0,68 1,800 0,415 6 18,917 0,816 0,75 1,800 0,453 17,578 0,748 0,68 1,901 0,393* 18,177 0,816 0,75 2,074 0,393* No segundo experimento (E2) foi utilizada no T1 a mesma dieta convencional (controle) adotada no primeiro. Os outros cinco tratamentos foram dietas com níveis crescentes de treonina digestível e glicina+serina totais, suplementadas em substituição ao amido (Tabela 9) e, contendo também, os mesmos aminoácidos industriais adicionados no primeiro experimento para atender todas as necessidades aminoacídicas nas dietas testadas. Neste experimento, os níveis de glicina+serina totais foram manipulados de forma a manter a mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) em todos os tratamentos testados, acompanhando a variação dos níveis de treonina digestível. Para a obtenção das dietas experimentais (T2 a T6) em ambos os experimentos, uma ração basal foi suplementada com L-treonina no E1, e com L-treonina e L-glicina no E2, para alcançar os níveis de 0,544; 0,612; 0,680; 0,748 e 0,816% de treonina digestível (E1 e E2) e 1,384; 1,555; 1,728; 1,901 e 2,074% de glicina+serina totais (E2), correspondendo respectivamente, às relações treonina:lisina de 0,5; 0,562; 0,625; 0,68 e 0,75 (tabela 8). A ração controle (T1) foi formulada com 20% de PB e 95 % das recomendações de Rostagno et al. (2005) para aminoácidos, sendo composta de 1,091 % de lisina digestível; 76 0,770% de metionina+cistina digestível; 0,711% de treonina digestível e 2,089% de glicina+serina total e contendo apenas os aminoácidos industriais L-lisina, DL-Metionina e LTreonina (tabela 9). 3.2.3. Parâmetros avaliados Foram avaliados os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal e a morfometria intestinal dos frangos de 8 a 21 dias de idade. As variáveis analisadas foram: o consumo de ração (CR), que foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e as sobras, pesadas no início e final do experimento, e o peso final (PF) e o ganho de peso (GP), a conversão alimentar (CA), o consumo de proteína e a conversão protéica das aves. Para a composição corporal, um grupo adicional de 10 pintos de 8 dias de idade foi abatido para determinação da composição corporal inicial (proteína, extrato etéreo, cinzas e água), aos 21 dias de idade foram selecionadas duas aves com peso representativo da parcela, que, após jejum de 12 horas, foram abatidas por deslocamento cervical. As aves foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos identificados e armazenadas em freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram picados com o auxílio de uma serra fita e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775 rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a 4 vezes, para que se tornassem bem homogêneas para análises laboratoriais. As amostras foram, então, colocadas em bandejas descartáveis de alumínio, pesadas e pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60±5oC, durante o tempo necessário para a estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas e acondicionadas em potes plásticos, os quais foram armazenados para análises posteriores. As análises de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE) e cinzas(CZ) das amostras foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descrito por Silva (1991). Os valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria natural 77 (corrigidos pela matéria seca) e em gramas. As deposições de proteína e de gordura corporal (em gramas) foram calculadas pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de corte no início e final no período experimental. Também foram calculadas a deposição de proteína (Dep. de PB), a deposição de gordura (Dep. de GD), a eficiência relativa de deposição protéica (Efic. Dep. PB) e a relação proteína:gordura na carcaça (Relação PB:GD). Para a morfometria intestinal, no final de cada experimento foram selecionadas duas aves por parcela, com peso representativo do peso médio da parcela para o abate e coleta dos fragmentos de intestino. Após a pesagem as aves foram abatidas e seu intestino foi retirado, aberto e lavado com água destilada. Após a limpeza, foram retiradas amostras medindo 1 cm do intestino delgado (duodeno e jejuno) que foram fixadas em Solução de Bouin. No laboratório de Biodiagnóstico do Centro de Ciências da Saúde CCS/UFPB, as amostras foram desidratadas, infiltradas com parafina, cortadas em micrômetro a uma espessura de 0,5µ e coradas com Hematoxilina e Eosina para análise de altura de vilo e profundidade de cripta em microscópio, conforme metodologia descrita por Corless & Sell (1999). As medições foram realizadas com auxílio do softwere “Image J”, foram visualizadas em microscópio pelo menos três cortes por tratamento, com no mínimo três medições por corte para altura de vilos e profundidade de cripta. 78 Tabela 9. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase inicial. Ingredientes Milho Grão F. de Soja Óleo de Soja F. Bicálcico F. carne e ossos Calcário F. de Trigo Inerte 1 Glúten Amido Sal comum L-Lisina HCl DL-Metionina L-treonina L-Glicina L-Arginina L-Triptofano L-Valina L-Isoleucina Cl. Colina Cl. Potássio Coban Enradim Premix Mineral2 Premix Vitamínico3 Etoxiquim Colistin Total PB % EM kcal/kg Lis dig.4 (%) Met+Cis dig.4 (%) Arg. Dig. 4 (%) Treo. Dig. % Trip. Dig. 4 (%) Gli+Ser Tot.4 (%) Valina dig.4 (%) Leucina dig. 4 (%) Isoleucina dig. 4 (%) BE (mEq/kg) Experimento 1 Experimento 2 Controle Basal Superior Controle Basal Superior 64,658 70,149 70,149 64,658 75,561 75,561 27,785 19,605 19,605 27,783 7,949 7,949 0,330 0,000 0,000 0,332 0,000 0,000 0,227 0,252 0,252 0,227 0,383 0,383 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 0,403 0,443 0,443 0,403 0,459 0,459 0,000 2,232 2,232 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 5,839 5,839 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,500 0,500 0,199 0,500 1,100 0,086 0,355 0,363 0,363 0,355 0,381 0,381 0,232 0,471 0,471 0,232 0,851 0,851 0,228 0,300 0,300 0,228 0,431 0,431 0,060 0,000 0,301 0,060 0,200 0,501 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,714 0,000 0,017 0,017 0,000 0,087 0,087 0,000 0,192 0, 192 0,000 0,575 0,575 0,000 0,131 0,131 0,000 0,353 0,353 0,000 0,000 0,000 0,000 0,337 0,337 0,000 0,123 0,123 0,100 0,070 0,070 0,100 0,100 0,100 0,000 0,302 0,302 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 Composição 20,000 18,896 18,917 20,000 15,781 18,177 3,000 3,000 2,998 3,000 3,000 2,993 1,091 1,086 1,086 1,091 1,087 1,087 0,770 0,774 0,774 0,776 0,774 0,774 1,172 1,145 1,145 1,175 1,429 1,429 0,781 0,544 0,816 0,781 0,544 0,816 0,196 0,170 0,170 0,193 0,171 0,171 2,089 1,800 1,800 2,084 1,383 2,074 0,816 0,820 0,820 0,819 0,820 0,820 1,525 1,330 1,330 1,522 0,990 0,990 0,7119 0,711 0,711 0,714 0,705 0,705 190,23 161,5 161,5 190,53 117,02 117,02 1 -Areia lavada peneirada. 2- Composição/kg do produto: vit. A - 12.000.000 UI; vit. D3 - 3.600.000 UI; vit. B1 - 2,5 g; vit. B2 - 8 g; vit. B6 – 3,0 g; ácido pantotênico - 12 g; viotina - 0,2 g; vit. K – 3,0 g; ácido fólico - 3,5 g; ácido nicotínico - 40 g; vit. B12 - 20 mg; Se - 0,13 g; veículo q.s.p. - 1.000 g. 3- Composição/kg do produto: Mn - 160 g; Fe - 100 g; Zn - 100 g; Cu 20 g; Co - 2 g; I - 2 g. Excipiente q.s.p. - 1.000 g. 4-Valores correspondente a 95% das recomendações de Rostagno et al. (2005). 79 3.2.4. Análise Estatística Os resultados foram submetidos às análises de variância utilizando-se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000) e foi realizada a regressão das variáveis avaliadas em função dos níveis crescentes de treonina digestível (exceto tratamento controle), utilizando-se os efeitos lineares e quadráticos para determinação das exigências. As exigências de glicina+serina total, foram determinadas sempre no E2, através de relação matemática e com base no nível de treonina digestível indicado pela equação. Realizou-se também o teste de Dunnett, comparando as médias dos tratamentos experimentais às médias da dieta controle. O modelo matemático utilizado foi: Yij = µ + Ai + εij onde: Yij = observação no nível de L-treonina no E1 ou L-treonina e L-glicina no E2 i, na repetição j; µ = média geral; Ai = Efeito da utilização da L-treonina; εij = erro aleatório associado a cada observação. 3.3. Resultados e Discussão 3.3.1. Desempenho Zootécnico As médias das variáveis de desempenho das aves estão na tabela 10. 80 Tabela 10. Médias de desempenho dos frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Tratamentos Parâmetros Tre:Lis CR (g/ave) PF (g) GP (g/ave) CA Consumo de PB (g) Conversão Protéica 1(C) 2 3 4 T2 a T6 Exigência tre dig.(%) Reg. CV(%) 75 1060,8* 976,3* 779,4* 1,36 1046,3 979,6 782,5 1,34 0,660 0,710 0,710 0,690 Q* Q* Q* Q* 1,06 1,89 1,48 4,53 212,4* 211,8* 207,2 - L* 1,65 1,63 1,72 1,73 0,720 Q* 4,64 5 6 65 1086,7 1030 833,5 1,30 Experimento 1 50 56 62 1050,9* 1043,4* 1025,4* 959,4* 981* 984,6* 762* 784,3* 787,5* 1,38 1,33 1,30 68 1051,5* 996,8* 799,5* 1,31 225,5 201,6* 203,8* 206,4* 1,62 1,95* 1,83* 1,52 Média Experimento 2 Gli+Ser 2,084 1,382 1,555 1,728 1,901 2,074 totais (%) CR (g/ave) 1173,2 1165,1* 1171,2 1148,8* 1144,3* 1139,1* 1153,3 L* 1,04 PF (g) 1025,5 956,4* 970* 980,3* 985,7* 969,1* 972,3 0,710 Q* 4,12 GP (g/ave) 829,2 759,6* 773,6* 783,6* 789,1* 772,7* 775,7 0,710 Q* 2,96 CA 1,41 1,53* 1,51* 1,46 1,45 1,47 1,48 0,750 Q* 2,43 Consumo de 223,0 164,7* 164,9* 163,6* 173,1* 178,6* 169,0 L* 3,94 PB (g) Conversão 1,58 1,62 1,51 1,36* 1,37* 1,40* 1,45 0,740 Q* 5,66 Protéica C – tratamento controle; *- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle pelo teste de Dunnett, (P<0,05); Q*= efeito quadrático (P<0,05); L*=efeito linear (P<0,05). FA = falta de ajuste. No E1, o CR de todos os tratamentos teste (T2 a T6) foi inferior à média do tratamento controle (T1), além disso, a análise mostrou que houve uma regressão quadrática, com exigência de 0,66% de tre digestível (Y2 = 1560,5 - 1585,3x + 1195,8x2, R²=0,72) e 1,677% de gli+ser total para menor CR (figura 14), com uma relação treonina:lisina de 0,61. No E2, com exceção do T3 (0,612% de tre digestível) todos os tratamentos também apresentaram médias inferiores ao controle, além de uma regressão linear, com diminuição do CR com o aumento do nível de treonina digestível e das relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina. Essa redução de consumo no E2, ocorreu provavelmente em função do desbalanço aminoacídico gerado nas dietas de baixa PB pelo aumento do nível de treonina 81 digestível e da relação treonina:lisina. Segundo Albino et al. (1999) o grau de deficiência ou desbalanceamento de aminoácidos na ração resulta em alterações no consumo de ração. Figura 14: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. O peso final das aves nos tratamentos testados foi menor que os dos respectivos tratamentos controle em ambos os experimentos. Tanto no E1 como no E2, as médias apresentaram regressão quadrática, com exigências de 0,71% de tre digestível (respectivamente, Y1 = -1164,7x2 + 1657x + 402,2 com R² = 0,88 e Y2 = -1047,3x2 + 1494,4x + 457,6 com R² = 0,81) e 1,805% de gli+ser total, e com relações treonina:lisina de 0,65 e treonina:glicina+serina de 0,394.(figura 15). 82 Figura 15- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final de frangos de corte machos na fase inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Para o GP, em ambos os experimentos, as médias foram todas menores que as dos respectivos tratamentos controle, tanto no E1 como no E2, houve comportamento quadrático dos dados, sendo o maior GP atingido com 0,71% de treonina digestível (respectivamente, Y1 = 200,54 + 1670,2x - 1174x2, R²= 0,88 e Y2= 281,92 + 1433,2x -1008,7x2 R²= 0,93), 1,805% de gli+ser total, e com relações treonina:lisina de 0,65 e treonina:glicina+serina de 0,394 (figura 16). Estes resultados estão abaixo dos encontrados por Atencio et al. (2004), segundo os quais a exigência de tre digestível para CR e GP em frangos de corte no período de 1 a 21 dias é de 0,796%, no entanto, estes autores utilizaram dietas com 21,78% de PB, enquanto no presente trabalho as dietas tinham 18,9% no E1 e 17,1% no E2. Os resultados indicam que em rações com redução de PB, os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais na dieta são ainda mais importantes, pois nestas condições as exigências destes aminoácidos são maiores, tanto para síntese protéica, como para formação de ácido úrico no caso da glicina, e da treonina na ausência de glicina. O aumento das exigências de treonina ocorre também porque grande parte deste aminoácido é eliminado nas 83 fezes em função da descamação do epitélio intestinal, rico em treonina, causada pelo intenso turnover protéico (Fernandez et al., 1994). Figura 16: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Para a CA, no E1 todos os tratamentos testados tiveram médias iguais à do controle pelo (teste de Dunnet, P<0,05). A análise mostrou uma regressão quadrática, com exigência de 0,69% de treonina digestível, para melhor CA (Y1 = 3,7074x2 - 5,1303x + 3,076 R² = 0,98), com relações treonina:lisina de 0,63 e treonina:glicina+serina de 0,383. No E2, os tratamentos T2 e T3 (0,544 e 0,612% de tre digestível, respectivamente) tiveram CA pior que a do controle, os demais tratamentos tiveram resultados iguais ao controle para esta variável, além disso, os dados apresentaram comportamento quadrático, com exigência de 0,75% de treonina digestível (Y2 = 2,566 - 3,0105x+ 2,0082x2, R² = 0,97) e 1,906% de glicina+serina total, com relação treonina:lisina de 0,69 para melhor CA (figura 17). Estes resultados estão abaixo dos encontrados por Barboza et al (2001), segundo os quais a exigência de tre digestível para melhor GP e CA foi de 0,87% em dietas com 18% de PB. 84 Figura 17: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão alimentar de frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2). Para o consumo de proteína, tanto no E1 como no E2, os tratamentos teste tiveram médias inferiores aos tratamentos controle, que aumentaram linearmente com a elevação dos níveis de treonina no E1 e de treonina e glicina+serina no E2 (figura 18). Figura 18: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. 85 Este aumento no consumo de proteína era esperado, pois a adição dos AA nas rações para atingir os níveis experimentais desejados, elevou também o seu nível protéico. No entanto, esperava-se que o aumento fosse mais acentuado no E2, em função da maior redução protéica e da adição de dois AA em vez de um, o que não ocorreu. Para a conversão protéica, no E1 os tratamentos T4, T5 e T6 (respectivamente, 0,68; 0,748 e 0,816% de tre digestível) apresentaram médias iguais à do controle, enquanto os tratamentos T2 e T3 (respectivamente, 0,544 e 0,612% de tre digestível) apresentaram pior conversão protéica. No E2, os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível) e T3 (0,612%) apresentaram conversão protéica semelhante à do tratamento controle, enquanto os demais (T3, T4 e T5) apresentaram resultados melhores para esta variável em relação ao controle. A análise de regressão mostrou que as médias tiveram comportamento quadrático tanto no E1 como no E2, sendo que no primeiro experimento, a exigência foi de 0,72% de treonina digestível (Y1 = 8,27 - 18,618x + 12,976x2, R² = 0,83), com relações treonina:lisina de 0,66% e treonina:glicina de 0,40. No segundo, a exigência foi de 0,74% de treonina digestível, 1,881% de glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,68 (figura 19). Figura 19: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão protéica nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. 86 O desempenho inferior das aves no E2 em relação ao E1 provavelmente se deve à redução drástica no nível de proteína das dietas no segundo experimento. Isto se reforça pela melhora no desempenho das aves no E2 quando o nível de treonina digestível e de glicina+serina totais foram elevados, com um consequente aumento do nível protéico, cuja redução bastante acentuada em relação ao E1, certamente contribuiu para a diminuição dos índices de desempenho, elevando o CR, piorando o PF, o GP e CA, embora tenha melhorado a conversão protéica. Como os níveis protéicos nas rações foram menores, a média de conversão protéica foi melhor no E2 nos tratamentos com menores níveis aminoácidicos, que tinham uma severa restrição protéica e aminoacídica (treonina e glicina), mostrando que houve um melhor aproveitamento da proteína disponível, pois quanto menor a disponibilidade de alimento ou nutriente, maior é a eficiência de aproveitamento do organismo. Isto é desejável, pois quanto melhor for aproveitada a proteína da dieta, melhor será a eficiência alimentar e menores serão as quantidades de N excretado no ambiente. As reduções relativas do teor de PB, de 5,5% no E1 (de 20 para 18,895%) e de 22,1% no E2 (20 para 15,781%) em relação à dieta controle, e dos níveis de tre digestível (E1) e de tre digestível e gli+ser total (E2), prejudicaram o desempenho das aves. Com a suplementação, em níveis crescentes dos aminoácidos nas dietas, o desempenho das aves mostrou uma certa recuperação, principalmente para o PF, GP e CA. No E1, a redução do nível de treonina digestível provavelmente tornou-a limitante para a síntese protéica, forçando o organismo da ave a excretar o excesso dos demais aminoácidos, o que elevou a exigência de glicina para compor as moléculas de ácido úrico. Segundo Silva et al. (2006), quando o organismo passa a sintetizar ácido úrico há um gasto de energia e de aminoácidos como glicina e serina, elevando o risco de contaminação ambiental com nitrogênio. 87 Já no E2, como a redução protéica foi muito acentuada, esta recuperação não foi suficiente para alcançar o mesmo patamar da dieta controle, pois além da treonina digestível, o nível de glicina+serina também estava limitado, assim o desbalanço aminoacídico tornou-se crítico, comprometendo fortemente o desempenho das aves, já que nesta fase de criação, as aves necessitam muito de níveis adequados, tanto de proteína, como de aminoácidos. No presente trabalho, a adição de treonina e glicina industriais nas dietas melhorou o desempenho, embora não o tenha levado a atingir níveis iguais aos da dieta controle. Resultados estes que concordam com os de Corzo et al. (2004), que relataram que a glicina pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa proteína bruta para aves são formuladas com níveis marginais de treonina e serina, que são seus precursores no metabolismo. Os autores relatam ainda, exigências de 1,76 e 1,80% de glicina+serina total para máximo ganho de peso e melhor CA, respectivamente, para frangos de corte de 7 a 20 dias de idade, valores estes que estão próximos aos encontrados no presente trabalho. Por outro lado, Sohail et al. (2003) e Dahiya et al. (2005), diferentemente dos resultados aqui encontrados, relataram que a adição de glicina industrial em dietas balanceadas para atender o conceito de proteína ideal provocou redução do crescimento das aves, com ou sem redução da PB, devido a um desbalanço dos aminoácidos não-essenciais. 3.3.2. Composição Corporal As médias das variáveis de composição corporal estão na tabela 11. 88 Tabela 11. Composição Corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Tratamentos 1 (Controle) 2 3 4 5 6 Experimento1 Tre:Lis dig. MS da carcaça (%) PB na Carcaça (%) Deposição de PB (g) Efic. Dep. PB (%) GD na Carcaça (%) Deposição de GD (g) Relação PB:GD CZ na Carcaça (%) 65 50 56 62 68 75 Média Exigência tre dig.(%) Reg. CV(%) 28,47 28,49 25,47* 31,07* 28,26 28,31 28,10 - FA 2,96 16,18 13,82* 12,77* 15,69 16,66 15,07 15,03 - FA 3,35 138,9 102,3* 108,9* 137,6 130,3* 126,0* 124,0 0,72 Q* 3,99 61,6 49,8* 53,7* 68,2* 64,2 59,6 58,9 0,72 Q* 3,86 8,70 9,40* 9,55* 12,04* 11,60* 10,98* 10,36 - FA 3,49 77,9 81,0* 84,1* 108,8* 105,0* 98,8* 92,3 - FA 3,49 1,76 1,39* 1,24* 1,28* 1,24* 1,27* 1,36 - FA 1,12 2,28 2,17 2,23 2,28 2,35 2,29 2,26 - FA 3,14 Experimento 2 Gli+Ser Exigência 2,084 1,382 1,555 1,728 1,901 2,074 Média tre dig.(%) Reg. CV(%) totais (%) MS da 28,45 25,72* 28,48 31,09* 28,27 28,35 28,39 0,70 Q* 2,15 carcaça (%) PB na 17,18 14,74* 15,24* 15,67* 16,70* 15,81* 15,86 0,76 Q* 1,24 Carcaça (%) Deposição 140,9 101,3* 108,7* 120,1* 125,8* 127,0* 120,6 L* 3,99 de PB (g) Efic. Dep. 63,2 77,1* 61,4* 75,5* 63,2 67,1* 67,9 FA 6,25 de PB (%) GD na 8,61 9,31* 9,49* 11,00* 11,60* 10,20* 10,02 FA 1,02 Carcaça (%) Deposição 77,6 80,8* 82,0* 104,8* 106,0* 93,1* 90,0 FA 6,66 de GD (g) Relação 1,78 1,63* 1,24* 1,17* 1,05* 1,38* 1,38 FA 2,13 PB:GD CZ na 2,26 2,18 2,38 2,35 2,26 2,22 2,27 FA 3,46 Carcaça (%) * - Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05); Q= Efeito quadrático; L=Efeito linear; * =(P<0,05); FA= falta de ajuste. Para o teor de MS na carcaça, no E1, o T3 (0,612% de treonina digestível), com média inferior, e o T4 (0,68%), com média superior, diferiram do tratamento controle (teste de Dunnett). No E2, o T2 (0,544% de treonina digestível), com média inferior, e o T4 (0,68%), com média superior diferiram do controle, ainda no segundo experimento, os dados 89 apresentaram regressão quadrática, com exigência de 0,70% de treonina digestível. (Y2 = 53,859 + 239,23x -170,53x2, R² = 0,77), 1,78% de glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,64 para maior porcentagem de MS na carcaça (figura 20). Figura 20: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de MS na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Para o teor de PB na matéria natural da carcaça, no E1, os tratamentos T2 e T3 (0,544 e 0,612% de tre digestível, respectivamente) apresentaram valores menores que o tratamento controle, enquanto os demais tratamentos foram semelhantes. No E2, todos os tratamentos teste apresentaram teores menores que o controle para esta variável, e as médias apresentaram regressão quadrática, com exigências de 0,76% de tre digestível (Y2 = - 3,3344 + 51,41x 33,897x2, R² = 0,77), 1,932% de gli+ser total e relação treonina:lisina de 0,70 para maior teor de proteína na matéria natural (MN) da carcaça (figura 21). 90 Figura 21: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de proteína na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Para a deposição de proteína na carcaça no período de 8 a 21dias de idade, no E1, com exceção do T4 (0,68% de tre digestível) que foi semelhante, todos os tratamentos teste obtiveram médias inferiores ao controle. Houve comportamento quadrático das médias, com exigência de 0,72% de tre digestível (Y1 = - 356,26 + 1341,3x - 922,71x2, R² = 0,84), com relação treonina:lisina de 0,66 e relação treonina:glicina de 0,40 para maior deposição de proteína na carcaça. No E2 todos obtiveram médias menores que a do controle. A análise de regressão mostrou um aumento linear da deposição de proteína com o aumento dos níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e proteína bruta na dieta (figura 22). 91 Figura 22- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de proteína na carcaça nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial. Para a eficiência de deposição protéica, no E1, os tratamentos T2 e T3, respectivamente com 0,544 e 0,612% de tre digestível, apresentaram menor eficiência de deposição da proteína na carcaça, já o tratamento T4 (0,68% de tre digestível) obteve média superior ao controle, enquanto T5 e T6 (0,748 e 0,816%) foram semelhantes. A análise de regressão revelou um comportamento quadrático dos dados no E1, com exigência de 0,72% de tre digestível (Y1 = - 2,1959 + 7,9061x - 5,4885x2, R² = 0,80), com relação treonina:lisina de 0,66 e relação treonina:glicina de 0,40 (figura 23). Figura 23- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a eficiência protéica no experimento 1 (Y1) em frangos de corte machos na fase inicial. 92 No E2 os tratamentos T2, T4 e T6 (respectivamente, 0,544; 0,680 e 0,816% de treonina digestível) apresentaram médias de eficiência de deposição protéica maiores que o controle, o T3 (0,612%) obteve média inferior e o T5 (0,748%) foi semelhante ao controle. A análise de regressão não foi significativa no E2. Para o teor de gordura na carcaça e a deposição de gordura na carcaça, todos os tratamentos apresentaram médias superiores às dos respectivos tratamentos controle em ambos os experimentos. Para a e relação proteína:gordura na carcaça, todos os tratamentos testados também apresentaram médias piores que a do controle. Para a percentagem de cinzas na carcaça, não foi detectada nenhuma diferença significativa. A análise de regressão não foi significativa para nenhuma dessas variáveis. Estes resultados são contrários aos de McLeod (1982), o autor relatou que a adição de aminoácidos em dietas balanceadas pode promover redução do conteúdo de gordura na carcaça. As relações tre:lis encontradas no presente trabalho, de 65% para desempenho e 66% para a composição corporal, são superiores à relatada por Berres et al. (2007), segundo os quais, a relação tre:lis de 63,5% é suficiente para maximizar o desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais de frangos de corte dos 17 aos 37 dias de idade. O metabolismo da treonina envolve síntese, degradação, incorporação do N na molécula de ácido úrico, conversão dos esqueletos de carbono em glicose, energia ou CO2 e H2O e ainda formação de derivados não protéicos (Kidd et al., 1996). Segundo Lehninger (1991), este AA participa da síntese protéica e seu catabolismo pode gerar numerosos produtos importantes no metabolismo (por exemplo: glicina, acetilCoA, succinilCoA e piruvato). Os esqueletos de carbono resultantes do seu catabolismo geram piruvato ou outros compostos intermediários do Ciclo de Krebs para produção de energia e glicina para necessidades metabólicas tais como a síntese de proteína, creatina, serina, ácido úrico, sais biliares e glutationa. 93 A composição corporal das aves que receberam os tratamentos experimentais foi, em geral, pior que a das aves que receberam os tratamentos controle, nos dois experimentos. No E1, com a redução da proteína bruta em relação à dieta controle, houve redução no teor de PB da carcaça, na deposição de proteína e na eficiência de deposição protéica, assim como aumento do teor de gordura e da deposição de tecido gorduroso e, portanto, piora na relação proteína:gordura da carcaça. Isto provavelmente ocorreu em função do desbalanço aminoacídico criado pela redução do nível de treonina digestível, que se tornou limitante no organismo. Com isto, as aves foram forçadas a eliminar do seu corpo o excesso de aminoácidos. Mas o processo de desaminação dos aminoácidos em excesso elimina apenas o grupamento amino, deixando no organismo da ave as cadeias carbônicas correspondentes que são, por sua vez, aproveitadas para a geração de energia ou depositadas na forma de tecido adiposo. Como as rações foram todas formuladas para atender as necessidades energéticas das aves, este excesso energético gerado pelas cadeias carbônicas dos aminoácidos foi depositado na forma de gordura, aumentando assim o teor de gordura e contribuindo para piorar a relação proteína:gordura na carcaça. De acordo com Castro et al. (1998) a composição corporal dos frangos é afetada tanto pela quantidade como a qualidade da proteína da ração, demonstrando que aminoácidos em menor proporção, comparado às exigências, tornam-se limitantes e restringem a deposição protéica. A composição de proteínas e aminoácidos da dieta também pode influenciar a deposição de proteína da carcaça, afetando principalmente o rendimento de carne de peito (Kidd et al., 1998). Todos os aminoácidos que excedem os requerimentos para mantença (renovação dos tecidos) e produção (crescimento dos animais jovens, produção de ovos, etc...) são catabolizados, ocorre a remoção do grupo α-amino por transaminação e desaminação oxidativa, formando amônia e os α-cetoácidos correspondentes (Champe & Harvey, 1996). 94 McLeod (1982) afirmou que a adição de aminoácidos em dietas desbalanceadas pode provocar uma maior deposição de tecido gorduroso, e Leeson (1995) relatou que com o imbalanço aminoacídico ocorre uma limitação do conteúdo de tecido magro e, consequentemente, direcionamento de calorias para o tecido adiposo. Os resultados do presente trabalho corroboram os de Ciftci & Ceylan (2004), segundo os quais, abaixo da exigência, o nível crescente de treonina melhoraria as características de carcaça, pois houve uma melhora com o aumento dos níveis aminoacídicos, embora não tenha sido suficiente para igualar os níveis de composição corporal obtidos no tratamento controle. No E2, o prejuízo verificado nas variáveis de composição corporal não foi tão acentuado como nas de desempenho, que foi bastante próxima da verificada no E1. Ao que parece, as exigências das aves para composição corporal são menores que as de desempenho. Segundo Fischer (1994), os efeitos observados com o incremento progressivo dos níveis de aminoácidos dietéticos nas aves seguem uma hierarquia, a saber: exigência para máximo crescimento, exigência para melhor conversão alimentar, exigência para uma melhor carcaça com menos gordura, exigência para uma ótima composição de carcaça e exigência para uma maior porcentagem de peito. Além disso, a adição de glicina pode ter contribuído para a manutenção dos parâmetros nos mesmos níveis do E1, pois além de ser essencial para os frangos nesta idade, a glicina adicional deve ter contribuído para a síntese de outros aminoácidos, e ainda servido como poupadora deles, pois com sua adição, a necessidade de transaminar outros aminoácidos como a treonina e a serina para serem eliminados na forma de glicina junto com a molécula de ácido úrico foi reduzida. Para garantir a excreção normal de N, se gasta 1 mol de glicina para cada molécula de ácido úrico produzida. 95 3.3.3. Morfometria Intestinal As médias das variáveis de morfometria intestinal estão na Tabela 12. Tabela 12. Medias de Altura de Vilos (AV), Profundidade de Criptas (PC) e relação volo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase inicial (8 a 21 dias de idade). Treonina Dig. (%) Controle (0,711) 0,544 0,612 0,680 0,748 0,816 Média Exigência tre dig.(%) Regressão CV (%) Treonina Dig. (%) Gli+Ser Totais (%) AV (µm) 89,29 92,83 99,35* 89,05 94,24* 85,90 91,78 FA 3,4 AV (µm) Experimento 1 Duodeno PC (µm) Vilo:Cripta 20,56 4,34 17,81* 5,21 19,21 5,17 15,18* 5,86* 17,72* 5,03 19,76 4,35 18,37 4,99 0,65 FA Q* 3,1 4,0 Experimento 2 Duodeno AV (µm) 82,93 54,37* 55,60* 58,40* 64,82* 68,80* 64,15 L* 3,7 PC (µm) AV (µm) Vilo:Cripta Jejuno PC (µm) 21,83 20,59 18,40* 19,92 17,99* 20,60 19,88 FA 4,4 Vilo:Cripta 3,80 2,64* 3,02 2,93* 3,60 3,33 3,74 FA 3,2 Jejuno PC (µm) Vilo:Cripta Controle 2,084 54,14 19,14 2,83 81,88 14,00 5,84 (0,711) 0,544 1,382 54,25 16,40* 3,53 40,50* 12,86 3,14* 0,612 1,555 57,92* 12,59* 4,79* 57,99* 19,10* 3,04* 0,680 1,728 59,31* 19,80 4,24* 53,54* 13,73 3,86* 0,748 1,901 60,11* 18,63 3,18 64,50* 11,10* 5,81 0,816 2,074 61,29* 17,31* 2,74 64,43* 17,28* 3,72* Média 57,84 17,31 3,56 60,47 14,68 4,23 Exigência tre dig.(%) Regressão L* FA FA L* FA FA CV (%) 4,3 3,5 3,8 5,3 3,6 4,1 * Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,01); Q= Efeito quadrático; ** = (P<0,01); FA = falta de ajuste. Para a altura de vilos no duodeno, no E1 as médias dos tratamentos T3 e T5 (0,612 e 0,748% de treonina digestível) foram maiores que a do tratamento controle. No E2, com exceção do T2 com nível basal de treonina digestível (0,544%), que obteve média semelhante, todos os demais tratamentos testados apresentaram médias de altura de vilos maiores que o controle. A análise mostrou ainda uma regressão linear com aumento da altura de vilos no E2 à medida se elevou o nível de treonina digestível e as relações treonina:lisina e treonina:glicina da dieta (figura 24). 96 Figura 24: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 2 (Y2). Para a profundidade de criptas no duodeno, no E1 os tratamentos T2, T4 e T5 (respectivamente com 0,544; 0,68 e 0,748% de treonina digestível) apresentaram médias inferiores ao controle, os demais tratamentos tiveram resultados semelhantes. No E2, os tratamentos T2, T3 e T6 (0,544; 0,612 e 0,816% de treonina digestível) apresentaram médias menores que o controle para esta variável, os demais, T4 (0,680%) e T5 (0,748% de treonina digestível) tiveram médias semelhantes ao T1. Para a relação vilo:cripta no duodeno, no E1 o tratamento T4 (0,68% de treonina digestível) obteve média superior ao controle, e as médias apresentaram regressão quadrática com exigência de 0,65% de treonina digestível (Y1 = - 12,607 + 56,071x - 43,248x2, R² = 0,78) e relações treonina:lisina e treonina:glicina de 0,65 e 0,36 (figura 25). No E2, os tratamentos T3 (0,612% de treonina digestível) e T4 (0,68%) apresentaram médias maiores que o controle para esta variável, para os demais não houve diferença significativa. 97 Figura 25: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação vilo:cripta no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 1(Y1). Para a altura de vilos no jejuno, em ambos os experimentos, todos os tratamentos testados apresentaram médias inferiores aos respectivos tratamentos controle. As médias aumentaram linearmente à medida que o nível de treonina digestível foi elevado nas dietas (figura 26). No entanto, este aumento não foi suficiente para levar os valores ao mesmo patamar dos respectivos tratamentos controle. Figura 26- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1(Y1) e 2 (Y2). 98 Para a profundidade de criptas no jejuno, no E1, os tratamentos T3 e T5 (respectivamente 0,612 e 0,748% de treonina digestível) apresentaram médias menores que o tratamento controle, os demais tratamentos teste tiveram médias semelhantes. No E2, os tratamentos T3 (0,612% de treonina digestível) e T6 (0,816%) apresentaram médias com valores superiores à média do tratamento controle, o T5 (0,748%), apresentou resultado inferior, e os demais tiveram médias semelhantes. A análise de regressão não foi significativa. Para a relação vilo:cripta no jejuno, no E1, os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível) e T4 (0,68%) tiveram médias inferiores à do controle, e os demais apresentaram médias semelhantes. No E2 os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível), T3 (0,612%), T4 (0,680%) e T6 (0,816%) tiveram médias inferiores à do controle, enquanto o T5 (0,748%) teve média semelhante. A análise de regressão não foi significativa. O envolvimento da treonina com a formação e funcionamento do trato gastrointestinal está bem claro e amplamente documentado na literatura científica. No E1, os resultados confirmam isto, as médias de altura de vilos, profundidade de criptas e relação vilo:cripta, no duodeno foram, no geral, melhores que as do tratamento controle, atingindo os valores para maior altura de vilos (99,35 µm), menor profundidade de criptas (15,18 µm) e maior relação vilo:cripta no duodeno com um nível de treonina digestível de 0,68%, embora no jejuno tenha havido uma redução na altura de vilos e da relação vilo:cripta. Considerando que é no duodeno que se dá a maior parte da absorção de nutrientes, esta é uma exigência próxima às encontradas para desempenho, e mostra que a treonina realmente é importante para o funcionamento adequado da mucosa intestinal. O fato de os melhores resultados para desempenho terem sido encontrados com níveis de treonina mais altos que os estimados para as variáveis de morfometria intestinal, pode ser explicado pela grande demanda de treonina necessária para manter a mucosa intestinal. É sabido que grande parte da treonina ingerida, cerca de 40%, fica no intestino para ser usada na 99 síntese de mucinas e proteínas relacionadas com a manutenção do TGI. Portanto, nas aves que alcançaram maior desempenho, a demanda de treonina pode ter sido muito elevada a ponto de não permitir o máximo desenvolvimento das vilosidades intestinais. Segundo Primot et al. (2006) além da síntese protéica, a treonina está envolvida em importantes funções biológicas como a integridade e imunidade do trato gastrointestinal (TGI) e de algumas mucosas, consequentemente, a exigência total de treonina pode variar de acordo com a importância de cada função. No E2, com a redução brusca da proteína e a limitação dos níveis de treonina digestível e glicina+serina totais provocou uma piora sensível em todas as variáveis, tanto no duodeno como no jejuno, que não foi revertida e foi muito pouco amenizada com o aumento dos níveis destes aminoácidos e da proteína. Frangos de corte têm grande capacidade de absorção de nutrientes pelo trato digestivo, e alguns componentes da dieta, juntamente com o conteúdo da microbiota intestinal, podem modificar a mucosa no seu metabolismo, resultando em espessamento da parede intestinal e diminuição da capacidade de digestão e absorção dos nutrientes pelos animais (Turk, 1982). Mas, de acordo com os resultados do presente trabalho, a redução do nível de treonina no E1 não foi suficiente para reduzir a altura de vilos e nem a relação vilo:cripta das aves. Portanto, as perdas de desempenho e de composição de carcaça parecem estar relacionadas apenas com limitação da síntese protéica, e não pela absorção de nutrientes em virtude da diminuição da área de absorção. 3.3.4. Conclusões As reduções dos níveis de PB, de treonina digestível e de glicina+serina totais são prejudiciais ao desempenho das aves na fase de 8 a 21 dias de idade. Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram melhor desempenho na fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente. As relações 100 treonina:lisina e treonina:glicina+serina que proporcionaram o melhor desempenho foram de 0,66 e 0,40, respectivamente, e foram suficientes para promover os melhores resultados de composição corporal e morfometria intestinal. A composição corporal e a morfometria intestinal foram negativamente afetadas pela redução dos níveis de proteína e dos aminoácidos treonina e glicina. 101 3.3.5. Literatura citada ALBINO, L.F.T.; SILVA, S.H.M.; VARGAS JUNIOR, J.G.; ROSTAGNO, H.S. Níveis de metionina + cistina para frangos de corte de 1 a 21 e de 22 a 42 dias de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.28, p.519-525, 1999. ATENCIO, A.; ALBINO, L.F.T.; ROSTAGNO, H.S.; OLIVEIRA, J.E.; VIEITES, F.M.; DONZELE, J.L. Exigências de Treonina para Frangos de Corte Machos nas Fases de 1 a 20, 24 a 38 e 44 a 56 Dias de Idade. Rev. Bras. 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A treonina é um dos aminoácidos mais importantes no metabolismo e na nutrição de frangos, pois exerce um papel bastante variado no organismo animal, participando não só da síntese protéica, mas também do desenvolvimento e funcionamento do trato gastrintestinal e da função imune, fazendo parte das moléculas de vários compostos importantes. Seu requerimento em frangos vem sendo bastante estudado, e as pesquisas mostram que o uso Ltreonina nas rações tem se mostrado eficiente em melhorar o desempenho e reduzir a excreção de nitrogênio das aves, promovendo melhorias na condição geral dos galpões e das aves, contribuindo para um melhor aproveitamento das dietas e uma conseqüente menor excreção de N no ambiente. A suplementação de glicina é importante para melhorar o desempenho de pintos de corte, visto a essencialidade deste aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no metabolismo de nitrogênio das aves. As relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição corporal são, respectivamente, na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade), de 0,68 e 0,40, as quais atendem às necessidades para maximizar os parâmetros de morfometria intestinal. Os melhores resultados, tanto para desempenho como para composição corporal, foram obtidos com os seguintes níveis de treonina digestível e de glicina+serina totais: 0,868% e 2,179%, respectivamente. Na fase inicial (8 a 21 dias de idade), as reduções dos níveis de PB, de treonina digestível e de glicina+serina totais se mostraram prejudiciais ao desempenho das aves. Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram melhor 106 desempenho nesta fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente, com relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina de 0,66 e 0,40, respectivamente. A composição corporal e a morfometria intestinal foram negativamente afetadas pela redução dos níveis de proteína e dos aminoácidos treonina e glicina, em ambas as fases, no entanto, as exigências para melhor desempenho foram suficientes para promover os melhores resultados destes parâmetros. 107