UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
UFPB/UFC/UFRPE
Tese de Doutorado
NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES PARA
PINTOS DE CORTE
RAUL DA CUNHA LIMA NETO
Zootecnista
AREIA-PB
FEVEREIRO/2010
RAUL DA CUNHA LIMA NETO
NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES
PARA PINTOS DE CORTE
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia
da Universidade Federal da
Paraíba, Universidade Federal
Rural
de
Pernambuco
e
Universidade Federal do Ceará
como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa- Orientador Principal
Prof. Dr. José Humberto Vilar Silva - Segundo Orientador
Prof. Dr. Renato Luis Furlan – Terceiro Orientador
AREIA-PB
FEVEREIRO/2010
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
L732n
Lima Neto, Raul da Cunha.
Níveis de treonina, glicina+serina e suas relações para pintos de corte. / Raul
da Cunha Lima Neto. - Areia: UFPB/CCA, 2010.
107 f.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade
Federal da Paraíba, Areia, 2010.
Bibliografia.
Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa.
1. Avicultura 2. Pintos de corte – níveis de aminoácidos 3. Aminoácidos –
relação – pintos de corte 4. Proteína – desempenho I. Costa, Fernando
Guilherme Perazzo (Orientador) II. Título.
UFPB/CCA
CDU: 636.5(043.2)
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
RAUL DA CUNHA LIMA NETO – nasceu em João Pessoa, estado da Paraíba,
aos 30 dias do mês de Dezembro do ano de 1975. Filho do professor de ensino médio
Antônio José Cândido da Cunha Lima e da professora de ensino fundamental Maria
Luzinete Martins da Cunha Lima. Cursou a primeira parte do ensino fundamental no
Colégio Santa Rita, um educandário particular dirigido por freiras católicas na cidade
Areia. Em seguida concluiu o ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio “Carlota Barreira” e cursou o ensino médio no Colégio Estadual
de Ensino Fundamental e Médio “Min. José Américo de Almeida”, ambos na cidade de
Areia-PB, tendo concluído o ensino médio no ano de 1995. Em 1996, ingressou no
curso de Zootecina da Universidade Federal da Paraíba, também no município de Areia,
onde se formou Zootecnista em 2002, trabalhou como professor de ensino médio no
município de Cachoeirinha-TO, entre 2002 e 2003. Em 2004 ingressou no Mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFPB em Areia, na área de Nutrição de
Não-Ruminantes, para desenvolver pesquisas na área de Avicultura. Tendo concluído o
mestrado em 2006, ingressou em seguida no Programa de Doutorado Integrado em
Zootecnia, na sub sede da UFPB em Areia, onde realizou pesquisas na área de nutrição
de não-ruminantes, concluindo o doutorado em fevereiro de 2010.
Epígrafe
A vida nada pode lhe garantir.
Ela apenas lhe dá tempo para fazer
escolhas, assumir riscos
e descobrir os segredos escondidos
em seu caminho.
Se estiver disposto a aceitar
as oportunidades que lhe são dadas
e utilizar a capacidade que tem,
você sempre preencherá sua vida
com momentos especiais
e inesquecíveis.
Ninguém conhece os mistérios da vida,
nem seu significado definitivo,
mas, para aqueles que desejarem
acreditar em seus sonhos
e em si mesmos,
a vida é uma dádiva preciosa na qual tudo é possível.
Dedicatória
À minha mãe Luzinete,
Ao meu Pai Antônio José,
À minha esposa Elba, e
À minha filha Evelyn,
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me concedido a graça e o discernimento para realizar e
concluir esta empreitada.
Agradeço aos meus pais, Antônio José e Luzinete, por me criarem e educarem
com valores e preceitos que me permitiram crescer como uma pessoa de bem, me
orgulho de ser seu filho.
Agradeço à minha esposa e filha, Elba e Evelyn, por terem sempre estado ao meu
lado, me ajudando e incentivando de todas as formas.
Agradeço ao professor Fernando Guilherme, não só pela sua orientação franca e
aberta, mas principalmente pela sua amizade e confiança, bem como pela sua grande
capacidade de me fazer acreditar que era capaz, mesmo quando me julgava incapaz e
inapto. Professor, obrigado pela força, apoio e compreensão.
Agradeço à minha colega e amiga Claudia Goulart, pela amizade sincera e pela
enorme parcela de ajuda que me prestou durante todo o meu doutorado. Amiga, você
tem grande culpa por eu ter me tornado um professor e uma pessoa melhor.
Agradeço aos meus colegas do Setor de Avicultura Cleber, Valéria, Matheus,
Sergio, Rafael, Rafaela, Janaíne e Cristóvão, pela imensa ajuda e amizade que
gentilmente me ofereceram durante o tempo que trabalhamos juntos.
Agradeço aos funcionários do Aviário Josa e Ramalho, que acabaram se tornando
meus amigos e que sempre me deram motivos para admirá-los, por sua força,
honestidade e compreensão.
Agradeço aos professores Severino Gonzaga, Patrícia Givisiez, Ariosvaldo
Medeiros, Edgard Pimenta e Paulo Sergio pelas lições, orientações, exemplos e amizade
que gentil e generosamente me concederam, quero que saibam que aprendi muito com
vocês e os admiro.
Agradeço a todos os meus alunos, cujo convívio me mostrou que somos pessoas
inacabadas e que estamos sempre em construção, pois mesmo a pessoa mais sábia tem
sempre algo que aprender.
Agradeço ainda, a todas as pessoas, amigos ou familiares que me ajudaram ou
torceram por mim, espero poder retribuir de alguma forma essa gentileza.
Muito Obrigado
SUMÁRIO
Capítulo 1: Revisão Bibliográfica
Resumo
Abstract
1.1. Introdução
1.2. Bioquímica da treonina e funções fisiológicas relacionadas
1.3. Digestibilidade, absorção e metabolização da treonina
1.4. Relação Treonina:Lisina e excreção de N
1.5. Influência da treonina sobre o TGI
1.6. Influência da Glicina sobre o desempenho de frangos de corte
1.7. Considerações Finais
1.8. Referências Bibliográficas
Capítulo 2: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas
relações para pintos de corte machos na fase pré-inicial
Resumo
Abstract
2.1. Introdução
2.2. Material e Métodos
2.2.1. Animais, dietas experimentais e delineamento experimental
2.2.2. Parâmetros avaliados
2.2.3. Análise Estatística
2.3. Resultados e Discussão
2.3.1. Desempenho zootécnico
2.3.2. Composição Corporal
2.3.3. Morfometria Intestinal
2.4. Conclusões
2.5. Literatura Citada
Capítulo 3: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações
treonina:lisina e treonina:glicina+serina para pintos de corte
machos na fase inicial
Resumo
Abstract
3.1. Introdução
3.2. Material e Métodos
3.2.1. Instalações e equipamentos
3.2.2. Animais e dietas experimentais
3.2.3. Parâmetros avaliados
3.2.4. Análise Estatística
3.3. Resultados e Discussão
3.3.1. Desempenho Zootécnico
3.3.2. Composição Corporal
3.3.3. Morfometria Intestinal
3.3.4. Conclusões
3.3.5. Literatura citada
4. Considerações Finais
Página
1
2
3
4
5
7
9
12
16
20
21
29
30
31
33
37
37
39
42
43
43
50
57
62
63
67
68
69
71
74
74
75
77
80
80
80
88
96
100
102
106
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Níveis de treonina total e digestível em alguns ingredientes vegetais
de rações de frango de corte.
Tabela 2. Níveis de proteína bruta, treonina digestível, glicina+serina total e
relações treonina:lisina digestíveis e treonina
digestível:glicina+serina total nos experimentos 1 e 2.
Tabela 3. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase
pré-inicial.
Tabela 4. Médias de desempenho de frangos de corte nos experimentos 1 e 2
em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações
treonina:lisina e treonina:glicina das dietas na fase pré-inicial.
Tabela 5. Médias de composição corporal de frangos de corte nos
experimentos 1 e 2 em função dos níveis de treonina digestível e das
diferentes relações tre:lis e tre:gli+ser das dietas na fase pré-inicial
(1 a 7 dias de idade).
Tabela 6. Médias de altura de vilos (AV), profundidade de criptas (PC) e
relação vilo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de
treonina digestível da dieta na fase pré-inicial.
Tabela 7. Valores médios das temperaturas obtidos durante o período
experimental.
Tabela 8. Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações
treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais
nos experimentos 1 e 2.
Tabela 9. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase
inicial.
Tabela 10. Médias de desempenho dos frangos de corte nos experimentos 1 e 2
em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações
tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade).
Tabela 11. Composição Corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2
em função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações
tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial (8 a 21 dias de idade).
Tabela 12. Medias de Altura de Vilos (AV), Profundidade de Criptas (PC) e
relação volo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de
treonina digestível da dieta na fase inicial (8 a 21 dias de idade).
Página
8
38
40
43
51
57
74
76
79
81
89
96
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação esquemática do catabolismo da treonina.
Figura 2: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de
ração nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos
na fase pré-inicial.
Figura 3: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final
aos 7 dias de idade em frangos de corte machos na fase pré-inicial,
nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Figura 4: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de
peso nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos
na fase pré-inicial.
Figura 5: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta nos experimentos 1
(Y1) e 2 (Y2) sobre a conversão alimentar de frangos de corte
machos na fase pré-inicial.
Figura 6: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de
proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte
machos na fase pré-inicial.
Figura 7: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a proteína bruta
da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no
experimento 2 (Y2).
Figura 8: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o s teores de
gordura na carcaça de frangos de corte machos aos 7 dias de idade
nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Figura 9: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de
gordura na carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial
no experimento 1 (Y1).
Figura 10: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação
PB:GD na carcaça de frangos de corte machos na fase pré-inicial
nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Figura 11: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de
cinzas da carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no
experimento 2 (Y2).
Figura 12: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a
profundidade de cripta no duodeno de frangos de corte machos aos 7
dias de idade no E1 (Y1).
Figura 13: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de
vilos no jejuno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no
experimento 1 (Y1).
Figura 14: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de
ração das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de
corte machos na fase inicial.
Figura 15: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final
de frangos de corte machos na fase inicial, nos experimentos 1 (Y1)
e 2 (Y2).
Figura 16: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de
peso das aves nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte
Página
6
44
45
46
47
48
52
53
54
55
56
58
59
82
83
84
machos na fase inicial.
Figura 17: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão
alimentar de frangos de corte machos na fase inicial nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Figura 18: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de
proteína nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte
machos na fase inicial.
Figura 19: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão
protéica nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte
machos na fase inicial.
Figura 20: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de MS
na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na
fase inicial.
Figura 21: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de
proteína na carcaça nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte
machos na fase inicial.
Figura 22: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição
de proteína na carcaça nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos
de corte machos na fase inicial.
Figura 23- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a eficiência
protéica no experimento 1 (Y1) em frangos de corte machos na fase
inicial.
Figura 24: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de
vilos no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no
experimento 2 (Y2).
Figura 25: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação
vilo:cripta no duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no
experimento 1(Y1)
Figura 26- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de
vilos no jejuno de frangos de corte machos na fase inicial nos
experimentos 1(Y1) e 2 (Y2).
85
85
86
90
91
92
92
97
98
98
NÍVEIS DE TREONINA, GLICINA+SERINA E SUAS RELAÇÕES PARA
PINTOS DE CORTE
Resumo Geral
Objetivou-se avaliar o efeito de níveis de treonina (tre) digestível e glicina+serina totais
e as relações lisina:treonina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais sobre
o desempenho de pintos de corte nas fases pré-inicial e inicial. Foram realizados 4
experimentos, sendo 2 na fase pré-inicial e 2 na inicial, utilizando 720 pintos de um dia
cada, distribuídos em seis tratamentos (dieta controle + cinco níveis de treonina
digestível), com seis repetições de 20 animais cada. Em cada fase, no experimento 1
(E1), uma dieta controle com alta proteína bruta (PB) foi suplementada com L-LisinaHCL, DL-Metionina e L-Treonina, e as outras cinco dietas continham níveis crescentes
de tre digestível e suplementadas também com outros aminoácidos (L-Triptofano, LArginina, L-Glicina, L-Valina e L-Isoleucina) e nível de PB reduzido em
aproximadamente 5% em relação à dieta controle. No experimento 2 (E2), a mesma
dieta controle foi utilizada, juntamente com outras cinco dietas contendo níveis
crescentes de treonina digestível e glicina+serina totais, também suplementadas com
aminoácidos citados acima para atender as exigências aminoacídicas. Neste segundo
experimento, o nível de PB foi reduzido em aproximadamente 21% em relação à dieta
controle. Na fase pré-inicial, o desempenho das aves submetidas às dietas com níveis
crescentes de treonina suplementadas com aminoácidos industriais foi semelhante ao
obtido com a dieta controle. A conversão alimentar melhorou com o aumento dos níveis
de treonina digestível da dieta. A exigência de treonina digestível para maior ganho de
peso foi de 0,868%, correspondente ao consumo diário de 168 g, com uma relação
treonina:lisina de 0,69 e relação treonina:glicina de 0,40%. Na fase inicial, o
desempenho das aves foi prejudicado pela redução dos níveis de proteína, treonina e
glicina+serina das rações, sendo que o aumento desses níveis com adição de L-treonina
e L-glicina industriais não reverteu essa perda. A composição corporal e a morfometria
intestinal também foram prejudicadas pela redução dos níveis aminoacídicos nas duas
fases experimentais.
Palavras Chave: aminoácidos, composição corporal, desempenho, morfometria
intestinal, proteína.
LEVELS OF THREONINE, GLYCINE+SERINE AND RATIOS IN BROILER
CHICKS
General Abstract
This study evaluated the levels of digestible threonine (tre) and total glycine+serine and
the ratios lysine:digestible threonine and digestible threonine:total glycine+serine on the
performance of broiler chicks in the pre-initial and initial phases. Four experiments
were conducted (two in each phase), using 720 broiler chicks with one day of age
distributed in six treatments (control and five levels of digestible threonine), with six
repetitions with 20 birds each. In the pre-initial and in the initial phase of experiment 1
(E1), a high-protein control diet was supplemented with L-lysine-HCl, DL-Methionine
and L-Threonine and the other five diets contained increasing levels of digestible tre
and supplemented with other amino acids (L-tryptophan, L-arginine, L-glycine, Lvaline and L-isoleucine) and CP level was decreased at approximately 5% of the control
diet. In experiment 2 (E2), the same control diet was used, whereas the five diets
contained increasing levels of digestible threonine and total glycine+serine, and were
supplemented with the same amino acids to meet the requirements. The level of CP was
reduced 21% in relation to the control diet. In the pre-initial phase, the performance of
birds fed diets with increasing threonine levels and supplemented with amino acids was
similar to the performance of control birds. The feed:gain ratio was improved with
increasing levels of digestible threonine. The requirement of digestible threonine for
weight gain was 0.868%, corresponded to a daily intake of 168 g; the lysine:threonine
ratio was 0.69 and threonine:glycine ratio was 0.40%. In the initial phase, performance
was impaired by the reduction in protein, threonine and glysine+serine levels in the diet.
Besides, increasing levels with supplementation of L-threonine and L-glycine did not
result in recovery. Body composition and intestinal morphology were also impaired by
the reduction in the amino acid levels in the two experimental phases.
Keywords: amino acids, body composition, intestinal morphology, performance,
protein.
Capítulo 1
Revisão Bibliográfica
1
Resumo: A treonina além de ser um aminoácido limitante em dietas de animais
monogástricos, é, geralmente, o ponto crítico nas formulações de ração para frangos de corte,
influencia a quantidade de proteína bruta das dietas. Seu uso em formulações para frangos
permite, portanto, reduzir a quantidade de Nitrogênio excretado pelas aves, contribuindo para
uma maior qualidade ambiental nos galpões de criação. Além de sua participação na síntese
da proteína corporal, e nas moléculas de algumas imunoglobulinas do sistema imune, a
treonina aparece também como um dos fatores que influenciam o desenvolvimento e o
funcionamento do trato gastrintestinal, como um componente importante da mucosa intestinal
e do muco que a protege da autodigestão. Em função desse grande número de funções, os
requerimentos de treonina para frangos de corte podem variar em função de muitos fatores,
entre os quais estão o nível de proteína bruta da ração, o balanceamento aminoacídico, a fase
de crescimento e o estágio fisiológico do animal. Seu requerimento em frangos vem sendo
bastante estudado, e as pesquisas mostram que o uso L-treonina nas rações tem se mostrado
eficiente em melhorar o desempenho e reduzir a excreção de nitrogênio das aves, promovendo
melhorias na condição geral dos galpões e das aves, contribuindo para um melhor
aproveitamento das dietas e uma conseqüente menor excreção de nitrogênio no ambiente. A
glicina é um aminoácido considerado essencial para frangos de corte até os 21dias de idade,
pois sua síntese no organismo da ave não é suficiente para atender o seu alto requerimento
para crescimento. Envolvida diretamente na síntese de ácido úrico para a excreção de
nitrogênio do corpo das aves, esse aminoácido influencia o requerimento de treonina, pois
quando presente no organismo ele reduz a necessidade de transaminação de treonina para
formar as moléculas de ácido úrico que serão excretadas. A suplementação de glicina é
importante para melhorar o desempenho de pintos de corte, visto a essencialidade deste
aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no metabolismo de nitrogênio das
aves.
Abstract: Threonine, is one of the limiting amino acid in non-ruminant diets. Usually, it is
also a critical component in broiler diets and influences the levels of dietary crude protein.
The supplementation with threonine allows decreasing the excretion of nitrogen by broilers,
which contributes for a better environmental conditions of the poultry houses. Threonine is
involved in the synthesis of body protein and is part of the immunoglobulins. Furthermore, it
affects the development and function of the gastrointestinal tract, as a component of the
mucosa and the protecting mucus. Therefore, threonine requirements for chickens vary due to
many factors, including the crude protein level of the diet, the amino acid balance, age and
2
physiological condition. Threonine requirements have been largely studied in broiler chickens
and threonine supplementation has been shown to effectively improve the performance and
decrease nitrogen excretion, resulting in better environmental conditions and better feed
utilization. Glycine is considered an essential amino acid for broiler chickens until 21 days of
age, since its synthesis is not enough to fulfill the growth requirements. It is directly involved
in the synthesis of uric acid and nitrogen excretion. This amino acid also affects threonine
requirements, since threonine transamination to form uric acid is lower in the presence of
glycine. Glycine supplementation is important to improve broiler chick performance, because
it is essential for birds in the first days of age and is involved in the nitrogen metabolism in
birds.
3
1.1. Introdução
O uso de aminoácidos sintéticos nas rações é uma decisão econômica no sentido de
reduzir o custo das dietas. Além disso, a produção industrial de aminoácidos essenciais como
Dl-metionina, L-lisina, L-treonina e L-triptofano, juntamente com a redução dos seus preços
de comercialização tem impulsionado as pesquisas.
Segundo Kidd et al. (2005), a treonina, mesmo sendo apenas o terceiro aminácido
limitante para frangos de corte é geralmente o ponto crítico em formulações de custo mínimo,
pois influencia o nível de proteína bruta (PB) da dieta. De acordo com Berres (2006), a
formulação de rações com metionina, lisina e treonina industriais permite reduzir a PB da
dieta e contribui, em conseqüência, para a redução da excreção de ácido úrico e água,
evitando assim a excreção de N no ambiente. A treonina representa aproximadamente 4,9%
da proteína das penas e 4,2% da proteína da carcaça em frangos (Stilborn et al., 1997), e suas
funções incluem a síntese da proteína corporal e penas (4-5% da proteína bruta), sistema
tegumentar, enzimas e músculos (Tillman, 2008). Ademais, encontra-se também no epitélio
gastrintestinal (células da mucosa, muco e enzimas digestivas) e algumas imunoproteínas são
particularmente ricas em treonina (Wu, 1998).
Nas aves, a treonina além de ser importante para os aspectos acima referidos é
precursora da glicina e da serina no metabolismo, está envolvida na resposta imune, fazendo
parte das moléculas de determinadas globulinas do sistema imunitário (imunoglobulinas) e
necessário na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001; Ojano-Dirain e Waldroup,
2002), atuando diretamente na integridade e no desenvolvimento do intestino, onde grande
parte da treonina consumida pelos animais é usada (Stoll et al., 1998; Bertolo et al., 1998;
Burrin et al., 2001).
Como nutriente, ajuda a reduzir o estresse calórico e a melhorar a qualidade do ar em
galpões de aves através de um contrapeso dietético, melhorando o balanço de aminoácidos
4
com subseqüente redução do excesso de proteína bruta na dieta. Além disso, vários estudos
indicam que a treonina, quando em deficiência no organismo, reduz o consumo alimentar.
1.2. Bioquímica da treonina e funções fisiológicas relacionadas
A treonina possui quatro isômeros químicos: D- e L-treonina e D- e L-alotreonina
(Lewis, 2001), mas aves e suínos podem utilizar apenas a L-treonina (Kidd et al., 2005), por
conta de sua inabilidade para fazer a transaminação entre os isômeros. Segundo De Blas et al.
(2000) a treonina é um dos aminoácidos de menor peso molecular (119,12) e contém 11,76%
de N em sua molécula. Sua estrutura contém dois átomos de carbono assimétricos e uma
cadeia lateral polar neutra(sem carga líquida). Como possui um grupo hidroxila capaz de
formar ligações com a água, tem característica hidrofílica. Portanto, geralmente a treonina é
encontrada na superfície da molécula protéica (Marzzoco & Torres, 1999).
O metabolismo da treonina envolve síntese, degradação, incorporação do N na molécula
de ácido úrico, conversão dos esqueletos de carbono em glicose, energia ou CO2 e H2O e
ainda formação de derivados não protéicos (Kidd et al., 1996). Segundo Lehninger (1991)
participa da síntese protéica e seu catabolismo pode gerar numerosos produtos importantes no
metabolismo como por exemplo: glicina, acetilCoA, succinilCoA e piruvato. Os esqueletos de
carbono resultantes do seu catabolismo geram piruvato ou outros compostos intermediários
do Ciclo de Krebs (acetilCoA e SuccinilCoA) para produção de energia e glicina para
necessidades metabólicas tais como a síntese de proteína, creatina, serina, ácido úrico, sais
biliares e glutationa.
Na célula, a treonina atua como aminoácido glicocetogênico, tendo seu carbono α
oxidado e sua cadeia carbônica partida, gerando uma molécula de glicina e outra de
acetoaldeído que se converte em acetilCoa (Nelson & Cox, 2005). Esta última é aproveitada
pelo Ciclo de Krebs resultando em Piruvato (Marzzoco & Torres, 1999) ou, em outra via,
converte-se em Succinil-CoA (Lehninger, 1991). Neste processo estão envolvidas as enzimas
5
treonina desidratase e serina desidratase. Segundo Davis & Austic (1982), há maior atividade
da treonina desidrogenase no pâncreas e da treonina desidratase e treonina aldolase no fígado
e músculo, indicando que estas enzimas são as mais importantes na degradação da treonina
em frangos (figura 1).
Figura 1: Representação esquemática do catabolismo da treonina (Kidd & Kerr, 1996).
A treonina e a serina estão presentes nas moléculas de N-acetilgalactosamina, uma
glicoproteína envolvida na síntese de mucinas que podem ser encontradas nas mucosas
repiratória, reprodutiva e do trato gastrintestinal, bem como na glicosaminoglicana KS II
presente no tecido conectivo (Murray et al., 2003). A treonina é muito importante na função
intestinal (Law et al., 2007) pois o revestimento mucoso do intestino o protege da ação de
toxinas, bactérias, autodigestão e abrasão física. Segundo Specian & Oliver (1991) a produção
de muco no epitélio intestinal contribui para o seu funcionamento e proteção, além de
influenciar a absorção de nutrientes no lúmem. O muco é constituído de glicoproteínas de alto
peso molecular, nas quais a treonina representa 40% do resíduo de proteína na molécula
(Calrstedt et al., 1993). A camada de gel mucoso, secretada pelas células Caliciformes é
constituída por 95% de água e 5% de mucinas, glicoproteínas particularmente ricas em
treonina (Corfield et al., 2001). É um componente importante da barreira não-imune do
6
intestino, que atua protegendo a mucosa das enzimas digestivas e dano físico pela digesta
(Faure et al., 2005; Faure et al., 2007).
1.3. Digestibilidade, absorção e metabolização da treonina
Nos ingredientes, os coeficientes da digestibilidade para a treonina são geralmente mais
baixos do que para lisina e variáveis entre matérias-primas, devido à sua hidrólise e absorção
mais lentas (De Blas et al, 2000). A absorção mais lenta da treonina em relação à proteína
como um todo está relacionada à sua baixa digestibilidade, propriedade esta que a torna
eficiente como constituinte das mucinas (proteínas indigestíveis), que protegem o trato
gastrintestinal da ação das suas próprias enzimas que resultaria em autodigestão
(Buraczewska et al., 2006). Outro aspecto que talvez contribua para a menor taxa de absorção
da treonina é a competição por transportadores no lúmen intestinal, pois aminoácidos com
estruturas semelhantes competem pelos mesmos carreadores, sendo a serina e o triptofano
competidores diretos da treonina nesse sentido. Além disso, a digestibilidade dos aminoácidos
pode ser muito baixa em algumas fontes de proteína vegetal de rações para frangos,
dependendo da quantidade de fibra na matéria-prima utilizada (Leeson & Summers, 2001),
como pode ser verificado na tabela 1.
Berres (2006) afirmou que a digestibilidade da treonina é inferior à média da proteína e
bastante variável. Além disso, as elevadas concentrações de treonina nas perdas
gastrintestinais que alcançam o ceco indicam que a digestibilidade ileal aparente subestima as
quantidades de treonina que podem ser absorvidas no final do intestino delgado das aves. O
conteúdo ileal é muito rico em treonina (Le Bellego et al., 2002), e possui relação tre:lis de
1,74, enquanto nas excretas de aves domésticas esta relação é de 1,32 (Kadim et al., 2002),
indicando que a quantidade de treonina perdida nas fezes é bem superior à de lisina. Esta
característica específica da treonina, que está ligada as suas funções metabólicas, ressalta a
importância da utilização de valores digestíveis. Além disso, secreções endógenas (muco e
7
enzimas), o turnover protéico e a utilização dos aminoácidos pelas bactérias podem
influenciar a digestibilidade e o uso da treonina pelo trato gastrintestinal (Melchior et al.,
2006).
Tabela 1. Níveis de treonina total e digestível em alguns ingredientes vegetais de rações de
frango de corte.
Fonte
Treonina
total
(g/kg)
3,7
3,7
3,2
3,1
4,9
Coeficiente de
digestibilidade
(%)
81,4
83
83,8
85,4
85,7
Treonina
digestível
(g/kg)
3,0
2,7
2,7
2,6
4,2
Relação
treonina:lisina
digestíveis
1,03
0,91
1,28
1,53
1,2
92,5
19,4
2,13
70,9
87,4
88,6
89,3
84
87
69,5
48,3
3,5
12,9
15,7
16,6
13
8,7
6,7
10,6
0,73
0,63
0,61
0,61
0,73
0,80
0,73
0,5
Trigo
Triticale
Milho
Sorgo
Milheto
Far. de glúten de milho
21
(60%)
Far. de arroz integral
4,9
Soja integral extrusada
14,7
Farelo de soja 45%
17,8
Farelo de soja 48%
18,6
Farelo de canola
15,5
Farelo de girassol
10
Farelo de algodão
9,7
Levedura de álcool
22
Fonte: Adaptado de Rostagno et al., 2005
As características de absorção e digestão da treonina acima citadas ressaltam a
importância da suplementação dietética das rações de aves com aminoácidos sintéticos, como
os animais não utilizam os nutrientes de forma semelhante nos diferentes ingredientes, em
alguns casos, estes não são totalmente digeridos pelo animal, dependendo da qualidade dos
ingredientes usados e da presença de fatores antinutricionais neles. O uso de valores
digestíveis em vez dos valores totais é importante para a formulação de rações, porque
considera valores mais próximos dos que serão realmente aproveitados pelo animal. Além
disso, a fração da treonina absorvida pelo íleo não é inteiramente entregue ao sangue portal
8
que coleta os nutrientes do processo de digestão, pois uma parte significativa da treonina
digestível é usada pelo próprio trato digestivo.
Sendo assim, o uso da treonina absorvida e a exigência do trato intestinal são
dependentes de fatores diversos tais como: desenvolvimento da microflora do intestino,
atividade dos tecidos linfáticos, estado nutricional do animal e desordens digestivas. Sendo
assim, a formulação com valores digestíveis em vez de totais reduz o risco de ter na dieta que
será oferecida ao animal uma quantidade de aminoácidos muito inferior daquele que se
buscou na formulação, isto se aplica principalmente à treonina, devido à sua digestibilidade
relativamente baixa.
1.4. Relação Treonina:Lisina e excreção de N
A eficiência de utilização aminoacídica para aves em crescimento depende da
adequação dos níveis dietéticos (Samadi & Liebert, 2008). Existem várias pesquisas
mostrando o efeito positivo da L-treonina em possibilitar a redução da PB da dieta sem
prejudicar o desempenho. Wang et al. (2007) estudando a redução da PB da ração com ou
sem adição de L-treonina, verificaram que a adição foi eficiente em recuperar variáveis de
desempenho em frangos consumindo ração com baixa proteína bruta (19%) em comparação
com o controle (21%). Dozier et al. (2001) relataram que dietas com baixo nível de treonina
podem afetar negativamente a absorção de nutrientes, por conta da alta concentração do
aminoácidos nas proteínas associadas à mucosa intestinal. Os autores relataram que o
aumento do nível de treonina (0,52 a 0,74%) na dieta de frangos machos (45 dias) melhorou a
retenção de N, mas que o mesmo não ocorreu com fêmeas.
Segundo Tillman (2008), a treonina é um importante ingrediente nas dietas de frangos,
porque permite formulações mais próximas dos requerimentos aminoacídicos das aves, já que
o excesso de aminoácidos pode ser prejudicial ao desempenho. De acordo com Berres et al.
9
(2007) a relação tre:lis de 63,5% é suficiente para maximizar o desempenho e o rendimento
de carcaça e cortes comerciais de frangos de corte dos 17 aos 37 dias de idade.
Lensing & Van Der Klis (2006) estudaram o efeito da redução dietética da proteína no
desempenho do crescimento de frangos (Ross 308) com ou sem adição de L-treonina até os
39 dias de idade, avaliando rações com 21% de PB e relação tre:lis de 65% e com 19% de PB
e relações tre:lis de 55 e 65%, esta última obtida com adição de L-treonina industrial. A
suplementação de L-treonina na dieta com reduzida PB permitiu que as aves alcançassem o
mesmo desempenho de crescimento que as aves alimentadas com a dieta de alta proteína
(21%); já sem L-treonina suplementar as aves tiveram uma significativa diminuição no peso
tanto aos 29 como aos 39 dias de idade bem como uma redução significativa no consumo de
alimento. Além disso, a dieta com PB reduzida (sem L-treonina) resultou em uma cama
significativamente mais seca do que a dieta com alta PB, enquanto a dieta com PB reduzida e
suplementação de L-treonina obteve valor intermediário para este parâmetro. Segundo
Barbosa et al. (2001) a exigência de treonina digestível para melhor GP e CA na fase final de
criação foi de 0,87% em dietas com 18% de PB.
Alguns autores (Leclerq, 1998; Kidd et al., 2003; Kidd et al., 2004; Corzo et al., 2007)
relatam que o efeito da relação tre:lis na carcaça (rendimento de carne do peito e da carcaça) é
muito baixo e que as exigências são as mesmas que para o ganho de peso. Sendo assim,
abaixo da exigência, o nível crescente de treonina melhoraria as características de carcaça
(Ciftci & Ceylan, 2004). Por outro ldo, segundo Relandeau & Le Bellego (2004) ao se
aumentar o nível de treonina na dieta (acima da exigência) há um aumento do rendimento da
carne de peito. Não obstante, algumas pesquisas relataram uma melhoria linear no rendimento
coxa (Atencio et al., 2004) e no rendimento da carcaça (Corzo et al., 2003) com o aumento da
relação tre:lis de 60 até 80%. Dozier et al. (2000) reportaram que, para obter máximo
desempenho e rendimento de carcaça em frangos foram necessários 0,74% de treonina
10
digestível. Desta forma, mais estudos são necessários para avaliar o efeito da relação
treonina:lisina sobre as características de carcaça.
O status sanitário na produção das aves pode ser melhorado reduzindo a PB dietética.
Nas aves, o nível de PB é relatado como um fator predisponente da Enterite Necrótica (Drew
et al., 2004; Dahiya et al., 2005; Mc Devitt et al., 2006). Portanto, a utilização de L-treonina
nas rações de frangos pode contribuir decisivamente para evitar este problema.
Todos os aminoácidos que excedem os requerimentos para mantença e produção são
catabolizados; ocorre a remoção do grupo α-amino por transaminação e desaminação
oxidativa, formando amônia e os α-cetoácidos correspondentes (Champe & Harvey, 1996).
Além disso, quando a proteína dietética é alta, uma quantidade maior de água é exigida para a
excreção eficiente de N. A conseqüência prática deste efeito nos frangos é a degradação da
qualidade da cama que conduz à deterioração sanitária do ambiente.
No entanto, o uso de dietas com reduzida PB é possível sem efeito prejudicial no
desenvolvimento, através da adição de aminoácidos tais como a L-Treonina. Kidd et al.
(2003) realizaram um experimento avaliando o impacto da condição sanitária na exigência de
treonina em frangos machos (Cobb, 42-56 dias) em circunstâncias ambientais diferentes,
verificando que o desempenho (GP e CA) das aves em ambiente limpo teve uma resposta
positiva quadrática ao aumento da relação tre:lis com exigência estimada em 0,70, já no
ambiente sujo, as aves mostraram uma resposta positiva linear ao aumento da relação tre:lis
que aumentou até 0,85 (nível máximo utilizado).
Corzo et al. (2007) avaliaram o efeito da condição da cama na exigência de treonina em
frangos (Ross x Ross 708) entre 21 e 42 dias de idade. As aves foram criadas em cama nova
(raspa de madeira macia) ou usada anteriormente por 4 lotes. Foram avaliadas seis relações
Tre:Lis (44, 52, 57, 64, 70 e 76%) em rações que continham 18,6% PB e 1,03% de Lis. Em
ambas as circunstâncias, foram observadas respostas quadráticas, mas no ambiente sujo, a
11
relação ótima foi sempre maior do que em circunstâncias limpas, tanto para o desempenho
como para características de carcaça. O melhor ganho de peso foi obtido com relação Tre:Lis
de 66% no ambiente limpo.
A exigência de treonina para a mantença é alta, devido a sua alta taxa de turnover e
perda na forma de mucinas nas secreções intestinais endógenas (Fernandez et al., 1994). As
aves excretam a maior parte do N do catabolismo protéico na forma de ácido úrico, pois não
possuem a carbamoil fosfato sintetase, enzima que fixa o nitrogênio livre em mamíferos
(Bertechini, 2006). Durante a formação do ácido úrico na célula, existe uma necessidade
aumentada de alguns aminoácidos que são chaves no processo como metionina (doadora de
metila CH4), arginina e glicina (Murray et al., 2003). A utilização de altos níveis de PB nas
dietas provoca um incremento nas necessidades dietéticas desses aminoácidos para garantir a
excreção normal de N, sendo assim, gasta-se 1 mol de glicina para cada molécula de ácido
úrico produzido. Ademais, apesar da molécula de ácido úrico ser relativamente pequena, a
necessidade energética para a sua biossíntese é 87,5% maior do que para a uréia, um gasto de
aproximadamente 3,75 ATPs/mol de N excretado na forma de ácido úrico, enquanto no caso
da uréia este valor é de 2,0 ATPs/mol (Bertechini, 2006).
1.5. Influência da treonina sobre o TGI
A sobrevivência e o bom desempenho das aves dependem da obtenção adequada de
energia e compostos químicos pelo organismo. Para que isso ocorra é necessário que o trato
digestivo apresente características estruturais funcionais desde a ingestão dos alimentos até a
sua absorção (Romer & Parsons, 1981). Além da síntese protéica, a treonina está envolvida
em importantes funções biológicas como a manutenção, integridade e imunidade do trato
gastrintestinal e de algumas mucosas, consequentemente, sua exigência pode variar de acordo
com a importância de cada função (Primot et al., 2008).
12
Segundo Gomide-Junior et al. (2004), a avaliação quantitativa e qualitativa da
integridade intestinal são relevantes, pois permitem uma confiável reavaliação da capacidade
digestiva e de absorção do intestino, como também a análise de danos à mucosa intestinal
causados pelo jejum ou agentes patogênicos. Assim torna-se evidente a necessidade de se
conhecer mais detalhadamente as características morfofuncionais do Sistema Digestório e a
capacidade do mesmo em responder a agentes externos (Macari et al., 2002), pois a máxima
capacidade de digestão e absorção ocorre quando o animal apresenta uma grande área
luminal, com altas vilosidades e enterócitos maduros, sendo fundamental para o seu
desenvolvimento (Cera et al., 1988).
A mucosa intestinal responde aos agentes exógenos por meio de modificações
morfológicas na altura e número das vilosidades intestinais, profundidade de criptas
intestinais, proliferação celular e número de células mortas por perda epitelial (Gomide-Junior
et al., 2004). Macari (1999) relatou que o número de vilosidades e seu tamanho, bem como o
de microvilos, em cada segmento do intestino delgado, conferem a eles características
próprias, sendo que na presença de nutrientes a capacidade absortiva do segmento será
diretamente proporcional ao número de vilosidades ali presentes, tamanho dos vilos e área de
superfície disponível para a absorção.
Sabe-se que o desenvolvimento da mucosa intestinal é decorrente de dois eventos
citológicos primários associados: a renovação celular (proliferação e diferenciação), resultante
das divisões mitóticas sofridas por células localizadas na cripta e ao longo dos vilos (Uni et
al., 1998; Uni, 2000) e a perda de células por descamação, que ocorre naturalmente no ápice
dos vilos. O equilíbrio entre esses dois processos é determina a capacidade digestiva e
absortiva do intestino.
Segundo Yamauchi e Ishiki (1991), a densidade de vilos é diferente nas várias porções
intestinais (duodeno, jejuno e íleo), onde o número de vilos é reduzido aos 10 dias de idade,
13
independente da raça. O fato não implica em menor capacidade absortiva, e sim em maior
desenvolvimento do vilo. Assim, o número de vilos/área é reduzido em função da idade,
sendo observada uma redução maior no frango de corte em relação à poedeira. Aptekmann et
al. (2001) afirmaram que os arranjos das vilosidades intestinais são controlados pela absorção
dos nutrientes.
Existe pouca informação a respeito do desenvolvimento morfológico e funcional do
intestino delgado em frangos após a eclosão. Após o nascimento, o intestino delgado das aves
continua a crescer em peso mais rapidamente do que a massa corporal total. Este crescimento
relativo do intestino delgado é máximo entre seis e dez dias de idade nos frangos e ocorre na
presença ou ausência de alimentos (Mateos et al., 2004; Sklan, 2004), porém, a ingestão de
alimentos estimula o desenvolvimento do TGI (Gracia et al., 2003) sendo que o crescimento
do duodeno ocorre mais cedo do que do jejuno e do íleo (Uni et al., 1999).
A interação entre o crescimento intestinal, as funções digestivas e a dieta é crítica
durante o período pós-eclosão, quando as aves passam a não mais depender da nutrição
entérica (Uni et al., 1999) a influência da presença ou não de alimento torna-se maior sobre o
TGI e principalmente sobre a mucosa intestinal. O peso do intestino delgado aumenta
paralelamente à ingestão de nutrientes em frangos jovens (Obst & Diamond, 1992; Uni et al.,
1999). É sabido que durante as primeiras semanas de vida, o crescimento do trato digestório
excede o crescimento de outros órgãos das aves e esse desenvolvimento é fundamental para
que a ave maximize a absorção dos nutrientes fornecidos pela dieta (Loddi, 1998).
Em aves recém eclodidas, as enzimas exigidas para a digestão dos alimentos devem ser
segregadas em quantidades suficientes para a hidrólise antes do aumento do enterócito. A
digestão inicial da alimentação é executada pela pepsina, proteases, peptidases, lipase e
amilase pancreáticas. Os estágios finais da digestão são realizados por enzimas da borda em
escova (Uni et al.1999). No pintainho, após a eclosão, a secreção de enzimas pancreáticas por
14
grama de alimento consumido não muda com a idade (Noy & Sklan, 1997). Ao contrário,
tanto a dissacaridase mucosal como a fosfatase alcalina (ALP), atingem sua atividade máxima
já no 2º dia de idade (Uni et al, 1998).
De acordo com Uni et al. (1999), a altura e a área dos vilos no duodeno e no jejuno
aumentam rapidamente nos primeiros doze dias de idade, após esse período o crescimento é
muito menor. A área das vilosidades tem uma correlação linear com o peso em todos os
segmentos. As mudanças na profundidade de criptas com a idade são pequenas, e são
inicialmente mais rápidas no duodeno que no jejuno e no íleo, entretanto, no jejuno elas
aumentam a partir do 3º dia de idade, semelhantemente ao duodeno. No íleo, após o sexto dia
praticamente não ocorrem mudanças. O jejuno aumenta sua massa mais rapidamente que o
duodeno e o íleo após o 3º dia. Os três segmentos do intestino delgado atingem a proporção
máxima em relação ao peso corporal 6 a 7 dias após a eclosão.
O elemento funcional do intestino delgado é a mucosa, que pode ser caracterizada como
uma camada permeável a nutrientes e barreira contra compostos nocivos. A competição entre
bactérias e hospedeiro por nutrientes e a formação de metabólitos depressores do crescimento
no intestino podem ter efeitos negativos sobre a mucosa do intestino delgado (Oliveira et al.,
2008). O muco tem como uma das suas funções mais importantes a proteção contra invasão
bacteriana decorrente da ingestão de bactérias patogênicas, como a Salmonella sp (Ito, 1997),
ou quando ocorre alteração da flora bacteriana induzindo proliferação anormal de bactérias
patogênicas .O muco forma um filme protetor no qual as bactérias são retidas e destruídas
pela ação do pH , lisosimas e anticorpos do tipo IgA.
De acordo com Stoll et al. (1998), quase 90% da treonina usada pelo TGI ou é secretada
como proteína mucosal ou catabolisada, pois a mucina é praticamente indigestível, e a
treonina nela contida não pode ser recuperada e se perde nas excretas (Fuller, 1994), isto
corresponde a aproximadamente 50% do AA na dieta (Wu, 1998). De acordo com Le Bellego
15
et al. (2002) 40 a 50% da treonina consumida pelos animais é usada pelo intestino, já Myrie et
al. (2003) relataram que 60% da treonina consumida é utilizada para síntese de mucina, já que
é encontrada em elevadas concentrações nas secreções gastrintestinais (Burrin et al., 2001).
Isto implica que uma parte da exigência de treonina não está associada com a deposição de
proteína muscular, mas com funções do trato gastrintestinal, que parece ter uma grande
necessidade desse aminoácido, contribuindo extensivamente para com as exigências totais do
animal.
1.6. Influência da Glicina sobre o desempenho de frangos de corte
A glicina é um aminoácido considerado não essencial, mas para frangos de corte até 21
dias de idade isto não se aplica, pois apesar dessas aves serem capazes de sintetizar glicina,
esta síntese não atende as exigências para o seu rápido crescimento. O aumento do
requerimento de glicina em aves jovens ocorre em função do elevado turnover protéico em
seu organismo, que resulta em uma maior excreção de N que é, nas aves, excretado na forma
de ácido úrico, sendo que cada molécula de ácido úrico excretada representa a perda de uma
molécula de glicina (Waldroup et al., 2005).
Além de utilizada para a síntese protéica, formação de DNA, RNA, creatina, sais
biliares e ácido úrico, a glicina é o único AA incorporado inteiramente na molécula de ácido
úrico no processo de excreção de N. Sève et al. (1993) relataram que um déficit de glicina
poderia causar um aumento na exigência de treonina. Portanto, como a treonina é precursora
da glicina, um excesso de PB na dieta resulta em aumento da exigência de treonina, que
transformada em glicina, é incorporada na molécula de ácido úrico e eliminada. Sendo assim,
animais em crescimento sem suplementação de L-glicina podem ter suas necessidades de
treonina aumentadas, pois além de sua perda na forma de mucinas devido ao elevado turnover
protéico, a treonina pode ser modificada para suprir necessidades de serina e/ou glicina.
De acordo com Rostagno et al. (2003) a exigência de glicina e de serina em aves é
16
maior na fase inicial e a exigência metabólica de glicina aumenta quando aumenta a excreção
de ácido úrico. Estudos indicam que, com a suplementação de treonina, ocorre redução na
exigência de glicina. A glicina e a serina, segundo Corzo et al. (2004), podem se tornar
deficientes para pintos de corte alimentados com dietas vegetais, com baixo nível de proteína
bruta e com níveis inferiores de treonina.
Corzo et al. (2004) trabalharam com níveis crescentes de 0,62 a 1,22% de glicina em
rações para frangos de corte de 7 a 20 dias, e determinaram uma exigência de 0,98 e 1,02% de
glicina (1,76 e 1,80% de glicina+serina) para máximo ganho de peso e melhor conversão
alimentar, respectivamente. Os autores enfatizam que a glicina deve ser considerada limitante
em dietas para animais jovens, principalmente quando estas dietas são formuladas com
ingredientes exclusivamente de origem vegetal.
Han & Baker (1992) apontam o nitrogênio amino não específico (necessário para a
síntese de aminoácidos não essenciais) como fator limitante em dietas de baixa proteína,
indicando uma possível necessidade de suplementação com aminoácidos não essenciais
(glicina e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria do desempenho.
Sohail et al (2003) desenvolveram um estudo para se verificar os efeitos da adição de
três níveis de glicina (0,00, 0,05 e 0,10%) sobre o desempenho de frangos de corte
submetidos a três dietas: dieta controle (atendendo ao requerimento de todos os aminoácidos),
dieta com deficiência de aminoácidos (com redução de 15% dos aminoácidos) e dieta com
correção de lisina e metionina (redução de 15% dos aminoácidos, exceto lisina e metionina).
Os autores concluíram que a adição de glicina sintética (0,05 ou 0,10%) nas dietas com ou
sem redução dos aminoácidos não teve efeito significativo sobre o desempenho das aves,
porém, quando houve a correção dos níveis de lisina e metionina, um aumento parcial do
desempenho foi verificado.
17
Dean (2005) realizou experimentos para determinar até que ponto os valores de PB da
dieta podem ser reduzidos sem prejudicar o desempenho dos frangos de corte e avaliar
diferentes perfis de aminoácidos essenciais e não essenciais em dietas de alta e baixa PB,
suplementadas com aminoácidos industriais. No primeiro experimento, o ganho de peso, o
peso final e a conversão alimentar das aves decresceram linearmente com o decréscimo dos
níveis de PB, mesmo com as concentrações constantes dos três primeiros aminoácidos
limitantes (metionina+cistina, lisina e treonina). No segundo experimento, quando os
aminoácidos não essenciais glicina, aspartato, prolina, alanina e glutamato foram adicionados
às dietas de baixa PB, o ganho de peso, peso final e conversão alimentar foram semelhantes
aos observados em aves alimentadas com dietas de alta PB. Um terceiro experimento foi
conduzido com a finalidade de se determinar o efeito da suplementação individual dos
aminoácidos não essenciais. Os resultados mostraram que somente a glicina e combinação de
glicina, glutamato, aspartato, alanina e prolina aumentaram efetivamente o ganho de peso e
melhoraram a conversão alimentar. As exigências de glicina+serina foram determinadas nos
experimentos 4 e 5; os autores concluíram que a conversão alimentar foi otimizada quando foi
fornecido 2,14% de glicina+serina na dieta, para frangos de corte de 0 a 17 dias.
Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da suplementação de glicina em dietas
de frangos de corte com diferentes níveis de proteína bruta sobre o desempenho das aves. Os
autores encontraram que a adição de 0,2 ou 0,4% de glicina nas dietas com menores teores de
proteína (16 e 18%de PB e 0,62 e 0,78% de glicina, respectivamente) melhorou o
desempenho das aves, enquanto não houve resposta da adição de glicina em dietas com
maiores teores de proteína (20, 22 e 24%). Os autores sugerem que as exigências em glicina
para frangos de corte do NRC (1994) são inadequadas para dietas com baixos níveis de
proteína bruta.
18
Dahiya et al. (2005) relatam que alguns trabalhos têm demonstrado haver uma
correlação entre certos aminoácidos, especialmente glicina, e populações de Clostridium
perfringens e produção de toxina. Embora o C. perfringens seja um habitante normal dos
intestinos das aves, em certas circunstâncias sua população pode aumentar desordenadamente,
podendo causar enterite necrótica clínica ou subclínica, reduzindo o ganho de peso e a
conversão alimentar das aves e aumento das taxas de mortalidade. Com o objetivo de verificar
o efeito dos níveis de glicina sobre as populações de C. perfrigens nos intestinos de frangos
de corte, os autores executaram três experimentos, em que confirmaram que teores de glicina
acima de 2,0% levaram ao aumento significativo da população do C. perfringens, podendo ser
um fator predisponente à enterite necrótica. Nos dois primeiros experimentos ocorreu uma
redução significativa no ganho de peso das aves que receberam dietas com 3,04 e 4,21% de
glicina, em comparação com aquelas alimentadas com dietas contendo 0,75% de glicina, de
14 a 21 e 21 a 28 dias. Já no terceiro experimento, utilizando-se os níveis de 0,50; 0,75; 1,00;
1,50; 2,00 e 4,00% de glicina, somente as dietas com 4,00% reduziram o ganho de peso das
aves, no período de 14 a 21 dias, provocando piora na conversão alimentar de 1 a 21 e de 21 a
28 dias.
Em estudo conduzido por Dean et al. (2006) com o objetivo de se avaliar os efeitos da
suplementação de glicina em dietas de baixa proteína suplementadas com aminoácidos
sintéticos sobre o desempenho produtivo de frangos de corte, concluiu-se que a adição de
glicina em uma dieta de 16% de PB suplementada com aminoácidos essenciais resultou em
GP e eficiência alimentar semelhantes aos daqueles que receberam dietas com 22% de PB,
estabelecendo um requerimento de glicina+serina de 2,32% para frangos de corte de 0 a 17
dias de idade.
19
1.7. Considerações Finais
Os estudos mostram que a treonina é um dos aminoácidos mais importantes no
metabolismo e na nutrição de frangos, pois exerce um papel bastante variado no organismo
animal, com participações importantes na síntese protéica, no desenvolvimento e
funcionamento do trato gastrintestinal e na função imune, fazendo parte das moléculas de
algumas imunoglobulinas. Seu requerimento em frangos vem sendo bastante estudado, e as
pesquisas mostram que o uso L-treonina nas rações tem se mostrado eficiente em melhorar o
desempenho e reduzir a excreção de nitrogênio das aves, promovendo melhorias na condição
geral dos galpões e das aves, contribuindo para um melhor aproveitamento das dietas e uma
conseqüente menor excreção de N no ambiente.
A suplementação de glicina é importante para melhorar o desempenho de pintos de
corte, visto a essencialidade deste aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no
metabolismo de nitrogênio das aves, além disso, a adição de glicina industrial nas dietas tem
efeito poupador da treonina, pois reduz a sua trasaminação para formar as moléculas de ácido
úrico excretadas pelas aves.
20
1.8. Referências Bibliográficas
APTEKMANN, K. P.; BARALDI-ARTONI, S. M.; STEFANINI, M. A.; ORSI, M. A.
Morphometric analysis of the intestine of domestic quails (Coturnix coturnix japonica)
treated with different levels of dietary calcium. Anatomia, Histologia, y Embryologia, v.
30, n. 5, p. 277-280, 2001.
ATENCIO, A.; ALBINO, L.F.T., ROSTAGNO, H.S., OLIVEIRA, J.E., VIEITES, F.M.,
DONZELE, J.L. Exigências de Treonina para Frangos de Corte Machos nas Fases de 1 a
20, 24 a 38 e 44 a 56 Dias de Idade. R. Bras. Zootec., v.33, n.4, p.880-893, 2004.
BARBOSA, M.J.B.; JUNQUEIRA, O.M.; ANDREOTTI, M.O.; CANCHERINI, L.C.;
ARAÚJO, L.F. Desempenho e Rendimento de Carcaça de Frangos de Corte Submetidos a
Diferentes Níveis de Treonina e Lisina, na Fase Final de Criação .Rev. bras. zootec.,
30(5):1476-1480, 2001.
BERRES, J. Relações crescentes entre treonina e lisina digestível a partir de L-Treonina ou
farelo de soja para frangos de corte. 2006, 146p. Dissertação - (Mestrado em Zootecnia).
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BERRES, J.; VIEIRA, S.L.; CONEGLIAN, J.L.B.; OLMOS, A.R.; FREITAS, D.M.;
BORTOLINI, T.C.K.; SILVA, G.X. Respostas de frangos de corte a aumentos graduais na
relação entre treonina e lisina. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.2, p.510-517, 2007.
BERTECHINI, A. G. Nutrição de Monogástricos. Ed. UFLA, Lavras-MG, 2006, 301p.
BERTOLO, R.F.P.; CHEN, C.Z.L.; LAW, G.; PENCHARZ, P.B.; BALL, R.O. Threonine
requirement of neonatal piglets receiving total parenteral nutrition is considerably lower
than that of piglets receiving an identical diet intragastrically. Journal of Nutrition, v. 128,
p. 1752-1759, 1998.
BURACZEWSKA, L.; SWIECH, E.; LE BELLEGO, L. 2006. Nitrogen retention and growth
performance of 25 to 50 kg pigs fed diets of two protein levels and different ratios of
digestible threonine to lysine. J. Anim. Feed. Sci. 15:25-36.
BURRIN, D.G.; STOLL, B.; JIANG, R.; CHANG, X.; HARTMANN, B.; HOLST, J.J.;
GREELEY JR, G.H.; REEDS, P.J. Minimal enteral nutrient requirements for intestinal
growth in neonatal piglets: how much is enough? Am J Clin Nutr.; 71:1603–10, 2001.
21
CARLSTEDT, I.; HERRMANN, A.; KARLSON, H.; SHEEHAN, J.; FRANSSON, L. A.;
HANSSON, G. C. Characterization of different glycosylated domains from the insoluble
mucin complex of rat small intestine. J. Biol. Chem. 268:18771–18781, 1993.
CERA, K.R.; MAHAN, D.C.; CROSS, R.F.; REINHART, G.A.; WHITMOYER, R.E. Effect
of age, weaning and posweaning diet on small intestinal gowth and jejunal morphology in
young suine. Journal of animal science, v.66, n. 2, p. 574-584, 1988.
CHAMPE, C. P.; HARVEY, R. A. Bioquímica ilustrada. 2ª edição. Ed. Artes Médicas, 1996.
446p.
CIFTCI, I.; CEYLAN, N. Effects of dietary threonine and crude protein on growth
performance, carcass and meat composition of broiler chickens. British Poultry Science, v.
45, p. 280-289, 2004.
CORFIELD, A.P.; CARROLL, D.; MYERSCOUGH, N.; PROBERT, C.S. Mucins in the
gastrointestinal tract in health and disease. Frontiers in Bioscience, v. 6, p. 1321-1357,
2001.
CORZO, A.; KIDD, M.T.; KERR, B.J. Threonine need of growing female broilers.
International Journal of Poultry Science, v. 2, p. 367-371, 2003.
CORZO, A.; KIDD, M. T.; BURNHAM, D. J.; KERR, B. J. Dietary glycine needs of broiler
chicks. Poultry Science, v.83, p.1382–1384, 2004.
CORZO, A.; KIDD, M.T.; DOZIER, W.A.; PHARR, G.T.; KOUTSOS, E.A. Dietary
threonine needs for growth and immunity of broilers raised under different litter
conditions. Journal of Applyed Poultry Research, v. 16, p. 574-582, 2007.
DAVIS, A. T. & AUSTIC, R. E. Threonine imbalance and the threonine requirement of the
chicken. Journal of Nutrition, v. 112, p. 2170-2176, 1982.
DAHIYA, J. P.; WILKIE, D.C.; VAN KESSEL, A.G.; DREW, M.D. Potential strategies for
controlling necrotic enteritis in broiler chickens in post-antibiotic era. Animal Feed Science
and Technology, v. 129, p. 60-88, 2006.
DEAN, D.W. Amino acid requirements and low crude protein, amino acid supplemented diets
for swine and poultry. 2005, 120 p. Dissertation (Doctor of Philosophy) - Louisiana State
University and Agricultural and Mechanical College, 2005.
22
DEAN, D.W., BIDNER, T.D., SOUTHERN, L.L. Glycine supplementation to low protein,
amino acid-supplemented diets supports optimal performance of broiler chicks. Poultry
Science, v. 85, p.288–296, 2006.
De BLAS, C.; GARCIA, A.I.; CARABAÑO, P. Necessidades de Treonina em animales
monogástricos. 2000. FEDNA. Dep. de Producciom Animal. Universidade Politécnica de
Madri. Disponível em: http://www.etsia.upm.es/fedna/capitulos/00CAP1.pdf/. Acesso em
20/04/2009.
DREW, M. D.; SYED, N. A.; GOLDADE, B. G.; LAARVELD, B.; VAN KESSEL, A. G.
Effects of dietary protein source and level on intestinal populations of Clostridium
perfringens in broiler chickens. Poultry Science, v. 83, p. 414-420, 2004.
DOZIER, W. A.; MORAN JR., E. T.; KIDD, M. T. Comparisons of male and female broiler
responses to dietary threonine from 42 to 56 days of age. Poultry Sci. 79(Suppl. 1):43.
(Abstr.) , 2000.
DOZIER, W. A.; MORAN JR, E. T.; KIDD M. T. Male and Female Broiler Responses to
Low and Adequate Dietary Threonine on Nitrogen and Energy Balance. Poultry Science,
v.80, p.926–930, 2001.
FAURE, M.; MOENNOZ, D.; MONTIGON, F.; METTRAUX, C.; BREUILLE, D.;
BALLEVRE, O. Dietary threonine restriction specifically reduces intestinal mucin
synthesis in rats. Journal of Nutrition, v. 135, p. 486-491, 2005.
FAURE, M.; CHONE´, F.; METTRAUX, C.; GODIN, J.P.; BE´CHEREAU, F.;
VUICHOUD, J.; PAPET, I.; BREUILLE´, D.; OBLED, C. Threonine utilization for
synthesis of acute phase proteins, intestinal proteins, and mucins is increased during Sepsis
in rats. Journal of Nutrition, v. 137, p. 1802-1807, 2007.
FERNANDEZ, S.F., AOYAGI, S., HAN, Y., PARSONS, C.M. & BAKER, D.H. Limiting
order of amino acids in corn and soybean meal for growth of the chick. Poultry Science,
v.73, p.1887–1896, 1994.
FULLER, M. F. Amino acid requirements for maintenance body protein accretion and
reproduction in pigs. in: Amino Acids in Farm Animal Nutrition. CAB International,
Wallingford, UK, p. 155–184, 1994.
23
GOMIDE JR., M. L; STERZO, E. V.; MACARI, M.; BOLELI, I. C. Use of scanning electron
microscopy for the evaluation of intestinal epithelium integrity. Revista Brasileira de
Zootecnia, v. 33, n. 6, p. 1500-1505, 2004.
GRACIA, M. I.; ARANÍBAR, M. J.; LÁZARO, R.; MEDEL, P.; MATEOS, G. G. αAmylase supplementation of broiler diets based on corn. Poultry Science, v. 82 (3), p. 436442, 2003.
HAN, Y. & BAKER, D.H. Effects of heat stress, Sex and body weight on responses of broiler
chicks to dietary lysine. Poultry Science, v.71, Suplemento 1, p.37, 1992.
ITO, N.M.K. Fisiologia do Sistema Gastroentérico. In: Patologia do Sistema Gastroentérico.
Editado por Elanco Saúde Animal. p.9-52, 1997.
KADIM, I. T.; MOUGHAN, P. J.; RAVINDRAN, V. Ileal amino acid digestibility assay for
the growing meat chicken – comparison of ileal and excreta digestibility values. British
Poultry Science, v. 44, p. 588-597, 2002.
KIDD, M. T. & KERR, B. J. Threonine and broiler nutrition. In: PROCEDINGS OF THE
MEETING ARKANSAS NUTRITION CONFERENCE, 1996, Fayetteville. Procedings…
Fayetteville, p. 203-228, 1996.
KIDD, M.T.; KERR, B.J.; FIRMAN, J.D. Growth and carcass characteristics of broilers fed
low protein-threonine supplemented diets. Journal of Applied Poultry Research, Savoy-IL,
v.5, p. 180, 1996.
KIDD, M. T.; BARBER, S. J.; VIRDEN, W. S.; DOZIER, W. A.; CHAMBLEE, D. W.;
WIERNUSZ, C. Threonine responses of Cobb male finishing broilers in differing
environmental conditions. Journal of Applyed Poultry Research, v. 12, p. 115-123, 2003.
KIDD, M.T.; CORZO, A.; HOEHLER, D.; KERR, B.J.; BARBER, S.J.; BRANTON,
S.L. Threonine needs of broiler chickens with different growth rates. Poultry Science, v.
83, p. 1368-1375, 2004.
KIDD, M.T.; VIRDEN, W.S.; CORZO, A.; DOZIER, W.A.; BURNHAM, D.J. Amino acid
density and L-Threonine responses in Ross Broilers. International Journal of Poultry
Science, v. 4, n. 5, p. 258-262, 2005.
24
LAW, G.; BERTOLO, R. F.; ADJIRI-AWERE, A.; PENCHARZ, P. B.; BALL, D. R.
Adequate oral threonine is critical for mucin production and gut function in neonatal
piglets. Am. J. Physiol. Gastrointest. Liver. Physiol. 292:1293-1301, 2007.
LE BELLEGO, L.; RELANDEAU, C.; VAN CAUWENBERGHE, S. Threonine requirement
in pigs - Benefits of L-Threonine supplementation. Ajinomoto Eurolysine. Technical
Information
n.
26,
1-23.
2002.
Acesso
em:
05/08/2009.
Disponível
em:
http://www.ajinomoto-eurolysine.com/bulletins/ajinomotobulletin_26_en. pdf
LECLERCQ, B. Le besoin en thréonine des volailles de chair. INRA Production Animal, v.
11, p. 263-272, 1998.
LEMME, A. Responses of broilers to dietary threonine: A survey of the international
literature. Amino News. Degussa Corporation, v.02, n.01, p.1-6, 2001.
LENNINGER, L. A. Bioquímica. 2ª ed. Barcelona, Espanha: ed. Omega/S.A., 1991.
LEESON, S. & SUMMERS, J. D. Nutrition of the chicken. 4th ed. University Books, Guelph,
Ontario, Canada. 2001.
LENSING, M. & VAN DER KLIS, J. D. The effect of synthetic threonine on broiler
performance under suboptimal dietary conditions. Schorhorst Feed Research. Trial Report.
2006.
LEWIS, A. J. Amino acids in swine nutrition. In: LEWIS, A.J. (Ed.) Swine nutrition. 2.ed.
Boca Raton: CRC Press, 2001. p.131-150. 2001.
LODDI, M.M. Aspectos produtivos e qualitativos com o uso de probióticos para frangos de
corte. Dissertação de Mestrado em Zootecnia – Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, UNESP, Jaboticabal. 59p. 1998.
MACARI, M. Fisiologia do Sistema Digestivo das Aves (I). Aves e Ovos, 08/09, 2-20, 1999.
MACARI, M., FURLAN, R.L., GONZALES, E. Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de
Corte. 2 ed. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 2002. 375p.
MARZZOCO, A. & TORRES, B. B. Bioquímica Básica. 2nd ed., Guanabara-Koogan, Rio de
Janeiro, 1999.
25
MATEOS, G. G.; GONZÁLES-ALVARADO, J. M.; LÁZARO, R. Facing the realities of
poultry health and performance without antibiotics in Europe. Proceedings of International
Feed Industry Symposium, Lexington, USA, p.69-79, 2004.
McDEVITT, R.M.; BROOKER, J.D.; ACAMOVIC, T.; SPARKS, N.H.C. Necrotic enteritis,
a continuing challenge for the poultry industry. World’s Poultry Science Journal, v. 62, p.
221-248, 2006.
MELCHIOR, D.; LE BELLEGO, L.; RELANDEAU, C. Impact of the withdrawal of
antimicrobial growth promoters and health status on the amino acid requirement of the pig.
Ajinomoto Eurolysine. Technical Information 29, 1-12, 2006.
MURRAY, R.K.; GRANNER, D.K.; MAYES, P. A.; RODWELL, V.W. Harper’s Illustrated
Biochemistry, 26ª ed. 2003. São Paulo, Ed. Atheneu, 783p.
MYRIE, S.B.; BERTOLO, R.F.P.; SAUER, W.C.; BALL, R.O. Threonine retention is
reduced in diets that increase mucin production in pigs. In Proc 9th Int Symp on Dig Physiol
in Pigs (Ed RO Ball), pp 250-252. University of Alberta, Banff, Canada, 2003.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Poultry. 8th ed. National
Academy Press, Washington, DC, 1994, 155p.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger - Principles of Biochemistry. 4th ed., Freeman and
Company, New York, 2005.
NOY, Y. & SKLAN, D. Post hatch development in poultry. J. Appl. Poult. Res., v.6, p.344–
354, 1997.
OBST, B. S. & DIAMOND, J. Ontogenesis of intestinal nutrient transport in domestic
chickens (Gallus gallus) andits relation to growth. Auk, v. 109; p. 451–464, 1992.
OJANO-DIRAIN, C. P. & WALDROUP, P. W. Evaluation of lysine, methionine and
threonine needs of broilers three to six week of age under moderate temperature stress.
International Journal of Poultry Science, v.1, n.1, p.16-21, 2002.
OLIVEIRA, M.C.; MARQUES, R.H.; GRAVENA, R.A.; MORAES, V.M.B. Morfometria do
intestino delgado de frangos tratados com dietas adicionadas de mananoligossacarídeo e
complexo enzimático. Biotemas, v. 21 (3), p. 135-142, set/2008.
26
PRIMOT, Y.; CORRENT, E.; MELCHIOR, D.; RELANDEAU, C. Threonine in pigs and
broilers: A crucial amino acid for growth and gut function. Ajinomoto Eurolysine.
Technical
information
n°31,
2008.
Disponível
em:
http://www.ajinomoto-
eurolysine.com/bulletins/ajinomotobulletin_31_en. pdf. Acesso em: 04/08/2009.
RELANDEAU, C. & LE BELLEGO, L. Amino acid nutrition of the broiler chicken, update
on lysine, threonine and other amino acids. Ajinomoto Eurolysine. Technical information
n. 27, 1-36, 2004. Acesso em: 04/08/2009. Disponível em: http://www.ajinomotoeurolysine.com/bulletins/ajinomotobulletin_27_en. pdf.
ROMER, A.S. & PARSONS, T.S. (1981). Anatomia Comparada. México, Interamericana.
ROSTAGNO, H.S.; Jr, J. G.; ALBINO, L.F.T.; CARVALHO, D.C.O.; OLIVEIRA, J.E.;
TOLEDO, R.S. Níveis de Glicina+ Serina em rações de Pintos de Corte.
In:
CONFERÊNCIA APINCO 2003 DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2003,
Campinas, SP. Anais... CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLA. Campinas, SP : FACTA,
2003. p. 48.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.;
LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras para Aves e
Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed. UFV/DZO, 2005,
186p.
SAMADI, F. & LIEBERT, F. Modelling the optimal lysine to threonine ratio in growing
chickens depending on age and efficiency of dietary amino acid utilisation. British Poultry
Science, v.49, p.45-54, 2008.
SÈVE, B.; GANIER, P.; HENRY, Y. Courbe de réponse dês performances de croissance du
porc à l'apport de thréonine digestible vraie mesurée au niveau iléal. 25, 255-262. Paris,
France. 1993. JRP. Conference Proceeding.
SKLAN, D. 2004. Development of digestive and absorptive functions in the intestine of
poultry. Proceedings of World`s Poultry Congress, Istambul, Turquia, CD-Rom.
SOHAIL, S.S., BRYANT, M.M., ROLAND, D.A. The effect of glycine supplementation on
performance of broilers fed sub-marginal protein with adequate synthetic methionine and
lysine. International Journal of Poultry Science. v.2, n.6, p.394-397, 2003.
27
SPECIAN, R. D. & OLIVER, M. G. Functional biology of intestinal goblet cells. American
Journal of Physiology, v. 260, p. C183–C193, 1991.
STILBORN, H.L.; MORAN, E.T.JR.; GOUS, R.M.; HARRISON, M. D. Effect of age on
feather amino acid content in two broiler strain crosses and sexes. J. Appl. Poult. Res.
6:205–209, 1997.
STOLL, B.; HENRY, J.; REEDS, P. J.; HUNG, Y.; JAHOOR, F.; BURRIN, D. G.
Catabolism dominates the first-pass intestinal metabolism of dietary essential amino acids
in milk protein-fed piglets. Journal of Nutrition, v. 128, p. 606-614, 1998.
TILLMAN, P. B. Amino acid nutrition: Incorporating L-threonine in broiler formula. pp. 66–
75, 2008, in: Proceedings of the 5th Mid-Atlantic Nutrition Conference. N. G. Zimmerman
(ed.), Timonium, MD.
UNI, Z.; GANOT, S.; SKLAN, D. Posthatch development of mucosal function in the broiler
small intestine. Poultry Sci., v. 77, p.75–82, 1998.
UNI, Z.; NOY, Y.; SKLAN, D. Posthatch development of small intestinal function in the
poult. Poultry Science, v. 78 (2), p. 215-222, 1999.
UNI, Z. Vitamin A deficiency interferes with proliferation and maturation of cells in the
chickens small intestine. British Poultry Science, v. 41, p.410-415, 2000.
WALDROUP P.W.; JIANG Q.; FRITTS, C.A. Effects of Glycine and Threonine
Supplementation on Performance Chicks Fed Diets Low in Crude Protein. International
Journal of Poultry Science, v. 4, n.5, p.250-257, 2005.
WANG, X.; QIAO, S.; YIN, Y. L.; YUE, L.; WANG, Z.; WU, G. A deficiency or excess of
dietary threonine reduces protein synthesis in jejunum and skeletal muscle of young pigs.
Journal of Nutr. 137:1442-1446, 2007.
WU, G. Intestinal mucosal amino acid catabolism. Journal of Nutrition, v. 128, p. 1249–1252,
1998.
YAMAUCHI, K.E. & ISHIKI, Y. Scanning electron microscopic observations on the
intestinal villi in growing White Leghorn and broiler chickens from 1 to 30 days of age.
British Poultry Science, v. 32, p. 67-78, 1991.
28
Capítulo 2
Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas relações para
pintos de corte machos na fase pré-inicial
29
Resumo: A possibilidade da redução da proteína bruta da ração de frangos de corte
necessita de uma melhor definição das exigências de aminoácidos, principalmente nas fases
iniciais. Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de níveis de treonina digestível e das
relações treonina:lisina e treonina:glicina sobre o desempenho, composição corporal e
morfometria intestinal de pintos de corte na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade). Foram
conduzidos dois experimentos, cada um com seis tratamentos e seis repetições de 20 aves. As
aves, machos da linhagem Cobb, com peso médio de 47 ± 1 g, foram distribuídas num
delineamento experimental inteiramente casualizado. No primeiro experimento (E1), os
tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (0,821; 0,631;
0,710; 0,789; 0,868 e 0,947%), com nível constante de glicina+serina total (2,089), resultando
em diferentes relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e
treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37; 0,41 e 0,45). No segundo experimento (E2), os
tratamentos consistiram de rações com diferentes níveis de treonina digestível (os mesmos do
E1) e glicina+serina total (2,329; 1,601; 1,804; 2,005; 2,206 e 2,407%), mantendo sempre a
mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) e variando as relações treonina:lisina (0,65;
0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75). Em ambos os experimentos o primeiro tratamento (T1) foi o
controle. Foram avaliados os parâmetros de desempenho, composição corporal e morfometria
intestinal. O desempenho no foi afetado pelos níveis e relações aminoacídicas, que resultaram
em reduções no conteúdo de proteína bruta das dietas, sendo estas reduções de 4,8% no E1 e
de 23,7% no E2. No E1 houve redução do peso final e do ganho de peso, os dados
apresentaram regressão quadrática e atingiram os mesmos valores que o tratamento controle
com 0,813% de treonina digestível. As conversões alimentar e protéica foram melhores que o
controle, sendo que a conversão alimentar melhorou linearmente com aumento do nível de
treonina digestível na dieta. Na composição corporal houve aumento de gordura, redução da
deposição protéica e piora na relação proteína:gordura da carcaça, essas variáveis melhoraram
com o aumento do nível de treonina digestível atingindo os melhores resultados com 0,856%.
No E2 o consumo foi menor que o controle nos tratamentos teste, o peso final e o ganho de
peso tiveram uma redução, que foi recuperada com o aumento dos níveis de treonina
digestível e glicina+serina total, atingindo os melhores resultados com 0,864% de treonina
digestível e 2,192% de glicina+serina total, sendo que esta recuperação não foi suficiente para
alcançar o mesmo desempenho do controle. A composição corporal apresentou uma melhora
linear nos teores de proteína e gordura da carcaça com o aumento do nível de treonina
digestível, mas ainda assim os valores foram piores que os do tratamento controle. A relação
proteína:gordura da carcaça apresentou regressão quadrática e se igualou ao controle com
30
0,834% de treonina digestível e 2,196% de glicina+serina total. A morfometria intestinal das
aves foi afetada pelos tratamentos em ambos o experimentos, mas os resultados são
inconclusivos. Conclui-se que é possível reduzir o teor de proteína da dieta com a
suplementação de aminoácidos industriais e recomenda-se, para pintos de corte na fase préinicial, as relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição
corporal, respectivamente, de 0,68 e 0,40. Os níveis de treonina digestível e de glicina+serina
totais que proporcionam os melhores resultados nesta fase são, respectivamente, de 0,864% e
2,192%.
Abstract: The reduction of crude protein levels in the diet of broiler chickens involves
the adjustment of amino acid requirements, especially in the initial phases. The objective of
this study was to evaluate the effect of digestible threonine and of the ratios threonine:lysine
and threonine:glycine on the performance, body composition and intestinal morphology of
broiler chicks in the pre-initial phase (1 to 7 days of age). Two trials were carried out, with six
treatments and six repetitions of 20 birds in each trial. Male Cobb chicks with mean body
weight of 47 ± 1 g were distributed into a completely randomized experimental design. In the
first trial, treatments consisted of different digestible threonine levels (0.821; 0.631; 0.710;
0.789; 0.868 and 0.947%) and constant total glycine+serine level (2.089), which resulted in
different
threonine:lysine
ratios
(0.65;
0.50;
0.56;
0.62,
0.68
and
0.75)
and
threonine:glycine+serine (0.30; 0.33; 0.37; 0.41 and 0.45). In the second trial, the treatments
comprised diets with different digestible threonine levels (similar to trial 1) and total
glycine+serine levels (2.329; 1.601; 1.804; 2.005; 2.206 and 2.407%), with a constant
threonine:glycine+serine ratio (0.393) and different threonine:lysine ratios (0.65; 0.50; 0.56;
0.62, 0.68 and 0.75). In both trials, the first group was the control treatment (T1).
Performance, body composition and intestinal morphology were evaluated. Performance was
not affected by amino acid levels and ratios, which resulted in decreased crude protein
contents in the diets (4.8% in Trial 1 and 23.7% in trial 2). Body weight and weight gain
decreased in trial 1; there was a quadratic effect and values were similar to control treatment
when 0.813% digestible threonine was used. Feed conversion and protein conversion were
better than T1, so that feed conversion improved linearly with increasing digestible threonine
levels. There was increased fat, lower protein deposition and worse protein:fat ratio in the
carcass; the variables were improved with increasing digestible threonine levels until the level
of 0.856%. In the second trial, the intake was lower in the treatments when compared to
control. Final body weight and weight gain decreased and then improved with the increase in
digestible threonine levels and total glycine+serine levels; the better results were seen with
31
0.864% digestible threonine and 2.192% total glycine+serine, but values were still lower than
the control treatment. Improved protein and fat carcass levels were seen with increasing
digestible threonine levels, but the control treatment was still better. Carcass protein:fat ratio
data showed a quadratic regression and was similar to the control with 0.834% of digestible
threonine and 2.196% of total glycine+serine. Intestinal morphology was affected by the
treatments in both trials, but results are inconclusive. It is concluded that dietary protein can
be reduced when amino acids are supplemented. It is recommended a threonine:lysine ratio of
0.68 and a threonine:glycine ratio of 0.40 for broiler chicks in the pre-initial phase. The
recommended levels of digestible threonine and total glycine+serine are 0.864% and 2.192%,
respectively.
32
Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas relações para pintos de corte
machos na fase pré-inicial
2.1. Introdução
A possibilidade da redução da proteína bruta (PB) da ração e, também, da utilização de
alimentos alternativos necessita de melhor definição das exigências de aminoácidos para
frangos de corte. Pesquisas têm sido conduzidas no sentido de estabelecer proporções ideais
de AA em relação à lisina, utilizando o conceito de “proteína ideal” (D’Mello, 1993). Com a
produção industrial de lisina, metionina, treonina e outros aminoácidos, alguns autores têm
indicado a possibilidade de se reduzir o nível protéico das rações, desde que devidamente
suplementadas com os referidos aminoácidos sintéticos (Blair et al.1976; Weerden e Schutte
1980 e Carmo 1981).
Para obter o melhor desempenho das aves com um mínimo de excreção de N, a meta
dos nutricionistas tem sido reduzir os excessos de PB, através da determinação e do
atendimento, com maior exatidão das necessidades de cada aminoácido para o animal. Como
a proteína é o segundo componente mais caro nas rações, os seus níveis devem ser
monitorados em função da elevada perda de N via excreta, que torna insalubres as condições
internas das instalações, podendo interferir na saúde das aves. De acordo com Silva et al.
(2006), o desperdício de N, além de caro para o organismo, que passa a sintetizar mais ácido
úrico com gasto de energia e de aminoácidos como glicina e serina, eleva o risco de
contaminação ambiental com N.
Segundo Tillman (2008), a treonina atua diretamente na integridade e no
desenvolvimento do intestino através da sua presença em glicoproteínas do muco,
responsáveis pela proteção do trato gastrointestinal contra a autodigestão, no sistema
imunitário fazendo parte das moléculas de determinadas imunoglobulinas e melhorando o
balanço de AA essenciais com subseqüente redução do excesso de PB na dieta.
33
Não é desejável que ocorra redução no rendimento de carcaça nem aumento do teor de
gordura na carcaça. A alta taxa de participação da treonina na composição de proteína
corporal e sua íntima relação com a formação do tecido entérico, que sofre constantes
alterações em função da descamação de células no enterócito, podem resultar em alterações
na composição corporal caso haja mudanças no teor de treonina ingerido pela ave. Não apenas
em função da alteração no teor protéico das dietas, mas principalmente em função da
mudança no balanço aminoacídico da proteína ingerida, que sabidamente influencia a
utilização e, consequentemente, a deposição de aminoácidos e de proteína na carcaça.
Em dietas de frangos, a treonina é considerada o terceiro AA limitante depois da
metionina e lisina. Tem papel importante como componente da proteína da pena e precursora
da glicina e da serina no metabolismo, além de estar envolvida ainda na resposta imune e ser
necessária na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001). A mucina é uma
glicoproteína (muco) insolúvel em água, secretada pelas células caliciformes, que funciona
como protetor do epitélio intestinal e impede o contato de microorganismos, secreções do
próprio organismo com a mucosa e ações mecânicas (Macari & Maiorka, 2000).
Segundo Kidd (2002) mesmo sendo apenas o terceiro AA limitante em rações para
frangos de corte, a treonina é geralmente o ponto crítico em formulações de custo mínimo,
pois influencia o nível de PB da dieta. A formulação de rações com metionina, lisina e
treonina industriais permite reduzir a PB da dieta e contribui, por conseqüência, para a
redução da excreção de ácido úrico e água, diminuindo a excreção de N no ambiente (Berres,
2007).
Parte do processo de digestão acontece no duodeno por ação das enzimas provenientes
do pâncreas. A degradação final de proteínas e carboidratos ocorre em nível das
microvilosidades, nas quais as peptidases e dissacaridases, aderidas ao glicocálix, liberam
34
aminoácidos e monossacarídeos. Tais monômeros são transportados através das células por
ação de proteínas transportadoras específicas (Gartner & Hiatt, 1997).
A absorção dos produtos da digestão ocorre inteiramente no intestino delgado, através
de três mecanismos, difusão, difusão facilitada e transporte ativo. Essa absorção é facilitadas
pela disposição da mucosa em inúmeras projeções, chamadas vilosidades, e invaginações da
mucosa entre a base das vilosidades, formando as criptas de Lieberkhun. Na superfície do vilo
ocorre, a cada três a cinco dias, a substituição de todo o revestimento epitelial através da
extrusão e descamação celular para o lúmen (Bayer et al., 1981), sendo esse processo mais
ativo nos frangos de corte. Este fato sugere uma maior atividade mitótica na região vilo:cripta
e maior velocidade de migração dos enterócitos nos frangos de corte selecionados para o
crescimento (Smith et al., 1990).
As células do epitélio intestinal da ave mantêm uma elevada taxa metabólica para
suportar suas funções de secreção e absorção dos nutrientes da dieta. Desta maneira, são
constantemente substituídas por células indiferenciadas produzidas na cripta de Lieberkuln
(Loddi, 1998). O desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento da altura e
densidade dos vilos, o que corresponde a um aumento no número de células epiteliais. Os
volos determinam a dimensão da superfície de absorção intestinal; quanto maiores forem os
vilos melhor será o desempenho das aves. Portanto, quando o intestino responde a algum
agente que causa um desequilíbrio no processo de renovação e perda celular (no chamado
turnover), ocorre uma modificação na altura dos vilos, e a treonina, como componente
importante do muco, está relacionada com este processo.
A glicina é um AA não-essencial, exceto para frangos de corte até 21 dias de idade, pois
apesar das aves serem capazes de sintetizá-lo, esta síntese não atende às exigências para o seu
rápido crescimento (Waldroup et al., 2005). Utilizada para síntese de proteína, serina, creatina
e sais biliares, a glicina é o único AA incorporado inteiramente na molécula de ácido úrico.
35
Sève et al. (1993) relatou que um déficit de glicina poderia causar um aumento na exigência
de treonina. Como a treonina é uma precursora da glicina, um excesso de PB na dieta resulta
em aumento da exigência de treonina e, consequentemente, de glicina para frangos (Ten
Doeschate, 1995), uma vez que cada molécula de ácido úrico eliminada carrega consigo uma
molécula de glicina.
A utilização de glicina industrial nas dietas pode melhorar o desempenho de frangos de
corte até os 21dias de idade, além de contribuir para um melhor aproveitamento da treonina
dietética, tanto pela melhoria do balanço aminoacídico, como pela menor necessidade de
transaminação da treonina para ser excretada na forma de glicina na molécula de ácido úrico
(Sohail et al., 2003).
A implementação de novas tecnologias em avicultura de corte não está limitada em
apenas alterar a velocidade de crescimento dos frangos (Franzoi et al., 2000). Além da
eficiência com que as aves crescem, também são importantes os processos metabólicos de
transformação dos alimentos e a forma com que os depósitos de proteína e de gordura são
formados e acumulados. Quaisquer alterações nas composições de dietas não devem ser
acompanhadas de redução na quantidade e/ou qualidade das porções comestíveis produzidas.
Neste contexto, objetivou-se avaliar com este trabalho o efeito de níveis de treonina
digestível e das relações treonina:lisina e treonina:glicina sobre o desempenho, composição
corporal e morfometria intestinal de pintos de corte na fase pré-inicial.
36
2.2. Material e Métodos
Foram conduzidos paralelamente dois experimentos no galpão do Módulo de Avicultura
do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da
Paraíba, Campus II, no município de Areia-PB, a 6º57’48’’ de longitude sul e 35º41’30’’ de
longitude oeste, com altitude de 618m acima do nível do mar.
Os experimentos foram conduzidos em novembro de 2008. Foi instalado um
termômetro digital de máxima e mínima, na região central do galpão, de forma que o sensor
externo ficasse fixado na altura das aves. As médias de temperaturas máxima e mínima
registradas no interior do galpão onde ficavam as baterias foram: Máxima de 35,6 ºC, Mínima
de 33,2 ºC e Média de 34,4 °C.
2.2.1. Animais, dietas experimentais e delineamento experimental
Foram utilizados, em cada experimento, 720 pintos de um dia de idade, machos da
linhagem Cobb, vacinados no incubatório contra as doenças de Marek, Newcastle e Gumboro.
As aves, com peso médio de 47 ± 1 g, foram distribuídas num delineamento experimental
inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 20 aves cada.
As aves foram pesadas e alojadas ao acaso em baterias metálicas tipo “Brasília”,
medindo 100 x 90 x 25 cm (comprimento x largura x altura) com piso de tela coberto com
papel e comedouros e bebedouros próprios da bateria (tipo calha), sendo cada compartimento
uma unidade experimental. O aquecimento dos pintos foi feito através de um sistema elétrico,
com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela. O programa de luz adotado durante o
período experimental foi contínuo (24 horas de luz = natural + artificial).
No primeiro experimento (E1) os tratamentos foram: (T1) uma dieta convencional
(controle) formulada para atender todas as exigências nutricionais de frangos de corte machos
na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade), suplementada com L-lisina, DL-Metionina e Ltreonina (tabela 2). Os outros cinco tratamentos (T2 a T6) foram dietas com níveis crescentes
37
de treonina digestível, suplementadas também com L-lisina, DL-Metionina, L-Triptofano, LArginina, L-Glicina, L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina industriais. Neste experimento,
utilizou-se apenas um nível de glicina+serina total, o que resultou em diferentes relações
treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37;
0,41 e 0,45).
Tabela 2- Níveis de proteína bruta, treonina digestível, glicina+serina total e relações
treonina:lisina digestíveis e treonina digestível:glicina+serina total nos experimentos 1 e 2.
Tratamentos
Experimento 1
T1 (Controle)
T2
T3
T4
T5
T6
PB (%)
22,00*
20,925
20,997
21,069
21,141
21,213
Tre dig. (%)
0,821
0,631
0,710
0,789
0,868
0,947
Relação Tre:Lis
0,65*
0,50
0,56
0,62
0,68
0,75
Gli+Ser total (%)
2,335
2,089
2,089
2,089
2,089
2,089
Relação Tre:Gli+Ser
0,393*
0,30
0,34
0,37
0,41
0,45
PB (%)
22,00*
16,781
17,089
17,397
17,705
18,014
Tre dig. (%)
0,821
0,631
0,710
0,789
0,868
0,947
Relação Tre:Lis
0,65*
0,50
0,56
0,62
0,68
0,75
Gli+Ser total (%)
2,329
1,601
1,804
2,005
2,206
2,407
Relação Tre:Gli+Ser*
0,393
0,393
0,393
0,393
0,393
0,393
Experimento 2
*De acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2005).
No segundo experimento (E2) foi utilizada no T1 a mesma dieta convencional
(controle) adotada no primeiro experimento. Os outros cinco tratamentos foram dietas com
níveis crescentes de treonina digestível e glicina+serina total, suplementadas também com Llisina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina
industriais. Neste segundo experimento, os níveis de glicina+serina total foram manipulados
de forma a manter a mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) em todos os tratamentos
testados, acompanhando a variação dos níveis de treonina digestível conforme apresentado na
tabela 2.
38
Todas as rações, em ambos os experimentos, foram formuladas para atender 95% das
recomendações das Tabelas Brasileiras para Suínos e Aves (Rostagno et al., 2005) para
proteína bruta e aminoácidos e para atender 100% das demais necessidades nutricionais das
aves (tabela 3). Para obtenção dos tratamentos experimentais, foi formulada uma ração
experimental basal, com baixa PB (20,925 no E1 e 16,781% no E2), suplementada com
aminoácidos industriais de forma a atender todos as necessidades aminoacídicas, mas
deficiente em treonina digestível (0,631%) no primeiro experimento e deficiente em treonina
digestível (0,631%) e glicina+serina total (1,601%) no segundo.
No E1 a ração basal foi suplementada com L-treonina em substituição ao amido de
forma a atingir os níveis de 0,631; 0,710; 0,789; 0,868 e 0,947 % de treonina digestível,
fornecendo portanto, as relações tre:lis digestíveis de 50,0; 56,2; 62,5; 68,7, e 75,0 % e
relações tre digestível:gli+ser totais de 30,2; 34,9; 37,8; 41,6 e 45,3 %. No E2, a ração basal
foi suplementada com L-treonina e L-glicina em substituição ao amido de forma a atingir os
níveis de 0,631; 0,710; 0,789; 0,868 e 0,947 % de treonina digestível e 1,601; 1,804; 2,005;
2,206 e 2,407 % de glicina+serina total, fornecendo portanto as relações tre:lis digestíveis de
50,0; 56,2; 62,5; 68,7, e 75,0 % e mantendo a relação tre digestível:glicina+serina total de
39,3%. As aves receberam água e ração à vontade.
2.2.2. Parâmetros avaliados
Foram avaliados os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal e a
morfometria intestinal dos frangos aos 7 dias de idade. As variáveis analisadas foram: o
consumo de ração (CR), que foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras, pesadas no início e final do experimento, e o peso final (PF) e o ganho
de peso (GP), a conversão alimentar (CA), o consumo de proteína e a conversão protéica das
aves.
39
Tabela 3. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase pré-inicial.
Ingredientes
Milho Grão
F. de Soja
Óleo de Soja
F. Bicálcico
F. carne e ossos
Calcário
F. de Trigo
Inerte 1
Glúten
Amido
Sal comum
L-Lisina HCl
DL-Metionina
L-treonina
L-Glicina
L-Arginina
L-Triptofano
L-Valina
L-Isoleucina
Cl. Colina
Cl. Potássio
Coban
Enradim
Premix Mineral2
Premix Vitamínico3
Etoxiquim
Colistin
Total
PB %
EM kcal/kg
Lis dig. (%)
Met+Cis dig.(%)
Arg. Dig. (%)
Tre. Dig. %
Trip. Dig. (%)
Gli+Ser Tot. (%)
Valina dig. (%)
Leucina dig. (%)
Isoleucina dig. (%)
BE (mEq/kg)
Experimento 1
Experimento 2
Controle
Basal
Superior Controle
Basal
Superior
58,848
62,888
62,888
53,848
68,687
68,687
32,986
19,391
19,391
32,986
7,253
7,253
2,497
0,064
0,064
2,497
0,000
0,000
0,371
0,366
0,366
0,371
0,466
0,466
5,000
5,000
5,000
5,000
5,000
5,000
0,418
0,508
0,508
0,418
0,540
0,540
0,000
4,000
4,000
0,000
4,000
4,000
3,025
0,025
0,025
3,031
3,720
3,720
0,000
5,000
5,000
0,000
5,000
5,000
0,500
0,500
0,150
0,500
1,200
0,396
0,376
0,388
0,388
0,376
0,405
0,405
0,314
0,657
0,657
0,314
1,038
1,038
0,325
0,335
0,335
0,325
0,462
0,462
0,040
0,000
0,350
0,122
0,205
0,554
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,455
0,000
0,310
0,310
0,000
0,683
0,683
0,000
0,032
0,032
0,000
0,101
0,101
0,000
0,156
0,156
0,000
0,375
0,375
0,000
0,138
0,138
0,000
0,352
0,352
0,100
0,100
0,100
0,070
0,070
0,070
0,000
0,000
0,000
0,000
0,301
0,301
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,005
0,005
0,005
0,005
0,005
0,005
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,025
0,025
0,025
0,025
0,025
0,025
0,010
0,010
0,010
0,010
0,010
0,010
0,002
0,002
0,002
0,002
0,002
0,002
100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição Nutricional
22,000
20,925
21,213
22,000
16,781
18,014
2,950
2,950
2,945
2,950
2,950
2,939
1,258
1,255
1,255
1,261
1,260
1,260
0,898
0,899
0,899
0,899
0,895
0,895
1,295
1,330
1,330
1,295
1,325
1,325
0,822
0,631
0,948
0,823
0,631
0,947
0,220
0,204
0,204
0,220
0,200
0,200
2,335
2,089
2,089
2,329
1,601
2,407
0,883
0,946
0,946
0,882
0,950
0,950
1,590
1,750
1,750
1,596
1,411
1,411
0,790
0,820
0,820
0,790
0,823
0,823
210,61
161,85
161,85
210,61
116,10
116,10
1
-Areia Lavada. 2- Composição/kg do produto: vit. A - 12.000.000 UI; vit. D3 - 3.600.000 UI; vit. B1 - 2,5 g; vit. B2 - 8
g; vit. B6 – 3,0 g; ácido pantotênico - 12 g; viotina - 0,2 g; vit. K – 3,0 g; ácido fólico - 3,5 g; ácido nicotínico - 40 g; vit.
B12 - 20 mg; Se - 0,13 g; veículo q.s.p. - 1.000 g. 3- Composição/kg do produto: Mn - 160 g; Fe - 100 g; Zn - 100 g; Cu 20 g; Co - 2 g; I - 2 g. Excipiente q.s.p. - 1.000 g.
40
Um grupo adicional de 10 pintos de 1 dia de idade foi abatido para determinação da
composição corporal inicial (proteína, extrato etéreo, cinzas e água) no início dos
experimentos. Aos 7 dias de idade foram selecionadas cinco aves com peso representativo da
parcela, que, após jejum de 12 horas, foram abatidas por deslocamento cervical. As aves
foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos identificados e armazenadas em
freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram picados com o auxílio de uma serra fita
e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775 rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a
4 vezes, para que se tornassem bem homogêneas para análises laboratoriais.
As amostras foram, então, colocadas em bandejas descartáveis de alumínio, pesadas e
pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60±5oC, durante o tempo necessário para a
estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas e acondicionadas em potes
plásticos, os quais foram armazenados para análises posteriores. As análises de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE) e cinzas(CZ) das amostras foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descrito por Silva (1991). Os
valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria natural
(corrigidos pela matéria seca) e em gramas. As deposições de proteína e de gordura corporal
(em gramas) foram calculadas pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de
corte no início e final no período experimental. Também foram calculadas a deposição de
proteína (Dep. de PB), a deposição de gordura (Dep. de GD), a eficiência relativa de
deposição protéica (Efic. Dep. PB) e a relação proteína:gordura na carcaça (Relação PB:GD)
Para a morfometria intestinal, no final de cada experimento foram selecionadas duas
aves por parcela, com peso representativo do peso médio da parcela para o abate e coleta dos
fragmentos de intestino. Após a pesagem as aves foram abatidas e seu intestino foi retirado,
aberto e lavado com água destilada. Após a limpeza, foram retiradas amostras medindo 1 cm
do intestino delgado (duodeno e jejuno) que foram fixadas em Solução de Bouin. No
41
laboratório de Biodiagnóstico do Centro de Ciências da Saúde CCS/UFPB, as amostras foram
desidratadas, infiltradas com parafina, cortadas em micrômetro a uma espessura de 0,5µ e
coradas com Hematoxilina e Eosina para análise de altura de vilo e profundidade de cripta em
microscópio, conforme metodologia descrita por Corless & Sell (1999). As medições foram
realizadas com auxílio do softwere “Image J”, foram visualizadas em microscópio pelo menos
três cortes por tratamento, com no mínimo três medições por corte para altura de vilos e
profundidade de cripta.
2.2.3. Análise Estatística
Os resultados foram submetidos às análises de variância e regressão utilizando-se o
programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000). A regressão foi realizada em
função dos níveis crescentes de treonina digestível (exceto o tratamento controle), utilizandose os efeitos lineares e quadráticos para determinação das exigências. As exigências de
glicina+serina total, foram determinadas sempre no E2, através de relação matemática e com
base no nível de treonina digestível indicado pela equação. Realizou-se também a aplicação
do teste Dunnett, para comparar as médias do tratamento controle com as dos demais
trtamentos. O modelo matemático utilizado foi:
Yij = µ + Ai + εij
Em que:
Yij = observação no nível de L-treonina i, na repetição j;
µ = média geral;
Ai = Efeito da utilização da L-treonina;
εij = erro aleatório associado a cada observação.
42
2.3. Resultados e Discussão
2.3.1. Desempenho zootécnico
As médias das variáveis de desempenho dos animais verificados no experimento 1 estão
na tabela 4.
Tabela 4. Médias de desempenho de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos
níveis de treonina digestível e das diferentes relações treonina:lisina e treonina:glicina das
dietas na fase pré-inicial.
Tratamentos
Parâmetros
1(C)
2
3
4
5
6
Média
T2 a T6
Exigência
Reg.
CV(%)
Experimento 1
Tre:Lis
65
50
56
62
68
75
CR (g/ave)
144,0
143,4
144,4
148,2*
145,6
139,0*
144,1
0,770
Q*
4,38
PF (g)
186,6
173,6*
176,2*
183,3
183,9
175,9*
178,6
0,813
Q*
2,89
GP (g/ave)
139,1
126,2*
128,4*
135,6
136,1
128,1*
130,9
0,814
Q*
2,91
CA
Consumo de
PB (g)
Conversão
Protéica
1,03
1,13*
1,12*
1,09
1,06
1,08
1,09
-
L*
2,61
28,97
27,61
27,56
28,66
28,15
26,95*
27,78
0,778
Q*
3,36
1,59
1,58
1,62
1,55
1,49*
1,60
1,57
-
ns
3,37
Experimento 2
Gli+Ser
Totais (%)
CR (g/ave)
2,089
1,604
1,804
2,005
2,206
2,407
154,7
137,5*
139,6*
142,9*
147,9*
143,9*
142,3
0,897
Q*
1,90
PF (g)
190,1
157,8*
173,1*
177,1*
179,3*
177,5*
172,9
0,864
Q*
2,97
GP (g/ave)
142,3
110,2*
125,2*
129,3*
131,9*
130,4*
125,4
0,880
Q*
2,10
CA
1,08
1,24*
1,11
1,10
1,12*
1,10
1,13
0,859
Q*
2,21
Consumo de
29,07
26,15*
26,79*
27,46*
27,05*
26,89*
26,87
0,790
Q*
3,30
PB (g)
Conversão
1,79
1,51*
1,54*
1,55*
1,51*
1,57*
1,53
ns
2,76
Protéica
*- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle pelo teste Dunnett, (P<0,05);
Q*= efeito quadrático (P<0,05); L*=efeito linear (P<0,05); ns = regressão não significativa.
Para o CR, a análise de variância revelou que, no E1, o tratamento T4 (0,789% de
treonina digestível) consumiu mais ração que o tratamento controle, enquanto o T6 (0,947%)
consumiu menos. No E2, todos consumiram menos ração que o controle. A análise de
regressão revelou comportamento quadrático para esta variável em ambos os experimentos,
sendo que no E1 a exigência foi de 0,77% de treonina digestível. (Y1 = 2,6783 + 375,53x 43
243,81x2, R² = 0,86),; e no E2 foi de 0,897% de tre digestível e 2,275% de glicina+serina total
(Y2 = 47,557 + 217,98x -121,48x2, R² = 0,82), com relações treonina:lisina de 0,61 e 0,71 nos
dois experimentos, respectivamente, e uma relação treonina:glicina de 0,36 (figura 2).
E1
E2
Figura 2: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial.
Para o PF aos 7 dias de idade, no E1 os tratamentos 4 e 5 (respectivamente com 0,789 e
0,868% de treonina digestível) apresentaram médias semelhantes ao controle, enquanto os
demais tratamentos tiveram médias menores para esta variável. No E2, todos os tratamentos
experimentais apresentaram médias inferiores ao controle para esta variável. A análise de
regressão revelou um comportamento quadrático dos dados (figura 3), com exigências de
0,813% de treonina digestível no E1 (Y1 = - 27,104 + 15,84x - 317,03x2, R² = 0,79), com
relações treonina:lisina de 0,65 e relação treonina:glicina de 0,38; enquanto no E2, obteve-se
exigência de 0,864% de treonina digestível (Y2 = - 137,83 + 730,2x - 422,29x2, R² = 0,97) e
2,192% de glicina+serina total, com relação treonina:lisina de 0,68.
44
Figura 3: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final aos 7 dias de
idade em frangos de corte machos na fase pré-inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Para o ganho de peso no E1, os tratamentos T2, T3 e T6 (respectivamente com 0,631;
0,710 e 0,947% de treonina digestível) tiveram menor GP que o tratamento controle, os
tratamentos T4 e T5 (0,789 e 0,868% de treonina digestível) apresentaram médias iguais ao
controle, de acordo com o teste de Dunnett. A análise de regressão mostrou efeito quadrático
dos dados, com exigências de 0,814% de treonina digestível no E1 (Y1= - 55,394 + 458,67x 281,67x2, R² = 0,75) e 0,88% no E2 (Y2 = - 116,25 + 563,76x -320,17x2, R² = 0,99),
respectivamente, com relações treonina:lisina de 0,65 e 0,68. O nível de glicina+serina total
obtido no E2 foi de 2,232% e a melhor relação treonina:glicina no E1 foi de 0,38 (figura 3). O
maior ganho de peso, que foi estatisticamente semelhante ao tratamento controle, obtido com
0,813% de treonina digestível no E1, revela que a redução protéica das dietas exige um
aumento dos níveis deste aminoácido para manter o mesmo nível de desempenho dos animais.
Os resultados de ganho de peso reiteram os do consumo de ração e peso final,
mostrando o efeito poupador da glicina sobre a treonina, pois o no E1, onde o nível de glicina
foi mantido constante, a exigência de treonina foi menor que no E2. O comportamento das
linhas de tendência revela que no E1, o ganho de peso cresceu até o ponto de máxima
45
(0,814% de treonina digestível) e regrediu à medida que a treonina se tornou excessiva
causando desbalanço, já no E2, onde o nível de glicina+serina total acompanhava o de
treonina digestível para a manter a relação constante e a disponibilidade de AA era limitada,
foi necessário um nível maior de treonina digestível (0,88%) para alcançar o melhor GP
(figura 4).
E1
E2
Figura 4: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial.
No E1 a CA foi pior que a do controle nos tratamentos T2 e T3, que tinham os menores
níveis de treonina digestível (0,631 e 0,710%), o que deve ter ocorrido, provavelmente, em
função do aminoácido ter se tornado limitante prejudicando assim a síntese protéica, pois a
análise de regressão mostrou uma melhora da conversão alimentar com o aumento do nível de
treonina da dieta, alcançando o mesmo valor obtido na dieta controle com 0,868% de treonina
digestível. No E2, os tratamentos T2 e T5 (respectivamente 0,631 e 0,868% de treonina
digestível) apresentaram pior CA em relação ao controle, e a análise mostrou que houve
regressão quadrática dos dados, com exigência de 0,859% de treonina digestível (Y2 = 2,7413
46
- 3,8326x + 2,2297x2, R² = 0,87) e 2,179% de glicina+serina total para melhor conversão
alimentar (figura 5), com relações treonina:lisina de 0,68 e treonina:glicina de 0,41.
As exigências de treonina digestível e glicina+serina total encontradas no presente
trabalho estão próximas ao recomendado pelas Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves, mas as
relações treonina:lisina e treonina:glicina+serina (respectivamente 0,69 e 0,41) estão acima
das recomendações das Tabelas Brasileiras. Os resultados revelam, mais uma vez, que com
nível constante de glicina+serina total, a exigência de treonina digestível para melhor
desempenho é reduzida. Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da a adição de 0,20
ou 0,40% de glicina em dietas de pintos de corte com PB reduzida (16 e 18%de PB e 0,62 e
0,78% de glicina, respectivamente) sobre o desempenho das aves.
Figura 5: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2)
sobre a conversão alimentar de frangos de corte machos na fase pré-inicial.
O consumo de proteína no E1 diferiu do controle apenas no T6, que tinha o maior nível
de treonina digestível (0,947%), e apresentou média inferior para esta variável. No E2, todos
os tratamentos experimentais apresentaram médias menores que a do controle (teste de
Dunnett, P<0,05), o que já era esperado em função da redução acentuada dos níveis protéicos
47
das dietas. A análise de regressão revelou efeito quadrático dos dados, com exigências de
0,780 e 0,826% de treonina digestível, respectivamente no E1 e no E2; exigência de 2,095%
de glicina+serina total no E2, relações treonina:lisina de 0,62 e 0,65 nos dois experimentos
respectivamente, e relação treonina:glicina de 0,37 no E1 (figura 6).
Figura 6: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase pré-inicial.
A conversão protéica no E1 só diferiu do controle no tratamento T5 (0,868% de tre
digestível), que apresentou uma melhor conversão de proteína, os demais tratamentos não
apresentaram diferença estatística em relação ao controle (T1). No E2, todos os tratamentos
teste obtiveram médias inferiores ao controle e, portanto, apresentaram melhor conversão de
proteína, o que já era esperado, pois quanto menor é a disponibilidade do nutriente, no caso a
proteína, maior é o seu aproveitamento pelo organismo animal. No E2 houve uma redução
protéica relativa de 23,7% em relação ao tratamento controle.
No presente trabalho, o aumento do nível de treonina digestível até o limite de 0,815%
com relação treonina:lisina de 0,68 e relação treonina:glicina de 0,40 no E1 proporcionaram
melhora do desempenho, mesmo com uma redução relativa de 5,1% na PB em relação à ração
48
controle (22% na dieta controle vs. 21,00% na T2). No E2, com uma redução reativa mais
acentuada (23,7%) da PB (22% na dieta controle vs. 16,78% na T2), houve uma queda no
desempenho, que foi minimizada com o aumento dos níveis de treonina digestível e
glicina+serina totais,
alcançando
os
melhores resultados com 0,88%
e 2,23%,
respectivamente, e relações treonina:lisina de 0,70 e treonina:glicina de 0,39, embora estes
valores não tenham permitido atingir o mesmo GP do tratamento controle.
Estes resultados reforçam o conceito da proteína ideal, segundo a qual, a redução da
PB da dieta aliada à suplementação com aminoácidos industriais traz, além do benefício
econômico, benefícios zootécnicos e ambientais, pelo melhor balanceamento de aminoácidos,
maximização da retenção de nitrogênio e redução das perdas de nutrientes não digeridos e não
aproveitados pelo metabolismo. Por outro lado, vale salientar que há perda de desempenho
com reduções muito intensas, refletido por baixo GP e pior CA, mesmo quando há a
suplementação com aminoácidos sintéticos, como foi o caso do E2 neste trabalho.
Corroborando estes dados, Dean et al. (2006) relataram que a redução de mais de 3% no
percentual de PB, mesmo com a correção dos níveis dos principais aminoácidos limitantes
(metionina e lisina), resultou em queda no desempenho dos frangos.
As relações treonina:lisina obtidas nos E1 (0,68) e E2 (0,70) são superiores à
recomendação das Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves (Rostagno et al., 2005), que é de
0,65, enquanto que a relação treonina:glicina (0,39) e igual à recomendação das Tabelas
Brasileiras de Rostagno et al. (2005). Segundo Berres et al. (2007), embora as exigências de
lisina e de aminoácidos sulfurados tenham sido amplamente avaliadas, são escassas maiores
informações sobre a relação ideal entre treonina e lisina digestível para as diversas formas de
avaliação de desempenho vivo, de rendimento de carcaça e de partes nobres para frangos de
corte nas condições brasileiras. Sklan e Plavnik (2002) observaram que o desempenho de
frangos consumindo dietas com baixo conteúdo de PB foi limitado pela deficiência de AA
49
essenciais, e que altos níveis de proteína diminuíram a eficiência da utilização dos AA.
Porém, este não foi o caso do presente estudo, já que as dietas experimentais aqui utilizadas
foram suplementadas com aminoácidos industriais, de forma a atender todas as necessidades
aminoacídicas das aves.
No E2, como as dietas tiveram menores níveis protéicos e de glicina+serina, as aves
necessitaram de uma quantidade maior de treonina para satisfazer suas exigências, o que não
ocorreu no E1, onde os animais dispunham de um nível constante de glicina em todos os
tratamentos. Os estudos de Smith et al. (1999) e Rahaman et al. (2002), revelam uma redução
do desempenho das aves com dietas de baixa proteína. Segundo Gonzales (2002), o controle
do consumo de ração não é somente decorrente da quantidade de PB, mas também do
balanceamento entre os AA.
Os resultados do presente trabalho corroboram a tese de que a utilização de glicina
industrial nas dietas pode melhorar o desempenho nas fases iniciais, além de contribuir para
um melhor aproveitamento da treonina dietética, tanto pela melhoria do balanço
aminoacídico, como pela menor necessidade de transaminação da treonina para ser excretada
na forma de glicina na molécula de ácido úrico. Resultados estes que estão de acordo com
Sève et al. (1993), que relatou que o déficit de glicina poderia causar um aumento na
exigência de treonina. Segundo Ten Doeschate (1995), como a treonina é uma precursora da
glicina, um excesso de PB na dieta resulta em aumento da exigência de treonina e,
consequentemente, de glicina para frangos.
2.3.2. Composição Corporal
Os resultados da análise de composição corporal estão na tabela 5. Os valores médios
para composição corporal das aves aos 7 dias foram semelhantes aos encontrados na
literatura. As percentagens médias de proteína, gordura, cinzas e água na matéria natural
50
foram 14,09; 7,76; 2,31 e 74,91%, e estão próximos aos encontrados por Cella et al. (2009),
sendo que estes autores não apresentaram os teores de cinzas na composição corporal.
Tabela 5. Médias de composição corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em
função dos níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli+ser das dietas
na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade).
Tratamentos
1
(Controle)
2
3
4
5
6
Experimento1
Relação
Tre:Lis
MS da
carcaça (%)
PB na
Carcaça (%)
GD na
Carcaça (%)
Deposição
de PB (g)
Deposição
de GD (g)
Efic. na
Dep. PB
Relação
PB:GD
CZ na
Carcaça (%)
65
50
56
62
68
75
Média
Exigência
Reg.
CV(%)
24,36
26,36*
25,11
25,25*
24,24
25,18*
25,08
-
ns
1,59
25,50
24,73*
24,27*
25,77
26,11*
24,19*
25,10
-
ns
2,68
12,00
15,49*
14,10*
13,91*
13,72*
13,73*
13,80
0,872
Q*
2,77
103
100
96*
100
101
96*
99,3
-
ns
2,12
54
72*
62*
60*
58*
60*
61
0,858
Q*
2,03
0,63
0,63
0,61
0,64
0,66*
0,62
0,63
-
ns
3,32
1,90
1,37*
1,50*
1,61*
1,70*
1,57*
1,61
0,856
Q*
0,38
3,66
4,07*
4,08*
4,43*
4,25*
4,19*
4,11
-
ns
2,50
Experimento 2
Gli+Ser
2,089
1,604
1,804
2,005
2,206
2,407 Média Exigência Reg. CV(%)
Totais (%)
MS da
24,50
26,40* 25,26* 25,01*
24,45 24,97* 25,09
ns
2,09
carcaça (%)
PB na
23,50
24,27* 24,73* 25,31* 26,12* 26,21* 25,02
L*
2,29
Carcaça (%)
GD na
12,50
15,35* 14,20* 14,02* 13,70* 13,41* 13,86
L*
4,22
Carcaça (%)
Deposição
91
100*
96*
98*
102*
97*
97,3
ns
1,80
de PB (g)
Deposição
53
74*
61*
64*
60*
62*
62,5
ns
4,60
de GD (g)
Efic. na
0,55
0,63*
0,61*
0,62*
0,66*
0,64*
0,62
ns
2,70
Dep. PB
Relação
1,69
1,37*
1,50*
1,57*
1,70
1,56*
1,56
0,834
Q*
3,57
PB:GD
CZ na
3,43
4,25*
4,08*
4,44*
4,25*
4,03*
4,08
0,785
Q*
3,83
Carcaça (%)
*- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05);
Q= Efeito quadrático; L=Efeito linear; ns = regressão não significativa; GD = gordura; CZ = cinzas.
A análise de variância revelou efeito significativo para matéria seca (MS) da carcaça
nos dois experimentos, sendo que no E1, os tratamentos T2, T4 e T6 apresentaram médias
51
superiores ao controle. No E2, os tratamentos T2, T3, T4 e T6 (0,631; 0,710; 0,789 e 0,947%
de tre digestível) também apresentaram médias superiores ao controle. A análise de regressão
não foi significativa para esta variável.
No E1, o teor de proteína na carcaça dos tratamentos T2, T3 e T6 (respectivamente,
0,710; 0,789 e 0,949% de tre digestível) apresentaram médias inferiores ao controle, enquanto
que o T5, que tinha 0,868% de tre digestível, relação treonina:lisina de 0,68 e relação
treonina:glicina de 0,40 obteve média superior. No E2, todas as médias tiveram valores
maiores que o controle, além disso, houve aumento linear do teor de proteína na carcaça à
medida que se elevou o nível de treonina digestível e a relação treonina:lisina (figura 7).
Figura 7: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a proteína bruta da carcaça em
frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2).
Para o teor de gordura na carcaça, todos os tratamentos apresentaram médias superiores
ao controle em ambos os experimentos. A análise de regressão revelou comportamento
quadrático das médias no E1, com exigência de 0,872% de treonina digestível (Y1 = 36,925 53,468x + 30,661x2, R² = 0,96) para menor teor de gordura na carcaça, com relações
treonina:lisina de 0,69 e treonina:glicina de 0,41. No E2 a regressão foi linear, com a redução
52
da gordura na carcaça à medida que se aumentou os níveis de treonina digestível,
glicina+serina total e a relação treonina:lisina da dieta (figura 8).
Para a deposição de proteína no período de 1 a 7 dias de idade, no E1, os tratamentos 3
(0,710% tre digestível) e 6 (0,947% de tre digestível) apresentaram médias inferiores ao
controle, já no E2 todos os tratamentos teste apresentaram médias de deposição protéica
superiores ao controle. A análise de regressão não foi significativa para nenhum dos
experimentos.
Figura 8: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o s teores de gordura na
carcaça de frangos de corte machos aos 7 dias de idade nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Para deposição de gordura, em ambos os estudos, todos os tratamentos teste tiveram
médias superiores ao controle, além disso, no E1 as médias tiveram comportamento
quadrático, com exigência de 0,858% (Y1=252,1 - 452,3x + 263,47x2, R² = 0,97) de treonina
digestível para menor deposição de gordura (figura 9), com relações treonina:lisina de 0,68 e
treonina:glicina de 0,40.
53
Figura 9: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de gordura na
carcaça em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 1 (Y1).
Com relação à eficiência na deposição de proteína, no E1 apenas o tratamento 5
(0,868% de tre dig. e relação tre:lis de 0,68) apresentou média superior ao controle. Já no E2,
todos os tratamentos teste apresentaram maior eficiência de deposição protéica que o
tratamento controle. A análise de regressão não foi significativa.
Para a relação proteína:gordura na carcaça, No E1, todos os tratamentos apresentaram
médias inferiores aos respectivos tratamentos controle. No E2, o tratamento T5 (0,868% de
ter digestível) não diferiu do tratamento controle, enquanto todos os demais apresentaram
médias inferiores. A análise de regressão revelou comportamento quadrático dos dados
(figura 10), com exigências de 0,856% de treonina digestível no E1 (Y1= - 2,5905 + 9,8915x
- 5,7745x2, R² = 0,91), com relações treonina:lisina de 0,68 e treonina:glicina+serina de 0,40.
No E2, a exigência de treonina digestível foi de 0,834% (Y2 = - 3,1853 + 11,564x - 6,9337x2,
R² = 0,91), a de glicina+serina total foi de 2,116%, com relação treonina:lisina de 0,68 para
maior relação proteína:gordura na carcaça.
54
Figura 10: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação PB:GD na carcaça
de frangos de corte machos na fase pré-inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Para o teor de cinzas na carcaça, os tratamentos experimentais apresentaram médias
superiores ao controle em ambos os experimentos. No experimento 2 as médias tiveram
comportamento quadrático, com exigência de 0,785% de treonina digestível (Y2 = - 3,5218 +
20,1x - 12,8x2, R² = 0,91) para maior teor de cinza na carcaça (figura 11), com relações
treonina:lisina de 0,72 e treonina:glicina de 0,37. Os valores de cinzas semelhantes em ambos
os experimentos, indicam que a variação ocorrida pode ter sido provocada pela variação do
peso corporal e não pelos níveis aminoacídicos da dieta.
55
Figura 11: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de cinzas da carcaça
em frangos de corte machos na fase pré-inicial no experimento 2 (Y2).
O aumento do teor de proteína na carcaça e a redução de do teor de gordura, parecem
estar relacionados ao aumento da disponibilidade dos aminoácidos treonina e glicina nas
dietas. Aparentemente, os níveis de treonina digestível e glicina+serina total das dietas basais
em ambos os estudos limitaram a deposição de proteína na carcaça, fazendo com que o
excesso da proteína fosse desaminada e os esqueletos de carbono resultantes desse processo
se acumulassem na carcaça sob a forma de gordura. Com a suplementação, em níveis
crescentes dos aminoácidos industriais, pois o desbalanço foi sendo reduzido, e as aves
puderam aproveitar cada vez mais o conteúdo protéico das dietas, melhorando assim a síntese
protéica e reduzindo a deposição de gordura.
Considerando que em ambos os experimentos foram atendidas todas as necessidades
aminoacídicas com exceção da treonina no E1 e da treonina e glicina+serina no E2, os
resultados indicam que parece haver mesmo um efeito poupador da adição de glicina sobre a
exigência de treonina, pois os resultados foram, de maneira geral, semelhantes nos dois
experimentos, mas a exigência de treonina digestível foi sempre menor no E1, onde foi
mantido um nível alto de glicina+serina total. Nas condições do presente trabalho, a melhor
56
relação treonina:lisina parece ser de 68%, pois proporcionou melhores PF e CA, além de ter
obtido os melhores resultados nas variáveis de composição corporal. Já a melhor relação
treonina:glicina+serina, foi de 0,40, pelos mesmos motivos.
2.3.3. Morfometria Intestinal
Os resultados da análise de morfometria intestinal estão na tabela 6. O desenvolvimento
da mucosa intestinal consiste no aumento da altura e densidade dos vilos, o que corresponde
ao aumento das células epiteliais, ou seja, uma melhor digestão e absorção intestinal (Macari
& Maiorka, 2000).
Tabela 6. Médias de altura de vilos (AV), profundidade de criptas (PC) e relação vilo:cripta
de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase pré-inicial.
Treonina
Dig. (%)
Controle (0,821)
0,631
0,710
0,789
0,868
0,947
Média T2 a T6
Exigência (%)
Regressão
CV (%)
AV (µm)
82,23
67,43*
94,44*
80,90
66,85*
66,61*
75,24
ns
3,39
Experimento 1
Duodeno
PC (µm)
Vilo:Cripta
28,35
2,90
21,34*
3,16
15,71*
6,01*
14,90*
5,43*
18,90*
3,54
19,45*
3,42
18,06
4,25
0,791
Q*
ns
4,82
5,09
Experimento 2
Duodeno
PC (µm)
Vilo:Cripta
AV (µm)
40,12
34,62*
35,68*
53,36*
46,21*
38,36
41,64
0,816
Q*
4,51
Jejuno
PC (µm)
13,99
12,37*
15,52*
14,31
13,73
13,67
13,92
ns
2,51
Vilo:Cripta
2,86
2,80
2,30
3,73*
3,36
2,80
3,01
Ns
5,89
Jejuno
Treonina
Gli+Ser
Dig. (%)
Totais (%)
AV (µm)
AV (µm)
PC (µm)
Vilo:Cripta
Controle
2,089
68,77
23,50
2,92
40,69
14,03
2,90
(0,821)
0,631
1,064
73,08*
12,26*
5,96*
50,60*
11,34*
4,46*
0,710
1,804
94,10*
18,87*
4,99*
37,71
12,53*
3,01
0,789
2,005
79,80*
20,09*
3,97*
51,83*
18,40*
2,82
0,868
2,206
72,29*
14,80*
4,89*
41,08
10,41*
3,95*
0,947
2,407
65,98
12,73*
5,18*
37,04
12,55*
2,95
Média T2 a T6
77,05
15,75
4,99
43,65
13,04
3,43
Exigência (%)
Regressão
ns
ns
ns
ns
ns
Ns
CV (%)
4,57
3,28
3,12
4,87
3,43
3,54
* Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05);
Q= Efeito quadrático; ns = regressão não significativa.
No E1, com exceção do tratamento T4 (0,789% de tre digestível), todos os demais
apresentaram médias de altura de vilos no duodeno diferentes do controle pelo teste de
57
Dunnett, sendo que o T3 (0,710% de tre digestível) obteve média superior ao controle, e os
demais, T2, T5 e T6 (0,631; 0,868 e 0,949% de tre digestível, respectivamente) obtiveram
médias inferiores. No E2, a altura de vilos duodenais foi superior ao controle em todos os
tratamentos. A análise de regressão não foi significativa para esta variável.
Para a profundidade de criptas no duodeno, todos os tratamentos apresentaram médias
inferiores ao controle em ambos os experimentos, o que é desejável, já que a pequena
profundidade de criptas indica que está havendo pouca descamação nos ápice e assim,
pequena necessidade de migração de células da base para o topo dos vilos. A análise de
regressão revelou efeito quadrático para esta variável no E1, com exigência de 0,791% de tre
digestível (Y1 = 136,42 - 305,1x + 192,66x2, R² = 0,72) para menor profundidade de criptas
(figura 12).
No E1, a relação vilo:cripta no duodeno foi superior ao controle nos tratamentos T3 e
T4 (0,710 e 0,789% de tre digestível, respectivamente). No E2, todos os tratamentos teste
obtiveram médias superiores ao controle. A análise de regressão também não foi significativa
para esta variável.
Figura 12: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a profundidade de cripta no
duodeno de frangos de corte machos aos 7 dias de idade no E1 (Y1).
58
No jejuno, os tratamentos T2, T3, T4 e T5 apresentaram médias de altura de vilos
diferentes do tratamento controle no E1, sendo T4 e T5 (0,789 e 0,868% de tre digestível,
respectivamente) com médias superiores, e T2, T3 (com 0,631; 0,710% de tre digestível,
respectivamente) com médias inferiores ao controle. Verificou-se um efeito quadrático dos
níveis de treonina digestível sobre a altura de vilos no jejuno, com exigência de 0,816% de
treonina digestível (Y1 = - 261,99 + 759,57x - 465,29x2, R2 = 0,64), relação treonina:lisina de
0,65 e relação treonina:glicina de 0,38 para maior altura de vilos no jejuno (figura 13). No E2,
T2 e T4 (0,631 e 0,789% de tre digestível, respectivamente) apresentaram médias de altura de
vilos maiores que a do controle (T1).
Figura 13: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de
frangos de corte machos aos 7 dias de idade no experimento 1 (Y1).
A altura de vilosidades intestinais é um indicativo da capacidade absortiva da mucosa
intestinal, pois quanto maior é altura do vilo, maior é a área de contato dos enterócitos com o
alimento, o que facilita a absorção de nutrientes. Nos tratamentos com níveis menores e
maiores de treonina, a falta ou excesso de proteína, especialmente de aminoácidos ligados ao
processo de desenvolvimento do TGI como a treonina, pode ter limitado a produção de muco
59
pelas células caliciformes, induzindo a uma secreção maior como compensação, com o
aumento de produção de células-tronco indiferenciadas que podem se diferenciar em células
caliciformes como em células absortivas durante o processo de ascensão para o ápice do vilo
levando ao aumento na profundidade da cripta, a fim de suprir tal deficiência.
Kisielinski et al. (2002) verificaram que a altura dos vilos é diretamente proporcional à
área de absorção, portanto uma importante variável a ser analisada. A mucosa intestinal está
envolvida no processo digestivo e representa extensa área de digestão e absorção de nutrientes
(Maiorka et al., 2000). Além disso, o adequado e rápido ganho de peso das aves está
diretamente relacionado com a integridade morfofuncional do sistema digestório (Smith et al.,
1990).
Para a profundidade de criptas do jejuno, no E1, os tratamentos T2 e T3, que possuíam
os menores níveis de treonina (0,631 e 0,710% de tre digestível, respectivamente), diferiram
do controle, o T2 com média inferior e T3 com média superior. No E2, todos os tratamentos
experimentais diferiram do tratamento controle, sendo que o T4 (0,789% de treonina
digestível) obteve média superior ao controle, os demais com médias inferiores.
Para a relação vilo:cripta no jejuno, no E1 o tratamento T4 (0,789% de tre digestível)
com média superior, diferiu do controle. No E2, os tratamentos T2 e T5 (0,631 e 0,868% de
tre digestível, respectivamente) apresentaram médias superiores ao controle.
De acordo com os resultados do presente trabalho, o nível de treonina digestível exerce
influência sobre as vilosidades intestinais de pintos na fase pré-inicial, e o nível de 0,791%,
com relações treonina:lisina de 0,65 e treonina:glicina de 0,38 são suficientes para maximizar
os parâmetros de morfometria intestinal aqui avaliados. Estes resultados mostram que a
treonina influencia o desenvolvimento de vilosidades no intestino delgado, portanto,
consequentemente influi também na absorção de nutrientes neste segmento do trato
gastrintestinal.
60
Os tratamentos que obtiveram os melhores resultados nos parâmetros de morfometria
intestinal não foram os mesmos que obtiveram os melhores resultados para desempenho, isto
pode ser explicado pela grande quantidade de treonina e de energia necessárias para manter a
mucosa intestinal, uma vez que todo o epitélio intestinal está em constante renovação, e se
renova totalmente a cada 96 horas, consumindo para isto 20% da energia bruta ingerida. Desta
forma, os animais que alcançaram os melhores desempenhos e composições corporais,
utilizaram maiores quantidades de treonina, e consequentemente de glicina, e também de
energia para síntese protéica, limitando desta forma, a disponibilidade de treonina para o
desenvolvimento das vilosidades intestinais.
De acordo com Stoll et al. (1998), quase 90% da treonina usada pelo TGI ou é secretada
como proteína mucosal ou catabolisada, como a mucina é praticamente indigestível, e a
treonina nela contida não pode ser recuperada e se perde nas excretas (Fuller, 1994), isto
corresponde a aproximadamente 50% do AA na dieta (Wu, 1998). De acordo com Le Bellego
et al. (2002), 40 a 50% da treonina consumida pelos animais é usada pelo intestino, já Myrie
et al. (2003), relataram que 60% do AA consumido é utilizado para síntese de mucina, já que
é encontrado em elevadas concentrações em numerosas secreções gastrintestinais (Burrin et
al., 2001). Isto implica que uma parte da exigência de treonina não está associada com a
deposição de proteína muscular, mas com funções do TGI, que parece ter uma grande
necessidade deste AA, contribuindo significativamente para com as exigências do animal.
O uso de glicina industrial suplementar em níveis acima de 2,0% melhorou o balanço
aminoacídico das dietas, exercendo um efeito poupador da treonina, pois as exigências desse
aminoácido para melhor desempenho, composição corporal e morfometria intestinal foram
menores quando a glicina foi adicionada às dietas, sendo que os melhores resultados foram
observados com 2,179% de glicina+serina total. A glicina parece melhorar o balanço
aminoacídico, fornecendo N para síntese de aminoácidos não essenciais, poupando assim os
61
essenciais. Além disso, durante a formação do ácido úrico na célula para excreção do N em
excesso, existe uma necessidade aumentada de alguns aminoácidos que são chaves no
processo como metionina (doadora de metila CH4), arginina e glicina (Murray et al., 2003). A
utilização de altos níveis de PB nas dietas provoca um incremento nas necessidades dietéticas
desses aminoácidos para garantir a excreção normal de N, sendo assim, gasta-se 1 mol de
glicina para cada molécula de ácido úrico produzido. Na ausência de glicina, é a treonina, sua
precursora no metabolismo que supre esta necessidade. Han & Baker (1992) apontam o
nitrogênio amino não específico (necessário para a síntese de aminoácidos não essenciais)
como fator limitante em dietas de baixa proteína, indicando uma possível necessidade de
suplementação com aminoácidos não essenciais (glicina e ácido glutâmico) como alternativa
para a melhoria do desempenho.
2.4. Conclusões
As relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição
corporal são, respectivamente, de 0,68 e 0,40, as quais atendem às necessidades para
maximizar os parâmetros de morfometria intestinal. Os níveis de treonina digestível e de
glicina+serina totais que proporcionam os melhores resultados são, respectivamente, de
0,864% e 2,192%.
O nível de treonina digestível exerce influência sobre as vilosidades intestinais de pintos
na fase pré-inicial, sendo necessários mais estudos sobre o assunto para esclarecer como se dá
essa relação.
62
2.5. Literatura Citada
BAYER, R. C., RITTENBURG, J. H., BIRD, F. H., CHAWAN, C. B., ALEEN, M. Influence
of short term fasting on chicken alimentary canal mucosa. Poultry Sci., v.60, p.1293-1302,
1981.
BERRES, J.; VIEIRA, S.L.; CONEGLIAN, J.L.B.; OLMOS, A.R.; FREITAS, D.M.;
BORTOLINI, T.C.K.; SILVA, G.X. Respostas de frangos de corte a aumentos graduais na
relação entre treonina e lisina. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.2, p.510-517, mar-abr,
2007.
BLAIR, R., LEE, D. J., FISHER, C., McCORQUODALE, C.C. Responses of laying hens to
a low-protein diet supplemented with essential amino acids, L-glutamic and / or intact
protein. British Poultry Science, v.17, n.4, p. 427-40, jul. 1976.
BURRIN, D.G.; STOLL, B.; JIANG, R.; CHANG, X.; HARTMANN, B.; HOLST, J.J.;
GREELEY JR, G.H.; REEDS, P.J. Minimal enteral nutrient requirements for intestinal
growth in neonatal piglets: how much is enough? Am J Clin Nutr.; 71:1603–10, 2001.
CARMO, M. B. do. Níveis de proteínas e de aminoácidos sulfurosos em rações de galinhas
poedeiras sob regime de alta temperatura. 1981. 104 p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.
CELLA, P.S.; MURAKAMI, A.E.; FRANCO, J.R.G. Níveis de lisina digestível em dietas
baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte na fase inicial. Ciência animal
Brasileira, v.10, n.1, p.101-106, 2009.
CORLESS, A.B.; SELL, J.L. The effects of delayed acess to feed and water on the physical
and functional development of the digestive system of young turkeys. Poultry Science,
v.78, p.1158-1169, 1999.
DEAN, D.W., BIDNER, T.D., SOUTHERN, L.L. Glycine supplementation to low protein,
amino acid-supplemented diets supports optimal performance of broiler chicks. Poultry
Science, v. 85, p.288–296, 2006.
D'MELLO, J.P.F. Amino acid supplementation of cereal-based diets for non-ruminants.
Animal Feed Science and Technology, v. 45, n.1, p. 1-18, DEC. 1993.
FRANZOI, E.E.; SIEWERDT, F.; RUTZ, F.; DE BRUM, P.A.R.; GOMES, P.C. Composição
de carcaça de frangos de corte Alimentados com farelo de canola. Ciência Rural, v. 30, n.
2, 2000.
FULLER, M. F. Amino acid requirements for maintenance body protein accretion and
reproduction in pigs. in: Amino Acids in Farm Animal Nutrition. CAB International,
Wallingford, UK, p. 155–184, 1994.
63
GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Histología. Texto y atlas. 1.ed. Ciudad de Mexico: McGrawHill, 1997. 506p.
GONZALES, E. Ingestão de alimentos: mecanismos regulatórios. In: MACARI, M.;
FURLAN, R.L.; GONZALES, E. (Ed.). Fisilogia aviária aplicada a frangos de corte.
2.ed. Jaboticabal : FUNEP, 2002. p.187–199.
HAN, Y. & BAKER, D.H. Effects of heat stress, Sex and body weight on responses of broiler
chicks to dietary lysine. Poultry Science, v.71, Suplemento 1, p.37, 1992.
KIDD, M.T. Balanceamento de treonina dietética para otimizaro desempenho de frangos de
corte a custo mínimo. In: SEMINÁRIO TECNICO AJINOMOTO BIOLATINA, 8. 2002,
Chapecó, SC.[Anais...] Chapecó, 2002.
KISIELINSKI, K.; WILLIS, S.; PRESCHER, A.; KLOSTERHALFEN, B.; SCHUMPELICK,
V. A simple new method to calculate small intestine absorptive surface in the rat. Clin.
Exp. Med., v.2, p.131-135, 2002.
LE BELLEGO, L.; RELANDEAU, C.; VAN CAUWENBERGHE, S. Threonine requirement
in pigs - Benefits of L-Threonine supplementation. Ajinomoto Eurolysine. Technical
Information n. 26, 1-23. 2002. Acesso em: 05/08/2009. Disponível em:
http://www.ajinomoto-eurolysine.com/bulletins/ajinomotobulletin_26_en. pdf
LEMME, A. Responses of broilers to dietary threonine: A survey of the international
literature. Amino News. Degussa Corporation, v.02, n.01, p.1-6, 2001.
LODDI, M.M. Aspectos produtivos e qualitativos do uso de probióticos para frangos de corte.
Botucatu, 1998. 60p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia - UNESP, Câmpus de Botucatu.
MACARI, M. & MAIORKA, A. Função gastrintestinal e seu impacto na produção avícola.
In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2000,
Campinas. Anais... Campinas: APINCO, 2000. p.161-174.
MAIORKA, A.; FISCHER DA SILVA, A.V.; SANTIN, E.; BORGES, S.A.; BOLELI, I.;
MACARI, M. Influência da suplementação de glutamina sobre o desempenho e o
desenvolvimento de vilos e criptas do intestino delgado de frangos. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.52, p.487-490, 2000.
MURRAY, R.K.; GRANNER, D.K.; MAYES, P. A.; RODWELL, V.W. Harper’s Illustrated
Biochemistry, 26ª ed. 2003. São Paulo, Ed. Atheneu, 783p.
MYRIE, S.B.; BERTOLO, R.F.P.; SAUER, W.C.; BALL, R.O. Threonine retention is
reduced in diets that increase mucin production in pigs. In Proc 9th Int Symp on Dig Physiol
in Pigs (Ed RO Ball), pp 250-252. University of Alberta, Banff, Canada, 2003.
64
RAHMAN, M.S., PRAMANIC, A.H., BASAK, B., TARAFDAR, S.U., BISWAS, S.K.
Effect of feeding low protein diets on the performance of broilers during hot-humid season.
International Journal of Poultry Science, v.1, p.35-39, 2002.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.;
LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras para Aves e
Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed. UFV/DZO, 2005,
186p.
SÈVE, B.; GANIER, P.; HENRY, Y. Courbe de réponse dês performances de croissance du
porc à l'apport de thréonine digestible vraie mesurée au niveau iléal. 25, 255-262. 1993.
Paris, France. JRP. Conference Proceeding.
SKLAN, D.; PLAVNIK, I. Interactions between dietary crude protein and essential amino
acid intake on performance in broilers. British Poultry Science, v.43, p.442-449, 2002.
SILVA, D. J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2. ed.Viçosa, MG:
Universidade Federal de Viçosa, 1991. 165 p.
SILVA, E. L.; SILVA, J. H. V.; JORDAO FILHO, J. Redução dos Níveis de Proteína e
Suplementação de Metionina e Lisina em Rações de Poedeiras Leves. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v. 35, n. 2, p. 491-497, 2006.
SMITH, M.W.; MITCHELL, M.; PEACOCK, M.A. Effects of genetic selection on growth
rate and intestinal structure in the domestic fowl (Gallus domesticus). Comp. Biochem.
Physiol.A, v.97, p.57-63, 1990.
SMITH, II, J. W., P. R. O’QUINN, R. D. GOODBAND, M. D. TOKACH, AND J. L.
NELSSEN. Effects of low-protein, amino acid-fortified diets formulated on a net energy
basis on growth performance and carcass characteristics of finishing pigs. J. Appl. Anim.
Res. 15:1–16, 1999.
STOLL, B., J. HENRY, P. J. REEDS, Y. HUNG, F. JAHOOR, AND D. G. BURRIN.
Catabolism dominates the first-pass intestinal metabolism of dietary essential amino acids
in milk protein-fed piglets. Journal of Nutrition, v. 128, p. 606-614, 1998.
TEN DOESCHATE, R.H.M. (1995) Towards a new feeding strategy for protein in broiler.
PhD thesis, Wageningen University, The Netherlands, pp. 1-237.
TILLMAN, P. B. 2008. Amino acid nutrition: Incorporating L-threonine in broiler formulas.
Pages 66–75 in Proceedings of the 5th Mid-Atlantic Nutrition Conference. N. G.
Zimmerman (ed.), Timonium, MD.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Sistema de análises estatísticas e
genéticas - SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG, 2000. 142p.
65
WALDROUP P.W.; JIANG Q.; FRITTS, C.A. Effects of glycine and threonine
supplementation on performance chicks fed diets low in crude protein. International
Journal of Poultry Science, v. 4, n.5, p.250-257, 2005.
WEERDEN, E. J.; Van, SCHUTTE, J.B. Lysine requirement of the laying hen. Archieve
Geflügelk, v. 44, p. 36-40, 1980.
WU, G. Intestinal mucosal amino acid catabolism. Journal of Nutrition, v. 128, p. 1249–1252,
1998.
66
Capítulo 3
Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina
e treonina:glicina+serina para pintos de corte machos na fase inicial
67
Resumo: As exigências aminoacídicas em frangos são modificadas em função da idade,
sexo, linhagem, níveis de energia e proteína da dieta e do balanço aminoacídico. O trabalho
teve por objetivo avaliar o efeito de níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e suas
relações sobre o desempenho, composição corporal e a morfometria intestinal de pintos de
corte na fase inicial (8 a 21dias de idade). Foram conduzidos dois experimentos, cada um com
seis tratamentos e seis repetições de 20 aves. As aves, machos da linhagem Cobb, com peso
médio de 196,9 ± 0,52 g/ave, foram distribuídas num delineamento experimental inteiramente
casualizado. No primeiro experimento (E1), os tratamentos consistiram de rações com
diferentes níveis de treonina digestível (0,781; 0,544; 0,612; 0,680; 0,748 e 0,816%), com
nível constante de glicina+serina total (2,085), resultando em diferentes relações
treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e treonina:glicina+serina (0,30; 0,33; 0,37;
0,41 e 0,45). No segundo experimento (E2), os tratamentos consistiram de rações com
diferentes níveis de treonina digestível (os mesmos do E1) e glicina+serina total (2,084;
1,382;
1,555;
1,728;
1,901
e
2,074%),
mantendo
sempre
a
mesma
relação
treonina:glicina+serina (0,393) e variando as relações treonina:lisina (0,65; 0,50; 0,56; 0,62,
0,68 e 0,75). Em ambos os experimentos o primeiro tratamento (T1) foi o controle. Foram
avaliados os parâmetros de desempenho, composição corporal e morfometria intestinal. O
desempenho foi prejudicado pela redução dos níveis aminoacídicos e protéicos. No E1 todos
os tratamentos apresentaram menor consumo de ração, peso final e ganho de peso em relação
aos respectivos tratamentos controle. Os melhores resultados de desempenho foram obtidos
com 0,710% de treonina digestível, 1,805% de glicina+serina total e relações treonina:lisina e
treonina:glicina+serina de 0,65 e 0,394, respectivamente. No E2, houve uma redução linear
do consumo de ração, o peso final e o ganho de peso foram inferiores ao controle, os
melhores resultados foram obtidos com 0,75% de treonina digestível, 1,906% de
glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,69. Para a composição corporal o T4
(0,680% de treonina digestível) apresentou teor de matéria seca da carcaça maior que o
controle. Para o teor de proteína na carcaça, no E1 os tratamentos T2 e T3(0,544 e 0,612% de
treonina digestível) apresentaram valores inferiores ao controle. No E2 todos os tratamentos
apresentaram valores menores que o controle, sendo que os melhores resultados foram
obtidos com 0,760% de treonina digestível, 1,932% de glicina+serina total e relação
treonina:lisina de 0,70. A deposição de proteína, a eficiência de deposição protéica e a relação
proteína:gordura na carcaça foram inferiores ao controle em todos os tratamentos em ambos
os experimentos, ao passo que a deposição de gordura foi maior. Para a morfometria
intestinal, no E1, a melhor relação vilo:cripta no duodeno foi obtida com 0,650% de treonina
68
digestível e relações treonina:lisina e treonina:glicina de 0,65 e 0,36. A altura de vilos no
jejuno aumentou linearmente com o aumento do nível de treonina digestível. No E2, altura de
vilos no duodeno e no jejuno aumentou linearmente com o aumento dos níveis de proteína
bruta, treonina digestível e glicina+serina total. As reduções dos níveis de PB, de treonina
digestível e de glicina+serina totais são prejudiciais ao desempenho das aves na fase de 8 a 21
dias de idade. Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram
melhor desempenho na fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente, com relações
treonina:lisina e treonina:glicina+serina de 0,66 e 0,40, respectivamente, esses níveis e
relações foram suficientes para promover os melhores resultados de composição corporal e
morfometria intestinal nas condições deste trabalho.
Abstract: Amino acid requirements for broilers change due to age, sex, strain, energy and
protein levels in the diets and the amino acid balance. This study evaluated the effect of the
levels of digestible threonine, total glycine+serine and the ratios between these amino acids
on the performance, body composition and intestinal morphology of broiler chicks in the first
phase (8 to 21 days). Two trials were carried out, with six treatments and six repetitions of 20
birds each. Male Cobb chicks with mean body weight of 196.9 ± 0.52 g were distributed
according to a completely randomized design. In the first trial (E1), the treatments consisted
of different digestible threonine levels in the diet (0.781; 0.544; 0.612; 0.680; 0.748 and
0.816%) and
constant
total glycine+serine
(2.085), which resulted
in different
threonine:lysine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75) and threonine:serine ratios
(0.30; 0.33; 0.37; 0.41 and 0.45). In trial 2 (E2), the treatments consisted of diets with
different digestible threonine levels (similar to E1) and different total glycine+serine levels
(2.084; 1.382; 1.555; 1.728; 1.901 and 2.074%), with the same threonine:serine+glycine ratio
(0.393) and different threonine:serine ratios (0.65; 0.50; 0.56; 0.62, 0.68 and 0.75). In both
trials, the first group was the control treatment (T1). Performance, body composition and
intestinal morphology were evaluated. Performance was impaired by the reduction of amino
acid and protein levels. In E1, all treatments showed lower feed intake, final body weight and
weight gain when compared to the control treatment. Better performance results were seen
with 0.71% of digestible threonine, 1.805% total glycine+serine, and threonine:lysine and
threonine:glycine+serine ratios of 0.65 and 0.394, respectively. In E2, there was a linear
reduction in feed intake, whereas final body weight and weight gain were lower than control;
the better results were obtained with 0.75% of digestible threonine, 1.906% total
glycine+serine, and threonine:lysine ratio of 0.69. Dry matter of the carcass was higher in
69
treatment T4 (0.68% of digestible threonine) compared with control birds. In the first trial,
carcass protein was lower in T2 and T3 (0.544 and 0.612% digestible threonine). In E2, all
treatments were lower than control, and better results were seen with 0.76% of digestible
threonine, 1.932% total glycine+serine and threonine:lysine ratio of 0.70. Protein deposition,
the efficiency in protein deposition and carcass protein:fat ratio were lower to the control
groups in all treatments in both experiments, whereas fat deposition was higher. In E1, better
villus:crypt ratio in the duodenum was seen with 0.65% of digestible threonine, and
threonine:lysine and threonine:serine ratios of 0.65 and 0.36. Villus height in the jejunum
increased linearly with increasing levels of digestible threonine. In E2, villus height in the
duodenum and jejunum increased linearly with increasing levels of crude protein, digestible
threonine and total glycine+serine. The reductions in crude protein levels, digestible threonine
and total glycine+serine impaired the performance of birds from 8 to 21days of age. The
levels of digestible threonine and total glycine+serine that resulted in better performance in
the initial phase were 0.71% and 1.805%, respectively, with threonine:lysine and
threonine:serine ratios of 0.66 and 0.40, respectively. Such levels and ratios resulted in better
body composition and intestinal morphology in the study presented herein.
70
Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina e
treonina:glicina+serina para pintos de corte machos na fase inicial
3.1. Introdução
A atualização das exigências dos nutrientes nas formulações de rações para frangos de
corte é importante em função da produtividade e mantença que são alterados em virtude do
melhoramento genético. Além da idade da ave, sexo e linhagem que modificam a exigência
em aminoácidos, é do conhecimento geral que tais exigências também são alteradas pelo nível
de energia metabolizável e proteína bruta adotados.
Com a possível redução do nível de proteína bruta da ração, associada à disponibilidade
de aminoácidos sintéticos no mercado, as pesquisas têm sido orientadas no sentido de
estabelecer proporções ideais de aminoácidos essenciais em relação à lisina (Soares et al.,
1999). Fischer (1994) afirma que os efeitos observados com o incremento progressivo dos
níveis de aminoácidos dietéticos nas aves seguem uma hierarquia, a saber: exigência para
máximo crescimento, exigência para melhor conversão alimentar, exigência para carcaça com
menos gordura, exigência para ótima composição de carcaça e exigência para maior
porcentagem de peito.
A melhoria genética das linhagens de frangos de corte, com a manifestação de
características superiores de desempenho e de carcaça, é dependente de atualizações contínuas
nas exigências nutricionais (Bellaver et al., 2002). Somando-se aos efeitos benéficos sobre o
desempenho das aves, McLeod (1982) relata que a adição de aminoácidos em dietas
balanceadas pode promover redução do conteúdo de gordura na carcaça. Ao contrário, dietas
com altos níveis de proteína bruta ou deficiências em aminoácidos limitantes podem provocar
maior deposição de tecido gorduroso.
Os aminoácidos essenciais nos frangos podem interagir entre si para melhorar uma
determinada função de produção (Kidd et al., 1997). Os níveis dietéticos adequados destes
71
aminoácidos são necessários para dar suporte ao rápido crescimento e melhor rendimento de
carcaça dos frangos comerciais.
Um dos fatores mais importantes para o desempenho satisfatório e boa composição de
carcaça dos frangos é o adequado balanceamento aminoacídico das dietas. Leeson (1995)
afirma que quando ocorre o imbalanço de aminoácidos, verifica-se limitação no conteúdo de
tecido magro e, consequentemente, direcionamento de calorias para o tecido adiposo.
O sistema digestivo das aves, à semelhança do que ocorre com o sistema
termorregulador e o imunológico, sofre um processo de maturação no período pós-eclosão,
sendo que há maior necessidade em se estudar os seus processos de desenvolvimento
(Pelicano et al., 2003). De acordo com Macari (1999) o número de vilosidades e seu tamanho,
bem como o de microvilos, em cada segmento do intestino delgado, conferem a eles
características próprias, sendo que na presença de nutrientes, a capacidade absortiva do
segmento é diretamente proporcional ao número de vilosidades ali presentes, tamanho dos
vilos e área de superfície disponível para a absorção.
Assim, a integridade da mucosa do trato gastrointestinal conferiria ao frango de corte
condições adequadas para a digestão e absorção dos nutrientes. Consequentemente, quando
algum fator interfere negativamente na formação ou no funcionamento da mucosa intestinal,
ocorre diminuição das vilosidades, aumento do turnover celular e diminuição da atividade
digestiva e absortiva (Visek, 1978).
De acordo com Le Floc'h e Sève (1996), no metabolismo, a treonina é relativamente
protegida da oxidação quando é oferecida em quantidade limitada no alimento, mas ela parece
ser relativamente mal oxidada quando é ofertada em excessos. Portanto, este aminoácido deve
ser adequadamente balanceado na dieta, pois tanto sua falta, como excesso podem causar
consequências indesejáveis.
72
A treonina representa aproximadamente 4,9% da proteína das penas e 4,2% da proteína
da carcaça em frangos (Stilborn et al., 1997). Portanto, variações no conteúdo de treonina na
dieta podem provocar mudanças nos parâmetros citados acima.
A treonina está presente no epitélio gastrintestinal (células da mucosa, muco e enzimas
digestivas) e algumas imunoproteínas são particularmente ricas em treonina (Wu, 1998).
Necessária na produção gastrintestinal de mucina (Lemme, 2001; Ojano-Dirain & Waldroup,
2002), atua diretamente na integridade e no desenvolvimento do intestino, onde grande parte
da treonina consumida pelos animais é utilizada (Stoll et al., 1998; Bertolo et al., 1998; Burrin
et al., 2001).
Já a glicina, deve ser considerada limitante em dietas para frangos de corte jovens, pois
apesar de ser sintetizada pelo organismo, a alta taxa de crescimento e o intenso turnover
protéico destes animais fazem com que a quantidade sintetizada seja insuficiente para suprir
as necessidades metabólicas. Utilizada não só para a síntese protéica, a glicina da dieta é
usada, também, para a formação de DNA, RNA, creatina e ácido úrico. Por isso, a glicina é
considerada um aminoácido essencial para pintos de corte até os 21 dias de idade, pois a
síntese metabólica não atende às exigências para o rápido crescimento, devendo a glicina ser
fornecida via dieta. Em dietas desbalanceadas, com excesso de proteína e/ou de aminoácidos,
a exigência de glicina se eleva, pois o excesso protéico e/ou aminoacídico precisa ser
excretado na forma de ácido úrico, e cada molécula de ácido úrico excretada carrega consigo
uma molécula de glicina (Dean et al., 2006).
De acordo com Corzo et al. (2004), a glicina pode se tornar um fator limitante, quando
dietas de baixa proteína bruta para aves são formuladas com níveis marginais de treonina e
serina, que são seus precursores no metabolismo. Segundo estes autores, níveis crescentes de
glicina (0,62 a 1,22%) em rações para frangos de corte de 7 a 20 dias, determinaram uma
exigência de 0,98 e 1,02% de glicina (1,76 e 1,80% de glicina+serina), para máximo ganho de
73
peso e melhor conversão alimentar, respectivamente. Sohail et al. (2003) e Dahiya et al.
(2005) concluíram que a adição de glicina em dietas de frangos, com ou sem redução da PB,
prejudicou o desempenho das aves.
Portanto, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de níveis de treonina digestível,
de glicina+serina totais e das relações lisina:treonina e treonina:glicina sobre o desempenho,
composição corporal e a morfometria intestinal de pintos de corte na fase inicial (8 a 21dias
de idade).
3.2. Material e Métodos
Foram conduzidos paralelamente, em janeiro de 2009, dois experimentos no galpão
localizado no Módulo de Avicultura, do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências
Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, no município de Areia-PB, a 6º,
57’, 48’’ de longitude sul e 35º, 41’, 30’’ de longitude oeste, com altitude de 618m acima do
nível do mar.
Foi instalado um termômetro digital de máxima e mínima, na região central do galpão,
de forma que o sensor externo ficasse fixado na altura das aves. As médias de temperaturas
máximas e mínimas registradas no interior do galpão onde ficavam as baterias estão na tabela
7.
Tabela 7. Valores médios das temperaturas obtidos durante o período experimental.
Temperatura
8 a 14 dias
15 a 21 dias
Máxima (ºC)
32,1
31,5
Mínima (ºC)
29,1
28,0
Média (ºC)
30,6
29,7
3.2.1. Instalações e equipamentos
Foram utilizadas baterias metálicas tipo “Brasília”, medindo 100 x 90 x 25 cm
74
(comprimento x largura x altura), com piso de tela coberto com papel e comedouros e
bebedouros próprios da bateria (tipo calha), sendo cada compartimento uma unidade
experimental. O aquecimento das aves foi feito até o 12º dia, através de um sistema elétrico,
com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, a temperatura foi controlada de acordo
com o comportamento das aves em relação ao calor. O programa de luz adotado durante o
período experimental foi contínuo (24 horas de luz = natural + artificial).
3.2.2. Animais e dietas experimentais
Foram utilizados em cada experimento 720 pintos com 8 dias de idade, machos da
linhagem Cobb, vacinados no incubatório contra as doenças de Marek, Newcastle e Gumboro,
com peso médio de 196,9 ± 0,52 g/ave. As aves foram distribuídas num delineamento
experimental inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 15 aves
cada.
No primeiro experimento (E1) os tratamentos foram o controle (T1), constituído por
uma dieta convencional formulada para atender todas as exigências nutricionais de frangos de
corte machos na fase inicial (8 a 21 dias de idade), suplementada com L-lisina, DL-Metionina
e L-treonina (tabela 3). Os outros cinco tratamentos (T2 a T6) foram dietas com níveis
crescentes de treonina digestível adicionada em substituição ao amido, contendo também Llisina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Glicina, L-Valina, L-Leucina e LIsoleucina industriais, de forma a atender todas as necessidades aminoacídicas. Neste
primeiro experimento, utilizou-se apenas um nível de glicina+serina totais, o que resultou em
diferentes relações treonina:lisina (0,65 no controle; 0,50; 0,56; 0,62, 0,68 e 0,75) e
treonina:glicina+serina (0,39 no controle; 0,302; 0,339; 0,377 0,415 e 0,453), bem como
diferentes níveis destes aminoácidos (tabela 8) nos respectivos tratamentos.
75
Tabela 8: Níveis de treonina digestível, glicina+serina totais e relações treonina:lisina
digestíveis e treonina digestível:glicina+serina totais nos experimentos 1 e 2.
Tratamentos
Experimento 1
1(Controle)
2
3
4
PB (%)
20,00
18,806
18,901
18,906
0,781*
0,544
0,612
0,680
Tre dig. (%)
0,65*
0,50
0,56
0,62
Tre:Lis
Gli+Ser total (%)
2,085*
1,800
1,800
1,800
0,374
0,302
0,339
0,377
Tre:Gli
Experimento 2
PB (%)
20,00
15,781
16,380
16,979
0,781*
0,544
0,612
0,680
Tre dig.
0,65*
0,50
0,56
0,62
Tre:Lis
Gli+Ser total (%)
2,084*
1,382
1,555
1,728
Tre:Gli
0,374
0,393*
0,393*
0,393*
*De acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2005).
5
18,911
0,748
0,68
1,800
0,415
6
18,917
0,816
0,75
1,800
0,453
17,578
0,748
0,68
1,901
0,393*
18,177
0,816
0,75
2,074
0,393*
No segundo experimento (E2) foi utilizada no T1 a mesma dieta convencional
(controle) adotada no primeiro. Os outros cinco tratamentos foram dietas com níveis
crescentes de treonina digestível e glicina+serina totais, suplementadas em substituição ao
amido (Tabela 9) e, contendo também, os mesmos aminoácidos industriais adicionados no
primeiro experimento para atender todas as necessidades aminoacídicas nas dietas testadas.
Neste experimento, os níveis de glicina+serina totais foram manipulados de forma a manter a
mesma relação treonina:glicina+serina (0,393) em todos os tratamentos testados,
acompanhando a variação dos níveis de treonina digestível.
Para a obtenção das dietas experimentais (T2 a T6) em ambos os experimentos, uma
ração basal foi suplementada com L-treonina no E1, e com L-treonina e L-glicina no E2, para
alcançar os níveis de 0,544; 0,612; 0,680; 0,748 e 0,816% de treonina digestível (E1 e E2) e
1,384; 1,555; 1,728; 1,901 e 2,074% de glicina+serina totais (E2), correspondendo
respectivamente, às relações treonina:lisina de 0,5; 0,562; 0,625; 0,68 e 0,75 (tabela 8).
A ração controle (T1) foi formulada com 20% de PB e 95 % das recomendações de
Rostagno et al. (2005) para aminoácidos, sendo composta de 1,091 % de lisina digestível;
76
0,770% de metionina+cistina digestível; 0,711% de treonina digestível e 2,089% de
glicina+serina total e contendo apenas os aminoácidos industriais L-lisina, DL-Metionina e LTreonina (tabela 9).
3.2.3. Parâmetros avaliados
Foram avaliados os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal e a
morfometria intestinal dos frangos de 8 a 21 dias de idade. As variáveis analisadas foram: o
consumo de ração (CR), que foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras, pesadas no início e final do experimento, e o peso final (PF) e o ganho
de peso (GP), a conversão alimentar (CA), o consumo de proteína e a conversão protéica das
aves.
Para a composição corporal, um grupo adicional de 10 pintos de 8 dias de idade foi
abatido para determinação da composição corporal inicial (proteína, extrato etéreo, cinzas e
água), aos 21 dias de idade foram selecionadas duas aves com peso representativo da parcela,
que, após jejum de 12 horas, foram abatidas por deslocamento cervical. As aves foram
acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos identificados e armazenadas em
freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram picados com o auxílio de uma serra fita
e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775 rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a
4 vezes, para que se tornassem bem homogêneas para análises laboratoriais.
As amostras foram, então, colocadas em bandejas descartáveis de alumínio, pesadas e
pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60±5oC, durante o tempo necessário para a
estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas e acondicionadas em potes
plásticos, os quais foram armazenados para análises posteriores. As análises de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE) e cinzas(CZ) das amostras foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descrito por Silva (1991). Os
valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria natural
77
(corrigidos pela matéria seca) e em gramas. As deposições de proteína e de gordura corporal
(em gramas) foram calculadas pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de
corte no início e final no período experimental. Também foram calculadas a deposição de
proteína (Dep. de PB), a deposição de gordura (Dep. de GD), a eficiência relativa de
deposição protéica (Efic. Dep. PB) e a relação proteína:gordura na carcaça (Relação PB:GD).
Para a morfometria intestinal, no final de cada experimento foram selecionadas duas
aves por parcela, com peso representativo do peso médio da parcela para o abate e coleta dos
fragmentos de intestino. Após a pesagem as aves foram abatidas e seu intestino foi retirado,
aberto e lavado com água destilada. Após a limpeza, foram retiradas amostras medindo 1 cm
do intestino delgado (duodeno e jejuno) que foram fixadas em Solução de Bouin. No
laboratório de Biodiagnóstico do Centro de Ciências da Saúde CCS/UFPB, as amostras foram
desidratadas, infiltradas com parafina, cortadas em micrômetro a uma espessura de 0,5µ e
coradas com Hematoxilina e Eosina para análise de altura de vilo e profundidade de cripta em
microscópio, conforme metodologia descrita por Corless & Sell (1999). As medições foram
realizadas com auxílio do softwere “Image J”, foram visualizadas em microscópio pelo menos
três cortes por tratamento, com no mínimo três medições por corte para altura de vilos e
profundidade de cripta.
78
Tabela 9. Composição alimentar e nutricional das rações experimentais na fase inicial.
Ingredientes
Milho Grão
F. de Soja
Óleo de Soja
F. Bicálcico
F. carne e ossos
Calcário
F. de Trigo
Inerte 1
Glúten
Amido
Sal comum
L-Lisina HCl
DL-Metionina
L-treonina
L-Glicina
L-Arginina
L-Triptofano
L-Valina
L-Isoleucina
Cl. Colina
Cl. Potássio
Coban
Enradim
Premix Mineral2
Premix Vitamínico3
Etoxiquim
Colistin
Total
PB %
EM kcal/kg
Lis dig.4 (%)
Met+Cis dig.4 (%)
Arg. Dig. 4 (%)
Treo. Dig. %
Trip. Dig. 4 (%)
Gli+Ser Tot.4 (%)
Valina dig.4 (%)
Leucina dig. 4 (%)
Isoleucina dig. 4 (%)
BE (mEq/kg)
Experimento 1
Experimento 2
Controle
Basal
Superior Controle
Basal
Superior
64,658
70,149
70,149
64,658
75,561
75,561
27,785
19,605
19,605
27,783
7,949
7,949
0,330
0,000
0,000
0,332
0,000
0,000
0,227
0,252
0,252
0,227
0,383
0,383
5,000
5,000
5,000
5,000
5,000
5,000
0,403
0,443
0,443
0,403
0,459
0,459
0,000
2,232
2,232
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
5,839
5,839
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,500
0,500
0,199
0,500
1,100
0,086
0,355
0,363
0,363
0,355
0,381
0,381
0,232
0,471
0,471
0,232
0,851
0,851
0,228
0,300
0,300
0,228
0,431
0,431
0,060
0,000
0,301
0,060
0,200
0,501
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,714
0,000
0,017
0,017
0,000
0,087
0,087
0,000
0,192
0, 192
0,000
0,575
0,575
0,000
0,131
0,131
0,000
0,353
0,353
0,000
0,000
0,000
0,000
0,337
0,337
0,000
0,123
0,123
0,100
0,070
0,070
0,100
0,100
0,100
0,000
0,302
0,302
0,030
0,030
0,030
0,030
0,030
0,030
0,005
0,005
0,005
0,005
0,005
0,005
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
0,025
0,025
0,025
0,025
0,025
0,025
0,010
0,010
0,010
0,010
0,010
0,010
0,002
0,002
0,002
0,002
0,002
0,002
100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição
20,000
18,896
18,917
20,000
15,781
18,177
3,000
3,000
2,998
3,000
3,000
2,993
1,091
1,086
1,086
1,091
1,087
1,087
0,770
0,774
0,774
0,776
0,774
0,774
1,172
1,145
1,145
1,175
1,429
1,429
0,781
0,544
0,816
0,781
0,544
0,816
0,196
0,170
0,170
0,193
0,171
0,171
2,089
1,800
1,800
2,084
1,383
2,074
0,816
0,820
0,820
0,819
0,820
0,820
1,525
1,330
1,330
1,522
0,990
0,990
0,7119
0,711
0,711
0,714
0,705
0,705
190,23
161,5
161,5
190,53
117,02
117,02
1
-Areia lavada peneirada. 2- Composição/kg do produto: vit. A - 12.000.000 UI; vit. D3 - 3.600.000 UI; vit. B1 - 2,5 g; vit.
B2 - 8 g; vit. B6 – 3,0 g; ácido pantotênico - 12 g; viotina - 0,2 g; vit. K – 3,0 g; ácido fólico - 3,5 g; ácido nicotínico - 40 g;
vit. B12 - 20 mg; Se - 0,13 g; veículo q.s.p. - 1.000 g. 3- Composição/kg do produto: Mn - 160 g; Fe - 100 g; Zn - 100 g; Cu 20 g; Co - 2 g; I - 2 g. Excipiente q.s.p. - 1.000 g. 4-Valores correspondente a 95% das recomendações de Rostagno et al.
(2005).
79
3.2.4. Análise Estatística
Os resultados foram submetidos às análises de variância utilizando-se o programa
SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000) e foi realizada a regressão das variáveis
avaliadas em função dos níveis crescentes de treonina digestível (exceto tratamento controle),
utilizando-se os efeitos lineares e quadráticos para determinação das exigências. As
exigências de glicina+serina total, foram determinadas sempre no E2, através de relação
matemática e com base no nível de treonina digestível indicado pela equação. Realizou-se
também o teste de Dunnett, comparando as médias dos tratamentos experimentais às médias
da dieta controle. O modelo matemático utilizado foi:
Yij = µ + Ai + εij
onde:
Yij = observação no nível de L-treonina no E1 ou L-treonina e L-glicina no E2 i, na
repetição j;
µ = média geral;
Ai = Efeito da utilização da L-treonina;
εij = erro aleatório associado a cada observação.
3.3. Resultados e Discussão
3.3.1. Desempenho Zootécnico
As médias das variáveis de desempenho das aves estão na tabela 10.
80
Tabela 10. Médias de desempenho dos frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos
níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial
(8 a 21 dias de idade).
Tratamentos
Parâmetros
Tre:Lis
CR (g/ave)
PF (g)
GP (g/ave)
CA
Consumo de
PB (g)
Conversão
Protéica
1(C)
2
3
4
T2 a T6
Exigência
tre dig.(%)
Reg.
CV(%)
75
1060,8*
976,3*
779,4*
1,36
1046,3
979,6
782,5
1,34
0,660
0,710
0,710
0,690
Q*
Q*
Q*
Q*
1,06
1,89
1,48
4,53
212,4*
211,8*
207,2
-
L*
1,65
1,63
1,72
1,73
0,720
Q*
4,64
5
6
65
1086,7
1030
833,5
1,30
Experimento 1
50
56
62
1050,9* 1043,4* 1025,4*
959,4*
981*
984,6*
762*
784,3*
787,5*
1,38
1,33
1,30
68
1051,5*
996,8*
799,5*
1,31
225,5
201,6*
203,8*
206,4*
1,62
1,95*
1,83*
1,52
Média
Experimento 2
Gli+Ser
2,084
1,382
1,555
1,728
1,901
2,074
totais (%)
CR (g/ave) 1173,2 1165,1* 1171,2 1148,8* 1144,3* 1139,1* 1153,3
L*
1,04
PF (g)
1025,5 956,4*
970*
980,3*
985,7*
969,1*
972,3
0,710
Q*
4,12
GP (g/ave)
829,2
759,6*
773,6*
783,6*
789,1*
772,7*
775,7
0,710
Q*
2,96
CA
1,41
1,53*
1,51*
1,46
1,45
1,47
1,48
0,750
Q*
2,43
Consumo de
223,0
164,7*
164,9*
163,6*
173,1*
178,6*
169,0
L*
3,94
PB (g)
Conversão
1,58
1,62
1,51
1,36*
1,37*
1,40*
1,45
0,740
Q*
5,66
Protéica
C – tratamento controle; *- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle pelo
teste de Dunnett, (P<0,05); Q*= efeito quadrático (P<0,05); L*=efeito linear (P<0,05). FA = falta de ajuste.
No E1, o CR de todos os tratamentos teste (T2 a T6) foi inferior à média do tratamento
controle (T1), além disso, a análise mostrou que houve uma regressão quadrática, com
exigência de 0,66% de tre digestível (Y2 = 1560,5 - 1585,3x + 1195,8x2, R²=0,72) e 1,677%
de gli+ser total para menor CR (figura 14), com uma relação treonina:lisina de 0,61. No E2,
com exceção do T3 (0,612% de tre digestível) todos os tratamentos também apresentaram
médias inferiores ao controle, além de uma regressão linear, com diminuição do CR com o
aumento
do
nível
de
treonina
digestível
e
das
relações
treonina:lisina
e
treonina:glicina+serina. Essa redução de consumo no E2, ocorreu provavelmente em função
do desbalanço aminoacídico gerado nas dietas de baixa PB pelo aumento do nível de treonina
81
digestível e da relação treonina:lisina. Segundo Albino et al. (1999) o grau de deficiência ou
desbalanceamento de aminoácidos na ração resulta em alterações no consumo de ração.
Figura 14: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de ração das aves
nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
O peso final das aves nos tratamentos testados foi menor que os dos respectivos
tratamentos controle em ambos os experimentos. Tanto no E1 como no E2, as médias
apresentaram regressão
quadrática,
com exigências de 0,71%
de tre digestível
(respectivamente, Y1 = -1164,7x2 + 1657x + 402,2 com R² = 0,88 e Y2 = -1047,3x2 +
1494,4x + 457,6 com R² = 0,81) e 1,805% de gli+ser total, e com relações treonina:lisina de
0,65 e treonina:glicina+serina de 0,394.(figura 15).
82
Figura 15- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o peso final de frangos de
corte machos na fase inicial, nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Para o GP, em ambos os experimentos, as médias foram todas menores que as dos
respectivos tratamentos controle, tanto no E1 como no E2, houve comportamento quadrático
dos dados, sendo o maior GP atingido com 0,71% de treonina digestível (respectivamente, Y1
= 200,54 + 1670,2x - 1174x2, R²= 0,88 e Y2= 281,92 + 1433,2x -1008,7x2
R²= 0,93), 1,805% de gli+ser total, e com relações treonina:lisina de 0,65 e
treonina:glicina+serina de 0,394 (figura 16). Estes resultados estão abaixo dos encontrados
por Atencio et al. (2004), segundo os quais a exigência de tre digestível para CR e GP em
frangos de corte no período de 1 a 21 dias é de 0,796%, no entanto, estes autores utilizaram
dietas com 21,78% de PB, enquanto no presente trabalho as dietas tinham 18,9% no E1 e
17,1% no E2. Os resultados indicam que em rações com redução de PB, os níveis de treonina
digestível e glicina+serina totais na dieta são ainda mais importantes, pois nestas condições as
exigências destes aminoácidos são maiores, tanto para síntese protéica, como para formação
de ácido úrico no caso da glicina, e da treonina na ausência de glicina. O aumento das
exigências de treonina ocorre também porque grande parte deste aminoácido é eliminado nas
83
fezes em função da descamação do epitélio intestinal, rico em treonina, causada pelo intenso
turnover protéico (Fernandez et al., 1994).
Figura 16: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o ganho de peso das aves nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
Para a CA, no E1 todos os tratamentos testados tiveram médias iguais à do controle pelo
(teste de Dunnet, P<0,05). A análise mostrou uma regressão quadrática, com exigência de
0,69% de treonina digestível, para melhor CA (Y1 = 3,7074x2 - 5,1303x + 3,076
R² = 0,98), com relações treonina:lisina de 0,63 e treonina:glicina+serina de 0,383. No E2, os
tratamentos T2 e T3 (0,544 e 0,612% de tre digestível, respectivamente) tiveram CA pior que
a do controle, os demais tratamentos tiveram resultados iguais ao controle para esta variável,
além disso, os dados apresentaram comportamento quadrático, com exigência de 0,75% de
treonina digestível (Y2 = 2,566 - 3,0105x+ 2,0082x2, R² = 0,97) e 1,906% de glicina+serina
total, com relação treonina:lisina de 0,69 para melhor CA (figura 17). Estes resultados estão
abaixo dos encontrados por Barboza et al (2001), segundo os quais a exigência de tre
digestível para melhor GP e CA foi de 0,87% em dietas com 18% de PB.
84
Figura 17: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão alimentar de
frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2).
Para o consumo de proteína, tanto no E1 como no E2, os tratamentos teste tiveram
médias inferiores aos tratamentos controle, que aumentaram linearmente com a elevação dos
níveis de treonina no E1 e de treonina e glicina+serina no E2 (figura 18).
Figura 18: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o consumo de proteína nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
85
Este aumento no consumo de proteína era esperado, pois a adição dos AA nas rações
para atingir os níveis experimentais desejados, elevou também o seu nível protéico. No
entanto, esperava-se que o aumento fosse mais acentuado no E2, em função da maior redução
protéica e da adição de dois AA em vez de um, o que não ocorreu.
Para a conversão protéica, no E1 os tratamentos T4, T5 e T6 (respectivamente, 0,68;
0,748 e 0,816% de tre digestível) apresentaram médias iguais à do controle, enquanto os
tratamentos T2 e T3 (respectivamente, 0,544 e 0,612% de tre digestível) apresentaram pior
conversão protéica. No E2, os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível) e T3 (0,612%)
apresentaram conversão protéica semelhante à do tratamento controle, enquanto os demais
(T3, T4 e T5) apresentaram resultados melhores para esta variável em relação ao controle. A
análise de regressão mostrou que as médias tiveram comportamento quadrático tanto no E1
como no E2, sendo que no primeiro experimento, a exigência foi de 0,72% de treonina
digestível (Y1 = 8,27 - 18,618x + 12,976x2, R² = 0,83), com relações treonina:lisina de 0,66%
e treonina:glicina de 0,40. No segundo, a exigência foi de 0,74% de treonina digestível,
1,881% de glicina+serina total e relação treonina:lisina de 0,68 (figura 19).
Figura 19: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a conversão protéica nos
experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
86
O desempenho inferior das aves no E2 em relação ao E1 provavelmente se deve à
redução drástica no nível de proteína das dietas no segundo experimento. Isto se reforça pela
melhora no desempenho das aves no E2 quando o nível de treonina digestível e de
glicina+serina totais foram elevados, com um consequente aumento do nível protéico, cuja
redução bastante acentuada em relação ao E1, certamente contribuiu para a diminuição dos
índices de desempenho, elevando o CR, piorando o PF, o GP e CA, embora tenha melhorado
a conversão protéica.
Como os níveis protéicos nas rações foram menores, a média de conversão protéica foi
melhor no E2 nos tratamentos com menores níveis aminoácidicos, que tinham uma severa
restrição protéica e aminoacídica (treonina e glicina), mostrando que houve um melhor
aproveitamento da proteína disponível, pois quanto menor a disponibilidade de alimento ou
nutriente, maior é a eficiência de aproveitamento do organismo. Isto é desejável, pois quanto
melhor for aproveitada a proteína da dieta, melhor será a eficiência alimentar e menores serão
as quantidades de N excretado no ambiente.
As reduções relativas do teor de PB, de 5,5% no E1 (de 20 para 18,895%) e de 22,1%
no E2 (20 para 15,781%) em relação à dieta controle, e dos níveis de tre digestível (E1) e de
tre digestível e gli+ser total (E2), prejudicaram o desempenho das aves. Com a
suplementação, em níveis crescentes dos aminoácidos nas dietas, o desempenho das aves
mostrou uma certa recuperação, principalmente para o PF, GP e CA. No E1, a redução do
nível de treonina digestível provavelmente tornou-a limitante para a síntese protéica, forçando
o organismo da ave a excretar o excesso dos demais aminoácidos, o que elevou a exigência de
glicina para compor as moléculas de ácido úrico. Segundo Silva et al. (2006), quando o
organismo passa a sintetizar ácido úrico há um gasto de energia e de aminoácidos como
glicina e serina, elevando o risco de contaminação ambiental com nitrogênio.
87
Já no E2, como a redução protéica foi muito acentuada, esta recuperação não foi
suficiente para alcançar o mesmo patamar da dieta controle, pois além da treonina digestível,
o nível de glicina+serina também estava limitado, assim o desbalanço aminoacídico tornou-se
crítico, comprometendo fortemente o desempenho das aves, já que nesta fase de criação, as
aves necessitam muito de níveis adequados, tanto de proteína, como de aminoácidos.
No presente trabalho, a adição de treonina e glicina industriais nas dietas melhorou o
desempenho, embora não o tenha levado a atingir níveis iguais aos da dieta controle.
Resultados estes que concordam com os de Corzo et al. (2004), que relataram que a glicina
pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa proteína bruta para aves são
formuladas com níveis marginais de treonina e serina, que são seus precursores no
metabolismo. Os autores relatam ainda, exigências de 1,76 e 1,80% de glicina+serina total
para máximo ganho de peso e melhor CA, respectivamente, para frangos de corte de 7 a 20
dias de idade, valores estes que estão próximos aos encontrados no presente trabalho. Por
outro lado, Sohail et al. (2003) e Dahiya et al. (2005), diferentemente dos resultados aqui
encontrados, relataram que a adição de glicina industrial em dietas balanceadas para atender o
conceito de proteína ideal provocou redução do crescimento das aves, com ou sem redução da
PB, devido a um desbalanço dos aminoácidos não-essenciais.
3.3.2. Composição Corporal
As médias das variáveis de composição corporal estão na tabela 11.
88
Tabela 11. Composição Corporal de frangos de corte nos experimentos 1 e 2 em função dos
níveis de treonina digestível e das diferentes relações tre:lis e tre:gli das dietas na fase inicial
(8 a 21 dias de idade).
Tratamentos
1
(Controle)
2
3
4
5
6
Experimento1
Tre:Lis dig.
MS da
carcaça (%)
PB na
Carcaça (%)
Deposição
de PB (g)
Efic. Dep.
PB (%)
GD na
Carcaça (%)
Deposição
de GD (g)
Relação
PB:GD
CZ na
Carcaça (%)
65
50
56
62
68
75
Média
Exigência
tre dig.(%)
Reg.
CV(%)
28,47
28,49
25,47*
31,07*
28,26
28,31
28,10
-
FA
2,96
16,18
13,82*
12,77*
15,69
16,66
15,07
15,03
-
FA
3,35
138,9
102,3*
108,9*
137,6
130,3*
126,0*
124,0
0,72
Q*
3,99
61,6
49,8*
53,7*
68,2*
64,2
59,6
58,9
0,72
Q*
3,86
8,70
9,40*
9,55*
12,04*
11,60*
10,98*
10,36
-
FA
3,49
77,9
81,0*
84,1*
108,8*
105,0*
98,8*
92,3
-
FA
3,49
1,76
1,39*
1,24*
1,28*
1,24*
1,27*
1,36
-
FA
1,12
2,28
2,17
2,23
2,28
2,35
2,29
2,26
-
FA
3,14
Experimento 2
Gli+Ser
Exigência
2,084
1,382
1,555
1,728
1,901
2,074 Média tre dig.(%) Reg. CV(%)
totais (%)
MS da
28,45
25,72* 28,48 31,09*
28,27
28,35
28,39
0,70
Q*
2,15
carcaça (%)
PB na
17,18
14,74* 15,24* 15,67* 16,70* 15,81* 15,86
0,76
Q*
1,24
Carcaça (%)
Deposição
140,9
101,3* 108,7* 120,1* 125,8* 127,0* 120,6
L*
3,99
de PB (g)
Efic. Dep.
63,2
77,1*
61,4*
75,5*
63,2
67,1*
67,9
FA
6,25
de PB (%)
GD na
8,61
9,31*
9,49* 11,00* 11,60* 10,20* 10,02
FA
1,02
Carcaça (%)
Deposição
77,6
80,8*
82,0* 104,8* 106,0*
93,1*
90,0
FA
6,66
de GD (g)
Relação
1,78
1,63*
1,24*
1,17*
1,05*
1,38*
1,38
FA
2,13
PB:GD
CZ na
2,26
2,18
2,38
2,35
2,26
2,22
2,27
FA
3,46
Carcaça (%)
*
- Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,05);
Q= Efeito quadrático; L=Efeito linear; * =(P<0,05); FA= falta de ajuste.
Para o teor de MS na carcaça, no E1, o T3 (0,612% de treonina digestível), com média
inferior, e o T4 (0,68%), com média superior, diferiram do tratamento controle (teste de
Dunnett). No E2, o T2 (0,544% de treonina digestível), com média inferior, e o T4 (0,68%),
com média superior diferiram do controle, ainda no segundo experimento, os dados
89
apresentaram regressão quadrática, com exigência de 0,70% de treonina digestível. (Y2 = 53,859 + 239,23x -170,53x2, R² = 0,77), 1,78% de glicina+serina total e relação
treonina:lisina de 0,64 para maior porcentagem de MS na carcaça (figura 20).
Figura 20: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de MS na carcaça nos
experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
Para o teor de PB na matéria natural da carcaça, no E1, os tratamentos T2 e T3 (0,544 e
0,612% de tre digestível, respectivamente) apresentaram valores menores que o tratamento
controle, enquanto os demais tratamentos foram semelhantes. No E2, todos os tratamentos
teste apresentaram teores menores que o controle para esta variável, e as médias apresentaram
regressão quadrática, com exigências de 0,76% de tre digestível (Y2 = - 3,3344 + 51,41x 33,897x2, R² = 0,77), 1,932% de gli+ser total e relação treonina:lisina de 0,70 para maior teor
de proteína na matéria natural (MN) da carcaça (figura 21).
90
Figura 21: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre o teor de proteína na carcaça
nos experimento 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
Para a deposição de proteína na carcaça no período de 8 a 21dias de idade, no E1, com
exceção do T4 (0,68% de tre digestível) que foi semelhante, todos os tratamentos teste
obtiveram médias inferiores ao controle. Houve comportamento quadrático das médias, com
exigência de 0,72% de tre digestível (Y1 = - 356,26 + 1341,3x - 922,71x2, R² = 0,84), com
relação treonina:lisina de 0,66 e relação treonina:glicina de 0,40 para maior deposição de
proteína na carcaça. No E2 todos obtiveram médias menores que a do controle. A análise de
regressão mostrou um aumento linear da deposição de proteína com o aumento dos níveis de
treonina digestível, glicina+serina totais e proteína bruta na dieta (figura 22).
91
Figura 22- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a deposição de proteína na
carcaça nos experimentos 1 (Y1) e 2 (Y2) em frangos de corte machos na fase inicial.
Para a eficiência de deposição protéica, no E1, os tratamentos T2 e T3, respectivamente
com 0,544 e 0,612% de tre digestível, apresentaram menor eficiência de deposição da
proteína na carcaça, já o tratamento T4 (0,68% de tre digestível) obteve média superior ao
controle, enquanto T5 e T6 (0,748 e 0,816%) foram semelhantes. A análise de regressão
revelou um comportamento quadrático dos dados no E1, com exigência de 0,72% de tre
digestível (Y1 = - 2,1959 + 7,9061x - 5,4885x2, R² = 0,80), com relação treonina:lisina de
0,66 e relação treonina:glicina de 0,40 (figura 23).
Figura 23- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a eficiência protéica no
experimento 1 (Y1) em frangos de corte machos na fase inicial.
92
No E2 os tratamentos T2, T4 e T6 (respectivamente, 0,544; 0,680 e 0,816% de treonina
digestível) apresentaram médias de eficiência de deposição protéica maiores que o controle, o
T3 (0,612%) obteve média inferior e o T5 (0,748%) foi semelhante ao controle. A análise de
regressão não foi significativa no E2.
Para o teor de gordura na carcaça e a deposição de gordura na carcaça, todos os
tratamentos apresentaram médias superiores às dos respectivos tratamentos controle em
ambos os experimentos. Para a e relação proteína:gordura na carcaça, todos os tratamentos
testados também apresentaram médias piores que a do controle. Para a percentagem de cinzas
na carcaça, não foi detectada nenhuma diferença significativa. A análise de regressão não foi
significativa para nenhuma dessas variáveis. Estes resultados são contrários aos de McLeod
(1982), o autor relatou que a adição de aminoácidos em dietas balanceadas pode promover
redução do conteúdo de gordura na carcaça.
As relações tre:lis encontradas no presente trabalho, de 65% para desempenho e 66%
para a composição corporal, são superiores à relatada por Berres et al. (2007), segundo os
quais, a relação tre:lis de 63,5% é suficiente para maximizar o desempenho e o rendimento de
carcaça e cortes comerciais de frangos de corte dos 17 aos 37 dias de idade.
O metabolismo da treonina envolve síntese, degradação, incorporação do N na molécula
de ácido úrico, conversão dos esqueletos de carbono em glicose, energia ou CO2 e H2O e
ainda formação de derivados não protéicos (Kidd et al., 1996). Segundo Lehninger (1991),
este AA participa da síntese protéica e seu catabolismo pode gerar numerosos produtos
importantes no metabolismo (por exemplo: glicina, acetilCoA, succinilCoA e piruvato). Os
esqueletos de carbono resultantes do seu catabolismo geram piruvato ou outros compostos
intermediários do Ciclo de Krebs para produção de energia e glicina para necessidades
metabólicas tais como a síntese de proteína, creatina, serina, ácido úrico, sais biliares e
glutationa.
93
A composição corporal das aves que receberam os tratamentos experimentais foi, em
geral, pior que a das aves que receberam os tratamentos controle, nos dois experimentos. No
E1, com a redução da proteína bruta em relação à dieta controle, houve redução no teor de PB
da carcaça, na deposição de proteína e na eficiência de deposição protéica, assim como
aumento do teor de gordura e da deposição de tecido gorduroso e, portanto, piora na relação
proteína:gordura da carcaça.
Isto provavelmente ocorreu em função do desbalanço aminoacídico criado pela redução
do nível de treonina digestível, que se tornou limitante no organismo. Com isto, as aves foram
forçadas a eliminar do seu corpo o excesso de aminoácidos. Mas o processo de desaminação
dos aminoácidos em excesso elimina apenas o grupamento amino, deixando no organismo da
ave as cadeias carbônicas correspondentes que são, por sua vez, aproveitadas para a geração
de energia ou depositadas na forma de tecido adiposo. Como as rações foram todas
formuladas para atender as necessidades energéticas das aves, este excesso energético gerado
pelas cadeias carbônicas dos aminoácidos foi depositado na forma de gordura, aumentando
assim o teor de gordura e contribuindo para piorar a relação proteína:gordura na carcaça.
De acordo com Castro et al. (1998) a composição corporal dos frangos é afetada tanto
pela quantidade como a qualidade da proteína da ração, demonstrando que aminoácidos em
menor proporção, comparado às exigências, tornam-se limitantes e restringem a deposição
protéica. A composição de proteínas e aminoácidos da dieta também pode influenciar a
deposição de proteína da carcaça, afetando principalmente o rendimento de carne de peito
(Kidd et al., 1998).
Todos os aminoácidos que excedem os requerimentos para mantença (renovação dos
tecidos) e produção (crescimento dos animais jovens, produção de ovos, etc...) são
catabolizados, ocorre a remoção do grupo α-amino por transaminação e desaminação
oxidativa, formando amônia e os α-cetoácidos correspondentes (Champe & Harvey, 1996).
94
McLeod (1982) afirmou que a adição de aminoácidos em dietas desbalanceadas pode
provocar uma maior deposição de tecido gorduroso, e Leeson (1995) relatou que com o
imbalanço aminoacídico ocorre uma limitação do conteúdo de tecido magro e,
consequentemente, direcionamento de calorias para o tecido adiposo.
Os resultados do presente trabalho corroboram os de Ciftci & Ceylan (2004), segundo
os quais, abaixo da exigência, o nível crescente de treonina melhoraria as características de
carcaça, pois houve uma melhora com o aumento dos níveis aminoacídicos, embora não tenha
sido suficiente para igualar os níveis de composição corporal obtidos no tratamento controle.
No E2, o prejuízo verificado nas variáveis de composição corporal não foi tão
acentuado como nas de desempenho, que foi bastante próxima da verificada no E1. Ao que
parece, as exigências das aves para composição corporal são menores que as de desempenho.
Segundo Fischer (1994), os efeitos observados com o incremento progressivo dos níveis de
aminoácidos dietéticos nas aves seguem uma hierarquia, a saber: exigência para máximo
crescimento, exigência para melhor conversão alimentar, exigência para uma melhor carcaça
com menos gordura, exigência para uma ótima composição de carcaça e exigência para uma
maior porcentagem de peito. Além disso, a adição de glicina pode ter contribuído para a
manutenção dos parâmetros nos mesmos níveis do E1, pois além de ser essencial para os
frangos nesta idade, a glicina adicional deve ter contribuído para a síntese de outros
aminoácidos, e ainda servido como poupadora deles, pois com sua adição, a necessidade de
transaminar outros aminoácidos como a treonina e a serina para serem eliminados na forma de
glicina junto com a molécula de ácido úrico foi reduzida. Para garantir a excreção normal de
N, se gasta 1 mol de glicina para cada molécula de ácido úrico produzida.
95
3.3.3. Morfometria Intestinal
As médias das variáveis de morfometria intestinal estão na Tabela 12.
Tabela 12. Medias de Altura de Vilos (AV), Profundidade de Criptas (PC) e relação
volo:cripta de frangos de corte em função dos níveis de treonina digestível da dieta na fase
inicial (8 a 21 dias de idade).
Treonina
Dig. (%)
Controle (0,711)
0,544
0,612
0,680
0,748
0,816
Média
Exigência tre dig.(%)
Regressão
CV (%)
Treonina
Dig. (%)
Gli+Ser
Totais
(%)
AV (µm)
89,29
92,83
99,35*
89,05
94,24*
85,90
91,78
FA
3,4
AV (µm)
Experimento 1
Duodeno
PC (µm) Vilo:Cripta
20,56
4,34
17,81*
5,21
19,21
5,17
15,18*
5,86*
17,72*
5,03
19,76
4,35
18,37
4,99
0,65
FA
Q*
3,1
4,0
Experimento 2
Duodeno
AV (µm)
82,93
54,37*
55,60*
58,40*
64,82*
68,80*
64,15
L*
3,7
PC (µm)
AV (µm)
Vilo:Cripta
Jejuno
PC (µm)
21,83
20,59
18,40*
19,92
17,99*
20,60
19,88
FA
4,4
Vilo:Cripta
3,80
2,64*
3,02
2,93*
3,60
3,33
3,74
FA
3,2
Jejuno
PC (µm)
Vilo:Cripta
Controle
2,084
54,14
19,14
2,83
81,88
14,00
5,84
(0,711)
0,544
1,382
54,25
16,40*
3,53
40,50*
12,86
3,14*
0,612
1,555
57,92*
12,59*
4,79*
57,99*
19,10*
3,04*
0,680
1,728
59,31*
19,80
4,24*
53,54*
13,73
3,86*
0,748
1,901
60,11*
18,63
3,18
64,50*
11,10*
5,81
0,816
2,074
61,29*
17,31*
2,74
64,43*
17,28*
3,72*
Média
57,84
17,31
3,56
60,47
14,68
4,23
Exigência tre dig.(%)
Regressão
L*
FA
FA
L*
FA
FA
CV (%)
4,3
3,5
3,8
5,3
3,6
4,1
* Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente da média do controle, pelo teste Dunnett (P<0,01);
Q= Efeito quadrático; ** = (P<0,01); FA = falta de ajuste.
Para a altura de vilos no duodeno, no E1 as médias dos tratamentos T3 e T5 (0,612 e
0,748% de treonina digestível) foram maiores que a do tratamento controle. No E2, com
exceção do T2 com nível basal de treonina digestível (0,544%), que obteve média semelhante,
todos os demais tratamentos testados apresentaram médias de altura de vilos maiores que o
controle. A análise mostrou ainda uma regressão linear com aumento da altura de vilos no E2
à medida se elevou o nível de treonina digestível e as relações treonina:lisina e
treonina:glicina da dieta (figura 24).
96
Figura 24: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no duodeno
de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 2 (Y2).
Para a profundidade de criptas no duodeno, no E1 os tratamentos T2, T4 e T5
(respectivamente com 0,544; 0,68 e 0,748% de treonina digestível) apresentaram médias
inferiores ao controle, os demais tratamentos tiveram resultados semelhantes. No E2, os
tratamentos T2, T3 e T6 (0,544; 0,612 e 0,816% de treonina digestível) apresentaram médias
menores que o controle para esta variável, os demais, T4 (0,680%) e T5 (0,748% de treonina
digestível) tiveram médias semelhantes ao T1.
Para a relação vilo:cripta no duodeno, no E1 o tratamento T4 (0,68% de treonina
digestível) obteve média superior ao controle, e as médias apresentaram regressão quadrática
com exigência de 0,65% de treonina digestível (Y1 = - 12,607 + 56,071x - 43,248x2, R² =
0,78) e relações treonina:lisina e treonina:glicina de 0,65 e 0,36 (figura 25). No E2, os
tratamentos T3 (0,612% de treonina digestível) e T4 (0,68%) apresentaram médias maiores
que o controle para esta variável, para os demais não houve diferença significativa.
97
Figura 25: Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a relação vilo:cripta no
duodeno de frangos de corte machos na fase inicial no experimento 1(Y1).
Para a altura de vilos no jejuno, em ambos os experimentos, todos os tratamentos
testados apresentaram médias inferiores aos respectivos tratamentos controle. As médias
aumentaram linearmente à medida que o nível de treonina digestível foi elevado nas dietas
(figura 26). No entanto, este aumento não foi suficiente para levar os valores ao mesmo
patamar dos respectivos tratamentos controle.
Figura 26- Efeito dos níveis de treonina digestível da dieta sobre a altura de vilos no jejuno de
frangos de corte machos na fase inicial nos experimentos 1(Y1) e 2 (Y2).
98
Para a profundidade de criptas no jejuno, no E1, os tratamentos T3 e T5
(respectivamente 0,612 e 0,748% de treonina digestível) apresentaram médias menores que o
tratamento controle, os demais tratamentos teste tiveram médias semelhantes. No E2, os
tratamentos T3 (0,612% de treonina digestível) e T6 (0,816%) apresentaram médias com
valores superiores à média do tratamento controle, o T5 (0,748%), apresentou resultado
inferior, e os demais tiveram médias semelhantes. A análise de regressão não foi significativa.
Para a relação vilo:cripta no jejuno, no E1, os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível)
e T4 (0,68%) tiveram médias inferiores à do controle, e os demais apresentaram médias
semelhantes. No E2 os tratamentos T2 (0,544% de tre digestível), T3 (0,612%), T4 (0,680%)
e T6 (0,816%) tiveram médias inferiores à do controle, enquanto o T5 (0,748%) teve média
semelhante. A análise de regressão não foi significativa.
O envolvimento da treonina com a formação e funcionamento do trato gastrointestinal
está bem claro e amplamente documentado na literatura científica. No E1, os resultados
confirmam isto, as médias de altura de vilos, profundidade de criptas e relação vilo:cripta, no
duodeno foram, no geral, melhores que as do tratamento controle, atingindo os valores para
maior altura de vilos (99,35 µm), menor profundidade de criptas (15,18 µm) e maior relação
vilo:cripta no duodeno com um nível de treonina digestível de 0,68%, embora no jejuno tenha
havido uma redução na altura de vilos e da relação vilo:cripta. Considerando que é no
duodeno que se dá a maior parte da absorção de nutrientes, esta é uma exigência próxima às
encontradas para desempenho, e mostra que a treonina realmente é importante para o
funcionamento adequado da mucosa intestinal.
O fato de os melhores resultados para desempenho terem sido encontrados com níveis
de treonina mais altos que os estimados para as variáveis de morfometria intestinal, pode ser
explicado pela grande demanda de treonina necessária para manter a mucosa intestinal. É
sabido que grande parte da treonina ingerida, cerca de 40%, fica no intestino para ser usada na
99
síntese de mucinas e proteínas relacionadas com a manutenção do TGI. Portanto, nas aves que
alcançaram maior desempenho, a demanda de treonina pode ter sido muito elevada a ponto de
não permitir o máximo desenvolvimento das vilosidades intestinais. Segundo Primot et al.
(2006) além da síntese protéica, a treonina está envolvida em importantes funções biológicas
como a integridade e imunidade do trato gastrointestinal (TGI) e de algumas mucosas,
consequentemente, a exigência total de treonina pode variar de acordo com a importância de
cada função.
No E2, com a redução brusca da proteína e a limitação dos níveis de treonina digestível
e glicina+serina totais provocou uma piora sensível em todas as variáveis, tanto no duodeno
como no jejuno, que não foi revertida e foi muito pouco amenizada com o aumento dos níveis
destes aminoácidos e da proteína.
Frangos de corte têm grande capacidade de absorção de nutrientes pelo trato digestivo, e
alguns componentes da dieta, juntamente com o conteúdo da microbiota intestinal, podem
modificar a mucosa no seu metabolismo, resultando em espessamento da parede intestinal e
diminuição da capacidade de digestão e absorção dos nutrientes pelos animais (Turk, 1982).
Mas, de acordo com os resultados do presente trabalho, a redução do nível de treonina no E1
não foi suficiente para reduzir a altura de vilos e nem a relação vilo:cripta das aves. Portanto,
as perdas de desempenho e de composição de carcaça parecem estar relacionadas apenas com
limitação da síntese protéica, e não pela absorção de nutrientes em virtude da diminuição da
área de absorção.
3.3.4. Conclusões
As reduções dos níveis de PB, de treonina digestível e de glicina+serina totais são
prejudiciais ao desempenho das aves na fase de 8 a 21 dias de idade.
Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram melhor
desempenho na fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente. As relações
100
treonina:lisina e treonina:glicina+serina que proporcionaram o melhor desempenho foram de
0,66 e 0,40, respectivamente, e foram suficientes para promover os melhores resultados de
composição corporal e morfometria intestinal.
A composição corporal e a morfometria intestinal foram negativamente afetadas pela
redução dos níveis de proteína e dos aminoácidos treonina e glicina.
101
3.3.5. Literatura citada
ALBINO, L.F.T.; SILVA, S.H.M.; VARGAS JUNIOR, J.G.; ROSTAGNO, H.S. Níveis de
metionina + cistina para frangos de corte de 1 a 21 e de 22 a 42 dias de idade. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.28, p.519-525, 1999.
ATENCIO, A.; ALBINO, L.F.T.; ROSTAGNO, H.S.; OLIVEIRA, J.E.; VIEITES, F.M.;
DONZELE, J.L. Exigências de Treonina para Frangos de Corte Machos nas Fases de 1 a
20, 24 a 38 e 44 a 56 Dias de Idade. Rev. Bras. Zootec., v.33, n.4, p.880-893, 2004.
BARBOSA, M.J.B.; JUNQUEIRA, O.M.; ANDREOTTI, M.O.; CANCHERINI, L.C.;
ARAÚJO, L.F. Desempenho e Rendimento de Carcaça de Frangos de Corte Submetidos a
Diferentes Níveis de Treonina e Lisina, na Fase Final de Criação .Rev. bras. zootec.,
30(5):1476-1480, 2001.
BELLAVER, C., GUIDONI, A.L., BRUM, P.A.R.; ROSA, P.S. Estimativas das exigências
de lisina e de energia metabolizável em frangos de corte de 1 a 21 dias de idade,
utilizando-se uma variável multivariada canônica. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31,
n.1, p.71-78, 2002.
BERTOLO, R.F.P.; CHEN, C.Z.L.; LAW, G.; PENCHARZ, P.B.; BALL, R.O. Threonine
requirement of neonatal piglets receiving total parenteral nutrition is considerably lower
than that of piglets receiving an identical diet intragastrically. Journal of Nutrition, v. 128,
p. 1752-1759, 1998.
BURRIN, D.G.; STOLL, B.; JIANG, R.; CHANG, X.; HARTMANN, B.; HOLST, J.J.;
GREELEY JR, G.H.; REEDS, P.J. Minimal enteral nutrient requirements for intestinal
growth in neonatal piglets: how much is enough? Am. Journal of Clinical Nutrition.;
71:1603–10, 2001.
CASTRO, A.J.; GOMES, P.C.; PUPA, J.M.R. et al. Exigência de triptofano para frangos de
corte, de 43 a 49 dias de idade. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1998, Curitiba. Anais... Campinas: FACTA, 1998. p.22.
CHAMPE, C. P.; HARVEY, R. A. Bioquímica ilustrada. 2ª edição. Ed. Artes Médicas, 1996.
446p.
102
ÇIFTCI, I. & CEYLAN, N. Effects of dietary threonine and crude protein on growth
performance, carcase and meat composition of broiler chickens. British Poultry Science,
vol. 45, n. 2, pp. 280–289, 2004.
CORLESS, A.B.; SELL, J.L. The effects of delayed acess to feed and water on the physical
and functional development of the digestive system of young turkeys. Poultry Science,
v.78, p.1158-1169, 1999.
CORZO, A., KIDD, M.T., BURNHAM, D.J. et al. Dietary glycine needs of broiler chicks.
Poultry Science, v.83, p.1382–1384, 2004.
DAHIYA, J.P., HOEHLER, D., WILKIE, D.C. et al. Glycine concentration affects intestinal
Clostridium perfringens and Lactobacilli populations in broiler chickens. Poultry
Science, v.84, p.1875–1885, 2005.
FERNANDEZ, S.F., AOYAGI, S., HAN, Y., PARSONS, C.M. & BAKER, D.H. Limiting
order of amino acids in corn and soybean meal for growth of the chick. Poultry Science,
v.73, p.1887–1896, 1994.
FISCHER, C. The impact of amino acids on carcass. In: DEGUSSA TECHINICAL
SYMPOSIUM & ARKANSAS NUTRITION. CONFERENCE, Proceeding ... Faytteville,
p.14-16, 1994.
KIDD, M.T.; KERR, B.J.; FIRMAN, J.D. Growth and carcass characteristics of broilers fed
low protein-threonine supplemented diets. Journal of Applied Poultry Research, Savoy-IL,
v.5, p. 180, 1996.
KIDD, M. T.; KERR, B. J.; ANTHONY, N. B. Dietary interactions between lysine and
threonine in broilers. Poultry Science, v. 76, p. 608–614, 1997.
LEESON, S. Nutrição e qualidade de carcaça de frangos de corte. In: CONFERÊNCIA
APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1995, Curitiba. Anais ... Curitiba:
FACTA, 1995, p.111-118.
LE FLOC'H, N. ; SÈVE, B. Régulation nutritionnelle du métabolisme de la thréonine.
Journées Rech. Porcine en France, v.28, p.421-428, 1996.
LENNINGER, L. A. Bioquímica. 2ª ed. Barcelona, Espanha: ed. Omega/S.A., 1991.
103
LEMME, A. Responses of broilers to dietary threonine: A survey of the international
literature. Amino News. Degussa Corporation, v.02, n.01, p.1-6, 2001.
MACARI, M. (1999). Fisiologia do Sistema Digestivo das Aves (I). Aves e Ovos, 08/09, 220.
McLEOD, J. .A. Nutritional factors influencing carcass fat in broilers. A review. Poultry
Science Journal, v. 38, n. 3, p. 194 - 200, 1982.
OJANO-DIRAIN, C. P. & WALDROUP, P. W. Evaluation of lysine, methionine and
threonine needs of broilers three to six week of age under moderate temperature stress.
International Journal of Poultry Science, v.1, n.1, p.16-21, 2002.
PELICANO, E.R.L.; SOUZA, P.A.; SOUZA, H.B.A.; OBAB, A.; NORKUSC, E.A.;
KODAWARAC, L.M.; LIMA, T.M.A. Morfometria e ultra-estrutura da mucosa
intestinal de frangos de corte alimentados com dietas contendo diferentes probióticos.
Rev. Portuguesa de Ciência Veterinária, v. 98 (547) 125-134, 2003.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.;
LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras para Aves e
Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed. UFV/DZO, 2005,
186p.
SILVA, D. J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2. ed.Viçosa, MG:
Universidade Federal de Viçosa, 1991. 165 p.
SILVA, E. L.; SILVA, J. H. V.; JORDAO FILHO, J. Redução dos Níveis de Proteína e
Suplementação de Metionina e Lisina em Rações de Poedeiras Leves. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v. 35, n. 2, p. 491-497, 2006.
SOARES, R.T.R.N.; ALBINO, L.F.T.; ROSTAGNO, H.S.; CABRAL, G.H.; CARVALHO,
D.C.O. Exigência de Treonina para Pintos de Corte no Período de 1 a 21 Dias de Idade.
Rev. bras. zootec., v.28, n.1, p.122-126, 1999.
SOHAIL, S.S., BRYANT, M.M., ROLAND, D.A. The effect of glycine supplementation on
performance of broilers fed sub-marginal protein with adequate synthetic methionine and
lysine. International Journal of Poultry Science. v.2, n.6, p.394-397, 2003.
104
STILBORN, H.L.; MORAN, E.T.JR.; GOUS, R.M.; HARRISON, M. D. Effect of age on
feather amino acid content in two broiler strain crosses and sexes. Journal of Applyed
Poultry Res., v. 6, p. 205–209, 1997.
STOLL, B.; HENRY, J.; REEDS, P. J.; HUNG, Y.; JAHOOR, F.; BURRIN, D. G.
Catabolism dominates the first-pass intestinal metabolism of dietary essential amino acids
in milk protein-fed piglets. Journal of Nutrition, v. 128, p. 606-614, 1998.
TILLMAN, P. B. Amino acid nutrition: Incorporating L-threonine in broiler formula. pp. 66–
75, 2008, in: Proceedings of the 5th Mid-Atlantic Nutrition Conference. N. G.
Zimmerman (ed.), Timonium, MD.
TURK, D. E. The anatomy of the avian digestive tract as related to feed utilization. Poultry
Science, Champaign, v.61, p.1225-1244, 1982.
Universidade Federal de Viçosa - UFV. SAEG – Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas.
Versão 8.0. Viçosa, MG:2000. 59p. (manual do usuário).
VISEK, W.J. (1978). The mode of growth promotion by antibiotics. Journal of Animal
Science, 46, 1447-1469.
WU, G. Intestinal mucosal amino acid catabolism. Journal of Nutrition, v. 128, p. 1249–1252,
1998.
105
4. Considerações Finais
Os estudos conduzidos neste trabalho comprovaram a importância do uso de treonina
nas formulações, bem como o efeito poupador da glicina, quando presente, sobre os níveis de
treonina digestível.
A treonina é um dos aminoácidos mais importantes no metabolismo e na nutrição de
frangos, pois exerce um papel bastante variado no organismo animal, participando não só da
síntese protéica, mas também do desenvolvimento e funcionamento do trato gastrintestinal e
da função imune, fazendo parte das moléculas de vários compostos importantes. Seu
requerimento em frangos vem sendo bastante estudado, e as pesquisas mostram que o uso Ltreonina nas rações tem se mostrado eficiente em melhorar o desempenho e reduzir a excreção
de nitrogênio das aves, promovendo melhorias na condição geral dos galpões e das aves,
contribuindo para um melhor aproveitamento das dietas e uma conseqüente menor excreção
de N no ambiente.
A suplementação de glicina é importante para melhorar o desempenho de pintos de
corte, visto a essencialidade deste aminoácido para as aves nas fases iniciais e de seu papel no
metabolismo de nitrogênio das aves.
As relações treonina:lisina e treonina:glicina para melhor desempenho e composição
corporal são, respectivamente, na fase pré-inicial (1 a 7 dias de idade), de 0,68 e 0,40, as quais
atendem às necessidades para maximizar os parâmetros de morfometria intestinal. Os
melhores resultados, tanto para desempenho como para composição corporal, foram obtidos
com os seguintes níveis de treonina digestível e de glicina+serina totais: 0,868% e 2,179%,
respectivamente. Na fase inicial (8 a 21 dias de idade), as reduções dos níveis de PB, de
treonina digestível e de glicina+serina totais se mostraram prejudiciais ao desempenho das
aves. Os níveis de treonina digestível e glicina+serina totais que proporcionaram melhor
106
desempenho nesta fase inicial foram 0,71% e 1,805%, respectivamente, com relações
treonina:lisina e treonina:glicina+serina de 0,66 e 0,40, respectivamente.
A composição corporal e a morfometria intestinal foram negativamente afetadas pela
redução dos níveis de proteína e dos aminoácidos treonina e glicina, em ambas as fases, no
entanto, as exigências para melhor desempenho foram suficientes para promover os melhores
resultados destes parâmetros.
107
Download

Baixar - CCA/UFPb - Universidade Federal da Paraíba